Fisica Regular Aluno Autoregulada 1s 1b
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Aluno
Caderno de Atividades
Pedagógicas de
Aprendizagem
Autorregulada – 01
1a Série | 1° Bimestre
Habilidades Associadas
1. Reconhecer a importância da Física Aristotélica e sua influência exercida sobre o pensamento
ocidental, desde o seu surgimento até a publicação dos trabalhos de Isaac Newton;
2. Saber comparar as ideias do Universo geoestático de Aristóteles-Ptolomeu e heliostático de
Copérnico-Galileu-Kepler;
2
Caro aluno,
Neste caderno você encontrará atividades diretamente relacionadas a algumas
habilidades e competências do 1° Bimestre do Currículo Mínimo de Física da 1ª Série do
Ensino Médio. Estas atividades correspondem aos estudos durante o período de um
mês.
A nossa proposta é que você, Aluno, desenvolva estas Atividades de forma
autônoma, com o suporte pedagógico eventual de um professor, que mediará as trocas
de conhecimentos, reflexões, dúvidas e questionamentos que venham a surgir no
percurso. Esta é uma ótima oportunidade para você desenvolver a disciplina e
independência indispensáveis ao sucesso na vida pessoal e profissional no mundo do
conhecimento do século XXI.
Neste Caderno de Atividades, vamos aprender sobre a passagem do geocêntrico
para o modelo heliocêntrico! Na primeira parte deste caderno você vai estudar sobre os
modelos geocêntricos de Aristóteles e Ptolomeu. Na segunda parte, você estudará a
proposta heliocêntrica de Nicolau Copérnico e as leis de Kepler. E na terceira parte, você
estudará sobre a controvérsia científica e religiosa da passagem do modelo geocêntrico
para o heliocêntrico e as contribuições de Galileu Galilei para a resolução desta
controvérsia.
Este documento apresenta 03 (três) aulas. As aulas podem ser compostas por
uma explicação base, para que você seja capaz de compreender as principais ideias
relacionadas às habilidades e competências principais do bimestre em questão, e
atividades respectivas. Leia o texto e, em seguida, resolva as Atividades propostas. As
Atividades são referentes a dois tempos de aulas. Para reforçar a aprendizagem propõe-
se, ainda, uma pesquisa e uma avaliação sobre o assunto.
3
Sumário
Introdução .............................................................................................. 03
Referências .............................................................................................. 34
4
Aula 1: Modelo geocêntrico (Aristóteles - Ptolomeu)
Caro aluno, provavelmente você já deve ter percebido que todos os dias que o
Sol se põe por volta das 18h, em um local que chamamos de oeste. E na extremidade
oposta, que chamamos de leste, é o local que o Sol nasce por volta das 6h.
Durante este período, se você acompanhar o movimento do Sol durante o dia
perceberá que ele segue um caminho no céu que se parece com uma circunferência.
Durante a noite, se você acompanhar o movimento da Lua, perceberá que o caminho
que ela percorre também se parece com uma circunferência. A mesma coisa
ocorrendo com as estrelas.
Se você pensar um pouco no assunto, terá uma sensação muito forte de que o
céu ao redor da Terra se move e que nosso planeta está parado. Mas você deve ter
lido em algum livro, ouvido algum professor falar que na verdade é a Terra que se
move e o céu que está parado.
Se você pensar um pouquinho mais no assunto deve começar a se perguntar:
como isso é possível? Tudo o que você vê e sente diz que a Terra está parada e o céu
se move. Como então é possível alguém afirmar que a Terra se move?
Pergunta intrigante, não acha? Pois foi exatamente esta pergunta que gerou
uma das maiores controvérsias científicas da nossa história. A passagem do modelo
geocêntrico (terra parada e o céu se move), para o modelo heliocêntrico (terra se
move e o céu parado). Uma controvérsia que envolveu muitos outros assuntos, como
cultura e religião, cujo resultado mudou permanentemente a visão sobre o mundo que
as pessoas tinham na época. E, como se isso não fosse o bastante, iniciou uma
Revolução Científica que mudaria para sempre os rumos que a Ciência passaria a
seguir, principalmente a Física.
