História Contemporane 1 - Atividade 2 - Fichamento Apostilas 1 A 4 - Fabio D Christovam

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 34

História Contemporânea I

Fichamento Unidades 1 a 4

Profa. Elza Silva Cardoso Soffiatti

Aluno: Fábio D. Christovam


RA: 8010990
História Contemporânea

Atividade de Portfólio
Após a leitura dos textos sugeridos, faça o fichamento das Unidades 1, 2, 3 e 4 do Cadernode
Referência de Conteúdo de FREDRIGO, F. S. História Contemporânea I. Batatais: Claretiano,2013.
Para saber como o fichamento deve ser feito, acesso o site que se encontra disponível em: <
http://www.iuperj.br/index.php/pesquisa/tecnicas-de-estudo/fichamento >. Acesso em: 18 jul. 2016 e siga
o Modelo de Fichamento de resumo ou Conteúdo.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 1 O Iluminismo E A 01
Revolução Francesa: O Despertar
Da Modernidade
O Iluminismo: Política, Ciência E Razão Na Geração Das "LUZES" (p. 37 a 46)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
Dos termos tão semelhantes, que devem ser definidos para se delimitar as
possibilidades dos homens naquele tempo:
1. O Iluminismo é um movimento intelectual do séc. 18, longe de ser ordenado, toma a
razão como sua fundação e onde esta razão eliminaria a superstição por meio da
razão; e o desejo de se produzir um conhecimento pautado nesta razão e se efetiva na
Encyclopédie por Denis Diderot (1713-1784) e Jean d’ Alembert (1717-1783),
publicada, pela primeira vez, em 1751;
2. Diferente dos “iluminés”, praticantes do “Iluminisme”, termo francês para um
movimento do séc.16, místico, de “ocultistas”, com a crença na iluminação interior
inspirada por Deus e a liberação do homem por meio do conhecimento;
3. “Ilustração” é um movimento intelectual situado na Europa nos fins do séc 18.

Há uma relação entre o Iluminismo e a eclosão de movimentos revolucionários no séc.


18, que gesta e espalha os princípios revolucionários pela Europa e depois pelo mundo. Nos
salões aristocráticos de Paris, “reis-filósofos”, divulgavam suas ideias pela aristocracia, a
importância de “ser moderno” o que muitas vezes significava a dimensão da “estética”.
Duas ideias são importantes no iluminismo e circulavam na época:
1. A de atender as demandas populares;
2. Estabelecer um Estado forte.

Para se ter um Estado forte era necessário ter uma classe burocratizada especializada

2 - 34
História Contemporânea

para gerir economicamente o Estado mantendo a estabilidade política e econômica.


Para se entender a economia do séc. 18, é importante ressaltar:
1. As teorias fisiocratas (fisiocracia: governo da natureza, primeira escola científica da
economia), tinham grande influência, pois o mundo do séc. 18 é eminentemente
rural;
2. “É em torno desse pensamento que se ergueram as teses de François Quesnay (1694-
1774), tomado como precursor desse movimento”1.
3. A técnica e as revoluções produtivas ainda não haviam chegado à área rural,
resquícios do sistema feudal que os fisiocratas queriam mordenizar;
4. O principal para a fisiocracia é que o fundamento de toda riqueza é a questão da
terra, e as relações produtivas no campo.

Francis Bacon, René Descartes, John, Locke, Isaac Newton, Spinoza, Thomas Hobbes
e Hume para citar alguns filósofos mais importantes, tiveram influência direta no
iluminismo, já na Renascença, questionando as ideias tradicionais sobre Deus, a existência
do homem e do Universo.
Os filósofos iluministas queriam reformar o Antigo Regime, que consideravam
incapaz de permitir aos homens serem autônomos e de utilizarem sua razão. Alguns desses
filósofos:
1. Rousseau (1712-1778): era crítico do ateísmo, e calvinista. Para Rousseau, a
natureza está presente em nós através dos “instintos” que se manifestam através das
emoções e não podemos nos separar disso. Portanto “o homem que pensa é um
depravado”. Precisamos das leis, orientada em valores humanos, para fundamentar a
ação humana. Em 1762, escreve “O Contrato Social”, nesse livro defende que a
desigualdade é fruto da vida em sociedade e que a natureza humana, torna os
homens iguais entre si. Com base nessa tese, elabora que um governo ideal deve
considerar as demandas sócias e que o Estado não pode ser autoritário e arbitrário.
Para Rousseau, o Estado é aquele que “organiza” a vontade geral de seu povo, ele
não é “superior ao seu povo”, mas o órgão que deveria ter como função alcançar a
“felicidade geral”. Esse “modelo” vai inspirar o “ideal moderno do governo pela
maioria”.

1 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 42.

3 - 34
História Contemporânea

2. Voltaire (1694-1778): era um reformista moderado e acreditava fundar uma nova


estrutura política baseada no Antigo Regime, defendia os direitos civis, era contra as
prisões arbitrárias, torturas e pena de morte, de processos judiciais transparentes, de
leis únicas para todos e liberdade de expressão e pensamento. Era contra a
intolerância religiosa e não acreditava na infalibilidade papal. Não aceitava a
qualificação de ateísta, e defendia a existência de Deus como explicação para o
Universo.

Advertência: é preciso ter cuidado nas relações entre “diretas e causais entre o
Iluminismo e a Revolução Francesa”, isso para que o Iluminismo não seja compreendido
somente a partir da perspectiva da Revolução, como seu desfecho.
Roger Chartier (2009, p. 29) propõe uma inversão:
1. “Quando os revolucionários franceses atribuíram aos philosophes (dentre os quais,
Voltaire, Rousseau, Mably, Rayanal) uma função crítica construíram uma
continuidade com o século XVIII que foi a primeira tentativa de atestar um momento
de origem para o processo revolucionário, que estaria, então, nas críticas dos
filósofos do Iluminismo. Em síntese: encontrar as "origens da Revolução" apenas
nas ideias do século XVIII seria repetir o discurso revolucionário, sustentando uma
filiação proclamada ideologicamente, especialmente, à época da Revolução”.
2. “Ao invés de anunciarmos a busca de "origens intelectuais", poderíamos alcançar as
"origens culturais". Essa mudança de perspectiva indica que as instituições culturais
de uma determinada sociedade não são apenas receptáculos de ideias formadas em
outros tempos e lugares. As ideias circulam, são apropriadas e, no processo de
apropriação, são reinventadas. Se partirmos dessa premissa, colocamos em cena todo
o universo cultural do Antigo Regime e a diversidade das relações que podem ser
buscadas nos espaços de sociabilidade, tais como os cafés, as lojas maçônicas e as
sociedades literárias” (CHARTIER, 2009, p. 29).

Há um processo de “politização” da sociedade por meio de várias “associações”,


como clubes literários, maçonaria, cafés, como forma de “elaborar” uma sociedade mais
democrática. O “jacobismo”, torna isso mais explícito. Os “pensadores do iluminismo”
desenvolvem formas de operação individualistas e igualitários que não cabiam mais no

4 - 34
História Contemporânea

sistema do Antigo Regime, sendo vistos como uma “nova legitimidade política”,
incompatível com a sociedade hierarquizada da monarquia.
“Assim, ainda que seus discursos afirmassem respeito pela autoridade e adesão aos
valores tradicionais, nas suas práticas as novas maneiras de associação intelectual
prefiguravam a sociabilidade revolucionária em suas formas maisradicais” (adaptado de
CHARTIER, 2009, p. 43)2.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 1 O Iluminismo E A 02
Revolução Francesa: O Despertar
Da Modernidade
Dos Símbolos Da Revolução À Revolução Como Símbolo: A
Revolução Francesa E O Novo Tempo (p. 46 a 55)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
As Etapas da Revolução Francesa3:
ANO PERÍODO CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO
1788-1789 Crise agrícola Má colheita, crise no abastecimento e aumento no preço do pão.
e tributária
1788 Convocação Essa convocação foi fruto de uma reação da nobreza à crise econômica.
dos Estados Nessa ocasião, a nobreza propôs reformas que pretendiam aumentar os
Gerais impostos cobrados do Terceiro Estado.
1789 Assembleia A convocação da Assembleia Nacional foi uma reação do Terceiro
Nacional Estado, apoiada por representantes do clero e por deputados
Constituinte reformistas da nobreza, à proposta da nobreza de sobretaxação dos
componentes do referido Terceiro Estado. Nessa oportunidade, o
Terceiro Estado propôs uma reforma constituinte, assustando a nobreza
e o clero por sua reivindicação quanto ao voto por cabeça e não por
Estado, como era instituído pelo Antigo Regime.
1789 Tomada da A Bastilha, que era uma prisão do Estado, foi tomada pela ação popular
Bastilha no dia 14 de julho de 1789. Nesse mesmo ano, a França assistiu a um
levante camponês: a Constituinte foi pressionada a abolir os privilégios
feudais e proclamou a "Declaração de Direitos do Homem e do
Cidadão". O rei Luís XVI tornou-se prisioneiro da Assembleia.
1791-1792 Monarquia Surgem duas tendências políticas na França revolucionária: os
Constituinte. monarquistas e os representantes e defensores da Monarquia
Constituinte. Em 1791, é elaborada uma Constituição 1791-1792
Constitucional liberal e a França torna–se uma monarquia
Constitucional. Em 1792, o rei Luís XVI, desesperado com o
andamento dos acontecimentos, tenta fugir.
1792-1795 Convenção A Convenção estabeleceu a República e enfrentou guerras externas,
pois as monarquias europeias preocupavam-se com a influência que a
Revolução poderia exercer. Com o andamento do processo

2 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 45.
3 Idem op. cit. p. 46.

