Escala CBCL
Escala CBCL
Escala CBCL
PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO
E CONSUMO DE DROGAS EM JOVENS INSTITUCIONALIZADOS
Outubro 2014
-
AVISOS LEGAIS
Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do seu próprio
trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas todas as fontes utilizadas,
encontrando-se tais fontes devidamente citadas no corpo do texto e identificadas na secção
de referências. O autor declara, ainda, que não divulga na presente dissertação quaisquer
conteúdos cuja reprodução esteja vedada por direitos de autor ou de propriedade industrial.
ii
Agradecimentos
…aos meus pais, por serem um exemplo diário de esforço e dedicação em prol dos filhos.
…aos meus amigos, que apesar de não os ter visto muito nos últimos tempos, sei que eles
estão lá.
…à Crescer Ser por ser um local de trabalho que nos permite ver mais além… passaram sete
anos a correr, cheios de novos conhecimentos, amizades e afetos.
…à Manuela que tem sido um apoio constante e que também contribuiu com uma pitada de
sal para esta tese.
…a todos os jovens que aceitaram participar neste estudo… em especial, às jovens da Casa
do Canto, por tudo o que me ensinam diariamente.
…à Ana Soledade pelo singelo contributo que enriqueceu a minha recolha de dados.
…to Sonya Leathers for your precious help with the Foster Care Integration measure.
…e por fim, à Bárbara por seres um apoio incondicional e uma das pessoas mais importantes
da minha vida… Sem ti, nada disto teria sido possível!
iii
“…nas nossas primeiras investigações, recordo-me da ansiedade
Por vezes, quando olho para trás, compreendo que em alguns momentos
Levei sem dúvida muito tempo até me convencer de que os factos são sempre amigos.”
Carl Rogers
iv
Resumo
v
Abstract
The purpose of this research was to explore behavior problems and drug use among
youth in foster care. The sample consisted of 185 foster youth, under the child welfare legal
system, aged between 11 and 21 years. Achenbach’s Youth Self-Report (YSR) was used to
assess behavior problems. The use of psychoactive substances was guided by international
criteria established in the European School Project on Alchool and Other Drugs (ESPAD).
To assess foster care integration, a measure was conceived by adapting an existing
international measure.
The presente study verified that foster care youth reported more behavior problems
and drug use when compared with the general population. Foster care integration can act as
a protective factor and reduce behavior problems, although, differences were found among
dimensions (relationship with adults and peers in foster care and link with the foster care
institution).
Finally, through multiple regression analysis, it was found that tobacco smoking,
cannabis use, peer relationship in foster care, placement stability time and pedopsychiatry
were the most significant predictors of behavior problems.
Keywords: Behavior problems; Externalizing; Internalizing; Drug use; Foster care youth;
Integration.
vi
Résumé
vii
Índice
Introdução .............................................................................................................................. 1
Enquadramento teórico .......................................................................................................... 3
1. Enquadramento legal do acolhimento institucional de crianças e jovens em perigo ........ 3
2. Acolhimento em instituição ..................................................................................... 4
3. Problemas de comportamento .................................................................................. 5
3.1. Definição ..................................................................................................... 5
3.2. Problemas de comportamento em crianças e jovens acolhidos ................... 6
3.3. Instabilidade no acolhimento ...................................................................... 7
3.4. Importância da integração na instituição ..................................................... 8
4. Consumo de substâncias psicoativas e acolhimento institucional ......................... 10
4.1. Medicação psicotrópica nos jovens institucionalizados ............................ 11
5. Problemas de comportamento e consumo de drogas ............................................. 12
Estudo empírico ................................................................................................................... 13
1. Método ................................................................................................................ 13
1.1. Delimitação do problema e objetivos do estudo ........................................ 13
1.2. Hipóteses de investigação .......................................................................... 14
1.3. Amostra ..................................................................................................... 14
1.4. Procedimento ............................................................................................. 15
1.5. Instrumentos utilizados .............................................................................. 16
Resultados ........................................................................................................................... 21
1. Problemas de comportamento ................................................................................ 21
2. Consumo de substâncias psicoativas ...................................................................... 23
3. Integração na instituição de acolhimento ............................................................. 25
4. Análise preditiva dos problemas de comportamento ............................................. 30
Discussão dos resultados ..................................................................................................... 38
Conclusões .......................................................................................................................... 44
Referências bibliográficas ................................................................................................... 46
Anexos ................................................................................................................................. 57
viii
Índice de quadros
Quadro 2 – Média das pontuações obtidas no YSR para as diferentes escalas de problemas
de comportamento .............................................................................................................. 21
Quadro 5 – Matriz de dados após rotação ortogonal Varimax dos itens da medida de
Integração na Instituição de Acolhimento .......................................................................... 27
Quadro 7 – Integração dos jovens na instituição (diferença de médias entre sexos) .......... 29
Quadro 13 – Análise de regressão linear múltipla (Stepwise) com a variável critério (YSR
– Escala total) ...................................................................................................................... 35
Quadro 14 – Análise de regressão linear múltipla (Stepwise) com a variável critério (YSR
– Externalização) ................................................................................................................. 36
Quadro 15 – Análise de regressão linear múltipla (Stepwise) com a variável critério (YSR
– Internalização) ................................................................................................................. 37
ix
Índice de anexos
Índice de abreviaturas
x
Introdução
1
Em termos legais entende-se por criança todos os menores de 18 anos.
2
Declaração dos Direitos da Criança (1959), Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e outras.
3
Por exemplo o Plano Dom – Desafios, Oportunidades e Mudanças (2007) ou o programa SERE+ (Sensibilizar,
Envolver, Renovar, Esperança, MAIS) desenvolvidos pelo Instituto da Segurança Social.
1
predominam (1414 casos), sobretudo entre os 15 e os 17 anos. Os de tipo médio abarcam
454 jovens e os graves 63 casos (ISS, 2014).
Outra situação que se tem vindo a acentuar, é o número de crianças em situação de
acolhimento, sujeitas a transferências de instituição. Nos centros de acolhimento temporário,
por exemplo, cerca de 23% tiveram experiências de acolhimento noutras respostas
institucionais, sendo sujeitas a transferências, estando algumas na segunda, terceira, quarta
ou mesmo quinta instituição. Também nos lares de infância e juventude, 82.2% das crianças
e jovens estão atualmente na segunda resposta de acolhimento, 13.6% na terceira e 4.2% na
quarta ou quinta.
O presente estudo pretende fazer uma caraterização do tipo de problemas de
comportamento identificados numa amostra de 185 jovens, distribuídos por treze
instituições, ao abrigo da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo. Trata-se de um
estudo descritivo, de natureza quantitativa, que pretende verificar se existe alguma relação
entre os diferentes tipos de problemas de comportamento manifestados e outras variáveis do
contexto que possam ser preditores de um bom ou mau acolhimento, como sejam: o historial
de acolhimento (e.g. número de acolhimentos, tempo na instituição atual, fugas, apoio
psicológico, médico e toma de medicação psicotrópica), o grau de integração do jovem na
própria instituição (e.g. relação com os cuidadores, com o grupo de pares e a ligação à
instituição) ou consumo de substâncias psicoativas.
2
Enquadramento Teórico
4
Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (Lei 147/99 de 1 de setembro, Ministério do Trabalho e da
Solidariedade, alterada pela Lei nº31/2003, de 22 de agosto).
3
intervenção tem como primeiro objetivo promover medidas de proteção para a família,
procurando que a criança cresça no seu meio familiar. Estas medidas passam pelo reforço
das competências parentais, através da identificação de fatores de risco inerentes à situação,
bem como dos fatores de proteção. E só depois, caso a intervenção junto da família não surta
os efeitos desejados, se poderá partir para uma intervenção com a família, mas retirando a
criança do ambiente de perigo e intervindo com ela em regime de colocação institucional
(Gomes, 2010).
Esta lei distingue ainda medidas a executar em meio natural de vida, tais como: apoio
junto dos pais; apoio junto de outro familiar; confiança a pessoa idónea e apoio para
autonomia de vida e medidas de colocação: acolhimento familiar, acolhimento em
instituição e confiança a pessoa selecionada para a adoção ou instituição com vista a futura
adoção.
A finalidade da aplicação das medidas de promoção e proteção tem três vertentes:
afastar o perigo, proporcionar as condições que permitam proteger e promover a segurança,
saúde, formação, educação, bem-estar, desenvolvimento integral e ainda garantir a
recuperação física e psicológica das crianças e jovens vítimas de qualquer forma de
exploração e abuso.