Fascinante, não? Como simplesmente observar o céu, pode gerar tantas
discussões e mudanças? Nas três aulas propostas neste caderno você aprenderá um
pouco mais sobre esta história e de como vários outros filósofos e cientistas
contribuíram para as discussões desta controvérsia. Bons estudos!
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ORIGEM DA CIÊNCIA:
6
Aristóteles foi um dos maiores filósofos da Antiguidade, suas contribuições se
estendem em vários campos do conhecimento humano e suas ideias foram
fundamentais no desenvolvimento histórico do Ocidente.
Um modelo geocêntrico é um modelo científico que se propõe a explicar o
movimento dos astros celestes tendo como princípio a idéia de que a Terra está
parada no centro do Universo e que os demais astros movem-se ao redor dela. A figura
abaixo representa um modelo geocêntrico, mais precisamente o modelo aristotélico.
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Aristóteles para a estrutura da matéria e do movimento, pois estas eram as duas
teorias que fundamentavam a astronomia aristotélica.
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Qual é, porém, a natureza dos corpos celestes? Como vimos a água, a terra, o
ar e o fogo transformam-se uns nos outros, o que constatamos pelas alterações que os
corpos naturais sofrem (um animal, por exemplo, nasce, cresce e morre). Ora, as
estrelas e os planetas, segundo Aristóteles, não surgem, nem crescem, nem
desaparecem; a única mudança que sofrem é o deslocamento no espaço. Assim, para
Aristóteles, não seria possível explicar a natureza dos astros recorrendo aos quatro
elementos básicos.
Aristóteles então postula a existência de um novo elemento, o éter, o quinto
elemento que não existe na Terra. Ele constitui a quinta camada material, que envolve
as quatro outras camadas que constituem nosso mundo e nossa atmosfera (as
camadas de terra, água, ar e fogo) e está presente em todo o espaço, formando o Sol,
a Lua, os planetas e as estrelas.
Portanto Aristóteles enxergava duas regiões bastante distintas, a região
terrestre seria a sublunar, região imperfeita, sujeita a mudanças e variações. Já a
região celeste, que começaria na Lua, seria a região supralunar, seria a região da
perfeição, do divino. E seria por causa desta distinção entre o mundo celeste e o
mundo terrestre que os astros celestes mover-se-iam em órbitas circulares, pois o
círculo seria a representação da perfeição geométrica.
O MOVIMENTO NATURAL:
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Da simples observação da natureza Aristóteles conclui que o fogo naturalmente
se move para cima, enquanto a terra se move naturalmente para baixo. O fogo sempre
sobe, pois está naturalmente localizado na parte superior do céu, na abóboda celeste;
a terra, porém tem seu lugar natural no centro, e é por essa razão que os objetos
caem. Eles se dirigem ao seu lugar natural, que é embaixo. Para Aristóteles, uma pedra
cai porque ela sendo feita principalmente do elemento terra, possui uma tendência
natural que a leva para baixo, seu lugar natural.
O movimento natural para cima também é realizado pelo elemento que é mais
leve, em compensação, o que for mais pesado terá o movimento natural para baixo. O
ar é mais leve que a água; assim, o ar tem um movimento similar ao do fogo, enquanto
a água, que é mais pesada, tem um movimento semelhante ao da terra; à sua volta,
está a água; o ar está acima da terra e da água e, enfim, acima do ar, está o último
elemento atmosférico, o fogo. Essa ordem não é rígida, pois partes da terra (os nossos
continentes), emergem por entre a água, assim como o fogo, ocorre também na terra
e o ar transita por todos. A despeito desta flexibilidade, algo é fixo a saber: o fogo e o
ar sobem naturalmente, enquanto a terra e a água caem naturalmente.
