TCC Vinicius Coelho
TCC Vinicius Coelho
TCC Vinicius Coelho
Joinville
2016
Vinicius de Oliveira Coelho
Joinville
2016
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Defesa: 01/12/2016
________________________________
Prof.ª MSc. Valéria Bennack
Coordenadora do curso de Engenharia de Infraestrutura
Banca Examinadora:
________________________________
Prof. Dr. Marcelo Heidemann
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________________
Prof.ª Helena Paula Nierwinski
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________________
Prof.ª Paula Manica Lazzari
Universidade Federal de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS
COELHO, V.O. (2016). Análise paramétrica para fundação superficial do tipo radier.
Trabalho de conclusão de curso. Engenharia de Infraestrutura, Universidade Federal
de Santa Catarina.
COELHO, V.O. (2016). Parametric analysis for surface foundation of radier type.
Completion of course work. Infrastructure Engineering, Federal University of Santa
Catarina.
Shallow foundations transfer loads to the ground due to pressures distributed under
the foundation. Among the types of shallow foundations, usually are used the rafts.
The rafts are a type of shallow foundation that functions as a slab (which may be of
reinforced or prestressed concrete and are subjected to all the efforts from the columns
of the structure. This work proposes to carry out parametric analyzes with the purpose
of verifying the sensitivity of the calculation models used to analyze the interaction
between soil and structure in the rafts design, the variation of soil behavior parameters,
the magnitude of the loads and the thickness of the plate. These analyzes will be
carried out using SIGMA/W software, which analyzes the plates in a 2D environment,
considering them to be flexible, and ELPLA, which in 3D, analyzes the behavior of the
soil when subjected to loading imposed by plates considered to be rigid. The
geotechnical reference parameters for soils were those published by Ferreira (2002),
who analyzed residual soils of sandstone in the region of Novo Hamburgo - RS, with
void ratios of 0,6 and 0,7 and Soares (1997), who studied the clayey sedimentary soils
of the region of Porto Alegre - RS. For the clays, the response to the loads in drained
and undrained condition was evaluated. As analysis parameters related to the soil-
structure interaction were taken: the contact stress distribution at the soil-structure
interface, the strains suffered at the soil-plate contact, and the settlement suffered by
the plate. In the present research, the analyzes generated by the SIGMA/W, reported
that the increase in strain is much more related to the foundation soil than to the
increase in plate thickness. It was also possible to observe that the variation of the
results of strain and contact stress depend on the modulus of elasticity, plate thickness
and the Poisson coefficient. Therefore, it is noticed when the soil is subjected to flexible
plates, the strains and the tensions tend to be larger in thin plates. In rigid plates, this
tendency is reversed with regard to the ground-plate contact tensions. In ELPLA,
because the plates are considered rigid, the maximum strains and stress are
concentrated at the ends of the plate, and in the SIGMA/W, they are concentrate in the
region around the point of application of the loading.
Sumário
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15
2.2.3. Radier........................................................................................................... 25
3. METODOLOGIA ............................................................................................. 53
3.3.1. SIGMA/W......................................................................................................... 59
14
4.1. SIGMA/W......................................................................................................... 64
4.1.3. Tendências................................................................................................... 83
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
los para suportar os diferentes esforços que estão submetidos” (MORAES, 1976, p.
5).
As fundações podem ser diferenciadas em dois tipos, sendo superficiais e
profundas, de acordo com critérios variados e arbitrários. Uma fundação profunda é
aquela na qual o mecanismo de ruptura não se mostra na superfície e sua base
encontra-se apoiada a uma profundidade superior a duas vezes sua menor dimensão
e a pelo menos três metros de profundidade, como mostra a Figura 1 (ABNT, 2010).
A fundação rasa, ou superficial, pode ser definida por estar apoiada ao solo
em uma pequena profundidade de assentamento. As cargas transmitidas ao terreno,
são influenciadas pela distribuição de pressão sob a base da fundação gerada pelo
carregamento provindo da superestrutura (NBR 6122, 2010).
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), a profundidade de assentamento
no terreno, deve ser de no máximo duas vezes a menor dimensão em planta da
fundação.
Cintra (2003, p. 1) destaca que “[...] o importante é que nas fundações diretas,
independentemente da profundidade da base do elemento estrutural, conta-se apenas
com a resistência da base”. Cintra (2003) ainda comenta que na fundação direta, a
carga gerada pela superestrutura é concentrada de forma homogênea na base da
21
2.2.1. Bloco
Conforme NBR 6118 (2014, p. 196) “Blocos são estruturas de volume usadas
para transmitir às estacas as cargas de fundação e podem ser consideradas rígidas
ou flexíveis por critério análogo ao definido às sapatas”. A fundação superficial de
bloco é feita de tal maneira que dispensa o uso de armadura (horizontal) para flexão
em seu dimensionamento, sendo que as tensões de tração, que são máximas na
base, são resistidas pelo próprio concreto (ABNT, 2010). Esse tipo de fundação,
assume normalmente algumas formas, sendo elas: bloco escalonado ou pedestal (a);
ou tronco de cone (b), conforme ilustrado na Figura 3.
