Voleibol Da Escola

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Luiz A ntônio Silva Cam p os (Monó)

Nesta obra, o autor procurou estabelecer um


estreitamento entre os aspectos teóricos aos aspec tos
práticos do desenvolvimento do voleibol na escola.
Entende-se que desde que os aprofundamentos de
estudos em Educação Física começaram a delineai
uma nova abordagem de pesquisa e ensino nesta
área do conhecimento, muitos professores que atuam
nas escolas brasileiras se restringiram somente ao seu
dia a dia, não discutindo a sua prática e tampouco .1

VO LEIBO L "D A " ESCOLA


escrevendo.
Por outro lado, os estudos acadêmicos tem
desvendado teorias que nem sempre são aplicáveis
no campo da prática, assim, entendem-se que
os estudos que se apresentam atualmente devem
pautar-se por esse estreitamento entre as questões
teóricas e as questões práticas da educação Física e
do esporte.

ISBN: 978-85-8334-018-8
CopyRiC|lii © Fontoura EtIíiora I k Ia
TeI. ( I I ) 4587-96 I I / E-MAíI? [email protected]
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VolEibol "dA" escoIa


2 a EdiçÃo - 201 5 - ISBN: 9 7 8 -8 5 -8 3 3 4 -0 1 8 -8
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C apa : C artão LD 250 qR. Miolo: OÍIsft I D 90 qR
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SupFRvisÃo ediTORiAl: RicARdo F ontoura
Todos OS diREÍTOS RESERVAdos.
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REpROqRÃliCO ETC.
A REpRoduÇÃO dl QUaIqueR PARTE dESTE liVRO É ÍIeC(a I E CONfiqURA ApROpRÍAÇÃO dos diREÍTOS
ínteI ectuaís e pairímoníaís do AUTOR.
L eí F eeI era I n°. 9 6 1 0 , dE 19 ds Fev ereíro dE 1998.

CIP-BRASIL. CATALOCAÇÃO-NA-FONTE

Campos, Luiz Antônio Silva.


Voleibol "da" escola / Luiz Antônio Silva Campos. - 2. ed. - Várzea
Paulista, SP : Fontoura, 2015.

158 p. : il. ; 23 cm.


Inclui bibliografia
Inclui Sumário
ISBN 978-85-8334-018-8

1. Educação física escolar. 2. Voleibol - ensino. 3. Esporte - escola.


4. Atividade física. 5. Motricidade humana. I. Mono. II. Título.

15-19051 CD D : 797.325:373
CDU : 797.32507
Sobre o autor

Luiz Antônio Silva Campos (Monó)


Professor Doutor em Educação Física na área
de Pedagogia do Movimento pela Universida­
de Estadual de Campinas - Unicamp (2004),
Mestre em Educação pela Universidade de
Franca (1999), Especialista em Treinamento
Esportivo pela PUC-MG, 1985, Professor de
Educação Física, licenciado pelas Faculdades
Integradas de Uberaba (FIUBE) em 1980. Pedagogo, licenciado pela
Faculdade de Filosofia e Letras de Ituverava em 1982. Atua como
professor de Educação Física desde 1978. Atleta de voleibol dis­
putando campeonatos regionais e brasileiro, árbitro da Federação
Mineira de Voleibol até 2002. Ministrou aulas de Educação Física
e o treinamento esportivo de equipes escolares, principalmente de
voleibol e handebol. Atualmente, é professor adjunto da Univer­
sidade Federal do Triângulo Mineiro - Uberaba-MG, ministrando
aula de Esportes Coletivos, Didática e Lutas na Educação Física.
Sumário

1 ENTENDENDO A PRÁTICA DO VOLEIBOL NA ESCOLA.. 13


1.1 O jogo de voleibol: análise histórica e teórica.............. 13
1.1.1 Um pouco de história - Brasil............................ 13
1.1.2 Características do jogo de vôlei......................... 17
1.2 Aspectos relevantes do vôlei no contexto escolar........ 21
1.2.1 Considerações iniciais......................................... 21
1.2.2 O Projeto pedagógico......................................... 24
1.2.3 Disponibilização de recursos............................. 25
1.2.4 Os aspectos socioculturais e o estágio de
desenvolvimento motor dos alunos................... 25
1.2.5 Possibilidades de adaptações desse esporte
aos "códigos" da Educação Física Escolar.......... 27

2 JOGANDO VÔLEI NA ESCOLA: TEMA DE UMA AULA DE


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR......................................... 33
2.1 Reflexões teóricas........................................................... 33
2.2 Estrutura de uma aula de Educação Física Escolar -
conteúdo vôlei............................................................... 37
2.3 Atividades de voleibol para a faixa etária de 6 a 10
anos (educação infantil à 4a série)................................. 42
2.3.1. Aquecimento....................................................... 43
2.3.2. Estudo dos elementos que compõe o jogo e suas
relações 6 a IO anos........................................ 43
2.3.3. Relaxamento (> a 10 anos................................. 46
2.4 Atividades d»* voleibol pata a faixa elária de 11 a 14
anos (5tt a 8J série)......................................................... 48
2.4.2 Estudo dos elementos que compõe o jogo e
suas relações - 11 a 14 anos.............................. 50
2.4.3 O Jogo - 11 a 14 anos....................................... 54
2.4.4 Relaxamento - 11 a 14 anos.............................. 57
2.5. Atividades de voleibol para a faixa etária de 15 a 17
anos (ensino médio)...................................................... 58
2.5.1 Aquecimento - 15 a 17 anos.............................. 60
2.5.2 Estudo dos elementos que compõe o jogo e
suas relações - 15 a 17 anos............................... 61
2.5.3 O jogo - 15 a 17 anos........................................ 62
2.5.4 Relaxamento - 15 a 17 anos............................... 64
2.6. Pressupostos conclusivos............................................... 64

3 TREINANDO VÔLEI NA ESCOLA: O PENSAMENTO


DO TIME......................................................................... 67
3.1 Questões teóricas sobre o treino de vôlei "da" escola.. 67
3.2 Metodologia de trabalho............................................... 69
3.3 O treinamento de voleibol na escola: o quê e como?
Sugestões....................................................................... 74
3.4 Fundamentos e técnicas do jogo................................... 74
3.5 Técnicas, fundamentos e preparação física.................. 80
3.6 Aquecimento e relaxamento......................................... 82
3.7 Sugestões de exercícios de fundamentos e técnicas
de jogo.......................................................................... 88
3.7.1 Deslocamentos, rolamentos e peixinho............. 88
3.7.2 Saque.................................................................. 92
3.7.3 Recepção de saque: manchete........................... 95
3.7.4 Levantamento: Toque de dedos........................ 100
3.7.5 Ataque: a cortada e outras técnicas................... 105
3.8 Questões básicas para ensinar e treinar o ataque......... 106
3.8.1 Elementos técnicos do ataque............................ 106
3.8.2 Defesa de rede: o bloqueio............................... 116
3.8.3 Defesa de quadra............................................... 119
3.9 Fundamentos da estrutura tática do jogo..................... 125
3.9.1 Entendendo o posicionamento no campo
de jogo................................................................ 125
3.9.2 Sistemas de jogo adequados para o vôlei "da"
escola.................................................................. 129
3.9.3 O treinamento tático............................................ 135
3.9.4 jogadas possíveis.................................................. 137

4 ANEXOS......................................................................... 145
4.1 O registro....................................................................... 146
4.2 Projetos de ação para o voleibol "da" escola............... 148
4.3 Sites interessantes de voleibol....................................... 152

REFERÊNCIAS...................................................................... 155

B IB L IO G R A F IA D A S F IG U R A S 156
1. ENTEN D EN DO A PRÁTICA D O V O LEIBO L NA
ESCOLA

1.1 O jogo de voleibol: análise histórica e teórica


1.1.1 Um pouco de história - Brasil

O voleibol veio preencher uma lacuna em matéria


de jogos. Trata-se de um jogo de recinto fechado,
para os que desejam uma modalidade esportiva
menos rude que o bola-ao-cesto, mas que ainda
requer certo grau de atividade. É um jogo adequado
a ginásios ou pátios de exercícios, mas que também
pode ser jogado em campo aberto.
Pode jogá-lo qualquer número de jogadores. O
jogo consiste em manter uma bola em movimento
sobre uma rede alta, participando, assim do caráter
de dois outros jogos: Tênis e Hand-ball.
O Vôlei obriga à prática constante de sentimentos
superiores sob pena, de quem não o fizer, de ser
excluído como elemento desnecessário e mesmo
prejudicial; naturalmente repelido pelos demais
companheiros, interessados no sucesso do qua­
dro. Sob o ponto de vista social é uma recreação
agradável e um processo poderoso de aproxima­
ção e de estímulo, incentivando em todos, como
esporte coletivo que é o espírito de corporação
imprescindível à consistência de toda a organiza­
ção social. Agrada, diverte e beneficia o indivíduo
e a coletividade...
W illiam G. Morgam (QUASE 100 A N O S DE DIS­
PUTAS, 1984, p. 8)

O jogo de voleibol l.ist in.t nm.t grande multidão de adeptos


no Brasil. Este fato !i< ou mais ar entuado no início dos anos oiten­
ta quando, em 1984, a equipe brasileira de voleibol masculina,
após um longo trabalho organizado obteve o segundo lugar nas
Olimpíadas, em los Angeles, denominada, então, a "geração de
prata", Montanaro, Bernard Wlllian lernandAo, Renan, Amauri,
Xandó, Badá, Bernardinho, Domingos Maracanã, Vinícius e Rui,
comandados pelo então técnico Bebeto de Freitas.
De lá para cá o vôlei só obteve sucessos, tanto com a equi­
pe masculina quanto com a equipe feminina. Acrescente-se ao
fato de ser vice-campeã em uma olimpíada a aceitação do público
brasileiro por essa modalidade esportiva e o aumento expressivo
de atletas que praticam o voleibol. Atualmente, nos jogos da Liga
Mundial o Brasil é destacado nos primeiros lugares em termos
de público e classificação de equipes no ranking mundial. Além
disso, determinou um estilo de jogo que revolucionou o voleibol
mundial, somando a força de times europeus e a velocidade dos
times asiáticos, predominantes naquela década da ascensão.
No início da década de 80 os organizadores do voleibol no
Brasil preocuparam-se em tornar o voleibol um fenômeno social
esportivo, para tanto, foi necessário a montagem de uma estrutura
na Confederação Brasileira de Vôlei, bem como um trabalho in­
tenso de marketing. O resultado foi expressivo em conquistas de
medalhas e adeptos até o momento atual em que o Brasil domina
o ranking tanto do masculino quanto no feminino.
As emissoras de televisão pagas e os canais de televisão
abertos transmitem semanalmente eventos de voleibol, tanto o de
quadra quanto o voleibol de praia. Nesse último, o vôlei de praia,
o Brasil tem se sagrado campeão sucessivamente em quase todos
os eventos pelo mundo a fora, dominando também o cenário
mundial, tanto no feminino quanto masculino.
Além de tudo isso, o Brasil passou a ser uma "escola de
voleibol" respeitada por todas as outras equipes mundiais. É um
tipo de jogo onde combina a força, a rapidez e grande variação
no ataque e uma forte marcação na rede. Desde essa época ficou
claro que a equipe brasileira não optaria por um estilo de jogo que
predomine uma "pegada" forte e alta, no ataque e no bloqueio.
Realmente, a característica predominante tem muito a ver com
toda a "ginga" do brasileiro, pois as características dos jogadores
denotam um tipo de jogo versátil, ágil e fulminante, diferentemente
do jogo das equipes europeias que ainda persistem em adotar um
jogo mais cadenciado, com ataque e bloqueio altos e fortes.
Nas escolas brasileiras, tanto as públicas quanto as particu­
lares, essa modalidade esportiva é muito aceita e praticada. Nos
campeonatos escolares o vôlei é uma modalidade de destaque.
Muitas escolas reservam os "horários de treinamento" para equipes
de voleibol desde a categoria mirim até a categoria juvenil.
Quanto ao jogo de voleibol, desde 1895, quando William
G. Morgam propôs esse esporte, o mesmo vem sofrendo muitas
mudanças nas suas regras, para ilustrar veja quadro abaixo:

As primeiras partidas são jogadas com cinco jogadores


1896 e o "set" tem 21 pontos. A altura da rede é de 2,10
metros

Início do sistema de rotação (rodízio) e de seis jogado­


1918
res. A altura da rede passa para 2,30 metros.

Introdução da linha central estabelecem-se as medidas


da quadra em 18x9 metros. Os "sets" passam para 15
1921
pontos e a rede é elevada para 2,43, permanecendo
até os dias atuais.

Introdução do Volley-ball como esporte olímpico,


1964
consagração como esporte de competição.
:onte: 100 anos de disputas (jun. 1984, p. 8).
Quadro 1. Algumas regras do voleibol que sofreram mudanças a
partir de 1895.

Com este quadro, que não apresenta todas as mudanças


ocorridas durante esses 117 anos de vôlei até a presente data,
pretende-se destacar um aspecto importante: essas alterações
provocaram mudanças signifit ativas na forma de se jogar o vôlei,
pois a cada alteração na regra, era exigida uma reavaliação nas
habilidades motoras necessárias a sua prática e ao mesmo tempo
o desenvolvimento de novas e surpreendentes habilidades mo­
toras. Por exemplo, quando surgiu o saque em suspensão, logo
aconteceu o bloqueio do saque. Essa mudança provocada foi
suprimida, pois quando começou a bloquear o saque o jogo de
voleibol começou a deter características não muito atrativas para
se assistir, pois ficava restrito ao jogo do bloqueio e do saque, as­
sim, adotou-se a regra de não poder bloquear mais o saque. Essas
mudanças foram impondo novas mudanças, inclusive, na forma
de contagem de pontos para que fosse transmitido pela televisão
e atingisse um público adepto maior.
Crê-se que muitas mudanças ocorridas foram no sentido
de beneficiar a "defesa" no voleibol. Um exemplo evidente é a
função do "libero". Além disso, é interessante analisar por esse
ângulo, pois os jogadores durante esse período eram selecionados
pelas suas qualidades físicas, sobretudo aquelas inerentes ao vôlei,
por exemplo: altura, envergadura, força explosiva de membros,
velocidade, equilíbrio recuperado, etc. Em consequência disto,
um padrão de ação motora foi se configurando e, a cada pequena
mudança nas regras, esse padrão motor era ligeiramente alterado.
Atualmente algumas mudanças ocorreram, tais como:
a) Tocar na rede em uma ação de jogo, desde que não
atrapalhe o jogo adversário;
b) Só não é permitido tocar o bordo superior da rede sob
nenhuma condição;
c) Mudanças propostas para além de 2013: contagem de
pontos de 25 para 21 pontos por set entre outras.

Essas mudanças são para tornar o voleibol mais dinâmico


e que possa ser transmitido a um público maior e, consequente­
mente, aumentar a popularidade e a sua prática.
Onde se pretende chegar? Pois bem, se o vôlei for prati­
cado na escola levando em consideração somente o seu aspecto
seletivo, consequentemente poucos alunos desfrutarão das suas
especificações de movimentos que o caracteriza. Assim, pequenas
adaptações deverão ser realizadas para que o maior número de
alunos e alunos/atletas tenha chance de participação neste esporte
no contexto escolar.
Mas as mudanças não pararam por estas datas e nas regras
daqueles fundamentos de jogo, ocorreram muitas até a data atual
e crê-se que haverá mais mudanças com o decorrer da evolução
física do ser humano e como o esse esporte será entendido pelas
gerações futuras, além disto, o uso de novas tecnologias empre­
gadas neste esporte, tais como bola, piso de quadra, tênis, etc.,
irão impor alterações significativas.
É perceptível que o voleibol é considerado como um dos
esportes de massa no Brasil, caracterizando-se como outro fenô­
meno social esportivo em nível com futebol, derrubando a ideia
que é um esporte elitista, caro e restrito somente a clubes sociais,
pois muitas empresas e outros organismos sociais diversos têm
apoiado esse esporte, inclusive dando nomes de suas marcas às
equipes que disputam as principais competições esportivas no
país, isso, além de ser uma jogada de marketing, é também uma
ação social.

1.1.2 Características do jogo de vôlei


O trabalho de ensino e treinamento do voleibol é muito
especializado, isso em função de suas ( aracterísticas complexas e
específicas. E um Esporte Coletivo, que depende essencialmente
de seis jogadores e a forma <omo esses seis jogadores se dispõem
na quadra determinam formas de ações partir ularesque vão desde
a um momento de "expe< tativa" para te« eber a bola e organizar
o ataque, desencadeando movimentos upidos o exlremamente
precisos, mantendo sua ordem interna e tentando desestabilizar
a equipe contrária. Duas características básicas deste jogo se
destacam aqui:
a) Antecipação e;
b) Precisão.

Essas situações de confronto provocam o rally, que gera


situações que entram em um padrão "quase cíclico" de movi­
mentos. Assim, o sucesso de uma equipe sobre a outra é quebrar
esse momento "quase cíclico" e, para desestabilizar o adversário,
portanto, é notória a busca das ações imprevisíveis de ataque no
vôlei que torna uma equipe vencedora.
A posição de "expectativa" demanda competências mo­
toras e mentais, evolvendo a concentração e a capacidade de
antecipação. O movimento de armação de ataque, ataque e defesa
demandam uma prontidão muscular extrema e ações musculares
curtas e rápidas em que frações de segundos são decisivas para
o êxito de um lance.
A não "apreensão" da bola no momento das ações do jogo
determina uma posição do corpo do jogador no espaço de jogo
precisa e equilibrada, pois só assim, a sua abordagem à bola será
efetivamente correta não dando margem a erros no momento de
contato.
Diferentemente de outros esportes de "quadra", no jogo
de voleibol a contagem se dá em todo momento em que o rally
finalizado. Isso marca muito o "erro" no voleibol. Errar implica
não só na perda de posse de bola, mas também, na contagem de
um ponto em favor do adversário. Esse reforço ao "erro" provoca
um clima forte de "frustrações", isso implica que deve ser dada
ao aspecto psicológico do jogo uma relativa importância. Sobre­
tudo, quando se está iniciando alguma criança nesta modalidade
esportiva.
Analisando o jogo pelo ponto de vista da ação individual
do jogador percebe-se que, uma vez que esse jogador cometeu
"erro" no seu ato motor, não há como esse "erro" ser "acertado"
pelo executante. Diferentemente, em um esporte como o basquete
quando a bola escapa da mão de um driblador, existe ainda a
possibilidade do mesmo consertar sua falha empurrando a bola
a um companheiro de equipe. No vôlei, se o levantador colocar
a mão de forma inadequada ao tocar à bola ele poderá cometer
dois toques ou uma condução de bola, determinando que a ação
seja interrompida ali, naquele momento de seu "erro".
Por outro lado, existe uma margem mínima de possibilidade
de a equipe consertar um fundamento de jogo "mal executado"
por um de seus jogadores. Isso conduz a outra teoria reflexiva,
ou seja, no jogo de vôlei a postura de expectativa de um jogador
deve muitos elementos mentais de antecipação de ações que em
qualquer outra modalidade esportiva, pois além dos movimentos
serem excessivamente rápidos, a imprevisibilidade do curso to­
mado pela bola é significativa. Treinar situações de antecipação
"reflexa" é extremamente importante nesse jogo.
São essas questões que tornam o jogo de voleibol de­
safiante, pois no jogo, o jogador sai de uma ação de extrema
concentração para uma ação onde deverá acionar ao máximo
de sua musculatura.
Como é um Esporte Coletivo, no vôlei não há o impe­
dimento da participação simultânea dos dois sexos, porque há
uma rede separando os adversários e a determinação dos toques
é extremamente individual, não havendo um contato físico direto
do adversário, exceto alguns movimentos de disputa de bola na
parte superior da rede. I )iíerenças mesmas são aquelas básicas e
biológicas entre os dois gêneros.
A prática desse jogo nau se restringe somente às práticas
de altas performances, pois estaimlecendo uma relação direta
com as dimensões sociais do esporte descritas por Tubino (2001)
e adaptadas para a questão pode-se ter:
a) O voleibol-educação;
b) O voleibol-participação e;
c) O voleibol-performance.

Inicialmente, é importante conceituar tais dimensões desta­


cando o seguinte: o voleibol-participação é onde o praticante jogo
vôlei sem qualquer "compromisso" técnico-motor, no momento da
prática o que interessa são as ações motoras básicas do esporte
regidas pelo prazer de estar fazendo uma prática esportiva.
Já no voleibol-performance, o jogo de vôlei é desenvolvido
com um alto padrão técnico-motor e visando um quase perfeito
desempenho em busca da vitória. Esse tipo de prática do vôlei
implica em uma série de situações, envolvendo interesses políti­
co-esportivos e de grande repercussão social em uma cidade, um
estado e um país. E na verdade uma luta de poder que tem por
veículo o esporte, no caso o vôlei.
Já o voleibol-educação, o esporte praticado dentro da esco­
la, deve ser enfatizado os princípios pedagógicos da educação na
sua prática. O vôlei nesse âmbito implica em ser um instrumento
de educar para vida, além de ser uma forma de desenvolver quali­
dades físicas, morais, éticas e estabelecer relações interdisciplinares
com um conjunto de outras disciplinas formadoras.
Nessa dimensão social o vôlei pode receber a influência
das outras duas dimensões, pois ele pode ser praticado numa
abordagem "inclusiva", ou seja, todos têm o direito à sua prática e
ainda, pode ser praticado com objetivos de competições escolares,
onde se elege os alunos mais talentosos para esse esporte, com
fins competitivos. Basicamente, o princípio que rege o vôlei na
escola é a preocupação com o desenvolvimento motor do aluno,
fundamentado nas questões educacionais.
Neste livro propõe-se uma análise e proposições na prática
do voleibol-educação, pois se entende que ao praticá-lo dentro
do contexto escolar implica em dizer que há muitas situações
especiais que o diferenciam, embora isso não o exclua da relação
com as outras dimensões (vôlei-participação e vôlei-performance).
Certamente com a prática dessa modalidade esportiva
é possível para o professor de Educação Física ou ao professor/
treinador de voleibol objetivar para seus alunos ou alunos/atletas
o desenvolvimento de conhecimentos referentes ao conteúdo do
jogo, atitudes morais e éticas e os aspectos afetivos e motores
enfocados nos conceitos de concentração, criatividade, paciência,
cooperação, inter-relações pessoais, etc.

