Ante-Projecto de Tese de Doutoramento-Castigo Januario Chicava

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Universidade Aberta

Urbanização e Sustentabilidade Urbana em Moçambique: Uma


Análise Sobre a Postura Urbana da Cidade da Beira

Castigo Januário Chicava

Ante-projecto de Tese de Doutoramento em Sustentabilidade Social e


Desenvolvimento

2016
Universidade Aberta

Urbanização e Sustentabilidade Urbana em Moçambique: Uma


Análise Sobre a Postura Urbana da Cidade da Beira

Castigo Januário Chicava

Ante-projecto de Tese de Doutoramento em Sustentabilidade Social e


Desenvolvimento

Ante-projecto de Tese de Doutoramento orientado pelo


Professor Doutor Carlos Pardo

2016

2
ÍNDICE
Lista de Abreviatura, Siglas e Acrónimos ..................................................................................... 1
RESUMO ..................................................................................................................................... 2
ABSTRACT ................................................................................................................................... 3
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4
1.1. Objectivos Do Trabalho .............................................................................................................................5
1.2. problematização (definição do problema) .........................................................................................6
1.3. Delimitação .....................................................................................................................................................8
1.4. Justificativa .....................................................................................................................................................8
1.5. Questões de Pesquisa ................................................................................................................................9
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 10
2.1. Urbanismo ................................................................................................................................................... 10
2.2. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável ....................................................................... 14
2.3. Raízes da Urbanização Moçambicana ............................................................................................... 20
CAPÍTULO III: METODOLOGIA .................................................................................................... 24
3.1. Teorias de Suporte para o Desenho da Investigação .................................................................. 24
3.2. Conceitos-chave ........................................................................................................................................ 26
3.3. Participantes do Estudo (Amostra) .................................................................................................... 26
3.3. Técnicas/Estratégias de Recolha de Dados ..................................................................................... 27
3.4. Técnicas de Análise de Dados .............................................................................................................. 29
3.5. Validação dos Resultados ...................................................................................................................... 30
CAPÍTULO IV: ESTRATÉGIA DE APRESENTAÇÃO DE DADOS ........................................................ 31
4.1. Cronograma do Projecto ........................................................................................................................ 31
2. Índice Provisório ............................................................................................................................................ 32
Bibliografia ................................................................................................................................ 34

3
LISTA DE ABREVIATURA, SIGLAS E ACRÓNIMOS

INE – Instituto Nacional de Estatística

1
RESUMO
A intensificação do processo de urbanização nos municípios moçambicanos produz profundas
transformações no meio ambiente urbano que atingem, principalmente, os sectores político-
económico, sociocultural e espacial. Sendo assim, a busca pela sustentabilidade urbana tem-se
constituído num dos maiores desafios da actualidade. Tal busca está associada ao
desenvolvimento e às políticas urbanas, pois uma parcela significativa da população mora nas
cidades. Portanto, faz-se necessário planeá-las para que se tornem lugares seguros e agradáveis
de viver. Este trabalho tem como objectivo principal discutir o papel do planeamento urbano
para a sustentabilidade urbana e as consequências do crescimento desordenado das cidades e
o impacto que elas têm no meio ambiente. A metodologia utilizada para a concretização do
referido trabalho será a pesquisa qualitativa-exploratória. Como estratégias/técnicas de recolha
de dados será usado o estudo de caso, a observação participante e a observação individual,
entrevistas, pesquisa documental e análise de conteúdo. Serão realizadas leitura de livros,
artigos científicos, relatórios e documentos oficiais para dar suporte ao tema abordado. Diante
dos dados obtidos, serão tiradas as conclusões e feitas as respectivas recomendações acerca do
problema do objecto de estudo.

Palavras-chave: Urbanização. Planeamento urbano. Postura Urbana. Sustentabilidade Urbana.


Crescimento Desordenado.

2
ABSTRACT
The intensification of the urbanization process in Mozambican municipalities produce profound
changes in the urban environment, which affect mainly the political and economic sectors,
socio-cultural and special. Therefore, the search for urban sustainability has constituted to be
one of the greatest challenges of our time. This searching is associated with the development
and urban policies because a significant portion of the population lives in cities. Therefore, it is
necessary to plan for them to become safe and pleasant places to live. This research work aims
to discuss the role of urban planning for urban sustainability and the consequences of
uncontrolled growth of cities and the impact they have on the environment. The methodology
used for the completion of this work will be the qualitative exploratory research. The
strategies/techniques of data collection that will be used are: the case study, participant
observation and individual observation, interviews, documentary research and content analysis.
The literature review will be included books, scientific articles, reports and official documents
to support the topic discussed. On the obtained data, they will be drawn conclusions and made
its recommendations on the subject of the study problem.

Keywords: Urbanization. Urban Planning. Urban Posture. Urban Sustainability. Disorderly


Growth.

3
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
De acordo com as Nações Unidas, Moçambique tem (em 2007) uma das mais elevadas
proporções de população urbana na África Oriental, cifrada em 36% (UNFAPA 2007) e que se
prevê que cresça para 60% até 2030 (UN 2006, apud Banco Mundial, 2009). De acordo com esta
projecção, poderá haver até 17 milhões de pessoas nas áreas urbanas de Moçambique em
2030. Para 2007 o crescimento médio anual da população foi de 2,5%, enquanto o crescimento
da população urbana foi de 3,0% ao ano e a população municipal cresceu 2,8% ao ano. As taxas
de crescimento, tanto urbana como municipal foram superiores às taxas nacional e rural (2,3%).
Isto significa que, nos últimos dez anos, as populações, urbana e municipal, tiveram um
crescimento absoluto de 1,6 e 1,3 milhões de pessoas, respectivamente (Banco Mundial,
2009:12).

A construção do espaço urbano e o surgimento das cidades representam um significativo


aumento nos impactos das acções dos homens sobre os recursos naturais, uma vez que as
estruturas urbanas devem absorver as novas demandas da população crescente, adaptando-se
às transformações da sociedade em suas actividades de produção e consumo,
comportamentos, modos de vida, tipos de relações, entre outros (Martins e Cândido, 2013).

De acordo com Jordão Filho e Oliveira (2013), a ocupação desordenada do espaço urbano vem
crescendo constantemente, desencadeando um círculo vicioso, que envolve muitos factores
tais como o crescimento urbano desordenado, o acúmulo de resíduos urbanos, aumento da
densidade populacional, exclusão social e territorial, violência, fome, poluição, falta de
saneamento, além de problemas económicos, sociais e políticos.

Com o aumento constante da população na área urbana, faz-se necessário que sejam tomadas
medidas de prevenção em relação ao meio ambiente, pois, junto com o crescimento
populacional, ocorre também o aumento da poluição. Devido aos diversos problemas
ambientais verificados nas cidades, a sustentabilidade urbana tem sido um dos maiores
desafios da actualidade, sendo tal noção associada ao desenvolvimento de políticas urbanas. A

4
sustentabilidade urbana, portanto, surge como uma solução para o alcance da qualidade por
meio de mudanças de valores e atitudes (Jordão Filho e Oliveira, 2013).

