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Heterónimos - Álvaro de Campos

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Heterónimos: Álvaro de Campos

Álvaro de Campos, o filho indisciplinado da sensação, como lhe chamou Fernando


Pessoa, procura a totalização das sensações. Tal como Pessoa demonstra uma
angústia existencial. A sua poesia passa por três fases evolutivas.

► Biografia de Álvaro de Campos

É o oposto de Caeiro pelo drama ontológico que exprimiu, pela maior envolvência no
Modernismo e por manifestar uma trajetória evolutiva da sua obra poética.
Pessoa atribuiu a este célebre heterónimo alguns dados biográficos com interesse:
nasceu em Tavira em 1890, formou-se em engenharia naval por Glasgow (não é
gratuito o facto de estas cidades serem marítimas), e viveu inativo em Lisboa.

Costuma-se ver três fases na evolução da escrita de Campos: a primeira, a


decadentista, é a que mais se aproxima da nossa poesia finissecular; a segunda, a
modernista, corresponde à experiência de vanguarda iniciada com Orpheu; e a
terceira é a negativista, na qual a angústia de existir e ser mais se evidencia e se
radicaliza. É, por isso, o poeta pessoano que mais se multiplicou na busca
incessante do Absoluto e da Verdade.

► A obra de Álvaro de Campos passa por três fases:

• 1ª fase: decadentista
Esta fase surge como uma atitude estética finissecular que exprime o old{tédio, o
cansaço e a necessidade de novas sensações}. Traduz a falta de um sentido para a
vida e a necessidade de fuga à monotonia. Um dos poemas mais exemplificativos
desta fase é o 'Opiário'.

• 2ª fase: vanguardista e sensacionista


Como poeta da modernidade, Campos tanto celebra a civilização industrial e
mecânica, como expressa o desencanto do quotidiano citadino, adotando
sempre o ponto de vista do homem da cidade.
A 'Ode Triunfal' é o poema que melhor aproxima Campos do Futurismo, ao exaltar os
excessos da técnica e ao comprometer-se com o dinamismo da modernidade. Com
este poema marca uma evolução estética ao associar a beleza ao dinamismo e à
força.

• 3ª fase: intimista
A terceira fase é caracterizada pelo sono e pelo cansaço. Nela se revela a
desilusão, a revolta, a inadaptação, a dispersão, o cansaço e uma grande angústia.
Após a exaltação heróica e a obsessão dos 'maquinismos em fúria', cai no desânimo
e na frustração. Perante a incapacidade das realizações, traz de volta o abatimento,
que provoca 'Um supremíssimo cansaço, / íssimo, íssimo, íssimo, / Cansaço...'.

Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre


fechado em si mesmo, angustiado e cansado, como nos diz no poema 'O que há em
mim é sobretudo cansaço'.

► Marcas da linguagem e estilo

Campos busca, na linguagem poética, exprimir a energia ou a força que se


manifesta na vida. Surgem os versos livres, vigorosos, submetidos à expressão da
sensibilidade, dos impulsos e das emoções. Estilisticamente, introduz na linguagem
poética a terminologia desse mundo mecânico citadino e cosmopolita,
contemporâneo das máquinas e da luz elétrica.

• Traços estilísticos

— verso longo;
— assonâncias, aliterações e onomatopeias;
_ mistura de níveis de língua;
— enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva;
— grafismos expressivos;
— desvios sintáticos;
— construções nominais, infinitivas e gerundivas;
— estrangeirismos e neologismos;
— metáforas, oxímoros, personificações, hipérboles.

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