Para Aristóteles o movimento é eterno, algo se move por si mesmo ou é
movido por alguma coisa, no primeiro caso temos o movimento natural e no segundo
o movimento forçado, pois não é a própria coisa que se move, mas ela é movida por
uma outra. Seguindo então tal raciocínio, para Aristóteles, o repouso seria o estado
natural dos objetos, pois os únicos corpos que se moveriam perpetuamente seriam os
corpos celestes, todos os outros se moveriam espontaneamente até chegarem ao seu
lugar natural, chegando lá ficariam em repouso até serem forçados a se mover. Um
corpo se move porque algo move este corpo, na linguagem atual da ciência este algo
seria interpretado como uma força, no instante em que a força parasse de atuar nos
corpos o movimento cessaria.
A partir destas duas teses, Aristóteles elabora o seu modelo astronômico. Os
astros celestes são esferas e movem-se em círculos, isto porque a esfera e o círculo são
figuras geométricas perfeitas, sendo assim também o cosmo aristotélico, perfeito,
imutável. Em total oposição ao mundo celeste, onde prevalece a mudança, a
corrupção. Desta forma, o mundo celeste e o mundo terrestre não podem ser feitos da
mesma matéria, no mundo terrestre estariam presentes os quatro elementos, cujos
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movimentos naturais são linhas retas. Já o mundo celeste seria constituído por um
elemento especial, o éter, que dotaria os corpos dos quais eles são constituídos, de um
movimento circular.
O universo aristotélico é finito e eterno, não tendo sido criado em nenhum
momento, tampouco correndo o risco de destruir-se no seu futuro. O Universo,
segundo Aristóteles, existe desde sempre e nunca deixará de existir. No centro do
universo encontra-se a Terra, esférica e imóvel, logo depois viria a Lua e com ela se
inicia o mundo supralunar, após a Lua viriam Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter e
Saturno, e depois, nas fronteiras do Universo estariam as estrelas, todos eles girando
em torno da Terra em movimentos circulares. O universo é pleno, pois, para
Aristóteles não existe vazio, logo ele não admite a existência do vácuo.
Caro aluno, antes de prosseguirmos, vamos refletir um pouquinho sobre o
modelo proposto por Aristóteles. Um detalhe que talvez tenha lhe chamado a atenção
era a separação do Universo em dois locais distintos. Um mundo perfeito, localizado
no céu, e um mundo imperfeito que é onde nós vivemos.
Essa separação entre os dois mundos não parece ter um sentido religioso?
Então, isso de certa forma, fez com que a Igreja Católica adotasse a concepção
aristotélica sobre o Universo e o defendesse com tanto fervor na controvérsia com o
modelo copernicano, que era um modelo heliocêntrico.
Calma, pode ser que tenha vindo a sua cabeça alguma crítica à Igreja Católica
por ela atrapalhar a Ciência ou no mínimo atrasar o progresso da Ciência. Calma, esta
questão é muito mais complexa do que parece e embora a Igreja Católica tenha sim
utilizado argumentos religiosos na discussão, ela também usou de muitos argumentos
científicos também. Nós vamos voltar a este assunto na aula III, mas antes de
prosseguir vamos estudar um pouco sobre os problemas que o modelo aristotélico
tinha.
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O movimento retrógrado de alguns planetas;
O aumento do seu brilho durante seus movimentos;
A não uniformidade da trajetória anual do Sol.
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Para explicar a diferença de velocidades, a Terra foi retirada do centro da
esfera ocupando uma posição excêntrica. Desse modo, mesmo que o planeta
descreva um movimento circular uniforme em torno do centro de curvatura,
visto da Terra, esse movimento em relação às estrelas de fundo parecerá ocorrer
a velocidades diferentes quando o corpo estiver no perigeu (ponto mais próximo
da Terra) e no apogeu (ponto mais afastado da Terra). O sistema excêntrico
explicava também as conhecidas variações de brilho dos planetas nos diversos
pontos da órbita.
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Figura 5 – Sistema Ptolomaico
(http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20041/Diomar/imagens/geo_01.jpg)
Meio confuso, não acha? A verdade é que o Sistema Ptolomaico realmente não
era para iniciantes. O uso dos epiciclos, deferentes, excêntricos e vários outros
recursos utilizados por Ptolomeu exigiam do astrônomo um bom domínio da
matemática para ser usado de forma adequada, mas ele tinha a grande vantagem de
ser funcional, permitia prever o movimento dos planetas com uma boa exatidão,
servindo inclusive aos marinheiros para orientá-los por observações das estrelas
durante as Grandes Navegações.