Portes afirma que:


O ambiente natural tem sido modelado ao longo da evolução do homem e sua consequente antropização
do espaço. A harmonia do homem com a natureza foi rompida devido ao crescimento desordenado e sem
planeamento, posteriormente agravada do mercado imobiliário e as consequências da densificação e
expansão urbana, e isto gerou a desqualificação de certos espaços urbanos, bem como o
comprometimento do meio natural. O modelo social capitalista é um dos fatores que tem perpetuado
esta situação, pois este passou a usar a natureza de maneira predatória, comprometendo os recursos
naturais e gerando estruturas e resíduos que podem vir a colocar em risco à sobrevivência equilibrada do
ser humano, e sua existência.
(Portes, 2013:18)

A sustentabilidade urbana surge como forma de desenvolver esses espaços respeitando o


ambiente natural, bem como, todas as formas de relação que se estabelece nesse processo
evolutivo, na busca pelo equilíbrio para atender aos diversos interesses, onde a cidade passa a
ser vista como um lugar que pode ser construído em bases sustentáveis ou transformado para
uma realidade melhor.

1.1. OBJECTIVOS DO TRABALHO


1.1.1. Objectivo Principal
 Analisar o papel do planeamento urbano para a sustentabilidade como uma ferramenta
para o desenvolvimento sustentável.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Identificar acções que podem contribuir para a (in)sustentabilidade urbana;
 Identificar que impactos da urbanização na postura urbana e as consequências destas
ao meio ambiente;
 Descrever as principais características decorrentes do processo de urbanização na
cidade da Beira e a sua relação com o desenvolvimento urbano;
 Avaliar até que ponto o crescimento desordenado do espaço urbano pode constituir
problema a (in)sustentabilidade;

5
 Compreender se existe e de que forma é feita a articulação entre o planeamento urbano
e a sustentabilidade.

1.2. PROBLEMATIZAÇÃO (DEFINIÇÃO DO PROBLEMA)


De acordo com as Nações Unidas, Moçambique tem (em 2007) uma das mais elevadas
proporções de população urbana na África Oriental, cifrada em 36% (UNFAPA 2007) e que se
prevê que cresça para 60% até 2030 (UN 2006, apud Banco Mundial, 2009). De acordo com esta
projecção, poderá haver até 17 milhões de pessoas nas áreas urbanas de Moçambique em
2030. Para 2007 o crescimento médio anual da população foi de 2,5%, enquanto o crescimento
da população urbana foi de 3,0% ao ano e a população municipal cresceu 2,8% ao ano. As taxas
de crescimento, tanto urbana como municipal foram superiores às taxas nacional e rural (2,3%).
Isto significa que, nos últimos dez anos, as populações, urbana e municipal, tiveram um
crescimento absoluto de 1,6 e 1,3 milhões de pessoas, respectivamente (Banco Mundial,
2009:12).

Beira, capital da província de Sofala, tem o estatuto de cidade desde 20 de Agosto de 1907 e,
do ponto de vista administrativo, é um município com um governo local eleito. Sendo a
segunda maior cidade de Moçambique, conta com uma população de cerca de 431.583
habitantes.

De acordo com Jordão Filho e Oliveira (2013), a ocupação desordenada do espaço urbano vem
crescendo constantemente, desencadeando um círculo vicioso, que envolve muitos factores
tais como o crescimento urbano desordenado, o acúmulo de resíduos urbanos, aumento da
densidade populacional, exclusão social e territorial, violência, fome, poluição, falta de
saneamento, além de problemas económicos, sociais e políticos.

Com o aumento constante da população na área urbana, faz-se necessário que sejam tomadas
medidas de prevenção em relação ao meio ambiente, pois, junto com o crescimento
populacional, ocorre também o aumento da poluição. Devido aos diversos problemas

6
ambientais verificados nas cidades, a sustentabilidade urbana tem sido um dos maiores
desafios da actualidade, sendo tal noção associada ao desenvolvimento de políticas urbanas. A
sustentabilidade urbana, portanto, surge como uma solução para o alcance da qualidade por
meio de mudanças de valores e atitudes (Jordão Filho e Oliveira, 2013).

A cidade cresce em dois sentidos: vertical e horizontal. Vêem-se um pouco por todo o lado
obras de construção de edifícios modernos, mantendo a linha arquitectónica de uma urbe
construída no século XIX. Por outro lado, enquanto despontam vivendas nas novas zonas
residenciais de uma elite emergente, alguns edifícios vão-se degradando e ganhando um
aspecto abandonado. Mas o grande problema reside nos bairros suburbanos 1.

Na verdade, os bairros desordenados continuam a ser um desafio complexo para a edilidade


que afirma que as zonas residenciais como Munhava Central e Matope, Vaz e uma parte de
Inhamizua, precisam de ser requalificadas. Nesses e noutros locais, assiste-se à construção de
moradias em zonas baixas, dificultando a fiscalização por parte do Conselho Municipal.

Quando há urbanização sem planeamento urbano, os problemas sociais se multiplicam nas


cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio
ambiente e desenvolvimento de sub-habitações.

Dada esta situação, coloca-se a seguinte questão:


 Até que ponto ou como o planeamento pode contribuir para uma boa postura urbana
da Cidade da Beira ajudar na sustentabilidade urbana?

1
http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/38638-um-municipio-independente

7
1.3. DELIMITAÇÃO
Quanto a delimitação contextual trabalho enquadra-se no módulo de Espaço e Sustentabilidade
do meio urbano, nos países em vias de desenvolvimento como é o caso de Moçambique. O
trabalho compreende os períodos de 2000 a 2015. A escolha deve-se ao facto de neste período
ter havido aumento, por decreto, da área das cidades, alterando seus limites administrativos,
com o argumento de que a cidade necessita de novas áreas de expansão.

1.4. JUSTIFICATIVA
O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental classifica as áreas urbanas tendo em
consideração a sustentabilidade de centros urbanos em termos de uso de solo urbano,
saneamento e ambiente, desenvolvimento de infraestruturas de transportes e comunicações, e
condições de alojamento. Esta classificação procura: (i) promover a sustentabilidade de áreas
urbanas; (ii) melhorar a gestão de terrenos urbanos entre as municipalidades e a administração
central; (iii) garantir um melhor planeamento para o desenvolvimento das cidades urbanas
(Banco Mundial, 2009).

Observou-se então nos últimos anos um crescimento surpreendentemente das cidades, em


tamanho, população e densidade, o que trouxe para ela a concentração dos problemas que
afligem a humanidade, desafiando a sociedade (Santos, s/d).

Pelo que se observa nos diferentes bairros das cidades da Beira, são evidentes algumas
características comuns que podem sugerir uma certa tendência de caracterização urbana.

