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1

ALAN RÔMULO SILVA QUEIROZ

ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS


ELÉTRICOS EM UNIDADES OFFSHORE DE PRODUÇÃO DE
PETRÓLEO E GÁS BASEADA NA FILOSOFIA DE OPERAÇÕES
INTEGRADAS

São Paulo
2016
ALAN RÔMULO SILVA QUEIROZ

ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS


ELÉTRICOS EM UNIDADES OFFSHORE DE PRODUÇÃO DE
PETRÓLEO E GÁS BASEADA NA FILOSOFIA DE OPERAÇÕES
INTEGRADAS

Tese apresentada à Escola Politécnica da


Universidade de São Paulo para obtenção
do titulo de Doutor em Ciências.

Área de Concentração:

Sistemas de Potência

Orientador:

Prof. Dr. Eduardo César Senger

São Paulo
2016
FICHA CATALOGRÁFICA

Queiroz, Alan Rômulo Silva


Estratégia de manutenção de equipamentos elétricos em unidades
offshore de produção de petróleo e gás baseada na filosofia de operações
integradas / A. R. S. Queiroz -- São Paulo, 2016.
204 p.

Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.


Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas.

1.Manutenção 2.Operações integradas 3.Manutenção centrada em


confiabilidade 4.Processos de trabalho I.Universidade de São Paulo. Escola
Politécnica. Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas
II.t.
DEDICATÓRIA

À minha esposa Luciene Queiroz, pelo


amor, compreensão, companheirismo e
constante apoio.
Ao meu filho Miguel Queiroz, pela
benção da paternidade e por todas as
alegrias compartilhadas.
À minha mãe Silvania Abreu, pelos
valores que me foram transmitidos e
incentivo pela educação.
À minha irmã Renata Queiroz, pela
amizade e momentos de descontração.
AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo simples dom da vida.


À Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, por me proporcionar uma
evolução profissional e acadêmica.
Ao professor e orientador Dr. Eduardo César Senger, pela confiança
demonstrada, amizade, orientação e apoio para o desenvolvimento desta tese.
Aos amigos e líderes Fábio Roberto Braga da Rocha, José Alfredo Pinheiro
Gomes Ferreira e Marcus Vinícius da Silva Neves, pelas oportunidades
oferecidas, confiança demonstrada e por todos os conhecimentos
compartilhados que contribuíram para minha formação profissional.
Aos líderes Osvaldo Kawakami e José Marcelo Luvizotto, pelo exemplo e
conduta profissional.
Ao amigo Maurício Figueiredo de Oliveira, pelos conhecimentos
compartilhados, solidariedade, apoio e momentos de descontração.
Ao engenheiro John Moubray, por consolidar o conhecimento relativo à
manutenção centrada em confiabilidade, e ao engenheiro François Monchy,
pelos conceitos e definições da função manutenção.
À todos os colegas, professores e amigos que colaboraram direta ou
indiretamente para a realização deste trabalho.
RESUMO

A função Manutenção é extremamente relevante para garantir o


cumprimento do planejamento da produção de óleo e gás natural de uma
unidade marítima de produção, pois impacta diretamente na eficácia do
processo produtivo. Quando se trata de uma instalação offshore, a manutenção
passa a ser ainda mais importante, pois falhas em equipamentos e sistemas
industriais podem, além de causar perdas econômicas, causar graves
acidentes às pessoas e ao meio ambiente. Gerir a manutenção de uma planta
industrial flutuante, localizada a 300 quilômetros da costa, como no caso
daquelas localizadas nos campos do pré-sal brasileiro, é uma tarefa que requer
a aplicação das técnicas mais modernas de gerenciamento de manutenção e
processos de trabalho ágeis e dinâmicos para garantir o suporte técnico
adequado a partir de instalações localizadas em ambientes onshore.

Neste contexto, esta tese tem como objetivo avaliar e propor uma
metodologia para definição da estratégia de manutenção a ser implementada
em novas unidades de produção de petróleo e gás natural destinadas a operar
em ambiente offshore. Esta metodologia, pautada na manutenção centrada em
confiabilidade, tem como objetivo garantir que a estratégia de manutenção,
além de garantir a máxima disponibilidade e eficiência dos equipamentos e
sistemas, também seja compatível com a filosofia das Operações Integradas,
recentemente desenvolvida pela indústria norueguesa de exploração e
produção de petróleo para otimizar a produção de seus campos que já estão
em fase de amadurecimento.

Dessa forma, este trabalho contribuirá para que, com base na


metodologia proposta para definição da estratégia de manutenção, novas
plataformas de petróleo e gás natural possam operar com ainda mais
segurança e eficiência, garantindo o melhor aproveitamento possível das
reservas de petróleo. Este trabalho inclui uma análise de custos simplificada
para os estudos de caso propostos, não fazendo parte do escopo do trabalho
uma análise de custos detalhada para toda instalação.

Palavras-chave: Manutenção, Operações Integradas, Manutenção Centrada


em Confiabilidade, Processos de Trabalho.
ABSTRACT

Maintenance strategy is extremely important to guarantee the oil and gas


production of an offshore unit and impacts directly on the efficacy of the
production process. Maintenance is even more important in offshore units
because equipment failures can result in serious accidents, environmental
damage and economic losses. Deal with maintenance of industrial floating
plants located 300 kilometers from the coast, as those located in the Brazilian
pre-salt fields, is a hard task that requires the application of the most modern
techniques of maintenance management and dynamic work processes in order
to ensure adequate technical support from facilities located in onshore
environments.

This thesis aims to evaluate and propose a methodology for defining the
maintenance strategy to be implemented in new oil and gas production facilities
designed to operate in offshore environment. This methodology is based on
reliability centered maintenance and aims to ensure that maintenance strategy
results in maximum availability and efficiency of equipment and systems. The
methodology is also compatible with the philosophy of Integrated Operations
recently developed by Norwegian petroleum industry to optimize the production
from their mature oil fields.

The results of this work contribute for more safety and efficient
operations in order to maximize the utilization of oil and gas reserves. This work
includes a simplified cost analysis for the proposed case studies. A detailed
cost analysis for the entire installation is not part of the scope.

Keywords: Maintenance, Integrated Operations, Reliability-Centered


Maintenance, Work Processes.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Evolução da visão da falha (adaptado de [1]) ................................. 22