2. Acolhimento em instituição
4
educativas e de investirem continuamente na formação dos seus quadros, a fim de
melhorarem os padrões de qualidade e de se especializarem relativamente às necessidades
das crianças e jovens que acolhem.
Embora a lei preveja que a criança ou jovem apenas deva ser transferido de
instituição quando essa mudança corresponda à salvaguarda do seu superior interesse, os
dados mostram que em 2011, 27.7% dos jovens acolhidos tiveram previamente alguma
experiência de acolhimento noutro local, sendo que em 2012 este número subiu para 32.7%.
Mais do que a mera transição entre equipamentos, a frequência com que esse processo vem
a acontecer em diversos casos, assume especial relevância (Carvalho, 2013).
A frequência com que se verificam transferências entre respostas de acolhimento
poderá significar uma forma de perigo, uma vez que implica (mais uma) quebra nas
vinculações estruturantes da criança. Se um dos grandes objetivos da medida de acolhimento
é promover o desenvolvimento integral da criança e permitir a aquisição de formas de
vinculação saudáveis, a sua transferência representa uma inversão da própria natureza da
função reparadora, que deveria ser a prioridade na aplicação da medida de promoção e
proteção (ISS, 2012).
3. Problemas de Comportamento
3.1. Definição
O conceito problemas de comportamento é ambíguo e controverso, não possuindo
uma definição com limites claros e objetivos. Os problemas de comportamento têm sido
objeto de vários estudos nas últimas décadas, com diversas perspetivas teóricas, dificultando
o consenso sobre o que se entende por problemas comportamentais (Stephens & Lakin,
1995).
A falta de uma perceção comum das manifestações, ou causas que definem os
problemas de comportamento, dificultam a sua definição conceptual. Comportamentos
análogos podem ter diferentes causas, como distúrbios metabólicos, distúrbios
situacionalmente induzidos, ou até associados a disfunções familiares (Stephens & Lakin,
1995). Não ajuda o facto de diferentes expressões serem utilizadas para abordar o mesmo
termo, tornando o conceito algo confuso. Desta indefinição deriva a necessidade de se chegar
a um consenso tanto no que respeita ao conceito, como no que respeita ao diagnóstico e
intervenção. Vários investigadores ainda defendem que os problemas de comportamento
5
estão associados aos contextos em que ocorrem e ao limiar de tolerância do ambiente que os
rodeia (Edgar & Siegel, 1995).
Quando se abordam os problemas de comportamento na infância e na adolescência
colocam-se problemas muito específicos. Por um lado, tem-se constatado que alguns
comportamentos excessivos na infância têm tendência a diminuir com a idade. Por outro
lado, durante muito tempo, acreditou-se que as crianças não podiam apresentar certos
distúrbios (e.g. depressão) e a investigação posterior revelou que essas crenças não eram
corretas (Kazdin, 1989).
Outra questão que interfere na definição e avaliação dos problemas de
comportamento é a distinção entre o que é normativo e o que é patológico. Na década de
setenta, os problemas de comportamento específicos da infância e da adolescência,
começaram a ser objeto de estudo da Psicopatologia do Desenvolvimento, que de acordo
com Achenbach (1992), procura estudar a psicopatologia em relação com as mudanças mais
significativas que ocorrem ao longo do ciclo de vida. É uma abordagem dinâmica que se
baseia num contexto conceptual alargado para estudar a psicopatologia e a sua interação com
as dimensões sociais, culturais e económicas (Richters & Cicchetti, 1993).
Numa perspectiva desenvolvimental, no modelo proposto por Achenbach
(Achenbach & Edelbrock, 1983), considera-se que as perturbações podem ser melhor
entendidas numa abordagem dimensional do que numa abordagem categorial, segundo a
qual, o que distingue o comportamento normal do patológico é a frequência, duração e a
intensidade das queixas, mais do que o tipo de comportamentos por si só. Esta classificação
define os comportamentos em externalizáveis, encontrando-se os problemas centrados na
relação com os outros, como por exemplo a conduta agressiva e a delinquência, e
internalizáveis quando os problemas estão centrados no próprio indivíduo com
consequências para o próprio sujeito, como são a inibição social, o isolamento ou as queixas
somáticas (Hinshaw, 1992; Hinshaw, Lahey, & Hart, 1995).
6
podem continuar na idade adulta (Buehler, Orme, Post, & Patterson, 2000; Courtney,
Piliaviu, Grogan-Kaylor, & Nesmith, 2002). No âmbito das medidas de acolhimento, as
evidências reportam que as crianças que vivem em famílias de acolhimento parecem
apresentar menos problemas de saúde mental do que as acolhidas em instituições (Keller et
al., 2001; Leslie, Hurlburt, Landsverk, Barth, & Slymen, 2004; McCann, James, Wilson, &
Dunn, 1996; Zima, Bussing, Yang, & Belin, 2000).
Sobre os fatores que mais influenciam o estado emocional das crianças acolhidas, os
mais relevantes parecem ser: o tipo de acolhimento, a idade com que a criança foi retirada à
família biológica, estabilidade do acolhimento e o motivo de acolhimento (e.g. diferentes
tipos de mau trato). Segundo Holloway (1997) e Scholte (1997), o resultado do acolhimento
será melhor se a criança for acolhida numa idade mais precoce. Além disso, diversos estudos
defendem que um historial de acolhimentos instáveis contribuem para a existência de
problemas comportamentais (Newton, Litrownik, & Landsverk, 2000; Rubin et al., 2004;
Zima et al., 2000). Por outro lado, crianças com um historial de maus tratos, como por
exemplo abusos físicos ou sexuais, são suscetíveis de necessitar mais de serviços de saúde
mental (Leslie et al., 2004; Shin, 2005).
7
idade, a formação dos técnicos e cuidadores e o tipo de acolhimento (Doelling & Johnson,
1990; Palmer, 1996; Pardeck, 1984; Proch & Taber, 1985; Stone & Stone, 1983).
Segundo Newton, Litrownik e Landsverk (2000), um historial de acolhimentos
instáveis afeta negativamente os comportamentos internalizantes e externalizantes da
criança acolhida. A criança que sofre diversas mudanças de instituição pode estar mais
vulnerável a estes efeitos. Os autores sugerem que as perturbações de vinculação não são
uma explicação suficiente para a interrupção do acolhimento em alguns casos. Neste estudo,
verificou-se que os problemas de comportamento iniciais de externalização são os mais
fortes preditores da instabilidade no número de acolhimentos. Jovens com comportamentos
disruptivos, agressivos e/ou perigosos para os outros, apresentam maior probabilidade de
serem transferidos para outras instituições. No entanto, crianças que não evidenciem
problemas de comportamento, não devem ser negligenciadas. Na verdade, estas crianças
podem constituir uma população aparentemente assintomática no início do acolhimento, mas
serem vulneráveis aos efeitos, caso venham a ser alvo de diversas transferências ao longo do
tempo. As constantes transferências prejudicam também os resultados escolares (Eckenrode,
Rowe, Lairde, & Brathwaite, 1995; Zima et al., 2000). É de salientar que, é durante a
adolescência que o risco de alterações nas medidas de acolhimento é mais elevado (Proch e
Taber, 1985; Smith, Stormshak, Chamberlain e Whaley, 2001; Walsh e Walsh, 1990) e,
consequentemente, podem causar um aumento na frequência de desfechos negativos como
fugas, encarceramento e medidas de proteção mais rígidas (Leathers, 2006).
As investigações têm claramente revelado que os jovens institucionalizados com
problemas de comportamento de externalização, como comportamento de oposição, brigas
e furtos, estão sujeitos a maior insucesso no acolhimento (Fanshel, Finch, & Grundy, 1990;
James, Landsverk, & Slymen, 2004; Newton et al., 2000; Palmer, 1996; Pardeck, 1983;
Proch & Taber, 1985; Stone & Stone, 1983). De acordo com James (2004), que estudou um
grupo de crianças acolhidas em San Diego nos Estados Unidos da América, os problemas
comportamentais revelaram ser o segundo motivo mais apontado para transferências de
instituição. Alguns investigadores defendem que os problemas de comportamento podem
ser, simultaneamente, a causa e consequência de acolhimentos instáveis (Newton, Litronik
e Landsverk, 2000).