Um dos aspectos importantes da pesquisa deve-se ao facto de nunca ter havido um estudo
semelhante no país. A pesquisa trás a visão de vários pesquisadores, que vão tratar de alguns
instrumentos de planeamento e sustentabilidade urbana para resolver tanto os problemas
vivenciados dentro das cidades quanto os problemas causados por cidades, reconhecendo que
as próprias cidades têm potencial para encontrar soluções e também constituirá um estudo
indispensável para quem trabalha com políticas públicas de planeamento urbano, base para

8
assegurar o que determina o Estatuto da Cidade, que é o direito subjectivo de todo cidadão a
uma cidade sustentável.

1.5. QUESTÕES DE PESQUISA


 Que acções podem contribuir para a (in)sustentabilidade urbana?
 Que impactos a urbanização pode ter na postura urbana e quais são as consequências
destas ao meio ambiente?
 Quais são as principais características decorrentes do processo de urbanização na
cidade da Beira e que relação estas têm com o desenvolvimento urbano?
 Como o crescimento desordenado do espaço urbano pode constituir problema a
(in)sustentabilidade?
 De que forma é feita a articulação entre o planeamento urbano e a sustentabilidade?

9
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. URBANISMO

Para Santos (s/d):


O Urbanismo é um campo do conhecimento, ora considerado como ciência ora como técnica, que tem a
cidade como principal objecto de estudo e intervenção. Surge como campo do conhecimento, no final do
século XIX, na Europa, período pós-revolução industrial, em busca de transformações necessárias à
realidade caótica das cidades. No entanto uma maior maturidade teórica só foi alcançada no século XX.
Observa-se hoje que ainda conserva-se um conceito tradicional sobre o mesmo, como preso a aspectos
estético-funcionais. Porém o Urbanismo ultrapassou largamente esta visão, não se limitando a uma
simples técnica do engenheiro ou do arquitecto para intervir no espaço urbano, pois abrange o campo da
comunidade, da planificação social.
(Santos, s/d., 2)

Segundo Portes (2013), o urbanismo actual das cidades é considerado disperso e gera
problemas ambientais, face ao espalhamento da malha urbana sobre a paisagem natural,
eliminado florestas, se apropriando dos recursos naturais, aumentando a demanda por
consumo e energia, produzindo resíduos em excesso como resultados do modelo de consumo.

Portes afirma que:


A dispersão urbana exige intenso uso de veículos para transporte de mercadorias e pessoas (em âmbito
local, urbano, regional, nacional e internacional) que acarretam a poluição do ar através da emissão de
gases provenientes de combustíveis fósseis nos diversos meios e redes de transporte, bem como da
impermeabilização do solo decorrentes da pavimentação excessiva, que além de exercer sérios danos ao
ciclo hidrológico, proporciona enchentes face à deficitária infra-estrutura urbana, bem como impacta o
clima urbano de forma considerável.
(Portes, 2013:23)

Professor Bernardo Secchi (2005), por exemplo, ainda que numa postura relativista, evidencia
no seu conceito de Urbanismo, a existência ou a busca de transformações físicas:
Portanto, por Urbanismo entendo não tanto um conjunto de obras, de projectos, de teorias ou normas
associadas a um tema, a uma linguagem e a uma organização discursiva; muito menos o entendo como
um determinado sector do ensino, mas ao contrário como um testemunho de um vasto conjunto de
práticas, quais sejam as da contínua e consciente modificação do estado do território e da cidade.

10
Urbanismo não apenas desenha a cidade que se quer, mas também determina como essa deve
ser obtida e usada, ou seja, acreditando na utopia de poder formatar a sociedade que aí habita.

2.1.1. Urbanização
Para Maniçoba (2006:75), “a definição mais comummente ligada ao termo urbanização refere-
se a esta como sendo o crescimento de números de cidades e o aumento da população
urbana”. Souza (1996:5 apud Maniçoba, 2006:75) confirma esta afirmação “segundo a qual a
urbanização, considerada em seu sentido quantitativo, é o aumento do percentual da
população vivendo em espaços urbanos, bem como o crescimento destes”.

Becker (1991:52 apud Maniçoba, 2006:76) “refere-se à urbanização como estratégia do Estado
para a ocupação de um dado território. Segundo esta autora, a relevância da urbanização como
instrumento de ocupação está ligada a três papeis fundamentais exercidos pelos núcleos
urbanos: a atracção dos fluxos migratórios, a organização do mercado de trabalho e controlo
social, o que atribui a urbanização um novo significado”.

A noção de urbanização abrange quer o fenómeno demográfico em si (concentração


populacional em espaços urbanos), quer o processo de reabilitação/requalificação em cidades
como resultado de alterações no modo de vida da população 2.

Castells (1983:39 apud Maniçoba, 2006:76), em sua análise sobre o fenómeno urbano, destaca
que, das inúmeras definições dadas pelos sociólogos para o termo urbanização, é possível
distinguir dois sentidos distintos: 1) concentração espacial de uma população, a partir de certos
limites de dimensão e de densidade; 2) difusão do sistema de valores, atitudes e
comportamentos denominados cultura urbana.

Segundo Sposito (s/d), entender a cidade de hoje, apreender quais processos dão conformação
à complexidade de sua organização e explicam a extensão da urbanização neste século, exige

2 http://conceito.de/urbanizacao

11
uma volta às suas origens e a tentativa de reconstruir, ainda que de forma sintética, a sua
trajectória.

A urbanização está associada ao processo de industrialização que trouxe população das áreas
rurais para o centro das cidades. Esse processo traduz-se espacialmente por uma concentração
da população e das actividades nos centros das cidades. No sentido social e demográfico,
significa a transferência de populações destas para as primeiras, e deslocamento de
contingentes do pequeno ou médio para o grande urbano, com a incorporação rápida de
modos de vida nas urbes por áreas dispersas (Costa, 2010).

Para Gaspar (s/d,:285), “urbanizar implica ainda o acesso a um mínimo de infra-estruturas –


vias, abastecimento de águas, esgotos, energia – e de serviços, que constituirão os requisitos
básicos que permitem identificar o fenómeno em diferentes latitudes e distintos níveis de
desenvolvimento económico e tecnológico”.

O conceito de urbanização abriga, no sentido físico, a conotação de ocupação do solo, ao se


tornar urbano ou deste urbano se tornar mais denso, e de sua extensão por áreas urbanas, de
expansão urbana e rural. Há diferentes formas de urbanização e de dispersão do tecido urbano,
além de diferentes formas de caracterizar este processo.