Figura 2 – Evolução da manutenção (adaptado de [3]) .................................... 24
Figura 3 – Curva P-F (adaptado de [1]) ............................................................ 28
Figura 4 – Incerteza na classificação de defeito ou falha (adaptado de [29]) ... 29
Figura 5 – Técnicas de manutenção (adaptado de [31]) .................................. 30
Figura 6 – 17 Práticas de Gestão do SGSO (extraído de [57]) ........................ 38
Figura 7 – Curva da banheira/ciclo de vida de equipamento (extraído de [70]) 44
Figura 8 – Curva da banheira detalhada (adaptado de [72]) ............................ 45
Figura 9 – Padrões de idade-confiabilidade para equipamentos não estruturais
de aeronaves (adaptado de [78]) ..................................................................... 47
Figura 10 – Concepções de manutenção (adaptado de [1]) ............................ 48
Figura 11 – Comportamento de um componente reparável ao longo do tempo
(extraído de [65]) .............................................................................................. 51
Figura 12 – Sistema série de N blocos (adaptado de [83]) .............................. 54
Figura 13 – Sistema paralelo de N blocos (adaptado de [83]).......................... 54
Figura 14 – Expressão matemática de uma configuração série. ...................... 56
Figura 15 – Cálculo de confiabilidade realizado pelo software Blocksim. ........ 58
Figura 16 – Curva de confiabilidade gerada pelo software Blocksim. ............. 58
Figura 17 – Cálculo de taxa de falha realizado pelo software Blocksim. .......... 59
Figura 18 – Cálculo do tempo médio para falha realizado pelo software
Blocksim. .......................................................................................................... 60
Figura 19 – Processo de MCC (adaptado de [90]) ........................................... 62
Figura 20 – Produção de petróleo na Noruega desde a década de 80 (adaptado
de [93]) ............................................................................................................. 66
Figura 21 – Processos de trabalho convencionais e processos de trabalho das
Operações Integradas (adaptado de [97]) ........................................................ 67
Figura 22 – Principais processos de trabalho que necessitam de mudanças
para aplicação da metodologia de Operações Integradas (adaptado de [100]) 68
Figura 23 – Processos G1 e G2 (adaptado de [95]) ......................................... 70
Figura 24 – Relação entre as unidades offshore e onshore em uma prática
tradicional (adaptado de [100]) ......................................................................... 71
Figura 25 – Relação entre as unidades offshore e onshore na geração G1
(adaptado de [100]) .......................................................................................... 72
Figura 26 – Ambientes colaborativos em tempo real (adaptado de [101]) ....... 72
Figura 27 – Relação entre as unidades offshore e onshore na geração G2
(adaptado de [100]) .......................................................................................... 73
Figura 28 – Fases de um empreendimento de Capital (extraído de [106]) ...... 75
Figura 29 – Ilustração de tipos de plataformas utilizadas no mundo (adaptado
de [111]) ........................................................................................................... 81
Figura 30 – Fotografia do FPSO P-54 (extraído de [112]) ................................ 81
Figura 31 – Diagrama unifilar de plataforma FPSO (adaptado de [110]) ......... 84
Figura 32 – Macrofluxo do processo de Manutenção ....................................... 89
Figura 33 – Ilustração de hierarquia de equipamentos (extraído de [108]) ...... 91
Figura 34 – Taxonomia da NBR ISO 14224 (extraído de [114]) ....................... 93
Figura 35 – Fronteira para motores elétricos (extraído de [114]) ..................... 95
Figura 36 – Diagrama unifilar do sistema de distribuição principal................... 99
Figura 37 – Diagrama típico do cubículo de entrada. ..................................... 100
Figura 38 – Algoritmo para obtenção do valor qualitativo da criticidade dos
equipamentos. ................................................................................................ 107
Figura 39 – Periodicidade da manutenção em função da criticidade e taxa de
falhas. ............................................................................................................. 110
Figura 40 – Modelo de FMEA proposto. ......................................................... 112
Figura 41 – Árvore de falhas para motor elétrico. .......................................... 118
Figura 42 – Coletor portátil de vibração e temperatura .................................. 121
Figura 43 – Transmissão via bluetooth dos dados coletados de vibração e
temperatura .................................................................................................... 121
Figura 44 – Transmissão dos dados entre o PDA e o banco de dados. ........ 122
Figura 45 – Equipamento para medição contínua de descargas parciais
(extraído de [146]) .......................................................................................... 126
Figura 46 – Esquema de ligação (adaptado de [145]) .................................... 126
Figura 47 – Árvore de falhas para gerador elétrico. ....................................... 130
Figura 48 – Árvore de falhas para relé de proteção. ...................................... 136
Figura 49 – Integração do sistema de proteção entre o ambiente offshore e o
ambiente onshore........................................................................................... 141
Figura 50 – Árvore de falhas para disjuntor a vácuo. ..................................... 145
Figura 51 – Câmara de vácuo (extraído de [159]) .......................................... 147
Figura 52 – Curva de manutenção do disjuntor (extraído de [160]) ............... 148
Figura 53 – Relatório de monitoramento do disjuntor (extraído de [160]). ..... 149
Figura 54 – Indicador de desgaste de disjuntor a vácuo (extraído de [162]). . 150
Figura 55 – Configuração radial com um gerador .......................................... 153
Figura 56 – Requisitos operacionais – configuração radial com um gerador . 154
Figura 57 – Diagrama de blocos – configuração radial com um gerador ....... 154
Figura 58 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção
preventiva - configuração em série ................................................................ 156
Figura 59 – Configuração com dois geradores em paralelo ........................... 157
Figura 60 – Requisitos operacionais – configuração radial com um gerador . 158
Figura 61 – Diagrama de blocos – configuração com dois geradores em
paralelo .......................................................................................................... 158
Figura 62 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção
preventiva - configuração em paralelo ........................................................... 160
Figura 63 – Configuração k-de-n, sendo k=1 e n=3 ....................................... 161
Figura 64 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=1 e n=3 162
Figura 65 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=1 e n=3 .... 163
Figura 66 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção
preventiva - configuração 1 de 3 .................................................................... 164
Figura 67 – Configuração k-de-n, sendo k=2 e n=3 ....................................... 165
Figura 68 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=2 e n=3 166
Figura 69 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=2 e n=3 .... 167
Figura 70 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção
preventiva - configuração 2 de 3 .................................................................... 168
Figura 71 – Configuração k-de-n, sendo k=2 e n=4 ....................................... 169
Figura 72 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=2 e n=4 170
Figura 73 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=2 e n=4 .... 171
Figura 74 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção
preventiva - configuração 2 de 4 .................................................................... 172
Figura 75 – Configuração k-de-n, sendo k=3 e n=4 ....................................... 173
Figura 76 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=3 e n=4 174
Figura 77 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=3 e n=4 .... 175
Figura 78 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção
preventiva - configuração 3 de 4 .................................................................... 176
Figura 79 – Comparativo de disponibilidade. ................................................. 177
Figura 80 – Comparativo de produção ........................................................... 178
Figura 81 – Comparativo de receita ............................................................... 178
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução das expectativas e técnicas da manutenção (adaptada de


[1]). ................................................................................................................... 23
Tabela 2: Características das distribuições de probabilidades (adaptada de
[72]). ................................................................................................................. 46
Tabela 3: Classificação geral de consequências (adaptado de [108]). ............ 78
Tabela 4: Configuração x Capacidade instalada .............................................. 86
Tabela 5: Periodicidades adotadas através do método tradicional. ................. 87
Tabela 6: Exemplos taxonômicos (extraído de [114]). ..................................... 94
Tabela 7: Classificação por tipo para motores elétricos (extraído de [114]). .... 96
Tabela 8: Subdivisão de motores elétricos (extraído de [114])......................... 96
Tabela 9: Características técnicas de motores elétricos (extraído de [114]). ... 97
Tabela 10: Modelo de hierarquização para o painel DP DJ-E01. ................... 101
Tabela 11: Critérios considerados para cálculo da criticidade........................ 102
Tabela 12: Exemplo de aplicação do critério de Mudge ................................. 104
Tabela 13: Matriz para hierarquização dos critérios de criticidade ................. 104
Tabela 14: Importância dos critérios avaliados. ............................................. 105
Tabela 15: Peso dos estados para os critérios de criticidade dos equipamentos
(adaptado de [117]) ........................................................................................ 106
Tabela 16: Análise de modos de falha para motores elétricos. ...................... 116
Tabela 17: Resumo por local da falha/defeito – motor elétrico....................... 118
Tabela 18: Análise de modos de falha para geradores elétricos. ................... 128
Tabela 19: Resumo por local da falha/defeito – gerador elétrico. .................. 130
Tabela 20: Análise de modos de falha para relés de proteção....................... 134
Tabela 21: Resumo por local da falha/defeito – relé de proteção. ................. 136
Tabela 22: Análise de modos de falha para um disjuntor a vácuo. ................ 143
Tabela 23: Resumo por local da falha/defeito – disjuntor a vácuo. ................ 145
Tabela 24: Dados considerados para simulação. ........................................... 155
Tabela 25: Caso 1 – Resultados obtidos. ....................................................... 156
Tabela 26: Dados considerados para simulação. ........................................... 159
Tabela 27: Caso 2 – Resultados obtidos. ....................................................... 160
Tabela 28: Caso 3 – Resultados obtidos. ....................................................... 163
Tabela 29: Caso 4 – Resultados obtidos. ....................................................... 167
Tabela 30: Caso 5 – Resultados obtidos. ....................................................... 171
Tabela 31: Caso 6 – Resultados obtidos. ....................................................... 175
Tabela 32: Resumo dos ganhos obtidos com a aplicação da metodologia
proposta. ........................................................................................................ 179
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
CAPEX Capital Expenditure
CMMS Computerized Maintenance Management System
DOU Diário Oficial da União
EIA U.S. Energy Information Administration
ERP Enterprise Resource Planning
E&P Exploração e Produção
FMEA Failure Modes and Effects Analysis
FMECA Failure Modes, Effects and Criticality Analysis
FPSO Floating, Production, Storage and Offloading
FTA Fault Tree Analysis
IEC International Electrotechnical Commission
IED Intelligent ElectricalDevice
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
IP Ingress Protection
MCC Manutenção Centrada em Confiabilidade
MPT Manutenção Produtiva Total
MTBF Mean Time Between Failures
MTTF Mean Time to Failure
MTTR Mean Time to Repair
NBR Norma Brasileira
NORMAM Normas da Autoridade Marítima
NR Norma Regulamentadora
OPEX Operational Expenditure
OREDA Offshore Reliability Data
PDA Portable Digital Assistant
SGSO Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional
TC Transformador de corrente
TP Transformador de potencial
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 16
2 MANUTENÇÃO INDUSTRIAL .................................................................... 19
2.1 A evolução da manutenção industrial ......................................................... 19
2.2 Conceitos básicos de manutenção ............................................................. 25
2.2.1 Definições sobre manutenção ..................................................................... 25
2.2.2 Defeito e Falha ............................................................................................ 27
2.3 Tipos de manutenção.................................................................................. 30
2.3.1 Manutenção Corretiva ................................................................................. 31
2.3.2 Manutenção Preventiva .............................................................................. 32
2.3.3 Manutenção de Primeira Linha ................................................................... 34
2.4 Requisitos legais e normativos ................................................................... 35
2.4.1 Normas Regulamentadoras ........................................................................ 35
2.4.2 ANP............................................................................................................. 37
2.4.3 NORMAM .................................................................................................... 39
3 CONCEITOS DE CONFIABILIDADE .......................................................... 40
3.1 Conceitos Iniciais ........................................................................................ 40
3.2 Componentes não reparáveis ..................................................................... 41
3.3 Componentes reparáveis ............................................................................ 50
3.4 Modelos combinatórios ............................................................................... 53
3.5 Software para simulação ............................................................................. 55
4 A MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE .............................. 62
4.1 Manutenção Centrada em Confiabilidade e seus atributos ......................... 62
5 OPERAÇÕES INTEGRADAS ..................................................................... 65
5.1 Conceitos e motivações .............................................................................. 65
5.2 Processos chaves e fatores de sucesso ..................................................... 68
5.3 Práticas existentes e futuras ....................................................................... 69
5.3.1 Práticas tradicionais .................................................................................... 70
5.3.2 Processos da Geração G1 .......................................................................... 71
5.3.3 Processos da Geração G2 .......................................................................... 73
5.4 Ganhos econômicos estimados .................................................................. 74
6 ETAPAS DE PROJETO E REQUISITOS RELACIONADOS À
MANUTENÇÃO .......................................................................................... 75
6.1 Fases de implantação de um projeto .......................................................... 75
7 PLATAFORMA TÍPICA PARA PRODUÇÃO OFFSHORE DE
PETRÓLEO E GÁS .................................................................................... 80
7.1 Tipos de Plataformas .................................................................................. 80
7.2 Detalhes sobre a instalação considerada no trabalho ................................. 85
8 ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO PROPOSTA ........................................ 88
8.1 Fase 5 – Diretrizes e Regulamentos ........................................................... 88
8.2 Fases 6, 7 e 8 – Estratégia de Manutenção ................................................ 90
8.2.1 Hierarquização dos Ativos .......................................................................... 90
8.2.1.1 Exemplo de hierarquização ......................................................................... 98
8.2.2 Criticidade dos equipamentos ................................................................... 102
8.2.3 Definição da periodicidade da manutenção preventiva ............................. 108
8.2.4 Manutenção baseada na condição ........................................................... 110
8.2.5 Definição da estratégia de manutenção .................................................... 111
8.3 Análise por classe de equipamentos......................................................... 115
8.3.1 Motores elétricos ....................................................................................... 115
8.3.1.1 Etapa 1...................................................................................................... 115
8.3.1.2 Etapa 2...................................................................................................... 118
8.3.1.3 Etapa 3...................................................................................................... 119
8.3.2 Gerador elétrico ........................................................................................ 127
8.3.2.1 Etapa 1...................................................................................................... 127
8.3.2.2 Etapa 2...................................................................................................... 130
8.3.2.3 Etapa 3...................................................................................................... 131
8.3.3 Relés de proteção microprocessados ....................................................... 133
8.3.3.1 Etapa 1...................................................................................................... 133
8.3.3.2 Etapa 2...................................................................................................... 136
8.3.3.3 Etapa 3...................................................................................................... 136
8.3.4 Disjuntores a vácuo – média tensão ......................................................... 142
8.3.4.1 Etapa 1...................................................................................................... 142
8.3.4.2 Etapa 2...................................................................................................... 145
8.3.4.3 Etapa 3...................................................................................................... 145
9 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ............................. 151
9.1 Metodologia e premissas para simulação ................................................. 151
9.2 Caso 1 – Configuração radial com um gerador ......................................... 153
9.3 Caso 2 – Dois geradores em paralelo ....................................................... 157
9.4 Caso 3 – arranjo k-de-n, sendo k=1 e n=3 ................................................ 161
9.5 Caso 4 – arranjo k-de-n, sendo k=2 e n=3 ................................................ 164
9.6 Caso 5 – arranjo k-de-n, sendo k=2 e n=4 ................................................ 168
9.7 Caso 6 – arranjo k-de-n, sendo k=3 e n=4 ................................................ 172
10 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................... 177
10.1 Recomendações para trabalhos futuros ................................................... 181
11 REFERÊNCIAS......................................................................................... 182
12 ANEXOS ................................................................................................... 199
12.1 ANEXO A: Item 16.4 da NR-30 (Anexo II) ................................................ 199
12.2 ANEXO B: SGSO - Prática de Gestão Nº 13: Integridade Mecânica ........ 201
12.3 ANEXO C: SGSO - Prática de Gestão Nº 11: Elementos Críticos de
Segurança Operacional ............................................................................ 203
16

