Geo Aplicado Analises Ambientais Piroli 2015
Geo Aplicado Analises Ambientais Piroli 2015
Geo Aplicado Analises Ambientais Piroli 2015
Sérgio Campos
Edson Luís Piroli
Sandra Medina Benini
1a Edição
TUPÃ/ SP
ANAP
2015
2 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
Organizadores
Sérgio Campos
Edson Luís Piroli
Sandra Medina Benini
1a Edição
TUPÃ/ SP
ANAP
2015
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 3
Organizadores
Sérgio Campos
Possui graduação em pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1977), mestrado
em Programa de Pós-Graduação em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agronômicas (1986),
doutorado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agronômicas (1993) e Livre Docência em
Agronomia pela Faculdade de Ciências Agronômicas (1997). . Atualmente é Professor Titular (2010)
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, Engenharia Agronômica, Energia na Agricultura e Irriga (Botucatu). Tem experiência
na área de Agronomia, com ênfase em Sensoriamento Remoto, atuando principalmente nos
seguintes temas: sistema de informação geográfica, sensoriamento remoto, uso da terra,
geoprocessamento e classes de declive.
Editora
Diretoria da ANAP
Presidente: Sandra Medina Benini
Vice-Presidente: Allan Leon Casemiro da Silva
1ª Tesoureira: Maria Aparecida Alves Harada
2ª Tesoureira: Jefferson Moreira da Silva
1ª Secretária: Rosangela Parilha Casemiro
2ª Secretária: Elisângela Medina Benini
Suporte Jurídico
Adv. Elisângela Medina Benini
Adv. Allaine Casemiro
Revisão Ortográfica
Smirna Cavalheiro
ISBN 978-85-68242-16-2
CDD: 550
CDU: 550/49
Sumário
Apresentação 9
Capítulo 1 11
SIG APLICADO NA DISCRIMINAÇÃO MORFOMÉTRICA DA MICROBACIA DO
CÓRREGO DO VEADO – BROTAS/SP
Sérgio Campos
Sara Fernandes Martins
Marcelo Campos
Capítulo 2 21
UTILIZAÇÃO DA CARTA TOPOGRÁFICA E SIGs PARA A AVERIGUAÇÃO DO
CUMPRIMENTO DO CÓDIGO FLORESTAL PARA ÁREAS DE APPs
Cássia Maria Bonifácio
Fernando Luiz de Paula Santil
Capítulo 3 32
DESEMPENHO DA CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA EM DIFERENTES SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Mikael Timóteo Rodrigues
Bruno Timóteo Rodrigues
Sérgio Campos
Capítulo 4 45
ANÁLISE COMPARATIVA DE FUSÃO DE IMAGENS DOS SENSORES ORBITAIS CCD E
HRC UTILIZANDO IHS E COMPONENTES PRINCIPAIS NA REGIÃO URBANA DO
MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS/MS
Cesar Cardoso Ferreira
Edson Luis Piroli
Arnaldo Yoso Sakamoto
8 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
Capítulo 5 54
ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO
MOEDA, TRÊS LAGOAS/MS
Weslen Manari Gomes
Rafael Brugnolli Medeiros
André Luiz Pinto
Capítulo 6 68
LEVANTAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E FRAGMENTOS
FLORESTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO CUIABÁ/SP
Diogo Laercio Gonçalves
Jullia Prado Gaudêncio
Antonio Cezar Leal
Capítulo 7 81
A RELAÇÃO DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA COM A QUALIDADE DOS RECURSOS
HÍDRICOS: UM ESTUDO APLICADO NA BACIA DO RIBEIRÃO ANHUMAS NO
MUNICÍPIO DE ANHUMAS/SP
Bruno Magro Rodrigues
Letícia Aparecida Costa
Marcos Norberto Boin
Capítulo 8 93
IMPLICAÇÕES DOS DESVIOS CLIMÁTICOS E USO E OCUPAÇÃO DA TERRA EM
MANANCIAIS HÍDRICOS: UM ESTUDO DE CASO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
CÓRREGO MOEDA, TRÊS LAGOAS/MS
Rafael Brugnolli Medeiros
Weslen Manari Gomes
André Luiz Pinto
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 9
Apresentação
Capítulo 1
Sérgio Campos 1
Sara Fernandes Martins 2
Marcelo Campos 3
INTRODUÇÃO
O uso adequado dos recursos naturais exige estudos aprofundados para que sejam
compreendidos os possíveis impactos provocados pela ação antrópica (QUEIRÓZ, 2008). A
caracterização fisiográfica da microbacia do córrego do Veado – Brotas/SP é essencial para a
elaboração e implementação de futuros projetos agroambientais regionais, pois os
resultados auxiliarão na compreensão do escoamento superficial da microbacia.
A morfometria é uma ferramenta fundamental no diagnóstico de suscetibilidade à
degradação ambiental, delimitação da zona ripária, planejamento e manejo de microbacias
(MOREIRA; RODRIGUES, 2010), pois a sua caracterização permite descrever a formação
geomorfológica da paisagem em sua variação topográfica (CHRISTOFOLETTI, 1969), bem
como possui um papel significativo no condicionamento de respostas ligadas à erosão
hídrica, gerado após eventos pluviométricos relevantes (ARRAES et al., 2010).
O monitoramento contínuo dos recursos hídricos é um instrumento essencial para
melhor avaliar os fenômenos hidrológicos críticos, envolvendo tanto as secas quanto
inundações. Com a adequada avaliação dos recursos hídricos, utilizando o monitoramento
dos dados relativos a uma microbacia, por exemplo, pode-se propor uma adequação da
1
Prof. Titular, Departamento de Engenharia Rural, Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP. E-mail:
[email protected]
2
Prof. Dr., EDUVALE – Avaré. E-mail: [email protected]
3
Prof. Dr., Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP. E-mail: [email protected]
12 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
forma alongada, elíptica (SANTOS, 2001) e apresenta menor risco de enchentes sazonais,
bem como o valor do índice de circularidade de 0,87, que permitiu confirmar também que a
microbacia não possui forma próxima à circular, isto é, apresenta forma alongada.
Os baixos valores de Dd, Fr e Razão, provavelmente, estão associados à presença de
rochas permeáveis (TONELLO et al., 2006), pois facilita a infiltração da água no solo
diminuindo o escoamento superficial e o risco de erosão e degradação ambiental, pois
quanto maiores esses valores mais intenso é o processo de erosividade do solo (RODRIGUES
et al., 2008).
As características da rede de drenagem da microbacia mostram que a densidade de
drenagem foi de 1,36 km/km2. Christofoletti (1969) afirma que a densidade de drenagem da
microbacia é baixa, pois o valor é menor que 7,5 km/km2, enquanto para Villela e Mattos
(1975) esse índice pode variar de 0,5 km/km² em microbacias com drenagem pobre, 3,5
km/km2 ou mais em microbacias excepcionalmente bem drenadas, indicando que a
microbacia do ribeirão Capuava apresenta baixa drenagem, indicando que esses valores
baixos de densidade de drenagem estão geralmente associados a regiões de rochas
permeáveis e de regime pluviométrico caracterizado por chuvas de baixa intensidade ou
pouca concentração da precipitação.
A sinuosidade é um dos fatores controladores da velocidade de escoamento do
canal, pois, quanto mais próximo da unidade, demonstra que o rio segue exatamente a linha
do talvegue, ou seja, apresenta-se com baixo grau de sinuosidade (SILVA et al., 2009).