De certa forma o sistema ptolomaico foi elaborado e estruturado buscando
respeitar alguns conceitos da astronomia apresentados por Aristóteles, como o
movimento circular dos planetas, mesmo que para isso usasse de artifícios
matemáticos.
E foi exatamente o uso de um destes artifícios matemáticos, o equante, que
incomodou Nicolau Copérnico quatorze séculos depois. Pelo conceito do equante, o
centro do epiciclo se move com velocidade constante, não o planeta em si. E isto
contrariava o antigo ideal grego que todos os planetas se movessem de forma
uniforme em torno do centro, foi buscando restabelecer este ideal grego que
Copérnico propôs o seu sistema heliocêntrico.
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Atividade 1
2) Aristóteles sugeriu que o Universo fosse dividido em duas regiões distintas, a região
sublunar e a região supralunar. Na concepção de Aristóteles, quais seriam as
diferenças entre o mundo terrestre e o mundo celeste que o levaram a propor esta
divisão?
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Aula 2: Modelo heliocêntrico (Copérnico - Kepler)
16
época e estimulou a edição definitiva da obra de Copérnico sobre o heliocentrismo, o
De revolutionibus orbium coelestium (Das revoluções das esferas celestes), publicado
em 1543.
A obra de Copérnico não é revolucionária pelo seu conteúdo em si, ela pode ser
considerada como um retorno à Astronomia matemática grega que buscava explicar o
problema das irregularidades dos movimentos planetários. O mesmo problema que
Ptolomeu buscou responder treze séculos antes, a principal diferença entre as duas
obras é que uma geocêntrica e a outra heliocêntrica.
O retorno à tradição matemática e a hipótese heliocêntrica permitiram aos
seus seguidores – Kepler, Galileu e Newton – concluir a obra que Copérnico iniciou e as
consequências que ela gerou. Estas sim podem ser consideradas revolucionárias. O
cálculo preciso e fácil da posição dos planetas, a eliminação dos epiciclos e dos
excêntricos, a classificação do Sol como uma estrela, a expansão infinita do Universo, a
união do celeste com o mundo, entre outras.
A grande inovação de Copérnico refere-se à solução do problema do
movimento aparente dos planetas, este seria explicado conseqüência do movimento
orbital da Terra, a figura busca ilustrar a explicação copernicana para o aparente
movimento retrógrado dos planetas:
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Outro aspecto importante a ser compreendido sobre a obra de Copérnico, é
que ele não tinha uma explicação física para que o Sol fosse o centro do seu modelo
astronômico. As razões que levaram Copérnico a fazê-lo podem ser pensadas como
razões culturais, ou até mesmo religiosas, como deixa transparecer um trecho escrito
por Copérnico para justificar sua escolha:
“No meio de todos os assentos, o Sol está no trono. Neste belíssimo
templo poderíamos nós, colocar esta luminária noutra posição melhor de onde
ela iluminasse tudo ao mesmo tempo? Chamaram-lhe corretamente a Lâmpada,
o Mente, o Governador do Universo; Hermes Trimegisto chama-lhe o Deus
Visível; a Electra de Sófocles chama-lhe O que vê tudo. Assim, o Sol senta-se como
num trono real governando os seus filhos, os planetas que giram à volta dele.”
As explicações científicas que sustentam o Sol estar no centro do sistema solar,
surgiram depois com os trabalhos de Kepler, Galileu e Newton, mas isto de forma
nenhuma desmerece o trabalho de Copérnico.
JOHANNES KEPLER:
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Segundo Kepler não era por acaso que só existiam seis planetas. Nos intervalos
(cinco) entre as órbitas dos planetas sempre se poderia representar um sólido regular.