8
instabilidade do acolhimento e devem ser tidas em consideração neste processo. Fatores
como a idade, a relação dos jovens com a instituição e a qualidade das instituições
influenciam o acolhimento e os problemas de comportamento (Leathers, 2006). Pesquisas
comprovaram que a inexistência de um sentimento de pertença e integração em adolescentes
acolhidos, para com a instituição, é um forte preditor do insucesso do acolhimento. Além
disso, este sentimento de integração atua como mediador de problemas comportamentais
(Leathers, 2006). Importante referir que não podemos assumir que a falta de vinculação no
acolhimento é sempre devida à incapacidade do jovem em estabelecer relações. Nalguns
casos, os outros intervenientes neste processo, como cuidadores e técnicos, podem dificultar
a criação destes laços afetivos (Gray & Steinberg, 1999; Loeber & Stouthamer-Loeber,
1986).
O suporte social nos adolescentes acolhidos desempenha um papel muito relevante
na superação de acontecimentos traumáticos, nomeadamente, o apoio dos adultos
cuidadores, do grupo de pares e do contexto escolar. O estabelecimento de relação com os
pares é um aspeto essencial para o desenvolvimento de uma identidade e autonomia na
adolescência (Gregory & Weinstein, 2004; Heilbron & Prinstein, 2010). A relação com os
pares é crucial, não apenas pelo sentimento de pertença que gera nos jovens, mas também
porque é um contexto preferencial de aprendizagem e treino de competências sociais (Bishop
& Inderbitzen, 1995). Os jovens que reportam comportamentos autodestrutivos manifestam,
frequentemente, dificuldades no estabelecimento destas relações, sentindo-se desintegrados
do grupo e insatisfeitos com as interações com os pares. Tal contribui para uma menor
autoestima, uma perceção de si mesmos como socialmente desadequados e sentimentos de
solidão, aumentando o risco de desenvolvimento de problemas de comportamento (Jurich,
2008; Siyez, 2008; Twenge & Campbell, 2001).
Paralelamente, os problemas de integração contribuem também para uma maior
vulnerabilidade dos jovens inseridos no sistema de acolhimento perante o consumo de
drogas. As redes sociais e as normas de funcionamento são alteradas no acolhimento e em
cada nova transferência, diminuindo a motivação destes jovens para a busca de referências
positivas, nomeadamente, na relação com os adultos e grupo de pares na instituição. Nestas
condições, é de esperar que as competências emocionais e as capacidades para superar
adversidades saiam prejudicadas. Por esses motivos, os jovens que não se sentem integrados
e mudam frequentemente de instituições, apresentam maior probabilidade de vir a
desenvolver problemas de comportamento, dependências e consumo de drogas na vida
adulta, contrastando com aqueles que permanecem mais tempo na mesma instituição e
9
encontram estabilidade no acolhimento, na escola, na rede social e na comunidade (Stott,
2012).
10
encontram nas famílias apoiadas pelos serviços sociais. Assim, a falta de acompanhamento,
a negligência ou a existência de relações maltratantes na família biológica, poderão
contribuir para um maior risco de consumo de drogas, por parte dos adolescentes (Cheng &
Lo, 2010).
As instituições também podem representar um fator de proteção. Uma investigação
sobre o consumo de substâncias psicoativas em jovens adultos, que passaram por medidas
de acolhimento, identificou que aqueles que descreveram as suas experiências de
acolhimento como positivas, revelaram menores taxas de dependência de álcool e drogas
(White, O’Brien, White, Pecora & Phillips, 2007).
Quando os serviços de proteção atuam na retirada de uma criança, fazem-no na
perspetiva, de remover a criança do perigo e, paralelamente, de providenciar um serviço
externo de apoio à família. Porém, inevitavelmente, a retirada de uma criança condiciona e
restringe frequentemente os contatos com a família e tal pode ter efeitos adversos. Alguns
investigadores defendem que a colocação em centros de acolhimento e/ou outras medidas
fora da família, têm sido associadas com o uso de drogas na idade adulta destas crianças
(Grella & Greenwell, 2006). Em comparação com as outras, as crianças que passam pelos
centros de acolhimento têm uma maior taxa de delinquência (Lawrence, Carlson, & Egeland,
2006) e mortalidade (Barth & Jonson-Reid, 2000).
11
que vários autores defendem que a medicação psicotrópica está a ser excessivamente
utilizada (Crystal, Olfson, Huang, Pincus & Gerhard, 2009).
Leslie et al., (2011) observaram nos seus estudos com a população acolhida que, os
preditores do uso de medicação psicotrópica seriam a idade mais avançada dos jovens, ou
seja, adolescentes em detrimento de crianças, e pontuações mais elevadas nos problemas de
comportamento medidos pelo CBCL e YSR.
12
Estudo Empírico
1. Método
13
1.2 Hipóteses de investigação
Tendo em conta a revisão literária e os objetivos do estudo, delinearam-se as seguintes
hipóteses:
1. Os jovens institucionalizados têm mais problemas de comportamento do que a
população geral.
2. Os jovens institucionalizados apresentam mais consumos de substâncias psicoativas
do que a população geral.
3. Os jovens com melhor integração na instituição apresentam menos problemas de
comportamento.
4. O consumo de drogas, o historial de acolhimento e a integração na instituição são
preditores dos problemas de comportamento.
1.3 Amostra
A amostra é composta por 197 adolescentes e jovens acolhidos em centros de
acolhimento temporário e lares de infância e juventude, dos distritos de Lisboa, Porto,
Coimbra, Leiria, Évora e Portalegre, com idades compreendidas entre os 11 e os 21 anos.
Da amostra inicial, foram excluídos 10 sujeitos por apresentarem uma taxa de missing values
superior a 10% ou questionários incorretamente preenchidos (Tabachnick & Fidell, 2007).
Dois sujeitos foram retirados por respostas de insinceridade5, obtendo-se assim 185
questionários válidos. A caracterização sociodemográfica da amostra encontra-se descrita
no quadro 1.
5
Assinalaram Relevim no questionário sobre o consumo de substâncias psicoativas.
14
Distrito
Lisboa 32 17.3
Porto 55 29.7
Leiria 60 32.4
Coimbra 11 6.0
Évora 19 10.3
Portalegre 8 4.3
Total 185 100
Historial de acolhimento
Idade do primeiro acolhimento 185 100 10.46 4.00 0 - 17
Por faixa etária
0 aos 5 anos 24 13
6 aos 10 anos 53 28.6
11 aos 15 anos 95 51.4
16 ou mais 12 6.5
Missing values 1 .5
185 100
Número de instituições em toda a vida
1 instituição 98 53
2 instituições 63 34.1
3 instituições 17 9.2
4 instituições 3 1.6
5 ou mais instituições 4 2.2
185 100
Fugas da instituição
Uma ou mais vezes 59 31.9
Tipos de apoio (últimos 6 meses)
Consultas de psicologia 108 58.4
Consultas de pedopsiquiatria 80 43.2
Medicação pedopsiquiátrica 73 39.5
1
Percursos alternativos ao ensino regular com equivalência ao 9º ano (Cursos de Educação e Formação, Cursos
Vocacionais, PIEF); 2Curso Profissional com equivalência ao 12º ano
1.4 Procedimento
Durante alguns meses contactaram-se os responsáveis de várias instituições, através
de contactos diretos e/ou telefónicos, no sentido de solicitar a sua colaboração e obter
informação sobre o número aproximado de crianças e jovens acolhidos que respeitassem os
critérios de inclusão para o estudo. Após a obtenção de autorização por parte das Direções,
acertaram-se os procedimentos para a recolha de dados.
A equipa de investigação, constituída por dois psicólogos, deslocou-se
presencialmente às instituições, dando os esclarecimentos necessários, assegurando o
preenchimento individual e reforçando o carácter anónimo das respostas. O questionário foi
preenchido numa única sessão, com um tempo médio de 35 minutos. Todos os jovens
participaram no estudo de forma voluntária e com base no consentimento informado. Os
15
questionários foram preenchidos individualmente ou em pequenos grupos e recolhidos
unicamente pela equipa de investigação.
O período de recolha de dados decorreu entre Março e Maio de 2014. As instituições
que fizeram parte do estudo foram:
Associação Amigos da Criança e Família – Chão dos Meninos
Associação Casa Juvenil Nossa Senhora da Assunção – Pra’cachopos
Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família – CrescerSer – Casa da
Ameixoeira, Casa do Vale e Casa do Canto
Fundação António da Silva Leal – Colégio Dom Dinis – Internato Masculino de Leiria
Fundação “O Século” – Casa das Conchas e Casa do Mar
Lar de Nossa Senhora do Livramento (Porto)
Obra do Frei Gil - Casa da Criança e Casa do Ramalde
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – Casa da Alameda
Santa Casa de Misericórdia de Reguengos de Monsaraz – Lar de Nossa Senhora de Fátima
O questionário utilizado na recolha de dados foi composto por: uma introdução em
que se enfatizava o seu caráter confidencial e onde constavam algumas instruções; dados
sociodemográficos, questões sobre o historial de acolhimento, fugas da instituição e apoios
na área da saúde mental. Além destes, o questionário recorreu a três instrumentos que serão
descritos em seguida com mais detalhe.