O valor médio da extensão do percurso superficial (0,34) e do coeficiente de
manutenção (735,3) confirma a presença de solos permeáveis na microbacia.
O conhecimento da declividade de um solo pode ser obtido de diversas maneiras,
em campo e em laboratório, para estudos geológicos, hidrológicos, pedológicos, etc.
O grau de erosão dos solos é função da declividade média, que determina maior ou
menor velocidade de escoamento da água pluvial sobre a superfície, associada à cobertura
vegetal, ao tipo de solo e ao tipo de uso da terra, obtida para cada bacia, segundo Rocha
(2001), e que, segundo Averbeck e Santos (1989), a variação no declive pode implicar
variações do tipo de solo.
A declividade média na microbacia do córrego do Veado – Brotas/SP, da ordem de
9,52 permitiu classificá-la (CHIARINI; DONZELLI, 1973) como relevo como ondulado, sendo
imprópria para o cultivo de culturas anuais e indicada para ao uso de pastagens em eventual
18 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
rotação com culturas anuais, podendo ser também explorada com culturas permanentes
que protegem o solo (café, laranja, cana-de-açúcar, leguminosas como forma de adubação
verde, etc.), pois são terras sujeitas à erosão e a prática da conservação do solo é
imprescindível (LEPSCH et al., 2001). Portanto, atividades agrícolas em áreas impróprias e de
forma inadequada deve ser considerada como uma prática de risco, pois se as práticas
conservacionistas não forem utilizadas nesses casos, as bacias sofrerão grandes perdas de
solos por erosão.
Para Moreira e Rodrigues (2010), a declividade, quanto mais alta, apresenta relação
direta com os processos erosivos devido à maior velocidade de escoamento superficial e
menor infiltração das águas das chuvas, propiciando alteração na regulagem do sistema
hidrológico e produção de água na microbacia.
O coeficiente de rugosidade, por ser um parâmetro que direciona o uso potencial
da terra com relação às suas aptidões para agricultura, pecuária ou reflorestamento
(ROCHA, 2001), mostra também a realidade de uma microbacia, oferecendo uma
contribuição simples, rápida e precisa ao planejamento, para melhor e mais justa exploração
econômica em função da vocação de suas terras (PEREIRA FILHO, 1986), pois existe uma alta
correlação entre o coeficiente de rugosidade e a capacidade de uso da terra, ao nível de
0,5% de erro.
O coeficiente de rugosidade é utilizado para diagnosticar a probabilidade de vir a
ocorrer erosão. Desta forma, coeficiente de rugosidade de 12,28 permitiu classificar a
microbacia do córrego do Veado para vocação com uso por reflorestamento (Classe C),
segundo Rocha (2001), uma vez que os altos valores do coeficiente de rugosidade mostram
que estas têm maiores chances de sofrer os efeitos da erosão, necessitando de medidas para
prevenção e maior taxa de áreas cobertas pela vegetação.
CONCLUSÕES
baixos, permitem inferir que o substrato tem permeabilidade alta com maior infiltração e
menor escoamento da água. O Sistema de Informações Geográficas Idrisi Selva foi uma
excelente ferramenta para a viabilização do monitoramento e gestão dos recursos hídricos
da microbacia. O coeficiente de rugosidade permitiu classificá-la para vocação com uso por
Pecuária/Reflorestamento (Classe D), pois altos valores mostram que estas têm maiores
chances de sofrer os efeitos da erosão, necessitando de medidas para prevenção e proteção
com cobertura vegetal.
REFERÊNCIAS
AVERBECK, H.; SANTOS, R. D. Manual de fotointerpretação para solo. Rio de Janeiro: Minist.
Agric., 1989. 33p.
SCHUMM, S. A. Evolution of drainage systems and sloes in bedlands at Perth Amboy. New
Jersey. Bull. Geol. Soc. Am., Colorado, v. 67, p. 597-646, 1956.
TONELLO, K. C.; DIAS, H. C. T.; SOUZA, A. L. de. et al. Análise hidroambiental da bacia
hidrográfica da cachoeira das Pombas, Guanhães, MG. Árvore, Viçosa-MG, v. 30, n. 5, p. 849-
857, 2006.
VILLELA, S. M.; MATTOS, A. A hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 21
Capítulo 2
INTRODUÇÃO
4
Doutoranda em Geografia, Universidade Estadual de Maringá, Bolsista CNPq. E-mail:
[email protected]
5
Prof. Dr. do Departamento de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica, Universidade Federal de Uberlândia.
22 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
MÉTODOS
Área de estudo
Carta topográfica
Para a geração do buffer para a delimitação das APPs ou faixas marginais fez-se
necessário selecionar o módulo Arc Toolbox do programa ArcGIS 9.3, e, após isso, eleger
todo o leito do rio e preencher as informações dos valores das zonas marginais na tabela de
atributos, e por fim criar o buffer separadamente – primeiro de um lado do rio e depois do
outro. Para os cursos d’água foi estabelecida a faixa de 30 metros para a projeção da APP, e
um raio de 50 metros para nascentes de olhos d’água.
Esta ferramenta se torna de grande importância para a averiguação da vegetação
na área selecionada, pois, a partir da geração deste buffer, em conjunto com a carta de uso
do solo, é possível aferir quais locais estão em acordo com o estabelecido pelo Código
Florestal.
RESULTADOS
Fonte: Da pesquisa.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 25
Quanto à morfometria, foi possível estabelecer os limites, a área ocupada pela bacia
hidrográfica entre outros parâmetros, como se observa Tabela 1.
Com base nos resultados indicados na Tabela 1, é possível observar que densidade
de drenagem da bacia do Sória é de 0,65 km/km2, que a caracteriza como bacia mediana,
conforme as proposições de Beltrame (1994).
O índice de circularidade foi de 0,53, tendendo ligeiramente para formas mais
circulares, em que, dependendo do solo e tipo de uso e ocupação, os riscos de inundação
serão maiores, assim como induz o fator de forma (Kf) de 0,28. O traçado dos canais do
ribeirão mostrou que o Sória apresenta um traçado regular (1,02).
A carta de uso do solo (Figura 3) retrata a condição atual de exploração econômica
desenvolvida nesse espaço geográfico.
26 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
A bacia hidrográfica do Sória apresenta uso e ocupação mista, ou seja, possui parte
da área urbana, município de Astorga, ao norte, e área agrícola, com predomínio de culturas
temporárias (soja e milho) e pastagens (gado de corte e leiteiro), assim como manchas de
reflorestamento e mata.
Para as APPs foi estabelecido o padrão vigente no Código Florestal de 26 de maio de
2012, que define uma área de 50 metros para nascentes e olhos d’água, assim como 30
metros a partir da borda do nível regular do curso d’água, para rios de até 10 metros de
largura, o que caracteriza a bacia em questão. Ao que se refere às faixas estipuladas para as
APPs é possível observar na Figura 4.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 27
Figura 5. Uso do solo com projeção de APPs na bacia hidrográfica do ribeirão Sória
Figura 6. Área de preservação permanente na bacia hidrográfica do ribeirão Sória para o ano de 2011
Figura 7. Área de preservação permanente na bacia hidrográfica do ribeirão Sória para o ano de 2015
30 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
FINOTTI, A. R.; CEMIN, G.; PÉRICO, E. Potencialidades do uso do sensoriamento remoto e dos
sistemas de informação geográfica (SIGs) no ensino de hidrologia: a utilização de um estudo
de caso. Rev. Geografia, Londrina, v. 20, n. 1, p. 51-65, 2011.