“A órbita da Terra é a medida de todas as coisas; circunscreva-se em
torno dela um dodecaedro e o círculo que contém este será o de Marte;
circunscreva-se em torno do círculo de Marte, um tetraedro e o círculo
contendo este será o de Júpiter; circunscreva-se em torno do círculo de Júpiter
um cubo e o círculo contendo este será o de Saturno. Agora, inscreva-se
dentro da órbita da Terra, um icosaedro e o círculo contido nele será o de
Vênus; inscreva-se dentro da órbita de Vênus, um octaedro e o círculo contido
nele será o de Mercúrio. E desta forma obtemos a razão para o número de
planetas.”
Mas por mais cálculos que fizesse, os sólidos platônicos e as órbitas planetárias
não concordavam completamente. Kepler acreditou então que as observações que
possuía deviam estar erradas.
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Tycho Brahe, o matemático imperial da corte do imperador Rudolfo II, tinha em
seu poder as observações planetárias mais exatas da época. Por coincidência, Brahe
escreveu à Kepler por essa altura, a convidá-lo para se encontrarem em Praga. Kepler
acabou por aceitar e partiu para Praga em 1598. Brahe acabou por morrer
subitamente em 1601, e Kepler foi então reconhecido como o matemático imperial da
corte. A partir desse momento, Kepler teve acesso absoluto às observações planetárias
de Brahe. Mas os novos dados também não apoiaram a sua conjectura, segundo a qual
as órbitas dos planetas estão circunscritas pelos cinco sólidos platônicos.
Como Kepler jamais conseguiu ajustar esse modelo aos dados de Tycho Brahe,
acabou abandonando-o e passou a trabalhar com outras hipóteses.
Kepler havia considerado inicialmente dois pressupostos aristotélicos em suas
pesquisas: a perfeição do círculo e a idéia que os planetas moviam-se com velocidades
constantes em suas órbitas. Após trabalhar arduamente sobre os dados deixados por
Tycho Brahe, Kepler abandonou suas idéias iniciais e conseguiu elaborar duas leis que
mudaram definitivamente a forma de explicar o movimento dos planetas.
As duas primeiras leis diziam exatamente o contrário das hipóteses clássicas: os
planetas apresentavam órbitas em forma de elipse, com o Sol em um dos focos; e têm
velocidades variáveis ao longo da órbita, sendo mais velozes quanto mais próximos do
Sol.
Kepler não parou nessas duas leis. Após mais de dez anos de trabalho, elaborou
uma terceira, pela qual estabeleceu uma relação matemática entre o período de
translação dos planetas e o raio médio de suas órbitas.
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A figura abaixo ilustra as duas primeiras leis de Kepler:
Atividade 2
21
3) Tendo em vista as Leis de Kepler sobre os movimento dos planetas, pode-se afirmar
que:
(A) A velocidade de um planeta, em sua órbita, aumenta à medida que ele se afasta do
sol.
(B) O período de revolução de um planeta é tanto maior quanto maior for sua distância
do sol.
(C) O período de revolução de um planeta é tanto menor quanto maior for sua massa.
(D) O período de rotação de um planeta, em torno de seu eixo, é tanto maior quanto
maior for seu o período de revolução.
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Aula 3: A controvérsia entre os dois modelos
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Assim, qualquer um que defendesse verdadeiramente o sistema heliocêntrico
precisaria apontar evidências que sustentassem este modelo e oferecer respostas
adequadas a estas objeções. Vimos na aula 2, que Nicolau Copérnico apresenta um
modelo heliocêntrico e que Johannes Kepler apresenta importantes colaborações para
o estudo do movimento planetário, mas foi o físico italiano Galileu Galilei quem
apresentou as melhores evidências e respostas na defesa do sistema heliocêntrico.
De todos os grandes nomes da ciência, Galileu foi, talvez, o de maior coragem
intelectual. Muitos o chamam de “pai” da ciência moderna, mesmo que essa
paternidade ou mesmo o que marca o início da ciência moderna, sejam sujeitos a
debate, Pai da ciência moderna ou não? A verdade é que Galileu transformou
profundamente nossa visão de mundo.