1 INTRODUÇÃO

A manutenção industrial sempre teve uma importância estratégica para


garantir o cumprimento das metas de produção de qualquer empresa. Na
indústria de Óleo e Gás não é diferente. A manutenção é relevante para que os
requisitos de segurança, meio ambiente e econômico sejam plenamente
atendidos. Contudo, na grande maioria dos casos, a definição de uma
estratégia de manutenção é decorrente da experiência de um grupo de
pessoas, podendo ter como resultado planos de manutenção carregados de
tarefas, que não necessariamente estão relacionadas com os modos de falha
do equipamento que se deseja manutenir.

O cenário de uma instalação offshore apresenta ainda uma série de


particularidades que devem ser consideradas na concepção de uma estratégia
de manutenção, tais como logística complexa, limitação física de almoxarifados
de bordo, limitação da quantidade de recursos humanos, alta complexidade da
planta industrial, elevada regulamentação legal, entre outros fatores.

Com o objetivo de otimizar o processo de manutenção de uma unidade


offshore de produção de petróleo e gás natural, este trabalho propõe uma
estratégia de manutenção que atende aos requisitos legais vigentes e as
particularidades de uma instalação marítima, inserida em um novo paradigma
de forma de trabalho, as Operações Integradas, alinhando a estruturação do
processo de manutenção junto às etapas de implantação de um projeto de
capital.

O trabalho é desenvolvido considerando os novos projetos a serem


implantados, devido o atual momento da indústria nacional de Óleo e Gás, que
deverá alavancar sua curva de produção nos próximos anos com a entrada em
operação de diversas unidades, especialmente nos campos localizados no pré-
sal da Bacia de Santos. Contudo, a estratégia proposta nesta tese pode ser
aplicada na revisão da estratégia de manutenção em unidades que já se
encontram em operação.

Dentre as principais contribuições desta tese, estão os procedimentos


propostos para elaboração da hierarquia de equipamentos e definição das
17

tarefas de manutenção com base nos modos de falha dos equipamentos,


sempre com o foco em otimizar o uso dos recursos humanos e materiais a
bordo das plataformas, através do suporte técnico prestado pelas equipes
onshore, na visão das Operações Integradas. Outra contribuição dessa tese é
relacionada ao procedimento proposto para classificação da criticidade de
equipamentos.

Esta metodologia será desenvolvida tendo como premissas a


Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) e a integração da manutenção
na filosofia de Operações Integradas. Ambas as premissas representam o
estado da arte em suas respectivas áreas, cabendo a este trabalho definir o
método adequado para integração das mesmas desde a fase de projeto de
uma unidade offshore, passando pelas etapas intermediárias até o início da
operação, onde os produtos resultantes da aplicação da metodologia proposta
deverão garantir a máxima disponibilidade dos equipamentos e a integração
dos processos de manutenção em um ambiente colaborativo pautado na
filosofia de Operações Integradas.

A estrutura do trabalho obedece à seguinte sequência de capítulos e


evolução dos assuntos:

 O Capítulo 2 aborda os principais conceitos referentes à


manutenção industrial e seu histórico de evolução. São
apresentadas as principais definições sobre manutenção, defeito,
falha e técnicas de manutenção. O capítulo é encerrado com a
apresentação dos principais requisitos normativos que permeiam as
atividades de manutenção.

 O Capítulo 3 trata resumidamente da teoria de Confiabilidade,


contemplando componentes reparáveis, não reparáveis e modelos
combinatórios. Apresenta também as informações básicas acerca do
software utilizado nas simulações realizadas neste trabalho.

 O Capítulo 4 trata da metodologia de Manutenção Centrada em


Confiabilidade, adotada como a metodologia de manutenção mais
adequada para o desenvolvimento desta tese. É apresentado o
resumo histórico e os principais atributos desta metodologia.
18

 O Capítulo 5 apresenta os principais conceitos e motivações para a


implantação das Operações Integradas em empresas que operam
em campos offshore na Noruega e a importância da manutenção
para redução dos custos operacionais dentro dessa filosofia de
trabalho.

 O Capítulo 6 apresenta as principais etapas para implantação de


projetos de capital e sua correlação com a estratégia de
manutenção. Essas etapas também são aplicáveis para projetos de
unidades offshore para produção de óleo e gás natural.

 O Capítulo 7 apresenta os principais tipos de plataforma utilizadas


para produção de petróleo e gás natural no mundo e descreve
resumidamente o sistema elétrico de unidades do tipo FPSO
(Floating, Production, Storage and Offloading). Também são
apresentadas as principais informações acerca da instalação
considerada neste trabalho.

 O Capítulo 8 apresenta a metodologia proposta para definição e


implantação da estratégia de manutenção, bem como as demais
contribuições deste trabalho. A metodologia é estruturada para
implantação da estratégia de manutenção antes do início de
operação de uma plataforma marítima de produção de petróleo e
gás natural, ou seja, ainda na fase projeto, construção e montagem
da unidade.

 O Capítulo 9 apresenta os resultados obtidos através de simulações


considerando o método de manutenção tradicional e o método de
manutenção proposto nesta tese, com o objetivo de identificar e
evidenciar os ganhos obtidos com a aplicação da “Estratégia de
Manutenção de Equipamentos Elétricos em Unidades Offshore de
Produção de Petróleo e Gás Baseada na Filosofia de Operações
Integradas”, título deste trabalho.

 O Capítulo 10 trata das conclusões e recomendações desta tese.


19

2 MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

Neste capítulo são abordados os principais conceitos referentes à


manutenção industrial e o seu histórico de evolução. São apresentadas as
principais definições sobre manutenção, defeito, falha e técnicas de
manutenção. O capítulo é encerrado com a apresentação dos principais
requisitos normativos que permeiam as atividades de manutenção.

2.1 A evolução da manutenção industrial

Ao longo dos últimos trinta anos, a atividade de manutenção sofreu


mudanças na gestão da produção. Essas mudanças devem-se ao aumento do
número e variedade de plantas, à quantidade de equipamentos e instalações
que devem ser mantidos, ao desenvolvimento de projetos de engenharia mais
complexos, às novas técnicas de manutenção e à evolução da organização e
das responsabilidades da manutenção [1].

