Desenvolvimento Do Processo de Construção de Curvas Limite de Conformação
Desenvolvimento Do Processo de Construção de Curvas Limite de Conformação
Desenvolvimento Do Processo de Construção de Curvas Limite de Conformação
Porto Alegre
2004
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais-PPGEM
Porto Alegre
2004
ii
Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em
Engenharia, área de concentração Processos de Fabricação e aprovada em sua forma final,
pelo Orientador e pela Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação.
Banca Examinadora:
iii
Dedico a Deus em primeiro lugar
e aos meus pais
Álvaro Sergio Silveira Netto e
Eglair Verdum Silveira Netto
iv
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos.................................................................................................................v
Sumário.............................................................................................................................vi
Lista de Figuras...............................................................................................................viii
Lista de Tabelas................................................................................................................xi
Lista de Símbolos.............................................................................................................xii
Resumo...........................................................................................................................xiv
Abstract............................................................................................................................xv
1. Introdução..................................................................................................................16
2. Aspectos da Conformação Mecânica de Chapas.......................................................18
2.1. Propriedades Mecânicas....................................................................................18
2.2. Curva Tensão vs. Deformação.........................................................................18
2.3. Deformações Principais.....................................................................................23
2.4. Lei da Constância de Volume............................................................................24
2.5. Deformações no Diagrama Limite de Conformação.........................................25
2.6. Deformações e Tensões num Caneco................................................................27
2.7. Grau de Encruamento........................................................................................29
2.8. Índice de Anisotropia........................................................................................30
3. Ensaios Tecnológicos.................................................................................................34
3.1. Ensaio Swift.......................................................................................................34
3.2. Ensaio Olsen e Erichsen....................................................................................35
3.3. Ensaio sob Pressão Hidráulica “Bulge-Teste”..................................................35
3.4. Ensaio com Múltiplos Punções.........................................................................36
4. Curva Limite de Conformação...................................................................................37
4.1. Keeler e Goodwin...........................……...………………………………........40
4.2. Nakazima...........................................................................................................42
4.3. Variação do Método Nakazima.........................................................................43
4.4. Gronostjski e Dolny...........................................................................................44
4.5. CLC Aplicada a ligas de Alumínio...................................................................46
vi
5. Considerações sobre ligas de Alumínio.....................................................................49
6. Procedimentos Experimentais....................................................................................52
6.1. Visioplasticidade...............................................................................................52
6.2. Corpos de Prova................................................................................................54
6.3. Marcação dos Corpos de Prova.........................................................................55
6.4. Punções..............................................................................................................57
6.5. Lubrificante.......................................................................................................58
6.6. Quebra rugas......................................................................................................58
6.7. Equipamento de Medição..................................................................................59
7. Resultados..................................................................................................................61
7.1. Propriedades Mecânicas....................................................................................61
7.2. Estampabilidade................................................................................................64
7.2.1. Medição de Força.....….....................................................................................64
7.2.2. Os Corpos de Prova...........................................................................................65
7.2.3. Curva Limite de Conformação..........................................................................66
7.3. Curva Limite Alumínio Aeronáutico (Punção Elíptico)...................................70
7.4. Espessura Final..................................................................................................73
8. Análise dos Resultados..............................................................................................76
8.1. Propriedades Mecânicas....................................................................................76
8.2. Força de Conformação......................................................................................76
8.3. Caminho das Deformações................................................................................77
8.4. Curva Limite de Conformação..........................................................................79
9. Conclusões.................................................................................................................83
10. Sugestões para Trabalhos Futuros..............................................................................84
Referências Bibliográficas...............................................................................................85
vii
LISTA DE FIGURAS
viii
Figura 4.9 – CLC de chapa “sandwich” e alumínio AA5182..........................................48
Figura 6.1 – Esboço da grade impressa antes e após o ensaio Nakazima, CP1...............52
Figura 6.2 – Esboço da grade impressa antes e após o ensaio Nakazima, CP8..............52
Figura 6.3 – Abertura utilizada para visualizar as deformações nos CP’s......................53
Figura 6.4 – Grade utilizada para medir deformações.....................................................54
Figura 6.5 – Desenho esquemático do processo de gravação de chapas.........................57
Figura 6.6 – À esquerda punção hemisférico e à direita punção elipse rasa...................57
Figura 6.7 – Disco de poliuretano e ferramental utilizado..............................................58
Figura 6.8 – Esquerda: Máquina Universal para Ensaio de Tração. Direita: Máquina
para realização de ensaio Nakazima................................................................................59
Figura 6.9 – Esquerda: Sensor de deslocamento longitudinal. Direita: Sensor de
deslocamento transversal.................................................................................................60
Figura 7.1 – Curva tensão convencional x deformação relativa. Espessura
1,9mm........61
Figura 7.2 – Deformações ϕ1 e ϕ2 utilizados para definir a anisotropia..........................62
Figura 7.3 - Curva de escoamento...................................................................................63
Figura 7.4 – Relação entre força de estampagem e o tempo...........................................64
Figura 7.5 – Família de CP’s ensaiados...........................................................................65
Figura 7.6 – CLC a estricção Al 1050 – O. CP com entalhe. Espessura 1,9mm.............66
Figura 7.7 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP com entalhe. Espessura
1,9mm..............................................................................................................................67
Figura 7.8 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP sem entalhe. Espessura
1,9mm..............................................................................................................................68
Figura 7.9 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP sem entalhe. Espessura
1,9mm..............................................................................................................................68
Figura 7.10 –CLC a estricção Al 1050 – O. CP com entalhe. Espessura 1mm...............69
Figura 7.11 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP com entalhe. Espessura
1mm.................................................................................................................................70
Figura 7.12 – CLC a estricção e a ruptura. Punção Elíptico. Espessura 1,00mm. Material
Al 6061 – O.....................................................................................................................71
Figura 7.13 – CLC a estricção e a ruptura. Punção Elíptico. CP com entalhe. Espessura
1,60mm. Material Al 6061 – O........................................................................................71
ix
Figura 7.14 – CLC a estricção e a ruptura. Punção Elíptico. CP com entalhe. Espessura
2,55mm. Material Al 6061 – O........................................................................................72
Figura 7.15 – Espessura final em função das deformações principais. Punção Elíptico.
Espessura inicial 1,9mm..................................................................................................73
Figura 7.16 – Espessura final em função das deformações principais. Punção
Hemisférico. Espessura inicial 1,9mm............................................................................74
Figura 7.17 – Espessura final em função das deformações principais. Punção Elíptico.