IBGE. 1992. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro. IBGE - Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. 92p.
SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004.
184p.
32 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
Capítulo 3
INTRODUÇÃO
6
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura – Faculdade de Ciências
Agronômicas (UNESP/FCA). E-mail: [email protected]
7
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura – Faculdade de Ciências
Agronômicas (UNESP/FCA). E-mail: [email protected]
8
Professor Adjunto – Faculdade de Ciências Agronômicas (UNESP/FCA). E-mail: [email protected]
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 33
padrão espectral associado aos diversos usos da terra, por meio do método estatístico de
máxima verossimilhança e a influência dos SIGs no índice de paisagem. Os resultados das
classificações serão contrastados com aqueles provenientes da interpretação de campo,
considerados como verdade terrestre.
Contudo, o objetivo principal deste trabalho é averiguar a atuação de dois
softwares (SIG-Idrisi versão Selva e o TerraView 4.2.2) em seus respectivos ambientes SIG,
desempenhando a classificação supervisionada através do padrão espectral em imagem
Landsat 5, associada à comparação do uso da terra e os índices de paisagem na área da bacia
hidrográfica do Lavapés, município de Botucatu/SP, utilizando-se técnicas de sensoriamento
remoto e geoprocessamento.
MATERIAL E MÉTODOS
Bases cartográficas
Foi utilizada como base cartográfica a carta planialtimétrica na escala 1:50000, com
equidistância vertical entre curvas de nível de 20 m editada em 1969 pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), referente à folha SF-22-R-IV-3 nomeada Botucatu.
Para o mapeamento do uso da terra e a identificação da área ocupada pelas
respectivas fazendas experimentais, foram utilizadas imagens orbitais do Landsat 5 sensor
TM, adquiridas junto ao Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), referentes ao ano de 2011.
Procedimento metodológico
(TM3, TM4 e TM5) com escala 1:50000, na órbita 220, ponto 76, inserida no mosaico de
recobrimento sobre o Estado de São Paulo, com resolução de 30 X 30 metros, com data de
passagem em 19 de setembro de 2011. A imagem orbital foi registrada no sofware ArcGIS
10.1 com auxílio da carta planialtimétrica da folha Botucatu SF-22-R-IV-3, onde a mesma foi
exportada para o formato GEOTIFF.
Figura 2. Classificação supervisionada sem filtro (A); Pós-classificação com uso do Majority Filter (B)
36 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
<0,00 Péssima
0,00 – 0,20 Ruim
0,20 – 0,40 Razoável
0,40 – 0,60 Boa
0,60 – 0,80 Muito boa
0,80 – 1,00 Excelente
Fonte: Landis e Koch (1977).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A verdade terrestre referente à bacia do rio Lavapés (Figura 3) foi obtida como
resultado da real utilização do uso do solo na área de estudo, assim, realizado o índice para
comparação com as classificações MAXVER provenientes do IDRISI Selva e TerraView 4.2.2.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 37
Tabela 2. Tabela determinada pela matriz de confusão gerada a partir da classificação supervisionada (IDRISI
Selva)
Cana Cana Cana Solo em Malha
Classes Água Citrus Mata Pastagem Total
1 2 3 Cultivo Urbana
Água 84 0 0 0 0 0 0 0 0 84
Cana 1 1 12682 813 6 0 16 1757 551 1250 17076
Cana 2 1 939 6064 2 5 13 2040 164 7223 16451
Cana 3 3 165 271 4504 104 1093 1705 239 409 8493
Citrus 3 203 795 468 2030 1689 4587 665 1250 11690
Mata 104 197 219 175 136 11074 5141 198 820 18064
Pastagem 11 924 1760 57 36 290 6668 1029 3669 14444
Solo em
1 2698 1311 192 41 427 10042 3103 3172 20987
Cultivo
Área
10 692 2711 93 24 142 2071 233 9446 15422
Urbana
Total 218 18500 13944 5497 2376 14744 34011 6182 27239 122711
Fonte: Autor (2015).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
AMORIM, R. F.; ALMEIDA, S. A. S.; CUELLAR, M. Z.; COSTA. A. M. B.; GOMES, C. Mapeamento
de uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica Piranhas/Açu, utilizando imagens CBERS e
técnicas de classificação supervisionada. XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto –
SBSR. 2007, Florianópolis, SC. Anais... São José dos Campos: INPE, 2007, p. 3710.
EASTMAN, J. R. IDRISI Selva – GIS and Image Processing Software – version 17.0. Worcester-
MA/USA: Clark Labs, 2012.
LANDIS, R.; KOCH, G. G. The measurement of observer agreement for categorical data.
Biometrics, v. 33, n. 1, p. 159-174, mar. 1977.
Capítulo 4
INTRODUÇÃO
9
Doutorando em Geografia pela UNESP-Presidente Prudente e Técnico em Cartografia pela UFMS-Três Lagoas.
10
Professor Dr. pela UNESP de Ourinhos.
11
Professor Dr. pela UFMS de Três Lagoas.
46 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
Para melhor visualização dos dados gerados por diferentes sensores, alguns
procedimentos de processamento de imagens têm sido desenvolvidos e aplicados. Alguns
desses procedimentos combinam imagens de diferentes características espectrais e
espaciais para sintetizar uma nova imagem com melhor resolução espacial que a imagem
multiespectral original. A essas operações dá-se o nome de fusão de imagens.
Segundo Wald (1999), a fusão de dados orbitais pode ser caracterizada como uma
estrutura de trabalho em geoprocessamento onde ferramentas e técnicas são desenvolvidas
com o objetivo de combinar informações advindas de diferentes sensores, onde a utilização
dessa técnica permite a obtenção de uma imagem de melhor qualidade.
Desta forma, foram desenvolvidas técnicas de processamento de imagens, tais
como: IHS (Intensity, Hue, Saturation) e componentes principais, utilizadas no presente
trabalho.
O IHS pode ser comparado ao olho humano, que enxerga imagens sem distinguir o
vermelho, azul e verde (RGB), mas sim a intensidade, o matiz e a saturação das cores
(SPRING, 2006).
Segundo a Divisão de Processamento de Imagens (DPI) do INPE (2015), a
intensidade ou brilho é a medida de energia total envolvida nos comprimentos de onda,
sendo responsável pela sensação de brilho da energia incidente sobre o olho. A matiz ou cor
de um objeto é a medida do comprimento de onda médio da luz que se reflete ou se emite,
definindo a cor do objeto. Já a saturação ou pureza expressa o intervalo de comprimento de
onda ao redor do comprimento de onda médio, no qual a energia é refletida ou transmitida.
Um alto valor de saturação resulta em uma cor espectralmente pura, ao passo que um baixo
valor indica uma mistura de comprimentos de onda produzindo tons pastéis (apagados).
Componentes principais é uma técnica de realce que reduz ou remove esta
redundância espectral, ou seja, gera um novo conjunto de imagens cujas bandas individuais
apresentam informações não disponíveis em outras bandas (SPRING, 2006).