Moubray [1] destaca que, com essa evolução da gestão da manutenção,


criam-se algumas expectativas sobre essa atividade, tais como: o impacto da
falha de um equipamento na segurança e meio ambiente; a ligação entre
manutenção e qualidade do produto; conseguir uma planta com alta
disponibilidade e com custos reduzidos.

Segundo Moubray [1], a evolução da manutenção pode ser descrita


através de três gerações.

A primeira geração descreve o desenvolvimento da manutenção no


período que antecede a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, a indústria
não era muito mecanizada e a prevenção de falha em equipamentos não era
uma prioridade para os gerentes. Ao mesmo tempo, os equipamentos, em sua
maioria, eram simples e sobreprojetados para as operações que exerciam e
isso os tornavam confiáveis e fáceis de reparar. Por isso não era necessário
uma estruturação sistemática da manutenção além das simples rotinas de
20

limpeza, reparo e lubrificação. A necessidade de capacitação também não era


tão exigida com nos dias atuais [1].

A segunda geração da evolução foi marcada pelas grandes mudanças


causadas pela Segunda Guerra Mundial na indústria, que aumentou a
demanda de bens de todos os tipos e diminuiu a oferta da mão de obra. Por
isso surgiu a necessidade em aumentar a mecanização das operações na
indústria o que levou ao aumento do número de máquinas e suas
complexidades [1].

A indústria começou a ficar, cada vez mais, dependente das máquinas.


A inatividade dessas máquinas começou a preocupar os gerentes, o que levou
à ideia de que as falhas nos equipamentos podiam e deveriam ser prevenidas.
Na década de 1960 surgia o conceito de manutenção preventiva como uma
atividade de reparo nos equipamentos realizada em intervalos fixos de tempo.
Outra consequência gerada pela guerra foi o aumento acentuado dos custos de
manutenção comparado aos custos de operação, o que levou à ideia do
planejamento e controle do sistema de manutenção [1].

Todo o valor do capital gasto com reparos de equipamentos mais o


aumento dos custos com manutenção levaram os gerentes a procurarem
formas de maximizar a vida dos ativos físicos nas empresas.

Ainda segundo Moubray [1], a terceira geração da evolução da


manutenção marca o período que envolve as mudanças que trouxeram mais
dinamismo para as indústrias e que engloba os dias atuais.

A indisponibilidade já era a maior preocupação de diversos setores da


indústria nas décadas de 60 e 70, pois ela sempre afeta a capacidade
produtiva dos ativos reduzindo seu output, aumentando os custos de operação
e interferindo diretamente no atendimento ao cliente. Os efeitos da
indisponibilidade na manufatura estavam mais agravados pelo movimento
mundial em torno dos sistemas just-in-time, nos quais o objetivo era reduzir os
estoques de produtos em processo o que significava que qualquer quebra
poderia parar a produção da planta.

O aumento da mecanização e automação da produção tornam a


confiabilidade e disponibilidade itens fundamentais na maioria dos setores
21

produtivos. Com esse aumento, as falhas começam a afetar cada vez mais os
padrões de qualidade, tanto do produto, como do serviço. As falhas em
equipamentos de automação alteram medições de temperatura, pressão,
dosagem, enfim, fatores que interferem consistentemente nas tolerâncias de
especificação do produto [1]. As falhas também podem impactar questões
relativas à segurança e ao meio ambiente [2].

Em um primeiro momento, a visão de falha era bastante simples. Ao


longo de sua vida, o equipamento tinha uma probabilidade constante de falha
(falha aleatória) e ao final da vida essa probabilidade crescia exponencialmente
correspondendo ao final de sua vida útil. Já na segunda geração, o conceito de
mortalidade infantil, que era a possibilidade do equipamento falhar logo no
princípio de seu funcionamento, gerou uma nova visão de falha que ficou
conhecida como “curva da banheira”. Na terceira geração, após muitas
pesquisas foram descobertos não apenas dois tipos de comportamento e sim
seis tipos de comportamentos predominantes. Essa descoberta causou
profundo efeito na forma de conduzir a manutenção nos equipamentos, visto
que diferentes comportamentos de falha requerem diferentes estratégias de
manutenção [1]. Este trabalho considera apenas equipamentos com taxa de
falha constante.

A figura 1 mostra a visão do comportamento das falhas na vida do


equipamento ao longo das três fases de evolução da manutenção:
22

Figura 1 – Evolução da visão da falha (adaptado de [1])

A partir da terceira geração, foram desenvolvidos diversos conceitos e


técnicas que serviram como ferramentas de apoio para as atividades de
manutenção:

 Novas técnicas de monitoramento da condição do equipamento;

 Projetos com foco em confiabilidade e manutenibilidade;

 Ferramentas de suporte a decisão;

 Análises de risco das atividades de manutenção;

 Análise de modo e efeito da falha;

 Sistemas especializados;

 Organização do trabalho com capacitação de profissionais e


formação de grupos de trabalho.

A tabela 1 resume as principais evoluções das expectativas e técnicas


ao longo do tempo:
23

Tabela 1: Evolução das expectativas e técnicas da manutenção (adaptada de [1]).

Gerações

Primeira Segunda Terceira

- Aumentar a disponibilidade e
confiabilidade da planta;
- Aumentar a
Expectativas

- Maior segurança;
disponibilidade da planta;
- Melhor qualidade do produto;
- Aumentar a vida dos
equipamentos; - Sem danos ao meio ambiente;

- Reduzir os custos. - Aumento da vida útil do


equipamento;
- Melhor custo-benefício.
- Consertar
quando falhar. - Monitoramento da condição;
- Projetos para confiabilidade e
manutenibilidade;
- Programação de reparos;
Técnicas

- Análise de riscos;
- Sistemas de
- Informatização complexa;
planejamento e controle;
- Análises de modos e efeitos de
- Informatização básica.
falha;
- Sistemas especializados;
- Capacitação e grupos de trabalho.

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000

Através desse retrospecto da evolução da manutenção, é possível notar


a mudança do conceito da atividade de manutenção, que a princípio era focada
em restabelecer com mais rapidez possível as condições dos ativos físicos e
passou a se preocupar em prevenir a ocorrência das falhas garantindo a
disponibilidade do equipamento para atender a produção, sempre com a
preocupação em segurança, preservação do meio ambiente e redução de
custos [2].

Wyrebski [3] resume a evolução da manutenção conforme disposto na


figura 2.
24

Figura 2 – Evolução da manutenção (adaptado de [3])

Em relação às metodologias apresentadas na figura 2, as mesmas são


definidas como:

a) MCC - Manutenção Centrada em Confiabilidade

Trata-se de um método estruturado para estabelecer uma estratégia de


manutenção para um dado sistema ou equipamento com base na sua
funcionalidade ou desempenho requerido, identificando os modos de falha e
suas consequências [4]. A metodologia permite selecionar as tarefas
adequadas de manutenção direcionadas para os modos de falha identificados
[5].

b) MPT – Manutenção Produtiva Total

Filosofia de manufatura que enfoca e valoriza o relacionamento efetivo


dos operadores com o equipamento e suas funções, tendo em vista a
eliminação total de perdas [6]. A MPT estimula a participação dos operadores
num esforço de manutenção preventiva e corretiva através da técnica
conhecida como manutenção autônoma [7].
25

Alguns autores apresentam motivações para que seja determinada uma


quarta geração da manutenção. Labib [8] destaca como um diferencial para
essa nova geração os sistemas informatizados auto manuteníveis. Manickam
[9] destaca a tecnologia de informação embarcada nos equipamentos e os
sistemas especialistas como principal item desta nova geração. Para Adamatti
[10], a quarta geração é caracterizada pela gestão de ativos, tendo como base
a norma PAS 55 [11]. Já para Dunn [12], a quarta geração foca na eliminação
da falha, ao invés da predição ou prevenção. Contudo, até o momento não há
na literatura nenhuma evidência concreta e aceita pela comunidade técnica
sobre a quarta geração da manutenção.

2.2 Conceitos básicos de manutenção

2.2.1 Definições sobre manutenção

Wyder [13] descreve que, apesar de intuitiva, a definição de manutenção


é muito diversificada. Os itens seguintes apresentam as principais concepções
sobre o conceito de manutenção, extraídas das principais referências
bibliográficas sobre o assunto.

a) 10 CFR 50.65 [14]:

Um agregado de funções requeridas para preservar ou restaurar a


segurança, confiabilidade e disponibilidade das estruturas das
plantas, sistemas e componentes.

b) ABNT NBR 5462 [15]:

Combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo


as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um
estado no qual possa desempenhar uma função requerida.
26

c) AFNOR NFX 60-010 apud Silva [16]:

A manutenção é um conjunto de ações que permitem manter ou


restabelecer um bem dentro de um estado específico, ou medida para
assegurar um determinado serviço.

d) BS EN 60300-3-14 [17]:

A manutenção é uma combinação de técnicas e medidas


administrativas com a finalidade de conservar um item em seu
estado, ou restabelecer este estado, no qual ele possa realizar uma
determinada função.

Alkaim em [18] descreve que uma das melhores concepções de


manutenção é apresentada por Gits [19] no seu projeto a respeito dos
conceitos de manutenção. O mesmo fundamentou seu trabalho nas referências
de McCall [20], Pierskalla [21], Geraerds [22], Nowlan [23], entre outros
autores. Gits [19] fez a seguinte proposição:

O processo primário numa organização industrial é a produção


no qual a sua entrada primária (material, energia, potência humana) é
transformada na saída da produção primária (o produto desejado).
Este processo de transformação se utiliza de um sistema técnico.