5 - 34
História Contemporânea

revolucionário, dois grupos formaram-se internamente na França: os


girondinos (de orientação liberal, que advogavam a contenção da luta
externa) e os montanheses (apoiados pelos sans-culottes, que
defendiam a radicalização do processo revolucionário). Os jacobinos,
um grupo saído da "Montanha", liderados por Robespierre, assumiram
o poder e instauraram o Terror, período em que a guilhotina foi
utilizada para decapitar os seus opositores. Em 1793, Luís XVI foi
guilhotinado em 21 de janeiro. O jacobinismo é tomado como "o
momento mais revolucionário da Revolução Francesa", em virtude de
sua radicalização. Foram obras dos jacobinos: a abolição da
escravatura nas colônias francesas, a proibição de prisões por dívida, a
criação de um sistema métrico de pesos e medidas, a fixação de preços
para os artigos básicos à sobrevivência, a tentativa de suprimir a
religião cristã em nome do culto à razão, que, mais tarde, levaria ao
culto ao "Ser Supremo", e a redação de uma constituição. Em 1794, a
Convenção, sob os auspícios jacobinos, decretou a religião um assunto
privado. Durante a Reação Termidoriana (em referência ao mês
termidor, que correspondia a julho no calendário revolucionário), em
1794, alguns jacobinos importantes foram guilhotinados, como
Maximilien de Robespierre (1758-1794) e Louis-Antoine de Saint-Just
(1767-1794).
1795-1799 Diretório Momento de arrefecimento do processo revolucionário. As forças
estrangeiras (Prússia, Holanda e Espanha) foram contidas e o exército
suprimiu o perigo de uma reação monarquista. Em 1796, Napoleão
Bonaparte (1769-1821), que comandava o exército francês, reagiu aos
últimos resquícios igualitaristas da Revolução e agiu externamente em
prol da expansão francesa, o que lhe concedeu alto prestígio. A
Assembleia foi dissolvida em 1799 e, em seguida, estabeleceu-se um
poder provisório dividido entre três cônsules: Bonaparte, Sieyès e
Ducos.
1799-1804 Consulado Ainda em 1799, Napoleão Bonaparte deu um golpe, apoiado pelos
outros dois cônsules, e assumiu sozinho o Consulado. Esse
acontecimento foi apontado, pelo próprio Sieyès, como o fim do
processo revolucionário francês. Em 1804, Napoleão Bonaparte
estabeleceu o Império e coroou-se Imperador.

A palavra “Revolução”, tinha significados diferentes no passado, de acordo com sua


circunscrição histórica. Hoje, usamos essa palavra de acordo com a experiência histórica da
época da Revolução Francesa; e o entendimento do homem no séc. 18 por “Revolução”
significava se libertar dos “grilhões do Antigo Regime”, ou seja da hierarquia estamental
feudal. No sec. 19, o medo dessa palavra era imenso pela expectativa exacerbada, dos
acontecimentos na França do séc. 18, por políticos e intelectuais.
A revolução é assimilada pelos revolucionários e seus opositores não só como
princípio político e movimento social, mas no cotidiano, passa a dar “sentido”, por meio de
símbolos, a cada mudança, a cada novidade. Até um novo “calendário” é criado, é a
necessidade de definir e controlar o “tempo”, marcado pelas estações do ano. É o

6 - 34
História Contemporânea

rompimento com o passado, com o antigo, que a revolução traria um “novo tempo”.
Também anunciavam que fariam a “história” de maneira distinta, uma história da
coletividade, que assumisse a ruptura com o velho Antigo Regime, que não lhes servia mais.

Os “jacobinos”, a ala mais radical dos revolucionários, se consideravam herdeiros de


Rousseau e gostavam de ver a si mesmos como “líderes em busca da igualdade”.
Justificavam usar todos os meios para “alcançar a felicidade geral da nação”, inclusive a
gilhotina. Por meio de suas ações, os jacobinos radicalizaram os princípios da Revolução
Francesa.
O aristocrata, Alexis de Tocqueville (1805-1859), escreveu “O Antigo Regime e a
Revolução”, escreve que o “componente emocional é indispensável a revolução e explica seu
caráter violento”4. Incitado conscientemente pelos revolucionários, o forte componente
emocional faz surgir de forma espetacular a “ação revolucionária”, por exemplo “o
espetáculo do julgamento e morte pela guilhotina” que eram exibidos e a cabeça dos
traidores exposta ao público.
Os exageros dos jacobinos, e as “apropriações conceituais dos iluministas” acaba por
se virar contra os próprios revolucionários que as incitavam, especialmente relacionados com
o jacobinismo e a guilhotina.
Em 17 de setembro de 1793, a Lei dos Suspeitos foi promulgada pela Convenção, que
determinava a prisão e o julgamento de todos os “suspeitos” e sua sumária execução pela
guilhotina. Entre 1793 a 1794, o período do “Terror” o Tribunal Revolucionário, órgão
instituído pela Convenção Nacional, onde os processos de traição eram julgados tendo em
vista a “pressão popular”, levou cerca de 20 mil pessoas para a guilhotina, tendo em vista
que o contrário faria enfraquecer a crença na Revolução que estava diretamente relacionada
ao rigor em punir qualquer um que não estivesse alinhado com os princípios revolucionários
e lembrasse o Antigo Regime.
E dezembro de 1792, Robespierre declamava na Convenção:
“Não tendes uma sentença a proferir a favor ou contra um homem,
mas uma medida de salvação pública a tomar, um acto de providência
nacional a exercer. Luís foi rei e a República está fundada. Luís foi
destronado pelos seus crimes. Luís denunciava o povo francês como
rebelde. Para o castigar, chamou às armas os tiranos seus confrades. A
vitória e o povo decidiram que apenas ele é rebelde. Luís não pode, pois,
ser julgado: ou ele é já condenado ou a República não será absolvida. [...]

4 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 53.

7 - 34
História Contemporânea

se Luís é absolvido, se Luís é presumível inocente, que será da Revolução?


Quanto a mim, detesto a pena de morte proporcionada pelas vossas leis; e,
por Luís, não tenho nem amor nem ódio; apenas odeio os seus crimes. Com
pesar, pronuncio esta fatal verdade [...] mas Luís deve morrer para que a
Pátria viva [...]. Peço que a Convenção nacional o declare, desde já, traidor
à Nação francesa, criminoso
para com a Humanidade (ALMEIDA, 2009)”5.

A morte do rei Luis XVI, na praça da Revolução, assim como de seus parentes mais
próximos, é um anseio por romper com a tradição do Antigo Regime e colocar a
impossibilidade de retorno um fim absoluto na Monarquia.

Na Revolução Inglesa em 1688 a Monarquia foi preservada, mesmo com poderes


menores, não rompendo com seu passado. Na Revolução Americana em 1776, o processo
revolucionário apelava para os valores políticos e religiosos dos primeiro imigrantes.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 2 A Revolução Industrial: 03
Técnica E A Política
Como Se Conhece: Dos Viajantes E Naturalistas Aos Cientistas
De Laboratório (p. 76 a 80).
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
Para entender os homens do séc. 18, sua forma de pensar, seus interesses nos mais
diversos campos, é preciso entender a era da Ilustração. O “status” de cientista era do
viajante naturalista, que em suas viagens de estudos “entendia de tudo um pouco”,
“geografia, biologia, química, cartografia, filologia, artes e outras coisas” 6, aprendendo por
meio da experiência empírica, ou seja por meio de pesquisas de campo, comprovar
determinado objetivo pela observação da natureza.
No séc. 19 há uma especialização da ciência e as áreas como história, sociologia,
geografia, física, química procuram se colocar como “ciências autônomas” de conhecimento,
mas o cientista viajante ainda pensava o mundo de forma integrada. Diferente do viajante
cientista do séc. 18, o cientista do séc. 19 ele reproduz em um “espaço protegido e definido
os fenômenos naturais”7, onde se armazenam “amostras” que são manipuladas para
compreender seu funcionamento, não precisando mais lidar com as adversidades dos

5 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 54.
6 Idem op. cit. p. 76.
7 Idem op. cit. p. 77.

8 - 34
História Contemporânea

ambientes naturais. No contexto dessa “especialização dos saberes” surge esse “homem do
laboratório”, será um cientista se tiver feito sua formação acadêmica é o símbolo da “nova
ciência”.
No séc. 20 o conhecimento científico está estruturado e o cientista escolhe um campo
para atuar.