De acordo com Novaes (2008), as imagens de sensoriamento remoto têm ampliado
suas aplicações nos últimos anos devido à melhor qualidade e maior disponibilidade,
permitindo observar a superfície terrestre com maior detalhe e frequência. A integração
dessas imagens com outras fontes de dados espaciais em Sistemas de Informação Geográfica
(SIG) aumentaram significativamente as opções e possibilidades em análises espaciais de
dados da superfície terrestre.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 47
OBJETIVOS
Aplicar e analisar a técnica de fusão de imagens dos sensores orbitais CCD e HRD
utilizando os procedimentos IHS e componentes principais.
ÁREA DE ESTUDO
A restauração corrige as distorções inseridas pelo sensor na geração das imagens e tem
parâmetros de acordo com as características do sensor. O uso desta técnica permite gerar a partir da
imagem de uma banda CCD com resolução espacial de 20 metros uma nova imagem com resolução
espacial de 10 metros. No processo de reamostragem da imagem do sensor CCD adquiriu o mesmo
tamanho de pixel da cena HRC, fazendo uso do interpolador bilinear (IBAMA/SISCOM).
Em seguida, foram aplicadas as técnicas de IHS e componentes principais. Na
transformação RGB para IHS, as cores são obtidas de uma composição colorida de bandas CCD, e na
execução da transformação inversa IHS para RGB, a componente I (intensidade) é substituída pela
imagem HRC.
De acordo com Araújo (2009), a transformação IHS é uma técnica de processamento de
imagens para a reamostragem dos pixels. Através dessa transformação é possível fusionar imagens
de resoluções espaciais distintas, proporcionando maior descrição dos elementos das imagens, no
que se refere a pixels.
A técnica de fusão de imagens por componente principal baseia-se na substituição do
primeiro componente pela imagem de resolução maior, a qual pode ser contrastada de forma a ter
média e variância próximas às do primeiro componente.
RESULTADOS
A partir da aplicação das técnicas IHS e componentes principais foram geradas duas
imagens sintéticas fusionadas. Imediatamente notou-se um refinamento na escala dos objetos
encontrados na superfície de estudo processada pela técnica de fusão das imagens do sensor CCD
com o HRC, condicionando melhor possibilidade de interpretação visual das imagens.
A imagem sintética gerada pela técnica IHS apresentou nitidez e contraste realçados
diferenciando os objetos encontrados na área de estudo. Porém, em alguns alvos notaram-se
diferenças largas e acentuadas nas transições dos pixels (Figura 3).
50 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
Figura 3. Comparação das imagens geradas pelos procedimentos IHS e componentes principais
Fonte: Imagens CEBRS CCD e HRC, 2008. Organização: Cesar Cardoso Ferreira.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Cesar Cardoso; GONÇALVES, Franciele, SAKAMOTO, Arnaldo Yoso et al. Urban
area analysis at drainage basin of Pitangueiras stream, in Barretos city, São Paulo State,
Brazil, using actives (SRTM) and passives (LANDSAT ETM+) orbitals sensing. In: Eleventh URSI
Commission of Triennial Open Symposium on Radio Wave Propagation and Remote Sensin,
2007, Rio de Janeiro-RJ. Anais... 2007.
GIRARD, Michel Claude; GIRARD Colette M. Traitement des donnéss de télédétection. Paris,
1999.
NOVAES, Maikon R. de et al. Técnica de fusão de imagens para facilitar a detecção de áreas
canavieiras em incompatibilidade ambiental. GEOINFO – X Brazillian Symposium on
Geoinformatics, Anais... Rio de Janeiro, 2008.
WALD, L. Some terms of reference in data fusion. IEEE Transaction on Geoscience and
Remote Sensing, v. 37, n. 3, p. 1190-1193, 1999.
54 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
Capítulo 5
INTRODUÇÃO
12
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFMS/CPTL – Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul – Três Lagoas. E-mail: [email protected]
13
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia, da UFMS/CPTL – Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul – Três Lagoas. E-mail: [email protected]
14
Dr. em Geociência e professor associado IV da UFMS/CPTL – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul –
Três Lagoas.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 55
Nos dias atuais é difícil encontrar estudos ambientais que não tomam a bacia
hidrográfica como unidade de estudo e/ou planejamento. Isso não ocorre apenas na
geografia, mas também em áreas similares. Tal se deve ao fato de a bacia hidrográfica ter
uma característica integradora, seja no planejamento urbano ou rural.
Nesse sentido Botelho e Silva afirmam que:
OBJETIVOS
METODOLOGIA
A carta geológica foi realizada com base no estudo de impacto ambiental elaborado
pela FIBRIA-MS Celulose Ltda., visto que a empresa disponibilizou dados detalhados da bacia
estudada. Desse modo, com o auxílio do ArcGis®10 foi possível quantificar a área ocupada
por cada disposição geológica existente na bacia em km². Assim, a disposição geológica da
BHCM ficou caracterizada em três níveis de fragilidade ambiental: baixa, média e muito alta,
como sugerido por Ross (1994).
A pedologia foi realizada através dos dados fornecidos pela empresa FIBRIA MS
Celulose Ltda., a qual apresentam grande nível de detalhes e características dos solos da
maioria dos hortos em escalas que oferecem grande nível de detalhes. Esses dados de solos
possuem diferentes escalas, variando de 1:35.000 a 1:70.000, e foram obtidos conforme
levantamento pedológico realizado entre 2009 e 2012. Essas cartas fornecidas em diferentes
escalas foram inseridas no software ArcGis®10, georreferenciadas, reprojetadas e unificadas
em uma única carta. Os pesos de fragilidade ambiental foram adaptados de Ross (1994).
A carta de declividade ou clinográfica da bacia hidrográfica do córrego Moeda foi
gerada a partir das imagens de radar SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) obtidas por
meio do banco de dados do site Eart Explorer. Posteriormente, por meio da ferramenta
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 57
Spatial Analyst, em seguida a opção Surface e Slope, sendo que pode ser escolhido declive
em graus e/ou porcentagem, neste caso foi escolhida a porcentagem.
Esta carta é apontada como uma das principais variáveis, pois, de acordo com
Oliveira et al., (2007) o grau de declive do terreno influencia diretamente a perda de solo por
erosão, visto que quanto maior a declividade maior a velocidade de escoamento das águas
sob o efeito da gravidade, sendo, pois, menor o tempo disponível para infiltração no solo.
Para análise da declividade do relevo da bacia utilizou-se a metodologia de Ramalho
Filho e Beek (1995) que aponta limitações para ocupação em bacias hidrográficas rurais.
Na elaboração da carta de uso e ocupação da terra foram feitas interpretações de
imagens de satélite Landsat 8/OLI, do dia 4 de abril de 2014, disponibilizados gratuitamente
através do site da United States Geological Survey (USGS). Todas essas imagens foram
mensuradas e processadas através do ArcGis®10 e Spring 5.2.6.
As imagens foram importadas no ArcGis 10 e posteriormente o contraste foi
executado no SIG Spring® 5.2.6 a fim de melhorar a qualidade das mesmas, utilizando a
opção equalizar histograma. A partir deste contraste foi realizada a interpretação do uso e
ocupação da terra por meio de classificação não supervisionada por regiões, utilizando-se o
classificador Histograma, cuja liminar de aceitação foi de 95%.