Um sistema técnico é uma coleção de elementos físicos que


preenchem uma função específica. O estado do sistema técnico é a
habilidade física considerada relevante para preenchimento de sua
função. Este estado pode ser alterado por causas externas,
envelhecimento e uso, que conduz inevitavelmente a uma saída de
produção secundária, a demanda da manutenção.

Manutenção é o total de atividades requeridas para manter os


sistemas, ou restaurá-los ao estado necessário para executar a
função de produção.

Conforme constatou Alkaim em [18], independente da definição que se


utilize de manutenção, percebe-se que as definições citadas anteriormente
utilizam a expressão “manter”, “restabelecer”, “conservar”, “restaurar” ou
“preservar” a função requerida do ativo físico de um sistema. Para que o
sistema técnico possa apoiar, preservar e, em última instância aperfeiçoar as
27

metas organizacionais, é necessário conhecimento na forma da correta


aplicação de técnicas e medidas administrativas, o que implica no emprego de
conhecimento técnico, administrativo, organizacional e, especialmente, do
negócio a que o sistema técnico da manutenção apoia [24].

2.2.2 Defeito e Falha

Defeito e falha são dois conceitos relevantes no processo de


manutenção, mas que, em alguns casos, são aplicados erroneamente como
sinônimos [25].

Defeito é qualquer anormalidade em um sistema que não o impossibilite


de permanecer em funcionamento ou disponível para a operação, mas que
afete o grau de confiabilidade e/ou desempenho especificado ou esperado para
esse sistema [26].

Falha é o efeito ou consequência de uma ocorrência acidental em uma


instalação ou equipamento que acarreta sua indisponibilidade operativa em
condições não programadas, impedindo-o de funcionar, e, portanto, de
desempenhar suas funções em caráter permanente ou em caráter temporário
[26].

Luz [27] descreve que conforme o modo de falha evolui no tempo, desde
o seu início, considera-se duas possibilidades: falhas e defeitos. Exemplos de
falhas são um curto-circuito em uma linha de transmissão ou a quebra do bloco
de um motor a explosão. Já defeitos podem ser exemplificados com a alteração
gradual da emissão catódica de um monitor de computador ou o desgaste na
camisa de um cilindro de motor diesel.

Quanto à duração da falha, ela pode ser:

 Temporária (curto-circuito fase-terra ou entre fases, devido uma


causa efêmera);

 Intermitente (mau contato no borne de um relé);

 Permanente (lâmpada ou bobina queimada).


28

As falhas de vários componentes podem, ou não, estar ligadas


casualmente entre si. Se uma falha em um elemento induz falhas em outros,
diz-se que a falha é do tipo Dependente. Por exemplo, um resistor aberto no
circuito anódico de uma válvula pode levar esta à destruição. Uma folga
excessiva no mancal de um motor elétrico pode levar a um roçamento do rotor
na massa estatórica, podendo gerar um curto circuito. Se não houver inter-
relação entre falhas, elas são do tipo Independente [28].

Petrillo [29] destaca que uma das principais diferenças entre defeito e
falha é que a falha impede o sistema de realizar sua função, enquanto que o
defeito não. O autor também destaca que a falha sempre tem um caráter
corretivo, enquanto que o defeito, quando detectado e realizada a manutenção,
possui um caráter preventivo.

Moubray [1] defende o conceito de que o(s) defeito(s) antecede(m) à(s)


falha(s). Para Moubray, a falha potencial (P) equivale à definição de defeito, e
falha funcional (F) corresponde à definição de falha. Por esse motivo a curva
da figura 3 é conhecida como “Curva P-F”.

Figura 3 – Curva P-F (adaptado de [1])

Petrillo [29] destaca que, em alguns casos, classificar uma ocorrência


como defeito ou falha não é uma tarefa trivial, apesar das definições serem
aparentemente bem distintas: falha causa a indisponibilidade da função e
defeito não. Entretanto a classificação precisa de quando um sistema está
29

indisponível para a função ao qual foi concebido (ou seja, em condição de


falha) depende estritamente da definição dessa função, havendo regiões de
incerteza em termos dessa classificação, como ilustra a figura 4. O tamanho
dessa incerteza depende do quão clara é a definição da função do sistema.

Figura 4 – Incerteza na classificação de defeito ou falha (adaptado de [29])

Por exemplo, pode-se definir a função de um transformador de duas


formas:

1. Elevar a tensão de 13,8 kV para 230 kV com potência máxima de


300 MVA;

2. Elevar a tensão de 13,8 kV para 230 kV com potência máxima de


300 MVA e temperatura interna do óleo isolante menor ou igual a 80°
C.

Pela primeira definição, se o transformador estiver convertendo 300


MVA e o sistema de refrigeração encontrar-se inoperante, fazendo com que o
óleo isolante superaqueça (81° C, por suposição), o transformador estará em
um estado de defeito, pois ele continua realizando sua função de elevar a
tensão na potência de 300 MVA, estando, portanto, disponível e operando
dentro das suas especificações. Já se a mesma situação apresentar-se para a
segunda definição, o equipamentos estará em falha, pois a temperatura interna
ultrapassou o limite especificado, não mais realizando a função então definida.

Na prática, Petrillo [29] destaca que nem sempre cada função de um


sistema está devidamente detalhada. Assim, nos casos em que a
inconformidade encontra-se na região nebulosa da Figura 4, um tratamento
pormenorizado pode ser usado para a correta classificação.
30

2.3 Tipos de manutenção

Moubray descreve em [1] que a manutenção é executada nas empresas


como uma combinação de diversas atividades. Essas atividades podem ser
classificadas através de duas abordagens: atividades pró-ativas e atividades
reativas. As atividades pró-ativas são aquelas executadas antes das falhas
ocorrerem, desenvolvendo ações que antecipem sua ocorrência para não
permitir o estado de falha do equipamento. Já as atividades reativas atuam
após a ocorrência da falha do equipamento, desenvolvendo ações para
restabelecer a disponibilidade do equipamento [30].

As atividades de manutenção são realizadas utilizando as técnicas


descritas na figura 5.

Categorias de
Manutenção

Manutenção Manutenção
Preventiva Corretiva

Manutenção Manutenção Manutenção Manutenção


Periódica Baseada na planejada não planejada
Condição

Baseada em Baseada em Monitoramento Inspeção


tempo calendário horímetro contínuo periódica

Figura 5 – Técnicas de manutenção (adaptado de [31])


31

2.3.1 Manutenção Corretiva

A manutenção corretiva é definida pela norma ABNT NBR 5462 [15]


como uma manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane destinada a
recolocar um item em condições de executar uma função requerida.

De acordo com Chapin [32], essas atividades são reativas, destinadas a


correção de falhas funcionais e de desempenho. Para Slack [33], significa
deixar as instalações continuarem a operar até que quebrem. O trabalho de
manutenção é realizado somente após a quebra do equipamento ter ocorrido.

A manutenção corretiva pode ser dividida em duas classes [34]:

 Manutenção corretiva não planejada: correção da falha de maneira


aleatória, ou seja, é a correção da falha (ou desempenho menor que
o esperado) após a ocorrência do fato. Esse tipo de manutenção
implica altos custos, pois causa perdas de produção e a extensão
dos danos aos equipamentos é usualmente maior.

 Manutenção corretiva planejada: correção que se faz em função de


um acompanhamento preditivo, detectivo ou até pela decisão
gerencial de se operar até a falha. Esse tipo de manutenção é
planejada, sendo menos custosa do que uma intervenção corretiva
não planejada.

Monchy [35] observa que, qualquer que seja o tipo de manutenção


adotada, sempre existirá uma parte de falhas que necessitam de ações
corretivas. Belmonte [36] ratifica que a manutenção corretiva não pode ser
totalmente descartada principalmente por existirem falhas aleatórias nos
equipamentos.

Em relação aos custos, de acordo com Wilson [37] uma manutenção não
planejada é, em geral, de duas a três vezes mais cara do que uma manutenção
planejada e, em caso de quebra, o custo pode ser superior a dez vezes.
32

2.3.2 Manutenção Preventiva

Segundo a norma ABNT NBR 5462 [15], a manutenção preventiva é


efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos,
destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do
funcionamento de um item.

Para Singh [38], o principal objetivo da manutenção preventiva é


melhorar a confiabilidade geral do sistema e prevenir repentinas e inesperadas
falhas, que podem ser catastróficas. Contudo, Wongmongkolrit [39] reforça
que, mesmo com a adoção de uma estratégia de manutenção preventiva, não
é possível eliminar totalmente a ocorrência de falhas nos equipamentos. A
própria realização da manutenção preventiva também pode inserir falhas nos
equipamentos, visto que a qualidade da intervenção depende, principalmente,
de aspectos relacionados ao comportamento e capacitação do executante da
manutenção e da qualidade/confiabilidade dos componentes substituídos [40].
Para Gilardoni [41] e Kenne [42], após uma manutenção preventiva, um
equipamento pode estar tão bom quanto um novo, ou em péssimas condições,
como um equipamento degradado.