A educação passa a ser uma questão fundamental da sociedade contemporânea, a


industrialização passa a exigir um empregado qualificado e mais qualificação de seus
cientistas. A ausência de qualificação o converte em mão de obra barata definindo os
critérios de inclusão ou exclusão.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 2 A Revolução Industrial: 04
Técnica E A Política
Antecedentes De Uma Organização Institucional: A
Revolução Inglesa 1640 1688 (p. 80 a 86)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
São duas as revoluções inglesas importantes:
A Revolução Puritana em 1640, por associação com os conflitos religiosos: os
puritanos lutavam contra a imposição do Anglicanismo, imposto por Carlos I.
A Revolução Gloriosa é Chamada assim por dois motivos:
1. “8Foi "gloriosa" porque foi rápida, sem grande derramamento de sangue e desordem;
2. Estabeleceu o acordo entre os conservadores e liberais, entre os monarquistas e os
parlamentaristas, entre os anglicanos e os puritanos, permitindo que a Inglaterra
encontrasse a medida certa da paz política interna e da estabilidade administrativa”.
A Revolução Gloriosa em 1688 tinha como objetivo controlar a Monarquia e eliminá-
la. Após a primeira das “Revoluções Burguesas” é publicada na Inglaterra a Carta Magna,
que limitava os poderes reais e a “Bill of Right”, Declaração de Direitos, e garantia direitos
ao povo. Diferente da França, na Inglaterra há a manutenção da Monarquia, não houve uma
abertura política nem uma chamada geral para o rompimento com o Antigo Regime.
Oliver Cromwell (1599-1658), o líder da Revolução Puritana, desencadeou uma guerra
civil para conter os abusos do rei Carlos I. O problema não era a Monarquia, mas a

8 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 86.

9 - 34
História Contemporânea

intolerância política e religiosa de Carlos I que queria impor o anglicanismo aos puritanos.
O enforcamento de Carlos I também é relevante para se entender os motivos da Revolução
Puritana, pois diferente da França, não estavam eliminando a Monarquia, mas dando mais
poder ao Parlamento. A Republica foi instaurada, e centralizada na figura de Crowell.
O fim da revolução resultou no restabelecimento do equilíbrio político entre
conservadores e liberiais, liberdade religiosa e pessoal sob forma de lei, e política,
transformaram a Inglaterra em uma nação liberal.

De forma muito sintética a raiz dos princípios do liberalismo está concentrada na


garantia de direitos individuais e liberdade econômica, que não significa ausência de Estado.
Continua tendo responsabilidade com a e economia, sendo um parceiro que administra as
transações, incentivador da atividade comercial e não tolhendo a capacidade da liberdade de
comércio. Hobsbawm (1997, p. 47) cita que após a Revolução Gloriosa “o lucro privado e o
desenvolvimento econômico tinham sido aceitos como supremos objetivos na política
governamental”9.
A Revolução Industrial vai exportar e consolidar as bases do pensamento liberal
econômico por toda Europa.

Abaixo a tabela sintetiza as fases revolucionárias na Inglaterra10.


Ano Período Características do Período
1640 Deflagração A chamada Revolução Puritana foi deflagrada em virtude
da Revolução de desentendimentos, sobretudo, religiosos – daí o seu
Puritana nome. Além do Rei Carlos I (1625-1649) promover a
cobrança de impostos incomuns, ele pretendeu impor o
Anglicanismo, gerando conflitos com os puritanos.
1642/1649 Revolução Houve uma longa luta civil, que opôs o Rei e parte do
1642/1649 Puritana Parlamento. O Parlamento Inglês dividia-se em duas
(Guerra Civil) câmaras: a Câmara dos Lordes (composta pela alta
nobreza, que apoiava o Rei) e a Câmara dos Comuns (que
respondia pela população inglesa e que se colocou contra
as medidas políticas e religiosas arbitrárias do rei). O Rei
Carlos I tentou fugir da guerra civil, o que agravou a crise
entre os defensores do Rei e os exércitos comandados por
Oliver Cromwell, os roundheads (os "cabeças redondas"),
que eram chamados assim em virtude da recusa em usar
perucas, pois elas eram consideradas a imagem de um
luxo exorbitante. O estilo puritano de se vestir e se portar
deveria se associar à simplicidade.

9 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 84.
10 Idem op. cit. p. 86.

10 - 34
História Contemporânea

1649/1658 República Oliver Cromwell venceu as tropas realistas e, em 1649,


proclamou a República ou Commonwealth (o nome
fazia referência à Escócia e à Irlanda, que estavam sob a
autoridade inglesa). Durante esse período republicano,
Oliver Cromwell mandou, em 1649, decapitar o Rei Carlos
I por traição e extinguir a Câmara dos Lordes. Entre 1649 e
1651, ele esmagou uma rebelião de realistas e católicos na
Irlanda e uma rebelião na Escócia, que pretendia apoiar o
retorno da Monarquia, com o filho de Carlos I. Em 1653,
Cromwell fechou o Parlamento e autoproclamou-se
"Lorde Protetor da Inglaterra, Escócia e Irlanda", o que lhe
rendeu críticas por tirania. Observe que, mesmo tendo
instaurado a República, o título que Cromwell atribuía
a si refere-se à posição aristocrática. Do ponto de vista
político-administrativo, o "Lorde Protetor" estabeleceu o
Ato de Navegação, que beneficiou os setores mercantis e
da construção naval. Oliver Cromwell morreu em 1658 e o
período republicano terminou juntamente com ele.
1659/1688 Restauração Carlos II, filho do rei decapitado, foi coroado. Em 1685,
Monárquica Jaime II, irmão de Carlos, assumiu o trono em virtude de
sua morte e da ausência de herdeiros diretos. Jaime II,
que professava a religião católica, quis isentar os católicos
de impostos, o que levou à sua retirada do poder por meio
da "Revolução Gloriosa". No período da restauração, é
importante anotarmos que houve a preocupação com
uma reforma educacional, que estimulou a ciência, a
técnica e a indústria inglesas.
1688 Revolução A Revolução Gloriosa foi rápida e, com o apoio da
Gloriosa liderança holandesa, Guilherme de Orange, que estava
casado com Maria Stuart, a filha mais velha de Jaime
II, consolidou a Inglaterra que conhecemos hoje: uma
Monarquia parlamentar de caráter liberal, que poderia
se voltar para o desenvolvimento das forças produtivas
em seu ambiente interno, bem como cuidar do comércio
com outras regiões conhecidas do globo.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 2 A Revolução Industrial: 05
Técnica E A Política
Prontos Para A Revolução Industrial: Racionalização Da
Economia E Mudanças Técnicas (p. 86 A 92)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
No séc. 16, a Inglaterra já tinha resolvido seu problema agrário com a Lei de
Cercamentos, garantindo a modernização técnica do processo produtivo e melhoria das
colheitas. A terra era vista como fonte de riqueza, mas que tinha que ser dinamizada pelo
comércio.
Os grandes proprietários de terra, da Aristocracia, arrendavam suas terras a pequenos
agricultores, ou empregando camponeses que vendiam sua força de trabalho.

11 - 34
História Contemporânea

Os “cercamentos” - enclosure acts – seriam aprofundados no séc. 18, como forma de


racionalizar a atividade econômica no campo, como a restrição das áreas voltadas à criação
de animais, a atividade agrícola era prioridade, sobretudo o plantio de algodão para a
indústria têxtil. A Inglaterra importava algodão dos Estados Unidos, mas com o conflito com
a colônia começou a plantar em seu próprio território.
As mudanças tecnológicas na tabela abaixo e a exploração das manufaturas têxteis11.
Ano Inovação Técnica
1733 John Kay inventa a lançadeira volante.
1767 James Hargreaves inventa a "spinning jenny", que permitia a um só artesão
fiar 80 fios de uma única vez.
1768 James Watt inventa a máquina a vapor.
1769 Richard Arkwright inventa a "water frame".
1779 Samuel Crompton inventa a "mule", uma combinação da "water frame" com
a "spinning jenny" com fios finos e resistentes.
1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.

Preferencialmente nas manufaturas têxteis eram empregadas mulheres e crianças que


se sujeitavam a trabalhar por menores salários, em condições insalubres e péssimas
condições de trabalho.
A Revolução Industrial Inglesa antecipa uma revolução que mudaria todo o planeta,
mas que ainda não tinham essa consciência ainda que o desejassem.
O movimento de organização racional do campo acaba por despropriar vários
camponeses que migram para as cidades, fornecendo trabalhadores para as indústrias,
impondo-lhes um novo ritmo de vida fornecido pela rotina da produção industrial. Por outro
lado, a produção rural aumenta a produtividade e alimenta a população em crescimento.
Ainda gera riqueza com o comércio, tanto nas cidades quanto externo.

Em 1844 Karl Marx, tentaria explicar como que “as condições materiais existentes
influenciariam em todos os campos da vida do homem”, publicando-as nos seus
“Manuscritos Filosóficos”12. A “alienação do trabalho” é uma crítica que ele faz ao Sistema
de Produção Capitalista, que transformaria a forma de produção do trabalho, que se veria
isento de sua “atividade criadora”, transformado pelo trabalhador, mas particionado de tal
forma que este trabalhador não tem mais o “controle” de seu trabalho, pois não faz o todo do

11 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 88.
12 Idem op. cit. p. 90.

12 - 34
História Contemporânea

processo produtivo, nem tem o seu conhecimento disso, perdendo o controle sobre a natureza
e o produto de seu trabalho.
“A palavra “alienação” é usada para designar o “alheamento” ( “ele não sabe o que
acontece a sua volta e nada faz para transformar sua condição”), do trabalhador de sua
condição de classe e como força capaz de provocar a revolução”13.
O acúmulo de riquezas para o homem inglês, protestante, não é passível de castigo
divino, pois o trabalho honra o homem, ao mesmo tempo a simplicidade pregada pelos
protestantes impede que os frutos do trabalho sejam ostentados. O trabalho era visto como
um instrumento de aprimoramento do espírito, e a riqueza uma dádiva de Deus, fruto de uma
vida moral, de trabalho e de acúmulo.