Para finalizadas a carta, foi utilizado o ArcGis® 10 para corrigir os erros que o Spring®
causa na classificação, analisando cada região e corrigindo aquelas que apresentavam erros
alterando seu atributo de acordo com a realidade mostrada na imagem de satélite.
Todas as classes de uso e ocupação da terra foram adquiridas de acordo com as idas
a campo. As classes encontradas foram: cerrado, cerrado úmido, florestal, edificações, água,
pastagem, cultivo de eucalipto, cultivo de seringueira.
Posteriormente, os produtos obtidos nas etapas anteriores foram agrupados e
sobrepostos para a obtenção do mapa de fragilidade ambiental da bacia hidrográfica do
córrego Moeda, seguindo recomendação de Ross (1994), que sistematizou uma hierarquia
nominal de fragilidade representada por classes: muito fraca (1), fraca (2), média (3), forte
(4) e muito forte (5).
Em seguida, foram utilizados e interpolados os dados de geologia, declividade, solos
e uso e ocupação da terra para a obtenção da carta de fragilidade ambiental, por meio da
ferramenta Spatial Analyst Tools>Overlay>Weighted Overlay, onde foi inserido estas
variáveis e dado um Set Equal no ArcGis® 10 para que todos os dados tivessem o mesmo
58 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
peso na elaboração da carta, assim cada variável ficou com 25% de peso sobre a carta de
fragilidade.
RESULTADOS
O solo é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e
gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos
que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do
nosso planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde
ocorrem e, eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas.
(EMBRAPA, 2006, p. 32).
Fragilidade
Área Área
Legenda Tipos de solo potencial Pesos
(km²) (%)
natural
LVAd4 Latossolo vermelho-amarelo distrófico 124,77 50,37 Baixa 2
LVd3 Latossolo vermelho distrófico 55,63 22,46 Baixa 2
-- Planossolo háplico 55,56 22,43 Muito alta 5
RQo1 Neossolo quartzarênico órtico típico 6,66 2,68 Muito alta 5
PVAd1 Argissolo vermelho-amarelo Tb distrófico típico 2,89 1,16 Muito baixa 1
Argissolo amarelo Tb distrófico abrúptico Muito baixa 1
PAd 1,40 0,56
plíntico
FXd Plintossolo háplico distrófico 0,58 0,23 Muito alta 5
CXbdg Cambissolo háplico Tb distrófico 0,18 0,07 Muito alta 5
-- Total 247,67 -- --
Fonte: FIBRIA-MS Celulose Ltda. (2010). Adaptado segundo Oliveira, com base em Oliveira, Pinto e Medeiros (2013) e Ross
(1994). Org.: GOMES, W. M.
O latossolo vermelho distrófico ocupa uma área de 55,63 km², ou 22,46% da área
total da BHCM, sendo, portanto, o segundo solo em ordem de ocorrência na bacia. Sua
menor ocorrência situa-se no alto curso da bacia, onde aparece ao norte do córrego
Querência.
O planossolo háplico ocupa uma área de 55,56 km², ou 22,43% da área total da
BHCM, ficando, portanto, ligeiramente “atrás” do latossolo vermelho distrófico em relação à
área de ocorrência. O neossolo quartzarênico órtico típico ocorre em apenas 6,66 km², ou
2,68% da BHCM, sendo encontrada uma pequena faixa no lado direito do médio curso e uma
faixa e duas “manchas” no baixo curso da bacia.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 61
Fonte: FIBRIA-MS Celulose Ltda. (2010). Adaptado de Ramalho Filho e Beek (1995).Org.: GOMES, W. M.
Classes de Fragilidade
km² % na BHCM Pesos
declividade (%) ambiental
0a2 10,93 4,41
2a3 30,58 12,34 Muito baixa 1
3a6 120,40 48,61
6a9 64,65 26,10
Baixa 2
9 a 12 14,70 5,93
12 a 15 3,66 1,47
Média 3
15 a 20 1,90 0,76
20 a 30 0,84 0,33 Alta 4
Acima de 30 0,01 0,004 Muito alta 5
Total 247,67 100 -- --
Potencial de
Classes de Uso e 2
Área (km ) Área (%) fragilidade Pesos
Ocupação da Terra
Ambiental
Cerrado 8,69 3,51 Fraca 2
Cerrado úmido 0,49 0,20 Média 3
Edificações 0,18 0,07 Muito forte 5
Eucalipto 133,31 53,76 Média 3
Florestal 33,47 13,51 Muito fraca 1
Pastagem 60,95 24,61 Média 3
Seringueira 0,12 0,05 Média 3
Solo exposto 10,20 4,12 Muito forte 5
Água 0,42 0,17 Muito forte 5
TOTAL 247,67 100,00 -- --
A classe média possui área significativa na bacia, abrangendo 73,07 km², ou 29,50%
da área total da bacia. Esta classe está relacionada com a interação do planossolo háplico –
que possui fragilidade muito alta devido às características físicas e estar distribuído ao longo
dos cursos dos principais córregos da bacia – e a formação Caiuá, que apresenta fragilidade
média.
As classes forte e muito forte somam área de 9,25 km², ou 3,73% da área da bacia. É
uma área relacionada com edificações, lagoas antrópicas e declividade elevada devido a
aterramentos e/ou outras edificações construídas. Não é expressiva e está bastante dispersa
distribuída em pequenos pontos ao longo da bacia.
66 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BOTELHO, R. G. M.; SILVA, A. S. Bacia hidrográfica e qualidade ambiental. In: Reflexões sobre
a Geografia Física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. p. 153-157.
ESRI. ArcGIS Desktop: release 10. Redlands, CA: Environmental Systems ResearchInstitute,
2011.
RAMALHO-FILHO, A.; BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3. ed.
Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1995. 65 p.
Capítulo 6
INTRODUÇÃO
Não é de hoje que os problemas ambientais têm sido palco central de discussões
frente à expansão urbana exacerbada. A sociedade e o consumo inserido no sistema
capitalista fizeram com que, ao longo do tempo, o espaço geográfico e seus recursos
naturais fossem desbravados paulatinamente a fim de incorporá-los em sua dinâmica.
Todavia, esses recursos que outrora foram julgados como inesgotáveis passaram a ter mais
atenção, principalmente com a crescente preocupação com o meio ambiente entre os países
mobilizados por ONGs e movimentos sociais frente a ideia do desenvolvimento sustentável.
Neste contexto, o planejamento ambiental surge como uma ferramenta essencial
para mitigar os efeitos causados pelo homem sobre a natureza, com o intuito de se discutir
novas práticas sustentáveis que visam ao aprimoramento da relação sociedade/natureza. A
partir deste cenário, a bacia hidrográfica configura-se como a principal unidade de
planejamento no âmbito das ações socioambientais.
A bacia hidrográfica consiste em uma área geográfica que drena suas águas para um
determinado canal fluvial principal. Ela é constituída e dinamizada pelos recursos hídricos,
solo, vegetação, meio antrópico e por outros componentes ambientais (MOTA, 2008). Seus
15
Mestrando em Geografia, FCT/UNESP. E-mail: [email protected]
16
Discente de Engenharia Ambiental, FCT/UNESP. E-mail: [email protected]
17
Professor Doutor, FCT/UNESP. E-mail: [email protected]
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 69
limites são bem demarcados geograficamente, por isso a mesma é considerada uma unidade
territorial ideal, em que toda e qualquer interferência natural ou antrópica influencia na
quantidade e qualidade do recurso hídrico.
