Literatura Portuguesa Moderna
Literatura Portuguesa Moderna
Literatura Portuguesa Moderna
A poesia trovadoresca medieval tem suas origens no modelo provincial, onde surgem
as primeiras manifestações, estendendo-se no norte da França, entre os truvres; na Alemanha
e na Itália. O surgimento corresponde entre os séculos XII e XIV, sendo no século XIII, o seu
esplendor no senário da Idade Média Central. Nascida como consequência do
desaparecimento do Império Romano do Ocidente e da invasão de tribos bárbaras germânicas
e a sociedade feudal.
Com a formação do Reino de Portugal, no século XII, quando se constitui um Estado
independente, a sociedade transformou-se de uma economia rural e auto-subsistência para
uma economia mercantil, fazendo surgir ao redores dos castelos vilas e povoados “burgueses”
levando ao fim a chamada “Idade das Trevas”.
Com esse progresso e com uma aristocracia militar- rural, a corte começa a se
estruturar sobre uma economia mercantil e monetária, consequência da conquista com as
cruzadas, inserção nas rotas comerciais desde o Báltico ao Mediterrâneo Oriental.
Contudo, apenas das grandes conquistas no desenvolvimento econômico, a nobreza
era sobre pujado pelo clero, no que diz respeito ao poder econômico e também pelo poder
internacional que a igreja tinha sobre o Estado de Portugal. Ou seja, o poder Real era limitado
pelos privilégios do clero, das casas senhorais e dos conselhos.
Sobre a cultura, em meados do século XIII, as produções de manuscritos era feito de
forma lenta nas oficinas de manuscritos dos conventos em Portugal, outro processo também
importante na produção dos manuscritos, era por via oral através dos jograis recitadores com
repertório musical, levando um importante papel aos pregadores eclesiásticos, que
estabelecem ligações entre o saber livresco ao povo .Fazendo a literatura oral e escrita torna-
se conhecida entre a grande massa burguesa, na tradução do latim, das grandes obras,
principalmente poemas e narrativas versificada. Isso porque a cultura literária e científica via
escrita era pouco disseminada restringindo-se apenas ao clero que possuía o sinômimo de
letrado e as escolas dessa época, que se tem notícias desta época, destinava-se para a
formação do novo clero.
No começo do século XII, desenvolveu na Europa um grande movimento das
universidades de Direito, de Teologia e de Filosofia Aristotélica, transbordando tais
conhecimentos no campo pedagógico da igreja, em Portugal esse movimento chega em 1290,
com a fundação do Studium Generale de Lisboa de D. Dinis, com cursos de gramática e
lógica, medicina, direito, comercio e civil.
Devido as grandes transformações de século XII, significou também, além das
mudanças com a economia, sociedade, a cultura também tomou um desenvolvimento; pois
junto se inicia o Renascimento e o movimento Renascença ganha força com as traduções das
obras aristotélicas, surgem as heresias. E outro avanço importante é a divulgação da leitura da
Bíblia aos leigos.
Todas essas transformações graduais fizeram surgir uma literatura portuguesa, porem
são produzidas nas regiões da península, como as cantigas de Santa Maria de Afonso X e só
vai se consolidar com o advento da dinastia de Avis e com os notáveis escritores portugueses,
como: Gil Vicente, Camões, Sá de Miranda, D. Francisco Manoel de Melo.
Os mais antigos textos literários portugueses foram escritos nos séculos XIII e XIV,
em cancioneiros, mas a literatura oral com efeitos, só se fixa por escrito na época tardia de sua
revolução. Ou seja, seria errado pensar que a poesia portuguesa nasceu com o cancioneiro,
pois os textos só foram tornar- se público tardiamente.
Sendo assim, conhece-se três cancioneiros ou coletâneas com autores diversos em
língua portuguesa galego-portuguesa. Os mais antigos são: os Cancioneiro da Ajuda, O Sábio,
em fins do século XIII e o Cancioneiro do Vaticano. O mais antigo dos trovadores conhecidos
como cancioneiros é João Soares de Paiva, nasceu cerca de 1140, e o trovador mais recente é
o mencionado conde de Baecelos, falecido em 1354.
