Manipulação de Cápsulas
Manipulação de Cápsulas
Manipulação de Cápsulas
Manipulação de cápsulas
Maio/2012
Manipulação de cápsulas
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processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de
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Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
Dossiê Técnico Manipulação de cápsulas
DUTRA, Verano Costa
Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro - REDETEC
31/5/2012
Resumo A maioria das formas farmacêuticas sólidas produzidas em
farmácias de manipulação são cápsulas de gelatina dura. Este
dossiê tem como objetivo oferecer informações sobre as
vantagens, modo de preparo da manipulação de cápsulas
gelatinosas duras e seu controle de qualidade, além das
legislações relacionadas.
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Sumário
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
1.1 Definições......................................................................................................................... 3
1.1.1 Cápsulas ........................................................................................................................... 3
1.1.2 Cápsula dura .................................................................................................................... 3
1.1.3 Cápsula mole ................................................................................................................... 4
4. CONTROLE DE QUALIDADE........................................................................................ 10
4.1 Determinação de peso médio das cápsulas duras ................................................... 11
4.2 Testes específicos......................................................................................................... 12
5 LEGISLAÇÕES ............................................................................................................... 12
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................................. 14
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 15
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
1.1 Definições
1.1.1 Cápsulas
Figura 1 – Cápsulas
Fonte: (DIMA, 2007)
As cápsulas duras são formadas por dois invólucros que são duas seções cilíndricas pré-
fabricadas, sendo o corpo e tampa com as extremidades arredondadas, que se encaixam,
geralmente de gelatina, mas podem ser de outros materiais (BENETTI, 2010; BRASIL,
2010a). O preenchimento das cápsulas duras são “com princípios ativos e excipientes na
forma sólida” (BRASIL, 2010a).
Thompson (2006 apud BENETTI, 2010) explica que durante a manipulação, o corpo e a
tampa são separados, o “corpo é preenchido com o pó e, então, a tampa é recolocada”.
As cápsulas moles são constituídas por “um invólucro de gelatina, de vários formatos, mais
maleável do que o das cápsulas duras”, o seu conteúdo é preenchido por “conteúdos
líquidos ou semissólidos, mas podem ser preenchidas também com pós e outros sólidos
secos” (BRASIL, 2010a).
O uso das cápsulas de gelatina duras apresentam diversas vantagens para o paciente e
para o preparo, conforme quadro 1.
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DOSSIÊ TÉCNICO
Os tamanho dos invólucros podem variar de acordo com a Tabela 1, no entanto, Allen Jr.,
Popovich e Ansel (2007 apud PINHEIRO, 2008) informam que os volumes podem variar
conforme o fabricante.
Para evitar que as cápsulas gelatinosas duras apresentem aspecto quebradiço, excesso de
dureza e dificuldade de manipulação, alterando até mesmo a dissolução e biodisponibilidade
do medicamento, Thompson (2006 apud BENETTI, 2010) revela que “os invólucros devem
apresentar certa porcentagem de água, usualmente 10 a 15%”.
Benetti (2010) explica que o uso de porcentagem de água superiores aquelas sugeridas por
Thompson (2006 apud BENETTI, 2010) pode promover “ao amolecimento dos invólucros e
a adesão das cápsulas”. Logo, Benetti (2010) recomenda que os invólucros sejam
armazenados em “recipientes que proporcionem uma umidade relativa constante e
adequada”, bem como que as “as cápsulas fornecidas pela indústria em caixas de papelão
devem ser transferidas para frascos de vidro ambarou outro recipiente hermético”.
O excipiente escolhido de acordo com Paludetti (2010) deve atender as seguintes funções:
“permitir uma correta liberação, proporcionar uma cápsula com uniformidade de peso e teor
e garantir a estabilidade da preparação durante todo o prazo de validade”.
A escolha de excipientes para o preparo das cápsulas devem está de acordo com as
informações presentes nas monografias disponíveis nas Farmacopeias e/ou em estudos
específicos publicados. Paludetti (2010) informa que também é utilizado para escolha de
excipientes pelas farmácias de manipulação o Sistema de Classificação Biofarmacêutico
(SCB).