Porém, os ambientes urbanos eram assustadores, com ausência de saneamento básico,


e fomentado por doenças. O historiador Eric Hobsbawm, em A Era das Revoluções escreve:
“As cidades e as áreas industriais cresciam rapidamente, sem planejamento
ou supervisão, e os serviços mais elementares da vida da cidade fracassavam na
tentativa de manter o mesmo passo: a limpeza das ruas, o fornecimento de água, os
serviços sanitários, para não mencionarmos as condições habitacionais da classe
trabalhadora. A conseqüência mais patente desta deterioração urbana foi o
reaparecimento das grandes epidemias de doenças contagiosas (principalmente
transmitidas pela água) notadamente a cólera, que reconquistou a Europa a partir de
1831 e varreu o continente de Marselha a São Petersburgo em 1832 e novamente
mais tarde” (HOBSBAWM, 1997, p. 224)14.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 2 A Revolução Industrial: 06
Técnica E A Política
Lendo O Manifesto Do Partido Comunista E Refletindo
Sobre A Organização Dos Trabalhadores (p.92 a 99)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
Movimentos de resistência começaram a surgir com as novas mudanças no mundo do
trabalho com a Revolução Industrial. Essas reações articuladas pelo “movimento operário”
não podem ser entendidas somente como ao sofrimento da vida do trabalhador, mas além,
“emergia da pressão aos trabalhadores, à fome, a pobreza, ao preconceito social: esses
homens e mulheres, aglomerados nas cidades industriais, descobririam, aos poucos, que

13 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 90.
14 Idem op. cit.

13 - 34
História Contemporânea

poderiam se organizar politicamente, tomando, então, consciência de seu lugar na


engrenagem da produção de bens de consumo” 15. No séc. 19, quebras de máquina, trabalho
lento, outras estratégias de luta dos trabalhadores vão ser implementadas.
Uma desigualdade maior entre ricos e pobres, foi produzida na Revolução Industrial,
que modifica as relações de trabalho e as relações sociais.
O movimento operário se ampliaria para incluir todos os trabalhadores, inclusive os
desempregados, que perambulavam pelas cidades e campos, reunindo todos que se sentiam
explorados.
Houve motins nos campos e cidades causados pela fome e ataques a depósitos de
comerciantes e agricultores, que eram forçados a vender o trigo a um preço justo. No meio
urbano o “ludismo” tinha a estratégia de quebrar as máquinas de forma intencional se não
houvesse outro meio de negociação.
A repressão na Inglaterra foi mais violenta do que na França. Com o tempo os
empregadores começaram a se organizar para defender suas máquinas e a forma de controle
dos trabalhadores mais rigorosa, a repressão policial mais rígida.
O trabalhador seria educado para as novas regras do mundo industrial, ainda que
resistisse. E a resistência encontraria novas formas de se expressar. Em meados do séc. 19 as
novas associações e debates políticos traziam novas demandas dos trabalhadores.
Em 1838, Feargus O'Connor e Willian Lovet, organizam um movimento que ficaria
conhecido como “cartismo”, que se referia a “Carta do Povo”, apresentada ao Parlamento e
restringia-se na Inglaterra.
A Carta do Povo constava seis pontos importantes:
1. Sufrágio universal masculino;
2. Igualdade de direitos eleitorais;
3. Voto secreto;
4. Legislaturas anuais;
5. Abolição do censo eleitoral para a Câmara de Comuns (só podia ser eleito para a
Câmara os que tivessem propriedades; portanto, os trabalhadores não poderiam,
nessas condições, chegar à Câmara para propor mudanças nas leis do país);
6. Remuneração de parlamentares.
O movimento cartista conseguiu algumas conquistas que se tornaram efetivas como a

15 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 92.

14 - 34
História Contemporânea

regulação do trabalho infantil e feminino, a efetivação de 10 horas de jornada de trabalho.


Sem essa regulamentação, os trabalhadores não poderiam protestar.
O sufrágio universal, e a possibilidade dos homens de votar. Para as mulheres demorou
um pouco mais, somente em 1918. Na França apenas em 1944 e no Brasil em 1932.

Em 1848 é publicado o Manifesto Comunista por Karl Marx e Friedrich Engels com o
objetivo de proclamar a existência de uma classe trabalhadora têxtil como também de
organizá-la. Com sua publicação a organização dos trabalhadores é modificada. Criticando
os socialistas utópicos e o sistema de produção capitalista, conclamavam os trabalhadores à
Revolução. “Proletários de todos os países, uni-vos!”.
Os escritos de Marx e Engels, diagnosticavam a sociedade industrial capitalista e
buscavam a organização internacional dos trabalhadores para substituir este sistema.
“A burguesia desempenhou na história papel extremamente revolucionário
[...]. Onde quer que tenha chegado ao poder, a burguesia destruiu todas as relações
feudais, patriarcais, idílicas. Dilacerou impiedosamente os variegados laços feudais
que ligavam o ser humano a seus superiores naturais, e não deixou subsistir entre
homem e homem outro vínculo que não o interesse nu e cru, o insensível
"pagamento em dinheiro". [...] A burguesia não pode existir sem revolucionar
continuamente os instrumentos de produção e, por conseguinte, as relações de
produção, portanto todo o conjunto das relações sociais (adaptado de MARX;
FRIEDRICH, 1996, p. 68-69)”16.

Pontos importantes a se considerar sobre os escritos de Marx e Engels:


1. A emergência do capitalismo que destrói as bases econômicas do feudalismo;
2. A mudança nas relações de produção e consequentemente nas relações sociais tanto
de trabalhadores rurais, quanto urbanos;
3. A venda da força de trabalho do operário para aquele que a emprega;
4. A invenção e a evolução dos instrumentos de produção;
5. A reorganização no campo pela política de cercamentos e a migração dos camponeses
que perderam suas terras para as cidades foi fundamental para o colapso do sistema
feudal;

Com a migração em massa para as cidades, havia um excedente de trabalhadores. Com


a construção das máquinas e o “particionamento” do trabalho, não era mais necessário a
contratação de trabalhadores especializados. Então todos forma afetados, trabalhadores

16 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 97.

15 - 34
História Contemporânea

especializados e não especializado foram afetados e o “exército de reserva” fazia com que o
excesso de mão de obra disponível no mercado, os salários fossem mais baixos.

O Manifesto Comunista inaugura uma nova etapa no movimento operário que vai da
metade do séc. 19 até o séc. 20. Os trabalhadores, identificados como classe lutam pelo fim
do sistema capitalista de produção, outros lutando por melhorias nas condições de trabalho.
No decorrer deste tempo há experiências socialistas e a diferenciação dos socialistas utópicos
dos socialistas científicos, inaugurados a partir da publicação do Manifesto.
No início do séc. 20 a experiência soviética é denominada “socialismo real”.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 3 Novo Cenário 07
Revolucionário: O Romantismo
Nas Barricadas De 1830 E 1848
Da França Para O Mundo: A Expansão Dos Princípios
Revolucionários (p.114 a 199)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
Os movimentos de 1830 e 1848, foram influenciados pela Revolução Francesa “que
teve seus princípios exportados para outros lugares da Europa”. A palavra “revolução”
aparece pela primeira vez em língua francesa. Apenas depois o termo foi usado para
“Revolução Industrial” com referência as mudanças sociais, econômicas e políticas
decorrentes dela.
A intensa conturbação social e política do séc. 19, faziam com que os revolucionários
tivessem sentimentos contraditórios de incertezas e esperanças sobre as transformações que
estavam acontecendo em sua sociedade, e tinham a esperança de contribuir para um mundo
mais organizado.
Em um primeiro momento não há um “projeto revolucionário”, mas uma “experiência
revolucionária” mediada pelas especificidades de seu tempo, local e cultura em que estão
inseridos. O lançamento do Manifesto Comunista em 1848 marcaria um momento de
“corte” com os socialistas utópicos. Da observação da “experiência revolucionária” é que
emergiria um “projeto”.
Michell Vovelle (1989) escreve sobre três momentos:
1. “1792/1793: com os jacobinos no poder, a Revolução, ao se aprofundar, gerou
um desconforto no interior das elites francesas, pois, para alguns de seus