Para Costa e Silva (2012):


A urbanização resulta fundamentalmente da transferência de pessoas do meio rural (campo) para o meio
urbano (cidade). Assim, a ideia de urbanização está intimamente associada à concentração de muitas
pessoas em um espaço restrito (a cidade) e na substituição das actividades primárias (agropecuária) por
actividades secundárias (indústrias) e terciárias (serviços).
(Costa e Silva, 2012:21)
Silva e Macêdo, afirmam que:
É preciso entender que a urbanização não consiste apenas no crescimento das cidades. Para que ela
ocorra é necessário um conjunto de mudanças que irão se expressar tanto na paisagem urbana da cidade
como no comportamento e estilo de vida das pessoas. Primeiro é necessário que a população urbana
cresça mais que a população do campo, ou seja, que a população urbana aumente em relação à
população total do país ou da região. Pode ocorrer inclusive o crescimento da cidade sem haver
necessariamente urbanização, desde que a população rural cresça na mesma proporção que a população
urbana. Na realidade, o crescimento das cidades não tem limites, pois a cidade pode expandir-se

12
indefinidamente. A urbanização, no entanto, tem limites. Nos países em que a população urbana
ultrapassa 95% do total, podemos, dizer, que esses países já os atingiram.
(Silva e Macêdo , 2009:3)

Ainda segundo os mesmos autores, “outro aspecto importantíssimo é que a urbanização é


sobretudo um aspecto espacial. Esse processo é resultante de modificações sociais e
económicas substanciais que estão na base do desenvolvimento do próprio capitalismo” (Silva e
Macêdo, 2009:3).

O rápido processo de urbanização traz consigo problemas urbanos devido ao crescimento


desordenado das cidades. A falta de planeamento tem como consequência problemas de
ordem ambiental e social. O inchaço populacional, provocado pelo acúmulo de pessoas e a falta
de uma infraestrutura adequada gera transtornos para a população urbana que, devido ao
crescimento desordenado, acaba ocupando locais inadequados para moradia (Jordão Filho e
Oliveira, 2013).

De acordo com Garcia (2012 apud Jordão Filho e Oliveira, 2013:58), “as consequências da
urbanização que podem ser citadas são a moradia, o desemprego, o transporte, a violência e a
poluição do ar”.

2.1.2. Planeamento Urbano


Segundo Jordão Filho e Oliveira (2013:55), o planeamento urbano é um processo no qual são
criados programas que buscam melhorar aspectos relacionados à qualidade de vida da
população, dentro de uma dada área urbana ou de uma nova área urbana em uma dada região.
O objectivo é o de proporcionar aos habitantes uma vida mais digna.

O conceito de planeamento urbano sempre esteve relacionado a outros termos, como,


desenho urbano, urbanismo e gestão urbana. “Todos esses vocábulos, apesar de serem
distintos, têm algo em comum: o seu objecto de estudo é a cidade, considerada tanto em

13
relação a suas características físicas quanto sociais, culturais e económicas” (Duarte, 2007:24
apud Jordão Filho e Oliveira, 2013:55).

Considerando que as mudanças concretas na cidade podem alterar as relações económicas,


sociais e culturais, compete ao planeamento urbano prever essas modificações na organização
espacial da cidade. Por meio do planeamento urbano são tomadas medidas para o alcance dos
objectivos almejados, tendo em vista os recursos disponíveis e os factores externos que podem
influir nesse processo (Jordão Filho e Oliveira, 2013).

O planeamento urbano reconhece e localiza as tendências ou as propensões naturais (locais ou


regionais) para o desenvolvimento. Além de estabelecer regras de ocupação do solo, define as
principais estratégias e políticas do município, explicitando as restrições, as proibições e as
limitações que deverão ser observadas, de forma a manter e aumentar a qualidade de vida de
seus munícipes.

2.2. SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Para o proposto trabalho, inicialmente buscou-se a compreensão do conceito de
sustentabilidade e como alguns autores apropriam-se deste termo sob os diversos olhares
baseados na literatura. Nessa linha de pensamento separou-se por dimensões, pois o tema a
ser tratado perpassa pelo enfoque ambiental, social, político, económico.

Ao se definir desenvolvimento sustentável também está se discutindo o que é sustentabilidade.

Para alguns autores como Clovis Cavalcanti sustentabilidade “significa a possibilidade de se


obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e
seus sucessores em dado ecossistema” (Cavalcanti, 2003).

Para o autor, as discussões actuais sobre o significado do termo “desenvolvimento sustentável”


mostram que se está aceitando a ideia de colocar um limite para o progresso material e para o

14
consumo, antes visto como ilimitado, criticando a ideia de crescimento constante sem
preocupação com o futuro.

Para Henri Acselrad, as seguintes questões discursivas têm sido associadas à noção de
sustentabilidade:
 da eficiência, antagónica ao desperdício da base material do desenvolvimento, com
reflexos da racionalidade económica sobre o “espaço não-mercantil planetário”;
 da escala, determinante de limites quantitativos para o crescimento económico e suas
respectivas pressões sobre os recursos ambientais;
 da equidade, articuladora analítica entre princípios de justiça e ecologia;
 da auto-suficiência, desvinculadora de economias nacionais e sociedades tradicionais
dos fluxos de mercado mundial, como estratégia apropriada para a capacidade de auto-
regulação comunitária das condições de reprodução da base material do
desenvolvimento;
 da ética, evidenciadora das interacções da base material do desenvolvimento com as
condições de continuidade da vida do planeta.
(Acselrad, 2001).

A sustentabilidade não é um objectivo a ser alcançado, não é uma situação estanque, mas sim
um processo, um caminho a ser seguido. Advém daí que a expressão mais correcta a ser
utilizada é um projecto “mais” sustentável. Todo o trabalho nesta área é feito a partir de
intenções que são renovadas contínua e progressivamente.

2.2.1. Sustentabilidade Urbana


A associação da noção de sustentabilidade ao debate sobre desenvolvimento das cidades tem
origem nas rearticulações políticas pelas quais um certo número de actores envolvidos na
produção do espaço urbano procura dar legitimidade a suas perspectivas, evidenciando a
compatibilidade delas com os propósitos de dar durabilidade ao desenvolvimento, de acordo

15
com os princípios da Agenda 21, resultante da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento e
Meio Ambiente (Acselrad, 1999:81).

A sustentabilidade urbana “possui sua ênfase nas esferas social e de comunidade, já que os
principais problemas urbanos têm sua origem nas relações humanas. Por outro lado, a
expansão urbana nega os limites naturais impostos aos recursos finitos do planeta, colocando
em conflito o sistema económico vigente que promulga o desenvolvimento ilimitado do capital”
(Portes, 2013:23).

A sustentabilidade urbana é definida por Henri Acselrad como a capacidade das políticas
urbanas se adaptarem à oferta de serviços, à qualidade e à quantidade das demandas sociais,
buscando o equilíbrio entre as demandas de serviços urbanos e investimentos em estrutura
(Acselrad, 2001). No entanto, também é imprescindível para a sustentabilidade urbana o uso
racional dos recursos naturais, a boa forma do ambiente urbano baseado na interacção com o
clima e os recursos naturais, além das respostas às necessidades urbanas com o mínimo de
transferência de dejectos e rejeitos para outros ecossistemas actuais e futuros.