16
competências ou dificuldades individuais ou grupais. Aborda questões pertinentes que
possibilitam a compreensão de problemas emocionais que, devido à sua natureza subjetiva,
não são facilmente avaliados ou observados (Fonseca & Monteiro, 1999).
No presente estudo, recorreu-se à versão mais recente, aferida à população
portuguesa por Pedro Dias e colaboradores em 20136. O questionário divide-se em duas
partes. A primeira, que não é utilizada neste estudo, é constituída por itens relacionados com
competências, atividades e interesses sociais dos jovens. A segunda parte é constituída por
112 itens relacionados com problemas específicos do comportamento, que compõem a
Escala Total de Problemas, que engloba 8 subescalas: Ansiedade/Depressão,
Isolamento/Depressão, Queixas Somáticas, Problemas Sociais, Problemas de Pensamento;
Problemas de Atenção, Comportamento Delinquente e Comportamento Agressivo. Neste
grupo, ainda existe um conjunto de 10 itens designados como “Outros problemas” mas sem
significado clínico.
Na versão original, Achenbach (1991) realizou várias análises fatoriais com amostras
clínicas, que permitiram evidenciar as oito escalas mencionadas. O autor realizou ainda,
análises fatoriais de segunda ordem, que permitiram extrair dois fatores: um de
Externalização7 e outro de Internalização8. O primeiro corresponde a síndromes em que as
problemáticas incidem em conflitos com o ambiente, ao passo que, os problemas de
internalização envolvem conflitos com o self.
O Youth Self Report é um instrumento internacionalmente conhecido e fundado num
corpo teórico sólido. Apresenta uma linguagem simples e adequada ao público-alvo,
existindo inúmeros estudos internacionais com recurso a este questionário junto de crianças
e jovens institucionalizadas.
A bateria ASEBA encontra-se traduzida em mais de 90 línguas. A versão portuguesa
do YSR tem qualidades psicométricas aceitáveis e constitui um instrumento útil de
investigação no domínio da psicopatologia infantil e juvenil. Para além do score total de
problemas, também fornece indicações específicas sobre diversos tipos de distúrbios, o que
pode alargar o seu campo de aplicação (Fonseca & Monteiro, 1999; Dias, 2013).
6
Achenbach & Rescorla, 2000. Direitos para a versão portuguesa Psiquilibrios Edições, 2013.
7
As escalas de Comportamento Delinquente e Comportamento Agressivo compõem o fator de Externalização.
8
As escalas de Ansiedade/Depressão, Isolamento/Depressão, Queixas somáticas, Problemas Sociais,
Problemas de Pensamento e Problemas de Atenção compõem o fator de Internalização.
17
1.5.2 Medida de Integração na Instituição de Acolhimento
Com o objetivo de se adquirir algum indicador que permitisse analisar o conceito de
integração dos jovens na instituição de acolhimento, procedeu-se a uma pesquisa por
instrumentos existentes que, por se tratar de uma população muito específica, verificou-se
serem escassos.
Através da revisão de literatura, descobriu-se uma medida de integração em famílias
de acolhimento, que se enquadrava no conceito pretendido, embora necessitasse de ser
adaptada ao contexto institucional utilizado em Portugal. A medida foi criada por Fanshel
(1982) para ser aplicada aos técnicos gestores de caso e, posteriormente, modificada por
Poulin (1985) para fins de investigação. A versão original avaliava duas dimensões: (1)
Child’s perception of belonging in the foster home e (2) Child’s probable reaction to being
removed from the home. Mais recentemente, Leathers (2002, 2006, 2012) adaptou e tem
vindo a recorrer a este instrumento por considerar que é a única medida sucinta concebida
especialmente para crianças acolhidas. No caso desta autora, o instrumento foi alterado com
o intuito de ser aplicado aos pais de acolhimento. Mais itens foram acrescentados para
melhorar a consistência da medida, devido a novos indicadores de vinculação na família de
acolhimento, que surgiram dos estudos efetuados com os pais e técnicos gestores dos casos.
Apesar de Fanshel (1982) e Poulin (1985) utilizarem o termo “vinculação”, no presente
estudo, a designação utilizada é a de integração, à semelhança da opção tomada por Leathers
(2006), uma vez que se trata de uma medida de autorresposta que não envolve a avaliação
por entrevista clínica, e como tal, a integração não pode ser equiparada ao conceito de
vinculação, como é tradicionalmente conceptualizado por Bowlby (1969).
Dada a dificuldade em encontrar a versão mais atual, que não se encontrava
disponível em Portugal, entrámos em contato com a autora Sonya Leathers9 que rapidamente
nos disponibilizou a medida de Foster home Integration com 9 itens e aconselhou-nos sobre
a possível adaptação ao contexto institucional, tendo os jovens como destinatários.
No âmbito do presente estudo, foi necessário traduzir e adaptar o questionário para
ser aplicado a jovens institucionalizados, uma vez que as versões anteriores eram em inglês
e não estavam colocadas na primeira pessoa. Foi utilizada uma linguagem simples e
acessível tendo em conta a população alvo. Além disso, recorreu-se a uma nomenclatura
própria do contexto institucional, como por exemplo, a referência a termos como técnico ou
monitor, para distinguir os adultos da instituição. A nossa versão inicial contou com 16
9
Professora Associada no Jane Addams College of Social Work, Universidade de Illinois em Chicago, EUA
18
questões, cada uma com 5 opções de resposta, que são cotadas de 1 a 5, com este último a
representar o nível mais elevado de integração. Segundo Leathers (2006), valores de
integração muito altos são preditores de estabilidade no acolhimento e muito baixo de
insucesso.
A título de exemplo, os itens “Gostas de estar nesta instituição?” e “Sentes-te
integrado na instituição?” foram inspirados na questão de Leathers, em que era pedido que
a família de acolhimento optasse por uma de cinco afirmações que “best describes this
child’s emotional attachment and bond to the current foster family”10. Noutro exemplo
tínhamos 3 questões que abordavam a ligação da criança aos pais de acolhimento, outras
crianças da família ou elementos da família alargada. No presente estudo, estes conceitos
foram substituídos pelas figuras com quem os jovens convivem diariamente na instituição:
técnicos, monitores e outros jovens acolhidos (grupo de pares).
Todos os itens foram uniformizados no sentido de facilitar a compreensão e
interpretação por parte dos jovens e adolescentes.
10
As respostas variavam entre: (1) Child does not appear to feel like a part of the family; a (5) Child is deeply
integrated within the family and experiences foster family as own family.
19
Para além dos indicadores sobre o consumo de drogas, encontram-se ainda um
conjunto de itens referentes à perceção de prevalência dos consumos pelos amigos e sobre a
acessibilidade de determinadas drogas (haxixe, ecstasy, cocaína, heroína) nos diferentes
contextos de vida habituais dos jovens institucionalizados, designadamente, a instituição de
acolhimento, a escola, o bairro da família e os espaços de lazer como a rua, bares e festas.
De enfatizar, que este questionário permite não só caracterizar os padrões de
consumo de álcool e drogas dos jovens que nele participaram, como esta informação pode
ser comparada com a de outras investigações, centradas nos mesmos objetivos, mas
conduzidas em outras zonas do país ou a nível internacional (Negreiros, 2001).
Para assegurar fidelidade dos dados recolhidos e minimizar a falta de veracidade nas
respostas, foi adicionada ao questionário uma droga não existente “Relevim”.
20
Resultados
1. Problemas de comportamento
Quadro 2. Média das pontuações obtidas no YSR para as diferentes escalas de problemas de
comportamento.