1.2 Aspectos relevantes do vôlei no contexto escolar

1.2.1 Considerações iniciais


Como já foi mencionado anteriormente, o voleibol na
escola deve-se pautar por uma série de detalhes, considerando
como o voleibol irá entrar na Educação Física Escolar: a) como um
conteúdo e; b) se o voleibol irá ser desenvolvido nesse contexto
como uma atividade esportiva voltada para competições escolares.
Neste livro serão abordados esses dois aspectos do vôlei na escola.
Se esse esporte está como um conteúdo da Educação
Física Escolar a abordagem como "vôlei-educação" interagindo
com o "vôlei-participação" é a mais indicada, pois a possibilidade
de exclusão de alunos é muito menor, além do mais, estando o
mesmo como conteúdo, esse irá dividir espaço com muitos outros
conteúdos, como por exemplo: ginásticas, jogos, lutas, atividades
rítmicas e expressivas, dentre outros.
Para orientar esl.i argumentação recorrer-se-á em vários
momentos neste trabalho a algumas <ilações de I lildebrandt-Stra-
mann (2003, p. 44) do livio lestos pedagógk os sobre o ensino
da Educação Física", pois sua análise sobre a aula de Educação
Física Escolar e a prática do esporte na escola é apropriada para o
desenvolvimento de um trabalho coeso e efetivo dentro da matriz
curricular de qualquer escola. O autor destaca que:

Também o pedagogo tem a sua visão específica. Ele


observa o esporte/o movimento, questionando o
aspecto do desenvolvimento razoável das crianças,
jovens e adultos. Seu interesse trata-se primeira­
mente da pergunta: o que o esporte e o ensino do
movimento podem contribuir para a educação?

É necessário destacar que não são as formas


do movimento de vôlei que deverão de­
terminar as ações desenvolvidas nas aulas,
mas sim, as necessidades e o prazer dos
alunos em movimentar-se, descobrir novos
movimentos para sua memória motora e re­
lacioná-los com suas expectativas esportivas.

Enquanto conteúdo da disciplina Educação Física Escolar,


o voleibol é entendido e colocado no âmbito da cultura corporal
de movimento. A forma de trabalhá-lo com os alunos não deve ser
"excludente" e sim "inclusiva", pois todos os alunos têm direito ao
movimento, seja esse de qualquer natureza. Obviamente, os mo­
vimentos rudimentares desse esporte deverão ser trabalhados de
modo todos os alunos de qualquer faixa etária possam realizá-los.
Nesse caso, o professor é o educador devendo criar situações de
movimentos do vôlei com a finalidade de promover o aluno na
sua formação integral.
Por outro lado, se o esporte for desenvolvido como ativida­
de com fins competitivos, obviamente deverá haver uma seleção
de crianças que detenham habilidades motoras demandadas pela
prática do esporte. Partindo dessa premissa, fica evidente que nessa
abordagem o "vôlei-performance" deverá nortear os trabalhos do
professor, resguardando as proporções entre um treinamento de
uma equipe que está ligada a uma federação esportiva regional
ou nacional, onde o desempenho dos atletas deve ir a níveis altos
e, uma equipe que defende uma escola em jogos escolares.
Nessa abordagem do vôlei na escola os "treinamentos"
terão características mais específicas e as crianças e/ou adoles­
centes escolhidos trabalharão mais intensamente na modalidade.
Os "códigos" (BRACHT, 1992) determinantes da qualidade do
trabalho, bem como, da intensidade do trabalho serão aqueles
que o esporte detém. Contudo, algumas "adaptações" deverão
ser consideradas e realizadas, pois o voleibol estará num espaço
pedagógico onde princípios educacionais são extremamente re­
levantes e determinantes. Por exemplo, o significado de fair play
deve ser levado à extremidade de seu significado, se não for, não
haverá sentido da prática do esporte na escola.
Além dessas considerações referendadas acima, ao de­
senvolver o vôlei na escola o professor deverá levar em conta
uma série de outros elementos que determinarão o sucesso desse
movimento/esporte. Assim, partindo da premissa que o vôlei está
na categoria de "esporte-educação" (TUBINO, 2001), deve-se ter
em conta o seguinte:
a. O projeto pedagógico da escola;
b. A disponibilização de recursos;
c. Os aspectos socioculturais e o desenvolvimento motor
do aluno;
d. As possibilidades de adaptações desse esporte aos
"códigos" da I du< ação Física Escolar.
1.2.2 O Projeto pedagógico
Por projeto pedagógico entende-se todo o planejamento da
escola na busca de objetivos compartilhados a fim de promover a
educação do aluno preparando-o, juntamente com outros meios
sociais, a sua formação para o convívio na sociedade em que
está inserido, agindo e interferindo nessa sociedade mudando-a,
adequando-a as necessidades do tempo em que vive. Há escolas
que entendem a prática desportiva como um elemento da aula
de Educação Física Escolar. Nessa perspectiva o voleibol deve ser
inclusivo e estar sempre relacionado com formação integral do
aluno e, o trabalho deve ser interdisciplinar.
Há escolas que entendem o voleibol como "treinamento
de equipe" com fins específicos de competição. Nesse nível, in­
variavelmente, o voleibol será seletivo, resguardando o princípio
educacional, mas com vistas às competições esportivas estudantis,
além da preparação de futuros atletas para equipes regionais, esta­
duais e talvez, nacionais. É fato que muitos jogadores de voleibol
do Brasil, saíram de equipes de voleibol colegial para um clube
local e posteriormente para clubes maiores que recebem o apoio
de empresas.
Cabe ao professor de Educação Física e ao professor/treina-
dor de voleibol participar ativamente na confecção desse projeto
pedagógico, pois assim o mesmo poderá definir alguns parâmetros
básicos para aquisição de materiais, espaços e horários para aulas
e treinamentos dessa modalidade. Além disso, será importante
esclarecer como o voleibol poderá contribuir, juntamente com as
outras disciplinas, para a formação integral do aluno. É consensual
a questão que os professores de Educação Física e/ou professores/
treinadores não gostam de participar de reuniões, nas quais se
decidem os caminhos que a escola irá tomar. Isso é extremamente
negativo, pois o trabalho do "movimento" nas aulas de Educação
Física Escolar e/ou treinamentos de vôlei, poderão contribuir deci­
sivamente para o desempenho educacional do aluno, efetivamente
nos aspectos afetivo e cognitivo.
1.2.3 Disponibilização de recursos
Nas escolas em que o esporte é desenvolvido como um
conteúdo da Educação Física Escolar o recurso mínimo disponível
sempre será a quadra devidamente marcada, rede e bolas. Em al­
guns casos, o professor de Educação Física deverá criar o material
para o jogo, por exemplo, improvisar uma quadra em um espaço
qualquer da escola, improvisar uma rede usando, por exemplo,
uma corda e usar uma bola qualquer, que não seja a bola de se
jogar vôlei.
Por outro lado, se houver interesse em competições es­
portivas escolares a escola deverá adquirir outros itens tais como;
medicine-ball, elásticos, aparelhos complementares para treinos
técnicos etc. É do conhecimento geral que as escolas públicas têm
mais dificuldades na aquisição desses materiais do que as escolas
particulares. Normalmente, o investimento das escolas público
não ultrapassa os materiais básicos (bola, rede e quadra, e outros.).
Nas escolas particulares há investimentos maiores, considerando
que nas disputas escolares há a possibilidade de desenvolver um
marketing escolar, para chamar mais alunos.

1.2.4 Os aspectos socioculturais e o estágio de


desenvolvimento motor dos alunos
Para que a análise e discussão centralize somente a questão
motora é importante destacar que neste livro levou-se em con­
sideração o aspecto cultural e social do aluno e do aluno/atleta,
associado ao seu desenvolvimento motor. Entende-se o esporte
dentro da Educação I isic ,i Esc olar deve ser um conhecimento
que contribua para a formação nesses dois aspectos, pois não há
espaço para o trabalho do um isolado do outro, os dois caminham
juntos nessa formação educ a< ional.
Nesta primeira rcíf1exã< >pretende se analisar a questão do
desenvolvimento motor, <ontwdo dutunle em outras seções, será
analisada e discutida a questão social e cultural inerentes ao tema
voleibol nas aulas de Educação Física Escolar e no treinamento
de voleibol.
Não há pretensões de estabelecer um tratado de desenvol­
vimento motor e tão pouco de aprendizagem motora, mas destacar
alguns pontos das fases de desenvolvimento motor do aluno ou
atleta/aluno é relevante, portanto, recorrendo a Meinel (1984) po­
de-se ter a seguinte classificação em termos de desenvolvimento
motor, considerando as idades escolares:
a) A primeira idade escolar vai de 6 a 9 anos, corresponde
de pré a 3a série;
b) A segunda idade escolar vai de 10 a 12 anos (meninas)
e de 10 a 13 anos (meninos) correspondendo de 4a a
6a série (meninas) e 4a a 7a série (meninos) e;
c) Acima dessas idades vem a puberdade e a adolescên­
cia.

Aspectos importantes a serem considerados em cada uma


das idades escolares:
• 1s idade - "O brincar sem restrições está gran­
demente subordinado a restrições temporais."
"[...) componentes do comportamento motor são
a acessibilidade e as solicitações de rendimento
esportivo e o desejo de rendimento." "(...] deve-
se contar, em grau mais forte, com a flutuação
da atenção e a capacidade de concentração para
uma determinada tarefa, no início da escolari­
dade." (MEINEL, 1984, p. 302- 303)
• 23 idade - "fase da melhor capacidade de apren­
dizagem motora na infância". "A habilidade de
concentração e a iniciativa na solução de tarefas
de movimento esportivo é bem melhor que no
começo da idade escolar". "[...] em geral, os
movimentos infantis tornam-se mais convenien­
tes, econômicos e objetivos. "(MEINEL, 1984,
p. 326 -327)".
• Puberdade - "A fase da reestruturação de ha­
bilidades e destrezas motoras" "A primeira fase
puberal não deve ser caracterizada como um
"tempo de crise", com "manifestações de des­
moronamento ou de dissolução" motora. Nas
habilidades de coordenação, no entanto, deve-
se levar em conta manifestações de estagnação
ou diminuição das habilidades, que, mesmo
assim, não atingem a todos os jovens; possuem
um caráter passageiro e são individualmente
expressadas de modo bem diferenciado". (MEI­
NEL, 1984, p. 350)
• Adolescência - "A fase da estabilização, da
diferenciação específica do sexo e da crescente
individualização" (p.353) "As tendências de
desenvolvimento motor principais desse período
são a estabilização, a diferenciação expressa
específica do sexo e a progressiva individuali­
zação." "É importante sobretudo, convidar os
jovens para o exercício esportivo e o treinamen­
to regular, além do esporte escolar obrigatório."
(MEINEL, 1984, p. 363-365).

Considera-se que um professor de Educação Física e/ou


professor/treinador deverá obrigatoriamente, por questões de suas
práticas, assimilar esses conhecimentos sobre o desenvolvimento
das ações motoras, considerando que todo o trabalho pedagógico
é dependente desses princípios. Independentemente de ser para
o desenvolvimento do voleibol na escola como necessário e es­
sencial para outras atividades que serão desenvolvidas nas aulas
de Educação Física.

1.2.5 Possibilidades de adaptações desse esporte aos


"códigos" da Educação Física Escolar
Contudo, como já foi expresso anteriormente, o voleibol
é um esporte perfeito para as aulas de Educ ação Física Escolar,
pois dentre todos os esportes r que mais possibilita a participação

conjunta dos dois gêneros, independentemente de estar no mesmo


time ou como antagonista. É um jogo em que na expressão mais
popular de uma aula de Educação Física Escolar, não precisa tirar
a camisa para diferenciar um time do outro.
Embora seja um jogo que exija a previsão de ações an­
tecipadas e precisão no movimento técnico, possibilita também
uma grande possibilidade de adaptações de pequenos jogos e
muitos outros movimentos que podem ser criados pelos alunos,
a partir do conceito de voleibol, tendo como obstáculo a rede
e como implemento de jogo a bola. Outra questão favorável
à adaptação do vôlei aos "códigos" da Educação Física Escolar
é a possibilidade de adaptação dos materiais necessários à sua
prática, por exemplo, duas estacas fincadas em lados opostos e
uma corda amarrada às mesmas, passando de um lado ao outro,
caracteriza uma rede; uma bola de qualquer textura e tamanho
possibilita jogadas semelhantes as do jogo; finalmente o espaço
pode tanto ser uma "terra batida", como uma quadra de piso de
alta tecnologia, desde que seja plano.
Assim, a prática voleibol é perfeita para ser desenvolvida
na escola como conteúdo de uma aula de Educação Física Escolar,
como também uma modalidade esportiva com fins específicos de
competição. Compete ao professor relevar tais questões e implantar
o jogo no contexto escolar.
Nesse ponto, cabe uma reflexão, pois são defendidas duas
formas antagônicas de trabalhar o vôlei na escola: a primeira forma
será denominada de "o trabalho com movimentos do vôlei com
fins educacionais". A segunda forma: "o trabalho de movimentos
específicos do vôlei com fins educacionais e competitivos".
No trabalho com movimentos do vôlei com fins educacio­
nais o desafio para o aluno é a possibilidade de explorar o maior
número possível de movimentos a partir dos elementos do vôlei.
Por elementos do vôlei há que se explicitar que são todos aqueles
fundamentos que o compõe, além da ludicidade de sua prática,
valores morais e de esforço individual, a relação social que o jogo
promove e a democratização por congregar pessoas de diferentes
níveis, qualidades, gênero, posições sociais diferentes num mesmo
momento com um objetivo de superação de muitas situações do
ambiente em que esse esporte acontece.
Portanto, o vôlei como conteúdo-tema de uma aula de
Educação Física Escolar deve ser abolida a complexidade de seus
movimentos, pois, se essa complexidade prevalecer, a aula cami­
nhará para uma seleção daqueles que têm melhor desempenho
no jogo, tornando excludente um grande número de alunos e,
invariavelmente será perdido o sentido da exploração de movi­
mentos pelo aluno. FHildebrandt-Stramann (2003, p. 41) destaca
que em "[...] uma aula de Educação Física, quando se deseja um
desenvolvimento plurilateral para os alunos, tem-se a tarefa de agir
contra a redução da complexidade do sistema do esporte". Por
"sistema do esporte" entende-se a prática do vôlei.
Essa "redução da complexidade do vôlei" é possível quan­
do o professor ao abordar o ensino da Educação Física Escolar,
tendo por tema o voleibol, deverá considerar que seus alunos
irão "[...] definir suas próprias situações e colocar seus significados
subjetivos" (HILDEBRANDT-STRAMANN, p. 48), portanto, o que
o aluno pensa e quer é de suma importância para definir objetivos
e conteúdos de uma aula. Pode-se afirmar que ao propor o ensi­
no do vôlei em uma aula de Educação Física Escolar o professor
deverá discutir e interagir com os alunos o objetivo maior que é o
jogo de vôlei e o trabalho de seus fundamentos que serão os obje­
tivos específicos enumerados na proposição da aula. Procedendo
assim, crê-se que o professor c aminhará no sentido de reduzir a
complexidade dos movimentos do vôlei, tornando sua prática mais
interessante e, possivelmente idenliík ando talentos esportivos para
um outro tipo de prática do vôlei no c ontexto escolar.
Por outro lado, refletindo sobie o "tiabalhode movimentos
específicos do vôlei com fins edu< a* ionais ••«<impeiitivos", recor-
re-se ao pensamento de Hildebrandt-Stramann (2003, p. 68-69)
quando afirma que o "sistema esporte" propicia dois princípios
básicos:
a) a "regra da comparação objetiva";
b) "a regra do sobrepujar".

Com relação à primeira "regra" o aluno/atleta deverá


desenvolver os movimentos do vôlei, comparando sempre sua
capacidade de realização com o ambiente e os implementos
necessários a prática desse esporte. Em relação à segunda "regra"
o objetivo é sempre vencer. Ao referir a estas duas regras Hilde­
brandt-Stramann (2003, p. 42) cita:

O sentido do esporte é: sobrepujar e comparação


objetiva. Estes dois princípios gerais levam para
uma normatização e para uma padronização
dos movimentos, dos espaços, dos aparelhos, e
para uma acentuação da função comparativa do
movimento.

Admite-se que na aula de Educação Física Escolar o vôlei


deverá ser praticado isento desses dois princípios, por questões
referendadas acima. Entretanto, em muitas escolas, públicas e par­
ticulares, existe uma prática do vôlei pautada por esses princípios.
E, para a criação desses espaços para essas práticas, ocorre sempre
um acordo comum entre alunos que querem superar movimen­
tos e competir, direção escolar e professor de Educação Física.
Os interesses são mútuos, portanto, entendo que, é adequada a
prática do vôlei na escola orientada pela complexidade dos seus
movimentos, ou seja, a prática do vôlei com fins específicos de
competir em competições escolares.
Nesta perspectiva ao abordar o "trabalho de movimentos
específicos do vôlei com fins educacionais e competitivos" o alu­
no/atleta do vôlei, terá pela frente a disputa, mas, considerando
que essa prática é no espaço escolar, com certeza, a esta prática
será agregado, valores éticos e morais, o sentido de cooperação
e a busca da superação de forma justa para todos aqueles alunos/
atletas que se encontram nas faixas etárias esportivas de disputas,
reforçando a prática de princípios educacionais da escola.
Pensar o vôlei assim na escola também é importante na
educação integral do aluno/atleta. Por outro lado, aqueles alunos e/
ou atletas que se destacarem dentro dos princípios de "sobrepujar"
e "comparação objetiva", poderão se desenvolver como futuros
atletas defendo clubes sociais, equipes municipais, estaduais e,
quem sabe, equipe nacional, é o caso de vários jogadores da
seleção brasileira.
Já aqueles que iniciaram como atletas na escola, mas per­
ceberam que não tem desenvolvido a aptidão necessária para o
vôlei, poderão optar por outra modalidade esportiva ou por outras
atividades físicas quaisquer, ou ainda, ser um aficionado do vôlei
trabalhando por esse esporte, promovendo-o no contexto social,
de trabalho, de relações sociais, etc., em que se encontrar. Imagi­
na-se que no ato de educar não se deve negligenciar os aspectos
competitivos que são inerentes a qualquer sociedade. Entende-se
que é o tratamento que o professor de Educação Física Escolar ou o
professor/treinador irá trabalhar com esses "aspectos competitivos"
é que determinará os seus pontos positivos para o crescimento do
aluno e do aluno/atleta.
Buscando um fechamento para esse raciocínio é possível
admitir que o vôlei possa ser trabalhado nessas duas abordagens
na escola sem que prejudique a educação integral dos alunos.
Para tanto deverá haver uma reflexão constante sobre os objetivos
propostos e um planejamento coerente com toda a proposta peda­
gógica da escola e, print ipalmente, r om as demandas dos alunos.
Nos dois capítulos seguintes será tratado o desenvolvimen­
to das atividades de voleibol <o n io »onteúdo de uma aula de Edu­
cação Física Escolar e como espolie de <ompetiçáo es< olar, com
a intenção de estabelecer parâmetros para elencar conteúdos e
orientações para o desenvolvimento efetivo do voleibol "da"escola.

Ao ter como conteúdo o voleibol, o professor


deverá não só ministrá-lo como uma ativi­
dade física esportiva com fins em si mesma,
mas relacioná-la a todas as questões que
permeiam a vida social e cultural do aluno,
bem como, buscar ações interdisciplinares
com os outros componentes curriculares da
escola.
2. JO G A N D O VOLEIBOL NA ESCOLA: TEMA DE
UMA AULA DE EDU CAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

2.1 Reflexões teóricas

A Educação Física tem de abolir a redução da


complexidade. Ela tem a tarefa de desenvolver a
complexidade, isto é, tem a tarefa de possibilitar
uma gama muito grande de experiências diver­
sificadas de movimento. (H ILDEBRANDT-STRA-
MANN, 2003, p. 33).

Se a prática esportiva cio voleibol já for analisada somente


pela sua especificidade de movimentos haverá uma grande limita­
ção de movimentos, restritos e findados somente à sua prática. O
voleibol conduzido dessa maneira em uma aula de Educação Física
Escolar determinará uma oposição à prática de vivências de uma
cultura de movimentos corporais amplas e possíveis e restringirá
também a prática das vivências de movimentos corporais do aluno.
O voleibol, como as outras modalidades esportivas, é um
esporte fundamental para o desenvolvimento do aluno, pois o
mesmo proporciona uma gama de movimentos a serem explo­
rados e é um ótimo esporte para integração social dos alunos,
porque na prática desse esporte há a possibilita da participação
simultânea de meninos e meninas, sem que a estrutura do jogo
tenha que ser alterada.
Ao analisar algumas questões sobre esporte, percebeu-se
que na discussão do esporte "í /.í " escola, no trabalho do Coletivo
de Autores (1993, p. 70) há um c on< eito apropriado para reforçar
a ideia de como o voleibol deverá sei abordado como conteúdo
em uma aula de Educ ação I ísu a I s< olat, a saber:

( ) esporte i in iiii |M,íln .i i M i.il q u e institucionaliza


temas Im líi os da •ulini.t i o ip o i.il, se projeta numa
dimensão complexa de fenômeno que envolve
códigos, sentidos e significados da sociedade que
o cria e o pratica. Por isso, deve ser analisado nos
seus variados aspectos, para determinar a forma
em que deve ser abordado pedagogicamente no
sentido de esporte "da" escola e não como o es­
porte "na" escola.