16 - 34
História Contemporânea

representantes (que tinham, inclusive, apoiado a Revolução em 1789), o processo


revolucionário tinha escapado de qualquer controle. A morte do rei e a instalação
do Terror foram encaradas como avisos para os membros da elite mais
moderados. Os conflitos entre os dirigentes do processo revolucionário acabaram
por enfraquecer a própria Revolução. Essa elite, que discordava do
aprofundamento revolucionário e que pretendia controlar os excessos jacobinos,
apoiaria Napoleão Bonaparte (1769-1821), permitindo que ele assumisse o
Diretório, consagrado por sua liderança no Exército francês vitorioso.
2. 1793-1799: certamente, a morte do Rei francês estabeleceu uma contraofensiva
militar e ideológica por parte das restantes monarquias europeias (Áustria,
Prússia, Rússia, Grã-Bretanha e Suécia). Nesse contexto, a França passou a ser
assolada por uma guerra externa e interna. É importante que você se dê conta do
que significa uma contra ofensiva militar e ideológica. De um lado, a guerra
externa queria repor a Monarquia em seu lugar. Do outro, a ofensiva ideológica
queria extirpar os ideais republicanos, igualitários e democráticos. Enfim,
pretendia-se um retorno ao Antigo Regime. Essa batalha ideológica teve de ser
respondida pelos jacobinos e exatamente por isso seriam eles os revolucionários
mais conscientes quanto à necessidade de consolidar seus princípios
internamente e exportá-los – daí a importância dos clubes jacobinos. Dessa
forma, os jacobinos tornar-se-iam os primeiros missionários de uma revolução
internacionalizada. Os clubes jacobinos, que se espalhariam pelas monarquias
europeias, seriam um ponto de encontro de revolucionários e muitos desses
clubes seriam atuantes nas revoluções de 1830 e 1848.
3. 1800-1815: Napoleão, depois de se tornar influente no Diretório, utilizou-se
dessa influência para, mais tarde, em 1804, coroar-se Imperador da França,
fazendo retroagir uma das conquistas importantes da Revolução, que fora
exatamente o estabelecimento da República. Nesse período, as guerras externas
empreendidas por Napoleão garantiram a propagação da mensagem
revolucionária. Você deve estar confuso com a figura de Napoleão. Ele era o
quê? Um revolucionário ou um contrarrevolucionário? É bom que você saiba
que, na História, não há "mocinhos" ou "bandidos", mas homens, de carne e osso
que, por isso, são controversos. Assim, se Napoleão traiu os ideais
revolucionários quando impôs o retorno à Monarquia, ele também pode ser visto
como o homem que, em nome de conquistas bélicas (que ele imaginava serem
capazes de fortalecer a França, tornando-a uma potência apta a destituir a
Inglaterra desse posto), exportou os ideais da Revolução Francesa” 17.

Pessoas de todas as classes sociais participavam dos clubes jacobinos. A partir de 1792
começaram a propagandear a revolução e se tornaram mais engajados garantindo a expansão
revolucionária, e se viam como verdadeiros portadores desse ideias revolucionários, através
da igualdade, liberdade e fraternidade que pregavam. Não se identificavam com a burguesia,
que estava mais próxima com uma controvertida figura, Napoleão Bonaparte.
Após a tomada do poder por parte de Napoleão, os jacobinos vão se espalhar pela
Europa.
As guerras napoleônicas transformaram o continente europeu, colocando em risco as

17 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 116.

17 - 34
História Contemporânea

dinastias do Antigo Regime diante do risco de fragmentação dos territórios e das guerras
constantes. A experiência da invasão por ambos os lados “provocaria sentimentos distintos
nas populações”, tanto dos invasores quanto dos invadidos e “sedimentaria o ideário
nacional”.
Só no decorrer do séc. 19 é que os exércitos modernos começariam a ser formados. A
convocação obrigatória nasce da necessidade da guerra moderna sendo massiva. Nas guerras
feudais os exércitos eram pequenos e a população pouco se envolvia. Isso mudaria com as
guerras napoleônicas.
Napoleão era admirado e temido. Derrotou os exércitos russo, prussiano e austríaco.
Ocupou a monarquia espanhola. Ao ocupar os territórios, Napoleão impunha sua forma de
governar, dos princípios liberais moderados. Na França:
1. “Promoção de uma reforma tributária e a criação do Banco da França;
2. A criação de obras públicas e de escolas responsáveis pela democratização do
ensino: em cada aldeia francesa, procurou-se instalar uma escola que cuidasse de
uma educação básica; houve, também, o interesse em ampliar o ensino técnico e
superior.
3. A elaboração do Código Civil, que, se, por um lado, incorporava conquistas civis
(liberais) em lei, por outro lado, reafirmava uma ordem patriarcal, materializada
na autoridade do pai sobre a mulher e os filhos, bem como do patrão sobre o
empregado”18.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 3 Novo Cenário 08
Revolucionário: O Romantismo
Nas Barricadas De 1830 E 1848
O Cenário: Revoluções De Novo? (p.119 a 132)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.

18 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 117.

18 - 34
História Contemporânea

Napoleão é derrotado em 1813 por uma coligação formado por Grã-Bretanha, Prússia e
Russia, na Batalha de Waterloo. Seu governo foi entregue ao irmão de Luis XVI, Luis
XVIII.
Em 1815 um Congresso em Viena com os representantes das principais monarquias
depostas por Napoleão tiveram seus tronos recuperados - França, na Espanha, em Portugal,
no Reino das Duas Sicílias e nos Estados Germânicos. O Congresso tinha como princípios:
1. O da legitimidade para que as antigas monarquias voltassem a governar;
2. O do equilíbrio do poder, reorganizando o mapa europeu e ainda anexando territórios
fora da Europa, principalmente Austria, Prússia, Rússia e Inglaterra que lutaram
contra Napoleão.

É importante saber que Napoleão destituiu Fernando VII, rei da Espanha,


possibilitando que os territórios na América iniciassem seus planos de independência. D.
João VI, rei de Portugal foge para o Brasil, pelo mesmo motivo. As conquistas napoleônicas
além da questão econômica da importância das terras no séc. 19, agregavam também
prestígio político.
Com a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, profundas transformações
haviam sido iniciadas. O Congresso de Viena não tinha uma fórmula mágica para resolver
todos os problemas.
Neste contexto a conjuntura da época era:
1. Prússia, Rússia e Áustria formavam uma aliança politico-militar, a Santa Aliança.
2. A Inglaterra, soberana nos mares, não fazia parte desta aliança mas se interessava por
comércio.
3. Os revolucionários das Américas que se separavam da Espanha, tinham muito medo
da Santa Aliança, e dos exércitos espanhóis. Mas se eles não fechavam as portas para
um comércio com a Inglaterra, então tudo bem!
4. D. João VI, abriu os portos para a Inglaterra quando foi decretado o Bloqueio
Continental por Napoleão.
5. O Congresso de Viena tira Napoleão do cenário Europeu e “coloca aristocratas nos
postos de comando”.
19 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 122.
20 Idem op. cit. p. 126.
21 Idem op. cit. p. 127.
22 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 125.

19 - 34
História Contemporânea

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 3 Novo Cenário 09
Revolucionário: O Romantismo
Nas Barricadas De 1830 E 1848
O Romantismo E Os Símbolos Revolucionários: Da
Apropriação Do Passado À Transformação Do Presente (p.132 a 138)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
Se no a razão foi o centro das atenções no séc. Das Luzes, o romantismo despertou o
mesmo interesse nos mais variados campos no séc. 19.
O romantismo foi um movimento sóciocultural que emerge pelos anseios emergentes
da Revolução Francesa e Industrial, conseguindo captar as transformações sociais e as
materializa na arte, na literatura, na política tentando encontrar uma explicação dentro do
contexto da história daquele mundo conturbado.
Para entender o romantismo é preciso acessar os símbolos que mexiam com os homens
do séc. 19, e compreender as “apropriações simbólicas” nos movimentos de 1830 e 1848
pelos revolucionários.
“Lingua”, “povo” e “nação” passam a seer considerados. Segundo o historiador Elias
Saliba (2003) o vocábulo “romântico” advém de um escrito de Rousseau, “Devaneios de um
caminhante solitário” de 1777, que significava com “nos antigos romances” a “tudo que
fabuloso”, também era visto como algo confuso e indisciplinado. Os românticos rebelavam-
se a visão de mundo ordenada da Ilustração.
A experiência do mundo conturbado de 1848, amparava os revolucionários a rebelar-se
contra a “razão”, vendo as mudanças da “herança da Revolução Francesa”, às guerras
napoleônicas rachando a Europa, e a restauração do Congresso de Viena, era um “mundo de
muita instabilidade”. “A frustração revolucionária (que emergiu com Napoleão Bonaparte e
terminou com o Congresso de Viena e o retorno dos monarcas aos seus tronos) deu aos
românticos a medida da imprevisibilidade do mundo, o que fez da crítica à razão um dos
elementos da revolta romântica”28.
Os românticos exaltavam as particularidades do homem, em contraposição da

23 Idem op. cit. p. 127.


24 Idem op. cit. p. 128.
25 Idem op. cit.
26 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 128.
27 Idem op. cit.
28 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 136.

20 - 34
História Contemporânea

universalidade da Ilustração. A ideia do povo colaborava com a particularidade. “Povo”, na


Revolução Francesa tinha duas concepções:
1. O cidadão nascido dentro do território;
2. Os que tinham garantido seus direitos políticos.
Dessas duas interpretações foi possível organizar a República indicando que “um
contrato, se estabelecia entre o povo e sua nação”. O contrato garantia ao povo sua
soberania e exigia dele fidelidade e a defesa da nação, em outras palavras exigia que ele
fosse defensor dos ideais republicanos e do constitucionalismo. É assim que nasce o
“liberalismo”.

Os românticos queriam mais do que esse contrato nacional, pois o povo é que sofria
com essas transformações. Era imperativo enfrentar as distorções sociais e a revolução seria
o maior símbolo dessa transformação, sendo um tempo de justiça social em que os povos
buscariam a emancipação humana.
“Para os revolucionários de 1848, imbuídos do espírito romântico, a nação era aquela
que deveria exercitar a liberdade coletiva e a cidadania – cidadania que era mais do que o
cumprimento de leis. Assim, esse momento é o de luta contra os Impérios e sua opressão” 29.
Por “primavera dos povos”: por primavera significava que no futuro a opressão seria banida,
e se entende que as diferentes nacionalidades podiam ter sua soberania, a liberdade coletiva
e a cidadania, que era mais do que o cumprimento das leis, devia ser exercido pela nação. É
a o momento de luta contra a opressão dos Impérios.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 3 Novo Cenário 10
Revolucionário: O Romantismo
Nas Barricadas De 1830 E 1848
O Romantismo Cruza O Atlântico: Historiografia, Literatura
E Nação No Brasil Oitocentista (p.138 a 154)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
O “sonho da razão” foi expresso pelas revoluções do séc. 19, e fundamentando a
incapacidade dos racionalistas de trazer estabilidade à Europa.
Progressistas quanto conservadores lançaram dois alertas:
1. “As revoluções do século 18 não haviam inspirado um efetivo esforço de ordenação

29 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 136.