22
2.2.2. Sapata
Sapara Corrida
Sapata Associada
Sapata Isolada
2.2.3. Radier
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), o radier pode ser definido como um
elemento de fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou
carregamentos distribuídos.
American Concrete Institute ACI 366.2R-88 (1993) discorre que o radier é uma
laje sobre o solo que continuamente é suportada pelo solo, cujo total do carregamento,
quando uniformemente distribuído, teria uma capacidade de suporte admissível do
solo menor ou igual a 50%. Ainda salienta, que a espessura da laje pode ser variável
ou uniforme, quando contém elementos de nervura ou vigas. Este tipo de fundação
pode ser executado de várias formas, sendo elas concreto simples, concreto reforçado
ou protendido. O aço utilizado, neste caso, serve como reforço para efeitos de retração
do concreto, carregamento estrutural e temperatura.
Segundo Caputo (1982), na fundação rasa do tipo radier, os esforços
recebidos dos pilares ou das edificações são transmitidos ao solo. Para suportar esses
esforços, o radier pode ser executado em concreto protendido ou armado e só deve
ser realizado quando:
O solo possuir baixa capacidade de carga;
Existir a possibilidade de deixar uniforme os recalques;
Houver aproximação excessiva das áreas de sapatas isoladas ou quando a
área destas for maior que a metade da área de construção, ou seja, cinquenta
por cento.
Assim, Bell (1985) comenta que as fundações em radier tornam-se viáveis
economicamente quando o terreno possui um solo de baixo suporte ou onde os
recalques diferenciais devem ser mínimos. Outro ponto importante é que centro de
gravidade do radier e o dos pilares devem estar coincidindo. Ou seja, o radier só não
obedece uma forma simétrica caso o arranjo dos pilares for variável ou se dispostos
assimetricamente. Certamente:
Recorre-se a esse tipo de fundação quando o terreno é de baixa
resistência (fraco) e a espessura da camada do solo é relativamente
profunda. Estando a camada resistente a uma profundidade que não
permite a cravação de estacas, devido ao pequeno comprimento das
mesmas, e por ser onerosa a remoção da camada fraca de solo,
optamos pela construção do radier (...), para tanto constrói-se em
concreto armado com armadura cruzada na parte superior e na parte
inferior. (AZEREDO, 1997 p. 34)
26
Dória (2007) salienta que os radiers podem ser classificados de várias formas,
sendo a geometria, rigidez e flexão, e a tecnologia. Na execução, é preciso obedecer
a espessura de 0,15 metros à 2,00 metros, dependendo de onde serão empregados.
Todas as classificações de radiers apresentadas a seguir, são especificadas por
ordem de rigidez.
Com relação a geometria os radiers podem ser divididos de quatro formas,
sendo elas:
a) radiers lisos: Esta forma específica de fundação é muito utilizada em
edificações de baixa renda pela sua grande facilidade de execução e economia,
conforme mostrado na Figura 5 (PACHECO, 2010).
c) radier nervurado: A execução deste tipo pode ser tanto superior quanto inferior,
sendo o último executado sobre a escavação. Já na superior, é necessário
melhorar a superfície com agregado, de forma que o piso fique plano, como
mostra a Figura 7 (HACHICH, 1998).
No que diz respeito a rigidez, a fundação do tipo radier pode ser classificada
também quanto sua rigidez à flexão, sendo dividida em duas categorias: Rígidas e
Flexíveis (elásticas) (PACHECO, 2010).
Segundo Dória (2007, p. 8), “os radiers rígidos são aqueles cuja rigidez a
flexão é relativamente grande, portanto o elemento estrutural pode ser tratado como
29
4𝐸𝑐 𝐼
Terzaghi (1943 apud VELLOSO E LOPES, 2011), define que sob ação de uma
fundação superficial, a ruptura do solo pode ocorrer de dois modos, conforme
mostrado na Figura 12, onde são ilustradas as curvas típicas, C1 (solo mais resistente)
e C2 (solo menos resistente), com relação da tensão x recalque.
Vesic (1975 apud CINTRA, 2003) mostra através da Figura 15, os possíveis
modos de ruptura segundo a teoria de Terzaghi, sendo eles (a) ruptura geral,
caracterizada por ser de forma repentina, também conhecida por ser uma ruptura
contínua, partindo da base até a superfície do terreno. Em geral pode causar
tombamento da estrutura; (b) ruptura local é considerada como intermediária por ficar
entre a ruptura geral e por puncionamento. Quando há ocorrência deste tipo de
ruptura, que normalmente é notável em uma região imediatamente abaixo da
fundação, não ocorre risco de tombamento da estrutura; (c) ruptura por
puncionamento, onde, no momento em que uma carga é aplicada, a mesma tende a
afundar verticalmente, mas sem prejudicar o solo externo, devido à compressão do
“solo subjacente”. Com o aumento da carga o solo tende a cisalhar no contorno da
fundação.