Partindo dessa afirmação, entende-se que cabe ao professor


de Educação Física que irá trabalhar com o voleibol na escola ob­
servar as limitações do espaço pedagógico, as habilidades motoras
e as potencialidades motoras dos alunos que irão praticá-lo, a
interpretação que o grupo social dá ao voleibol enquanto moda­
lidade esportiva, o projeto pedagógico escolar para o esporte, e
acima de tudo, todos os conhecimentos possíveis advindos desse
esporte deverão vir a ser propriedade dos alunos para usufruírem
na sua condição de cidadão.
Observando essas questões será possível ter o voleibol
"da" escola dentro de uma aula de Educação Física como outro
conteúdo que possibilite a interação da Educação Física com outra
disciplina; que promova o desenvolvimento de valores éticos e
morais do aluno; que estimule o interesse para o bem estar físico,
social e mental, possibilitando uma melhor interação social e
afetiva no contexto social em que esse aluno vive.
Crê-se que visar desempenho fisiológico e motor de alta
performance no momento em que o vôlei é um conteúdo da
aula de Educação Física Escolar está, neste tipo de abordagem,
relevado a um segundo plano. O vôlei, como conteúdo se presta
como mais um novo tipo de movimento que possa preencher
tempo livre da criança, enriquecer o seu acervo de sua memória
motora, promover discussões sobre a variedade de movimentos
possíveis para o corpo humano, recreação, conhecimentos teóricos
sobre os seus aspectos técnicos e táticos de jogos relacionados
às ações de jogos infantis e, finalmente, talvez, o aluno que tiver
um desempenho melhor nessa atividade esportiva poderá iniciar
sua carreira esportiva nessa modalidade. Entende-se que a possi­
bilidade do aluno vir a ser um atleta de alto nível não está fora de
questão, contudo, isso não é o objetivo principal que o professor
irá trabalhar o voleibol na escola.
Ao elaborar o planejamento de ensino o professor deverá
considerar o fato que, nas aulas de Educação Física Escolar, o vo­
leibol é apenas um esporte dentre outros que o aluno terá direito
em suas práticas esportivas escolares, além de outros conteúdos,
tais como, recreação, atividades rítmicas e expressivas, lutas, gi­
násticas, conhecimento do corpo, etc.
É o desenvolvimento de todos esses conteúdos de forma
integrada que possibilitará ao aluno uma assimilação real da
necessidade de uma prática física e esportiva para um melhor
desempenho de sua cultura corporal de movimentos.
Para se trabalhar o vôlei "da" escola é necessário adequá-
lo às várias classificações etárias que a escola determina, pois o
trabalho em faixas etárias possibilita uma melhor administração
pedagógica das ações. Todos os alunos desde a Educação Infantil
ao Ensino Médio deverão ter direito aos conhecimentos teóricos
e práticos do voleibol enquanto esporte.
Considerando a questão do desenvolvimento motor do
aluno relacionado ao trabalho de voleibol nas aulas de Educação
Física Escolar, é interessante apoiar-se nos estudos de Meinel
(1984), referendado anteriormente, quando foi estabelecida uma
classificação etária em relação ao desenvolvimento das ações
motoras começando pela fase da criança à fase adulta. Nessa
classificação fica esclarecido que acontecimentos ocorrem em
termos de comportamento motor e o que isso representará para
o desenvolvimento humano do ser.
Partindo dessa ( lassiíu ação é possível adequar as ações
motoras específicas do voleibol em i ad.i faixa etária e nível escolar.
Embora para alguns esludlosi isessa »lassilic ação seja representati­
va de uma abordagem do ensino denominada desenvolvimentista",
crê-se que a classificação para o ensino do voleibol "da" escola
facilita o estabelecimento de exercícios físico-esportivos adequa­
dos ao momento em que o aluno se encontra. Isso não impede
o professor adotar uma abordagem de ensino mais democrática,
ou ainda, em uma linha mais crítica, social e cultural.
Para este trabalho foi necessário fazer uma adaptação das
divisões propostas por Meinel (1984) para que se aproveitasse o
nível de ensino que o Sistema Educacional brasileiro é dividido,
ficando assim:
• 6 a 10 anos - Educação Infantil e fase inicial do Ensino
Fundamental.
• 11 a 14 anos - Fase final do Ensino Fundamental.
• 15 a 17 anos - Ensino Médio.

Quanto à organização didática do ensino de voleibol apoia-


se na conceituação do estudo do Coletivo de Autores, (1993, p.
34-35), onde os autores elegeram quatro ciclos de ensino carac-
terizando-os assim:
• "O primeiro ciclo: da pré-escola até a 3a série. É o ciclo
de organização da identidade dos dados da realidade",
portanto, compete ao professor de Educação Física
identificar, juntamente com o aluno, o vôlei como jogo
e esporte e como ele é desenvolvido no contexto real
desse aluno.
• O segundo ciclo: da 4a a 6a séries. É o "ciclo de ini­
ciação à sistematização do conhecimento", ou seja, a
partir do momento que conheceu o vôlei esse passa a
ser dele e esse aluno está vivendo esse vôlei de forma
geral, abrangente, mas sua.
• "O terceiro ciclo: da 7a a 8a série". É o ciclo de am ­
pliação da sistematização do conhecimento", o aluno
já possui elementos suficientes para pensar de forma
autônoma sobre o vôlei e colocar em prática os ele­
mentos que compõe o jogo de voleibol de urna forma
mais efetiva.
• "O quarto ciclo: 1a, 2a e 3a séries do ensino médio. É o
ciclo de aprofundamento da sistematização do conhe­
cimento". Este é o momento em que a apropriação dos
conhecimentos do vôlei chegará ao seu estágio máximo
e o aluno poderá passar a usar os seus conhecimentos
de vôlei dentro do contexto social e cultural em que vive.

2.2 Estrutura de uma aula de Educação Física Escolar


- conteúdo vôlei
Uma aula de Educação Física Escolar segue a seguinte
estrutura:
• Preparação prévia (aquecimento);
• Estudo dos elementos que compõe o jogo e suas re­
lações (fundamentos e suas técnicas e táticas de jogar
relacionados à realidade do aluno);
• O jogo;
• Exercícios de relaxamento.

Esta estruturação não é fixa, pois se assim o fosse, estaria


contrariando a epígrafe referendada no início deste capítulo. Con­
siderando que "diversificação", a "criatividade" seja a temática
básica em uma aula de I duc ação Física Escolar, deve-se ter um
referencial padrão administrativo planejado, mas, compete ao
professor saber a melhor forma de tirar proveito a partir desse
padrão ao planejar e organi/ar suas aulas.
Ao se ministrar uma aula obedn rndo a essa estrutura não
significa afirmar que o piolev.m i-.iaiá enfatizando uma aborda-
gem que priorize o desenvolvimento biológico do aluno em detri­
mento do desenvolvimento sociocultural. Cabe ao professor dar o
sentido, à abordagem de ensino orientado pelas suas convicções
filosóficas, pelas peculiaridades administrativas e pedagógicas da
escola e, principalmente, pelos aspectos sociais e culturais do
aluno, sujeito de seu processo de ensino.
Quando se trabalha vôlei nas aulas de Educação Física
Escolar é comum se deparar com a preocupação da "preparação
física", pois é por meio dela que o atleta conseguirá melhoria de
desempenho. Contudo, ao se trabalhar o vôlei "da" escola, essa
questão da "preparação física" não terá a mesma relevância quan­
do é desenvolvida em equipes que praticam o vôlei de alto nível,
por uma série de fatores, a saber:
a) Preparação física demanda tempo e uma planificação
específica diferente com característica diferentes do
planejamento escolar;
b) Demanda muitos recursos tecnológicos e recursos ma­
teriais de alto custo;
c) Impõe uma organização do tempo severa, visando o
equilíbrio entre carga de trabalho e repouso de trabalho,
dentre outros.

Dificilmente uma escola incluirá em seu projeto pedagó­


gico, os fatores acima citados.
No vôlei da escola os objetivos estão fundamentados na
exploração das possibilidades de movimentos motores para enri­
quecer o acervo motor do aluno ou do aluno/atleta. Entende-se
que com a quantidade de movimentos trabalhados associados ao
desenvolvimento natural da criança e do adolescente o volume
de atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física pelo
professor durante o ano irá contribuir no desenvolvimento da
"preparação física" desses alunos e alunos/atletas.
Em relação ao primeiro momento da aula, o "aquecimen­
to", poderá ter várias interpretações, pois o mais importante para
o aluno é a vivência do maior número possível de experiências
motoras. Assim, o professor poderá entender o aquecimento
como um momento de "quebrar o gelo", iniciando uma prepa­
ração psicológica mais agradável para começar o estudo dos
movimentos do vôlei, por fim, levar esse aquecimento, em níveis
preparação físico-técnico-tática fortes, entrando por exercícios de
alongamentos, "bate-bola" e atividades de vôlei fortes na "rede". É
importante destacar que nesse momento começa a interação com
as expectativas do aluno, explorando seus conhecimentos e suas
reais necessidades de usufruir os movimentos inerentes ao vôlei.
Num segundo momento da aula serão abordados os "fun­
damentos que compõem o jogo de voleibol" que são seis (6) fun­
damentos básicos, a saber: o saque, a recepção, o levantamento,
o ataque, o bloqueio e a defesa de quadra. Existe uma série de
movimentos recreativos que podem determinar a dinâmica de
trabalho desses fundamentos de jogo, tornando-os mais adequados
à uma aula de Educação Física Escolar.
Idade em anos
Voleibol
5 6
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1. Mini-voleibol G G G G G
2. Toque - - G G G G G P P P P P P P
3. Passes - - G G G G G P P P P P P P
4. Manchete - - G G G G G P P P P P P P
5 . Saque - - G G G G G G G G G P P P
6. Cortada - - - G G G G G G M M M
7. Bloqueio - - - - - - G G G G G G
G
8. Defesa - G G G P P M M M M M
9. )ogo - - M M M M M M M
G = global; P = parcial; M misto; auséni i.i <l< dados.
Quadro 2. Métodos de ensino cm divi i .1 . laP.r. ri.irias (XAVII R.
1986, p. (»Hl,
No que se refere à metodologia de ensino do voleibol,
os estudos sobre o ensino de esportes coletivos, atualmente,
apontam às várias metodologias de ensino, contudo, parte-se de
uma classificação antiga, simples e bem objetiva que é o ensino
na metodologia analítica. Essa metodologia de ensino é a mais
adequada e usada, segundo Greco (2001). Complementando esta
afirmação, Xavier (1986) propõe como métodos de ensino, três
formas, a saber: o método global, o método parcial e o método
misto. O vôlei ensinado no método global é quando o professor
parte do jogo; o método parcial é quando o professor divide o
jogo nos fundamentos que o compõe e ensina esses fundamentos
chegando ao jogo, por fim o método misto é uma integração do
método global com o método parcial. Neste estudo, entende-se
que esse último método de ensino é mais apropriado para o ensino
do vôlei na aula de Educação Física Escolar.
Ao se definir pelo último método referendado, não se quer
dizer que a análise e sugestão de Greco (2001, p. 54) não sejam
adequadas já que o autor afirma:

O método global, quando comparado com os pro­


cessos analíticos, tem se mostrado mais consciente
e apresentado melhores resultados no decorrer do
tempo, pois as crianças ganham em motivação e
na aprendizagem através de jogos de perseguição,
de estafetas, jogos recreativos, grandes jogos, jogos
pré-desportivos, etc.

Não se descartou o ensino de voleibol em uma aula de


Educação Física Escolar. Contrapõe-se a esta afirmação do autor
por entender que se o professor priorizar somente este tipo de
método de ensino poderá incorrer no ensino de voleibol somente
com fins em si mesmo, ou seja, o aluno irá apenas jogar pelo prazer
momentâneo do jogo sem atingir objetivos maiores que poderão
ser úteis na sua vida social e cultural físico-esportiva. É fato que
muitos professores entregam uma bola para o aluno deixando-o ao
acaso dos acontecimentos do jogo, neste trabalho sobre o ensino
de vôlei faz se uma oposição a este tipo de abordagem negativa.
Uma pergunta de Greco (2001, p. 49) levanta uma questão
interessante para opor-se a este tipo de atitude negativa de alguns
professores que entregam a bola aos alunos e deixa-os às práticas
esportivas sem qualquer expectativa, o autor afirma e pergunta:

Embora os jogos esportivos coletivos tenham


grande popularidade, e sejam muito solicitados e
praticados entre as crianças e adolescentes, será
que os mesmos são considerados pelos professores
de Educação Física e pelos treinadores como um
tema atrativo e simples de ser aplicado nas aulas?

Entende-se aqui neste estudo que sim, pois o vôlei, como


já foi ressaltado anteriormente é um ótimo conteúdo para uma
aula de Educação Física, pois reúne muitos elementos que podem
contribuir para uma formação integral do aluno, desde que seu
ensino e sua prática tenham objetivos bem delineados.
No terceiro momento da aula, caracterizado pelo "jogo",
deverá ser o principal momento, assim o professor deverá estar
atento para o desempenho dos alunos tendo por critério a satis­
fação pessoal desses alunos e a variação de movimento que os
mesmos estão conseguindo realizar.
É importante destacar que as regras internacionais que
orientam o jogo de vôlei, será um parâmetro que sofrerá altera­
ções para atender a satisfação dos alunos e as possibilidades do
enriquecimento de seu acervo de movimentos corporais. Com­
pete ao professor e ao grupo de alunos determinarem uma série
de adequações desse jogo às suas <apac idades físicas e motoras,
visando o aspecto lúdico, formador o recreativo desse esporte,
promovendo modificações nas suas regras internac ionais.
Por último, obedecendo a estrutura da aula sugerida, o
professor deverá finalizar .1 mesma u iiii uma atividade de "rela-
xamento" ou "volta a calma", ou, "alongamento", ou ainda, outra
denominação que signifique que o aluno voltará para a sala de
aula de forma calma e preparado para o trabalho cognitivo em
sala, pois normalmente as aulas de Educação Física Escolar são
desenvolvidas dentro do turno escolar em que são desenvolvidos
os outros componentes curriculares.
Este é um fato deve ser encarado pelo professor com serie­
dade e sempre ao final de todas as suas aulas de voleibol, pois o
aluno, nas aulas de Educação Física Escolar acelera demais o seu
ritmo devido à intensidade das ações motoras. Contrariamente, na
sala de aula lhe é exigida uma concentração intensa nas atividades.
Ao voltar para sala o aluno não consegue estabilizar a sua capa­
cidade de concentração. Cabe ao professor ter esse cuidado, pois
caso contrário o significado das aulas de Educação Física Escolar
para a equipe pedagógica e para os professores "de sala", será
sempre entendida como um componente curricular que promove
a excitação do aluno e desestabiliza a sua concentração nas aulas.
Esse é um fato que ocorre na maioria das escolas, normal­
mente por desatenção dos professores de Educação Física, decor­
rente da falta de interesse de desenvolver um trabalho integrado
com o professor de sala. Esse tipo de negligencia, normalmente,
deixa uma marca negativa para professor de Educação Física
Escolar como mero aplicador de atividades e não um professor
dessa disciplina.

2.3 Atividades de voleibol para a faixa etária de 6 a


10 anos (Educação infantil à 4â série)
Nesta fase as formas de se propor uma atividade física não
devem predominar sobre o prazer de "brincar" e, brincadeiras são
determinadas pela satisfação.
Assim, o professor deverá estar atento à satisfação das
crianças e sempre pedir que ela fale sobre isso.
2.3.1 Aquecimento
• Ginástica musicada;
• Ginástica historiada;
• Formas de exercícios físicos determinados pelos alunos
sob a orientação do professor e aproveitando o am­
biente pedagógico, exemplo: subir e descer escadas,
saltar sobre muros, correr em velocidades diferentes,
saltitar, etc.

2.3.2 Estudo dos elementos que compõe o jogo e


suas relações - 6 a 10 anos
Exercícios dos fundamentos do vôlei com bolas grandes e
leves (bolas grandes vendidas em parques e exposições).
• Saque boliched) 12 garrafas "pets" colocadas na forma
de pinos do boliche e uma bola de vôlei ou outra bola
pequena qualquer; 2) o aluno afastado 5metros; 3) bola
no chão em direção às garrafas; 4) o aluno posiciona
com um pé a frente e outro atrás, o braço que vai im­
pulsionara bola estendido, flexiona pernas e impulsiona
a bola tentando derrubar o maior número de garrafas
possível.
• 3 corta: 1) uma bola vôlei "murcha" ou uma bola grande
e leve; 2) os alunos dispostos em círculo; 3) lance-se
a bola ao ar e qualquer um do círculo deverá dar um
toque e dizer: "um..." "dois..."e "\três..." ao final, no três
o aluno seguinte deverá ía/er o movimento da cortada,
tentando acertar qualquer um do círculo, aquele que
for acertado está for.i do jogo".
Paredão: 1) 7 alunos dispostos um ao lado do outro
(fileira); 2) urna bola de vôlei; 3) a bola é lançada no
"paredão" (usando toque, manchete ou cortada) pelo
primeiro da fila; 4) sucessivamente os outros alunos, pela
ordem, irão atacando a bola em direção ao paredão (to­
que, manchete ou cortada) dificultando para o seguinte;
5) o aluno que não conseguir continuar deverá deixar a
brincadeira, até que surja um vencedor.
Vôlei-tênis: 1) divide-se o campo em dois aproveitando
uma linha demarcatória da quadra de vôlei (qualquer
uma); 2) uma bola de vôlei com mais ar que o estabe­
lecido na regra (6 libras, por exemplo); 3) duplas de
alunos colocadas em lados opostos à linha divisória; 4)
a dupla que inicia deverá atacar a bola fazendo com
que o primeiro "quique" ocorra em sua própria metade
de quadra; 5) a outra dupla deverá atacar a bola com
movimentos de braço semelhantes a uma manchete, a
uma cortada, toque de dedos, antes que a mesma dê
o segundo "quique" na sua quadra; 6) o jogo continua
até que uma das equipes deixe a bola quicar duas vezes
em sua quadra. Observação: o número de pontos para
a equipe vencedora será determinado pelos alunos e
pelo professor.
Aro e bola - situação problema: 1) professor distribui
para cada 5 alunos um aro e uma bola; 2) estabelece
uma situação problema: os cinco alunos deverão traba­
lhar o toque de dedos, a manchete e a cortada usando
esses dois implementos e todos eles (alunos) deverão
tocar na bola sucessivamente até que volte no primeiro
que começou o toque; 3) ao final o professor faz um
"seminário" onde cada grupo de cinco defendera sua
atividade para o toque de dedos, a manchete e a cortada.
Observação: esta brincadeira poderá ter variações, basta
mudar o elemento "aro". Por exemplo: o aro da cesta
de basquete; a rede e lugares demarcados nas quadras
opostas; um ponto fixo na parede, e outros.
Seminário esportivo - vôlei (aconselhável para a 3-
e 4- séries): 1) trabalho "para casa" onde o aluno irá
apresentar por escrito um estudo nos seguintes temas
a escolher: a) história do vôlei; b) A liga mundial e seus
campeões; c) regras do voleibol; d) voleibol olímpico;
e) voleibol da sua cidade; f) quando jogo voleibol qual
é transformação do meu corpo? g) estudo da geometria
da quadra; h) análise do conteúdo da regra na aula de
português, etc. Observação: Esta atividade poderá ser
integrada com os componentes curriculares: história,
matemática, ciências e língua portuguesa.
Voleibol lençol: 1) dois grupos de quatro alunos e cada
aluno segurando a ponta de um lençol; 2) cada grupo
disposto em lados oposto à rede que divide a quadra
do vôlei; 3) no lençol de um dos grupos uma bola de
vôlei; 4) ao sinal do professor o grupo que estiver com
a bola deverá lançá-la enviando-a à quadra adversária;
5) o grupo da quadra adversária recebe a bola em seu
lençol e a lança de volta à outra quadra; 7) o ponto é
consignado a partir do momento em que a bola toca
o solo. Observação: nesta brincadeira poderá ser com
dois ou três lençóis, não há necessidade de uma quadra
de vôlei e rede, ou mesmo uma bola de vôlei, poderá
ser adaptado em vários ambientes. Bom para noção
de equipe.
Vôlei-varal: I) estendem-se lençóis sobre o bordo su­
perior da rede para impossibilitar a visão de ambos os
lados da quadra; 2) divide o número de alunos em duas
equipes e dispõem <ada uma de um lado da quadra; 3)
lança-se uma bola para uma equipe que deverá tocar,
bater, "manchetear", sa< ai a bola '.emproem direção à
quadra adversária; 4) toda ve/ qu< a bola t<>< ar no solo
1
ou for para fora das linhas da quadra será consignado um
ponto para a equipe contrária. Observação: acrescentar
o número de bolas, duas, por exemplo, e colocar bolas
grandes e leves dependendo da faixa etária e o nível de
desempenho dos alunos.
• Mini-vôlei: 1) estender uma corda amarrada na rede
até a trave do gol do futsal, colocada ao final na linha
de fundo da quadra de vôlei, dividindo uma quadra o
espaço de 9mx9m em duas metades de 4,5mx4,5m; 2)
três alunos de uma contra três do outro lado; 3) adapta­
ções na regra do vôlei para atender, "pedagogicamente",
o desempenho na modalidade pelos alunos; 5) ganha a
equipe que fizer o maior número de pontos em 5minutos
ou ainda, o número máximo de pontos estabelecido
pelas equipes.
• Circuito de vôlei: 1) estabelecer um "circuito" colocan­
do 6 estações de exercícios dos fundamentos do vôlei
(saque, recepção, armação do ataque, ataque, bloqueio
e defesa de quadra) adequando os seus movimentos
técnicos (manchete, cortada, saque, etc.) às capacidades
das crianças; 2) o circuito deverá ser por tempo fixo em
cada estação; 3) os fundamentos deverão ser na forma
de brincadeiras; 4) deverá preceder um jogo final qual­
quer (mini vôlei). Observação: este circuito servirá para
o professor desenvolver os treinos de fundamentos do
jogo de forma lúdica e envolvendo todos os alunos e
principalmente, uma forma de trabalhar o fundamento
de jogo no método parcial de ensino

2.3.3 Relaxamento - 6 a 10 anos


Ao final da aula o professor deverá proporcionar uma "vol­
ta a calma", pois o ritmo fisiológico do aluno foi aumentado em
função das atividades físicas vivenciadas. Como a aula foi baseada
no conteúdo voleibol é importante buscar elementos relaxantes
que tenham uma relação com esse conteúdo.
• Análise da aula: 1) sentado em círculo; 2) professor pro­
põe; "o que achou da aula hoje?"; 3) o professor deverá
registrar os pontos significativos que sair dessa conversa
para orientá-lo nas aulas seguintes do vôlei.
• Histórias de vôlei: 1) sentado em círculo; 2) professor
ter histórias de jogo de voleibol atraentes, como quando
foi iniciado o jogo de voleibol por Willian G. Morgan.
• Alongamento musicado: 1) sentado em círculo; 2)
exercícios articulares e musculares principalmente lo­
calizados nos grupamentos musculares mais solicitados
no trabalho proposto.
Brincadeiras: 1) Sentados em círculo; 2)
• "Maestro": - escala-se no início a aula um ou dois alu­
nos para ser o maestro, dando a cada um uma senha
que acionará suas ações; 2) fala a senha que aciona o
primeiro aluno; 3) em cada movimento do vôlei, novo
que o aluno determina o professor muda e todos têm
que mudar, mas ficando de olha para identificar o
"maestro"; 4) quando o "maestro" é identificado, aciona-
se o outro "maestro"
• Passando a bola: 1) começa-se passando a bola de mão
em mão pelo círculo de alunos; 2) definir qual será a
"prenda" a ser paga quando o aluno for pego com a bola
na mão: 3) o sinal "PARE", ou se tiver música e quando
esta parar, o aluno que liver a bola na mão deverá imitar
por mímica uma siluaçào qualquer imposta pelo grupo.