21 - 34
História Contemporânea

da sociedade europeia;
2. As conquistas sociais e humanas das Luzes não tiveram o alcance universal que havia
sido propagado pelos revolucionários. Para muitos atores históricos da Europa
oitocentista, o sacrifício revolucionário da geração precedente não teria resultado no
posterior cumprimento dos seus ideais: a emancipação humana e o igualitarismo
universalista, que eram bandeiras revolucionárias desde 1789”30.

O desejo universalista iluminista cedeu ao extremo particularismo através do


movimento romântico que constituiu um embasamento filosófico para a ascensão de uma
consciência histórica “alterando a percepção do homem” sobre a relação do tempo e das
trajetórias das sociedades humanas. Crescia um sentimento de afirmar as diferenças e acirrou
as disputas entre as nações, que não se restringiam só ao campo da política ou guerra, mas
atingiam a cultura, à literatura, história, historiografia. Os elementos comuns partilhados
pelo povo, justificavam a coesão interna da nação e ao mesmo tempo as diferenciava de
outras nações.
Tornou-se imperativo para as “nações” construir “narrativas históricas legitimadoras”
para si mesmas. “A "particularidade" de uma nação passou a ser afirmada por meio do "seu
singular processo histórico de formação", do "grupo étnico que a originou" e das "expressões
da sua cultura"31.
Nessa efervescência do nacionalismo, teve fortes inspirações românticas e não ficou
só restrito à Europa, como também se espalhou além do Atlântico e influenciou a “identidade
nacional na América pós-independente”32.

O romantismo na América espanhola e no Brasil se deu nas décadas após a


independência. O processo de independência do Brasil, iniciado em 1822 teve grande
influência do romantismo com sua característica de cunho particular e nacionalista
enaltecendo a emancipação intelectual, cultural, política conduziria a construção e afirmação
da “nação brasileira”.
No Segundo Reinado, a elite intelectual brasileira e também viajantes estrangeiros
trazem para o Brasil, as ideias românticas, a formação de espaços de debates, a criação de

30 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 138.
31 Idem op. cit.
32 Idem op. cit.

22 - 34
História Contemporânea

revistas e antologias literarias, sua influência primeiro na literatura e que foram essenciais
para a criação de um pensamento sobre a “autêntica” identidade cultural brasileira; e
posteriormente no campo da História com a necessidade de formar uma História Nacional,
que redundaria na criação do Instituto de História e Geografia Brasileiro, o IHGB,
responsável por “firmar e difundir a identidade histórica brasileira” em 1838.
Segundo Bernardo Ricupero (2004), “a historiografia e a crítica literária românticas
brasileiras foram iniciadas por estrangeiros, revelando que, a despeito do esforço de
consolidação do processo emancipatório, o Brasil continuava a buscar na Europa
legitimidade para a sua cultura. Nomes estrangeiros importantes que se preocuparam com a
criação de uma historiografia e de uma crítica literária brasileiras foram: Ferdinand Denis
(França), Robert Southey e John Armitage (Inglaterra), além de Phillip Von Martius
(Baviera, que depois se tornaria uma região da Alemanha unificada). É importante lembrar
que o famoso texto de Von Martius, “Como se deve escrever a história do Brasil” foi escrito
a propósito de um concurso realizado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o
IHGB”33.

O séc. 19 caracteriza-se pelo nascimento de uma “consciência histórica” que se


materializa na exaltação da cultura nacional através de monumentos públicos, institutos
responsáveis pela produção historiográfica e de critérios rígidos para a construção de um
conhecimento “fidedigno” em “relação ao passado”; também marcando a consolidação da
História como disciplina.
A historiografia enquanto método, é um esforço nacionalista que busca sua
legitimidade histórica com acentuada importância do ponto de vista de pessoas e instituições
influenciados pela economia e sociologia. Não visava somente ao “conhecimento do
passado” mas a formação de uma jovem nação, na gestão, da população, território no
presente.
Franciso Adolfo de Varnhagen (1816-1878) é um historiador, militar e diplomata que
ao voltar para o Brasil, ingressa no IHGB em 1940. O Historicismo, escola de pensamento
alemã influência os escritos de Varnhagen, centrada na análise de documentos, empiria e
hermenêutica, rejeitando a adoção das Ciências da Natureza “como paradigma para a
História” e o estabelecimento de leis gerais para o comportamento humano.

33 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 141.

23 - 34
História Contemporânea

“Baseado nesses pressupostos, Varnhagen construiu, ao longo dos seus quase


50 anos de carreira (de 1830 a 1878), uma historiografia brasileira sobre o Brasil.
Essa historiografia centrou-se em uma visão típica do branco colonizador, em que a
conquista da América é vista romanticamente como um ato heróico, que definiu a
vitória da civilização sobre a barbárie. Assim, a imposição religiosa, econômica e
cultural portuguesa é tomada como certificação da superioridade europeia sobre
negros e índios. A destemida nação portuguesa teria sido a base civilizada da
civilização brasileira, o que teria garantido a sua vocação para a prosperidade e para
a felicidade. As dificuldades da conquista teriam tornado legítimo que o solo
brasileiro pertencesse aos portugueses e não mais aos índios e, por isso mesmo,
justificava-se a exclusão do elemento indígena na ideia de nação brasileira
varnhageana. Ele se referiu pejorativamente ao indianismo como "caboclismo" e
defendeu que os estudos sobre os índios tivessem um caráter etnográfico e fossem
centrados nas suas línguas e costumes. O indianismo era tolerado do ponto de vista
cultural, mas não naquilo que dizia respeito à formação étnica do povo, que era a
base da nação brasileira. Quanto aos negros, ele afirmou que sua presença podia ter
sido, até mesmo, prejudicial à nação brasileira, criticando, em seguida, o
prolongamento do cultivo da cana-de-açúcar, fato que teria potencializado o
adentramento de escravos africanos no território brasileiro” 34.

Capistrano de Abreu começa seus trabalhos algumas décadas após Francisco


Varnhagen, criticando alguns elementos de sua historiografia, justificando que deveria ter se
“valido do conhecimento da sociologia”, para ampliar seu conhecimento do qual ignorou as
múltiplas relações sociais que se fizeram presentes para a constituição do Brasil. exaltando
por exemplo a importância do mameluco e do índio na formação nacional. Além disso
rejeitou a tese de que a prosperidade da nação se dava pela colonização europeia, mas
manteve o tom otimista em relação ao futuro.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 4 As Décadas Finais Do 11
Século 19: Nova Expansão,
Otimismo Desenfreado E Crise
A Segunda Revolução Industrial: Rumo À Nova Ciência E Ao
Novo Cotidiano (p.165 a 172)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
A Revolução Industrial inglesa ocorrida no final do séc 18, racionaliza a produção
através das indústrias, e a exploração do trabalho, substituindo a força humada pelo da
máquina. A população migra do campo para a cidade e vive em aglomerações urbanas com
péssima qualidade de vida. Na primeira metade do séc. 19 havia na Europa duas metrópoles:
Londres e Paris. Porém a sua “revolução” se ateve ao setor técnico, ou seja da materialidade

34 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 146.

24 - 34
História Contemporânea

da produção.
“Desse modo, sinteticamente, a Revolução Industrial, que se iniciou com a
energia a vapor, dependeu de conhecimentos que mecânicos e artesãos qualificados
davam conta. Isso significa que o conhecimento exigido vinculava criatividade,
poder de imaginação, destreza mecânica e coragem em inovar. Assim, o uso da
energia hidráulica não era novidade – a novidade estava em melhorar o uso dessa
energia, por meio de invenções precisas, ou seja, em aperfeiçoar o uso que, por sua
vez, otimizou a produção e o consumo. Para que você tenha uma ideia do que
estamos tentando demonstrar, é preciso anotar que os artesãos qualificados não
perderam imediatamente os seus empregos, pois, os mais ousados entre eles, além
de conhecerem o seu trabalho muito bem, eram os que acabavam por arriscar-se,
criando mecanismos de facilitação para o trabalho” 35.

Técnica e Tecnologia
A invenção que facilita o manejo de algo é uma “técnica”. Por exemplo o arado com
tração animal é uma técnica para melhoria das colheitas. Um conjunto de técnicas que traz
um aprimoramento por meio de um processo de conhecimento mais abrangente e inter-
relacionado é uma “tecnologia”.
Para alguns historiadores, a Revolução Industrial nos fins do séc. 19, passariam a
exigir um conhecimento muito qualificado, articulando o mundo da ciência com o da
produção. Os setores de Física, Química, Biologia e Medicina, para citar apenas alguns são
os mais relevantes. Essas mudanças afetaram o cotidiano dos homens e não apenas a
produção de bens. Padrões de higiene, compreensão das doenças, descoberta das bactérias,
energia elétrica, transportes ferroviários, rádio, telefone, o petróleo são alguns exemplos.