Espessura inicial 1mm.....................................................................................................74
Figura 7.18 – Espessura final em função das deformações principais. Punção
Hemisférico. Espessura inicial 1mm...............................................................................75
Figura 8.1 – Analise das deformações no CP1................................................................78
Figura 8.2 – Caminho das deformações para cada CP....................................................78
Figura 8.3 – Comparação entre curvas limite. Material Al 1050-O. Espessura
1,9mm..............................................................................................................................79
Figura 8.4 – Comparação entre curvas limite. Espessura 1mm. Material Al 1050-O.....80
Figura 8.5 – Comparação entre punções.CP’s sem entalhe. Material Al 1050-O...........81
x
LISTA DE TABELAS
xi
LISTA DE SÍMBOLOS
xii
s espessura instantânea, [mm]
s1 espessura final, [mm]
Vf volume final, [mm3]
V0 volume inicial, [mm3]
ε deformação relativa, [%]
ϕeq deformação equivalente (verdadeira), [-]
ϕ1 deformação plástica na direção do comprimento, [-]
ϕ2 deformação plástica na direção da largura, [-]
ϕ3 deformação plástica na direção da espessura, [-]
σ tensão convencional (resultado do ensaio de tração ), [MPa]
σm tensão máxima, [MPa]
σn tensão normal a espessura, [MPa]
σe tensão de escoamento, [MPa]
σr tensão radial, [MPa]
σt tensão tangencial, [MPa]
xiii
RESUMO
Foram feitos ensaios com corpos de prova em formato de tiras, exatamente como
Nakazima propôs. A ruptura para estes corpos de prova ocorre de modo aleatório rompendo
inclusive na região de contado da matriz com o mesmo. Fez-se ensaios com corpos de prova
com tiras entalhadas. Esse entalhe tem a função de promover a estricção ou ruptura
dependendo do ponto de parada do ensaio, na região de contato entre punção e corpo de prova
ensaiado.
xiv
ABSTRACT
This study analyzes the process to obtain the Forming Limit Diagram for (FLD) using
the procedure adopted by Nakazima, 1968. Varying the shape of the test specimens, it
submitted them to a drawing test, simulating a variety or broad range of deformations that go
from deep drawing to simple traction deformation to biaxial traction deformation.
In this study the same Nakazima method is used, varying the punch shape. Instead of a
dome or hemispheric tip, it was decided to use an elliptical one. The influence on the FLD
obtained was analyzed, since the elliptical shape provides a larger initial contact area,
generating less mechanical demands at the beginning of the test and resulting in a FLD that is
further upwards, as compared to a FLD generated with a hemispheric punch.
xv
1. INTRODUÇÃO
Estas deformações, que o material pode suportar, são inseridas em diagramas de fácil
manipulação e entendimento denominados Diagrama Limite de Conformação. A Curva
Limite de Conformação (CLC) é um polinômio inserido no diagrama, ela indica a fronteira
entre deformações permissíveis e deformações catastróficas que o material estará sujeito
durante a estampagem. A CLC é um importante critério de falha obtido por meio de ensaios
tecnológicos, não havendo necessidade de uma “matemática complicada” para obte-la ou
compreende-la.
16
- método Nakazima utilizando os parâmetros propostos por ele e largamente
encontrados na literatura;
- método Nakazima “alterado” utilizando outra geometria de punção.
Escolheu-se o alumínio liga AA1050-O como material base para realizar o estudo por
ser amplamente utilizado na industria alimentícia (fabricação de panelas, frigideiras, tampas,
talheres, etc...), automobilística e aeronáutica com produção de pequenas peças até carroceria
e fuselagem respectivamente.
17
2. ASPECTOS DA CONFORMAÇÃO MECÂNICA DE CHAPAS
2.1.Propriedades Mecânicas
Conforme normas ABNT 6152 e DIN EN 10002, o ensaio de tração consiste em fixar
um corpo de prova numa máquina uniaxial de ensaios mecânicos, a qual deve ter um conjunto
de garras que permita prende-lo e aplicar um carregamento, tracionando-o de modo uniaxial,
com velocidade controlada e constante até a ruptura registrando a força F [N] e aumento do
comprimento l0 [mm]. Na figura 2.1 tem-se um corpo de prova característico para ensaio de
tração em chapas.
l1 S0
l0
18
Matematicamente definem-se nas equações 2.1 e 2.2 a tensão convencional σ que é a
razão entre a força F [N] e a seção (inicial) transversal A0 [mm2] do corpo de prova e a
deformação relativa ε como a razão entre a variação do comprimento (l1-l0) pelo comprimento
inicial (l0):
F
σ=
A0 (2.1)
(l1 − l0 )
ε= (2.2)
l0
19
- O limite de resistência σm [MPa]: a tensão máxima que o material suporta situada na
região de declividade nula do diagrama σ x ε;
20
Figura 2.4 –Curva tensão verdadeira x deformação verdadeira. Material Al 5052-O.
Fonte: Date e Padmanabhan, 2001.
A equação 2.1 considera que a seção transversal do corpo de prova permanece constante
durante o ensaio de tração. Na conformação plástica dos metais é utilizada a condição
instantânea de deformação onde a cada momento, devido ao aumento infinitesimal do
comprimento do corpo de prova, a área sofre uma diminuição infinitesimal.
F
kf = (2.3)
A
ϕ = ln(1 + ε ) (2.4)
21
k f = C ⋅ϕ n (2.5)
Segundo Volles et al, 2000, uma outra maneira de determinar a tensão de escoamento kf
de chapas para grandes deformações seria através do ensaio de compressão aplicado a um
corpo de prova formado por várias camadas do mesmo material (figura 2.5). A equação 2.3
descreve o comportamento da tensão kf e a deformação passa a ser função da razão entre a
secção transversal instantânea e inicial.
A
ϕ = ln (2.6)
Ao
22
2.3.Deformações Principais
Uma chapa metálica ou corpo de prova, ver figura 2.6, quando submetida a algum tipo
de carregamento diferente do ensaio de tração, está sujeito a um estado complexo de tensões e
deformações. Partindo de uma geometria inicial conhecida (comprimento l0, largura b0 e
espessura s0) após o findar o carregamento tem-se a geometria final (comprimento l1, largura
b1 e espessura s1) também conhecida.
l1
dl l
ϕ1 = = ln 1 (2.7a)
l0
l l0
b1
db b
ϕ2 = = ln 1 (2.7b)
b0
b b0
23
s1
ds s
ϕ3 = = ln 1 (2.7c)
s0
s s0
V f = V0 (2.8)
24
l1 ⋅ b1 ⋅ s1 = l 0 ⋅ b0 ⋅ s 0 (2.9)
l1 b s
ln + ln 1 + ln 1 = ln(1) (2.10)
l0 b0 s0
ϕ1 + ϕ 2 + ϕ 3 = 0 (2.11)
25
Esta figura é o diagrama limite de conformação onde de acordo com norma ISO
12004:1997 sempre ϕ1 corresponde ao eixo das ordenadas e ϕ2 ao eixo das abscissas. Nota-se
o surgimento de “linhas tendências” que descrevem o caminho das deformações, isto é,
funções onde a cada instante uma deformação ϕ2 está associada uma deformação ϕ1. Ainda
nesta figura vê-se uma geometria quadrada original que quando submetida a diferentes
solicitações gera a vista deformada segundo cada uma das seguintes combinações de
deformações.