As sugestões de atividade1, apresentadas são interessantes


para serem desenvolvida em uma aula de Educação f ísica, para
garotos de 6 a 10 anos. I importante ol r.ei vai que a atividade em
si não determina a qualidade do trabalho, mas a forma de trabalho
que o professor imprime nas suas aulas será essencial no nível de
satisfação e desempenho na aprendizagem dessa criança.
O caráter lúdico, recreativo, deverá ser determinante nesta
faixa etária, pois o aluno está em fase de consolidação de suas
habilidades motoras, de sua capacidade cognitiva e de sua afetivi­
dade no aspecto socialização, portanto a riqueza e a quantidade
de movimentos são importantes.
É importante o professor manter um "registro" de seu
trabalho para poder sempre aprofundar no conteúdo que está
trabalhando com o aluno e verificando o quanto as atividades
propostas estão rendendo no aproveitamento final. Pressupomos
que não é a quantidade de atividades passadas ao aluno que irá
elevá-lo em seus desempenhos motores, afetivos e cognitivos, mas
é a profundidade que o professor dá no trabalho das atividades
vivenciadas, no caso da Educação Física Escolar promover tais
desempenhos nas capacidades do aluno. Pelo registro é possível
verificar qual é o interesse do aluno e o quanto a atividade poderá
prolongar.

2.4 Atividades de voleibol para a faixa etária de 11 a


14 anos (53 a 8â série)
Nesta faixa etária a criança está com a suas capacidades
e habilidades motoras mais elaboradas e prontas para entrar nas
atividades físicas esportivas mais específicas. Portanto, as ativida­
des de voleibol poderão ser abordadas de forma mais específica e
complexa, já é possível nessa faixa etária iniciar os ensinamentos
dos movimentos específicos do voleibol.
2.4.1 Aquecimento - 11 a 14 anos
• Jogos de pique-pega.
• Pique agachado: o aluno que se agachar não poderá
ser tocado.
• Pique trepado: o aluno que trepar em um muro, árvore,
pedra, poste de vôlei, etc., não poderá ser pego.
• Aniversário: 1) os alunos dispostos em um dos lados do
ambiente pedagógico onde está acontecendo a aula; 2)
elege-se um pegador que fica ao centro; 3) o aluno do
centro diz um mês qualquer; 4) todos os aniversariantes
daquele mês deverão passar na extensão do espaço e
conseguir chegar do outro lado, o aluno que for tocado
pelo pegador, virará um pegador e assim vai até que se
pegue o último.
• Ginástica em grupo (2 ou 3 alunos). Existe uma série
de exercícios que podem ser realizados em grupo. É
importante trabalha-los nesse estágio do desenvolvimen­
to para que o aluno comece a desenvolver o senso do
trabalho em equipe, base para um jogo de voleibol, além
de promover a confiança mútua no grupo de alunos.
• Futebol de manchete: a) delimita-se o campo de jogo
na quadra de jogo do voleibol (18mx9m); b) divide-se
os alunos em duas equipes mistas diferenciando-os
com coletes, fitas, ou ainda, os meninos tiram as ca­
misas e as meninas amarram na cabeça, etc.; c) bola
colocado no <hão e no <entro da quadra; d) ao apito
os alunos tentam <onseguir a posse de bola e a equipe
que conseguir poderá mover a bola somente no chão
e o braço íun< ionará <onm um "bastão", como se fosse
o movimento da manrhele podendo passar quantas
vezes for necessário para ía/oi <>gi *1na equipe ( ontrária.
Vence a equipe que fizer o maior numero de gols em
um tempo marcado. Observação: em caso de equipes
mistas poderá se usar os recursos de meninas de mãos
dadas com meninos, ou ainda, só as meninas podem
fazer o gol e é possível ainda, colocar um número maior
de gols, estrategicamente distribuído na quadra de jogo,
isso dá mais dinamismo ao jogo e pode ser prolongado
o tempo do jogo em função dessas variações.

É importante que o aquecimento nesta fase se aproxime ao


máximo da forma convencional do jogo de voleibol, representa
dizer que, os agrupados na forma de dupla ou mesmo em trio e,
de posse de uma bola deverão estar separados pelas linhas laterais
da quadra de vôlei deverão estar passando bola um para o outro,
inicialmente como se estivesse "batendo um lateral no futebol de
campo" em seguida, ‘ batendo a bola no chão" para que alcance
o companheiro e posteriormente, entrando nos movimentos das
técnicas dos fundamentos do jogo, como a cortada, toque de
dedos e a manchete.

2.4.2 Estudo dos elementos que compõe o jogo e


suas relações - 11 a 14 anos•
• Estudo temático sobre a questão do voleibol: 1) "o que
é Liga Mundial de Voleibol?"; 2) "Olimpíadas e volei­
bol."; 3) "Pesquisa sobre voleibol na Internet." 4) "Regras
do voleibol."; 5) "Eventos de voleibol pelo mundo". O b­
servação: todos estes temas poderão ser desenvolvidos
interdisciplinarmente com os componentes curriculares:
Geografia (regiões onde o vôlei predomina como es­
porte); Português (revisão dos trabalhos e diferenças de
linguagem onde o vôlei acontece e, ainda, significado
dos termos usados no voleibol; Matemática (dimen­
sões e geometria dos equipamentos usados no vôlei);
Ciências (uso de energia para o desempenho muscular
e físico, diferenças físicas entre os gêneros, etc.). Ao
final da elaboração dos trabalhos o professor poderá
fazer um seminário para apresentações e exposição
dos trabalhos feitos).
• Exercícios de técnicas dos Fundamentos de Jogo bá­
sicos - Toque de dedos, manchete, saque e cortada.
É importante nesta fase de desenvolvimento do aluno
trabalhar intensamente, mas não toda a aula, a forma do
exercício, assim, para cada aula o professor deverá ele­
ger uma técnica e treiná-la com os alunos. O professor
mantendo um registro das atividades desenvolvidas com
suas turmas será possível preparar antecipadamente a
aula seguinte, consequentemente, a técnica que deverá
ser treinada, pois registrando o sucesso ou insucesso da
aula seguinte, ao final dessa aula, poderá ser elaborado
o conteúdo e a metodologia de trabalho da aula subse­
quente. Não se aconselha trabalhar o tempo todo da aula
só no conteúdo técnica dos fundamentos, nesta fase do
desenvolvimento da criança poderá ser desmotivador,
considerando que o método ensino sugerido foi o "misto"
(XAVIER, 1986), o jogo é de fundamental importância
para motivação da aula.•

Toque • Analisar e praticar o posicionamento sob a bola;


de • Desenvolver atividades de deslocamentos e posicionamento
dedos sob a bola;
• Analisar a color ar, .to dos dedos e a movimentação do pulso
ao abordar a bola;
• Repetir o exore íc io número 2;
• Enfatizar e praticar o movimento de pernas no momento
do toque (como se lov.e ■ •aliai nas duas pernas) para im­
pulsionar a bola;
continua
Manchete • Analisar e praticar o posicionamento das pernas e dos braços
ao abordar a bola;
• Exercício em decúbito frontal, levantar-se e estendendo o
braço à frente;
• O mesmo exercício anterior com o lançamento da bola
pelo professor;
• Exercício de manchete e deslocamentos dentro do espaço
de jogo;
• O mesmo exercício anterior com deslocamentos e rolamen­
tos no espaço de jogo;
• Exercícios de toque de bola com um braço deslocando-se
em todas as direções possíveis.
Saque • Entende-se que o saque é o fundamento mais importante
do jogo, se o erro for uma constante nesse momento, não
haverá o jogo. Treinar o saque é importante desde o pri­
meiro contato da criança com o voleibol. Duas regras são
básicas no momento do saque: concentração e precisão
nos movimentos, portanto, essas regras serão norteadoras
do ensino e treino do saque.
• Saque por baixo, analisar posição do corpo, pernas e a
forma como o braço e mão irão abordar a bola na batida;
• Iniciar sacando na atrás da linha dos "três metros" da zona
de ataque;
• Sacar do meio da quadra objetivando alvos na quadra
contrária;
• Sacar da zona de saque objetivando alvos na quadra con­
trária;
• Competição de saque.
Bloqueio • Este fundamento exige uma técnica muito complexa e nessa
faixa etária do desenvolvimento do aluno e, na aula de Edu­
cação Física, não é aconselhável aprofundaras atividades,
deixando o aprofundamento e a melhoria de desempenho
para treinamento de equipes da escola.
Defesa de • O trabalho de manchete com deslocamentos e rolamentos
quadra é indicado para este fundamento, assim, enquanto essas
atividades são desenvolvidas na aula, estará trabalhando
indiretamente este fundamento.
continua
Cortada • Não resta dúvida que é a técnica de ataque no voleibol mais
relevante para o iniciante. Entretanto, é uma técnica muita
complexa e o ataque exige muita criatividade do jogador,
principalmente quando a ação do bloqueio é efetiva. En­
tende-se desde o início do ensino do voleibol é importante
trabalhar as várias formas de ataque, desde uma cortada
forte, potente a uma sutil largada de bola;
• Exercícios de batida na bola segurando a bola em uma
mão e abordando-a com a outra, estudar o movimento
de encaixe da mão na bola e o movimento de finalização
"como se fosse um chicote";
• Estudo do movimento da cortada usando exercícios "mí­
micos" (o gesto da cortada sem bola) usando o espaço de
jogo, analisando a corrida, o movimento de pés associado
aos braços e flexão das pernas (mata borrão);
Professor posicionado em um plano elevado segurando uma
bola, aluno corre salta e bate na bola que será solta pelo
professor;
• Dois a dois, o companheiro lança bola quicando-a no solo
e o companheiro salta aplicando na bola o movimento da
cortada;
• Exercícios na rede mantendo a altura da mesma uns vinte
centímetros acima da média de altura dos alunos.
Quadro 3. Atividades apropriadas para o desenvolvimento dos
fundamentos e técnicas do jogo de vôlei.

Neste momento da aula começa a possibilidade da identi­


ficação de talentos esportivos para o jogo de voleibol de alto nível.
Embora a abordagem de ensino esteja toda voltada para uma aula
de Educação Física Escolar, não quer dizer que não se há como
identificar esses talentos.
Entende-se que este momento da aula não deve ser o prin­
cipal, pois tal relevânc ia é [tara o momento do jogo. Outro fator
importante a destacar é o fato que ao promover essas atividades
de treino dos fundamentos a aula devo sei dinâmica, contrapondo
a uma simples repetição de movimentos <orno se fossem apenas
"robôs", portanto além do dinamismo que deve ser buscado, o
professor deve fazer o aluno rellelit sobie os movimentos e rela­
cionando-os sempre ao jogo de vôlei
2.4.3 O Jogo - 11 a 14 anos
É nesse momento que será definido o jogo de voleibol "da"
escola. O professor deverá o tempo todo ir adequando regras com
vistas à organização da atividade e não adotando os critérios da
regra no sentido de impedir a expressão possível de movimentos
do aluno.
Se for um jogo com objetivo de ampliar a "memória motora"
do aluno, deverá ser o mais abrangente possível. As regras deve­
rão ser analisadas e adequadas pelos alunos e pelo professor. O
aluno deverá sentir prazer no que está fazendo, esseé um critério
importante para o professor avaliar o seu processo de ensino. A
participação de todos os alunos do começo ao fim da atividade é
outro critério para que o professor avalie seu processo, também.
Caso o professor perceba que não se está atingindo níveis bons de
satisfação e participação, deverá a partir daí avaliar com o grupo
de alunos o trabalho desenvolvido e, registrar a ocorrência para
poder reformular seu planejamento na aula seguinte.
• Jogos Pré-Desportivos: esses jogos poderão ser
elaborados a partir dos fundamentos de jogo e as regras
poderão ser elaborados em conjunto professor e aluno.
1) Jogo da manchete: a) dois times dispostos em quadras
contrárias (todos os alunos); b) professor lança a bola
para um dos lados da quadra, dando início ao jogo; c) a
bola poderá dar um "quique" antes que qualquer aluno
toque-a de "manchete"; d) ao tocar pela primeira vez,
deverá passá-la a um companheiro de equipe e esse
deverá encaminhar a bola a um terceiro toque; f) no
momento do terceiro toque da equipe a bola deverá ser
direcionada à quadra contrária. Observação: perde o
ponto a equipe que perder o controle da bola ou enviá-
la para fora da área de jogo. Para dar maior dinamismo
ao jogo o professor poderá soprar o apito duas vezes e
nesse momento todos os alunos se movimentam para
lugares diferentes na quadra de jogo. Ainda, o professor
poderá colocar em jogo duas ou mais bola para o jogo.
Esse jogo poderá ser trabalhado com o toque de dedos,
ou ainda, poderá uma equipe tocar a bola com toque de dedos
e a outra equipe tocar a bola com a manchete.
• Voleibol lençol: 1) dois grupos de quatro alunos e cada
aluno segurando a ponta de um lençol; 2) cada grupo
disposto em lados oposto à rede que divide a quadra
do vôlei; 3) no lençol de um dos grupos uma bola de
vôlei; 4) ao sinal do professor o grupo que estiver com
a bola deverá lançá-la enviando-a à quadra adversária;
5) o grupo da quadra adversária recebe a bola em seu
lençol e lançá-la de volta a outra quadra; 7) o ponto é
consignado a partir do momento em que a bola toca
o solo. Observação: nesta brincadeira poderá ser com
dois ou três lençóis, não há necessidade de uma quadra
de vôlei e rede, ou mesmo uma bola de vôlei, poderá
ser adaptado em vários ambientes. Bom para noção
de equipe.
• Vôlei-varal: 1) estendem-se lençóis sobre o bordo su­
perior da rede para impossibilitar a visão de ambos os
lados da quadra; 2) divide o número de alunos em duas
equipes e dispõem cada uma de um lado da quadra; 3)
lança-se uma bola para uma equipe que deverá tocar,
bater, "manchetear" ou sacar a bola sempre em direção
à quadra adversária; 4) toda vez que a bola tocar no solo
ou for para fora das linhas da quadra será consignado um
ponto para a equipe contrária. Observação: acrescentar
o número de bolas, duas, por exemplo, e colocar bolas
grandes e leves dependendo da f.iixa etária e o nível de
desempenho dos alunos.
• Mini-vôlei: 1) estender uma corda amarrada na rede
até a trave do gol do tutsal, <oloi ada ao tmal na linha
de fundo da quadra de vôlei, dividindo uma quadra o
espaço de 9mx9m em duas metades de 4,5mx4,5m; 2)
três alunos de uma contra três do outro lado; 3) adapta­
ções na regra do vôlei para atender, "pedagogicamente",
o desempenho na modalidade pelos dos alunos; 5)
ganha a equipe que fizer o maior número de pontos
em 5minutos ou ainda, o número máximo de pontos
estabelecido pelas equipes.
• Torneio de Mini vôlei. Ao longo do ano ou na temporada
em que está programado o conteúdo vôlei, o professor
poderá desenvolver um torneio de mini vôlei, delegan­
do funções aos alunos na organização do torneio, tais
como: a) confecção de tabela (junto com a matemática),
b) arrecadação de dinheiro para comprar a premiação;
c) eleição de árbitros do jogo dentro daquele grupo
que não gosta de jogar, mas somente participar de ou­
tra forma nas atividades esportivas; c) apresentação na
abertura do torneio, etc.
• Festival de jogos pré-desportivos. Dentro da aula de
Educação Física o professor poderá promover um festival
de jogos de fundamentos, estafetas, circuito, enfim, de
atividades menos complexas que o jogo de mini vôlei
e o de vôlei, propriamente dito, para que mesmos os
alunos menos habilidosos participem da emoção de
uma "competição". A elaboração deste tipo de festival
segue os moldes do torneio de mini vôlei.

O importante... é que nessas atividades de jogo o professor


não só copie um jogo de um manual qualquer, mas que analise
as capacidades, habilidades e necessidades de seus alunos e,
juntamente com eles, organize atividades a partir daí. Os jogos
contidos em manuais são referências importantes para orientação
de um trabalho de vôlei, mas não a principal forma de se obter
conteúdo para uma aula de Educação Física.
2.4.4 Relaxamento - 11 a 14 anos
As atividades de relaxamento na dependerão de como
funciona a aula de Educação Física na escola, se a aula for no
período em que acontece a aula das outras disciplinas, então, o
relaxamento seguirá o mesmo padrão das sugestões anteriores.
Mas, se por acaso a aula funcionar em um período "extra turno" e
na escola tiver outro espaço além daquele que o professor ministra
as aulas de Educação Física, os alunos poderão ficar "brincando",
nesse espaço, depois da aula e, por outro lado o professor terá
mais tempo para desenvolver o conteúdo voleibol.
• Alongamentos: sugestões de movimentos de alonga­
mento no final deste livro. O alongamento é aconse­
lhável principalmente para os alunos de 7á e 8â série,
considerando que nessa fase de transformações rápidas
(puberdade) o alongamento é uma atividade adequada
para afastar aquelas "dores do crescimento", muito co­
muns nessa fase do desenvolvimento.

jogos mentais
• Telefone sem fio: a) duas colunas; b) o primeiro aluno
de cada coluna tem em mãos uma caneta ou lápis e
uma folha de papel; c) o professor vai ao final de cada
fila e passa a mesma mensagem para o último aluno de
cada coluna; d) a mensagem deve ser enviada de aluno
a aluno até que <hegue ao primeiro e esse a escreva;
e) ganha a equipe que escrever a mensagem como ela
é e/ou se aproximar o mais perto possível da mesma.
• Batalha de conhecimentos gerais sobre vôlei: a) duas
equipes (masculina e leminina. por exemplo), b) profes­
sor elaborará previumenle um rol extenso de questões
sobre o vôlei (atualidade', l e g i . e . to« m< as, tátir as, etc.);
c) a cada pergunta formulada uma das equipes deve-
rá levantar o braço primeiro que a outra; d) a equipe
designará um aluno para ir a frente e responder; e) a
contagem de pontos na batalha se assemelhará a um
jogo de vôlei no "tie-breack", cada erro será atribuído
um ponto à equipe contrária.

Existem muitos outros tipos de atividades que se enqua­


dram no relaxamento, neste estudo preocupou-se em abordar
somente estas por considerá-las como um modelo a ser seguido,
ou a partir destas atividades serem criadas outras.
É importante ressaltar que a estrutura da aula dependerá
da "negociação" entre o professor e os alunos, assim, há uma
possibilidade muito grande de encontrar na cultura corporal de
movimentos do aluno uma série de atividades que o professor
poderá sistematizar e colocá-las como conteúdos de ensino apli­
cados ao voleibol.

2.5 Atividades de voleibol para a faixa etária de 15 a


17 anos (Ensino Médio)
Ao trabalhar o voleibol "da" escola nesse estágio de desen­
volvimento do aluno existe uma série de fatores, de expectativas
relevantes que devem ser analisados e considerados para deter­
minação do ritmo da atividade de voleibol dentro e "da" escola.
Fatores que devem ser considerados:
• Disponibilização de recursos materiais e espaço;
• Expectativas dos alunos, considerando que é uma fase
preparatória para o "vestibular";
• Grau de maturidade do desenvolvimento das habilida­
des motoras dos alunos, pois às vezes o trabalho anterior
não estimulou o desenvolvimento adequado de suas
capacidades e habilidades psicomotoras;
• Fase da adolescência onde prevalece a concepção de
"grupo" e descobertas importantes que refletirão na
vida adulta;
• Acentuam-se as diferenças de habilidades psicomotoras
elevando o grau de heterogeneidade do grupo de alunos;
• Infrequência nas aulas em função de provas, estudos
monitorados em turnos diferentes, notas ruins ocasiona
castigo dos pais, etc.
• Dependendo da escola o espaço pedagógico da Edu­
cação Física é terceirizado limitando a possibilidade de
variação de conteúdo, restringindo somente à prática
de esporte.

O jovem nesta fase de desenvolvimento, em muitos casos,


tem por expectativa sucesso no vestibular ou na formação técnica
em alguma área de conhecimento que possa garantir uma vida
adulta profissional. Assim, a aula de voleibol na Educação Física
não deve ser colocada como a melhor atividade que irá contribuir
para o seu sucesso de qualidade de vida, mas deve ser colocada
como uma opção a mais para melhoria dessa qualidade de vida e
que, ele, o jovem, possa se apropriar de todos os conhecimentos
possíveis dentro dessa modalidade de esporte.
Portanto, o termo "construção e apropriação de conheci­
mentos" deverá ser o norteador da prática do voleibol. Cabe ao
professor promover ações pedagógicas tendo como conteúdo o
vôlei que possa ter resultados práticos e importantes para o jovem.
Segundo Neira e Matos (2000, p. 85) destacam uma ques­
tão importante relacionando o esporte ao trabalho desenvolvido
com o jovem adolescente, para os autores:
O ensino da Educação Física deve capacitar os alunos
a tratar dos conteúdos esportivos nas mais diversas condições,
dentro o fora da escola, e para que tenham condições de criar,
no presente ou no futuro, sozinhos ou em conjunto, situações
esportivas cie modo crítico, determinadas automaticamente ou
em conjunto. Portanto, o aluno deve tornar-se aberto dentro da
realidade esportiva.
Entende-se a partir de tal ideia que nas aulas de voleibol
todo o conhecimento deverá ser trabalhado de forma conjunta,
discutindo a questão do método de ensino, a avaliação compro­
missada entre professor e aluno e, principalmente, o conteúdo do
voleibol que irá ser ensinado e aprendido.

2.5.1 Aquecimento - 15 a 17 anos


O aquecimento se baseará em exercícios de "alongamen­
to", contudo cabe ao professor explicar e discutir com os alunos:
• As implicações do alongamento na atividade física, bem
como o fato de entrar em uma atividade física sem a
prática do alongamento.
• Quais são os movimentos do alongamento mais ade­
quados para o voleibol.
• Quais as regiões musculares mais solicitadas na pratica
do vôlei.
• Como treinar esses grupamentos musculares para me­
lhoria de desempenho.

O aquecimento realizado com a bola será aquele con­


vencional, padronizado, dentro do voleibol conforme sugestões:
• Alunos posicionados nas linhas laterais da quadra, em
grupo de dois ou três.
• Passando a bola como uma reposição de bola em um
"lateral" do futebol de campo, procurar estender o máxi­
mo possível músculo e articulações nesses lançamentos.
• O mesmo exercício arremessando a bola com força e
explosão no chão em direção ao companheiro.
• Movimento da cortada enfatizando a finalização com
um movimento forte da articulação "mão-braço" (chi­
cote).
• Toque de dedos, manchete, ataque e defesa, saque, e
aquecimento na rede.