Sexo masculino (N=82) Sexo feminino (N=103)
Escalas do YSR M DP T M DP t
YSR Score total 62.16 31.14 64** 65.97 25.57 62*
Externalização 17.35 9.73 60* 17.79 8.7 61*
Comportamento delinquente 7.39 4.70 61 6.73 4.04 61
Comportamento agressivo 9.96 6.06 60 11.06 5.48 60
Internalização 18.78 9.97 65** 22.68 9.87 63*
Ansiedade/Depressão 7.80 5.02 64 9.95 5.11 62
21
Isolamento/Depressão 5.87 2.82 63 6.68 3.08 63
Queixas somáticas 5.11 4.16 61 6.05 3.7 60
Problemas sociais 5.57 4.14 60 4.98 3.31 58
Problemas de pensamento 6.95 4.76 62 6.83 4.19 61
Problemas de atenção 7.09 3.90 57 7.44 3.12 58
**Nível clínico, *Nível borderline
Externalização 28 34.1 33 32 61 33
Comportamento delinquente 8 9.8 6 5.8 14 7.6
Comportamento agressivo 15 18.3 9 8.7 24 13
22
2. Consumo de substâncias psicoativas
23
Estimulantes3 3 3.7 4 3.9 7 3.8
LSD 4 4.9 2 1.9 6 3.2
Crack 1 1.2 3 2.9 4 2.2
Cocaína 4 4.9 6 5.8 10 5.4
Heroína 0 0 5 4.9 5 2.7
Cogumelos mágicos 5 6.1 6 5.8 11 5.9
Ecstasy 5 6.1 3 2.9 8 4.3
Cheirar cola ou solventes 2 2.4 8 7.8 10 5.4
4
Drogas das Smartshops 7 8.5 11 10.7 18 9.7
Total 14 17.1 22 21.4 36 19.5
1
Frequência: 1 ou mais vezes; 2Ou outros medicamentos sem receita médica; 3Anfetaminas ou
speeds sem receita médica; 4 Novas drogas sintéticas comercializadas como sais, incensos ou
fertilizantes em estabelecimentos conhecidos por smartshops.
Cerca de 68.6%, dos jovens que participaram no estudo, referem ter consumido
tabaco pelo menos uma vez na vida. Destes, 38.9% apresenta um consumo de tabaco atual.
Relativamente ao género, os rapazes apresentam ligeiramente maiores taxas de consumo.
A percentagem de jovens que refere ter consumido álcool, pelo menos uma vez na
vida, é de 64.9%. Cerca de 49.3% consumiu no último ano e 30.3% nos últimos 30 dias.
Nesta variável, verificámos que as raparigas apresentam maiores taxas de consumo, em todas
as categorias temporais, do que os rapazes. Ao nível das intoxicações alcoólicas, 35.7% dos
participantes indicaram pelo menos um episódio ao longo da vida, 22.2% nos últimos 12
meses e 7.6% nos últimos 30 dias. Também nesta variável, o sexo feminino revela
prevalências superiores.
Acerca das drogas ilícitas, o haxixe destaca-se como sendo a mais consumida entre
os jovens, em que 36.2% alegam já a ter experimentado. Em segundo lugar, surgem as drogas
das smartshops, com uma prevalência ao longo da vida de 9.7%.
De modo a analisar, se os jovens institucionalizados apresentam maiores consumos
de substâncias psicoativas, do que os jovens em geral, na discussão estes dados serão
comparados com estudos de referência nacional.
24
3. Integração na instituição de acolhimento
11
Este valor, tomado como ponto de corte, considerou-se como o peso fatorial mínimo que cada item poderia
assumir para permanecer na escala. Hair et al. (2010) sugerem que os itens para terem peso fatorial devem
apresentar saturações com valores .30 a .40 como níveis mínimos para a interpretação da estrutura e .50 como
valor praticamente significativo. As correlações superiores a .71 são excelentes, maiores que .63 muito boas,
acima de .55 boas, superiores a .45 razoáveis e abaixo de .32 más.
25
Em seguida, baseámo-nos em duas técnicas com vista a decidir o número de
fatores/componentes a ser extraído. Por um lado, de acordo com o critério de Kaiser, apenas
os fatores com um eigenvalue superior a 1 foram retidos. Por outro lado, a análise do teste
Scree, proposto por Cattell, permitiu identificar o ponto do gráfico no qual a curvatura da
linha muda de direção e se torna horizontal, apontando para uma retenção em quatro fatores,
a qual foi então assumida.
Seguidamente, efetuou-se a rotação dos quatro fatores mediante procedimentos de
rotação ortogonal (varimax), após a qual se procedeu à eliminação de alguns itens da escala,
com base nos seguintes critérios: (a) uma saturação inferior a .40 num fator e (b) a saturação
simultânea em dois fatores, uma vez que, segundo sustentam alguns autores, este tipo de
situação torna a interpretação dos fatores mais ambígua.
O primeiro item a ser excluído foi o item 5 (“Sentes-te integrado nesta instituição”),
uma vez que apresentava baixas saturações em dois componentes (crossloading) com pesos
fatoriais semelhantes na ordem dos .353 e .425. O segundo item a ser excluído foi o item 12
(“Como é que te sentirias se tivesses de sair desta instituição e ir para outra?), pelo mesmo
motivo do anterior.
Após nova rotação varimax, obteve-se uma estrutura fatorial, composta por 14 itens,
distribuídos por quatro componentes, os quais explicam 69.88% da variância (Quadro 5).
Através do teste de esfericidade de Bartlett (1257.40, p<001) e do teste de Kaiser-
Meyer-Olkin (.813), pôde ser verificada a boa adequação da matriz de dados a
procedimentos de análise fatorial.
O teste de Bartlett permite verificar se a matriz de correlações é uma matriz de
identidade e, caso o valor da significância estatística seja superior a p<.05, então os fatores
não podem ser extraídos da matriz, depreende-se uma não correlação entre variáveis
(Martinez & Ferreira, 2007). No nosso caso, o teste de esfericidade de Bartlett, sustenta a
existência de uma correlação estatisticamente significativa entre as variáveis, apresentando
um nível de significância de p <.001.
A medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) indica-nos as implicações da amostra no
estudo. Normalmente valores inferiores a .50 são considerados inaceitáveis, sendo desejável
que estes rondem os .80/.90. No nosso caso, a análise revelou a existência de uma correlação
muito boa entre as variáveis, assumindo o valor de .813.
Em suma, verificou-se que as medidas de adequação amostral cumprem os
pressupostos para a existência de uma estrutura fatorial dos dados.
26
Quadro 5. Matriz de dados após rotação ortogonal Varimax dos itens da medida de
Integração na Instituição de Acolhimento
Pesos fatoriais de cada item nos quatro componentes extraídos, percentagem da variância
explicada e níveis de consistência interna de cada fator.
Componentes
1 2 3 4
9. Como é que te dás com os técnicos? .772
17. Sentes-te bem quando estás com os técnicos? .761
10. Como é que te dás com os monitores e outros funcionários? .745
18. Sentes-te bem quando estás com os monitores e outros
.739
funcionários?
8. Sentes-te apoiado(a) pelas pessoas da instituição? .642
15. Quando saíres desta instituição, vais sentir falta dos(as)
.810
monitores(as) e outros funcionários?
14. Quando saíres desta instituição, vais sentir falta dos técnicos? .793
13. Gostavas de ficar nesta instituição por muito tempo? .742
4. Gostas de estar nesta instituição? .712
19. Sentes-te bem quando estás com os jovens da instituição? .831
16. Quando saíres desta instituição, vais sentir falta dos(as)
.816
outros(as) jovens?
11. Como é que te dás com os(as) jovens da instituição? .816
6. Participas nas atividades da instituição (ex. tarefas, jogos,
.878
conviver com os outros)?
7. Gostas de participar nas atividades da instituição? .819
Variância explicada (Total = 69,88%) 39,67% 13,19% 8,76% 8,26%
Método de extração: Análise de componentes principais; Método de rotação: Varimax com normalização de
Kaizer; A rotação convergiu em 5 iterações.
Nota: Os espaços em branco referem-se a valores de saturação inferiores a 0.4.
27
Quadro 6 – Estatísticas descritivas e índices de fidelidade da Escala de Integração na
Instituição
Componentes M DP α
Relação com os adultos da instituição 19.25 3.53 .849
Ligação à instituição 12.15 4.18 .840
Relação com os pares da instituição 11.82 2.40 .784
Participação nas atividades da instituição 7.77 1.69 .737
A existência de 5 ou mais itens com fortes saturações (.50 ou mais) no mesmo fator
é um indicador desejável de robustez. Menos de três itens corresponde geralmente a um fator
fraco e instável (Costello & Osborne, 2005). Tendo este argumento em consideração, optou-
se por eliminar o fator 4 (Participação nas atividades da instituição) que apenas tinha dois
itens.