Em 1609, chega ao conhecimento de Galileu notícias da existência de um
aparelho óptico, uma luneta, comercializado por holandeses. Esse aparelho, que
Galileu transformará num poderoso instrumento científico e em 12 de março de 1610
Galileu publica em latim o Sidereus Nuncius (A mensagem das estrelas), no qual
comunica as descobertas resultantes de suas observações:
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Nos anos seguintes à publicação do Sidereus, Galileu continua fazendo várias
observações sobre o sistema solar de forma que em 1613, Galileu já não podia mais
recuar em seu compromisso copernicano. Galileu inicia uma intensa polêmica com
setores tradicionais conservadores que irão acusá-lo de heresia, de desrespeito aos
dogmas católicos.
Galileu não apenas defendia o sistema copernicano como também uma divisão
entre a ciência e a teologia, ao expor um ponto de vista de que Deus é autor de dois
livros: o da Natureza, que se conhece com as “experiências sensíveis e com as
demonstrações necessárias”, e as Escrituras, que se lêem na linguagem comum, pois
em sua infinita sabedoria, Deus sabia, quando ditou as Escrituras, que para fazer-se
entender tinha de usar a linguagem comum, a única que o homem comum entende.
A Astronomia copernicana e as observações telescópicas de Galileu passam a
enfrentar a acusação de que as hipóteses de Copérnico eram contrárias a passagens
das Sagradas Escrituras. Isto colocava tudo o que se afirmava, sob suspeita de heresia,
arrastando Galileu para uma polêmica teológico-cosmológica acerca da
incompatibilidade de Copérnico com a Bíblia, que marcará o período de 1613-1616.
Essa polêmica será a responsável pelo primeiro processo de Inquisição contra Galileu,
culminando em 1616, com a condenação da teoria copernicana.
Em 10 de agosto de 1623, sobe ao pontificado com o nome de Urbano VIII, o
cardeal Maffeo Barberini. Ele era tido por todos como um progressista e patrono das
ciências e das artes. Este acontecimento reacende em Galileu a esperança de
neutralizar a proibição da teoria copernicana pelo decreto de 1616. Com esse intuito,
Galileu realiza uma viajem a Roma. A viagem tem um sucesso aparente. O papa o
recebe em seis longas audiências, e Galileu consegue obter a autorização do pontífice
para escrever uma obra tratando da questão astronômica.
De 1624 a 1630, Galileu dedica-se a preparação de sua obra, “O Diálogo sobre
os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano”. Com efeito, a obra é
composta por quatro diálogos que ocorrem em quatro dias ou “jornadas”, que tratam
respectivamente: da contestação do cosmo aristotélico, das objeções mecânicas ao
movimento de rotação da Terra, das objeções mecânicas ao movimento de translação
da Terra e da teoria das marés.
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Destas quatro jornadas, a que nos interessa no momento, é a segunda, ou mais
precisamente as objeções mecânicas ao movimento de rotação da Terra, pois foi
exatamente buscando oferecer respostas a estas objeções que Galileu dá início a uma
nova Física. Uma Física capaz de reinterpretar nossas experiências cotidianas acerca
dos movimentos que acontecem próximos à superfície da Terra.
Galileu fornece essas respostas desenvolvendo uma conceituação mecânica
original, composta basicamente por um novo quadro conceitual articulado em torno
do conceito da relatividade do movimento que, como veremos, permite conceituações
do movimento e de composição de movimentos.
A ideia central, que norteará a resposta até aqui formuladas e que é a chave
para a solução das objeções ao movimento da Terra, consiste em considerar que a
Terra está em movimento “juntamente com os elementos circundantes”, ou seja, que
as coisas terrestres participam do movimento da Terra. Partindo dessa concepção de
movimento participado, a argumentação de Galileu em respostas às objeções terá a
seguinte estratégia geral:
a) O movimento da Terra fica totalmente imperceptível para nós, habitantes da
Terra e participantes desse movimento. Com efeito, como todas as coisas participam
do movimento da Terra, se considerarmos apenas essas coisas e seus movimentos
relativos, tudo se passa como se o movimento da Terra não existisse e ela estivesse em
repouso;
b) O mesmo movimento é perceptível em todos os corpos que, separados da
Terra, não participam de seu movimento. Ora, isso efetivamente acontece no caso do
Sol e das estrelas que, por não participarem do movimento da Terra, são vistos
moverem-se no céu.