Velloso e Lopes (2011) salientam que, aumentando a carga em solos não
preparados, poderão surgir deslocamentos plásticos, gerando deformações
irreversíveis. Se forem aplicadas pequenas cargas, os recalques tornam-se
proporcionais, para que ao longo do tempo estabilizem-se e tendam a zero. Mas, se
esse carregamento for maior do que o solo pode suportar, surge uma zona de
deformação plástica, ou seja, se ultrapassa o limite elástico. Assim, se a carga
continuar sendo aumentada, os recalques aumentarão de forma a ocorrer a ruptura
do solo. Quando isto ocorre, pode-se dizer que foi encontrado o limite de resistência
da fundação ou a capacidade de carga de ruptura. A Figura 16, ressalta as condições
que ocorrem nas rupturas em relação à capacidade relativa ou densidade relativa x
embutimento relativo ou profundidade relativa h/B.
35
2
𝑡𝑔ϕ′ = 𝑡𝑔ϕ (4)
3
Ainda na Figura 17, são possíveis obter duas análises de formas distintas:
primeira, assumindo o radier como uma fundação rígida e segunda, assumindo que
os momentos e as forças obtidas na base da fundação contribuem para o
dimensionamento da mesma, através das reações aplicadas na base. Existem vários
métodos que podem ser adotados, dependendo de como é aplicada a distribuição de
pressão no solo. Essas distribuições podem ser método de distribuição de pressão
linear do solo (fundações pequenas), método de fundação elástica simples (fundações
flexíveis, relativamente grandes) e avançado (BRANDI, 2004). Segundo ACI (1993),
a interação pode se propagar por logos anos, até que seu equilíbrio seja estabelecido,
entre cargas e as reações do solo.
Estes métodos, definem uma constante de proporcionalidade, ks, que é
denominada como o módulo de reação do solo, variando ao longo da fundação. No
caso de radiers a fundação deve possuir uma dimensão em planta maior que 1,5
metros. Desta forma o problema da interação solo-fundação pode ser corrigido com a
utilização de programas computacionais, que permitirão a variação das propriedades
de comportamento do solo, a fim de exprimir o comportamento em diferentes
situações (GUSMÃO, 1994).
38
Figura 18 – Modelo de Winkler: (a) – (c) e modelo meio contínuo (d) – (e).
não interação com as molas adjacentes daquelas em que a fundação age (ALVA,
2007).
Figura 19 – Modelo de Winkler: meio elástico de molas independentes.
𝜕4 𝜔 2𝜕 4 𝜔 𝜕4 𝜔
𝐷( + + ) + 𝑘𝑣 𝜔 = 0 (7)
𝜕 𝑥4 𝜕 𝑥2 𝜕 𝑦2 𝜕 𝑦4
𝐸𝑐 𝑡 3
𝐷= (8)
12 (1 − 𝑣 2 )
“[...] ele não leva em conta a dispersão da carga sobre uma área de
influência gradualmente crescente com o aumento da profundidade e
por considerar o solo como tendo um comportamento tensão-
deformação linear. Seu pior defeito, porém, é considerar que as molas
sejam independentes, o que quer dizer a não existência de ligação
coesiva entre as partículas contidas no meio solo. ”
𝐸𝑐 𝐼
𝑅𝑟 = (9)
𝐸 𝐵3
𝑡3
𝐸𝑐 12
𝑅𝑟 = (10)
𝐸 𝐵3
𝐾
𝑘𝑖 = 𝐴𝑠 (11)
𝑓
a) Ensaio de Placa
Segundo a norma brasileira NBR 6489 (ABNT, 1984, p.1), o ensaio de placa
deve ser conduzido respeitando os seguintes aspectos:
“Placa circular com área de 0,5 m², ocupando o fundo da cava; a
relação L/B igual à da fundação real; a superfície da carga deve estar
sempre na cota em que as eventuais bases do radier se apresenta; a
medição dos recalques deve ser feita por extensômetros sensíveis a
0,01 mm, colocados em dois pontos opostos diametralmente;
carregamento incremental mantido até a estabilização; os dispositivos
de referência para as medidas de recalques devem estar livres da
influência dos movimentos da placa, do terreno circunvizinho, do
caixão ou das ancoragens; seus apoios devem achar que uma
distância igual a pelo menos 1,5 vezes o diâmetro ou lado da placa,
medida a partir do centro desta última.”
A norma NBR 6489 (ABNT, 1984), ainda comenta que para executar provas
de carga devem ser adotados os seguintes procedimentos e/ou cuidados:
Carga aplicada à placa em estágios sucessivos de no máximo 20% da taxa
admissível provável do solo;
Em cada estágio de carga, os recalques serão lidos imediatamente após a
aplicação desta carga e após intervalos de tempo sucessivamente dobrados
(1, 2, 4, 8, 15 minutos, etc.). Só será aplicado novo acréscimo de carga depois
de verificada a estabilização dos recalques (com tolerância máxima de 5% do
recalque total neste estágio, entre leituras sucessivas);
O ensaio deve ser levado até pelo menos observar-se um recalque total de 25
mm ou até atingir-se o dobro da taxa admitida para o solo;
A carga máxima alcançada no ensaio, caso não se vá até à ruptura, deve ser
mantida pelo menos durante 12 h;
A descarga deve ser feita em estágios sucessivos, não superiores a 25% da
carga total, lendo-se os recalques de maneira idêntica à do carregamento e
mantendo-se cada estágio até a estabilização dos recalques, dentro da
precisão admitida.