ϕ 1 = −ϕ 2 (2.12)
ϕ3 = 0 (2.13)
ϕ 1 = −2 ⋅ ϕ 2 (2.14)
− ϕ 3 = −ϕ 2 (2.15)
ϕ2 = 0 (2.16)
ϕ 1 = −ϕ 3 (2.17)
26
d) estiramento biaxial: deformações na direção do comprimento e na largura são
positivas (trativas) e iguais, a deformação na espessura é compressiva e igual ao dobro da
deformação no comprimento (ou largura).
ϕ1 = ϕ 2 (2.18)
ϕ 3 = −2 ⋅ ϕ 1 (2.19)
27
Figura 2.9 – Tensões principais exibidas num caneco.
Fonte Ahmetoglu et al, 1992.
Segundo Blümel et al, 1997, no flange do copo (posição 1 e 2 – fig. 2.9) há tensões
tangenciais de compressão e tensões radiais de tração juntamente com tensões compressivas
oriundas do prensa chapas. Devido a esse conjunto de tensões, a medida que o punção avança,
ocorre um aumento de espessura, pois o mesmo força o metal das bordas na direção do centro.
Para evitar que esses esforços compressivos provoquem um excessivo aumento de espessura é
necessário um sistema de fixação do disco metálico que, sem evitar o movimento do material
para o interior da matriz, tenha a função de impedir esse aumento de espessura.
O metal situado ao redor da matriz (posição 3 – fig. 2.9) é deformado radialmente para o
interior da mesma, o metal sofre esforços trativos no sentido radial e compressivos no sentido
circunferencial. A medida que o material é forçado contra a matriz há deformações de
embutimento profundo, as tensões que atuam no material que está em contado com os raios da
matriz e do punção são (posição 5 – fig. 2.9) semelhantes.
Segundo Spim et al, 2000, na região da parede do copo (posição 4 – fig. 2.9) ocorre
deformação plana, por ser uma zona de estiramento uniforme. Atuam tensões trativas no
sentido radial, como nessa região a distância entre a matriz e o punção é fixa não há tensões
no sentido da espessura. Este estado de tensões ocasiona uma diminuição de espessura da
geratriz.
28
No fundo do copo (posição 6 – fig. 2.9) ao longo de todo o processo de conformação há
tensões biaxiais de tração e tensões compressivas no sentido da espessura, devido o contato do
punção com a geratriz. Spim et al, 2000, escrevem que ocorre uma diminuição de espessura
nessa região o que foi comprovado por Hennig, 2001. Segundo Hosford, 1993 não há variação
da espessura para essa região.
Figura 2.10 – Tensões principais num diagrama limite. Fonte: Klein e Cervelin, 1982.
29
2.7.Grau de Encruamento
Outro modo de definir o encruamento (Spim et al, 2000; Schaeffer, 1999 e Altan, 1999)
é através da combinação de equações matemáticas (eq. 2.1 e 2.3) com o ponto de início da
zona de estricção localizada, ou ponto de declividade nula (equação 2.20) de uma curva tração
x deformação, ver figura 2.2:
dk f
=0 (2.20)
dϕ 1
n = ϕ1 (2.21)
30
2.8.Índice de Anisotropia
ϕ2
r=− (2.22)
(ϕ1 + ϕ 2 )
1
rm = (r0° + 2 ⋅ r45° + r90° ) (2.23)
4
Figura 2.11 – Direção de corte dos corpos de prova para determinação da anisotropia.
Fonte: Schaeffer, 1999.
31
Na equação 2.24, r0º representa o valor de anisotropia para um ensaio onde o corpo de
prova é cortado na direção de laminação e r45º a 45º da direção de laminação e r90º o corpo de
prova é cortado na direção perpendicular à laminação.
32
Ao realizar o ensaio de tração, Shim e Park, 2001 determinaram o valor da anisotropia,
da constante C e do encruamento para a liga Al 1050-0, os quais são mostrados na tabela 2.2.
Shim e Park não divulgaram os valores obtidos para o grau de encruamento nas diferentes
direções de laminação (0, 45 e 90 graus) somente indicam o valor médio.
Moon et al., 2001, publicaram valores da anisotropia para a liga 1050-0, para isso ele
realizou o ensaio de tração variando a direção de corte dos CP’s segundo as direções de
laminação.
33
3. ENSAIOS TECNOLÓGICOS
3.1.Ensaio Swift
Este ensaio mecânico simula embutimento profundo, pois há tensão trativa no sentido
radial e compressiva no sentido circunferencial do corpo de prova, ambas iguais em módulo.
Basicamente o conjunto de ferramenta utilizado para o ensaio Swift é composto por punção
cilíndrico, prendedor de chapas e matriz e pode ser visto na figura 3.1. Utilizam-se corpos de
prova circulares de vários diâmetros, que são presos em uma prensa de duplo efeito pelo
prensa-chapas em forma de anel, o punção é forçado contra os CP’s provocando o
embutimento, isto é, a chapa é forçada para dentro da matriz até que ocorra fratura, pois o
prensa chapas não impede o movimento do material para o interior da matriz, sendo sua
principal função diminuir o enrugamento. São exemplos de peças produzidas por
embutimento profundo reservatórios de óleo, cilindros de extintores de incêndio,
compressores de refrigeração, pias e cubas.
Figura 3.1 – Desenho esquemático do ensaio Swift. Unidades em mm. Fonte: Renó, 1985.
34
3.2.Ensaio Olsen e Erichsen
São ensaios que servem para determinar a ductilidade de chapas metálicas. Em tais
ensaios ocorrem deformações trativas bidimensionais e se houver condições de lubrificação
controladas ocorre deformação biaxial. Ambos simulam estiramento e diferem entre si
principalmente pelas dimensões da ferramenta utilizada. O prensa chapas fixa o corpo de
prova na matriz enquanto uma esfera de aço endurecida com 22mm de diâmetro (Olsen) ou
20mm (Erichsen – figura 3.2) é forçada contra o corpo de prova preso na ferramenta, o ponto
de parada do ensaio é a visualização da fratura. Nesse caso, deforma-se o corpo de prova de
modo igual em módulo e direção caracterizando o estiramento.