O cálculo do coeficiente Alpha de Cronbach corresponde ao cálculo de todas as
correlações entre as pontuações de cada item e a pontuação total dos demais itens,
assumindo-se o valor de alpha (α) como a média de todos os coeficientes de correlação
(Bryman & Cramer, 2004). Este coeficiente pode assumir valores de 0 a 1, sendo geralmente
aceite um limite mínimo de 0.70, embora, numa análise exploratória, possa assumir o valor
mínimo de 0.60.
Os valores superiores a .90 são indicadores de uma consistência interna muito boa;
valores entre .80 e .90 apontam uma consistência interna boa; valores entre .70 e .80 indicam-
na como razoável; entre .60 e .70 refletem uma fraca consistência interna; e, inferiores a .60
a consistência interna é inadmissível (Pestana & Gajeiro, 2005)
A nível da consistência interna, esta escala apresenta valores adequados para todos
os fatores: Relação com os adultos da instituição (α=.85); Ligação à instituição (α=.84);
Relação com os pares (α=.78).
28
da instituição e de ligação à própria instituição, do que o sexo feminino. Na relação com os
pares da instituição, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas (ver quadro
7).
Quadro 8. Diferenças de médias dos fatores da integração na instituição e YSR Score total
Feminino Masculino
YSR Total YSR Total YSR Total
YSR Total
nível nível nível clínico
nível clínico
normativo normativo (n=38)
(n=43)
(n=60) (n=44)
Integração M M P M M P
F1. Relação c/ adultos 18.97 17.09 .005 20.49 20.76 .726
F2. Ligação à
11.33 11.16 .833 12.70 14.03 .168
instituição
F3. Relação c/ pares 12.15 11.14 .035 12.33 11.49 .139
Teste t de Student para amostras independentes; * p <.05. Diferenças entre as médias para cada fator.
29
Quadro 9. Diferenças de médias dos fatores da integração na instituição e a internalização
Feminino Masculino
Problemas de Problemas de Problemas de Problemas de
internalização internalização internalização internalização
nível norma. nível clínico nível norma. nível clínico
(n=61) (n=42) (n=) (n=)
Integração M M P M M P
F1. Relação c/ adultos 18.87 17.19 .012 20.68 20.55 .863
F2. Ligação à
11.59 10.79 .312 12.76 13.80 .281
instituição
F3. Relação c/ pares 12.27 10.98 .006 12.55 11.38 .033
Teste t-Student para amostras independentes; * p < .05. Diferenças entre as médias para cada fator.
30
mudanças na sua magnitude, dependendo do conjunto de preditores investigados (Abbad &
Torres, 2002).
A regressão múltipla stepwise é geralmente escolhida para estudos exploratórios
onde o investigador está desprovido de uma teoria consistente sobre os fenómenos estudados
e está interessado apenas em descrever as relações pouco conhecidas entre variáveis (Abbad
& Torres, 2002).
Segundo Cohen (1990), por vezes aprendemos mais através da informação visual
(aquilo que vemos), do que com os cálculos que efetuamos. Assim, num primeiro passo
houve necessidade de se testar a linearidade do fenómeno dos problemas de
comportamento12, com as diversas variáveis preditoras: consumo de substâncias psicoativas,
integração dos jovens na instituição, historial de acolhimento e tipos de apoios. Para tal,
recorreu-se inicialmente ao diagrama de dispersão e à reta de regressão.
A seleção das variáveis para introduzir nas equações de RM foi orientada numa
segunda fase por dois critérios de seleção. O primeiro critério usado na seleção das variáveis
independentes a incluir nos modelos, foi a existência de uma correlação entre a variável
independente e a variável critério, preferencialmente acima de 0.3, o que assegura a
existência de alguma relação entre as variáveis, e inferior a 0.7 de forma a prevenir a
existência de multicolinariedade (Pallant, 2001).
Além dos coeficientes de correlação, as diferentes variáveis foram submetidas a
análises preliminares de regressão múltipla (blockwise), para discriminar as variáveis com
maior valor preditivo em diferentes campos: consumo de substâncias psicoativas, integração
na instituição, historial de acolhimento e tipos de apoio. No grupo das variáveis
sociodemográficas, tanto o sexo como a idade não apresentaram valores de β
estatisticamente significativos e não foram incluídas na equação.
12
YSR Score total de problemas; Escala de Externalização e Escala de Internalização
31
Quadro 10. Estudo correlacional entre os problemas de comportamento e o consumo de
substâncias psicoativas
YSR YSR YSR
Total Externalização Internalização
Tabaco (longo da vida) .216** .348** .101
Tabaco (últimos 30 dias) .273** .433** .131
Álcool (longo da vida) .023 .217** -.038
Álcool (últimos 12 meses) .075 .185* .035
Álcool (últimos 30 dias) .042 .067 -.010
Episódios de embriagues (longo da vida) .088 .192** .048
Episódios de embriagues (últimos 12 meses) .161* .186* .157*
Episódios de embriagues (últimos 30 dias) .082 .103 .043
Haxixe (longo da vida) .198** .369** .090
Haxixe (últimos 12 meses) .214** .397** .099
Haxixe (últimos 30 dias) .214** .34** .106
Nota: ns – não significativo, **p<0,01, *p<0,05
32
Quadro 11 – Estudo correlacional entre os problemas de comportamento e os fatores da
integração na instituição, historial de acolhimento e tipos de apoio
33
Quadro 12. Estudo correlacional entre as variáveis critério e as variáveis preditoras
1 2 3 4 5 6 7 8
1.YSR Score total -
2.Internalização .884** -
3.Externalização .854** .595** -
4Tabaco_30D .273** .131 .433** -
5Haxixe_12M .214** .099 .397** .581** -
6.Relação com os pares -.251** -.268** -.159* .034 .082 -
7.Tempo na instituição -.173* -.187* -.172* -.157* -.143 -.075 -
8.Pedopsiquiatria_6M .357** .204** .417** .278** .214** -.043 -.079 -
**p<.01, *p<.05
34
Quadro 13 – Análise de regressão linear múltipla (Stepwise) com a variável critério (YSR –
Escala total) – modelo selecionado
Variável critério: YSR Total
Variáveis preditoras B DP Β r2
Passo 1 (Constant) 35.23*** 6.01
Pedopsiquiatria_6M 20.37 3.97 .357***
.127
Passo 2 (Constant) 33.36*** 5.96
Pedopsiquiatria_6M 17.30 4.09 .303***
Tabaco_30D 2.52 .97 .185*
.031
Passo 3 (Constant) 68.36*** 11.10
Pedopsiquiatria_6M 16.49 3.96 .289***
Tabaco_30D 2.69 .94 .198**
Relação com os pares -2.90 .79 -.245***
.060
Passo 4 (Constant) 79.68*** 12.22
Pedopsiquiatria_6M 16.10 3.92 .282***
Tabaco_30D 2.43 .94 .179*
Relação com os pares -3.02 .78 -.255***
Tempo na instituição -2.24 1.06 -.141*
.019
F(4,177)= 13.81, p<.001 R2=.238 R2ajust=.221
***p<0,001, **p<0,01 e *p<0,05
35
Quadro 14. Análise de regressão linear múltipla (Stepwise) com a variável critério (YSR –
Externalização) – modelo selecionado
Variável critério: YSR Externalização
Variáveis preditoras B DP Β r2
Passo 1 (Constant) 12.88*** .96
Tabaco_30D 1.91 .30 .433***
.188
Passo 2 (Constant) 5.39** 1.79
Tabaco_30D 1.50 .29 .340***
Pedopsiquiatria_6M 5.96 1.23 .321***
.095
Passo 3 (Constant) 5.0** 1.77
Tabaco_30D 1.02 .35 .231**
Pedopsiquiatria_6M 5.75 1.21 .310***
Haxixe_12M 1.05 .42 .194*
.025
Passo 4 (Constant) 12.9*** 3.34
Tabaco_30D 1.02 .34 .230**
Pedopsiquiatria_6M 5.55 1.20 .299***
Haxixe_12M 1.14 .41 .211**
Relação com os pares -.66 .24 -.171**
.029
F(4,177)=22.39 , p<.001 R2=.336 R2ajust=.321
***p<0,001, **p<0,01 e *p<0,05
36
Quadro 15. Análise de regressão linear múltipla (Stepwise) com a variável critério (YSR –
Internalização) – modelo selecionado
Variável critério: YSR Internalização
Variáveis preditoras B DP Β r2
Passo 1 (Constant) 34.44*** 3.66
Relação com os pares -1.14 .30 -.268***
.072
Passo 2 (Constant) 28.31*** 4.22
Relação com os pares -1.10 .30 -.260***
Pedopsiquiatria_6M 4.00 1.44 .196**
.038
Passo 3 (Constant) 33.58*** 4.60
Relação com os pares -1.16 .29 -.275***
Pedopsiquiatria_6M 3.66 1.42 .180*
Tempo na instituição -1.05 .40 -.19**
.034
F(3,178)=9.99, p<.001 R2=.144 R2ajust=.130
***p<0,001, **p<0,01 e *p<0,05
37
Discussão dos resultados
38
do sexo masculino continua a ser muito elevada, com 52.4% a pontuarem fora do nível
normativo e 40.8% das raparigas.