Contudo Velloso e Lopes (2011, p.114) alertam que é necessário ter cuidado
no momento da execução e interpretação dos resultados, sobretudo com relação aos
seguintes aspectos:
“Heterogeneidade: caso haja estratificação do terreno, os
resultados do ensaio poderão indicar muito pouco do que
44
Velloso e Lopes (2011, p. 128), salientam que “o uso do ensaio de placa pode
apresentar problema se o solo solicitado pela placa for diferente daquele solicitado
pela fundação”.
“Como resultados do ensaio é apresentada uma curva pressão-recalque onde
figuram as observações feitas no início e no fim de cada estágio de carga, com
indicação dos tempos decorridos (ABNT, 1984 p.2).”
A interpretação do ensaio depende de qual objetivo é requerido, sendo os
mais comuns:
Obter parâmetros de deformação (E);
Obter parâmetros de resistência (Su ou ∅);
Obter coeficiente de reação vertical (kv);
Prever o recalque de uma fundação por extrapolação direta.
𝑞
𝑘𝑣 = 𝑤 (6 𝐵𝑖𝑠)
𝐸 1 1
𝑘𝑣 = (13)
1 − 𝑣 2 𝐼𝑠 𝐵
45
Onde:
B = menor dimensão do radier;
v= coeficiente de Poisson;
E = módulo de elasticidade;
Is = fator de forma do radier e de sua rigidez.
Souza e Reis (2008), apresentam equações para a correção do módulo de
reação vertical em função da diferença de dimensões entre placa e fundação real.
Para solos arenosos, emprega-se a equação (14) e para solos argilosos a equação
(15). Essa correção é necessária, uma vez que o módulo de reação vertical não é uma
propriedade do maciço do solo, e sim da rigidez relativa entre a estrutura e o solo.
2
𝐵𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜 + 𝐵𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎
(𝑘𝑠𝑣 )𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜 = (𝑘𝑠𝑣 )𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 ( ) (14)
2𝐵𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜
𝐴𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎
(𝑘𝑠𝑣 )𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜 = (𝑘𝑠𝑣 )𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 ( ) (15)
𝐴𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜
Onde,
B fundação – Largura do radier;
B placa – Largura da placa;
A fundação – Área da fundação;
A placa – Área da placa.
b) Uso de Tabelas
𝑏 𝑛
𝑘𝑣 = 𝑘𝑠1 ( ) (16)
𝐵
Onde, n varia entre 0,5 à 0,7. Deve-se adotar o menor valor de n caso a
espessura da camada compressível abaixo da fundação seja inferior a quatro vezes
a menor dimensão da placa (B) (ACI, 1993).
Para realizar a correção nos radiers, Souza e Reis (2008) comentam que para
se obter o coeficiente é necessário utilizar a menor dimensão da placa (B) que por sua
vez gera um valor de kv pequeno, ou seja, a capacidade de suporte do maciço será
baixa. Assim, a correção da dimensão poderá ser usada se as cargas forem
concentradas e muito espaçadas (1 > 2,5R), com isso ao invés de utilizar a dimensão
B, deve-se optar por uma largura de influência, como 2R, conforme ilustrado na Figura
21. O valor de R pode ser calculado através da equação (17).
4 64 𝐸𝑐 𝑡 3
𝑅=√ (17)
3 ( 1 − 𝑣𝑐2 )𝑘𝑣
47
2.5. DIMENSIONAMENTO
concreto, caso não esteja, é preciso fazer um estudo de distribuição de tensões sob o
radier, afim de avaliar todo e qualquer problema que possa ocorrer na edificação.
Dória (2007), comenta que para obter o cálculo mais preciso da distribuição
das tensões sob o radier, é preciso realizar a substituição da placa de concreto por
uma malha sobre apoios elásticos equivalentes.
A literatura apresenta diversos modelos de cálculos aplicados ao
dimensionamento de radiers. De acordo com Velloso e Lopes (2011), é difícil a
classificação do modelo de cálculo ideal por existir vários tipos de radiers, pois o
modelo deve ser simples, mas que possa representar o comportamento da estrutura
de maneira mais realista possível. É facilmente observado por Velloso e Lopes (2011),
que a estrutura é de fácil modelamento, mas o solo em que se apoia é de grande
complexidade, devido às suas características e heterogeneidades, havendo inúmeras
maneiras de ser modelado, visando sempre o nível de rigor desejado. Os métodos
usualmente conhecidos são:
Método estático;
Método de placa sobre o solo de Winkler;
Método ACI;
Método das diferenças finitas;
Método dos elementos finitos.