35
Sensor de
Deslocamento
Chapa
Vedação
Entrada de Óleo
Sensor de Pressão
Figura 3.3 – Desenho esquemático do ensaio sob pressão hidráulica. Fonte: Schaeffer, 1999.
36
4. CURVA LIMITE DE CONFORMAÇÃO
A CLC tem sido estudada desde o inicio da década de 60. Goodwin utilizando ensaios
que simulavam deformações de embutimento e Keeler ensaios de estiramento aplicaram seus
resultados na indústria automobilística.
No final da década de 60, Nakazima publicou seu trabalho “Study on the formability
of Steel Sheets” no qual através de um único ensaio ele propôs determinar tanto deformações
de embutimento como de estiramento. Neste trabalho ele compara seus resultados com outros
obtidos utilizando ensaios tecnológicos conhecidos em sua época (Bulge Teste e Erichsen).
Gronostjski e Dolny em 1980, buscando otimizar o método Nakazima, descrevem uma
variação onde era utilizado o punção Marciniak. Lachmann, 1996, sugere modificar o formato
dos corpos de prova buscando maiores deformações.
Atualmente vários pesquisadores (Gu et al, 2002; Butuc et al, 2002; Date e
Padmanabhan, 2001; Yoshida e Hino, 1997 e Doege et al, 1997) tem procurado desenvolver
métodos matemáticos que estimem a curva limite partindo de propriedades mecânicas como
grau de encruamento e índice de anisotropia, isto é, através de um único ensaio, por exemplo
de tração definir todas as propriedades do material e estimar a CLC. Não há atualmente
grandes melhoramentos no método de determinação de uma curva limite para cada material
mas busca-se estimá-la.
Convém salientar que a CLC embora não sendo propriedade intrínseca do material trata-
se de uma das mais importantes ferramentas para o projeto de peças estampadas (Ávila e
Vieira, 2003) via simulação computacional, pois a mesma é utilizada como finalização de
uma simulação numérica, isto é, um programa qualquer de simulação numérica que
internamente utilize iterações matemáticas tem como ponto de convergência a CLC,
garantindo que resultados matemáticos obtidos na simulação tenham sentido físico.
37
A curva limite de conformação (CLC) é um critério de falha. Ela indica da capacidade
de um material suportar diferentes tipos de deformação, de acordo com Kaluza, et al, 2002,
uma CLC é utilizada para prever a falha de um material num processo de estampagem.
Segundo Spisak e Stachowicz, 1995, ela fornece uma estimativa de quão próximo o metal se
encontra da ruptura revelando se uma operação de estampagem é critica ou não. Ávila e
Vieira, 2003, escrevem que a CLC é uma “técnica” que permite prever as deformações que
conduzirão o material a falha através de diferentes caminhos de deformações. Conforme
norma ISO 12004:1997, se colocam em um diagrama limite as deformações de:
1,2
1
CLC
0,8
0,6
b
0,4
c
a d
0,2
0
-0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Deformação Principal Menor ϕ 2 [-]
38
- zona própria para conformação, abaixo da curva;
- zona imprópria para conformação, acima da curva;
- 1º quadrante: deformações principais ϕ1 e ϕ2 trativas;
- 2º quadrante: deformação principal ϕ1 de tração e ϕ2 compressiva.
Vários autores (Ragab et al, 2002; Gu et al, 2002; Rees, 2001; Shakeri, Sadough e
Dariani, 2000; Lange, 1985; Klein e Cervelin, 1982; Gronostjski e Dolny, 1980) relatam
fatores que influenciam a CLC:
2) Atrito entre punção e corpo de prova: quanto menor for o coeficiente de atrito,
maiores serão as deformações e conseqüentemente mais para cima as curvas;
7) Grau de encruamento: quanto maior o grau de encruamento mais para cima a CLC;
39
8) Velocidade do punção: quanto menor a velocidade do punção, maior a capacidade
do material de ser deformado, isto é, CLC é posicionada mais para cima.
4.1.Goodwin e Keeler
40
Keeler, 1971, sugeriu determinar em laboratório as deformações críticas, ou
deformações principais, que um material pode suportar durante a conformação e aplicar as
informações obtidas em peças utilizadas na indústria automobilística, para isso ele propôs
marcar corpos de prova extraídos de chapas metálicas com grade circular e submetê-los a
ensaios de tração biaxial. Tal procedimento deformava os círculos impressos nos corpos de
prova gerando elipses, posteriormente eram medidos os diâmetros maiores e menores da
elipse e calculado o logaritmo da razão entre diâmetros gerando respectivamente deformação
principal maior e deformação principal menor.
1
0,8 Goodwin
0,6
ruptura Keeler
0,4
0,2
bom bom
-0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4
ϕ2
Figura 4.2 – Curva Limite de Conformação. Fonte: Keeler, 1971.
41
4.2.Nakazima
Segundo Richter, 2003, o ensaio Nakazima propõe levantar a curva limite utilizando um
único punção hemisférico de 100mm de diâmetro, uma única matriz, modificando a forma dos
corpos de prova, tiras com larguras diferenciadas. Cada tira era presa na matriz enquanto o
punção era forçado perpendicularmente contra ela similar ao ensaio Erichsen. Nakazima,
1968, ensaiou sete tipos diferentes de aço, os quais não foram especificados por motivo de
segredo industrial, ver figura 4.3.
Tais tiras, ou corpos de prova, são retangulares, com comprimento constante e igual a
200mm variando a largura: 200, 175, 160, 140, 130, 120, 110, 80 e 50mm. Com a aresta de
menor dimensão coincidente com a direção de laminação. Através desse ensaio, Nakazima
pode determinar a capacidade limite dos aços ao sofrerem estiramento puro ou uma
combinação de estiramento e embutimento, pois ao variar a largura do CP muda-se a restrição
lateral do mesmo, isto é, a quantidade de material que é permitido fluir para o interior da
matriz na direção da largura simulando vários tipos de solicitações mecânicas desde o
estiramento até o embutimento.
70 13 40
Punção Erichsen Bulge
60 12 38
Hemisférico Teste
50 11 36
40 10 34
A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G
Além do punção hemisférico Nakazima utilizou uma prensa hidráulica de duplo efeito
com capacidade de 150ton, uma matriz de 108mm de diâmetro sem quebra rugas e outra de
106mm com quebra rugas, a força máxima do prensa chapas de 60ton, todos os ensaios
variando a lubrificação.
42
- As propriedades mecânicas (grau de encruamento e índice de anisotropia)
influenciam diretamente o comportamento da curva.
Figura 4.4 – Corpos de prova para determinar a CLC pelo método Nakazima.
Unidades em mm.
43
Tabela 4.2 – Relação do raio Ri [mm] e das larguras bu e b0 [mm].