Dependendo da turma, do nível de voleibol dos alunos,


o professor poderá acrescentar no aquecimento outros tipos de
ginásticas, principalmente, ginásticas com músicas, semelhante
aos movimentos do: bocly-combat, "localizada", Body-jam, "Axé",
buscando para ministrar essas atividades alunos e alunas no
próprio grupo, pois boa parte dos adolescentes atualmente são
frequentadores de academia e vão à aula de Educação Física para
"jogar", bom momento para estimular outros conhecimentos que
já foram apropriados por eles.

2.5.2 Estudo dos elementos que compõe o jogo e suas


relações -15 a 17 anos
Nesta fase do desenvolvimento não é aconselhável traba­
lhar muito tempo da aula em cima dos fundamentos do jogo, até
porque, são poucas horas por semana e o aluno já passou por
esses treinos durante o Ensino Fundamental.
É importante discutir e identificar com o grupo qual é o
fundamento que mais dificuldades apresentam no momento do
jogo. A partir daí descobrir conteúdos e métodos de trabalho para
estudar a melhor forma de praticar esse fundamento.
Sugestões de atividades de estudos.
• jogo de dupla de um ponto. I nvolve a pratii a de todos
os fundamentos simultaneamente <■ possibilita uma
melhora de desempenho dos alunos dentro de quadra;
(discutir e estabelecer antes do início as regras do jogo
a) os alunos se distribuem em duplas nas zonas de saque;
b) cada dupla sempre de posse de uma bola; c) as du­
plas se organizam para ordem de entrada na quadra de
jogo; d) uma dupla inicia com o saque, o jogo continua
até o rally terminar; e) a dupla perdedora sai para que
outra entre sacando. Observações: o professor deverá
controlar a formação das duplas, para que não fique
dupla muito forte e outras fracas; a intenção na atividade
é o dinamismo, se houver muitas interrupções, perde o
sentido, deve parar e rever regras e maneiras de jogar.
• Treino dos fundamentos associados a movimentos de
preparação física. O professor deverá associar a um
fundamento um exercício de deslocamento, agachar
e levantar, rolar, correr-tocar-correr, passar sob a rede,
etc. a uma técnica de um fundamento (toque, cortada,
manchete, bloqueio, defesa de quadra, etc.).

Neste tipo de aula de voleibol não conta a intensa repetição


de exercícios físicos ou a quantidade de técnica de fundamentos,
mas sim a qualidade do exercício associado ao prazer do aluno
de estar praticando o vôlei. Portanto as sugestões acima, não pre­
cisam ser extensas, a partir destas enumeradas e com os alunos o
professor poderá descobrir, criar e planejar outras tantas.

2.5.3 O jogo -15 a 17 anos


É o momento esperado pelos alunos, pois é no jogo que
ele se "mostra" (situação comum no meio de adolescentes), é no
jogo que há a possibilidade de intensificar suas relações com o
mesmo gênero e com o gênero oposto, além do prazer, do lúdico,
da recreação.
As regras do jogo devem ser flexíveis, pois não é intenção
na aula de Educação Física formar um atleta, mas um cidadão que
gosta do vôlei na sua adolescência e esporte que poderá ser útil
para sua vida adulta.
Após a adequação da regra às capacidades dos alunos,
cabe ao professor dirigir o jogo, e ficar o tempo todo atento ao
cumprimento do foi estabelecido. Uma vez que o professor deixa
o jogo a critério dos alunos, muitos problemas poderão surgir, pois
o adolescente é competitivo e a competição leva, em muitos ca­
sos, a perda da noção do companheirismo, da participação sadia,
portanto, a presença do professor é extremamente importante.
Sugestões de torneios:
• Jogos de duplas (em caso de poucos alunos) estabele­
cendo tempo determinado (5 min., 7 min. Etc.), sendo
que o professor deverá avisar da disputa do último ponto
no final do tempo estabelecido, ganhando a dupla que
tiver pelo menos dois pontos de vantagem;
• Jogo de quatro contra quatro: atividade de jogo boa
para treinar fundamentos de rede e movimentação em
quadra;
• Torneio de vôlei: ao longo do ano letivo o professor
poderá promover torneio de turma contra turma ou
de times formados dentro das próprias turmas. Obser­
vação: a formação de time implicará na confecção de
uniformes, confec ção de tabelas, nomeação de times;
premiação, disponibilidade de horário, etc. O professor
deverá eleger uma <omissão de alunos que se encarre­
garão de providenc iar todas estas questões. Entende-se
que fazendo assim estará trabalhando com o sentido
de apropriação e formação do cidadão que poderá
futuramente usufruir d e s s e s <oiihec (mentos adquiridos
na escola, no voleibol "c/a escola
2.5.4 Relaxamento -15 a 17 anos
Os exercícios de relaxamento seguem o mesmo padrão dos
exercícios iniciais de aquecimento (alongamentos). O adolescente,
diferentemente, do aluno do Ensino Fundamental, quer atividades
que possam servir para a sua pratica depois da aula, no clube, no
jogo ocasional com os amigos, em sua casa, etc.
É importante o professor desenvolver um estudo em con­
junto com os jovens sobre a importância do relaxamento final, mo­
mento em que o corpo começa a ganhar melhoria de desempenho.

2.6 Pressupostos conclusivos


Neste capítulo discutiu-se e propôs o voleibol enquanto
conteúdo de uma aula de Educação Física Escolar. Assim, como
outros esportes, o vôlei é um ótimo tema para uma aula, possibi­
litando a partir de sua prática o estabelecimento de relações com
a realidade do aluno, principalmente no que diz respeito ao lazer,
às reflexões sobre as relações sociais e a vontade de se investir na
preservação e organização de forma saudável da vida.
Contudo, se o voleibol for praticado em uma aula somente
com fins em si mesmo, ou seja, jogar simplesmente pelas emoções
momentâneas que o jogo promove o conteúdo desenvolvido na
aula não terá alcançado objetivos maiores no processo de ensino
educacional.
Bracht (1992, p. 59) destaca um conceito interessante e
oportuno para refletir a afirmação acima quando se refere ao
consenso de vários educadores físicos:

[...] esporte é bom para o desenvolvimento da


criança - competição, valores morais e éticos a
partir de disputas que geram vitrtrias e derrotas,
isso é um pensamento positivista-funcional que
desconsidera o aspe« lo relevante «lo esporte den-
tro da sociedade em que está inserido. As regras
entendidas e praticadas nessa perspectiva negativa
promovem o desenvolvimento de um "conformista
feliz e eficiente".

Se o voleibol praticado na aula de Educação Física for pra­


ticado pelos alunos somente com essa visão de que "[...] faz bem
para a saúde[...]", "...ensina na derrota e na vitória...", realmente
não se estará promovendo o desenvolvimento da cidadania com
esses alunos.
A categorização de conteúdos do voleibol e suas divisões
internas que fazem parte do tema voleibol, abordados anterior­
mente neste estudo, bem como os métodos de trabalho propostos,
indicam que não se deve propor voleibol uma forma "positivista-
funcional", como refere este autor.
As ideias propostas indicam que o vôlei praticado pelo
aluno será apropriado por ele e é ele, o aluno, que futuramente
irá promover e gerenciar da melhor forma que lhe atenda esse
voleibol. Assim o voleibol como conteúdo de ensino deve ser
desenvolvido de forma que o aluno aproprie-se dele e não passe
por ele simplesmente.
Crê-se que é possível perceber que as propostas de ensino
contidas no estudo não diferem muito dos "manuais de voleibol",
o diferencial estará destacado é em como a escola, e entenda-se
professor de Educação Física o moldará para seus alunos.
3. TR EIN A N D O VÔLEI NA ESCOLA: O
PENSAMENTO D O TIME

3.1 Questões teóricas sobre o treino de vôlei "da"


escola
Colocar no subtítulo "[...] o pensamento do time [...]" tem
por objetivo reforçar a ideia que ao se treinar uma equipe de
vôlei "da" escola deve-se pautar pelo exercício da reflexão mais
acentuadamente quando se treina uma equipe de alto nível que
visa, exclusivamente, o ato de competir. Entende-se que no treina­
mento de equipes de voleibol "da" escola estão agregados outros
conceitos mais elevados que simplesmente o ato de competir.
Portanto, abordando a questão desta forma pode-se afirmar que
o treinamento "da" escola deverá ser trabalhado de forma inte­
rativa envolvendo o projeto pedagógico proposto pela escola, os
aspectos sociais e culturais do aluno/atleta e de sua comunidade e
entendendo sempre que, o conhecimento de voleibol assimilado
e construído pelo aluno/atleta será propriedade dele mesmo para
contribuir na estrutura de sua cidadania.
É do senso comum o fato que o esporte, qualquer um seja,
tem agregado em si características nocivas e corruptíveis, portanto
o tratamento dado ao esporte "da" escola não deve ser ingênuo a
ponto de compreender somente os valores positivos, mas entender
também essas características e administrá-la de forma que não
chegue a atingir o desenvolvimento do aluno/atleta.
Muitas crianças e muitos adolescentes quando acessam
os conhecimentos do voleibol sonham em se tornar um "grande
atleta". Essa é uma questão que deverá ser tratada com muito
cuidado, pois se o voleibol será trabalhado sob os "códigos" da
escola, poderá não ser suficiente para o pleno desenvolvimento
desse potencial "atleta". Neste ponto, o professor/treinador deverá
manter contatos com clubes e entidades que |xomovem o voleibol
de alto nível para estabelecer um vínculo de trot a de conheci­
mentos e interesses desses potent i.iis atletas, observando sempre
os interesses dos pois e responsáveis din'los desses alunos/alletas.
O voleibol "da" escola impõe que seja feita adaptação nas
regras internacional do voleibol. Esse fato deve ser administrado
sob o ponto de vista das qualidades técnicas e necessidades dos
alunos/atletas e não sobre as determinações das regras. É possível
afirmar que se o professor/treinador proceder dessa forma não irá
atrapalhar o desenvolvimento e o melhor desempenho de um pos­
sível atleta no futuro e, muito menos daqueles que só desfrutaram
da condição de atleta enquanto for aluno de uma escola. Tanto na
fase infantil, púbere e adolescente o aluno/atleta está acessível a
uma grande possibilidade de experimentações que poderão servir
de base para a definição e a especializações futuras.
Com relação ao fato de adaptações às regras e as dispu­
tas de voleibol, existe algumas federações de voleibol, em vários
estados brasileiros, promovendo adequações. Isso promove o
esporte, pois aumenta a adesão de um maior número de adeptos
e, consequentemente, uma maior popularização da modalidade.
Outro fator preocupante que existe na cultura esportiva
escolar é a pressão de pais que sonham com a possibilidade de
seus filhos se tornarem grandes atletas. Convencer pais sobre os
perigos das especializações precoces ou sobre o que realmente
seus filhos querem é, com certeza, o desafio que o professor/trei­
nador irá encontrar e deverá, no mínimo, saber conduzir a questão
da melhor forma possível. Pode-se perceber que essa é mais uma
questão que diferencia treinar equipes de voleibol escolar do trei­
namento de equipes em clubes e outros espaços de treinamento.
Além dessas pressões paternas o professor/treinador deverá
estar atento para o convívio com as pressões de algumas escolas
que veem nos treinamentos de voleibol a possibilidade de um
marketing para a venda de seu produto educacional. Essas atitudes
de pais e escola acabam gerando uma cobrança de resultados
vitoriosos para filhos e alunos/atletas e professor de Educação Fí­
sica, levando a uma participação não muito sadia que pode trazer
consequências desastrosas para a formação educacional do aluno
e o trabalho do professor/treinador.
3.2 Metodologia de trabalho
Antes de iniciar um treino de voleibol "da" escola é im­
portante levar em consideração algumas diferenças que se apre­
sentam entre um treino de voleibol "performance" e do voleibol
"da" escola. O quadro abaixo destaca estas questões:
Voleibol Performance Voleibol "da" Escola
A divisão do tempo está A divisão do tempo na escola está condicionada
c o n d ic io n a d a a uma à proposta pedagógica da escola, dividindo
programação pré-deter­ espaço com outros objetivos mais importantes.
minada em função de
uma temporada para uma
competição alvo.
A prioridade do atleta é o A prioridade do aluno/atleta é a educação
treinamento. escolar com vistas a uma qualificação ampla.
As vezes o adolescente que tem potencial
voleibolístico divide o interesse esportivo com
o primeiro trabalho, necessário em função de
sua condição socioeconômica.
A falta do atleta ao treino A falta do aluno/atleta está condicionada as
é por questões de lesões determinações dos pais, às notas ruins, doenças,
ou inviabilizações decor­ ocupações extras dos espaços de treinamento,
rentes das regras do jogo desmotivação causada pela heterogeneidade
ou da competição. técnico-esportiva do grupo, etc., inviabilizando
uma sequência lógica de ações no treinamento.
No clube o vôlei é desen­ Na escola o treinamento de vôlei divide es­
volvido dividindo espaços paço com outros componentes curriculares
com outros esportes, mas formadores que detêm princípios diferentes do
com um único princípio espírito esportivo.
norteador.
Para o sucesso a progra­ Para o suc esso a programação deverá ser fle­
mação deverá ser seguida xível <• a intensidade dos treinos é variável em
à risca e a intensidade dos função cie uma série de questões, tais como:
treinos crescente. ínlrequénc ia dos alunos/atletas; evasão ocasio­
nal em lunção de Inclísc iplina na escola, notas
ruins, etc,
continua
A disponibilidade de re­ A disponibilização de recursos é mínima,
cursos materiais é uma mesmo em escolas particulares que cobram
condição básica para um mensalidades escolares caras.
desenvolvimento total.
A determinação do es­ A determinação do espaço é variável depen­
paço de treinamento é dendo da escola. Algumas escolas possuem
adequada. espaços abertos que são inviabilizados pelas
condições meteorológicas, ou possuem espa­
ços terceirizados que limitam o tempo e o uso
(caso de algumas escolas particulares alocadas
em prédios pequenos sem pátios ou quadras).
A definição do padrão A definição do padrão biotipológico é irre­
b io tip o ló g ico é deter­ levante, pois todos os alunos/atletas têm o
minada pelo esporte e direito aos treinos. Dependendo da faixa etário
adotada pela equipe de o fator altura, importante nesta modalidade é
treinamento. desprezado em função de habilidades motoras
compensatórias.
A preparação física é de Não há espaço para um treino visando o apri­
fundamental importância, moramento físico. Essa questão divide espaço
pois a "máquina" humana com consolidação da aprendizagem motora e
só funcionará eficazmen­ o desenvolvimento físico-orgânico do aluno/
te quando suas capacida­ atleta.
des estivem ao extremo.
A seleção de atletas para Há um número excessivo de alunos para o
definição de equipes e início do treino que não podem ser "excluí­
dos treinamentos é tra­ dos" de treinar até que pelo menos encontre
balhada previamente por um esporte que se identifique mais com suas
"olheiros" resumindo su­ características biológicas, pois o vôlei divide
mariamente a perspectiva espaço com outros esportes escolares.
de seleção.
Uma categoria seja femi­ Devido a quantidade pequena de tempo para
nina ou masculina, juvenil, treinos de várias categorias de meninos e me­
infanto, infantil, normal­ ninas, os treinos são mistos e em alguns casos,
mente têm o seu horário se junta duas categorias para treinar mais vezes.
específico para o treina­
mento.
Quadro 4. Diferenças entre o voleibol performance e o
voleibol "da" escola.
Todos estes pontos levantados e comparados no quadro aci­
ma indicam que a metodologia do trabalho do professor/treinador
deverá pautar-se por outros caminhos, diferentemente, daquela
metodologia de trabalho adotada para o treinamento de equipes
em clubes esportivos.
Quanto à metodologia e técnicas de ensino de acordo
com esta autoria, deve-se alternar entre o "método global" e suas
técnicas de ensino e o "método parcial" e suas técnicas de ensino,
referendadas anteriormente, a partir das discussões com Greco
(2001) e Xavier (1986). Onde o primeiro analisa as questões de se
ensinar esporte e o segundo sugere três métodos de ensino.
A metodologia de ensino está vinculada à frequência e a
intensidade dos treinamentos de voleibol "da" escola, pois en­
quanto no clube e no voleibol de alta performance o objetivo é
único e o espaço é único para se treinar na escola, como já foi
dito, não há muita disponibilização de tempo e recursos, os trei­
namentos devem primar pelo o que realmente é essencial, tanto
em conhecimentos e técnicas de ensino.
Diante dessa questão levantada entende-se, por exemplo,
que para a categoria mirim, o aspecto lúdico e uma abordagem
mais generalizada quanto aos fundamentos de jogo, variando in­
tensamente as ações motoras, terá um peso significativo, conside­
rando que crianças/atletas devem passar por um maior número de
experiências motoras antes de se especializar. Cabe ao professor/
treinador determinar a frequência e a intensidade de seus treinos
tendo esses fatores em conta.
Outro fato que deve ser agregado ao método e técnicas
de ensino é discussão conjunta entre professor/treinador e aluno/
atleta, considerando os aspec los té( nicos e táticos da modalidade
em questão. Por exemplo, sugere-se que o uniforme seja confec­
cionado a partir das ideias dos atletas respeitando o "brasão" da
escola. O uniforme trabalhado d e s s a lorma marc a .1 vida do aluno,
pois quem não se lembrará daquela <amisa que foi defendida em
uma situação qualquer pela est ola q u e esiudou
Outro fato importante a ser considerado é que os alunos
que se destacam como lideres devem exercer sua liderança o
máximo possível não só dentro da quadra, no momento do jogo,
mas também nas decisões que o professor/treinador irá tomar em
relação ao time diante da escola, ou ainda, diante da comissão que
organiza uma competição em que esse time irá participar. Fazen­
do assim o professor/treinador irá ter um excelente aliado para os
trabalhos burocráticos inerentes as essas atividades competitivas.
Tal atitude relevada pelo professor/treinador irá contribuir para a
formação do conceito de cidadania tão discutido e enfatizado
como objetivos maiores da educação escolar.
Em muitas escolas existe o horário destinado ao treinamen­
to do voleibol, contudo há, durante a semana, por exemplo, três
horas destinada a isso, e muitas categorias se apresentam para o
treinamento. Entende-se que não haverá problemas de trabalhar
ao mesmo tempo com duas ou três categorias, inclusive, podendo
ser meninas e meninos.
Essa experiência já foi vivenciada com alunos/atletas ado­
lescentes e púberes. O que pode aprender sobre isso é o fato que
adolescentes são extremamente gregários e se dão muito bem com
o sexo oposto nos treinamentos. As relações sociais do grupo são
intensificadas e cria-se a possibilidade de um maior companhei­
rismo entre todos, além de propiciar maiores ações colaborativas
de todas as partes.
É fato que existirão momentos em que a especificidade de
cada categoria se imporá, para isso o professor/treinador poderá
discutir tal fato com os alunos/atletas que sempre têm propostas
interessantes e que trazem soluções inusitadas e criativas para
a questão. Propiciar esses momentos de treinamento e relações
sociais é positivo para o fortalecimento do grupo e possibilita a
descoberta de soluções conjuntas que um time deverá executar
no momento do jogo e fora do jogo.
Quanto à fase ideal para início de treinamento buscou-se
nos estudos dos soviéticos Suvorov e Grishin (2002) o seguinte: o
período ideal para o desenvolvimento do voleibol com objetivo
da iniciação e treinamento de atletas é classificado entre 12 anos
e 19 anos. Adequando para a realidade brasileira, esta faixa etá­
ria e até 17 anos, considerando que é a idade que o aluno irá ter
quando encerrar seus estudos no Ensino Médio. Contudo, muitas
competições escolares têm estendido essas datas, possibilitando
até a idade de 18 e 19 anos, quando o aluno não passou no ves­
tibular e volta à escola para estudar nos "cursinhos preparatórios"
para vestibular.
Nesse período pode-se iniciar os trabalhos voleibolista
e desenvolvê-lo a ponto do aluno/atleta participar efetivamente
do voleibol-performance, evidentemente, integrado a um clube
ou a uma bandeira municipal, estadual ou representativa do seu
país. Isso é possível a partir de um encaminhamento do professor/
treinador após verificar que seu aluno/atleta reunia qualidades
técnicas de voleibol acima da média de seus atletas e demonstrava
interesse em se tornar um atleta de alto nível.
As discussões acima encetam para uma diferenciação
entre o treinamento de uma equipe em um clube e o treino de
voleibol em uma escola, ressaltando que não haverá uma perda
de qualidade no aprendizado porque se faz "adequações" que
atendam a demanda escolar. Essas adequações não inviabilizam
a descoberta de talentos esportivos na modalidade que poderão
se tornar futuros atletas de alto nível e, nem tão pouco, marcará
negativamente aqueles alunos/atletas que optaram para outro tipo
de vida, mas que são adeptos o torcedores do voleibol.
Observadas as considerações levantadas acima se começa
a compreender como será a metodologia de trabalho para desen­
volver a prática do treinamento de equipes de voleibol dentro do
contexto escolar, pois a edm açáo na cm ola é desenvolvida com
base em projetos com objetivos bem <l< Unidos e interdisr iplinares.
3.3 O treinamento de voleibol na escola: o quê e
como? Sugestões
Existem muitos manuais que apresentam um rol de ativi­
dades extenso para cada um dos fundamentos do jogo de vôlei
e uma série de atividades relacionadas à movimentação técnico-
tática deste jogo. No Brasil, não se percebeu bibliografias que
apresentassem elementos teórico-prático para o trabalho de vo­
leibol na e "da" escola. Esta proposta tem por objetivo apresentar
conhecimentos sistematizados a partir das práticas vivenciadas
nos treinamentos de equipes "da" escola.
A partir desta afirmação é importante destacar que para o
trabalho dos conhecimentos de vôlei "da"escola deve-se selecio­
nar somente o essencial dentre uma série de propostas apresen­
tadas nos "manuais", mencionados anteriormente e, além disso,
aproveitar elementos práticos e teóricos que se apresentam de
forma diversificada e ampla da cultura de movimentos dos alunos
e do próprio contexto social em que vivem.