Delalibera (2006), comenta que o cálculo com radier rígido ou com variação
linear de pressões normalmente é utilizado para radiers de grande rigidez relativa,
como no caso dos nervurados e em caixão. No cálculo deste tipo, as pressões de
contato são determinadas a partir da resultante do carregamento, conforme a Figura
24.
Ainda Velloso e Lopes (2011), salientam que os radiers podem ser discretos
e simples, quando se obtém o uso de elementos de molas ou elásticos que possam
representar a rigidez do solo, conforme a Figura 26 (a). Quando a modelagem utiliza
elementos mais complexos, como placas ou sólidos para representar, o radier e os
elementos sólidos para representar o solo, tem-se um modelo de cálculo muito
complexo, que deve levar em conta principalmente a heterogeneidade do solo,
conforme ilustrado na Figura 26 (b).
Figura 26– Possíveis modelos para análise de um radier pelo MEF: estático (a) e sólido (b).
3. METODOLOGIA
Figura 28. O solo, coletado a três metros de profundidade, tem coloração rosada, além
de um grau de intemperismo acentuado.
Tabela 2- Parâmetros geotécnicos das amostras com índice de vazios 0,6 e 0,7
Material Concreto
E 28 GPa
𝑣 0,25
𝛾 25 kN/m³
fck 25 MPa
Fonte: autor (2016).
Através do método de placa sobre o solo de Winkler foi possível obter a rigidez
à flexão da placa, em função do módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson do
material, além da espessura da placa. Os resultados obtidos para as placas de 25, 50
58
e 100 centímetros, em termo de rigidez a flexão foram: 38,89 kN.m, 311,11 kN.m e
2.488,89 kN.m, respectivamente.
3.3.1. SIGMA/W
3.3.2. ELPLA
Figura 33– Modelo hipotético ilustrando a malha em uma placa de radier no programa
ELPLA.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. SIGMA/W
e=0,6 e=0,7
Do exposto na Figura 34, para o solo residual de arenito com índice de vazios
0,6, é possível verificar que, com o aumento da espessura da placa as deformações
no contato solo-placa tendem a diminuir; a área de influência das cargas tende a se
estender, o que leva a uma distribuição mais homogêneas das deformações ao longo
da placa. Esse aumento da extensão da região de influência da carga, com o aumento
da espessura, faz com que as deformações atinjam também as bordas da placa. Essa
área de influência das cargas não varia com a magnitude das cargas (P) aplicadas.
Em placas esbeltas, os carregamentos variáveis promovem deformações menores
que as medidas nas placas com carga uniforme. Com o aumento da espessura esta
tendência se inverte.
Ainda na Figura 34, observando os resultados da placa sobre o solo com
e=0,7, e, portanto, menos rígido, verifica-se uma tendência de comportamento similar
66
c) Recalque na interface
Os dados mostrados até então são analisados nesta seção de forma a tentar
inter-relacionar as seguintes variáveis: carga aplicada, módulo de elasticidade,
espessura da placa, deformação no contato solo-placa, recalque da placa e pressão
no contato solo-estrutura.
73
5,00%
4,60%
25cm
4,20%
3,80% 50cm
3,40%
DEFORMAÇÃO
3,00% 100cm
2,60%
2,20%
1,80%
1,40%
1,00%
0,60%
0,20%
-0,20%
E= 5,23MPa E= E= 40MPa E= 36MPa E= 5,23MPa E= E= 40MPa E= 36MPa
Argila 6,257MPa e=0,6 e=0,7 Argila 6,257MPa e=0,6 e=0,7
Drenada Argila não Drenada Argila não
Drenada Drenada
150kN 150kN 150kN 150kN 300kN 300kN 300kN 300kN
CARGA APLICADA (kN)
P1 P2 P1
2,40%
25CM
2,00%
50CM
DEFORMAÇÃO
1,60%
100CM
1,20%
0,80%
0,40%
0,00%
Argila Argila Argila
Argila Argila Argila
não não não
Drenada e=0,6 e=0,7 Drenada e=0,6 e=0,7 Drenada e=0,6 e=0,7
Drenada Drenada Drenada
E= E=40MP E= E= E=40MP E= E= E=40MP E=
E= E= E=
5,23MP a 36MPa 5,23MP a 36MPa 5,23MP a 36MPa
6,257M 6,257M 6,257M
a a a
Pa Pa Pa
150kN 150kN 150kN 150kN 300kN 300kN 300kN 300kN 150kN 150kN 150kN 150kN
25CM 0,0113 0,0052 0,005 0,0052 0,021 0,012 0,0094 0,01 0,0113 0,0052 0,005 0,0052
50CM 0,0094 0,00555 0,0043 0,0046 0,01728 0,01072 0,0086 0,0086 0,0094 0,00555 0,0043 0,0046
100CM 0,00621 0,0036 0,00322 0,0033 0,01218 0,00785 0,00627 0,0064 0,0052 0,0026 0,00242 0,0024
Figura 43– Pressão de contato máximo entre o solo e a placa em placas de 5 metros de