Fonte: Lachmann, 1996
CP Ri [mm] bu [mm] b0 [mm]
1 100 10 40
2 90 20 50
3 80 30 60
4 70 40 70
5 60 50 80
6 50 60 100
7 40 80 120
8 25 100 150
Para cada par de coordenadas Ri e b0, tem-se uma largura interna bu, dita largura útil, a
medida que essa largura varia há uma alteração do tipo de deformação no corpo de prova, isto
é, para bu menor o corpo de prova, submetido ao ensaio de estiramento, sofre deformação de
embutimento profundo e variando bu até atingir o valor máximo onde ocorre deformação de
estiramento bi-axial.
Então, por causa dessa variação de geometria os mesmos são deformados de tal forma
que a quantidade de material que flui para dentro da matriz é controlada e simula as diferentes
deformações de embutimento puro, embutimento, tração, deformação plana, estiramento e
estiramento biaxial.
4.4.Gronostjski e Dolny
44
Figura 4.5 – O ferramental utilizado por Gronostajski e Dolny, 1980, para determinar a
CLC. Unidades em mm.
Esses ensaios apresentavam grandes erros de medição das deformações por ser
necessário medir deformações com instrumentos planos em regiões curvas. O método
proposto sugere uma variação do método Nakazima, utilizar o punção Marciniak para além de
alcançar deformações biaxiais embutindo um CP garantir uma superfície plana para posterior
medição num projetor de perfil e também a utilização de um espaçador para reduzir o efeito
do atrito entre o CP e a “ponta” do punção, o que aumenta a capacidade de deformação do
material. A figura 4.6 mostra duas curvas uma com corpos de prova ensaiados até a ruptura e
outra até a estricção.
45
Gronostjski e Dolny, 1980, utilizaram corpos de prova em formato de tiras, além do CP
acima, e evidenciou que a fratura se dava sempre no raio de arredondamento do punção,
ficando evidente tanto para as tiras como para os discos que deveria utilizar CP’s com
incisões, forçando maiores deformações no material, isto é, criar uma geometria de corpo de
prova ótima forçando, desse modo, o material a “dar mais de si”.
Figura 4.6 – CLC levantada por Gronostjski, 1980, curva (a) é relativa a ruptura e a
curva (b) é relativa a estricção. Material: Latão.
46
Figura 4.7 – CLC de três diferentes ligas de Alumínio (A) AlCu, (B) AlMg e (C) AlMn.
Fonte: Date e Padmanabhan, 2001.
47
Figura 4.8 – CLC de alumínio. Fonte: Yoshida e Hino, 1997.
Kim et al, 2003, determinaram a CLC de chapas “sandwich” de alumínio AA5182 com
1,2mm de espessura (0,8 na camada de polipropileno e 0,2 em cada camada de alumínio) e da
própria chapa de alumínio, ver figura 4.9. A união das chapas foi feita por um filme adesivo
cuja espessura não é informada. Foi utilizado método Nakazima com punção de 50mm.
48
5. CONSIDERAÇÕES SOBRE LIGAS DE ALUMÍNIO
Devido a essa maior resistência à corrosão, uma outra aplicação importante para o
alumínio comercialmente puro é no revestimento de ligas de aplicação aeronáutica, o
chamado "cladding". Denomina-se então Alclad 2024 à liga (Al-Cu) 2024 revestida com
alumínio comercialmente puro.
Al 99,5 mínimo
Cu 0,05 máximo
Fe 0,40 máximo
Mg 0,05 máximo
Mn 0,05 máximo
Si 0,25 máximo
Ti 0,03 máximo
V 0,05 máximo
Zn 0,05 máximo
50
Classifica-se em três grandes grupos as ligas de alumínio, não tratáveis termicamente,
tratáveis termicamente e ligas fundidas:
II – Ligas não tratáveis termicamente: têm suas propriedades alteradas somente por
trabalho a frio ou encruamento, ver tabela 5.2;
III - Ligas fundidas: devido ao baixo ponto de fusão e alto ponto de ebulição, torna,
tanto o alumínio puro como suas ligas, muito utilizados em peças fundidas, utilizando
métodos de fundição em areia, sob pressão e de precisão.
51
6. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
6.1.Visioplasticidade
Segundo Blazynski, 1989, a técnica utilizada para medição das deformações é chamada
de visioplasticidade. É o método de medir deformações através da leitura de uma grade
impressa na chapa com geometria conhecida, circular e/ou quadrada, ver figuras 6.1 e 6.2. A
norma ISO 12004:1997 recomenda tanto uma como a outra geometria de malha desde que
estejam dentro da faixa de 1,5mm a 5,0mm para a aresta se for quadrado ou o diâmetro caso
circular, utilizou-se malha quadrada com aresta de 2,5mm.
52
Após gravar a malha realiza-se o ensaio Nakazima fixando os corpos de prova na matriz
prendendo-os nas extremidades com força do prensa chapas controlada, pois se essa for
insuficiente o corpo de prova escoa para dentro da matriz e se for excedente o mesmo rompe,
o punção é forçado contra o corpo de prova provocando o estiramento, segundo a norma ISO
12004:1997 o ensaio obrigatoriamente deve ser interrompido quando se atinge a estricção
localizada, por isso o ferramental deve permitir a visualização do ensaio, ver figura 6.3.
Cada célula inicialmente é perfeitamente quadrada. Neste trabalho foi utilizada a malha
com 2,5mm de aresta por ser a existente no laboratório, após o carregamento a malha
deforma-se junto com o CP assumindo uma geometria retangular, onde o lado l1 corresponde
à variação do comprimento e sempre será maior que l0 e b1 corresponde à variação na largura
que dependendo do formato do corpo de prova será maior que b0 ou menor.
53
Um modo de medir essa variação de geometria é utilizar uma fita flexível, ver figura
6.4, que por ser flexível permite acompanhar a variação do formato do corpo de prova. Para
evitar má interpretação dos resultados de medição a norma ISO 12004:1997 recomenda medir
a célula onde visualmente houver maiores deformações e assumindo que o observador, por
exemplo, esteja segurando o CP no mesmo sentido e direção da figura 6.2, medir as células do
lado esquerdo e direito da mesma, é considerado ensaio válido se as medições apresentarem
uma dispersão de no máximo 10%. No mesmo corpo de prova medem-se também as células
acima e abaixo da mesma sendo essas células consideradas células boas, isto é, células onde
não houve estricção localizada.
6.2.Corpos de Prova
Utilizou-se três famílias de corpos de prova para realização dos ensaios Nakazima.