No entanto, Paludetti (2010) esclarece que que o SCB não informa sobre: a utilização de 1
mesmo excipiente para 2 princípios ativos de classificação biofarmacêutica diferentes;
dados sobre fluxo, o ângulo de repouso, a densidade aparente e a granulometria; e
estabilidade. Paludetti (2010) então explica que “o Sistema de Classificação Biofarmacêutico
é uma ferramenta importante, mas não pode ser determinante da escola do excipiente e
nem sequer será o único fator a ser considerado”.
Contudo, Petry (2007 apud BENETTI, 2010) esclarece que os procedimentos de moagem e
tamisação dos pós, conforme as “características específicas dos componentes das
formulações ou determinado processo ou produto”, podem ser opcionais.
3.2 Pesagem
Figura 4 – Pesagem
Fonte: (HOMEODERM, [200-?])
Para escolha correta do tamanho da cápsula a ser utilizada, faz-se necessário realizar
previamente a determinação do volume aparente do pó, através da conversão da unidade
de massa, grama para volume, mililitro (PINHEIRO, 2008). O volume aparente do pó pode
ser verificado utilizando uma proveta graduada (BENETTI, 2010; FERREIRA, 2008;
PINHEIRO, 2008).
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DOSSIÊ TÉCNICO
Prista et al. (2002 apud PINHEIRO, 2008) explicam que “a escolha do tamanho da cápsula é
feita pela soma das densidades aparentes de todos os componentes da formulação”.
3.4 Mistura
Segundo Prista, Alves e Morgado (1995 apud BRITTES; MOREIRA, 2006) a mistura dos
pós tem a finalidade de obter “um pó no qual, teoricamente, cada partícula de um dos
constituintes esteja junto às partículas dos outros”, resultando em “um produto com
distribuição homogênea dos constituintes da formulação”, como explica Benetti (2010).
Nas farmácias magistrais normalmente são realizados a mistura dos pós “pelo uso de sacos
plásticos, misturadores automáticos e em gral de porcelana” (PRISTA; ALVES; MORGADO,
1995 apud BRITTES; MOREIRA, 2006). No entanto, Prista, Alves e Morgado (1995 apud
BRITTES; MOREIRA, 2006) revela que apenas a mistura em gral de porcelana é o único
descrito na literatura.
Para realizar a mistura apenas com gral e pistilo, deve-se realizar “movimentos circulares
com o pistilo do centro à periferia e da periferia ao centro” de acordo Prista, Alves e
Morgado (1995 apud BRITTES; MOREIRA, 2006).
Para o enchimento das cápsulas podem ser utilizados diversas técnicas, utilizando diversos
modelos de encapsuladoras manuais, semiautomáticas e automáticas, como explica
Pinheiro (2008).
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DOSSIÊ TÉCNICO
4. CONTROLE DE QUALIDADE
A Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n° 67, de 08 de outubro de 2007, que trata Boas
Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em
farmácias, exige para todas as preparações magistrais e oficinais que sejam realizados,
conforme a Farmacopeia Brasileira ou outro Compêndio Oficial reconhecido pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no mínimo os ensaios apresentados no Quadro 4
(BRASIL, 2007).
Logo, sendo as cápsulas formas farmacêuticas sólidas (ALLEN; ANSEL; POPOVICH, 2007
apud BENETTI, 2010; BRASIL, 2010a) faz-se necessário a realização dos ensaios:
“descrição, aspecto, caracteres organolépticos, peso médio” (BRASIL, 2007) que podem ser
encontrados na Farmacopeia Brasileira 5ª edição (BRASIL, 2010a) e no Formulário Nacional
da Farmacopeia Brasileira, 2ª edição (ANVISA, 2011).
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DOSSIÊ TÉCNICO
Na RDC n° 67, de 08 de outubro de 2007, ainda determina que “quando realizado o ensaio
de peso médio, devem ser calculados também, o desvio padrão e o coeficiente de variação
em relação ao peso médio” (BRASIL, 2007). O coeficiente de variação também é conhecido
como desvio padrão relativo.