3.4 Fundamentos e técnicas do jogo


Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico (1999) o signifi­
cado de fundamentos pode ser "base, alicerce" além de outros
sinônimos. Interessam no momento estes dois sinônimos para
compreender que "fundamentos do vôlei" são ações motoras
específicas e padronizadas que estruturam o desenvolvimento
do jogo de voleibol.
N a mesma obra de sinônimos, Dicionário Eletrônico Au­
rélio (1999) um dos significados de técnica é: "maneira, jeito ou
habilidade especial de executar ou fazer algo [...]". No voleibol a
técnica é o elemento que dá sustentação aos fundamentos de jogo.
Ela é representada pelas habilidades motoras dos jogadores para
executar os movimentos que definem os fundamentos.
Analisando um extenso referencial que trata da questão
dos treinamentos do voleibol foi possível levantar dados referen­
tes aos fundamentos e técnicas de forma sintetizada, já discutidas
anteriormente e reapresentadas no quadro 5.

continua
continua
I

LEVANTAMENTO
Toque

mlIff
j
Lateral
@

4cy

111s
Em suspensão

continua
continua
Variações de ataque - Largada, ataque desviado

DEFESA DE REDE
Bloqueio Simples - individual

Bloqueio Duplo e Triplo

m ü m

h v -t'ffl FF t r r — r=t
continua
3.5 Técnicas, fundamentos e preparação física
Entender esta classificação dos fundamentos do jogo é im­
portante para que o professor/treinador possa estruturar de forma
mais adequada à planificação do ensino e/ou o treinamento do
jogo de vôlei.
É importante que o professor/treinador tenha em mente ao
desenvolver os treinos de voleibol "da"escola o seguinte; todos os
fundamentos de jogo são importantes no momento do jogo, não
existe um que sobressaia sobre o outro, é fato que a harmonia
sincrônica de todos que dará bons resultados em um jogo. Evi­
dentemente os alunos e os apreciadores de vôlei valorizam mais
uma ação de "cortada" no vôlei que uma defesa "levantamento",
contudo, esse pensamento não deve tomar conta de um treino.
A classificação proposta pode sofrer pequenas variações
entre os autores que estudam e divulgam o voleibol, pois existem
várias "escolas" de voleibol no mundo, que dão diferentes carac­
terísticas à prática deste esporte. Por exemplo: os países europeus
primam por um voleibol de jogadores altos e com "pegadas" no
ataque alta, isso influencia o treinamento de bloqueio e de cortadas
fortes e altas. As escolas sul-americanas primam por um voleibol
rápido e versátil em função da baixa estatura de seus jogadores,
nesse sentido a mobilidade da defesa de quadra é mais eficaz.
Entende-se que isso ocorra somente em termos de nomen­
clatura, basicamente os fundamentos estruturais do jogo são estes
enumerados juntamente com as técnicas que são características
de cada um.
A preparação física, no voleibol "da" escola não segue o
mesmo padrão desenvolvido no voleibol do clube esportivo. Isso é
fato, pois a disponibilidade de tempo é pouca para um treinamento
físico específico. Assim, a proposta é desenvolver uma preparação
física combinada com os movimentos específicos do vôlei.
Os deslocamentos dentro do espaço de jogo são excelentes
exercícios para o desenvolvimento da destreza corporal e promove
a melhoria do desempenho de habilidades motoras específicas.
Portanto, o professor/tieinadoi poderá usar deste recurso para a
melhoria do desempenho lísí< o de seus alunos/alletas.
Esses deslocamentos podem sei trabalhados com o uso
de implementos do próprio vôlei e oulms materiais que a est ola
dispor e que sejam adequados para essa atividade, como por
exemplo, medicine-ball, aros, massas, plintos, cordas, etc., imple­
mentos que podem servir de obstáculos e/ou orientadores para os
deslocamentos em quadra. Além disso, poderá ser desenvolvido
o deslocamento sem o uso de implementos.
O professor/treinador deve estar atento para a frequência e
a intensidade do exercício, considerando as capacidades motoras
e físicas de seus alunos/atletas. As atividades podem ser realizadas
com o serviço do professor/treinador ou poderá ser usado para
fazer o serviço de servir a bola, ou o implemento usado, um alu-
no/atleta, principalmente aquele que se sobressai mais ou ainda,
aquele aluno/atleta que apresenta uma série de comportamentos
indisciplinar ou de dificuldade de relacionamento com o grupo.
É importante observar tais fatos, pois é nesta perspectiva que o
vôlei "da" escola é trabalhado.
O treinamento de "rolamentos" e "peixinhos" é oportuno
nesse momento, pois demandam uma grande energia e um grande
envolvimento de massa muscular, bem como, uma coordenação
motora apropriada. Assim, inserir técnicas desses movimentos
como forma de treinar o aspecto físico nos treinos do vôlei "da"
escola é muito oportuno.

3.6 Aquecimento e relaxamento


O aquecimento favorece

[...] a plena capacidade de rendimento cardiocircu-


latório e da musculatura e, ao mesmo tempo, para
minimizar os perigos de acidentes, o aquecimento,
no início de cada sessão de treinamento e antes
de cada competição, deve se tornar um hábito.
(DÜRRW ÀCHTER, 1984, p. 174)
É uma afirmação antiga, mas válida ainda hoje, corrobo­
rada por estudos profundos na fisiologia do esforço. Além dessa
perspectiva fisiológica, o aquecimento tem agrega em si um fa­
tor importante: o psicológico, pois é um jogo de muita precisão
de movimentos e sem a possibilidade de se concertar os erros,
principalmente, os erros individuais de cada atleta. Por exemplo,
um sacador tem oito segundos para sacar, exatamente no mo­
mento em que seu time está para fazer o "match point", toda a
responsabilidade de iniciar o rally ou finalizar o mesmo está em
suas mãos sob a pressão de um público que está torcendo a seu
favor ou contra si. Não há margem para o erro. Isso impõe uma
boa estrutura psicológica, portanto essa estrutura carece de uma
preparação prévia antes de o jogador entrar em ação.
Portanto, crê-se que esse "aquecimento" psicológico deve
ser relevante desde as categorias de base, principalmente, pois,
entende-se que é que se molda a característica psicológica de
um adulto atleta.
Além dessas questões do aquecimento, é importante que
o professor/treinador deixe claro aos alunos/atletas que o aque­
cimento segue um padrão "ritualístico", a ponto de o aluno/atleta
aquecer-se sem que o professor/treinador insista na questão. Para
que esse fato fique automatizado e autônomo deverá ser iniciado
logo nos primeiros treinos do aprendiz.
O aquecimento do aluno/atleta no vôlei segue um esquema
básico, a saber:
a) alongamentos;
b) aquecimento com bola;
c) aquecimento na rede.

Nas páginas seguintes algumas sugestões de alongamentos


ilustradas retiradas da obra de Andeison (1981) e Rocha (1982) que
devem ser associados ao fator psu ológit o o a questão ritualística
abordada acima.
Figura 3. Alongamentos interessantes para o final dos treinos ou da
competição.
Figura 4. Sugestões cie alongamento em duplas por Sérgio (1982).
Existem outras atividades de aquecimento que são indi­
cadas para o início e o final de uma atividade de voleibol. Fica a
critério do professor/treinador avaliar as condições de seus alunos/
atletas e, juntamente com os mesmos, eleger outras atividades
preparatórias e de relaxamento.
No capítulo anterior, quando foi abordada a questão sobre
aquecimento em uma aula de Educação Física Escolar, que tives­
se por conteúdo o voleibol, foi sugerida uma série de atividades
"quebra-gelo" e de relaxamento. É possível aproveitar algumas
daquelas atividades para esse fim, nesse tipo de treinamento "da"
escola. A questão relevante é que o professor/treinador deverá
insistir na importância do aquecimento e do relaxamento.
Após o aquecimento existe uma série de exercícios que
são comuns na prática de vôlei, embora não seja um padrão
preestabelecido, contudo é consenso entre treinadores e atletas
a prática do aquecimento com bola, visando o estabelecimento
ações motoras definidas pelas técnicas dos fundamentos de jogo
e pela ordem é o seguinte: toque de dedos; manchete; ataque-
defesa com deslocamentos, rolamentos e peixinhos e, finalmente
o "bate-bola" na rede.
Cabe ao professor/treinador instituir essa prática, pois nas
competições escolares, quando o aluno/atleta entra na quadra
deverá saber o que fazer. São comuns em competições escolares
os constrangimentos de muitos alunos/atletas porque não têm
desenvolvido essa prática de aquecimento. De certa forma, esse
constrangimento influencia negativamente a participação do aluno/
atleta no jogo, depondo contra a própria equipe.
É comum a escola não dispor de recursos materiais ade­
quados em quantidades suli< ientes, como, por exemplo, bolas,
inviabilizando todo e s s e "ritual" de aque< imento e relaxamento,
mas entende-se que compete .10 professor/treinador, juntamen­
te com seus alunos/atletas, que se propuseram ,1 desenvolver o
voleibol "da" escola buscai m e io s paia vlahili/ar esses recursos
básicos. São essas ações que estão fora do treinamento que dife­
renciam significativamente o treinamento de voleibol na escola e
o treinamento de voleibol no clube.

3.7 Sugestões de exercícios de fundamentos e técnicas


de jogo
As seguir uma série de movimentos que podem ser traba­
lhados dentro do espaço de jogo, descritos por figuras explicati­
vas obtidas nas obras de Guidetti ((1983), Dietrich, Dürrwáchter,
Schaller (1984), Dürrwáchter (1984), Borsari, Silva (1975)

3.7.1 Deslocamentos, rolamentos e peixinho

Figura 5. Deslocamentos corporais sem sair do lugar.

Figura 6. Deslocamentos com movimentação à frente e atrás.


Figura 7. Deslocam ento com um fundamento de jogo (Toque de
dedos).

Figura 8. Desloc amentos ã Im iti' .10 lado <<>m toque de dedos.


Figura 9. Deslocamentos combinados em grupo com um íundamen
to de jogo.

Figura 10. Exercícios de rolamento sem deslocamentos.

Figura 11. Rolamento com ataque.


Figura 12. Sequência de trabalho com a técnica do "peixinho".

Estão sendo apresentadas aqui, sugestões que podem ser


modificadas levando em conta a criatividade do professor/treina-
dor, dos alunos e a disponibilidade de tempo, espaço e recursos
materiais para tais atividades.
O treinamento do peixinho é uma ótima oportunidade para
o professor/treinador desenvolvei além das habilidades físicas e
motoras os conceitos de dlsi iplina perseverança (garra) ousadia
e a autoconfiança do aluno/atleta. São movimentos que requerem
muita concentração e disposição.

3.7.2 Saque
O saque é um fundamento de jogo decisivo, portanto
deve ser dada a este fundamento uma completa atenção no seu
treinamento. O treinamento de saque requer concentração, pre­
cisão e força.
Muitos professores/treinadores não dão a devida atenção
que este fundamento exige e muitos alunos/atletas, principalmente
aqueles que estão em fase de desenvolvimento das suas habilida­
des do voleibol, priorizam as técnicas de ataque em detrimento
do saque.
O treinamento de saque deve acontecer em todos os
treinamentos no voleibol "da" escola, não só como uma forma
de aquecimento antes do jogo, mas como um treinamento obje­
tivando ora a concentração, ora a precisão e a força necessária
para um saque potente.
O treinamento de saque deverá ser colocado nos intervalos
dos treinos dos outros fundamentos, lembrando sempre que o jogo
só acontecerá de forma harmoniosa se os sacadores colocarem a
bola em jogo, não errando o saque.
O item força nem sempre é tão importante quanto aos
itens concentração e precisão. Às vezes um saque mesmo que
por baixo pode causar a equipe adversária um grande transtorno,
nem sempre fácil de solução.
Para o de voleibol "da" escola recomendam-se para o
treinamento dois tipos de saque, a saber, o saque por baixo,
principalrnente para equipe de categorias de base e o saque por
cima nas últimas categorias das equipes escolares (juvenis). Não
há necessidade de outro tipo de saque, a menos que o jogador
tenha talento para executar, por exemplo, um saque em suspensão
(viagem ao fundo do mar).

Balanceado

Saque por baixo

Saque por cima - tipo tênis


Figura 14. Treino de saque no paredão e na quadra de jogo.

Figura 15. Treino de saque quadra de jogo - precisão e m ovim enta­


ção de jogo.
3.7.3 Recepção de saque: manchete
Atualmente a regra de vôlei é condescendente em relação
à recepção do saque, quer dizer, o atleta poderá cometer dois
toques se por ventura receber a bola de toque de dedos. Contu­
do, a técnica básica para a recepção do saque continua sendo a
"manchete", pois os saques estão potentes e precisos. Esse fator e
o fator ataque contribuíram para a criação da figura do "libero".
Em 1979 foi lançado o "manual do treinador" pela Interna­
tional Volleyball Federation, chancelado pela Confederação Brasi­
leira de Volley-Ball. Vários treinadores expressaram suas opiniões
sobre a forma de trabalhar o voleibol. Foi um estudo com bases
científicas para entender os movimentos básicos do voleibol.
Com base nesses estudos apresentados entende-se que
para manchete a ordem é o posicionamento básico dos braços,
pois deverão estarem estendidos o máximo possível juntos. A
antecipação para abordar a bola é fundamental para direcioná-la
ao lugar desejado e flexionar as pernas, preferencialmente ligeira­
mente separadas é importante para acelerar o impulso dado à bola.
O passe é o início do ataque da equipe defensora, por­
tanto deverá ser no mínimo perfeito para que o levantador possa
trabalhar bem a bola na construção do ataque. Essa ideia deve ser
trabalhada o tempo todo nos treinos de equipe, desde a mirim à
juvenil, tanto com meninas como com os meninos.
Exercícios da manchete em que o aluno/atleta deve abaixar-
se, deitar-se e deslocar-se associado ao movimento da manchete
são excelentes não só para o desenvolvimento da técnica, bem
como, para uma melhoria das suas habilidades físico-motoras.
A seguir algumas figuras ilustrativas de atividades indicadas
para o treino da nmm hote.
Figura 16. Posição de mãos e braços no momento da manchete.
Figura 18. Treino da manchete associado com movimentos de sentar,
abaixar e deslocar.
Figura 19. Treino de manchete em conjunto.
3.7.4 Levantamento: Toque de dedos
O toque de dedos no voleibol permite colocar a bola com
maior precisão no tempo e espaço desejados. Assim, esta técnica
de jogo do fundamento levantamento deve ser iniciada bem cedo
e observado no treino os detalhes mais simples, bem como os
mais complexos.
A experiência de longos anos de treinamentos de alunos/
atletas indica que o toque de dedos é dominado mais facilmente
pelas "alunas/atletas", apresentando maiores dificuldades às equi­
pes masculinas escolares.
O treino específico dessa técnica de jogo deve ser traba­
lhado em todas as categorias e, ainda, mesmo em equipe de alto
nível. Além disso, é possível por meio do treinamento do toque
de dedos associar, também, o elemento preparação física ou,
nas idades iniciais, o aprendizado motor avançado, pois além de
requerer uma movimentação intensa, requer uma combinação
extrema de movimentos de pernas e braços.
Quanto à técnica deve se observar o seguinte: o posicio­
namento das mãos e a entrada do corpo sob a bola no momento
do toque são fundamentais para a qualidade do toque dedos. No
treinamento com alunos/atletas o professor/treinador deverá insistir
com essas correções o tempo todo e proporcionar atividades que
promovam um bom aproveitamento do corpo no momento do
toque.
Outra característica marcante no treino do toque de dedos
é o posicionamento do corpo em relação à bola, pois a impulsão
que faz com que a bola suba, descrevendo a parábola do toque
é o movimento de agachar e entender as pernas como se fosse
saltar. Assim, os treinamentos devem sempre estar voltados para
essa prática de correção de movimentos, bem como, de intensa
atividade física.
Há exercícios de toque de dedos em que o aluno/atleta
deverá executar o toque e outro movimento extra qualquer, como,
por exemplo, saltar, flexionar os braços e pernas, ou ainda, exe­
cutar um movimento acrobático de deitar-se e levantar-se para
executar o toque. Esta atividade é boa para o desenvolvimento
do fundamento, bem como o desenvolvimento das habilidades
físico-motoras.
O treino de toque de dedos deve ser contextualizado em
uma situação de interação entre o conjunto de jogadores, pois
nem sempre será o levantador a executar um toque com qualidade
para uma finalização de ataque.
O treino de toque para o levantador deverá ser a parte
e ser de uma intensidade e frequência maiores que aquelas que
são organizadas para o treino da equipe. Treinamentos com bolas
diferentes e mais pesadas tais como a de basquete, ou ainda, a
medicine-ball, se tiver, é indicado para o levantador. Além disso,
o uso de um "paredão" para o treinamento individualizado do le­
vantador será ótimo para o aperfeiçoamento de seu toque de bola.
Entende-se que desde as primeiras categorias o levantador
deverá ser definido, pois se entende que o jogo de vôlei, de com­
petição, mesmo que "da" escola, a definição de um levantador é
crucial para o bom desempenho de jogadores e equipe.

F'gura 21. Posição das mãos e posições dc* contato com a bola no
toque de dedos.
Figura 22. Posicionamento do corpo no momento do toque - Flexão
de pernas e extensão dos braços.

Figura 23. Toque de dedos executados com movimentos acrobáticos.


Figura 24. Toque - deslocando à frente e se posicionando sob a bola.
Figura 25. Toque de dedos visando a precisão e ações conjuntas.
3.7.5 Ataque: a cortada e outras técnicas
Fundamentaimente no voleibol "da" escola o treino das
técnicas de ataque deve ser o mais diversificado possível, por duas
razões básicas: a) os alunos/atletas são iniciantes nas habilidades
físico-esportivas do voleibol; b) o objetivo básico do jogo é fazer
com que a finalização do rally sempre termine no piso do adver­
sário ou que o mesmo seja levado a cometer uma falta.
Um jogador que detém somente a técnica de uma "cortada"
potente não representará, efetivamente, um papel de destaque na
equipe, pois a sua capacidade de ataque é limitada e passível de
ser marcada e anulada durante um jogo. Assim, desde o início os
alunos/atletas devem ser levados a entender que o importante é
a construção do ponto baseado em suas várias habilidades indi­
viduais e técnicas de ataque, além do trabalho coletivo da equipe.
É muito importante trabalhar essas questões conceituais com os
alunos desde o início dos treinos de voleibol.
Para que o aluno/atleta assimile essa corresponsabilidade
o professor/treinador deverá voltar os treinos da equipe escolar de
voleibol sempre para análise conjunta com os jogadores construin­
do elementos novos para as formas de ataque e coloca-las em
pratica. Fazendo assim, o aluno será levado a uma maior reflexão
durante o jogo e escolherá melhor e mais efetivas formas de ataque.
Enfim, ele aprenderá a chamar a responsabilidade para si e terá
elementos de decisão bem definidos nas suas ações.
Um treinamento baseado somente na repetição poderá
possibilitar a automatização dos gestos necessário, em contra­
partida limitará o atleta somente naquela possibilidade. É com a
perspectiva de se treinar o "pensamento do time" que será ne­
cessário iniciar os treinos de ataque e, de forma alguma, perder
esse "paradigma".
As atividades ilustrativas sugeridas abaixo são comuns
como em qualquer outro "manual" «onludo deverão ser sempre
observados os princípios ressaltados a< ima
3.8 Questões básicas para ensinar e treinar o ataque
O treinamento do ataque é importante para o jogador e a
equipe, além disso, esse tipo de atividade proporciona uma grande
satisfação nos jogadores, quando os mesmos conseguem dominar
as técnicas de execução e efetivamente conseguem fazer pontos
ou dificultar o jogo para o adversário.
Mas, há que se ter cuidado no momento do desenvol­
vimento do processo de ensino ou do treino, pois, não se deve
negligenciar o trabalho de outros fundamentos em função de um
só. O jogo só se completa com todos os outros fundamentos.
Alguns livros de voleibol trazem uma série de sugestões
de aparelhos, criados para facilitar o ensino e o treino da cortada,
contudo, nas escolas percebe-se que há uma dificuldade grande
para conseguir os implementos básicos do vôlei (bola, postes,
rede, quadra demarcada, dentre outros). Contudo, há algumas
sugestões que podem ser desenvolvidas pelo professor/treinador
e pelos alunos, associados com a disciplina de Educação Artística,
onde são desenvolvidas atividades de artesanato. Mas, crê-se que
o melhor é usar cadeiras, muros, elevações que possibilitem que
se segure a bola e que o jogador possa movimentar-se fazendo o
movimento característico do ataque e treiná-lo.

3.8.1 Elementos técnicos do ataque


Os movimentos de braços devem ser explosivos e rápidos
coordenados sempre com os movimentos de saltar. As noções de
espaço e de tempo devem ser apuradas, pois são aprendizagens
motoras relevantes nesse tipo de técnica.
Os treinamentos de estudo desse movimento incluem a
colocação do corpo e da mão frente à bola, assim, devem ser
promovidas sessões de estudos que levem os alunos/atletas refle­
tirem sobre suas ações.
Figura 26. Treino de movimento da cortada a partir da posição
parada.

A abordagem realizada por uma corrida curta, não há


uma distância e nem o número de passos definidos, em função
das diferenças das físico-motoras dos alunos/atletas, portanto é
importante o professor/treinador analisar com o aluno/atleta o
seu timing para atacar a bola. Além da corrida a abordagem dos
pés é fundamental, pois os mesmos devem "cravar" no solo e
desenvolver um movimento de "mata-borrão", (figura 27 - Borsari
e Silva, 1975, p. 65)
Figura 27. Corrida e abordagens dos pés.

Os movimentos dos braços vêm de um balanço de trás à


frente para que se aumente a impulsão do salto. Em seguida, são
jogados acima e o braço que irá bater na bola é puxado em um
movimento circular a frente do corpo com uma ligeira inclinação
e rotação do corpo para o lado do braço de abordagem, (figura
28 - Borsari e Silva, 1975, p. 65).

Figura 29. Análise do movimento de corrida por outra perspectiva de


abordagem à bola.
É fato que a análise apresentada está relacionada com a
cortada e falou-se que o importante é a variação de ataque. Para
a maioria dos movimentos de ataque são necessários uma corrida
e um salto. Representa dizer que haverá uma velocidade horizon­
tal passada para uma velocidade vertical (corrida-salto). O fato
de se usar a explosão muscular para a realização do movimento,
enfatizando uma cortada ou outra variação de ataque, poderá ser
uma estratégia para confundir o adversário.
Os exercícios devem ser dinâmicos e exigirem dos alunos/
atletas uma boa dose de disposição e esforço físico, considerando
que o treinamento da condição física está implícito nos treinos
dos fundamentos, observando sempre e controlando a capacidade
física e motora desse aluno/atleta.
A seguir uma série de atividades que podem se prestar aos
treinos do ataque no voleibol.