Neste sentido, também é fundamental para a sustentabilidade urbana o uso racional dos
recursos naturais, a boa forma do ambiente urbano baseada na interacção com o clima e os
recursos naturais, a partir de respostas às necessidades urbanas com o mínimo de transferência
de dejectos e rejeitos para outros ecossistemas actuais e futuros. Assim, o equilíbrio entre
inputs e outputs no sistema urbano, pode ser subsidiado pelo uso racional de energia, a partir
do aproveitamento dos recursos naturais de climatização, base conceitual da bioclimatologia
arquitectónica e urbana (Barbirato, Barbosa e Torres, s/d).

Porém, é preciso entender, como destaca Canepa (2007 apud Barbirato, Barbosa e Torres, s/d),
que “o desenvolvimento sustentável caracteriza-se não como um estado fixo de harmonia, mas
sim como um processo de mudanças, no qual se compatibiliza a exploração de recursos, o

16
gerenciamento de investimento tecnológico e as mudanças institucionais com o presente e o
futuro.”

Acserald (2001), apresentou três matrizes discursivas que enfatiza as diferentes representações
de cidade, resultando em propostas de acções para a questão ambiental urbana. Essas matrizes
são:
1-) Representação técnico-material da cidade
1.1. Modelo da racionalidade eco-energética: uma cidade em que para uma mesma oferta de
serviços, reduz o consumo de combustível fóssil e recursos naturais, explorando os recursos
locais e renováveis.
1.2. Modelo de metabolismo urbano: - fluxos e stocks de matéria e energia, circulação, troca e
transformação dos recursos em trânsito.

2-) A cidade como espaço da “qualidade de vida”


2.1. Modelo de ascetismo e de pureza: questionar as bases técnicas urbanas, pois o aumento
do tráfego ocasiona substâncias nocivas e tóxicas à saúde.
2.2. Modelo da cidadania: políticas urbanas, em estruturas que favorecem o diálogo e a
negociação entre os envolvidos.
2.3. Modelo do património: materialidade, carácter, identidade, valores e lembranças obtidos
ao longo da existência da cidade.

3-) A restauração da legitimidade das políticas urbanas


3.1. Modelo da eficiência: extensa autonomia energética e económica das localidades.
3.2. Modelo da equidade: desigualdade intertemporal e maior acesso aos serviços urbanos.

Essas três matrizes estão interligadas, pois, para se obter a racionalidade eco-energética é
preciso buscar uma maior eficiência no uso dos recursos naturais, equidade no acesso aos
serviços urbanos, incentivando o uso de meios de transporte menos poluentes, aproximando-

17
se do modelo da pureza. Para se obter uma cidade sustentável é necessário considerar essas
três matrizes agindo em conjunto (Sampaio, 2009).

A construção de cidades sustentáveis busca uma série de proposições de aplicações de boas


práticas, que consideram preocupação da situação ambiental local e do planeta nos tempos
presente, passado e futuro.

Roger-Machart, apud Sampaio (2009) afirma que uma cidade sustentável é a que preenche as
necessidades de seus actuais cidadãos, sem esgotar os recursos das futuras gerações de todo o
mundo por meio da gerência cuidadosa da demanda por recursos, maximização da
circularidade do uso dos recursos e maximização da eficiência do uso dos recursos.

Esse conceito se refere apenas à questão dos recursos naturais, propondo técnicas de reúso,
reciclagem, redução, aumentando a eficiência dos recursos naturais para não privar às gerações
futuras o acesso ao mesmo. A dificuldade que se tem é como tratar a sustentabilidade no meio
urbano, uma vez que a existência de grandes cidades, grandes aglomerações urbanas e seu
constante crescimento vão contra a proposição de uma cidade ambientalmente sustentável.
Observamos concentrações de actividades de negócios nas áreas centrais, recebendo
investimentos imobiliários e de infra-estrutura enquanto as periferias se tornam cada vez sem
recursos.

De acordo com Acselrad (2004 apud Sampaio, 2009) é possível encontrar na literatura dois
tipos de tratamento para questão da sustentabilidade urbana: “um tratamento normativo,
empenhado em delinear o perfil da “cidade sustentável” a partir de princípios do que se
entende por um urbanismo ambientalizado; e um tratamento analítico, que parte da
problematização das condições sociopolíticas em que emerge o discurso sobre sustentabilidade
aplicado às cidades.

18
Ambos tratam da busca de um ambiente mais sustentável para ser aplicado nas cidades,
partindo de argumentos diferentes para enunciar essa justificativa. Uma parte da questão
ambiental e outro da questão social e política. Porém, é com a união desses dois argumentos
que se pode alcançar a sustentabilidade urbana.

Segundo Sattherthwaite (2004 apud Sampaio, 2009) afirma que a sustentabilidade urbana deve
atingir a sociedade ou as condições de vida. São actividades específicas dentro de áreas urbanas
que devem ser sustentáveis como no caso de mercados habitacionais sustentáveis e
desenvolvimento territorial sustentável ou transporte sustentável, agricultura sustentável,
modos de vida sustentáveis.

Pode-se definir que as cidades com desenvolvimento sustentável representam um local mais
igualitário a todos, com preocupação com o meio ambiente e a população que nela vive.

São diversas propostas apresentadas por diferentes autores de múltiplas áreas, pois a
sustentabilidade urbana é um conceito interdisciplinar e de difícil caracterização. Para atingir a
aplicabilidade no meio urbano, depende de acções políticas, sociais e ambientais.

Costa (1999 apud Martins e Cândido, 2013:3) mostra que:


A noção de desenvolvimento urbano sustentável apresenta alguns conflitos teóricos, quais sejam: o
conflito entre a trajectória da análise ambiental e a da análise urbana que, mesmo como origem em áreas
diferentes, convergiram recentemente na proposta de desenvolvimento sustentável; e o conflito entre
formulações teóricas e propostas de intervenção, o que se tem traduzido no distanciamento entre análise
social/urbana crítica e planeamento urbano. Sendo importante considerar que a maioria das discussões
teóricas acerca do desenvolvimento sustentável, refere-se ao desenvolvimento da sociedade e não
especificamente ao desenvolvimento urbano, além do que a adopção do conceito de desenvolvimento
urbano sustentável faz-se muitas vezes com base nas práticas do planeamento urbano, sem questionar as
formulações teóricas que lhe servem de suporte.
(Martins e Cândido, 2013:3)

Ainda segundo estes autores, a sustentabilidade urbana como um tema que envolve um
conjunto de aspectos que são dinâmicos e que afecta de forma diversificada e em dimensões
diferentes cada população, além das cidades constituírem formações humanas que carregam

19
uma história, especificidades, potencialidades e diversas características locais que fazem parte
da sua morfologia e identidade, a sustentabilidade deve ser tratada como uma temática que
gera contradições, que é carregado de valores, emoção, percepção, sensibilidade, ética e que,
seu entendimento está relacionado ao processo de evolução de cada sociedade, assim,
apresentando suas peculiaridades em cada território urbano específico, o que requer um olhar
atento a toda problemática urbana que se estabeleceu ao longo da história (Martins e Cândido,
2013:3).