Segundo o método Nakazima e de acordo com o método Nakazima modificado,
respectivamente itens 4.1.2 e 4.1.3. Isto foi feito para alem de avaliar o comportamento da
curva limite quanto a variação do formato dos punções verificar o comportamento mecânico
das deformações nos corpos de prova sem entalhe e com entalhe. Os corpos de prova foram
confeccionados de alumínio liga AA1050-O com espessura de 1,9mm e 1mm. Após os
resultados com esta liga também ensaiou-se corpos de prova da liga AA6061-O variando a
espessura, 1mm, 1,6mm e 2,55mm.
54
Também se levantou a curva limite de conformação para corpos de prova não
entalhados, seguindo a metodologia proposta por Nakazima, somente tomando o cuidado para
manter a proporção entre tiras e diâmetro do punção, uma vez que Nakazima utilizou punção
com diâmetro de 100mm e para este trabalho tinha-se punção com 50mm. A idéia de utilizar
tiras era averiguar a influencia do punção neste tipo de corpo de prova. Cada tira tinha 200mm
de comprimento sendo as larguras de 150, 130, 120, 105, 97, 90, 82, 60 e 37.
Foi utilizado o processo eletroquímico para gravar a malha nos CP’s cujo procedimento
consiste em:
− Limpar cada corpo de prova para garantir a total ausência de sujeira e/ou
gordura na superfície dos corpos de prova evitando assim o desprendimento
da malha impressa durante o ensaio de estiramento, optou-se por utilizar
álcool isopropílico;
− Posicionar cada corpo de prova em cima de uma chapa metálica, ver figura
6.5, procurando otimizar espaço na bancada e por cima põe-se a tela
semipermeável de Stencil com o negativo da malha a ser gravada.
55
− Passa-se o rolo de aço inox em cima do feltro, que deve sempre ser mantido
encharcado em solução com eletrólito, fazendo circular uma corrente elétrica
entre o rolo e a chapa o que provocou ataque químico nos corpos de prova,
foi feita uma seqüência de 10 passes (5 ida e 5 volta) mantendo unicamente a
pressão exercida pelo próprio peso do rolo como pressão atuante,
aproximadamente o tempo de duração da marcação é de 10 segundos
considerado tempo suficiente para gravação dos corpos de prova sem
provocar a queima dos mesmos.
Depois da gravação, com o emprego de líquido “neutralit”, ver tabela 6.2, neutraliza-se
o ataque químico no corpo de prova.
56
Figura 6.5 – Esquema do processo de gravação de chapas. Fonte: Lachmann, 1996.
6.4.Punções
Figura 6.6 – Punções: à esquerda o hemisférico e à direita o elipse rasa. Unidades em mm.
Ao utilizar dois punções diferentes procurou-se averiguar qual influência a CLC sofreria
ao variar a forma do punção mantendo os outros parâmetros fixos.
57
6.5.Lubrificante
6.6.Quebra Rugas
Na figura 6.7 pode-se notar a presença do quebra rugas que junto com a força do prensa
chapas tem a função de prender o material impedindo que o mesmo flua para dentro da
matriz. Desse modo garante-se que o material deformado é somente aquele que está em
contado com o punção, isto é, ao longo do ensaio para que ocorram as deformações esperadas
no material é penalizada a espessura, a largura e o comprimento da região do corpo de prova
que está em contato com o punção.
58
6.7.Equipamento de Medição
Para o ensaio de tração foi utilizada uma máquina universal de ensaios marca KRATOS,
ver figura 6.8a. Utilizou-se a escala de 10tf, isto significa que cada 1mV lido representa
98,10N. Para a determinação da CLC utilizou-se uma prensa hidráulica de duplo efeito da
marca Dan-Presse, ver figura 6.8b, com capacidade de força de até 20 toneladas (6 toneladas
no punção inferior). Todos esses sensores na Danpresse e na Kratos foram conectados a um
sistema de aquisição de chamado Spider que é específico para aquisição de dados, sendo os
mesmos posteriormente tratados no Excel.
(a) (b)
Figura 6.8 – Esquerda: Máquina Universal para Ensaio de Tração. Direita: Máquina
para realização de ensaio Nakazima.
A prensa tem acoplado um sensor de deslocamento resistivo Gefram modelo PCM 200E
para medir produndidade de estampagem. Há uma célula de carga confeccionada no
laboratório acoplada ao punção para medir a força de estampagem durante a conformação, um
sensor de pressão de óleo marca Gefram modelo TKG M 1 M 2 C para controlar a força do
prensa chapas.
59
A medição do deslocamento longitudinal, ou alongamento, foi feita através do sensor
INSTRON 2630-100, ver figura 6.9a, série Clip-On Extensometers, o erro deste sensor é ±
0,06% FS. O deslocamento transversal foi medido por meio de um sensor INSTRON 2640-
010, ver figura 6.9b, tipo estático com erro de ± 0,06% FS.
(a) (b)
Figura 6.9 – Esquerda: Sensor de deslocamento longitudinal. Direita: Sensor de
deslocamento transversal.
60
7. RESULTADOS
7.1.Propriedades Mecânicas
AA 1050-O
Tensão Convencional σ
100
80
60
[MPa]
40
20
0
0 5 10 15 20
Deformação Relativa ε [%]
0 grau 45 graus 90 graus
Na figura 7.1 nota-se que a tensão de escoamento σe0,2 do material é 59MPa quando o
ensaio foi feito para corpos de prova cortados na direção de laminação, 71MPa para corpos de
prova cortados a 45º e para CP’s cortados perpendicularmente a direção de laminação a tensão
de escoamento é aproximadamente 58MPa.
Ainda nesta mesma figura, através da relação entre tensão e deformação dentro do
regime linear de tração, onde é válida a lei de Hook, é conhecido o módulo de elasticidade
para cada direção: E0 é 69GPa, E45 é 85GPa e E90 é 69GPa.
61
Mesmo que se trate do mesmo material acredita-se que este fenômeno de diferentes
valores nominais de tensão de escoamento seja devido a presença de grãos fortemente
orientados sendo necessário uma tensão diferente para deformar esses grãos, caso de materiais
laminados a frio, por exemplo.
Anisotropia
0,015
0,01
ϕ1 [-]
0,005
0
-0,025 -0,02 -0,015 -0,01 -0,005 0
ϕ2 [-]
0 graus 45 graus 90 graus
Tabela 7.1 – Deformações ϕ1, ϕ2 e anisotropia segundo cada direção de laminação, para
deformação de 20%. Material AA1050-O.
ϕ1 ϕ2 media desvio
r0 0,007 -0,011 0,634 0,020
r45 0,014 -0,023 0,620 0,030
r90 0,010 -0,015 0,605 0,026
62
Na figura 7.3 é exibida a curva tensão de escoamento do material para corpos de prova
cortados na direção de laminação, a 45º e perpendiculares a direção de laminação. Para
encontrar o grau de encruamento e o coeficiente de resistência do material esta curva foi
transposta para a escala logarítmica, ver tabela 7.2.