Figura 30. Treino do movimento da cortada sem corrida e salto.


Figura 32. Treino de ataque ( om .1 rede baixa ênfase nos
movimentos de troru o e bra<,o.
Figura 34. Exercícios em conjunto alunos/atletas fazendo o serviço.
Figura 35. Exercícios de ataque .i s s í x i.idos com bloqueios.
Figura 36. Exercícios de ataque "lobe" (largndinha) associados com
outros fundamento'.
Há muitas outras formas de se treinar os movimentos de
ataque, além disso, é importante considerar a realidade dos treinos
dos alunos/atletas na escola, pois os mesmos também pesquisam
sobre esse fundamento o que possibilita ao professor/treinador
discutir a questão com os mesmos e a partir de ideias deles, siste­
matizar uma série de outros exercícios que irão enriquecer muito
o acervo motor referente a esse movimento do jogo.

3.8.2 Defesa de rede: o bloqueio


O bloqueio é uma defesa importante dentro do jogo de
voleibol. Difícil de treinar e demanda um esforço, concentração
e ritmo extremamente apurado. Essa última qualidade técnica, o
ritmo, determina se o bloqueio será efetivo ou não, portanto, o
professor treinador ao desenvolver o ensino e o treinamento de
bloqueio deverá fazê-lo tendo sempre como componente o ritmo.
A questão do ritmo envolve uma harmonia precisa entre
as intenções e o movimento do atacante. Assim, bloquear uma
bola sobre a rede vinda de ataque se assemelha ao movimento
feito por dois "bailarinos", devem ser movimentos com propósitos
diferentes, mas extremamente afinados.
Na perspectiva da aprendizagem motora é importante o
professor/treinador ficar atento para o desenvolvimento de exer­
cícios que envolvam a percepção de espaço e tempo, pois o blo-
queador deverá colocar suas mãos e seu corpo no espaço certo
e no momento certo para impedir a passagem da bola.
Além disso, é importante desde o ensino, bem como nos
primeiros treinos, o professor/treinador atentar os alunos/atletas
para a análise dos movimentos dos jogadores adversários no mo­
mento do ataque, destacando a observação nos seguintes pontos:
a) movimento de braço do ata< ante;
b) altura da pegada de bola;
c) velocidade de braço no momento da abordagem à bola;
d) potência (força e velocidade) empregada no ataque;
características criativas do atacante, etc.

Desde o início o bloqueio deverá ser treinado enfatizando


o movimento total do corpo, ou seja, a extensão dos braços no
máximo, a flexão dos punhos no momento de fechar o bloqueio,
o encaixe do quadril e a sua projeção atrás no momento de abor­
dar a bola.
Treinamento na faixa etária de 11 a 14 anos será possível
ter bons rendimentos no treinamento do bloqueio. Abaixo desta
faixa etária não é tão relevante o treino de bloqueio, pois a criança
ainda não consegue executar movimentos com precisão e que
exijam combinações de capacidades motoras mais complexas.
Insistir com treino de bloqueio nas faixas etárias inferiores à refe­
rida pode trazer dificuldades para a criança e desestimulá-la para
outras situações atraentes no voleibol.
Alguns detalhes importantes na posição dos pés no mo­
vimento do bloqueio, pois o movimento do bloqueador na rede
deve ser realizado de duas formas, a saber:
1. O corpo fica de frente para rede e a passada é lateral,
mantendo o corpo de frente para rede, colocando as
mãos fechando a extremidade da rede;

Figura 37. Bloqueio com passada lateral.


2. O corpo está de frente para rede e a passada é cruzada,
quer dizer, o bloqueador irá colocar o pé contrário ao
lado em que vai deslocar á frente, mudando a posição
do corpo, colocando-o com o ombro paralelo à rede,
deslocando-se desta forma até o ponto de realizar o
bloqueio, quando aí, deverá girar o corpo colocando-o
novamente de frente para a rede e executando o mo­
vimento de bloqueio, colocando as mãos fechando a
extremidade da rede.
Nessa perspectiva entende-se que ao se dar um treino de
bloqueio é aconselhável buscar atividades que envolvam dois
jogadores, fazendo movimentos "espelhados", por exemplo:

Figura 38. Bloqueio com passada cruzada.

Figura 39. Exercícios de deslot amento <om bola parada (estudo de


movimento).
Figura 40. Exercícios de bloqueio imitativos e agilidades acrobáticas.

3.8.3 Defesa de quadra


No voleibol, atualmente, existe o trabalho do libero que
se traduz na especificamente na especialização da defesa de qua­
dra, além do serviço para o levantamento. Isso prova o quanto é
importante se preocupar com esse fundamento de jogo. Não só
o libero deverá reunir habilidades específicas, como também os
demais jogadores.
No treinamento das técnicas de defesa de quadra é possível
associá-lo com o desenvolvimento da preparação física geral do
jogador, pois as atividades requerem esforço acentuado tanto da
capacidade aeróbia como a capacidade anaeróbia.
O trabalho de defesa em si é muito importante, pois o
professor treinador poderá atingir além dos objetivos atléticos,
objetivos de valores éticos e morais, pois uma característica pre­
dominante em defensor é a vontade de não deixar o seu time ser
invadido por uma bola atacada pelo adversário. Deve ter um alto
grau de concentração e persistência.
As técnicas básicas de defesa de quadra estão associadas à
posição de expectativa, movimentos queda na quadra e rolamen­
tos, peixinhos e um alto grau de ações reflexas. Além disso, a defesa
de quadra se aplica também no momento do saque e preparação
para o ataque da equipe, pois o saque tem se constituído como
um fundamento de ataque, e não somente a colocação da bola
em jogo, como era concebido no início do voleibol enquanto
esporte de competição.
Portanto, treinar movimentações, rolamentos, peixinhos a
partir de uma posição de expectativa é importante para garantir
um bom passe além de uma defesa do território do time.
Os movimentos essenciais para uma efetiva defesa e/ou um
passe ideal são, também apropriados para treinar a preparação
física e/ou habilidades motores dos alunos/atletas. No que diz
respeito ao treinamento da preparação física está alta demanda
de esforço físico-atlético necessário a um bom desempenho desse
fundamento. Consequentemente, essa questão implicará numa
demanda de associação de várias capacidades físicas, resultando
num alto desempenho de habilidades motoras complexas. Pela
alta exigência de esforço físico e atlético nos treinos de defesa de
quadra, aconselha colocá-los após os treinamentos que exijam
técnicas mais sutis e precisão.
I

Figura 41. Posição de expectativa na defesa e possibilidades de to­


ques na bola.

Figura 42. Técnica de defesa com rolamento.

Figura 43. Técnica de defesa de peixinho.


Figura 45. Treino cie defesa - peixinho.
Figura 46. Treino de defesa com quedas e rolamento.

Figura 47. Defesa de quadra - treinamento com ataque.


rede.

O treino de defesa de quadra não se esgota nas possibi­


lidades apresentadas. É importante reforçar a tese que o treino
de defesa de quadra é um coadjuvante na preparação física e do
desenvolvimento dos valores morais e éticos que influenciam a
vontade e a persistência da equipe frente as adversidades de uma
competição.
Entende-se que o treinamento de defesa de quadra requeira
dos seus praticantes valores volitivos intensos. Assim, c ompete ao
professor/treinador associar a questão ética, moral e psi< ológi< ,i
aos treinos de defesa, propondo discussões em treinos e asstx iadas
com disciplinas de sala do aluno, pois a vontade de realizarão e
um ótimo começo para se realizar alguma coisa na vida.
Mesmo sendo o treinamento de uma equipe de voleibol, a
ideia que move esta proposta de ensino é o fato de que na escola
o trabalho obrigatoriamente deverá ser integrado ao projeto peda­
gógico da escola e relacionar interdisciplinar e transdisciplinar com
as outras disciplinas que fazem parte do processo de educação
do aluno, nesse caso, aluno/atleta.

3.9 Fundamentos da estrutura tática do jogo

3.9.1 Entendendo o posicionamento no campo de


jogo
Ainda que se defenda o voleibol "da" escola, reduzindo
a sua complexidade, entende-se que algumas regras do esporte
internacional não podem ser modificadas no momento de uma
competição entre equipes. Especificamente, a regra do posiciona­
mento dos jogadores não deve ser alterada e deve ser trabalhada
desde o início do ensino da modalidade com os alunos/atletas.
O ensino e o treino de posicionamento requerem uma
reflexão intensa por parte dos jogadores e, o conhecimento e
domínio dessa questão possibilitarão uma melhor movimentação
dentro de quadra e a agilidade no trabalho coletivo.
O capítulo III das regras internacionais do jogo trata da
questão do posicionamento dos jogadores em quadra, ou seja, da
formatação do jogo. Esse posicionamento, de ambas as equipes,
deverá ser mantido até que "[...] a bola é golpeada pelo sacador
As posições são definidas por duas linhas compostas por
três jogadores cada uma, a linha de ataque e a linha de defesa.
Essas linhas são "paralelas" à rede. Por outro lado, a definição de
linhas perpendiculares à rede se dá pelas posições dos jogadores
da linha de ataque e seus correspondentes atrás que estão na linha
de defesa. Conforme figura 49.

A
: Perpendicular à rede

S -B -B
Paralela à rede
S -Ö J-* 1 ■

Figura 49. "Q uebra de Linha".

Ao se analisar a quebra das linhas deve existe a possibi­


lidade de então duas formas dessas linhas serem quebradas no
momento do jogo, antes que o sacador toque a bola, denominada
aqui de quebra de linha paralela à rede e quebra de linha per­
pendicular à rede. A quebra de linha paralela à rede é quando
um jogador da linha de defesa fica com o seu pé mais próximo da
linha central da quadra, que o seu "correspondente" ao lado, ou
seja, o da posição 4 com o dá posição 3. Então, essa quebra de
linha se dá entre jogadores de mesma linha no ataque e na defesa.
Por outro lado, a quebra de linha perpendicular à rede se
dá quando um jogador da linha da defesa fica com o seu pé mais
próximo da linha central da quadra que o seu correspondente à
frente, ou seja, o jogador da posição 5 está à frente do jogador da
posição 4, seu correspondente à frente.
Para ilustrar essas afirmações é importante atentar-se para o
diagrama 4 apresentado abaixo e apresentado nas regras, conforme
está nas regras internacionais de voleibol: Regras Internacionais
(2013-2016)
Esses conceitos de posicionamento em quadra devem
estar bem consolidados no pensamento do aluno/atleta para que,
o treinamento tático seja mais bem assimilado pelos mesmos e,
efetivamente, obtenha-se um melhor resultado no momento do
jogo na execução de uma ação tática do time.
-// V/ 7/
Jogador da Jogador da
I Jogador da
I linha de frente
(7
t
linha de frente I linha de trás
Jogador da
linha de trás

C’ ’0 f ',
T) r rfiré Jogador da
‘ de
linha ie frente
frc
Jogador da
linha de trás

V/ 7/ //

Correto Falta Falta

Figura 50. Determ inação das posições entre jogadores de ataque e


seus correspondentes na defesa. Fonte: CBV, 2012.

\r p c (c) R (D)
• MG)
& Correto
R
fv \
1
1
L (G)
f lU
c (o!
Falta 1

Figura 51. Determ inação das posições entre jogadores da mesma


linha. Fonte: CBV, 2012.
AC = )ogador do centro (ataque); AD jogador da direita (ataque);
AE = jogador da esquerda (ataque); DC jogador do centro (ataque);
DD = jogador da direita (ataque); DE = jogador da esquerda (ataque)
T

No Dicionário Eletrônico Aurélio (1999), buscando entender


o significado de tática, pode-se identificar, no sentido figurativo, o
seguinte: "meios postos em prática para sair-se bem de qualquer
coisa". Portanto, ao analisar este significado pela perspectiva espor­
tiva, especificamente, do voleibol, entende-se que é como serão
dispostos seis jogadores em uma quadra de 81 m2, reservando a
cada um desses jogadores 13,5 m2, para não deixar a bola cair e
tocar nesse espaço.
Além da defesa desse espaço, caberá a cada jogador atacar
a bola fazendo com que a mesmo toque em um espaço seme­
lhante e defendido pelo adversário, tendo como elemento natural
e divisor desses espaços, a rede, por onde a bola irá ultrapassar
delimitado um espaço de cruzamento de 9m de comprimento,
por duas antenas.
Qualquer "meio" técnico-esportivo que não contrarie as
regras do jogo e não prejudique a integridade física, ética e moral
do adversário, deverá ser desenvolvido para se obter o sucesso
na conquista do ponto.
Para se chegar a uma "tática de jogo" perfeita, não é neces­
sário somente um treinamento repetido de fundamentos e técnicas,
mas um entendimento social, emocional e um espírito coletivo
de vencer os obstáculos que se apresentam durante uma partida,
apesar de que, para Baacke, ex-presidente da FIVB na década de
70 em Manual do Treinador (1979, cap. 11, p. 01),

A tática de uma equipe não pode ser mais eficiente


que as habilidades individuais dos jogadores [...]
O melhor é jogar num sistema simples, com boas
habilidades individuais, do que jogar de maneira
complicada e com pouca habilidade técnica.

Ao se trabalhar o voleibol "da" escola, essas questões de


cunho de interações ente jogadores e "vitória e derrota", o profes-
sor/treinador deverá dar uma especial atenção, pois até o final da
formação do aluno, na escola, o mesmo ainda está em processo
de desenvolvimento educacional. Isso representa dizer que será
decisivo na sua visão e ação tática no jogo.
Neste sentido, pode-se afirmar que o treino do voleibol
caminha para duas modalidades de treino fundamentais: a técnica
dos fundamentos e a tática de jogo. Analisando esta afirmação
pode-se deduzir que isso é muito óbvio, contudo, dentro da escola,
e considerando o voleibol "da"escola, as variáveis que interferem
durante os treinos, referendados acima, deverá ser agregado às mo­
dalidades de treino, a aprendizagem motora básica, a preparação
física, o prazer do lúdico, a compreensão do processo inclusivo,
ou seja, todos têm o direito de participar.
Pensando assim, o sentido de treinar técnica e tática de
voleibol "da" escola começa a tomar outro rumo, diferente daque­
les treinamentos do voleibol performance, voltados somente para
a perspectiva de competição. Assim, pautar pelo que é essencial
é prudente e, possivelmente, poderá determinar uma dinâmica
agradável e com resultados positivos, na perspectiva da escola.

3.9.2 Sistemas de jogo adequados para o vôlei "da"


escola
Para o desenvolvimento de uma tática de jogo o professor/
treinador precisará definir o sistema de jogo que a equipe irá ado­
tar e trabalhar. Por sistema de jogo Brunoro (198-, p. 122) define
o seguinte:
Cortadores 2 3 4 5 6
Levantadores 4 3 5 1 0

Sistema é a maneira pela qual uma equipe jogo.


Os sistemas devem ser escolhidos de acordo com
as qualidades individuais dos jogadores, nível do
voleibol pratit ado e pretensões táticas. Deverá par­
tir do mais simples <\ juntamente com a evolução
técnica, promover .i evolução tática. Os tipos de
sistemas são: 2x4. tx l 4x2. Sxl. 6x0."
Apresentamos abaixo quadro com elementos conceituais
•essenciais ao treinamento tático do voleibol "da" escola que
levem ser considerados pelo professor/treinador para a elaboração
le seu planejamento de trabalho.

TATICA CONCEITO
É a distribuição dos jogadores no
espaço de jogo com o objetivo
Formação da estrutura de uma
de defendê-lo de bolas vindas da
equipe: SISTEMA DE JOGO
quadra adversária, e para estrutura­
Ex.: 5:1
ção de um ataque contra a quadra
adversária.

QUESTÕES PRÁTICAS
• Sistema de Jogo 5:1 - constituído por cinco jogadores atacantes
e um jogador levantador.
• Sistema de jogo 4:2 - constituído por quatro jogadores atacantes
e um jogador levantador.
OBSERVAÇÕES: Basicamente ao se trabalhar voleibol na escola
o professor treinador dispõe desses dois sistemas de jogo, mesmo
considerando que há variações nas estruturas de ambos, como por
exemplo:
a) em função da ação do libero;
b) as possibilidades de "infiltração" e "troca" do levantador em
relação aos jogadores que estão no ataque.
Quadro 6. Quadro conceituai dos sistemas de jogos essenciais
ao voleibol "da" escola.
A escolha de dois sistemas justifica em função do tempo
disponível reservado para o treinamento de equipes "da" escola.
Basicamente, o sistema de jogo 4:2 se aplica às equipes na ca­
tegoria mirim, na infantil e na infanto (feminino). Para as equipes
nas categorias infanto (14-15 anos) (masculino), juvenil (16-17anos)
(feminino) e juvenil (masculino) é possível o trabalho de equipe
no sistema de jogo 5:1.
Definir um sistema de jogo e discuti-lo com os alunos/atle-
tas é importante, pois faz com que eles se interessem mais pelas
técnicas e táticas do jogo, bem como, desenvolve o "pensamento
do time", ou seja, os alunos atletas começam a jogar em conjunto
em busca de um objetivo definido e comum.
Indiretamente, outros objetivos são alcançados relaciona­
dos às atitudes éticas, morais e socioculturais do aluno/cidadão,
pois o fato de "objetivar" competição e, se relacionar com a vitória
e a derrota reforça muitos aspectos positivos de sua personalidade.
Evidentemente, compete ao professor/treinador em conjunto com
pais e a escola conduzir esse processo para o lado positivo da vida.
Enfim, começar a pensar a respeito do que fazer e como
fazer na quadra, colocando em prática todas as técnicas treinadas
é fundamental para o jovem aluno/atleta.
Os sistemas de jogo indicados para serem trabalhados na
escola devem ser estudados e executados observando o treina­
mento nas seguintes passagens (Figura 51):
Essas formações básicas determinam como a equipe irá
jogar no sistema de jogo 5:1. Os alunos/atletas devem estudar os
movimentos desta formação, principalmente aquele aluno/atleta
que for definido como "levantador".
1a passagem 2a passagem

A\ \

------------------------------ \ A A
A
A A à A A
I

3a passagem 4a passagem
-

Ar "
A A
A A
i i
5a passagem 6a passagem

'" " A
A
A
A A A

Figura 51. Formações Imm<a*. no sistema de jogo 5:1.


1“ passagem 2a passagem

Figura 52. Formações básicas no sistema de jogo 4:2 sem infiltração.


1a passagem 2a passagem

Figura 53. Formações básicas no sistema cie jogo 4:2 com infiltração.

O b se rv a çõ e s:
• Na formação 4:2 há somente uma "troca" entre os jo­
gadores levantadores que estão posicionados na "zona
de ataque".
• Não justifica usar este sistema de jogo com a "infiltra­
ção", do jogador levantador que esta na "zona de defesa"
para realizar o levantamento. Se necessário a infiltração
é mais adequado o sistema de jogo 5:1.
Essa possibilidade poderá existir quando a equipe tem dois
levantadores/atacantes e não dispõe de outros atacantes de rede.
A definição de um sistema de jogo para equipe depende,
como já foi mencionado, do potencial individual de cada jogador.
Além disso, por se tratar da prática de voleibol dentro do contexto
escolar, que impõem limitações é importante considerar que não
cabe sofisticação e sim o contrário, simplicidade e objetividade.
Ao afirmar assim, não se quer dizer que a vitória deve ser
buscada a qualquer custo, mas sim o processo que se desenvolve
para a busca da vitória ou da "luta" na competição é que importa.
A partir dessa busca sistematizada e estruturada com a participa­
ção total do aluno/atleta, o voleibol praticado na escola, sob os
códigos da escola servirá de meio para a educação do aluno/atleta.
Essa ideia deve ser a bandeira do professor/treinador quando está
ministrando os treinos de vôlei "c/a" escola.

3.9.3 O treinamento tático


Como fazer o treinamento do conjunto do time? Como
explorar ao máximo a dimensão do trabalho coletivo do time?
Não há uma regra para esse tipo de treinamento. Entende-se que
é após uma análise detalhada das potencialidades e depois de
muito diálogo com os alunos que o professor treinador poderá
sistematizar um treinamento.
Basicamente um treinamento tático segue alguns princípios
básicos:
1. Trabalho em equipe;
2. Decisões conjuntas;
3. Amplo conhecimento das características individuais
de cada um;
4. Noção exata de como explorar as <aracterísticas in­
dividuais dos alunos/atletas nos jogos que a equipe
participar.
Portanto, ao se estruturar um treino o protessor/treinador
não deverá buscar simplesmente atividades contidas nos manuais
de vôlei, mas analisar que forma melhor deve conduzir seus treinos
a partir de que a sua equipe pode lhe dar. O quadro abaixo indica
uma série de situações possíveis que podem virar atividades de
treinamento e cabe a todas as equipes:

QUESTÕES
ATIVIDADES
BÁSICAS
Conjunto • Treinamento técnicas de fundamentos priorizando
o conjunto (toque, manchete, cortada, etc.).
• Criar situações nas atividades em que um jogador
dependerá da habilidade do outro para realizar
a sua.
• Criar situações em que o jogador dependerá do
conhecimento da regra para realizá-la
Fundamentos Troca de funções:
de jogo • Levantador treina ataque;
• Atacante treina levantamento;
• Libero (se for o caso) treina ataque e levantamen­
to e jogadores atacantes e levantadores treinam
função do libero.
• Treinamento do "segundo toque" todos devem
saber para onde e como levantar a segunda bola
se o levantador não chegar a tempo para isso;
Identificação Em conjunto os jogadores discutem suas potencia­
de caracterís­ lidades e o que pode ser e como deve ser aprovei­
ticas in d ivi­ tada sua melhor característica. Além disso, como
duais esconder, no momento do jogo uma característica
ruim a desempenho da equipe.
Os problemas Abrir um momento para so( iali/ação de problemas,
do jogador sobretudo aqueles rela< ionados á escola e o aluno/
atleta.
continua
Organização Esta questão deverá ser um problema para equipe
técnico-admi­ resolver, não deve ser somente da escola ou do
nistrativa do professor/treinador:
time • Como conseguir os uniformes da equipe;
• Participação de alunos/atletas nos congressos
técnicos das competições escolares.
• Definição do "plantei" que irá disputar os jogos.
• Encontros sociais e festivos das equipes de vôlei
da escola.
Quadro 7. Referenciais para o treinamento tático.