Esta prevalência de problemas de comportamento também parece justificar a elevada
taxa de apoios ao nível das consultas de psicologia (58.4%), pedopsiquiatria (43.2%) e
medicação (39.5%) que os jovens da amostra apresentam.
H2. Os jovens institucionalizados têm mais consumos de drogas do que a população geral.
39
da vida que foi muito superior no sexo feminino (71.8%), ao indicado pelo masculino
(56.1%).
No entanto, a frequência do consumo de álcool volta a inverter, quando analisamos
os episódios de embriaguez que, ao longo da vida, no último ano e no último mês são
indicados por, respetivamente, 35.7%, 22.2% e 7.6% da nossa população. Ao passo que, nos
mesmos períodos, a população em geral apresenta ocorrências de situações de embriaguez
de 13%, 7% e 7%. Só o consumo atual se revelou muito equivalente, o que pode ser também
fruto da institucionalização destes jovens e de, nestas condições, terem menor acesso a estas
substâncias. Os resultados entre géneros, na população geral, foi pouco díspar entre si e
semelhante às percentagens de sujeitos com episódios de embriaguez no total. Porém, na
nossa amostra, a maior prevalência de consumos de álcool no sexo feminino sobressai. As
raparigas que experimentaram estados de embriaguez ao longo da vida são 39.8%, no último
ano 25.2% e no último mês 9.7%. Os rapazes que indicaram os mesmos períodos foram
30.5%, 18.3% e 4.9%. Neste último caso, a percentagem de episódios de embriaguez atual
foi mesmo inferior à da população em geral.
O consumo de haxixe ou canábis, nos jovens institucionalizados, demonstrou
também ser muito elevado. Na nossa amostra, 36.2% já experimentaram haxixe, 22.2% têm
consumos recentes e 11.9% consomem atualmente. No INME, 9% já experimentou, 8%
consumiu nos últimos 12 meses e 5% nos últimos 30 dias. Os resultados por género foram
pouco díspares.
A prevalência do consumo de outras drogas ilícitas é menos representativa em ambos
os estudos, embora apresente sempre maior percentagem nos jovens institucionalizados, do
que nos jovens em geral. Excluindo o haxixe, a prevalência total do consumo de outras
drogas ilícitas ao longo da vida, é de 10% no INME e de 19.9% nesta investigação. É de
destacar neste grupo, um tipo de droga que não foi explorado no relatório nacional mas que
se salientou no nosso estudo: as novas drogas sintéticas. Estas ficaram conhecidas pelo nome
dos estabelecimentos que as comercializavam, as smartshops, e eram muitas vezes
identificadas, incorretamente, como sais, incensos, fertilizantes e outras categorias afins. Na
nossa amostra, 9.7% dos jovens acolhidos afirmaram já ter experimentado uma substância
deste tipo, pelo menos uma vez. Com a alteração da lei, estas substâncias passaram de lícitas
a ilícitas e revelaram-se a segunda maior prevalência de consumos de experimentação pelos
jovens institucionalizados, em matéria de drogas ilícitas, logo a seguir ao haxixe.
Como era esperado, esta hipótese de investigação confirmou-se em quase todos os
parâmetros, com exceção do consumo de álcool, que mostrou ser um pouco mais elevado na
40
população geral, embora, sem grandes diferenças nas percentagens. No entanto, em todas as
outras variáveis, a prevalência dos consumos dos jovens institucionalizados não só foi
superior à dos jovens em geral, como principalmente revelou valores preocupantes e muito
elevados.
Os jovens do sexo masculino, que pontuaram no YSR Score total ao nível normativo,
não apresentaram diferenças significativas em nenhuma das dimensões avaliadas na medida
de integração na Instituição, quando comparados com a população clínica. Porém, as jovens
do sexo feminino, que não apresentaram problemas de comportamento, revelaram valores
estatisticamente significativos mais elevados em duas dimensões da Integração (relação com
os adultos da instituição e relação com o grupo de pares da instituição), quando comparadas
com as médias da população de nível clínico.
Na escala de internalização, o grupo de rapazes que pontuou mais na relação com os
pares foi o que apresentou menos problemas de internalização. Esta relação foi a única que
demonstrou ser estatisticamente significativa para o sexo masculino. Tal como se verificou
no YSR Score total, as raparigas que se situaram no nível normativo dos problemas de
internalização, continuavam a demonstrar uma melhor e significativa relação com os adultos
e o grupo de pares na instituição.
No entanto, os problemas de externalização não apresentaram diferenças
significativamente estatísticas, com qualquer uma das dimensões da integração,
independentemente do género. Na dimensão Ligação à instituição também não foi possível
estabelecer qualquer tipo de relação com os problemas de comportamento.
Em suma, apesar de a literatura defender que a integração atua com um mediador dos
problemas de comportamento (Leathers, 2006), os resultados obtidos nesta investigação não
corroboram na totalidade o que é defendido em outros estudos. De facto, a única dimensão
que influenciou ambos os géneros, foi a relação com o grupo de pares na instituição. A
relação com os adultos revelou-se particularmente relevante para o sexo feminino. Porém,
os problemas de externalização neste estudo não demonstraram uma relação significativa
com a integração na instituição. Assim, pode-se afirmar que esta hipótese foi apenas,
parcialmente confirmada pelos resultados.
41
H4. O consumo de drogas, o historial de acolhimento e a integração na instituição
são preditores dos problemas de comportamento.
Os três modelos finais encontrados são compostos por variáveis preditoras com β
estatisticamente significativos.
No modelo preditivo dos problemas de comportamento (YSR score total), verificou-
se que a nossa hipótese se confirmou parcialmente. As consultas de pedopsiquiatria
revelaram ser o mais forte preditor (β=.282). Nas drogas, o consumo atual de tabaco (β=.179)
foi a que mais se destacou. Em sentido negativo, a relação com o grupo de pares na
instituição (β=-.255) e o tempo na instituição (β=-.141) foram os que se salientaram. No
total, este modelo consegue explicar uma variância de 23.8% dos problemas de
comportamento (YSR score total) para a amostra em estudo.
No modelo relativo aos problemas de externalização, dois consumos de drogas se
destacam enquanto preditores: tabaco nos últimos 30 dias (β=.230) e haxixe nos últimos 12
meses (β=.211). As consultas de pedopsiquiatria são o mais forte preditor (β=.299) e em
sentido negativo, volta a surgir a relação com o grupo de pares (β=-.171). No global, este
modelo explica uma variância de 33.6%.
No que diz respeito aos problemas de internalização, o modelo encontrado demonstra
que o mais forte preditor é a relação com os pares, tendo um sentido inverso (β=-.275).
Também o tempo na instituição é um preditor com um beta negativo (β=-.185). As consultas
de pedopsiquiatria são também um preditor estatisticamente significativo, embora com
menos magnitude (β=.180).
Da revisão literária, os resultados parecem corroborar o que é defendido por vários
autores. A pedopsiquiatria surge como preditora nos três modelos, tal como verificou Leslie
et al., (2011) em que as pontuações elevadas no YSR eram preditores da prescrição de
medicação psicotrópica. Tendo em conta que na nossa amostra, 73 jovens (39.5%)
afirmaram ter tomado medicação prescrita por um pedopsiquiatra, não é surpreendente que
estas variáveis estejam intimamente ligadas. Por outro lado, a existência de problemas de
comportamento conduz a uma maior necessidade de se recorrer a um apoio médico
especializado.
Apesar de na literatura, a integração ser representada como um fator de proteção
relativamente aos problemas de comportamento, no nosso estudo, apenas a dimensão da
relação com os pares na instituição, demonstrou possuir uma relação negativa e significativa,
contribuindo para a diminuição dos problemas de comportamento. Os jovens que apresentam
42
mais problemas de comportamentos disruptivos (externalização) ou de isolamento e
sentimentos de solidão (internalização) manifestam, frequentemente, dificuldades em
estabelecer relações com os pares, sentindo-se desintegrados do grupo (Jurich, 2008; Siyez,
2008; Twenge & Campbell, 2001).