Para Marcorin [43], o fato de a manutenção preventiva reduzir o risco de


paradas não programadas devido a falhas no equipamento já a coloca como
uma opção melhor do que a manutenção corretiva em máquinas ligadas
diretamente ao processo. O autor também destaca dois pontos: o primeiro é o
fato de que a troca de um item por tempo de uso apenas pode ser considerada
naqueles que sofrem desgaste. Outro ponto é a imprevisibilidade (mesmo nos
itens que sofrem desgaste), ou seja, o ritmo de desgaste pode não ser
uniforme e está sujeito a muitas variáveis. Da mesma forma que é possível
trocar uma peça ainda com muito tempo de vida, pode ocorrer falha antes do
tempo previsto [44]. Essa imprevisibilidade requer estoques de peças de
reposição, elevando os custos relativos. Além do estoque elevado para cobrir a
imprevisibilidade das falhas, a manutenção preventiva apresenta o
inconveniente de intervenções muitas vezes desnecessárias, que reduzem a
produtividade e elevam o custo operacional total. No entanto, esse tipo de
manutenção pode ser a melhor alternativa para equipamentos e/ou peças que
33

apresentam desgaste em ritmo constante e que representam um custo baixo,


em comparação com o custo da falha, podendo-se prever estoques adequados
e seguros [45].

Hägerby em [31] descreve que a manutenção preventiva pode ser


dividida em duas partes: a manutenção periódica (baseada no tempo) e a
manutenção baseada na condição.

A manutenção periódica é baseada em intervalos de tempo pré-definidos


(por exemplo, em tempo-calendário ou horas de operação), sem considerar o
estado/condição do equipamento. Löfsten [46] descreve que a manutenção
preventiva é geralmente controlada através de planos de manutenção.
Contudo, na prática, as tarefas dos planos de manutenção não
necessariamente estão relacionadas aos modos de falhas, implicando na
realização de tarefas muitas vezes desnecessárias. De acordo com Tostengard
[47], tarefas comuns em planos de manutenção preventiva são inspeções e
ajustes em componentes, limpeza e lubrificação.

Já a Manutenção Baseada na Condição (MbC) é uma estratégia de


manutenção avançada que utiliza dados de monitoração da condição dos
equipamentos [48]. O principal objetivo da MbC é otimizar as atividades de
manutenção e reduzir os custos através da utilização de informações preditivas
e de monitoramento da saúde dos equipamentos [49]. Este tipo de manutenção
é geralmente aplicado em equipamentos que apresentam deterioração durante
o tempo, sendo que os defeitos podem ser identificados antes da ocorrência de
uma falha.

Os intervalos de inspeção são usualmente baseados na curva P-F


(representada anteriormente na figura 3), o que significa que é necessário
encontrar o intervalo onde ocorre um defeito ou falha potencial (P) e o ponto
onde uma falha efetivamente ocorre (F). Se o intervalo de manutenção for
maior que o intervalo P-F, provavelmente resultará em uma falha no
equipamento [37]. Hägerby [31] descreve que para determinar esses intervalos
de inspeção, é fundamental determinar também a probabilidade de falhas. Se o
intervalo P-F é de um mês e a probabilidade de falha é 0,01 por ano, então
pode não ser eficiente, em termos de custo, realizar a inspeção todo mês.
34

Uma forma de prevenir problemas com o intervalo P-F é utilizar


ferramentas de monitoramento contínuo, conhecidas como monitoramento
“online”. Isso permite que a equipe de manutenção possa acompanhar um
equipamento continuamente e realizar as manutenções quando for
efetivamente necessário. Contudo, esta solução geralmente apresenta um alto
custo e demanda recursos humanos para acompanhamento, sendo aplicada
em máquinas de grande porte [31].

De acordo com Hägerby [31], uma terceira parte da manutenção


preventiva são os testes funcionais, aplicáveis principalmente em
equipamentos de segurança e sistemas que operam em stand-by. Um teste
funcional tem como objetivo observar se o sistema/equipamento está operando
conforme esperado e se necessita de algum tipo de intervenção de
manutenção.

2.3.3 Manutenção de Primeira Linha

Um tipo de intervenção comumente utilizada é a manutenção de primeira


linha, realizada pelos operadores da instalação e que está alicerçada na teoria
da Manutenção Produtiva Total [6].

Wilson [37] descreve que esse tipo de manutenção consiste em


atividades simples, que requerem pouco ou nenhum treinamento. As
manutenções de primeira linha visam, além de reduzir custos, criar um
envolvimento entre os operadores e a instalação [50], através de tarefas
simples, tais como: verificar estado de filtros de ar, de combustível e de óleo,
estado geral de correias e polias; funcionamento adequado da instrumentação;
nível de óleo, dentre outras tarefas, tomando as medidas necessárias sempre
que cabíveis.
35

2.4 Requisitos legais e normativos

Devido sua alta complexidade e os riscos envolvidos em suas


operações, a indústria de petróleo offshore é submetida a uma série de
requisitos legais que objetivam regular este tipo de atividade.

Estes requisitos devem ser plenamente atendidos para que uma unidade
possa operar com segurança e atendendo plenamente os requisitos legais
vigentes. Os principais requisitos que impactam diretamente as atividades de
manutenção estão descritos nos subitens a seguir.

2.4.1 Normas Regulamentadoras

O atendimento aos requisitos dispostos nas normas regulamentadoras


no Ministério do Trabalho e Emprego possui um caráter compulsório, cabendo
ao operador da instalação zelar pelo atendimento de todos os requisitos. Em
relação à manutenção, principalmente em equipamentos e sistemas elétricos, a
principal norma a ser atendida é a NR-10 [51]. Os aspectos relativos à
manutenção são tratados no item 10.4 (Segurança na Construção, Montagem,
Operação e Manutenção) da NR-10, mais especificamente no subitem 10.4.4,
que diz:

As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras


de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser
inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as
regulamentações existentes e definições de projetos.

Este item determina que as instalações elétricas devem ser mantidas em


condições seguras de funcionamento. Em uma instalação de produção de óleo
e gás natural, um dos maiores riscos existentes é a existência de
equipamentos elétricos operando em atmosferas potencialmente explosivas
[52]. Segundo Bossert [53], acidentes ocorridos em várias partes do mundo
tiveram como origem um equipamento elétrico indevidamente especificado
36

para trabalhar em uma área cuja presença de substâncias inflamáveis no


ambiente criava condições especiais para ocorrência de explosões. Contudo,
apenas a correta especificação de um equipamento elétrico projetado para
operar em atmosferas potencialmente explosivas não é suficiente. Segundo a
norma NBR IEC 60079-17 [54], é essencial que, por razões de segurança,
durante a vida de tais instalações a integridade destas características especiais
seja preservada, o que requer inspeções iniciais e periódicas regulares, além
de supervisão contínua e manutenção executada por profissional qualificado.
Portanto, essa norma é uma das principais referências a ser seguida para
determinação da estratégia de manutenção em equipamentos elétricos
certificada para operar em atmosferas potencialmente explosivas.

Ainda em relação ao item 10.4.4 da NR-10, a norma determina que os


sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente,
o que, obrigatoriamente, implica em atividades de manutenção rotineiras. O
estabelecimento desta rotina depende amplamente da confiabilidade dos
equipamentos pertencentes ao sistema de proteção.

Outra norma regulamentadora relevante para manutenção em unidades


offshore é a NR-30, Anexo II [55]. Em seu item 15.10.1, a norma determina
que, com o objetivo de proteger os trabalhadores, devem ser elaborados
planos e procedimentos para inspeção, teste e manutenção de equipamentos
para manter a integridade dos sistemas de proteção contra incêndios e dos
sistemas e equipamentos que contenham hidrocarbonetos líquidos ou gasosos.
Na prática, para atender a este item, é necessário que todos os equipamentos
pertencentes a um sistema de proteção contra incêndios possuam planos de
manutenção, incluindo os equipamentos do sistema de detecção de fogo e gás,
bem como as bombas de incêndio, as válvulas de dilúvio e demais
equipamentos pertencentes a esse sistema.

A NR-30, em seu item 16.4 (Inspeção e Manutenção) estabelece um


conjunto de diretrizes que devem ser plenamente implementadas na estratégia
de manutenção e que estão descritos no Anexo A.

Ainda em relação à NR-30, o item 16.10.1 estabelece que Operador da


Instalação deve manter disponível aos trabalhadores, seus representantes e
autoridades competentes um Relatório de Segurança contendo a descrição
37

sucinta da plataforma, os possíveis cenários acidentais, o plano de


contingência da plataforma e, complementarmente, indicações de localização
específica para o acesso em seus sistemas de gestão de informações sobre os
planos de manutenção e inspeção, entre outras informações.

Outra norma regulamentadora de grande impacto na definição da


estratégia de manutenção é a NR-13 [56], que tem como objetivo condicionar
inspeção de segurança e operação de vasos de pressão e caldeiras. Embora
seja uma norma voltada para equipamentos estáticos, essa norma impacta
amplamente as atividades de manutenção, principalmente na disciplina de
instrumentação.

2.4.2 ANP

Um dos principais regulamentos técnicos publicados pela Agência


Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é o Sistema de
Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) [57]. Este regulamento foi
publicado pela ANP através da Resolução nº 43, de 6.12.2007, publicado no
DOU, de 7.12.2007, retificada no DOU, de 10.12.2007 e DOU, de 12.12.2007,
tornando público o Regime de Segurança Operacional nas atividades de E&P,
com o propósito de proteção da vida humana e do meio ambiente, definindo as
responsabilidades dos concessionários e as atribuições da ANP [58].