O desenvolvimento da refrigeração, transporte mais rápido, indústria de enlatados


colaboraram com o crescimento da população das cidades. As inovações da eletricidade e o
desenvolvimento em várias áreas a que se ligava. O desenvolvimento da siderurgia também
teve grandes avanços. Isso significava que o mundo industrializado se expandia de forma
mais rápida e atingia mais pessoas. O desenvolvimento do cinema. A publicidade, o apego a
imagem.
Essa Segunda Revolução Industrial, também chamada de Revolução Tecnológico-
científica teve mais impacto na vida das pessoas do que sua predecessora no séc. 18,
exigindo a criação de grandes empresas industriais.
O ferro e o carvão, ainda que importantes veriam-se substituídos pelo aço e pela
eletricidade, produtos químicos e petróleo exigindo um constante aperfeiçoamento.
35 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 166.

25 - 34
História Contemporânea

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 4 As Décadas Finais Do 12
Século 19: Nova Expansão,
Otimismo Desenfreado E Crise
O Imperialismo No Século 19: História Crítica De Um Conceito (p. 172 a 187)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
Hoje, a palavra “imperialismo” denota qualidades negativas ligadas à economia e a
exploração do capital sobre o domínio cultural.
Antes de 1870, esta palavra nem constava no vocabulário europeu. E quando apareceu
não tinha a conotação negativa que tem hoje. Na época significava: “ser uma nação imperial
para ser respeitada – daí o uso de o termo indicar a legitimidade da expansão e do domínio
de territórios; da caracterização política e econômica que o "imperialismo moderno" se
concede, ou seja, diferentemente dos antigos impérios, não se tratava de escravizar povos,
mas de levar-lhes a civilização e o conhecimento”36. Na sua visão, eram bem feitores de um
projeto civilizacional que vai permanecer até meados do séc. 20.

Porém, na sua época ser um “imperialista” era uma maneira de ser civilizado e de levar
o desenvolvimento da “civilização” à lugares distantes e “selvagens”. Essa premissa
justificava o domínio de povos na África, Ásia, América e Oceania por parte da Europa, que
“se consideravam mais civilizados”, e é claro essa benesse estava ligada ao fator econômico.
A civilização e a economia não podem andar separados, são interdependentes.
Quando os “problemas internos” são sanados, ou seja o controle das revoluções, a
Europa “olha para fora”. Nações poderosas despertavam e tomavam o rumo das ações
políticas e econômicas. Outras nações por sua vez procuravam correr contra o tempo nessa
nova configuração geopolítica que começa a se desenhar a partir da segunda metade do séc.
19.
Assim, em fins do séc 19 a Europa não era mais uma terra de “duas nações”, mas de
várias em permanente disputa. França e Inglaterra já não tinham mais o protagonismo de
antes.
A organização política do continente, mesmo a contragosto, significa “adotar ares
liberais”, mesmo que muito moderados. Assim, o “constitucionalismo”, controlado, poderia

36 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 178.

26 - 34
História Contemporânea

lidar com a demanda pela “democracia”, mesmo dentro dos regimes monárquicos. As
manifestações por mais participação política de 1830 e 1848 não tinham se extinguido por
completo, e a organização da massa em fins do séc. 19 com o socialismo era um movimento
forte e exigia a organização de outros grupos políticos para lhe fazer oposição.

A expansão territorial era um dos fenômenos e objetivos imperialistas.

“Calcula-se que a Inglaterra aumentou o seu território em 10 milhões de


quilômetros quadrados, enquanto a França, entre 1876 1914, aumentou suas
possessões em 9 milhões de quilômetros uadrados. Apesar de essas duas potências
terem liderado a corrida por novos domínios coloniais, não devemos negligenciar o
fato e que a recém-criada Alemanha aumentou os seus domínios em ,5 milhões de
quilômetros quadrados, ao passo que a Bélgica e a tália aumentaram seus domínios
numa escala de mais ou menos milhões de quilômetros quadrados (adaptado de
DECCA apud ILHO; FERREIRA; ZENHA, 2000, p. 151-182)”37.

A “lógica imperialista” era a seguinte: se você não quer ser ocupado por um império,
torne-se um império também! Assim a Europa vai se transformando em um cenário de
nações que lutavam para comprovar sua importância econômica, político e cultural dentro
desta lógica imperialista. A concepção liberal de se ter um pequeno território que seria mais
fácil para organizá-lo já tinha se transformado. Era uma questão de prestígio e poder agregar
e submeter outros territórios, que tornava esta nação mais “temida”.

Em fins do séc. 19 a três grandes impérios: Russia, Alemanha, Império Turco-


Otomano.
Os estudos de Lenin vão sustentar que o imperialismo visava o interesse econômico
defendendo que desde o final do séc. 19 “vivia-se um estágio superior de capitalismo” que só
seria satisfeito pelo imperialismo que criava uma interdependência das economias com a
importação e exportação de produtos favorecendo o predomínio Europeu em outras regiões
do mundo, dado o avanço tecnológico da Europa naquele momento em detrimento de outras
regiões. “A necessidade de exportar homens, mercadorias e capital para fazer frente ao
equilíbrio econômico dos países foi o que tornou as potências europeias imperialistas”38.

37 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 177.
38 Idem op. cit.

27 - 34
História Contemporânea

Além de sua caracterização econômica, o imperialismo interferiu em assuntos


políticos, e culturais, tornando o mundo menor e mais integrado. Na Asia, o Japão
demonstrava interesses no Pacífico, e na China. Ficaria em desacordo com os interesses dos
Estados Unidos na região.
“De acordo com Eric Hobsbawm (1988), entre 1880 e 1914, com exceção da Europa e
das Américas, o mundo foi dividido formalmente em territórios sob o governo direto ou
indireto dos seguintes países: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica,
Estados Unidos e Japão. As regiões da África e do Pacífico foram inteiramente divididas”39.
A divisão ficou assim:
1. Africa foi divida assim:
1. Grã-Bretanha: “estabeleceu um protetorado no Egito. Em seguida, apossou-se do
Sudão, Rodésia, Uganda, Quênia, Zanzibar, Somália e África Oriental Inglesa. Na
África Ocidental, os ingleses ocuparam Gâmbia, Serra Leoa, Nigéria e Costa do
Ouro”40;
2. França: “Marrocos, Argélia, Tunísia, África Ocidental Francesa (que corresponde
aos seguintes países atuais: Guiné, Senegal, Daomé, Níger, Costa do Marfim,
Alto Volta e Mali), África Equatorial Francesa (que corresponde aos seguintes
países atuais: Gabão, Congo, Chade e República Centro-Africana) e
Madagascar”41;
3. Alemanha: que se unificou tardiamente, “couberam os territórios da África
Oriental (Tanganica e Ruanda-Burundi) e da África Ocidental (Camarões, Togo e
Sudeste Africano Alemão, que hoje é a Namíbia)”42.
4. Bélgica: “ocupou o que ficou conhecido como Congo Belga (hoje, República
Democrática do Congo); o Rei Leopoldo II decretou esse território como uma
"posse pessoal"”.43
5. Portugal; Moçambique, Angola e a Guiné Portuguesa.
6. Espanha. Saara Ocidental.
7. Itália: Somália, Eritréia e Líbia.
8. Apenas Etiópia, Libéria e Marrocos resistiam a conquista.

39 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 181.
40 Idem op. cit.
41 Idem op. cit.
42 Idem op. cit.
43 Idem op. cit.

28 - 34
História Contemporânea

Nos territórios havia uma resistência ao controle europeu e também, dentro da Europa
havia conflitos entre os países por esses territórios. O imperialismo levou a um fenômeno de
guerras prolongadas no território colonial e muitos acordos foram feitos para que as guerras
não ocorressem em território europeu.
Guerras em território africano:
1. “Guerra dos Boers (ou bôeres), ocorrida na região da África do Sul e que opôs os
colonos holandeses e franceses aos britânicos em virtude do interesse por minas de
diamante descobertas na região. Os boers eram descendentes de colonos franceses,
holandeses e alemães, que já ocupavam a região desde o século 18 (o fenômeno
imperialista e o interesse britânico conduziram à guerra na região)”44.
2. “Guerra no Sudão, entre 1881 e 1885, em virtude da resistência à ocupação inglesa.
Em 1898, esse território foi conquistado e, por conta de um acordo, ficou sob o
domínio dos ingleses e egípcios”45.
3. Guerras no Marrocos: “a posição geográfica importante do Marrocos (o acesso ao
Mediterrâneo) opôs muitos países europeus: Inglaterra, França, Alemanha e Espanha.
Além do interesse europeu, os habitantes do Marrocos ofereceram resistência à
conquista, que só foi efetivada no início do século 20. A Inglaterra definiu a disputa,
entre França e Alemanha, quando, em 1904, assinou com a França uma aliança
conhecida como “Entente Cordiale”, que, entre outras coisas, regulou os conflitos
coloniais. O acordo definiu que a França renunciaria a qualquer pretensão sobre o
Egito, o que levaria a Inglaterra a apoiar um protetorado francês no Marrocos. Com o
apoio da Inglaterra à França, a Alemanha desistiu da disputa”46.