Para as amostras das preparações em que foram realizadas análise de teor e uniformidade
de conteúdo do princípio ativo, a RDC n° 67, de 08 de outubro de 2007, informa que “devem
contemplar diferentes manipuladores, fármacos e dosagens/concentrações, sendo adotado
sistema de rodízio” (BRASIL, 2007).
Faz-se necessário que os resultados das análises sejam registrados e arquivados para a
disposição da Autoridade Sanitária, por no mínimo 2 anos (BRASIL, 2007).
O Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, 2ª edição (ANVISA, 2011) que trata das
Boas Práticas de Manipulação e da determinação de peso em cápsulas obtidas pelo
processo magistral, revela que o ensaio farmacopeico para determinação do peso de
cápsulas manipuladas estabelecido pela Farmacopeia Brasileira 5ª edição, é na prática
inviável, pois determina o esvaziamento das cápsulas previamente manipuladas.
Quadro 5 – Critérios de avaliação com limites de variação aceitáveis para cápsulas duras
Fonte: (ANVISA, 2011; BRASIL, 2010a)
O Formulário Nacional também determina que além peso médio das cápsulas manipuladas,
desvio padrão e desvio padrão relativo, seja verificado também a variação do conteúdo
teórico (ANVISA, 2011).
Amoxicilina Tri-Hidratada;
Ampicilina;
Ampicilina Tri-Hidratada;
Azitromicina;
Cefaclor;
Cefadroxila;
Cloridrato de Amitriptilina;
Cloridrato de Clindamicina;
Cloridrato de Tetraciclina;
Fluconazol;
Indometacina;
Isotretinoína;
Nifedipino;
Piroxicam;
Rifampicina;
Ritonavir;
Zidovudina (BRASIL, 2010b).
5 LEGISLAÇÕES
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DOSSIÊ TÉCNICO
<http://www.unifesp.br/reitoria/residuos/legislacao/arquivos/RDC_306_ANVISA.pdf>.
Acesso em: 31 maio 2012.
Ressalta-se que as legislações indicadas podem passar por atualização, e que a procura
por eventuais alterações é de responsabilidade do cliente. Lembrando que devem ser
consideradas as legislações estaduais e municipais, quando houver, devendo ser obedecida
a que for mais restritiva.
Conclusões e recomendações
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DOSSIÊ TÉCNICO
Referências
DE LUCCA, J.M. et al. Cápsulas duras com enchimento líquido ou semi-sólido: uma revisão
sobre sua produção e aplicação na liberação de fármacos. Farm. Bonaerense, Buenos
Aires, v. 24, n. 3, p. 458-467, 2005. Disponível em:
<http://images.professorcristiano.multiply.multiplycontent.com/attachment/0/Sjbe2goKCpQA
AH-
StJQ1/LAJOP_24_3_6_1_ZYS41T8N9P.pdf?key=professorcristiano:journal:118&nmid=2560
68429>. Acesso em: 31 maio 2012.
MARTINEZ, M.A.R. Capítulo IV: formas farmacêuticas sólidas: cápsulas. [Granada], 2004.
Disponível em: <http://www.ugr.es/~adolfina/asignaturas/capsulas.pdf>. Acesso em: 31 maio
2012.
NOCELLI. Codigo: 1219 / Máquina: Encapsuladora Erli. São Paulo, [200-?]. Disponível em:
<http://www.nocelli.com.br/maquinas-equipamentos/Encapsuladora-Erli>. Acesso em: 31
maio 2012.
PALUDETTI, L.A. Artigo: “Quero ser cápsula”. Campo Grande, 2010. Disponível em:
<http://www.crfms.org.br/noticias/877/artigo-quero-ser-capsula>. Acesso em: 31 maio 2012.
SILVA, R.F.; PIMENTA, P.S.; FUTURO, D.O. Utilização de ferramentas de análise e controle
de processo no desenvolvimento e produção de cápsulas em farmácias de manipulação. In:
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2008, Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO),
2008. Disponível em:
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_TN_STO_070_498_11998.pdf>. Acesso
em: 31 maio 2012.
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