A resolução determina que o operador da instalação deverá dispor de


um sistema de gestão que atenda às práticas do Sistema de Gerenciamento da
Segurança Operacional – SGSO instituído pela ANP. O SGSO apresenta 17
práticas de gestão relativas à liderança, pessoal e gestão; instalações e
tecnologia; e práticas operacionais [59].
38

Figura 6 – 17 Práticas de Gestão do SGSO (extraído de [57])

O cumprimento do SGSO é obrigação prevista nos contratos de


concessão assinados com as empresas que atuam no setor [58].

Para a área de Manutenção, a principal prática de gestão é a nº 13


(Integridade Mecânica). O objetivo desta prática (disponível na íntegra no
Anexo B) é descrever os requisitos que devem ser considerados pelo sistema
de gerenciamento de segurança operacional para que a instalação, seus
sistemas, estruturas e equipamentos, passem por inspeções, testes e
manutenções necessárias, de forma planejada e controlada, buscando a
integridade mecânica e adequação ao uso [57]. No item 13.3.4, o regulamento
determina que o Operador da Instalação deve garantir que todos os
equipamentos e sistemas críticos de segurança operacional estejam cobertos
pelos planos de inspeção, teste e manutenção. O atendimento a este item
possui grande aderência à prática de gestão nº 11 (Elementos Críticos de
Segurança Operacional), disponível na íntegra no Anexo C.

Outro regulamento técnico relevante publicado pela ANP e que tem


grande impacto na gestão da manutenção é o Regulamento Técnico de
Medição de Petróleo e Gás Natural, recentemente atualizado através da
Resolução Conjunta ANP/Inmetro nº 1/2013, publicada no DOU em 12 de
junho de 2013 [60]. A primeira edição da Portaria foi publicada em junho de
2000.
39

Dentre as principais modificações na Portaria publicada em 2013, há a


exigência de um sistema de gestão dos sistemas de medição baseado na
norma ISO 10.012 [61]. Além disso, todas as calibrações e inspeções
dimensionais deverão ser realizadas por laboratórios acreditados na Rede
Brasileira de Calibração (RBC). A Resolução não determina as tecnologias que
podem ser utilizadas nas medições volumétricas fiscais e no controle dos
volumes de petróleo e gás natural. No entanto, a tecnologia ser a ser utilizada
necessitará de aprovação de modelo do Inmetro [62].

Também foram diferenciados alguns prazos de calibração e verificação


em função da tecnologia utilizada. A maioria dos prazos foi dilatada, atendendo
ao pleito dos agentes regulados. Esses prazos devem ser compulsoriamente
atendidos através dos planos de manutenção [62].

2.4.3 NORMAM

As leis que regulamentam a circulação de embarcações no mar, até os


limites do Mar Territorial e da Zona Econômica Exclusiva Nacional, é
estabelecida e implementada pela Marinha do Brasil, através da Capitania dos
Portos (Departamento de Portos de Costas – DPC). Tratam-se das Normas de
Autoridade Marítimas, conhecidas como NORMAM [63].

Dentre as diversas normas da NORMAM, uma que tem impacto direto


da manutenção é a NORMAM 27/DPC (Normas da Autoridade Marítima para
Homologação de Helipontos Instalados em Embarcações e em Plataformas
Marítimas) [64].

De acordo com a NORMAM - 27/DPC [64], Capítulo 0805 (Manutenção


do sistema combustível), o armazenamento, o manuseio e o controle da
qualidade do combustível de aviação são fundamentais para a segurança das
operações aéreas. Combustível contaminado por água ou por partículas
sólidas pode levar ao apagamento do motor. Por esse motivo, a NORMAM
aborda os procedimentos mínimos para a garantia da qualidade do
combustível. Estes procedimentos devem compor o plano de manutenção.
40

3 CONCEITOS DE CONFIABILIDADE

Este capítulo trata resumidamente da teoria de Confiabilidade,


contemplando componentes reparáveis, não reparáveis e modelos
combinatórios. Apresenta também as informações básicas acerca do software
utilizado nas simulações realizadas neste trabalho.

3.1 Conceitos Iniciais

Gambirasio em [65] afirma que a confiabilidade de um objeto funcional


(dispositivo, equipamento ou sistema) pode ser entendida como uma medida
do grau de desempenho satisfatório deste objeto, sob condições especificadas
de operação. Avaliar a confiabilidade representa uma tentativa de quantificar a
qualidade do desempenho, com base na teoria das probabilidades. Dessa
forma, Confiabilidade pode ser definida como a probabilidade de um sistema
executar a função pretendida durante um intervalo de tempo específico e
sujeito a determinadas condições [66]. Neste contexto, o objetivo da
manutenção e da confiabilidade é garantir que esses equipamentos estarão
disponíveis, quando requeridos [67].

Na definição sobre confiabilidade, quatro importantes fatores são


considerados: a probabilidade, o desempenho, o tempo e as condições de
operação [65].

A teoria de probabilidade é necessária para tratar matematicamente o


problema. O desempenho deve ser claramente definido. O tempo considerado
pode ser contínuo, ou alguma ocasião específica de curta duração. Finalmente,
as condições de operação (ambiente, severidade das solicitações, etc.) devem
ser bem especificadas, pois possuem grande influência no desempenho do
objeto funcional [65].

Pereira [68] destaca que uma das questões mais importantes


relacionadas à Confiabilidade é a definição de sistemas não reparáveis e
sistemas reparáveis.
41

3.2 Componentes não reparáveis

Sistema não reparável é um conjunto de elementos que formam um todo


que, por razões econômicas ou tecnológicas, não se reparam ou é um item
formado por um único elemento (componente) cuja ocorrência de avaria
significa o seu fim de vida [68].

Seja um componente não reparável colocado em operação no instante


t=0. Chamando-se X a variável aleatória “instante de ocorrência da falha do
componente”, a densidade de probabilidade f(t) da variável X é definida, em
termos da probabilidade da falha ocorrer entre t e t + dt, por:

P(t  X  t  dt )  f (t )  dt (1)

A função distribuição de probabilidade de X, F(t), é definida por:

t
F t   P( X  t )   f (t )  dt
(2)

Definindo-se a função Confiabilidade, R(t), como a probabilidade do


equipamento estar operacional no instante t, resulta:

t
R(t )  P( X  t )  1  F t   1   f (t )  dt (3)
0
Derivando-se a equação 3, resulta:

dRt  (4)
  f (t )
dt
42

Reescrevendo a equação 3:

 (5)
R(t )  P( X  t )   f (t )dt
t

Definindo-se a taxa de incidência de defeitos β(t) por:

 (t )  dt  P(t  X  t  dt / X  t ) (6)

Isto é, β(t) ∙dt é a probabilidade que o componente apresente defeito no


intervalo (t, t + dt) dado que não apresentou defeito até o instante t.

Pela definição de probabilidade condicional tem-se:

P(t  X  t  dt / X  t )  (7)
P(t  X  t  dt )
 
P( X  t )
f (t )  dt

 f (t )  dt
t

Das equações 6 e 7, obtêm-se:

f (t )  dt
 (t )  dt  
(8)

 f (t )  dt
t

A equação 9 relaciona a taxa de incidência de defeito e a função


confiabilidade:

1 dR(t )
 (t )    (9)
R(t ) dt
43

Resolvendo-se a equação diferencial, resulta:

t (10)
   ( x ) dx
R(t ) e 0

Se a taxa de defeito for constante ao longo do tempo (β(t) = λ), resulta


em:

R(t )  et (11)

f (t )  et
(12)

f (t )

R(t ) (13)

Uma representação muito utilizada na Confiabilidade é a Curva de


Banheira, representada na figura 7, e cujo objetivo é descrever a variação da
taxa de falhas durante a vida do sistema. A curva representa as fases da vida
características de um sistema: mortalidade infantil, maturidade e mortalidade
senil, sendo que essas fases estão associadas ao fator de forma γ. O fator de
forma é relacionado à forma de distribuição e à inclinação das curvas, sendo
que nem todas as distribuições possuem esse fator. A distribuição exponencial,
por exemplo, não possui um fator de forma porque o comportamento da função
é constante. O fator de forma possui as seguintes características, sendo que
maiores detalhes podem ser consultados na referência [69]:

 γ<1: indicam mortalidade infantil, com taxas de falha altas e


decrescentes no início da vida do produto ou sistema;

 γ=1: indicam falhas aleatórias, com taxas de falha constantes ao


longo do tempo e geralmente baixas;

 γ≫1: indicam desgaste de fim de vida útil.


44

Figura 7 – Curva da banheira/ciclo de vida de equipamento (extraído de [70])

No período de mortalidade infantil, a taxa de falhas é alta, porém


decrescente. As falhas preliminarmente são causadas por defeitos congênitos
ou fraquezas, erros de projeto, peças defeituosas, processos de fabricação
inadequados, mão-de-obra desqualificada, estocagem inadequada, instalação
imprópria, partida deficiente entre outras. A taxa de falhas diminui com o
tempo, conforme os reparos de defeitos eliminam componentes frágeis ou à
medida que são detectados e reparados erros de projeto ou de instalação.
Sellitto [70] aponta que, neste período, a melhor estratégia de manutenção é a
corretiva, ou seja, cabe à manutenção não apenas reparar o equipamento, mas
corrigi-lo, para que a falha não se repita [71].