Uma das formas de garantir o equilíbrio da dinâmica de uma bacia hidrográfica é
preservar a vegetação em locais críticos, tais como os entornos do canal, encostas, restingas,
manguezais e topos de morros. Tal proteção garante maior estabilidade e resiliência dos
corpos d’água e do solo diante de alguma interferência natural ou artificial.
Para entender como a vegetação realiza tal proteção, toma-se como exemplo as
matas ciliares, que interceptam a água da chuva, encaminhando-a mais suavemente ao solo.
Como este está protegido e permeado pelas raízes das plantas, permanece poroso, com alta
capacidade de absorção. Então, ao contrário de deslizar sobre a superfície do solo, a água
penetra, realimentando os lençóis freáticos (MUELLER, 1998).
As áreas de preservação permanente (APPs) são de suma importância para a
manutenção dos nossos mananciais. Entretanto, no Brasil, o debate em torno da
importância das APPs para a garantia da produtividade da terra gera muitas polêmicas sobre
a área a ser protegida. Assim, grande parte delas não está preservada, causando uma série
de problemas à drenagem de uma bacia hidrográfica, tais como: assoreamento do canal
fluvial, aumento da erosão, diminuição da permeabilidade do solo e a consequentemente a
perda de nutrientes do mesmo.
No presente trabalho foi estudada a bacia do ribeirão Cuiabá, localizado no extremo
leste de Teodoro Sampaio, próximo ao seu perímetro urbano e que marca limite entre esse
município e Mirante do Paranapanema.
A economia desses municípios é baseada na agropecuária (cana-de-açúcar e
bovinos), na produção de cana-de-açúcar, etanol e comércio. Além disso, Teodoro Sampaio
possui, dentro de sua área, o parque estadual Morro do Diabo, que fica a 11 km leste do
centro da cidade. Com 33.845,33 hectares e um pico de 599,5 metros, o parque estadual
preserva o que sobrou da vegetação nativa da Mata Atlântica do Interior (IBGE, 2010).
A bacia hidrográfica do ribeirão Cuiabá fica próxima ao Morro do Diabo (Figura 1), e
possui uma área altamente preservada em seu entorno. Em compensação, as APPs que
margeiam o canal fluvial principal e seus tributários não estão, em sua maioria, preservadas.
Os estudos dessa bacia, fazem parte do mapeamento na escala 1:3.000, que está
sendo realizado para toda a UGRHI 22 – Pontal do Paranapanema pelo Grupo de Pesquisa
70 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo principal demonstrar o levantamento das áreas de
preservação permanente e fragmentos florestais da bacia hidrográfica do ribeirão Cuiabá
nos municípios de Teodoro Sampaio e Mirante do Paranapanema, a partir do mapeamento
em detalhe (escala de trabalho 1:3.000), utilizando as ortofotografias aéreas da EMPLASA,
identificando os canais fluviais e as áreas úmidas, com o intuito de gerar um mapa de APP
que possa representar a área ideal a ser protegida deste manancial.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 71
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As APPs são áreas onde a vegetação deve ser mantida intacta, tendo como objetivo
garantir a preservação dos recursos hídricos, a estabilidade da biodiversidade, além do o
bem-estar da população (ARAÚJO, 2002).
A preservação dessas áreas torna-se vital para o funcionamento da bacia hidrográfica
como um todo, tanto que existe uma legislação específica no Brasil, que garante a
preservação dessas áreas, pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, a qual define que APP
consiste em:
[...] área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental
de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
72 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
FORMA DESCRIÇÃO
Nível de inundação Nível de inundação até o nível de erosão ativa das margens do canal. Limite de
de margens plenas ocupação por vegetação de forma perene, mesmo que inundada. Nível de fluxo de
(bankfull discharge) inundação dominante no canal em períodos de recorrência de 1 a 2 anos
Nível de inundação
Nível de inundação de baixa frequência (entre três e quatro vezes por século)
excepcional
Nível mínimo
Nível mínimo com intervalo de recorrência de 1 a 2 anos
normal
Nível mínimo
Nível mínimo de baixa frequência (entre três e quatro vezes por século)
excepcional
Fonte: Moore (1967); Christofoletti (1981); Guerra, A. T. e Guerra A. J. T. (1997). Org.: Novo (2008). Extraído de Florenzano
(2008).
Embora, não previsto pela Lei nº 12.651/2012, na qual afirma que área a ser
protegida deve estar desde a borda da calha do leito regular, a preservação dessas áreas é
importante, visto que fazem parte do próprio regime hidrológico da bacia.
Com a alteração do Código Florestal brasileiro em 2012, suprimiu-se a necessidade
de se proteger essas áreas como apresentado nas leis anteriores: Lei nº 4.771/1965 (antigo
Código Florestal brasileiro) e Lei nº 7.803/1989 a qual complementava a lei anterior
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 77
destinando como APP ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais
alto em faixa marginal (BRASIL, 1989).
Por esse motivo optou-se neste trabalho a criação da APP a partir do nível mais alto
do rio, representado pelas áreas úmidas, porém mantendo a metragem de 30 metros tendo
em vista a largura regular do canal que não chega a 10 metros.
Após essa etapa, também foi gerado um shapefile de pontos (point) para demarcar as
nascentes ao longo da bacia hidrográfica do ribeirão Cuiabá. Ao todo foram encontradas 15
nascentes. De acordo com a Lei Federal nº 12.651/2012, no art. 4º, as nascentes possuem
uma delimitação específica:
IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que
seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;
CONCLUSÕES
As ferramentas dos SIG contribuem a ter uma melhor visão e representação dos
dados espaciais, fundamentalmente essenciais para o planejamento e gestão de recursos
hídricos. A argumentação de acordo com a legislação ambiental brasileira é importante para
que estas áreas possam ser, de fato, preservadas.
Ao longo da bacia hidrográfica do ribeirão Cuiabá podemos perceber a partir das
fotografias aéreas que embora apresente uma quantidade significativa de fragmentos
florestais, a conectividade entre os mesmos é baixa, isso se estende também para sua
conectividade com o Parque Estadual Morro do Diabo, principal Unidade de Conservação da
UGRHI 22 – Pontal do Paranapanema.
A conectividade entre as Áreas de Preservação Permanente e as Unidades de
Conservação é de extrema importância, frente a manutenção da fauna e flora local. Sem ela,
nossas espécies correm sério risco de extinção como no caso do Mico-Leão Preto, onde seu
principal habitat encontra-se no parque. Por isso, esta bacia apresenta uma grande
importância por se tratar de uma área que ocupa além de uma parte do parque, suas
principais áreas de entorno.
Além disso, as APPs presentam um grande potencial para a proteção dos recursos
hídricos locais evitando o foco de processos erosivos e contribuindo para a manutenção dos
mananciais, o que nos remete a um estudo amplo que está sendo realizado para todo a
UGRHI 22 – Pontal do Paranapanema, no qual este trabalho faz parte.
O mapeamento na escala 1:3.000 representa um avanço na questão do
detalhamento das pesquisas para a o planejamento e gestão dos recursos hídricos, nosso
intuito é utilizar esses dados como base de trabalhos tanto no âmbito acadêmico como
também para órgãos oficiais, comitês de bacias hidrográficas, de modo a contribuir perante
a sociedade em prol do desenvolvimento sustentável.