2.3. RAÍZES DA URBANIZAÇÃO MOÇAMBICANA


Segundo Baia (2009:10), “as primeiras formas de povoamento que se pode considerar de
cidades em Moçambique eram capitais de estados ou centros comerciais. Citam-se a capital do
Estado do Zimbabwe, a capital do Estado de Gaza e os Estados do Mataca e dos Mutapas.”
Diversos centros comerciais permanentes foram construídos através do contacto comercial
com os árabes: Chibuene (em Vilanculos ao sul de Moçambique), Sofala (no centro de
Moçambique) e Ilha de Moçambique (em Nampula ao norte de Moçambique). Trata-se de
cidades, anteriores a chegada dos portugueses em Moçambique, onde os comerciantes locais
estabeleciam seus empórios de ligação com lugares distantes e, ai, residiam com suas famílias.

No início do século XX começam surgir cidades nitidamente marcadas pela presença colonial
portuguesa: construídas para os europeus, as novas cidades são portos de escoamento de
produtos de exportação, são lugares de estabelecimento da administração colonial, o que as
diferenciam das cidades europeias resultantes da Revolução Industrial (Baia, 2009). Pois, para o
caso de Moçambique pode referir-se que:
Relativamente tarde, só depois da separação administrativa de Moçambique da Índia Portuguesa em
1752, foi introduzido o municipalismo português em sete povoações em 1762/64 (Inhambane, Sofala,
Sena, Tete, Quelimane, Moçambique e Ibo). Em 1818, a capital na Ilha de Moçambique foi elevada a
categoria de “cidade”. Tinha nessa altura cerca de 5000 habitantes. A maioria – era africana – mas as
elites eram imigrantes da europa e da Índia incluindo alguns dos seus descendentes locais.
(Serra, 200:23 apud Baia, 2009:11)

Ainda segundo Serra (2000:440), as cidades resultantes da implantação colonial portuguesa em

20
Moçambique foram caracterizadas pela coexistência de duas áreas: uma que albergava
população de origem europeia e asiática, com um traçado geométrico que indicava
preocupações com o planeamento urbano e; outra, não planeada e com infraestruturas
precárias, onde viviam africanos como mão-de-obra necessária para os trabalhos de construção
civil, para os carregamentos no porto, para os trabalhos domésticos.

Em Moçambique, o sistema de dominação colonial portuguesa organizou-se em cidades


construídas, na sua maioria, a partir de centros de serviços que mantinham uma estreita ligação
com a metrópole colonial. Grande parte das actuais cidades moçambicanas não só resultou de
antigos centros de negócios, mas também, e fundamentalmente, de concentrações de serviços
portuários. A função principal dos antigos centros de negócios era a exportação de matérias-
primas do interior de Moçambique e de outros países do hinterland para Portugal e outras
metrópoles europeias (Baia, 2009:12).

Depois da independência em 1975, Portugal deixou de influenciar, pelo menos de uma forma
directa, as políticas de desenvolvimento territorial do país. A adopção do modelo de
desenvolvimento socialista introduziu novas singularidades nas relações sociedade-espaço.
Deste modo, “o desenvolvimento urbano em Moçambique começou a ser determinado pela
primazia do político e a sua independência em relação à economia” (Baia, 2009:13).

Segundo Araújo:
Em Moçambique, as décadas de 70, 80 e 90 foram caracterizadas pela ocorrência de factores conjunturais
adversos (guerra colonial, guerra civil calamidades naturais) que alteraram o desenvolvimento normal da
distribuição da população a partir dos centros urbanos. Este fenómeno *…+ inverteu o sentido da
expansão urbana, com todas as consequências sociais, económicas e ambientais daí decorrentes. Isto
sucedeu porque os factores conjunturais referidos tornaram o meio rural extremamente repulsivo e os
espaços urbanos e urbanizados adquiriram valores atractivos.
(Araújo, 2003:168 apud Baia, 2009:15)

Ainda segundo Araújo (2003:169 apud Baia, 2009:15), outro factor que em África, em particular
em Moçambique, tem tido implicações directas no processo urbano é aquele que diferentes
autores designam por reclassificação urbana. Esta consiste no aumento, por decreto, da área

21
das cidades, alterando seus limites administrativos, com o argumento de que a cidade necessita
de novas áreas de expansão.

2.3.1. Os Sistemas de Planeamento em Moçambique


O actual sistema de planeamento moçambicano, procede do sistema de planeamento
português. A Política de Ordenamento do Território de 2007, que conduz o ordenamento
territorial do país, inspira-se na Lei de Bases da Política do Ordenamento do Território e do
Urbanismo português de 1998 (Sicola, 2014).

Em Moçambique independente, o sistema de planeamento urbano e territorial teve início na


década de oitenta, aquando da 1ª Reunião Nacional de Planeamento Urbano, em que foram
definidos os tipos de intervenções prioritárias necessárias as 12 cidades existentes no país (As
dez capitais provinciais mais as vilas de Nacala e Chócue) (Battino, 2000 apud Sicola, 2014).

Sob a direcção do Instituto Nacional de Planeamento Físico (INPF) previu-se a existência de três tipos de
planos: os planos de intervenções prioritárias, o plano de estrutura e os planos parciais de urbanização.
Foram elaborados guias de orientação para o uso dos terrenos urbanos bem como normas destinadas aos
técnicos e profissionais designados de “guião metodológico para os técnicos médios de planeamento
físico” cuja ênfase foi dado aos planos parciais de urbanização e as normas de uso de solo e
infraestruturas. Estes dois planos diferentes no tempo, no contexto e na escala.
(Battino, 2002 apud Sicola, 2014:4).

A Lei de Ordenamento do Território (Lei 19/2007, de 18 de Julho) é o principal instrumento que


rege o planeamento e o ordenamento do território em Moçambique. Esta lei veio clarificar o
sistema de planeamento Moçambicano e agregar um conjunto de leis anteriores tidas como
relevantes para o processo de planeamento moçambicano: Lei de Terras nº19/97 de Outubro;
Lei das Autarquias locais nº 2/97 de 18 de Fevereiro; Lei de Tutela Administrativa do Estado nº
7/97 de 31 de Maio; Lei de Finanças Autárquicas nº de 11/97 de 31 de Maio (Silva e Cabral,
1996 apud Banco Mundial, 2009).