comprimento nas zonas influência dos carregamentos
1000
900 25cm
800 50cm
700 100cm
PRESSÃO (kPa)
600
500
400
300
200
100
0
E= 5,23MPa E= E= 40MPa E= 36MPa E= 5,23MPa E= E= 40MPa E= 36MPa
Argila 6,257MPa e=0,6 e=0,7 Argila 6,257MPa e=0,6 e=0,7
Drenada Argila não Drenada Argila não
Drenada Drenada
150kN 150kN 150kN 150kN 300kN 300kN 300kN 300kN
CARGA APLICADA (kN)
Figura 45– Pressão de contato máximo entre o solo e a placa em placas de 10 metros de
comprimento nas zonas influência dos carregamentos
550
500 25cm
450
50cm
400
100CM
PRESSÃO (kPa)
350
300
250
200
150
100
50
0
Argila Argila Argila
Argila Argila Argila
não e=0,7 não e=0,7 não e=0,7
Drena e=0,6 Drena e=0,6 Drena e=0,6
Drena E= Drena E= Drena E=
da E= E=40 da E= E=40 da E= E=40
da E= 36MP da E= 36MP da E= 36MP
5,23M MPa 5,23M MPa 5,23M MPa
6,257 a 6,257 a 6,257 a
Pa Pa Pa
MPa MPa MPa
150kN 150kN 150kN 150kN 300kN 300kN 300kN 300kN 150kN 150kN 150kN 150kN
25cm 156,32 187,84 204,83 203,06 303,46 488,01 363,5 360,75 156,32 187,84 204,83 203,06
50cm 156 180,69 158,46 177,00 256,47 337,53 333,53 314,23 141 180,69 158,46 177,00
100CM 110,93 121,16 129,39 128,50 191,67 220,81 233,50 232,00 77 82 105 103
quanto maior o módulo de elasticidade do material, maior é sua tensão, mas o mesmo
não se aplica para o solo argiloso não drenado devido ao coeficiente de Poisson.
A pressão de contato nos solos residuais de arenito, ilustrados na Figura 44,
é maior para placas menos espessas, já quando se compara com as placas mais
espessas, os valores de pressão diminuem, e o mesmo ocorre para os solos argilosos.
Na Figura 44, verifica-se que em placas espessas a influência pelo aumento
de aplicação da carga é menor (retas menos inclinadas). Para solos argilosos drenado
e não drenado, devido ao coeficiente de Poisson observa-se uma grande diferença
nas tensões obtidas. Ainda em solos argilosos constata-se que com o aumento da
espessura da placa as tensões tendem a se homogeneizar, visto que na Figura 44 as
retas passam a ficar mais próximas com o aumento da espessura da placa. No solo
residual de arenito, devido a diferença de módulos de elasticidade ser tão baixa e
possuir o mesmo coeficiente de Poisson, as tensões praticamente coincidem.
c) Recalque interface
Figura 46– Recalque na interface máxima entre o solo e a placa em placas de 5 metros de
comprimento nas zonas influência dos carregamentos
-0,06
-0,07
-0,08
-0,09
-0,1 25cm
-0,11 50cm
-0,12 100cm
-0,13
-0,14
CARGA APLICADA (kN)
Para o solo residual de arenito, da Figura 47, com e=0,7, e, portanto, menos
rígido, verifica-se uma tendência de comportamento similar ao que se obteve no solo
com e=0,6. No entanto, os recalques são levemente maiores que na situação anterior.
Já para o solo argiloso mostrado na Figura 47, a distância entre os materiais ocorre
muito mais pelo coeficiente de Poisson do que pelo módulo de elasticidade. Assim,
ainda na Figura 47, em placas espessas a influência pelo aumento de aplicação da
carga é menor (retas menos inclinadas).
82
Figura 48– Recalque na interface máxima entre o solo e a placa em placas de 10 metros de
comprimento nas zonas influência dos carregamentos
P1 P2 P1
0
-0,01
-0,02
-0,03
RECALQUE (m)
-0,04
-0,05
-0,06 25cm
-0,07 50cm
-0,08
100cm
-0,09
-0,1
-0,11
Argila Argila Argila
Argila Argila Argila
não e=0,7 não e=0,7 não e=0,7
Drena e=0,6 Drena e=0,6 Drena e=0,6
Drena E= Drena E= Drena E=
da E= E=40 da E= E=40 da E= E=40
da E= 36MP da E= 36MP da E= 36MP
5,23M MPa 5,23M MPa 5,23M MPa
6,257 a 6,257 a 6,257 a
Pa Pa Pa
MPa MPa MPa
150kN 150kN 150kN 150kN 300kN 300kN 300kN 300kN 150kN 150kN 150kN 150kN
25cm -0,063 -0,016 -0,009 -0,010 -0,103 -0,049 -0,015 -0,017 -0,063 -0,016 -0,009 -0,010
50cm -0,059 -0,017 -0,008 -0,010 -0,096 -0,043 -0,015 -0,016 -0,059 -0,017 -0,008 -0,010
100cm -0,054 -0,016 -0,008 -0,008 -0,083 -0,043 -0,012 -0,014 -0,054 -0,016 -0,008 -0,008
4.1.3. Tendências
Solo Equação
Argila Drenada 𝑦 = 307. 𝑃. 𝑥 −0,93
Argila não drenada 𝑦 = 385. 𝑃. 𝑥 −0,98
e=0,7 𝑦 = 355. 𝑃. 𝑥 −1,07
e=0,6 𝑦 = 355. 𝑃. 𝑥 −1,08
Fonte: Autor (2016).
c) Recalque Interface.