80 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa. Brasília: DOU, 2012.
BRASIL. Lei Federal nº 4.771, 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal.
Brasília: DOU, 1965.
BRASIL. Lei Federal nº 7.803, de 18 de julho de 1989. Altera a redação da Lei nº 4.771, de 15
de setembro de 1965, e revoga as Leis nºs 6.535, de 15 de junho de 1978, e 7.511, de 7 de
julho de 1986. Brasília: DOU, 1989.
HORTON, R.E. Erosinal development of streams and their drainage basins: hirophysical
approach to quantitative morphology. Bulletin of the Geological Society of America, 1945.
Disponível em: <http://gsabulletin.gsapubs.org/content/56/3/275.short> Acesso em: 26
maio 2015.
MOTA, Suetônio. Gestão ambiental de recursos hídricos. Rio de Janeiro: ABES, 2008.
MUELLER, C. C. Gestão de matas ciliares. In: LOPES, I. V.; BASTOS FILHO, G. S.; KANEVIESKIR,
T. et al. Produtores de água na microbacia do manancial córrego do Veado – Presidente
Venceslau, São Paulo: potencialidades em questão. Presidente Prudente, 2011. Disponível
em: <http://bacias.fct.unesp.br/gadis/docs/publicaco. s/11_thici_thisla.pdf> Acesso em: 27
maio 2015.
Capítulo 7
INTRODUÇÃO
A água sempre foi um bem essencial à manutenção de formas de vida na terra, para
as mais diversas espécies animais e vegetais, tanto para sua sobrevivência quanto para o seu
desenvolvimento. Mesmo os habitantes de localidades inóspitas dependem deste recurso
para sua sobrevivência, visto que alguns desses não necessitam ingeri-la diretamente, mas a
consomem indiretamente através de sua alimentação (TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI,
2011).
A região do Pontal do Paranapanema possui alguns problemas hídrico-ambientais,
conforme discorre Leal (2000). São considerados como os principais desses, a perda elevada
da água superficial devido ao intenso desmatamento e aceleração do processo erosivo em
áreas urbanas e rurais, assoreamento e desperenização dos cursos hídricos, lançamento de
efluentes não tratados ou com deficiência no tratamento, disposição de resíduos sólidos em
nascentes e fundos de vale, exploração intensa da água subterrânea, conflitos fundiários e a
demanda de água crescente.
18
Mestrando em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, Universidade do Oeste Paulista. E-mail:
[email protected]
19
Mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, Universidade do Oeste Paulista. E-mail:
[email protected]
20
Doutor em Geociências. E-mail: [email protected]
82 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
OBJETIVOS
O presente trabalho possui como objetivo identificar áreas que não possuem
vegetação ripária em faixas ideais para manutenção da qualidade dos recursos hídricos na
bacia do ribeirão Anhumas, no município de Anhumas/SP.
METODOLOGIA
RESULTADOS
CONCLUSÕES
Um fator que merece destaque é a elevada incidência de solos com baixa cobertura
vegetal, ou seja, áreas de pastagens e culturas temporárias, que se tornam suscetíveis a
processos erosivos, pois permitem o escoamento superficial das águas pluviais com baixa
resistência. Assim, ao ocorrer a saturação de água no solo, reduz-se o nível de
permeabilidade do mesmo, e com o decréscimo da infiltração no solo ocorre o aumento do
escoamento superficial, potencializando os processos erosivos e, consequentemente, a
ampliação dos processos morfogênicos.
A carta de vegetação nativa da bacia indica a vegetação nativa presente na bacia.
Conclui-se que há um elevado déficit de vegetação nativa arbórea na bacia e, dessa forma,
um elevado grau de suscetibilidade a processos degradativos.
A carta de proteção proporcionou uma relação entre a vegetação nativa e ripária
presente na bacia bem como o seu déficit, segundo destacado por Metzger (2010). Foi
identificado na maior parte da bacia a ausência dessa faixa mínima de 50 metros de
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 91
vegetação ripária, bem como vegetações nativas fora das áreas de preservação permanente.
As faixas de vegetação ripária existentes não cumprem suas funções de proteção natural,
como o exemplo da manutenção de fauna e flora e demais elementos que determinam a
qualidade do recurso hídrico, tais como: manutenção da temperatura das águas, retenção
de elementos xenobióticos e sedimentos, dentre outros fatores. As faixas existentes de
vegetação nativa evidenciam também a ausência de corredores ecológicos por onde
transitariam variadas espécies em seu ambiente natural.
Um fato destacado no uso da terra da bacia é o baixo índice de vegetação e o
avanço agropecuário sobre as áreas especialmente protegidas, que se ocupou de forma
desmedida e provocou extenso desmatamento. Assim, este quadro de degradação da bacia
pelo uso inadequado dos recursos naturais afeta diretamente os recursos hídricos, seja na
sua qualidade, seja na disponibilidade.
Desta forma, torna-se extremamente necessário atentar-se para as formas de
manejo e uso do solo em toda a bacia, visto que a tendência é de agravamento da situação,
caso não haja a devida cautela, bem como os devidos atos de planejamento, recuperação e
prevenção da degradação dos recursos naturais da bacia, em especial os recursos hídricos.
REFERÊNCIAS
DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. 3. ed. São Paulo: Bertrand Brasil,
1994.
LEAL, A. C. Gestão das águas no Pontal do Paranapanema – São Paulo. 2000. Tese
(doutorado), Unicamp, São Carlos, 2000.
TEIXEIRA, W. et al. (org.). Decifrando a terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.
TUNDISI, J. G.; MATSUMURA TUNDISI, T. Recursos hídricos no século XXI. São Paulo: Oficina
de Textos, 2011.
92 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
Capítulo 8
INTRODUÇÃO
21
Graduado em Geografia Bacharelado e Bolsista CAPES pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da
UFMS/CPTL. E-mail: [email protected]
22
Graduado em Geografia Licenciatura e Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da
UFMS/CPTL. E-mail: [email protected]
23
Doutor em Geociências e Professor Associado IV da UFMS/CPTL. E-mail: [email protected]
94 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
MATERIAL E MÉTODOS
ocupações e digitalizadas através do AutoCad 2012. Sendo assim, foram separadas as classes
em: áreas diversas, hidrografia, plantio comercial de eucalipto, pastagem, reserva legal,
áreas de preservação permanente.
Na análise dos parâmetros para a verificação da qualidade das águas superficiais do
córrego Moeda, foram empregados equipamentos e métodos para a análise dos
parâmetros: oxigênio dissolvido – OD, condutividade – CE, turbidez, pH, temperatura – T oC;
com exceção da turbidez, que o ensaio foi realizado em laboratório, os demais foram
efetuados em campo.
O oxigênio dissolvido – OD é um gás solúvel em água, com concentrações variadas.
Segundo Tuchobanoglous e Schroeder (1985), devido à sua importância, o OD é amplamente
utilizado como principal parâmetro da qualidade de água e serve para determinar o impacto
de poluentes sobre corpos d’água, pois é um dos mais importantes fatores no
desenvolvimento de qualquer planejamento na gestão de recursos hídricos (SILVA; HERMES,
2004).