22
A nível municipal há a considerar:
Os Planos de Estrutura Urbana (PE) - que estabelece a organização espacial da totalidade do território do
município ou povoação, os parâmetros e as normas para a sua utilização, tendo em conta a ocupação
actual, as infra-estruturas e os equipamentos sociais existentes e a implantar e a sua integração na
estrutura espacial regional;
Os Planos Gerais de Urbanização (PGU) e Planos Parciais de Urbanização (PPU) - que determinam a
estrutura e qualifica o solo urbano, tendo em consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções
urbanas, definem as redes de transporte, comunicações, energia e saneamento, os equipamentos sociais,
com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio espacial para a elaboração do
plano;
Os Planos de Pormenor (PP), definem com pormenor a tipologia de ocupação de qualquer área específica
do centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço urbano dispondo sobre usos do solo e condições
gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as características das redes de infra-estruturas e
serviços, quer para novas áreas ou para áreas existentes caracterizando as fachadas dos edifícios e
arranjos dos espaços livres…”(Decreto nº 23/2008 de 1 de Julho).
(Sicola, 2014:8).

23
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3.1. TEORIAS DE SUPORTE PARA O DESENHO DA INVESTIGAÇÃO


Segundo Cervo & Bervian (2007:21), o emprego usual do termo teoria opõe-se ao termo
prática. Neste sentido, a teoria refere-se ao conhecimento (saber, conhecer) em oposição à
prática como acção (agir, fazer). O termo teoria é empregue para significar um resultado a que
tendem as ciências. As teorias muitas vezes são definidas em função do carácter da pesquisa ou
conforme o enfoque e o tipo de pesquisa, pois são estes que sustentam e dão a razão de ser a
investigação.

Para o presente trabalho, a teoria do desenho da investigação será a Grounded Theory pois, de
acordo com (Strauss & Corbin, 1994, p. 273 apud por Amaro, 2006), esta diz respeito a uma
metodologia de base qualitativa, tendo em vista o desenvolvimento de teoria baseada em
dados sistematicamente recolhidos e analisados. A teoria resultante pode também ser
designada grounded theory no sentido que é uma teoria assente em dados empíricos.

Merton destaca que:


O objectivo desta metodologia é a construção de quadros explicativos de médio alcance, isto é, teorias
que partindo de algumas generalizações empíricas, fornecem um contexto explicativo mais vasto e
abstracto com aplicação a um maior número de situações. Estas teorias situam-se, portanto, “entre as
pequenas, mas hipóteses necessárias de trabalho que surgem em abundância durante a rotina das
pesquisas diárias e os amplos esforços sistemáticos para desenvolver uma teoria unificada capaz de
explicar todas as uniformidades observadas do comportamento, organização e mudança sociais”.
(Merton, 1968:51 citado por Amaro, 2006:2)

Segundo Amaro (2006:3), “seguindo o método, a teorização vai surgindo à medida que se
examinam os dados empíricos recolhidos, sendo a recolha de dados e a construção da teoria a
partir deles, duas partes do mesmo processo”.

Assim, a opção por uma investigação qualitativa em detrimento da abordagem quantitativa


justifica-se por se pretender descrever, interpretar e apreciar o fenómeno de Planeamento e
Sustentabilidade Urbana em Moçambique.

24
Nesta linha de raciocínio surge Merrian (1988) que salienta o facto de ao reduzir-se as pessoas
a meros dados estatísticos, existirem determinadas características do comportamento que são
ignoradas.

Neste quadro de investigação qualitativa, optou-se por um tipo de investigação estudo de caso.
O estudo de caso é uma metodologia de investigação particularmente apropriada quando se
procura compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais
estão envolvidos factos.

Para Yin (2004:13) “um estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenómeno
contemporâneo no seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o
fenómeno e o contexto não são claramente evidentes”.

Stake (1994) refere que o estudo de caso é enfatizado por muitos investigadores porque chama
a atenção para o facto de se aprender através de um caso específico.

A finalidade do estudo de caso é sempre holística ou seja, visa preservar e compreender o caso
no seu todo. Para isso, o investigador estuda o “caso” no seu contexto real, em profundidade,
tirando todo o partido possível de fontes múltiplas de dados, sendo comum que num mesmo
estudo se combinem entre si as diversas técnicas de recolha (Yin, 2004).

O estudo de caso tem sempre um forte poder descritivo porque o investigador dá a conhecer a
situação tal como ela surge e tão completa quanto possível.

Assim, é de todo pertinente utilizar uma metodologia de estudo de caso, na medida em que se
pretende analisar o caso concreto da Cidade da Beira.

Já quanto aos objectivos, foi caracterizada como exploratória. A pesquisa exploratória visa
proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir

25
hipóteses. Permitiu o aprimoramento de ideias e maiores informações sobre a motivação e o
desempenho nas organizações.

A pesquisa foi também descritiva, que objectiva conhecer e interpretar a realidade sem nela
interferir para modificá-la. Teve como objectivo fundamental a descrição das características da
população e do fenómeno em estudo.

3.2. CONCEITOS-CHAVE
 Urbanização
 Planeamento Urbano
 Postura Urbana
 Sustentabilidade Urbana
 Crescimento Desordenado

3.3. PARTICIPANTES DO ESTUDO (AMOSTRA )


Segundo Moresi (2003), população (universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que
possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo.
Para efeitos do presente estudo, será usado o método de selecção intencional segundo o qual o
serão seleccionados elementos específicos consoante o tipo de informação que se pretende
aceder, tendo em conta, que estes têm o domínio da informação inquerida.

A cidade da Beira, capita da província de Sofala, é o segundo maior centro urbano do país
depois de Maputo. Com uma superfície geográfica de 633 km² (Resolução n°3/81, de 2 de
Setembro) e de acordo com o último senso feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)
actualmente tem uma população estimada em 436.240 (INE, 2008), tem como limites
geográficos o distrito de Dondo a Norte, o Oceano Indico ao Sul e Este e o rio Púnguè a Oeste
(Chaimite, 2010).

26
A cidade possui 26 bairros, nomeadamente: Macuti, Palmeiras, Ponta-Gêa, Chaimite, Pioneiros,
Esturo, Matacuane, Macurungo, Munhava-Central, Mananga, Vaz, Maraza, Chota, Alto da
Manga, Nhaconjo, Chingussura, Vila Massane, Inhamízua, Matadoro, Mungassa, Ndunda,
Manga Mascarenha, Muave, Nhangau, Nhangoma e Chonja (MAE, 2002 apud Chaimite, 2010).

Será aplicado a uma amostra de cerca para cerca de 3 bairros, onde serão aplicadas as
entrevistas e efectuadas as observações. Para além das populações residentes nestes bairros,
as entrevistas também serão aplicadas às autoridades municipais e locais.

3.3. TÉCNICAS/ESTRATÉGIAS DE RECOLHA DE DADOS


3.3.1. Observação Participante
Segundo Marconi e Lakatos (2010:190), “a observação é uma técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos
que se desejam estudar”.

Para o trabalho será usada a Observação Participante por, de acordo com Gil (2007:113),
consistir “na participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma
situação determinada. *…+ Daí ela ser uma técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida
de um grupo a partir do interior dele mesmo”.

Em geral, segundo Marconi e Lakatos (2010:194), são apontadas duas formas de observação
participante:
 Natural. O observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.
 Artificial. O observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações (ou
de realizar uma pesquisa).