Observando a Figura 53, verifica-se que no solo residual de arenito com e=0,7
a uma profundidade de aproximadamente 75 centímetros apresenta deformações
homogêneas, com o aumento da espessura e, a partir desta profundidade percebe-se
um bulbo de deformação bem definido.
Logo, a uma profundidade de aproximadamente 75 centímetros tem-se
concentração de deformações em placas esbeltas. Estas concentrações são menos
claras em placas mais espessas, ou seja, placas rígidas homogeneízam as
deformações, mas não mudam a magnitude das deformações máximas.
Observando os resultados da placa sobre o solo residual de arenito com
e=0,7, verifica-se que o comportamento das deformações no contato solo-estrutura é
diferente no que se observa no solo e=0,6. Isto ocorre devido ao solo residual de
arenito com e=0,6 ser mais rígido do que o solo com e=0,7.
91
e=0,6, placa 25cm, P1P1 e=0,6, placa 25cm, P2P2 e=0,6, placa 50cm, P1P1 e=0,6, placa 50cm, P2P2
92
Figura 53 (continuação)
e=0,7, placa 25cm, P1P1 e=0,7, placa 25cm, P2P2 e=0,7, placa 50cm, P1P1 e=0,7, placa 100cm, P2P2
Figura 54 – (continuação)
Drenado Drenado Drenado
placa 25cm, P1P1 placa 50cm, P1P1 placa 50cm, P2P2
Argila não drenada, placa 25cm, P1P1 Argila drenada, placa 25cm, P1P1
Argila não drenada, placa 50 cm, P1P1 Argila drenada, placa 50cm, P1P1
Argila não drenada, placa 100cm, P1P1 Argila drenada, placa 50cm, P2P2
101
1,80%
1,60%
1,40%
1,20%
DEFORMAÇÃO
1,00%
0,80%
0,60%
0,40%
0,20%
0,00%
Argila Argila não Argila Argila não
e=0,6 E= e= 0,7 E= e=0,6 E= e= 0,7 E=
Drenada E= Drenada E= Drenada E= Drenada E=
40MPa 36MPa 40MPa 36MPa
5,23MPa 6,257MPa 5,23MPa 6,257MPa
150kN 150kN 150kN 150kN 300kN 300kN 300kN 300kN
25cm 0,009 0,0077 0,0013 0,0013 0,0089 0,0026 0,0026
50cm 0,009 0,0077 0,0013 0,0013 0,0179 0,0089 0,0026 0,0026
100cm 0,0051 0,0013 0,0013 0,0026 0,0026
Na Figura 58, verifica-se que os materiais com maior módulo de elasticidade, tendem
a gerar maiores valores de pressão no contato solo-estrutura. Contudo, a tendência
se inverte para o solo argiloso em condição não drenada, quando comparado com o
solo argiloso em condição drenada, tal fato ocorre devido o coeficiente de Poisson
deste material ser diferente.
Na Figura 58, nota-se que com o aumento da espessura da placa e a baixos
módulos de elasticidade, as tensões de contato tendem a se estabilizar, ou seja,
tornando-se homogêneas. No solo argiloso em condição drenada, não foi possível
obter alguns valores de tensão, isto ocorreu devido o programa não atingir
convergência na solução do problema.
450
400
350
300
PRESSÃO (kPa)
250
200
150
100
50
0
Argila Argila não Argila Argila não
e=0,6 E= e= 0,7 E= e=0,6 E= e= 0,7 E=
Drenada E= Drenada E= Drenada E= Drenada E=
40MPa 36MPa 40MPa 36MPa
5,23MPa 6,257MPa 5,23MPa 6,257MPa
150kN 150kN 150kN 150kN 300kN 300kN 300kN 300kN
25cm 106,7 66,8 215,3 121,7 67,3 347,9 145,7
50cm 111 66,3 267,5 128,5 124 71,9 393,9 147,9
100cm 66,4 302,4 131 418,3 147,2
4.2.3. Tendências
2,00%
Argila Drenada 150kN
1,80% Argila não Drenada 150kN
1,60% e=0,6 150kN
e=0,7 150kN
1,40%
Argila Drenada 300kN
DEFORMAÇÃO
1,20%
Argila não Drenada 300kN
1,00% e=0,6 300kN
e=0,7 300kN
0,80%
0,60%
0,40%
0,20%
0,00%
0 25 50 75 100 125
ESPESSURA DA PLACA (cm)
450
400
350
Argila Drenada 150kN
300
PRESSÃO (kPa)
50 e=0,7 300kN
0
0 25 50 75 100 125
ESPESSURA DA PLACA (cm)
0,018
0,016
0,014
0,012
ELPLA
0,01
0,008
0,006
0,004
0,002
0
0 0,003 0,006 0,009 0,012 0,015 0,018 0,021 0,024 0,027 0,03 0,033
SIGMA/W
Legenda:
SIGMA/W - ELPLA
Material P1 P2
25 50 100 25 50 100
Argila Drenada
Argila não drenada
e=0,6
e=0,7
Foi possível verificar na Figura 61, que os resultados obtidos pelo programa
ELPLA para solos residuais de arenito com índice de vazios 0,6 e 0,7, permaneceram
constantes com o aumento da espessura da placa e dos carregamentos. Já no
SIGMA/W as deformações para estes materiais diminuem com o aumento da
espessura, ou seja, no programa SIGMA/W aumentando ou diminuindo a carga
aplicada para cada espessura, o valor da deformação será proporcional (típico de
modelos lineares elásticos).