No que diz respeito aos consumos de drogas, estas revelaram-se especialmente
importantes na predição dos problemas de externalização. De uma forma geral, o consumo
de tabaco aparece fortemente associado aos problemas de comportamento em geral. No
entanto, o tabaco aparece associado significativamente com o consumo de haxixe, ambos
como fortes preditores dos problemas de externalização. Estes resultados corroboram outros
estudos (Rey et al., 2002). Em sentido contrário, nenhuma destas variáveis desempenhou um
papel na predição de problemas de internalização, o que está em linha com outros estudos
onde esta escala não apresentou resultados consistentes. Em suma, os problemas de
comportamento, nomeadamente, os de externalização estão fortemente associados ao
consumo de drogas (White et al, 2001).
O tempo da instituição é um preditor que apresenta uma menor contribuição, embora
com um sentido negativo e protetor nos problemas de comportamento geral e de
internalização. A mudança para uma instituição requer um tempo de adaptação às normas e
uma construção de relações positivas com elementos de referência. Cada mudança acarreta
um corte profundo com a rede de suporte social e pode contribuir para um agravamento dos
problemas emocionais e sentimentos de pertença. Segundo Stott (2012) os jovens que
permanecem mais tempo na mesma instituição têm mais probabilidade de encontrar
estabilidade no acolhimento, na escola, na rede social e na comunidade, sendo este um fator
de proteção contra problemas de comportamento.
43
Conclusões
44
de pares na instituição foi aquela que se destacou como o preditor mais significativo na
redução dos problemas de comportamento. Um aspeto importante, que está diretamente
ligado aos anteriores, é o tempo de acolhimento na instituição, que nos nossos modelos
também se revelou uma variável significativa. A estabilidade na instituição é o que
possibilita o desenvolvimento de relações afetivas e de uma rede de suporte social. De referir
que, apesar da forte fundamentação teórica, o número de acolhimentos em instituições
diferentes, não influenciou os resultados do nosso estudo.
O presente estudo empírico comporta algumas limitações e pontos fortes. Uma das
limitações relaciona-se com o facto das medidas de recolha dos dados basearem-se
unicamente numa fonte: os jovens. Deste modo, a representação das informações pode ser
enviesada pelas perceções dos adolescentes. Além disso, não foi avaliada a tipologia de maus
tratos associados a esta população, devido à sua complexidade, embora vários autores os
apontem como uma forte preditora dos problemas de comportamento. Sugere-se que em
futuros estudos, esta variável seja incluída e que se recorra a múltiplas fontes de informação
(e.g. pais, cuidadores, professores).
Um ponto forte do nosso estudo foi a utilização de um instrumento muito validado e
aferido recentemente à população portuguesa (YSR), em conjunto com outro instrumento
internacional, passível de ser comparado com a média europeia (ESPAD).
Em investigações futuras, seria relevante perceber se a relação com os pares poderá
ter um efeito mediador ou moderador nos problemas de comportamento. A medida de
integração concebida para este estudo poderá ser mais explorada e desenvolvida com o
intuito de se conhecer mais sobre o seu caracter multidimensional.
45
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56
Anexos
57
Prof. Doutor Jorge Negreiros
Mestrando Pedro Fadigas
FPCE - Universidade do Porto
Rua Alfredo Allen
4200-135 Porto
Nome da instituição
Morada
58
Protocolo de avaliação*
Fadigas, P. (2014)
(*Nesta versão para publicação o YSR foi excluído devido a direitos de autor)
Assegura-te que lês com muita atenção cada uma das questões e que respondes sempre o
mais honestamente possível, ou seja, com base naquilo que fazes, pensas ou sentes. Este
questionário não é um teste, pelo que não existem respostas certas ou erradas.
Na maioria das questões deves assinalar com um X a resposta adequada. No caso de não
encontrares a resposta que corresponde exactamente ao teu caso, assinala a alternativa
que mais se aproxima.
Idade: _________
59
Historial do acolhimento
2. Que idade tinhas quando vieste para uma instituição pela primeira vez? ________________________
6. Participas nas atividades da instituição (ex. tarefas, jogos, conviver com os outros)?
Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre
60
13. Gostavas de ficar nesta instituição por muito tempo?
Não Gostava pouco Indiferente Gostava Gostava muito
14. Quando saíres desta instituição, vais sentir falta dos técnicos?
Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre
15. Quando saíres desta instituição, vais sentir falta dos(as) monitores(as) e outros funcionários?
Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre
16. Quando saíres desta instituição, vais sentir falta dos(as) outros(as) jovens?
Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre
18. Sentes-te bem quando estás com os(as) monitores(as) e outros funcionários?
Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre
24. Nos últimos 6 meses, tomaste medicação receitada por algum médico psiquiatra ou pedopsiquiatra?
Sim □ Não □
61
Consumo de tabaco
6. Nos últimos 30 dias, quantas vezes tomaste alguma das seguintes bebidas alcoólicas?
0 1 ou 2 3a5 6a9 10 a 19 20 a 39 40 ou +
Cerveja
Vinho
Bebidas brancas (ex. shots,
whisky, vodka, coktails, etc)
62
8. Quantas vezes já apanhaste uma bebedeira?
0 1 ou 2 3a5 6a9 10 a 19 20 a 39 40 ou +
Em toda a tua vida
Nos últimos 12 meses
Nos últimos 30 dias
9. Nos últimos 30 dias, alguma vez tomaste 5 ou mais bebidas alcoólicas seguidas (ex. cervejas, finos,
63
14. Com que idade começaste a fazer as seguintes coisas?
Nunca 11 ou 12 13 14 15 16 17 ou
menos +
Beber cerveja (pelo menos um copo)
Beber vinho (pelo menos um copo)
Beber bebidas brancas (pelo menos um
copo)
Fumar cigarros diariamente
Experimentar estimulantes/anfetaminas
Experimentar tranquilizantes ou sedativos
Experimentar marijuana, “charros” ou
haxixe
Experimentar LSD ou outros
alucinogéneos
Experimentar crack
Experimentar cocaína
Experimentar relevim
Experimentar heroína
Experimentar ecstasy
Cheirar colas, solventes para ficar
pedrado
Experimentar drogas das smartshops
(sais, incensos e/ou fertilizantes)
15. Quantos amigos teus achas que… (assinala uma cruz em cada linha)
Nenhum Poucos Alguns A maioria Não sei
Fumam cigarros
Bebem bebidas alcoólicas
Usam drogas
17. Se quisesses comprar cada uma das seguintes substâncias, com que grau de facilidade pensas que
o poderias fazer nos quatro locais que a seguir de indicam?
Sei de várias pessoas Sei que se vende, mas Não sei se se vende Tenho a certeza que não
que vendem não sei quem vende se vende
Na instituição/centro de acolhimento
Haxixe
Ecstasy
Cocaína
Heroína
No teu bairro/zona onde a tua família vive
Haxixe
Ecstasy
Cocaína
Heroína
Na tua escola ou à porta da escola
Haxixe
Ecstasy
Cocaína
Heroína
Na rua, bares, “bailes”, festas e/ou discotecas que frequentas
Haxixe
Ecstasy
Cocaína
Heroína
64
Outros dados
18. Frequentas a escola? Sim □ Não □ (Se respondeste não, há quanto tempo não vais à escola?)
Menos de 1a5 6 a 11 1a2 Mais de 2
1 mês meses meses anos anos
19. Se frequentas a escola, estás em que ano ou 20. Se já não estudas, trabalhas
curso? atualmente?
1º Ciclo do Ensino Básico (1º ao 4º ano) Sim
2º Ciclo do Ensino Básico (5º ao 6º ano) Não
3º Ciclo do Ensino Básico (7º ao 9º ano)
Curso de Educação e Formação (CEF)
Curso Vocacional (6º ano ou 9º ano)
Ensino Secundário (10º ao 12º ano)
Curso Profissional (equivalência ao 12º ano)
Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF)
Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA)
Outro:
Mãe
Muito mal Mal Nem bem nem mal Bem Muito bem
24. Assinala nos quadrados correspondentes se algum membro da tua família tem ou já teve algum
destes problemas?
Toxicodependência
Pai Mãe Irmão / Irmã Tio / Tia Outro Quem?________________
Alcoolismo
Pai Mãe Irmão / Irmã Tio / Tia Outro Quem?________________
Depressão
Pai Mãe Irmão / Irmã Tio / Tia Outro Quem?________________
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