Entre 1884 e 1885 realizou-se uma Conferência em Berlim proposta de Otto Von
Bismarck (1815-1898) com o objetivo de partilhar o território africano “sem conflitos”, onde
os países comprometiam-se a “avisar sobre suas anexações aos outros para que não houvesse
danos ao equilíbrio político europeu”47. Esses acordos “amigáveis” conseguiram evitar as
guerras em território europeu, mas eram instáveis e “dependiam das relações de forças
políticas e militares que atrelavam o o continente europeu aos outros continentes, graças à
sua estratégia de expansão”48.
44 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 182.
45 Idem op. cit.
46 Idem op. cit.
47 Idem op. cit.

29 - 34
História Contemporânea

Na Ásia, os interesses europeus, dos Estados Unidos e do Japão dominavam a questão


imperialista.
1. Portugal tinha posse de Macau (na China), Timor (na Indonésia), Goa, Damão e Diu
(na Índia).
2. Espanha cabiam as Filipinas;
3. Holanda tinha interesses em Java (na Indonésia) e na Sumatra.
4. Grã-Bretanha: “A Índia, já há longo tempo, estava vinculada ao Império Britânico,
que reforçara sua presença na região com a Companhia das Índias Orientais. Em
1858, toda a região estava sob o domínio inglês, que, por meio da Companhia das
Índias Orientais, controlava os príncipes locais, realizava o comércio com essas
regiões e cobrava impostos. Em 1876, depois de debelada a Revolta dos Cipaios, a
Rainha Vitória recebeu o título de Imperatriz da Índia”49.
5. Japão: “Os interesses japoneses colocaram esse país em conflito com a China, com os
Estados Unidos e com a Rússia. A guerra entre a China e o Japão (Guerra Sino-
Japonesa), em 1895, resolvida em favor do Japão, levou à independência da Coreia,
que passaria a ser área de influência japonesa. Além disso, a Ilha de Formosa
(Taiwan) seria entregue aos japoneses. No final da Segunda Guerra Mundial, Taiwan
voltaria a pertencer à China. em 1905, o Japão entraria em guerra com o Império
Russo pelo controle da Manchúria e da Coreia. A Rússia seria derrotada. Esses
conflitos indica a importância que passa a ser concedida ao controle do Pacífico”50.
6. A China “era cobiçadíssima. Os primeiros movimentos para tentar derrubar essa
fortaleza (que historicamente se mantivera fechada, não permitindo o comércio com
o Ocidente) vieram da Inglaterra. O ópio foi a mercadoria que facilitou a entrada
inglesa no comércio chinês. Dois conflitos, conhecidos como "Guerras do Ópio"
(1839-1842 e 1856-1860), levaram à assinatura de tratados, que abriam o comércio
chinês aos interesses europeus e passavam a Ilha de Hong-Kong à soberania inglesa.
Rússia, Japão e França também obtiveram concessões comerciais e disputaram
territórios que interessavam diretamente à China, como era o caso dos territórios na
Sibéria. Assim como em outros lugares, na China houve resistência popular, e a
Guerra dos Boxers, entre 1900-1901, ocorreu em virtude da ação de nacionalistas,

48 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 182.
49 Idem op. cit. p. 185.
50 Idem op. cit.

30 - 34
História Contemporânea

contrários à presença de estrangeiros no país. Como os acordos tinham sido assinados


pelo governo chinês, a Guerra dos Boxers configurava-se como uma guerra contra o
governo também. Depois de massacrados os rebeldes por uma coalizão internacional
(europeus, norte-americanos e chineses), a China ainda foi obrigada a pagar
indenizações para os vitoriosos, além de abrir de vez o seu mercado”51.
7. França “na Indochina (atuais territórios de Vietnã, Laos e Camboja), desde 1887. O
movimento Viet-Minh (Movimento de Libertação Nacional da Indochina), liderado
pelo comunista Ho Chi Minh, já nos anos 30 do século 20, venceria a França apenas
em 1954. Depois da Segunda Guerra e por meio de um acordo, o Vietnã seria
dividido (norte e sul) e Laos e Camboja tornar-se-iam países independentes”52.

Título Geral Título Específico No da Ficha


História Contemporânea I Unidade 4 As Décadas Finais Do 13
Século 19: Nova Expansão,
Otimismo Desenfreado E Crise
Cultura E Civilização Nas Três Últimas Décadas Do Século 19 (p.187 a 198)
FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013.
As três ultimas décadas do séc 19. são importantes para se entender a conjuntura que
irá desembocar na Grande Guerra. Foi vivenciada como uma “época de crise”. A Ciência
Histórica, encarada como disciplina científica, teve grande impulso a partir da segunda
metade do séc. 19, pois convivia em constante crise e exigia-se “pensar um futuro
controlado” , articulando presente, passado e futuro como algo “progressivo e linear”, dentro
de um raciocínio em que o “futuro seria melhor do que o presente” em crise.
Nesta época, o conceito da “civilização” é algo positivo e há “culturas superiores e
inferiores”, onde as inferiores, por meio da intervenção podem ser modificadas e “evoluir”.
Esta é a chave de compreensão para este período onde os Impérios prestavam um “serviço à
humanidade” transformando o selvagem em um “produto civilizado pronto para ser
consumido”53.

Charles Darwin, publicou a “Origem das Espécies” em 1859, causando enorme


polêmica, porque questionava o entendimento deste assunto até então reservado à religião. A

51 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 185.
52 Idem op. cit.
53 Idem op. cit. p. 189.

31 - 34
História Contemporânea

questão que Darwin, que não era ateu, colocou levou ao questionamento sobre a existência
de Deus. Essas ideias, no fim do séc. 19, foram apropriadas e transportadas para se entender
a sociedade, que desembocaria no que seria conhecido como “darwinismo social”, elaborado
por Herbert Spencer (1820-1903), filósofo inglês e admirador de Darwin que elaborou a tese
no qual a ““sobrevivência do mais apto” seria um princípio para se pensar a evolução em
todos os níveis, ou seja, “as leis evolutivas”” 54 podiam ser transferidas do campo biológico
para o social. Assim, as nações europeias acreditavam estar à frente das demais porque eram
vitoriosas pelo capitalismo e mais civilizadas.
Esse projeto de modernidade estendia-se a população europeia de maneiras distintas. O
otimismo, convenceu muitos que era possível ganhar a vida e fazer fama nas colônias, afinal,
um “inglês” na India, seria “sempre um inglês”, um “ser superior”. Assim, o séc. 19. foi um
século de migração em massa.

As dissonâncias do séc. 19, manifestadas na crise econômica nas décadas finais e nos
embates da burguesia liberal, em contraste com a conservadora e a aristocracia são
importantes para compreender este período. Entre as décadas finais do séc. 19 e a primeira
década do séc. 20, os restos do “Antigo Regime”, ou seja a monarquia, e o progressivo
“projeto burguês”, travaram uma disputa que culminou na Grande Guerra, que vai gerar um
“mundo novo”.
Esses projetos de mundo se manifestavam de um lado como o projeto liberal “o livre
comércio, a democracia e o afrouxamento das políticas imperiais, de outro, o
intervencionismo/protecionismo econômico e a radicalização das políticas dos Impérios”55.
“O encaminhamento a ser dado às práticas político-econômicas europeias foi
definido entre as décadas de 1870 e 1890, quando uma crise econômica,
desencadeada pela queda dos preços, assolou a Europa. Naquele contexto, o projeto
conservador ascendeu como vitorioso, definindo práticas econômicas marcadas
pelo protecionismo estatal e pelo fortalecimento dos Impérios. Vencia a burguesia
conservadora e também a reminiscente aristocracia do ancien régime. A vitória
conservadora após a crise econômica do final do sé- culo 19 não esteve associada
somente ao problema dos preços e à relação entre Estado e mercado. Essa vitória
foi definida pela consagração de um conjunto de ideias que, ao mesmo tempo,
contribuíram para a constituição da identidade da elite conservadora europeia e
representaram um contrapeso aos ideais humanitários e democráticos acalentados
pelo Iluminismo do século 19, herdeiro da Era da Ilustração” 56.

54 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 189.
55 Idem op. cit. p. 195.
56 Idem op. cit.

32 - 34
História Contemporânea

Socialista, liberais burgueses eram os portadores do projeto iluminista, no qual essas


ideias eram apontadas, pelos conservadores, como desestabilizadoras da sociedade ao longo
do séc. 19. A reação conservadora, após a crise econômica, propagou o repúdio ao ideal
igualitário e o apego às velhas hierarquias. A elite intelectual europeia dava suporte aos
conservadores e associavam a “igualdade social e a democracia” à fragilização das
instituições políticas e da cultura europeia, em posse da velha aristocracia. O projeto
civilizatório europeu deveria teria garantias de continuidade, pela superação da crise do
ponto de vista econômico e cultural.

Criticado pelos liberiais, o darwinismo social era uma ferramenta para reforçar as
velhas hieraquias, legitimando suas práticas de status quo, garantido por meio do controle da
política e das instituições e pelas práticas culturais. “Entendia essa elite que, se controlava o
jogo político e se portava a alta cultura, é porque ela se constituía no grupo mais adaptado
(ao processo civilizacional, talvez) e no mais forte diante da disputa com outros grupos
sociais”57.

57 FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano, 2013. p. 198.

33 - 34
História Contemporânea

Bibliografia do Fichamento:

FREDRIGO, Fabiana de Souza - História contemporânea I – Batatais, SP, Claretiano,


2013.

34 - 34

Você também pode gostar