27
3.3.2. Observação Individual
Como o próprio nome indica, é técnica de observação realizada por um pesquisador. Nesse
caso, a personalidade dele se projecta sobre o observado, fazendo algumas inferências ou
distorções, pela limitada possibilidade de controlos. Por outro lado, pode intensificar a
objectividade de suas informações, indicando, ao anotar os dados, quais são os eventos reais e
quais são as interpretações. É uma tarefa difícil, mas não impossível. Em alguns aspectos, a
observação só pode ser feita individualmente (Marconi e Lakatos, 2010:194).

3.3.3. Entrevista
Entrevista, que definida por Moresi (2003), é uma técnica que visa obter informações de um
entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Ela pode ser padronizada ou
estruturada. A Entrevista possibilita a obtenção de dados referente aos mais diversos aspectos
em torno do tema.

Enquanto técnica de colecta de dados, “a entrevista é bastante adequada para a obtenção de


informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem
fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas
precedentes” (Selltiz et al., 1967:273 apud Gil, 2007:117).

Best (1972: 120 apud Marconi e Lakatos, 2010:196) afirma que “alguns autores consideram a
entrevista como o instrumento por excelência da investigação social. Quando realizado por um
investigador experiente, "é muitas vezes superior a outros sistemas de obtenção de dados".

3.3.4. Pesquisa Documental


Carmo e Ferreira (1998), definem a análise documental como sendo aquela que envolve a
investigação em documentos internos ou externos da organização. Trata-se portanto, de
estudar o que se tem produzido sobre uma determinada área para poder “introduzir algum
valor acrescido à produção científica sem correr o risco de estudar o que já está estudado.

28
3.3.5. Pesquisa Bibliográfica
Todo trabalho científico deve iniciar com uma pesquisa bibliográfica como forma de procurar
conhecer o que está estudado sobre o tema e relacioná-lo com os objectivos do mesmo.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e


publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de Web
sites (Fonseca, 2002).

Segundo Koche (2013:122), “o objectivo da pesquisa bibliográfica *…+ é o de conhecer e analisar


as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema,
tornando-se um instrumento indispensável para qualquer tipo de pesquisa”.

3.3.6. Análise de Conteúdo


Silva e Fossá (2013: 2), a análise de conteúdo é uma técnica de análise das comunicações, que
irá analisar o que foi dito nas entrevistas ou observado pelo pesquisador. Na análise do
material, busca-se classificá-los em temas ou categorias que auxiliam na compreensão do que
está por trás dos discursos. O caminho percorrido pela análise de conteúdo, ao longo dos anos,
perpassa diversas fontes de dados, como: notícias de jornais, discursos políticos, cartas,
anúncios publicitários, relatórios oficiais, entrevistas, vídeos, filmes, fotografias, revistas,
relatos autobiográficos, entre outros.

3.4. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS


A análise, interpretação e sistematização dos dados que serão recolhidos no campo,
considerando o contacto que será tido com os entrevistados, e com a realidade a ser
pesquisada, associados aos pressupostos teóricos que irão sustentar o presente trabalho, com
base nos dados que serão colhidos será feita uma análise qualitativa a partir da qual serão
reduzidos, apresentados de forma sistemática para uma posterior conclusão que consistirá na
revisão para considerar o significado dos dados, seus padrões e explicações.

29
A análise dos dados objectiva dar uma visão mais simples e detalhada dos dados colhidos. E
para o presente trabalho os dados colhidos, serão analisados com o auxílio da técnica descritiva
e com ajuda do pacote informático Microsoft Excel.

3.5. VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS


Uma vez que serão usados dois tipos de entrevistas para grupos de entrevistados diferentes, a
validação dos dados será feita de forma separada e a posterior será feita uma triangulação dos
dados com o objectivo de obter resultados padronizados.

A avaliação dos dados colhidos nas duas entrevistas será pertinente como forma de ganir a
existência de informações suficientes para a resolução do problema em estudo. Não existirão
limitações em descrições, e a insuficiência de dados abrirá espaço para uma outra entrevista.

30
CAPÍTULO IV: ESTRATÉGIA DE APRESENTAÇÃO DE DADOS

4.1. CRONOGRAMA DO PROJECTO

2016 2017
Actividades Jan Fev Marc Abril Mai Jun Jul Agos Set Out Nov Dez Jan Fev Mar
Definição de Projecto de Investigação
Pesquisa de bibliográfica
Desenho do estudo (definição da metodologia)
Redacção de Projecto de Pesquisa
Entrega de projecto parcial
Elaboração do projecto final
Elaboração de guião de entrevistas
Entrevistas
Observação do ambiente em estudo
Recolha de Dados
Analise dos resultados das entrevistas realizadas
Análise dos dados
Redacção da tese
Revisão da tese
Entrega da tese parcial
Entrega da tese final

31
2. ÍNDICE PROVISÓRIO
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
1.1.2. Específicos
1.2. Problematização do objecto de estudo
1.3. Justificativa
1.4. Perguntas de Pesquisa
1.5. Delimitação da pesquisa
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
PARTE I:
2.1. Urbanismo e Planeamento Urbano
2.1.1. Início do Planeamento Urbano
2.1.2. Movimento Moderno
2.1.3. Pós-Modernismo e a Carta de Atenas
2.2. Teoria Geral de Sistema de Planeamento Urbano
2.3. Urbanização
2.4. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável
2.4.1. Sustentabilidade Urbana
2.4.2. Urbanização Sustentável
2.4.3. Cidade Sustentável
PARTE II: A URBANIZAÇÃO EM MOÇAMBIQUE
2.5. A Génese da Urbanização em Moçambique
2.5.1. Características das Cidades de Moçambique
2.5.2. O Processo de Urbanização da Cidade da Beira
2.6. Os Sistemas de Planeamento em Moçambique
2.7. Instrumentos de Gestão e Planeamento Urbano e Regional em Moçambique
2.7.1. Lei dos Municípios (1994)
2.7.2. A Lei de Terras (1997)
2.7.3. O Regulamento do Solo Urbano (2006)
2.7.4. A Lei do Ordenamento do Território (2007)
CAPÍTULO IV: METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1. Tipo de pesquisa
3.2. Universo populacional
3.3. Amostra
3.4. Técnicas e instrumentos de colecta de dados
3.5. Instrumentos de análise de dados

32
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Apresentação dos Resultados
4.2. Análise e Discussão dos Resultados
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO
5.1. Considerações Finais
5.2. Recomendações
5.3. Bibliografia
Apêndices
Anexos

4.3. Artigos a Publicar no Decorre da Investigação

 Apresentação do estudo preliminar nas Jornadas Científicas na Faculdade de Economia


da Universidade Católica e também Conferência Internacional da UCM.

 Publicação de parte da tese (resultados da pesquisa) na Revista Electrónica da UCM.

33
BIBLIOGRAFIA
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