150
kf [MPa]
100
50
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2
Deformação Verdadeira ϕ [-]
63
k f 450 = 159 ⋅ ϕ 0, 202 (7.1b)
7.2.Estampabilidade
A figura 7.4 mostra a força média de conformação medida para cada corpo de prova
ensaiado pelo método Nakazima com punção elíptico e hemisférico, cada corpo de prova é
indicado como CP1...CP8, ver tabela 4.2.
16 16
14 14
12 12
10
Força [kN]
10
Força [kN]
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15
Tempo [s] Tempo [s]
64
7.2.2. Os Corpos de Prova
Mostra-se na figura 7.5 uma família completa de corpos de prova ensaiados (dimensões
ver tabela 4.2), onde se pode notar na região central a estricção. Para os corpos de prova 1, 2 e
3 a estricção localizada deu-se com ângulo aproximado de 60º em relação ao comprimento
enquanto nos demais CP’s a estricção é perpendicular a direção onde ocorre a deformação
principal maior ϕ1.
CP1 CP2
CP3 CP4
CP5 CP6
CP7 CP8
Figura 7.5 – Família de CP’s ensaiados. Material Al 1050-O.
65
7.2.3. Curva Limite de Conformação
A equação 7.2 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.6, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos de
prova entalhados e punção elipse rasa.
66
Figura 7.7 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP com entalhe. Espessura 1,9mm
A equação 7.3 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.7, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos de
prova entalhados e punção hemisférico.
A equação 7.4 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.8, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com punção
elíptico e corpos de prova não entalhados, isto é, em formato de tiras.
67
Figura 7.8 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP sem entalhe. Espessura 1,9mm
Figura 7.9 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP sem entalhe. Espessura 1,9mm
A equação 7.5 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.9, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos de
prova em formato de tiras não entalhadas e punção hemisférico.
68
Figura 7.10 – CLC a estricção Al 1050 – O. CP com entalhe. Espessura 1mm.
A equação 7.6 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.10, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos
de prova entalhados e punção elipse rasa.
A equação 7.7 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.11, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos
de prova entalhados e punção hemisférico.
69
Figura 7.11 – CLC a estricção. Material Al 1050 – O. CP com entalhe. Espessura 1mm
A equação 7.8 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.12, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos
de prova entalhados e punção eliptico.
70
Figura 7.12 – CLC a estricção e a ruptura. Punção Elíptico.
Espessura 1,00mm. Material Al 6061 – O.
71
A equação 7.9 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.13, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos
de prova entalhados e punção eliptico.
A equação 7.9 é o polinômio que foi utilizado para descrever a curva limite a estricção
da figura 7.14, o ensaio foi feito segundo procedimento proposto por Nakazima com corpos
de prova entalhados e punção eliptico.
72
7.4.Espessura Final
ϕ 3 = −(ϕ 1 + ϕ 2 ) (7.11)
Através da equação 2.7c pode-se determinar a espessura final s1 que após os devidos
ajustes passa a ser:
s1
= eϕ3 (7.12)
s0
Então, partindo das curvas determinadas neste trabalho demonstra-se nas figuras 7.15
até 7.18 a espessura final como função das deformações principais ϕ1 e ϕ2.
Figura 7.15 – Espessura final em função das deformações principais. Punção Elíptico.
Espessura inicial 1,9mm. Material Al 1050-O. Unidade em mm.
73
Figura 7.16 – Espessura final em função das deformações principais. Punção Hemisférico.
Espessura inicial 1,9mm. Material Al 1050-O. Unidade em mm.
Figura 7.17 – Espessura final em função das deformações principais. Punção Elíptico.
Espessura inicial 1mm. Material Al 1050-O. Unidade em mm.
74
Figura 7.18 – Espessura final em função das deformações principais. Punção Hemisférico.
Espessura inicial 1mm. Material Al 1050-O. Unidade em mm.
Por meio das figuras 7.15 até 7.18 nota-se que para a curva obtida com punção
elíptico há uma maior possibilidade de redução de espessura na região de estricção quando
comparado com a curva obtida com punção hemisférico.
75
8. ANALISE DOS RESULTADOS
8.1.Propriedades Mecânicas
Através dos resultados encontrados, ver tabela 7.2, há uma razoável concordância com
os encontrados na literatura, ver tabelas 2.2 e 2.3.
A tensão de escoamento média encontrada é 60MPa. Chiaverini, 1986, diz que este
valor deveria estar entre 50 e 60MPa, enquanto Spim et al, 2000, relatam que a tensão de
escoamento é de 40MPa para alumínio.
A anisotropia média do material é de 0,619. Este valor corresponde a média das três
direções (0 0, 45 0 e 900). Através da tabela 2.2 nota-se que há uma boa concordância entre o
valor de anisotropia encontrado e o da literatura (0,62). Já comparando com o valor de
anisotropia de 0,58, ver tabela 2.3, há uma diferença 6,3% a mais entre este valor e o
determinado neste trabalho.
8.2.Força de Conformação
76
Embora, o punção hemisférico tenha uma situação mais severa de estampagem
quando comparado com o punção elíptico não há uma significativa influência na força
medida, mas como se supunha uma variação na curva limite de conformação ocorreria devido
a área inicial de contato entre punção e corpo de prova.
Com intuito de demonstrar o caminho das deformações mostram-se na tabela 8.1, para
cada corpo de prova, as deformações medidas em células onde ocorreu a estricção localizada
e em células exatamente ao lado das mesmas, chamadas células boas, ver figura 8.1. Essas
deformações são inseridas num diagrama limite de conformação, ver figura 8.2, onde se torna
nítida a distância entre deformações medidas numa célula boa e numa onde ocorreu a
estricção.
77
Figura 8.1 – Analise das deformações no CP1.
Para todos os corpos de prova nota-se que as deformações nas células boas são de
tração-tração, acredita-se que este fenômeno ocorra por que no inicio do ensaio
predominantemente ocorrem deformações trativas e a medida que aumenta a solicitação no
corpo de prova a deformação continua positiva na direção do comprimento, por ter maior
quantidade de material, enquanto as direções da largura e da espessura sejam penalizadas.
Logo, para os corpos de prova com menor largura (CP1, CP2 e CP3) há uma mudança
no caminho da deformação enquanto os CP’s com maior largura seguem com deformações
biaxiais trativas até atingir a estricção, conforme indica a figura 8.2.
78
8.4.Curva Limite de Conformação
Nas figuras 8.3 a 8.5 estão postas no mesmo diagrama limite as curvas obtidas para o
alumínio 1050-O monstrando a variação que há numa curva limite quando muda-se o punção.