Galileu mostra que o erro fundamental das objeções mecânicas ao movimento
de rotação terrestre consiste em pressupor que a Terra está em repouso quando o
corpo em queda ou lançado inicia seu movimento, introduzindo depois,
hipoteticamente, o movimento de rotação durante o curso de seu deslocamento. Em
outras palavras, as objeções mecânicas à rotação terrestre não leva em conta o fato de
que os corpos próximos à superfície da Terra já participam desse movimento, como
dele também participa o observador, de modo que, pelo princípio da relatividade, o
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movimento de rotação torna-se um componente invariante de todos os movimentos
terrestres.
Compreendido o princípio da relatividade, é fácil entender sua aplicação aos
diversos casos particulares e a consequente refutação das objeções referentes à queda
livre dos corpos e ao movimento dos projéteis. Para nosso propósito, basta apresentar
a estratégia geral que guia as respostas de Galileu para ambos os casos.
A pedra que cai da torre, além de possuir o movimento para baixo, é animada
também da rotação da Terra e, assim, cai ao pé da torre; além disso, como o
observador terrestre também participa do movimento de rotação, ele vê que a pedra
cai verticalmente. Tudo se passa como se não existisse a rotação, porque ela é um
componente invariante de todos os movimentos terrestres.
Vamos pensar um pouco na nossa realidade e ver como o princípio da
relatividade do movimento se aplica ao nosso cotidiano. Uma das grandes críticas ao
modelo heliocêntrico era a dificuldade de percebermos o movimento da Terra. No
século XVII perceber situações semelhantes realmente era mais difícil mas hoje isto é
mais simples.
Imagine que você esteja dentro de um vagão de trem ou metrô se
movimentando e que ele esteja se movendo com velocidade constante em uma linha
reta. Imagine que este seja um metrô especial que se desloque sobre trilhos
magnéticos, neste caso ele não balança quando se move. Você percebe o movimento
do vagão principalmente pelo o que você observa pela janela ou pelo som do motor,
não pelo o que ocorre dentro do vagão.
O movimento do vagão é imperceptível para nós, da mesma forma que o
movimento da Terra. Sendo inclusive válida uma pergunta que até soa absurda. É o
vagão que está se movendo ou a plataforma? Imagine que você esteja parado dentro
do vagão, em frente à porta e o metrô está em movimento. Se você der um pulo
vertical, você vai cair no mesmo lugar de onde saltou, não vai pra esquerda ou pra
direita. Isto porque está se movimentando junto com o metrô, não é porque você deu
um pulo que você perderia o movimento do metrô.
É o mesmo tipo de raciocínio que Galileu usa para responder às objeções
mecânicas ao movimento de rotação da Terra. Apesar da importância de sua obra e
das respostas oferecidas por Galileu, ele não foi poupado da fúria da Inquisição, tendo
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sido condenado pelo tribunal do Santo Ofício em 22 de junho de 1633, sendo obrigado
a viver em prisão domiciliar até o final de sua vida, tendo sido absolvido de heresia
somente em 1992, mais de três séculos depois, pelo papa João Paulo II, em
comemoração ao centenário do nascimento de Albert Einstein.
Atividade 3
1) Galileu Galilei (1564-1642), é bastante lembrado pelo uso astronômico das lentes,
que ampliava imagens e com isso via coisas nos céus que ninguém observava a olho
nu, como as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vênus, quatro dos
satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e as estrelas da Via Láctea.
b) Galileu observou com sua rústica luneta, o planeta Júpiter e teve uma surpresa.
Qual a única alternativa que descreve a observação de Galileu?
(A) Observou naves voando em Júpiter.
(B) Observou quatro pontos brilhantes alinhados com o planeta, mudando de posição
a cada noite.
(C) Observou que Júpiter era composto de gases de diferentes cores.
(D) Observou anéis mais finos que os de Saturno.
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2) Uma mudança muito importante ocorrida na época de Galileu foi a forma de
explicar como o mundo funciona, ou seja, a mudança da Física. Uma dificuldade de
todas as inovações astronômicas é que a física tradicional não tinha como explicá-la.