O gênero dos cancioneiros distingue-se em três gêneros: as cantigas de amigo, as
cantigas de amor e as cantigas de escarnio e maldizer. A principal diferença entre as cantigas
de amigo e as cantigas de amor, é que na primeira supõe-se que quem fala é a mulher, quanto
que no segundo, o trovador fala em seu próprio nome. Quanto as cantigas de escarnio e
maldizer, trata-se de assuntos satíricos, em que o poeta exprime ironicamente, sugerindo uma
apreciação oposta ao que quer dizer.
As cantigas de amigo, se caracteriza pelo fato do trovador dar vida ao personagem
feminino, ao ponto de convencer quem estar lendo que realmente é uma donzela falando suas
dores, seus sofrimentos. Em várias cantigas de amigo, é apresentado um cenário de paisagem
de natureza, transformando-a em uma força interna, como: as águas da fonte e do rio, as ondas
do mar, as flores da primavera e verão, os cervos, a luz da alva, utilizando essa paisagem
como confidente de seus lamentos, suas dores, chorando a dor e abandono do amor que
abandonou e aguarda sua volta.
As cantigas de amigo possuem uma forma peculiar que tem como característica, o
paralelismo, formado por um par de estrofes, sendo que a segunda estrofe é composta pela
variante do verso A da primeira estrofe, mais a variante do verso B da primeira estrofe, mais a
repetição do refrão da primeira, salvo algumas exceções e assim sucessivamente, a partir do
segundo par; o que se repetirá em todo poema. Os exemplos dessas cantigas em língua
portuguesa, são: ”Sedia-m’ei na ermida de Sã Siméo”(Meindinho), “Levantou-ss’a veleda”(D.
Dinis). É comum classificar as cantigas de amigo, segundo seus temas em: bailadas, cantigas
de romarias, manhas ou barconeiras, cantigas de fonte, de cenas venalórias,de amiga e mãe,
amiga e amiga, de despedida, etc.
As cantigas de amor, foram escritas no galego-português, destacando-se como uma
poesia provençal, através de jograis relacionados com os carjos moçárabes divulgados nas
vilas e nas cortes, uma poesia folclórica. Os primeiros temas provençais eram o ideal do amor
cortês. Diferente do idílio nas margens dos rios ou na beira das fontes, agora , trata-se de uma
experiência sentimental a dois, porém sem correspondência, a dama como um objeto
inatingível, nunca pode chegar ao fim do desejo, como se o poeta movesse o amor ao amor,
com queixas ou graça.
Os trovadores imaginavam a dama como um suserano a quem servia em uma atitude
submissa da Vassalo e apaixonado passava por provações e fase comparáveis aos ritos de
iniciação nos graus da cavalaria.
As metáforas e comparações nos refrãos encontram-se na maioria das cantigas de
amor, assim como o paralelismo, com a lamento repetitivo, os jograis provençais tinham
origens folclóricas, difundindo a cultura por jograis galego português.
As cantigas de escarnio e maldizer encontram espaço nos cancioneiros de Vatinana e
da Biblioteca Nacional de Lisboa. Destaca-se como assunto os aspectos da vida da corte,
criticando a sociedade boêmia, com personagens que revelam os vícios mais internos da corte,
usando uma linguagem com termos considerados obscenos.
Foram poucos os poetas que cultivavam a sátira como gênero, visando temas morais
ou sociais, entre eles destacam-se: Martin Masca, que apresentava uma visão pessimista,
apocalíptica do mundo e Aires Nunes, que batia de porta em porta procurando uma Verdade
que não existia.
Referências
MONGELLI, Lênia Márcia. Fremosos Cantares, Antologia da Lírica Medieval Galego-
Portuguesa, São Paulo: editora WMF Martins Fontes,2009,522p.
SARAIVA, Antônio José, LOPES, Oscar. História da Literatura Portuguesa, Cap II A Poesia
dos Cancioneiros, 15ª edição, Porto Editora, 1989.
LAPA, M. Rodrigues. Lições de Literatura Portuguesa Época medieval, 3ª edição, Coimbra
Editora Limitada, 1952.