Além dessas questões e atividades levantadas no quadro


acima poderão existir várias outras que o professor/treinador deverá
dar um encaminhamento. É importante lembrar que o professor/
treinador não deve simplesmente aplicar uma série de atividades
com fins em si mesmas, pois caso isso aconteça crê-se que o
voleibol não será o voleibol "da" escola, mas sim o voleibol in­
ternacional determinante praticado em um contexto no qual não
acontecerá plenamente.
Não há muito que se discutir sobre as táticas do vôlei pra­
ticado na e para a escola, pois cabe ao professor/treinador e aos
alunos/atletas conhecê-lo como esporte de alto nível e fazer todas
aquelas adequações possíveis para a escola sem que se perca a
emoção de sua prática e que essa prática possa proporcionar para
o aluno/atleta a Educabilidade da sua condição humana, pautada
em princípios sadios e úteis para sua vida.

3.9.4 Jogadas possíveis


O movimento do jogo de voleibol é a parte mais difícil de
treinar, pois requer um movimento de vai e vem em direção à rede
de todos os jogadores de forma sincrônica, exigindo muita atenção
de todos e percepção das jogadas do adversário. O treinamento
ideal para esse tipo de movimentação é somente o jogo. Pode-se
fazer o jogo da seguinte forma:
a. Uma equipe somente saca e defende;
b. Os saques devem ser fáceis, pois o que interessa é o
treinamento do movimento de jogo;
c. Analisar as jogadas de defesa e de ataque a cada rally
para corrigir possíveis deficiências em função das falhas
individuais dos jogadores;
d. Explorar a flexibilidade das regras em todas as ações e
passagens do rodízio.

Essa movimentação acontece em quatro momentos dis­


tintos dentro do jogo:
a. Colocação da bola em jogo;
b. Recepção do saque, armação do ataque e ataque;
c. Armação da defesa de rede e defesa de quadra;
d. Armação do contra-ataque.

Na p rim e ira identificar os melhores sacadores para que


possa usá-los estrategicamente durante o jogo e a disposição dos
jogadores na quadra. Em caso de equipes de categorias iniciais,
esse é um fundamento decisivo.
Na segu n d a é importante a definição clara do sistema de
jogo (5:1 ou 4:2 mais usados principalmente em equipes iniciantes)
e a partir de então, como será a movimentação de cada jogador
em todas os seis (6) rodízios da equipe. Treinar essa questão só
possível colocando a equipe em quadra e verificar em cada uma
das passagens o que é positivo o que é negativo e como organizar.
Questões a ser verificadas e treinarias:
• O time deverá estar sempre <onr entrado e ser rápido
e objetivo em se posir ionar dentro da quadra;
• Identificar se o time faz a recepção do saque com um
número maior de jogadores ou com um número me­
nor, por exemplo: receber com três ou com cinco (5)
jogadores, dependendo onde o levantador se encontra;
• Qual é a passagem em que o saque adversário faz mais
ponto;
• Quais as bolas de ataque são mais efetivas e definidoras
no momento do ataque;
• Treinar sempre com a seguinte perspectiva: "não existe
aquela bola vinda da equipe adversária que não seja
possível a construção de um contra-ataque!"

Treinar jogadas de ataque nas equipes escolares se aplica


mais às equipes juvenis, pois se entende que para o acontecimento
efetivo de uma jogada, o nível técnico dos jogadores deverá estar
bem aprimorado. Não se deve dizer que esse treinamento não
acontecerá em equipes de categorias inferiores às juvenis, contudo,
deve ser tem em conta que treinar jogadas demanda tempo e nos
treinamentos escolares o tempo para treinamento é muito pouc o.
Adolfo Guilherme (1979) cita em seu livro a história destas
duas jogadas a seguir, destacando que foram jogadas desenvol­
vidas pela equipe Russa em 1957, nos Jogos Mundiais Universi­
tários, realizados em Paris. Os atletas da seleção brasileira, após
ver os Russos jogando dessa forma colocaram em prática no jogo
seguinte e o capitão da equipe brasileira denominou as jogadas
de "micorética" e "desmicorética", simplificados atualmente por
"mico" e "desmico.
Entende-se que são jogadas elementares possíveis de se
treinar nas equipes juvenis. Inicialmente treina-se a movimenta­
ção de cada um dos participantes e à medida que vai evoluindo
o aprimoramento do "tempo de bola", passa-se para o treino em
conjunto e posteriormente o treino contextualizado numa ação
de jogo. A partir destas jogadas pode se criar várias outras, con-
tudo, para o voleibol "da" escola, devido à limitação do tempo,
é importante limitar o número de treinos de jogadas, priorizando
aquelas mais simples e objetivas.

Figura 54. Jogadas de ataque básicas no voleibol.

Na te rce ira questão o professor/treinador juntamente com


os alunos/atletas deverá observar o seguinte: "uma vez que se
realizou o ataque o time está na defesa". Parece muito simples
esta questão, pois é muito óbvia, contudo ao se treinar voleibol
"da" escola tem que se ter em mente que crianças e adolescentes
estão em fase de desenvolvimento de suas características "volitivas",
e em muitos casos ela desiste prematuramente e muito facilmente.
Entende-se que as características que marcam o treino
da defesa no voleibol são os aspectos da vontade (volitivos). É
a vontade de realização que move a ação de concentração, do
peixinho, do rolamento e da coragem de se colocar na frente de
um forte ataque adversário. Estas ações demandam muito esforço,
explosão e dedicação a uma causa.
Bloqueio: entrada de rede. Bloqueio: meio de rede.

Bloqueio: saída de rede.

Figura 55. Posicionamento da defesa em função do ataque


adversário.
Os manuais de voleibol indicam como referência para
se treinar a defesa de quadra o que denominam de "sombra do
bloqueio". Entretanto, para o aluno/atleta é mais interessante ter
como referência pontos concretos para que ele localize o seu
posicionamento na quadra. Assim, é interessante estar próximo da
linha diagonal que se estabelece entre o final ou início da rede e
os cruzamentos das linhas demarcatórias da quadra de jogo. Isso
facilita sua orientação e movimentação no momento da defesa,
considerando que o jogador sempre tem as linhas demarcatórias
como referências para suas jogadas de ataque.
Na q u arta questão, armação do contra-ataque, é impor­
tante que o levantador já tenha indicado aos atacantes qual será
a jogada eleita e quais as jogadas secundárias possíveis. Imedia­
tamente os jogadores de defesa devem se dirigir para a cobertura
de ataque.
O jogo de voleibol é um jogo que carece de muita concen­
tração e, normalmente, segue um padrão bem definido, ou seja,
um jogador detém certas características de ataque ou defesa que
sempre se repetem. Assim, deve-se dar muita atenção ao contra-
-ataque, buscando sempre jogada treinada, mas ressaltando as
características criativas dos atacantes.
Isso é importante porque a defesa adversária, provavel­
mente, terá em mente qual é o tipo de ação possível de quem está
contra-atacando, e automaticamente, estabelecerá uma posição
de expectativa fundamentada nessas características do atacante. A
imprevisibilidade do atacante é o sucesso da jogada. Trocar uma
"pancada" por uma "largada", uma batida com um giro de corpo,
deslocando a bola para outra posição na quadra, etc.
O b se rv a çõ e s:

• No sistema de jogo 5:1 e no 4:2 com infiltração, o


levantador deverá entrar para levantar sempre pela
saída de rede, portanto quando se ele estiver no fundo
de quadra, nas posições 6 e 5, deverá haver uma troca
de posições para que ele vá para a posição I . Essa
troca é realizada no momento do saque da equipe do
levantador e no momento após a armação do ataque
de sua equipe.
• No sistema de jogo 4:2 simples haverá apenas a troca
de posições entre os jogadores de rede, para que o
levantador posicione, mais ou menos, entre o meio
da rede e a saída da rede. Essa posição não é deter­
minante, mas um referencial para a construção de
jogadas de ataque possibilitando o espaço livre entre
a entrada da rede e o meio da rede.

Analisar e treinar tais circunstâncias fará com os alunos/


atletas se interessem mais pelos conhecimentos das regras e ex­
plore o máximo a flexibilidade dessas regras. Além do mais, refletir
e treinar assim possibilita o exercício do "pensamento do time"
para soluções possíveis respeitando as características individuais
de cada um.
As opções de se treinar taticamente não se encerram nes­
tes simples comentários e esboços gráficos. Existem infindáveis
possibilidades de se montar treinamentos táticos, entretanto por
ser o voleibol "da" escola o treino deve ser encarado com muita
reflexão sobre os aspectos técnicos e táticos e como isso poderá
influenciar na vida social do aluno/atleta.
Estabelecendo essas reflexões nos treinos táticos o profes-
sor/treinador terá não só uma equipe de voleibol, mas companhei­
ros que estão objetivando conjuntamente defender socialmente o
seu espaço, o seu esforço e, a possibilidade de se expressar pelo
vôlei, buscando um sentido para a prática e disputa saudável deste
jogo maravilhoso que é o voleibol.
4. ANEXOS
Neste anexo pretende-se abordar o voleibol pelo paradig­
ma da "informação", pois com o crescente poder da informatização,
seja pela internet e outras mídias, as teorias que fundamentam o
jogo de voleibol crescem rapidamente e é de fácil acesso para
qualquer cidadão comum no mundo todo.
Inicialmente ao se falar sobre registro não está se queren­
do afirmar que é uma ação aplicável somente ao voleibol "da"
escola, mas, em todos os espaços pedagógicos que o profissional
da Educação Física irá atuar.
Destacar a questão da mídia apoia-se no fato que desde a
década de 1980 que o voleibol cresce em grande escala no Brasil.
O fato é tão verdadeiro, que nos últimos campeonatos mundiais
ambas as equipes, masculina e feminina, classificaram para as
últimas olimpíadas. Entende-se que todo esse sucesso, como já
foi mencionado anteriormente, no início deste livro, é fruto de um
trabalho de marketing muito bem elaborado pela Confederação
Brasileira de Voleibol e a facilidade de acesso a esse trabalho da
Confederação Brasileira de Voleibol.
Portanto, é a partir de vários tipos de mídias que será
possível fomentar pesquisas sobre esse esporte, principalmente
no momento em que o mesmo está relacionado ao espaço edu­
cacional escolar. As pesquisas podem ser realizadas tanto pelo
professor, proíessor/treinador quanto pelo alunos e alunos/atletas.
Outro aspecto importante é que todas as abordagens tra­
balhistas profissionais requerem a elaboração de um projeto de
ação no contexto em que se desenvolve. Não há como trabalhar
sem um planejamento prévio com perspectivas de futuro.
No contexto escolar isso não é diferente, pois todas as
ações na unidade escolar redundam da execução de um projeto
pedagógico, que leva em seu conteúdo uma série de programas e
subprojetos advindos dos vários componentes curriculares, dentre
eles, a Educação Física Escolar.
Neste anexo pretende-se abordar essas três questões de
forma simples para propk iat um modelo, a partir do qual profes­
sores e alunos da Educação I ísi< a I scolar e aficionados do vôlei
possam ampliar seus conher imentos e suas habilidades motoras.

4.1 O registro
Registrar as atividades desenvolvidas e comentar os resulta­
dos do treinamento todo final de treino e/ou aula é uma condição
sine qua non. Entende-se que nenhum profissional é dotado de um
"disco rígido" no qual possa armazenar dados e posteriormente
recorrer a eles para avaliar o trabalho de dias, semanas e meses.
Contudo, é importante o professor/treinador estar por dentro de
tudo que passa nos seus treinos e aulas e constantemente reava­
liando os objetivos de trabalho e buscando novos caminhos para
o sucesso dos alunos/atletas.
É comum que os professores/treinadores de escolas minis­
trem aulas em vários lugares, trabalhando o voleibol em várias cate­
gorias e, para cada um desses espaços pedagógicos há a exigência
de ações diferenciadas. Assim, uma vez registrado as ocorrências,
positivas e/ou negativas, essas anotações servirão sempre de base
para orientar o seu planejamento do treino ou da aula seguinte.
Outra característica positiva no registro é o que o profes­
sor precisa saber de dados pessoais de seus alunos/atletas para
que as fichas de inscrição de jogos escolares sejam preenchidas.
Além disto, é bom ter no registro endereços e telefone, se tiverem
dos seus alunos/atletas, para que possa comunicar com pais ou
responsáveis possíveis questões que poderão ser significativas na
formação do aluno.
Os grandes times de clubes, geralmente, usam laptops com
softwares de scouts de última geração para um acompanhamento
acurado do desempenho de suas equipes. Diferentemente, na
escola, o professor/treinador precisará de um simples caderno,
ou desenvolver uma ficha de registro para o acornpanhamento
das atividades de seus times. O registro nesse caso deve ser de
forma simples, buscando a essencialidade dos acontecimentos
e as ideias que podem ser viabilizadas nos treinos seguintes a
partir da observação do professor/treinador e das observações
dos alunos/atletas.
A sofisticação nos registros e nos resultados obtidos a partir
desses, é inevitável quando o professor/treinador inicia e mantém
sempre essa metodologia. Além desse progresso, possível de
acontecer, ocorre também uma confiança maior em estar sempre
voltado para o planejamento anual ou com uma perspeC(jva m a js
longa, visando realmente o início da formação de possíveis atletas
de alto rendimento a partir da escola.
O ato de registrar os acontecimentos promove as discussões
sérias e embasadas entre professor/treinador e alunos/atletas bem
como, com a direção e/ou colegiado da escola. E a partir dessas
discussões que se poderá mudar, as vezes, aquela impressão
negativa que existe na escola relacionada com outras disciplinas
do currículo do aluno/atleta. Argumentos sólidos, comprovados,
são importantes para tratar muitas questões na escola e manter a
efetividade de treinamentos de equipe.
É importante reafirmar que o fato de manter um registro
de acontecimentos e ideias nas e nos treinos, não excluí o plane­
jamento de ensino e/ou de treinamento que o professor deverá
desenvolver. A ação de planejar é muito importante e decisiva
no sucesso das aulas e de uma equipe de voleibol. Planejar não
significa colocar ações a serem desenvolvidas dentro de lima cai­
xa que não permite mudanças e exc lusão de propostas contídas
no planejamento. Um planejamento de ações deverá^ flexível
e adaptável às condições que se impõem ao longo ano fje
treinamento.
É nesse sentido que o registro se torna iniportarite, pois
ele poderá dar ao planejamento a flexibilidade no<(>ssária com
argumentos concretos das vivênc ias ocorridas ao longo(|<> ,mo
Entende-se que a forma de se fazer um scout no voleibol
a" escola é uma abordagem simples, mas que demanda uma
gularidade precisa do professor/treinador e uma persistência
cansável, acreditando sempre que resultados positivos para o
om desenvolvimento do vôlei, está fundamentado nessa questão.
Atualmente as redes sociais são um ótimo veículo para
ivulgação do trabalho da escola, do atleta escolar e do professor/
einador. Além disso, os smartphones possibilitam uma enorme
jriedade de formas de se fazer registros (fotos, diários, anotações,
attware de edição, etc.) que podem ser disponibilizados online,
m tempo real no momento de treinos e jogos.

1.2 Projetos de ação para o voleibol "da" escola


Para o desenvolvimento do voleibol "da"escola, principal-
nente, no treinamento de equipe será necessária a elaboração de
im projeto de ação, pois só assim haverá uma efetividade maior
10 trabalho e um desempenho de qualidade melhor. A seguir, um
exemplo de um projeto "básico", para esse fim:

1.2.1 Justificativa
Desde o ano de 2000, o Colégio Liceu Albert Eistem, em
Uberaba-MG vem participando de jogos escolares. A princípio, a
participação nessas competições deveu-se ao interesse dos alu­
nos e a disposição do professor de Educação Física, dessa escola.
Contudo, em 2002, houve uma participação significativa da escola
em duas competições e os resultados esportivos e educacionais
foram expressivos resultando em troféus e o despontar de lide­
ranças estudantis.
Outro fato significativo que deve ser destacado é forma
diferenciada do desenvolvimento (la I du< ação Física Escolar no
Liceu Albert Eistem, pois é o aluno elege a sua prática de atividade
física que, não é imposta pela escola, mas muito incentivada pela
Direção Escolar.
Assim, considerando tais questões, relevantes para este
projeto, entende-se que o esporte escolar de competição deve
ser dinamizado nesse estabelecimento de ensino, especificamente,
o voleibol em todas as categorias masculinas e femininas, além
de gincanas e eventos esportivos internos, envolvendo outras
modalidades e outros conteúdos da Educação Física Escolar que
promovam a participação de todos os alunos, jogando, torcen­
do, organizando eventos e demonstrando princípios básicos de
cidadania na arrecadação de alimentos para entidades sociais de
apoio aos mais carentes.
Justifica, portanto, a dinamização do voleibol nesse espa­
ço escolar, pois se entende que tal atividade além de promover
a participação de alunos em diferentes momentos e diferentes
ações, possibilita a divulgação do bom trabalho educacional que
essa escola vem promovendo em Uberaba.

4.2.2 Objetivo
Adequar e dinamizar treinamentos do voleibol esportivo
escolar a fim de participar dos Jogos das Escolas Particulares de
Uberaba em 2003.

4.2.3 Plano de Ação


Em princípio todos os alunos, das diversas categorias, têm
direito à prática do voleibol. À medida que os trabalhos forem se
intensificando escolhemos alguns alunos que detêm um potencial
maior para treinamento de equipe.
Os alunos que forem escolhidos continuaram a participar
das atividades de voleibol com o objetivo de melhorias de suas
habilidades específicas nessa modalidade, associadas a outros
lovimentos importantes para o desenvolvimento motor, afetivo
cognitivo desse aluno.
Os treinamentos serão mistos e com todas as categorias.
;so é para aproveitar ao máximo o horário destinado aos treina-
nentos de voleibol.
A mobilização de alunos-atletas para a composição das
‘quipes ficará a cargo dos líderes estudantis atletas. Além disso, tais
íderes-esportivos serão responsáveis para organização do material
isado para treinos e eventos em que participarem durante este ano.
Para o desenvolvimento do "treinamento esportivo escolar"
•erão necessários dois dias na semana (quintas-feiras e sextas-fei­
as), reservados em uma quadra terceirizada nos horários da 14h
is 17h, nos dois dias, perfazendo um total de 6h de treinamento:
Q UINTA-FEIRA SEXTA - FEIRA
• Infanto-juvenil feminino e • Mirim feminino e masculino
masculino (87-88) (89-90)
• juvenil masculino e feminino • Infantil feminino e masculino
(86-85) (91-92)

4.2.4 Custos
Realizou-se uma cotação de preços dos materiais necessá­
rios ao desenvolvimento das atividades, tomando por referência
duas lojas de Uberaba: Alves Esportes e T.A. Malhas.
É importante destacar que a confecção dos uniformes
poderá ser em conjunto com os alunos, pois assim não haverá a
preocupação com a perda do uniforme já que esse pertence ao
aluno/atleta.
RECURSOS MATERIAIS VALOR - R$
Bolas de vôlei (Marca Penalty) MG 3.000
433,50
(R$ 28,90)
Aluguel da Quadra durante o ano 1.600,00
Uniforme masculino - vôlei (R$ 12,90) 154,80
Uniforme Feminino - Vôlei (R$ 12,90) 154,80
TO TAL 2.343,00

RECURSOS HUMANOS VALOR


Nesta questão só será possível o
aumento do número de aulas em
Professor de Educação Física
função do aumento do número de
08 aulas
alunos, além do que, necessaria­
mente este fato iria acontecer.

4.2.5 Avaliação, controle e acompanhamento


Este projeto será desenvolvido pela área da Educação Física
Escolar do Colégio Liceu Albert Eistem, sob a responsabilidade
do Professor Dr. Luiz Antônio Silva Campos. O controle e acom­
panhamento serão de responsabilidade da direção dessa escola,
representada pelo seu diretor.
A avaliação será realizada em dois momentos: o primeiro
será no final do primeiro semestre de 2003, a fim de diagnosticar
a participação dos alunos. Os critérios nessa fase da avaliação
serão jogos amistosos e reuniões com os alunos a fim de levantar
dados para análise.
O segundo momento da avaliação será ao final de 2003,
tendo como critérios os resultados da primeira avaliação e o de­
sempenho das equipes nos jogos das os( olas parlic ularos.
O registro das atividades desenvolvidas será de funda­
mental importância, além do parecer dos alunos e dos resultados
de desempenhos.

4.3 Sites interessantes de voleibol


Acessar e pesquisar em sites sobre voleibol poderá facilitar
aos professores e alunos "internautas" orientações para treinos,
regras de voleibol, artigos que fazem uma reflexão sobre voleibol,
planilhas de treinamentos, planejamento de várias escolas, súmulas,
orientações para arbitragem, promoção de eventos da modalidade,
dentre vários outros itens.
Existe um menu variado de sites de vôlei é para possibilitar
ao professor e ao proíessor/treinador, bem corno, alunos e alunos/
atletas em pesquisas sobre o esse conteúdo, para que possa orien­
tá-los na sua prática cotidiana. Além disso, atualmente, é fato que,
tanto professores e alunos dos vários sistemas de ensino (particular,
municipal, estadual e federal) têm acesso, de alguma forma, à
internet. Portanto, é possível obter recursos teóricos importantes
para a programação e execução do voleibol "da" escola.
Alguns critérios devem ser seguidos para acessar sites de
buscas e sites com informação sobre vôlei. Há buscadores como
http://www.google.com.br e outros que podem trazer informações
mais generalizadas sobre o tema.
Por outro lado, no buscador http://scholar.google.com.br/
(google acadêmico) é possível encontrar estudos teóricos produ­
zidos a partir de pesquisas e estudos mais aprofundados sobre
o tema em grupos de pesquisa das universidade e programas de
pós graduação. Para a busca nota-se que a denominação de vôlei
pode ser escrita das seguintes formas:
• Voleibol; volibol, voleybal, volley-ball.
Não se encontrou informações diferentes em pesquisa em
sites, mas é importante essa variação de palavras, pois poderá
atender a um outro internauta com outros objetivos.
O que escrever para buscar uma página sobre o tema:
• Links em artigos sobre tema online
• História do vôlei
• Artigos sobre o voleibol
• Federações e Confederações de países que têm sobe­
rania no vôlei.
• Recursos técnicos: regras, súmulas, exemplos de formu­
lários, dentre outros.
• Volley bali vídeos.

É fato que com esse tipo de pesquisa o aluno/atleta poderá


enriquecer conhecimentos sobre o tema e além disso despertar
para melhoria de seu potencial técnico-tático na prática do vo­
leibol. Considerando que o voleibol ensinado na escola deverá
possibilitar ao aluno autonomia sobre o domínio dos esportes,
nesse caso o vôlei, essas pesquisas podem consolidar uma apren­
dizagem efetiva e autônoma para sua vida futura.
5 REFERÊNCIAS
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Anotações

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