Algumas gerações de pensadores ficaram tentando construir novos princípios físicos,
até que Isaac Newton (1643 - 1727) conseguiu dar uma boa forma final a isso. A Física
de Newton foi tão bem sucedida que até hoje a estudamos na escola e a usamos para
entender nosso mundo cotidiano.
a) Quando jogamos uma pedra exatamente para cima (na vertical), ela cai em cima de
nós, certo? Mas quando propuseram que a Terra girava, não foi o que disseram. Os
críticos da rotação da Terra diziam que, enquanto a pedra estivesse no ar, a Terra
giraria um pouco, de forma que, quando voltasse ao chão, a pedra ficaria para trás de
quem jogou, mas não é isso o que acontece! Como Galileu respondeu a esta objeção?
b) Supondo que isso realmente acontecesse, da pedra atingir a Terra em outro lugar,
devido à rotação, em que pontos da Terra a rotação não influenciaria na queda da
pedra?
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Avaliação
2) (OBA-2009) Uma observação importante de Galileu com sua luneta foi a das fases
de Vênus. O modelo geocêntrico de Ptolomeu e o modelo heliocêntrico de Copérnico
faziam previsões diferentes dessas fases, conforme pode ser visto nas figuras abaixo,
esquerda e direita.
Repare que, na primeira figura, Vênus não orbita diretamente a Terra, num
círculo, mas o faz num ponto que orbita a Terra. Esses círculos dentro de círculos eram
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usados para deixar o modelo matematicamente mais preciso. Na verdade, o modelo
de Copérnico também usava esses sub-círculos (epiciclos), mas não os indicamos aqui
(você pode reparar se quiser que isso não mudaria as fases vistas no modelo de
Copérnico):
Fonte: http://www.oba.org.br/
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alvo. Em seguida, o elevador está em movimento retilíneo e uniforme em relação à
Terra. Se o homem quiser continuar acertando o centro do alvo, como deverá fazer a
mira em relação ao seu procedimento com o elevador parado? (Fácil)
http://www.cienciamao.usp.br/dados/pru/_mecanica.apostila.pdf
a) Se Júpiter gasta 1 ano para percorrer o arco AB, qual será o tempo gasto por ele
para percorrer cada um dos arcos CD, EF e GH? (fácil)
b) Sejam V1, V2, V3 e V4, as velocidades de Júpiter em cada uma das posições
mostradas na figura. Coloque essas velocidades em ordem crescentes de seus valores:
(fácil)
32
Pesquisa
Caro aluno, você estudou nestas três aulas a passagem do modelo geocêntrico
para o modelo heliocêntrico, uma das controvérsias científicas mais importantes da
nossa história, e embora as discussões tenham envolvido aspectos filosóficos,
religiosos entre outros, no seu cerne, ela foi uma discussão entre dois modelos
científicos. Uma controvérsia entre o modelo aristotélico e o modelo copernicano. O
interessante nesta controvérsia é que são quase vinte séculos de diferença o tempo
que separa um modelo do outro, o que nos leva a duas perguntas cruciais: Como a
Física aristotélica, ou de forma mais abrangente, a ciência grega, se difundiu pelo
mundo?
E porque a Igreja Católica, uma instituição conhecida por criticar e renegar
aquilo que ela não considera cristão, usaria um modelo científico que teve origem em
uma sociedade pagã, uma sociedade que cultuava deuses diferentes?
Estas são as perguntas que você deverá buscar responder por meio de uma
pesquisa bibliográfica, para lhe auxiliar foram selecionados alguns tópicos que estão
relacionados com as perguntas acima:
O império alexandrino;
O período helenístico;
A difusão da ciência grega no Império Romano;
A cristianização das teses aristotélicas feitas por São Tomás de Aquino.
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Referências
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Equipe de Elaboração
COORDENADORES DO PROJETO
PROFESSORES ELABORADORES
Prof. Rafael de Oliveira Pessoa de Araujo
Prof. Ricardo de Oliveira Freitas
Prof.ª. Saionara Moreira Alves das Chagas
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