400
350
300
250
ELPLA
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000
SIGMA/W
Legenda:
SIGMA/W - ELPLA
Material COR P1 P2
25 50 100 25 50 100
Argila Drenada AZUL
Argila não drenada LARANJA
e=0,6 CINZA
e=0,7 AMARELO
5. CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, foi possível concluir que os
solos estudados apresentam similaridade de comportamento (padrões) nas
deformações e tensões no contato solo-estrutura.
Os resultados obtidos no programa SIGMA/W mostraram que o aumento de
deformação está muito mais relacionado com o solo de fundação do que com o
aumento da espessura da placa. É possível observar que em placas esbeltas, os
carregamentos variáveis promovem deformações menores que as medidas nas
placas com cargas uniformes, até porque a área das placas em que se avaliou os
efeitos de carregamentos variáveis é maior. Através dos resultados de deformação
obtidos pelo programa SIGMA/W, conclui-se que as deformações em solos argilosos
sedimentares são maiores do que as deformações apresentadas nos solos residuais
de arenito, em virtude do menor módulo de elasticidade.
As pressões no contato solo-placa, obtidas no programa SIGMA/W,
apresentam comportamento similares aos obtidos pelas deformações. Constata-se
ainda que quanto maior o módulo de elasticidade do solo, maiores serão as tensões
de contato. Nas deformações esta tendência se inverte. Para o solo argiloso não
drenado, por possuir alto coeficiente de Poisson, as tensões são mais elevadas do
que as apresentadas pelos demais materiais.
Foi observado que com o aumento da espessura da placa os recalques
máximos obtidos diminuem devido à rigidez da placa. Ainda é possível concluir que o
aumento da carga aplicada irá contribuir de forma expressiva nos recalques, mas o
módulo de elasticidade do solo também influencia os recalques de forma relevante. O
comportamento de placas sobre solos residuais de arenito e solos argilosos, em
termos de tensões e deformações, mostra similaridade, tendendo a convergir quando
empregadas placas espessas.
Ainda no programa SIGMA/W, foram ajustadas equações que descrevem as
tendências de comportamento verificadas nas análises. Estas equações são
113
específicas para cada tipo de solo, e foram utilizadas como forma de parametrizar os
resultados. Vale ressaltar, que estas tendências são exclusivas para este problema.
No programa ELPLA, observou-se que ao aumentar a espessura da placa não
houveram mudanças nas máximas deformações e tensões, com exceção do solo
residual de arenito com e=0,6.
No ELPLA o padrão de distribuição de tensões obedece mais a rigidez da
placa do que a magnitude da carga (P) aplicada. Contudo, observou-se que o módulo
de elasticidade controla a deformação. Também é possível constatar que os padrões
de distribuição das tensões de contato não são afetados exatamente pelo solo, mas
sim, pelas propriedades da placa.
Nos solos residuais de arenito, constatou-se que as deformações obtidas
possuem comportamentos diferentes das tensões de contato e isto ocorre em razão
do módulo de elasticidade. Foi possível perceber que tanto a tensão de contato
máxima, quanto as deformações máximas se concentram nas bordas da placa. Isto
ocorre devido o programa ELPLA realizar análises para placas rígidas.
Ao comparar os resultados alcançados nos softwares, foi possível observar
que as deformações obtidas são maiores no programa SIGMA/W devido, o mesmo,
realizar análises em placas flexíveis.
Assim, com a diferença de aplicação de cada programa, e apesar das
limitações geradas pelo uso das versões estudantis dos mesmos, conclui-se que o
módulo de elasticidade, assim como a espessura da placa e coeficiente de Poisson,
são parâmetros significantes para este estudo, pois comandam o comportamento
exibido pelo solo e placa em interação. Logo, para obter uma melhor análise do
comportamento de radiers é fundamental estabelecer parâmetros para que o uso
destes modelos possa refletir a realidade.
Ao dimensionar o radier como rígido, o mesmo deve se manter nestas
condições pois o seu comportamento em placas flexíveis mostram-se distintos. Assim,
radiers dimensionados como placas rígidas devem ser executados a fim de obter
dimensões que possam conduzir a este comportamento.
114
REFERÊNCIAS
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(Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil,
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