A condutividade elétrica – CE é a capacidade que a água possui de conduzir
corrente elétrica. Este parâmetro está relacionado com a presença de íons dissolvidos na
água, que são partículas carregadas eletricamente. Quanto maior for à quantidade de íons
dissolvidos, maior será a condutividade elétrica da água.
O potencial hidrogeniônico – pH é quimicamente a medida de concentração de íons
H+ e íons OH presentes na solução, é uma das determinações de qualidade de água mais
frequentemente executadas, apresentando a acidez ou a alcalinidade das águas, que podem
ter origem em fatores naturais do terreno ou resultarem de poluentes dissolvidos na água
(CETESB, 1987).
A turbidez, para Pinto (1998), é a alteração da penetração da luz provocada por
partículas em suspensão, como bactérias, argilas e silte ou fontes de poluição que lançam
materiais finos e outras substâncias na água. Certamente, a presença dessas substâncias
provoca a dispersão e a absorção da luz, dando à água aparência nebulosa, esteticamente
indesejável e potencialmente perigosa.
A temperatura também é outro parâmetro analisado, pode gerar camadas d’água
com várias densidades, que por si só já formam uma barreira física, impedindo que se
misturem, e se a energia do vento não for suficiente para misturá-las o calor não se distribui
uniformemente, criando a condição de estabilidade térmica.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 97
Tabela 1. Limites dos parâmetros analisados para enquadramento nas classes das águas doces no Brasil
critérios como: açudes, captação de água pela Fibria-MS Celulose Ltda.; confluência com
outros córregos, foz de afluente e na foz do próprio córrego Moeda, sendo elas enumeradas
ao entorno da bacia hidrográfica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
reduzindo para 92,80 mm de média. Após essa redução, os meses seguintes (maio e junho)
alcançaram precipitações reduzidas, com 57,30 mm e 18,90 mm, respectivamente.
O inverno é a estação mais seca dentre todas, pois só alcançou 8,48% da
precipitação total, fazendo com que o mês de julho se qualifique como o mês menos
chuvoso e frio na média. Nota-se nesta estação que setembro se estabelece como um
período de transição, pois começa a elevar a temperatura e a pluviosidade é mais abundante
que nos outros meses do inverno.
De forma geral, o período chuvoso estende-se de outubro a março, abrangendo,
sobretudo, a primavera e o verão. A estação mais fria e mais seca é o inverno, em que as
precipitações alcançam ao todo 112 mm.
Nota-se que em apenas quatro meses do ano de 2012 ocorreu um acréscimo na
quantidade de precipitação em relação ao normal, tendo como junho como o mês principal,
no qual choveu 200,56 mm a mais que o normal, sendo um ano atípico, pois esse mês não
ocorrem grandes precipitações, ficando normal em torno de 18,9 mm. Outro fator
considerado é a grande redução das precipitações no verão, em que todos os meses
ocorreram redução, acarretando em 215,91 mm a menos que o normal.
No outono, devido principalmente ao mês de junho, ocorreu um aumento no
desvio, totalizando 191,1 mm a mais que o normal. Já no inverno ocorreu uma pequena
diminuição no ano de 2012 em relação ao normal, com o mês de agosto apresentando 0,0
mm de precipitação, um mês de seca que ocasionou essa redução de 4,81 mm em relação à
precipitação normal.
Na primavera, ocorreu uma redução nas precipitações, com apenas dezembro
obtendo um aumento. Entretanto, a estação obteve um desvio de 93,73 mm a menos que o
normal. Percebe-se que a maioria dos meses obteve índices mais baixos de precipitação que
o normal, fazendo com que em 2012 ocorresse um desvio de 119,75 mm a menos que a
precipitação média anual.
Além dos dados de precipitação, as informações sobre o uso e ocupação da terra na
BHCM se tornam importantes aliados para entender as influências desses elementos sobre
seus recursos hídricos, subsidiando, assim, ações e/ou sugestões para melhor
aproveitamento deste território.
A BHCM drena uma área de 26.839,15 ha, destes, em abril de 2012, 14.934,10 ha
são ocupados com florestas de eucalipto, totalizando 56%. A pecuária extensiva de corte e
100 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
pastagens ocupam 19% e as APPs e reservas legais 22%, o restante são áreas diversas e a
própria área da Fibria-MS Celulose Ltda. (Figura 4).
enquadramento médio das águas da BHCM, para cada ponto de monitoramento e para a
bacia como um todo.
Percebe-se na Tabela 7 que, de forma geral, que a qualidade das águas monitoradas
obteve grandes variações ao longo das estações do ano de 2012, mas, em média, a BHCM se
enquadrou na classe II, o que preconiza pequenas limitações de uso para suas águas
superficiais.
Os pontos de monitoramento 8, 11 e 1 foram os que registraram um agravante na
qualidade de suas águas, dentre eles os piores foram os pontos 8 e 11, que se posicionaram
na classe IV. O Ponto 8, localizado no baixo curso do córrego Buriti, nas estações de verão e
outono, ficou na classe IV e secou no inverno e na primavera de 2012. Já ponto 11, próximo
à foz do córrego Moeda no rio Paraná, obteve o enquadramento IV nas estações de verão e
outono, e III no inverno e na primavera. O ponto 1, localizado no açude construído no leito
seco do alto curso do córrego Moeda, apenas na primavera enquadrou-se na classe IV, nas
demais estações permaneceu na classe III.
Contudo, as propriedades do alto curso utilizam, no ponto 1, a água para
alimentação animal e humana sem tratamento, e no ponto 8 ocorre o uso silvestre por parte
de animais de pequeno até grande porte como as antas. No ponto 11, além dos animais
silvestres, o rio é utilizado para a pesca amadora.
CONCLUSÕES
A influência do regime climático na qualidade das águas é bem definida, muito mais
do que a influência do plantio de eucalipto. No verão chuvoso de 2012, a redução das
precipitações, com desvio negativo de 215,9 mm, propiciou pequena diluição e assimilação
dos contaminantes, enquadrando suas águas, nesta estação, na classe II. Nota-se, porém,
que a precipitação do verão é pouco maior que a do outono, mas mesmo assim o
enquadramento permaneceu na classe II, indicando um limite para esse processo de
autodepuração.
Na primavera, mesmo com o aumento das precipitações, ficou abaixo do volume
normal 93,8 mm, mantendo-se a bacia na classe II. Apenas os pontos monitoramento 1, 4, 6,
7, 9 e 10 apresentaram como classe I. Os pontos 3 e 5 foram enquadrados na classe II e
apenas o ponto 1 foi enquadrado na classe III, enquanto os pontos 8 e 11 obtiveram as
piores classificações médias da bacia, enquadradas assim na classe IV, servindo apenas para
navegação e harmonia paisagística.
106 - Sérgio Campos, Edson Luís Piroli e Sandra Medina Benini (Orgs.)
REFERÊNCIAS
FIGUEROA, S. N.; NOBRE, C. A. Precipitation distribution over central and western tropical
South America. Climanalise, n. 5, p. 36-45, 1990.
MORAES, A. J. de. Manual para avaliação da qualidade da água. São Paulo: RIMA, 2001.
SILVA, A. de S.; HERMES, L. C. Avaliação da qualidade das águas: manual prático. Brasília:
EMBRAPA – Informação Tecnológica, 2004. 55p.
Geoprocessamento aplicado a análises ambientais - 107