Ao comparar estas curvas, visualmente, nota-se que há um aumento na disposição da nuvem
de pontos medidos e conseqüentemente um aumento no posicionamento das CLC’s.
Para o caso dos ensaios feitos com corpos de prova entalhados (espessura de 1,9mm)
o aumento da área sob a curva é obtido integrando as equações 7.2 e 7.3 dentro da faixa de
validade ( –0,10 < ϕ2 < 0,15) o que é demonstrado a seguir:
0,5
Deformação Principal ϕ1 [-]
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-0,15 -0,10 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15
Deformação Principal ϕ2 [-]
Figura 8.3 – Comparação entre curvas limite. Material Al 1050-O. Espessura 1,9mm
(− 0,55 ⋅ ϕ )
0 ,15
+ 11,77 ⋅ ϕ 2 − 0,15 ⋅ ϕ 2 + 0,27 dϕ 2
3 2
Aelíptico = 2 (8.1)
− 0 ,10
Aeliptico = 0,0837 ua
79
(2,47 ⋅ ϕ )
0 ,15
+ 10,38 ⋅ ϕ 2 − 0,18 ⋅ ϕ 2 + 0,23 dϕ 2
3 2
Ahemisférico = 2 (8.2)
− 0 ,10
Ahemisferico = 0,0718 ua
Analisando o resultado destas integrações se obtém as áreas sob as curvas, ver figura
8.3. Há um aumento de 16,59% da área em baixo da curva obtida com ensaio Nakazima
simplesmente trocando o punção, em vez de hemisférico um punção elíptico, mantendo os
demais parâmetros envolvidos no ensaio constantes (força do prensa chapas, velocidade de
avanço do punção, lubrificação...). Aumentar a área sob a curva além de modificar a
condição de estampagem significa aumentar a capacidade do material permitir-se deformar
numa situação de estampagem.
Fazendo a mesma análise para as curvas obtidas com menor espessura, integrando as
equações 7.6 e 7.7, ver figura 8.4, nota-se um aumento de 18,28%.
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-0,15 -0,10 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15
Figura 8.4 – Comparação entre curvas limite. Espessura 1mm. Material Al 1050-O.
80
(− 0,43 ⋅ ϕ )
0 ,15
+ 9,18 ⋅ ϕ 2 − 0,12 ⋅ ϕ 2 + 0,21 dϕ 2
3 2
Aelíptico = 2 (8.3)
− 0 ,10
Aeliptico = 0,0651 ua
(2,93 ⋅ ϕ )
0 ,15
+ 8,84 ⋅ ϕ 2 − 0,10 ⋅ ϕ 2 + 0,17 dϕ 2
3 2
Ahemisférico = 2 (8.4)
− 0 ,10
Ahemisferico = 0,0550 ua
0,6
0,5
Deformação Principal ϕ1 [-]
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-0,15 -0,10 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15
Deformação Principal ϕ2 [-]
deformações deformações CLC_elíptico CLC_hemisférico
Figura 8.5 – Comparação entre punções.CP’s sem entalhe. Material Al 1050-O. Espessura
1,9mm
Já para o caso dos ensaios feitos com corpos de prova em formato de tiras, ver figura
8.5, nota-se nesta figura que as duas curvas obtidas estão posicionadas a cima das curvas na
figura 8.3, quando se compara a mesma espessura.
81
Embora esse aumento pareça significativo ao integrar as equações 7.4 e 7.5 dentro da
faixa de validade (–0,05 < ϕ2 < 0,10) nota-se que as áreas em baixo da curva são menores
devido aos limites de integração serem menores quando comparados com os limites da figura
8.3, isto é, os entalhes produzidos num CP para ensaio Nakazima também tem a função de
distribuir mais as deformações no sentido da largura.
(− 29,71 ⋅ ϕ )
0 ,10
+ 12,53 ⋅ ϕ 2 − 0,068 ⋅ ϕ 2 + 0,36 dϕ 2
3 2
Aelíptico = 2 (8.5)
− 0 , 05
Aeliptico = 0,0577 ua
(− 11,48 ⋅ ϕ )
0 ,10
+ 8,81 ⋅ ϕ 2 − 0,16 ⋅ ϕ 2 + 0,33 dϕ 2
3 2
Ahemisférico = 2 (8.6)
− 0 , 05
Ahemisferico = 0,0519 ua
Analisando as áreas sob as respectivas curvas, ver figura 8.5, tem-se, então, um
aumento de 11,19% da área em baixo da curva obtida com ensaio Nakazima ao trocar o
punção, em vez de hemisférico um punção elíptico, mantendo os demais parâmetros
constantes (força do prensa chapas, lubrificação, velocidade de avanço do punção...).
Hennig, 1997, supõe que o punção elipse rasa por ter uma área inicial de contato maior
quando comparado com o punção hemisférico teria um menor nível de tensões no inicio do
processo e conseqüentemente distribuiria de modo mais uniforme as deformações. Então,
acreditava-se que com a troca de punções as deformações medidas nos corpos de prova e
consequentemente a CLC estariam posicionadas mais acima quando comparada com uma
CLC levantada com punção hemisférico, gerando uma zona própria para conformação maior.
Gronostjski, 1980, fez ensaios com punção cilíndrico buscando principalmente criar uma
superfície mais plana no corpo de prova após o ensaio facilitando a medição das deformações
uma vez que ele utilizou um projetor de perfil. A troca de punção hemisférico por elipse rasa
também tinha esse objetivo de manter uma região plana, uma vez que o método para medição
das deformações exige superfície plana.
82
9. CONCLUSÕES
Conclui-se então que o melhor método para determinar uma curva limite de
conformação para alumínio é através do ensaio proposto por Nakazima com:
Convém salientar que um aumento da área sob a curva trocando o punção só é válido
se os demais parâmetros para construção da mesma forem mantidos constantes. Tais
parâmetro são o lubrificante, a força do prensa chapas, a velocidade de avanço do punção, o
formato dos corpos de prova durante o ensaio.
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10. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
- sendo uma das principais realizar os mesmos ensaios modificando o material, uma
vez que para este trabalho utilizou-se o alumínio como metal base para estudos,
acredita-se que validando esta modificação para outros materiais possa-se adaptar
o uso do punção elíptico como punção próprio para o ensaio Nakazima;
- propor uma nova configuração de corpos de prova, uma vez que viu-se neste
trabalho que somente a presença de entalhes já distribuiu melhor as deformações e
acarretou no aumento da área sob a curva;
- utilização de um outro método para medir as deformações;
- a utilização da simulação numérica, aplicando os resultados desta dissertação
poderia averiguar ou validar os mesmos através da simulação numérica.
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