Entre t1 e t2 é a fase de maturidade ou período de vida útil. O valor


médio da taxa de falha é constante. Nesta fase, as falhas ocorrem por causas
aleatórias, tais como acidentes, liberações excessivas de energia, mau uso ou
operação inadequada, e são de difícil controle. Falhas aleatórias podem
assumir diversas naturezas, tais como: sobrecargas aleatórias, problemas
externos de alimentação elétrica, vibração, impactos mecânicos, bruscas
variações de temperatura, erros humanos de operação entre outros. Falhas
aleatórias podem ser reduzidas projetando equipamentos mais robustos do que
exige o meio em que opera ou padronizando a operação [71]. Sellitto [70]
aponta que, neste período, a melhor estratégia de manutenção é a preditiva, ou
seja, monitoramento para detectar o início da fase de desgaste.

Após t2, há crescimento da taxa de falhas, a mortalidade senil, que


representa o início do período final de vida do item. Esta fase é caracterizada
pelo desgaste do componente, corrosão, fadiga, trincas, deterioração
45

mecânica, elétrica ou química, manutenção insuficiente entre outros. Para


produzir produtos com vida útil mais prolongada, deve-se atentar para o
projeto, utilizando materiais e componentes mais duráveis, um plano de
inspeção e manutenção que detecte que iniciou a mortalidade senil e a previna,
por substituição preventiva de itens, e supressão dos agentes nocivos
presentes no meio [70].

Sellitto [71] aponta que, neste período, a melhor estratégia de


manutenção é a preventiva, ou seja, já que o equipamento irá falhar, cabe à
manutenção aproveitar a melhor oportunidade para substituir ou reformar o
item.

Smith [72] introduziu uma forma de representação contendo uma


perspectiva um pouco mais detalhada da curva da banheira, na qual estão
presentes as três distribuições, o que permite entender melhor a curva
resultante e quais os fatores predominantes para o seu comportamento,
conforme ilustra a figura 8.

Fase inicial Fase de vida útil Fase Final

Taxa de
falhas Curva resultante
( )

Falhas Falhas aleatórias


Iniciais Falhas de
desgaste

Tempo (t)

Figura 8 – Curva da banheira detalhada (adaptado de [72])

Smith [72] também representou as características das distribuições de


probabilidades da seguinte forma:
46

Tabela 2: Características das distribuições de probabilidades (adaptada de [72]).

Fase
Comportamento Causas
(nomes pelo qual é conhecida)

Arranque
Essencialmente defeitos de
Inicial Taxa de falhas decresce
projeto, fabricação e montagem
Mortalidade Infantil

Submissão do componente a
Falhas aleatórias
cargas de trabalho superiores à
Falhas estocásticas Taxa de falhas constante planejada, causas
desconhecidas ou utilização
Vida útil
inadequada

Desgaste Ocorrência de corrosão,


Taxa de falhas cresce oxidação, perda de isolamento,
Fadiga desgaste por fricção, etc.

Duek [73] afirma que a curva da banheira é um modelo teórico e


bastante aplicável a componentes mecânicos que, por algum motivo, não
puderam ser exaustivamente testados após a montagem do sistema e
apresentam um modo de falha predominante. Contudo, este modelo não é
universal e aplicável a qualquer equipamento ou sistema.

Siqueira [74] diz que sistemas industriais evoluem na curva da banheira


segundo várias características. Lafraia [75] ressalta que pode não existir
alguma fase, passando-se, por exemplo, da mortalidade infantil para a senil,
diretamente. Este é o caso da pesquisa com embreagens, relatada em Sellitto,
em [76]. Sistemas eletrônicos geralmente apresentam mortalidade infantil e
depois apenas falhas aleatórias, estacionando na parte baixa da curva. Tal
região é dita sem memória de falha (failure memoryless), pois a incidência de
uma falha no tempo t não tem correlação com o tempo até a próxima falha. Em
software, as falhas de programação geralmente têm apenas mortalidade
infantil, pois uma vez corrigidas, é impossível a reincidência, pois não se
originam de processos dissipativos de energia.

A evolução do conceito de falha com base na curva da banheira foi


decorrente de trabalhos desenvolvidos pela indústria da aviação norte
americana que, a partir da Segunda Guerra Mundial, adotou a estratégia de
manutenção preventiva alicerçada na curva banheira. Esta concepção,
segundo Geraghety [77], foi levada ao extremo pela indústria de aviação civil.
47

Entretanto, a visão de controlar a confiabilidade de aeronaves através do uso


de manutenções preventivas confiáveis mostrou-se inadequada [23].

Segundo Geraghety [77], na época, um grupo de engenheiros da United


Airlines se dedicou a estudar o assunto, que resultaram nas curvas padrões de
idade-confiabilidade, conforme ilustra a figura 9.

Figura 9 – Padrões de idade-confiabilidade para equipamentos não estruturais de aeronaves


(adaptado de [78])

Alkaim [18] descreve que a figura anterior sintetiza a pesquisa dos


padrões de falha da 3ª geração de manutenção. Esta investigação revelou que
existem seis padrões de falha, e não mais um ou dois, como utilizado
anteriormente. Moubray em [1], ao apresentar os novos paradigmas no
gerenciamento da manutenção, utilizou a descrição disposta na figura 10.
48

Velha Concepção Nova Concepção


A maioria dos equipamentos A maioria das falhas não são
se torna mais provável de mais prováveis de ocorrer à
falhar à medida que fica mais medida que o equipamento
velho. envelhece.

Figura 10 – Concepções de manutenção (adaptado de [1])

Alkaim [18] destaca que estudos realizados com várias centenas de


componentes mecânicos, elétricos e estruturais de aeronaves civis e
materializados na forma de falhas da Figura 9 demonstraram que:

 (1) somente um pequeno percentual (4%) atualmente corresponde a


curva banheira (curva A).

 (2) mais significativo, somente 6% dos componentes experimentam


uma região de desgaste, durante o tempo de vida útil da aeronave
(curvas A e B). Especificamente o padrão B caracteriza aeronaves
com troca de motores). Acrescentando o padrão C, característica de
turbina de aeronaves, tem-se que 11% dos componentes
experimentam sintomas de envelhecimento.

 (3) 89% dos componentes nunca apresentam qualquer


envelhecimento ou desgaste durante o tempo de vida útil das
aeronaves (padrões D, E e F). Especificamente os rolamentos se
enquadram no padrão E e os componentes eletrônicos no padrão F.

 (4) 72% dos componentes experimentam o fenômeno de


mortalidade infantil (padrões A e F).

 (5) O grupo de maior percentual (68%), começa como curva


banheira e nunca atinge a região de envelhecimento (padrão F).

Estas descobertas contradizem a crença de que sempre há uma


conexão entre confiabilidade e idade de operações. Efetivamente a partir de
1968 as empresas aéreas americanas passaram a adotar uma nova técnica de
manutenção preventiva com base nestes estudos. Em 1975, o Departamento
de Defesa dos Estados Unidos sugeriu que o conceito que estava sendo
aplicado desde 1968 fosse intitulado de “Reliability-Centered Maintenance”
49

(Manutenção Centrada em Confiabilidade) e aplicado na maioria dos sistemas


militares. Em 1978, a United Airlines produziu o documento referência inicial de
MCC, sob contrato com o Departamento de Defesa americano [18].

Se os componentes de um equipamento ou sistema são sujeitos a


manutenção, de modo que venham a ser substituídos antes que atinjam a
região de envelhecimento, pode-se considerar que esse equipamento ou
sistema tem sempre seus componentes na região β constante, sendo a
distribuição de defeitos exponencial. A consequência prática disto é que para
componentes que trabalham na região de β constante a confiabilidade não
depende da idade dos componentes [65].

O tempo que o componente leva, em média, para apresentar defeito é


dado pela variável X .

 (14)
X   t  f (t )dt


Como o componente é colocado em funcionamento em t=0,


necessariamente f(t) = 0 para t < 0, logo:

 (15)
X   t  f (t )dt
0

Da equação 4, resulta:


X    t  dR  [tR   Rdt ]
0 (16)
0

Supondo que R(t) decresça com suficiente rapidez quando t→∞ (o que
ocorre no caso de distribuição exponencial) resulta:
50

 (17)
X   R(t )  dt
0
Onde X representa o tempo médio para falhar. Costuma-se indicar o
tempo X pelo indicador MTTF:


MTTF   R(t )  dt (18)
0

No caso de distribuição exponencial, em que R(t)=e-λt, resulta:


MTTF   et  dt (19)
0

1
MTTF 
 (20)

Assim, um componente que falha, em média, a cada dois anos (MTTF =


2 anos) tem um taxa de falha de λ = 0,5 falhas/ano, considerando a hipótese de
distribuição exponencial.

3.3 Componentes reparáveis

Um sistema reparável é um conjunto de elementos em que a ocorrência


de avaria não significa o fim da operacionalidade, mas somente uma
interrupção dessa mesma funcionalidade [68].

Para componentes reparáveis, o comportamento probabilístico no


intervalo de tempo que vai desde a colocação em operação até a falha pode
ser descrito ainda pela função confiabilidade R(t). Entretanto, tal função não
representa a probabilidade de se encontrar o componente funcionando, num
51

instante genérico, levando-se em consideração a possibilidade de conserto (ou


de troca). Esta probabilidade é representada pela disponibilidade D do
componente, que é a fração do tempo que o componente passa em operação
[65].

Analogamente, chama-se indisponibilidade I a fração de tempo que o


componente passa fora de operação (durante o conserto, ou durante a
operação de substituição). A indisponibilidade representa a probabilidade de o
componente ser encontrado fora de operação, num instante genérico.
Obviamente, D + I =1. Assim, se certo componente passa 95% do tempo
operando normalmente, e 5% em conserto, pode-se estimar que a
probabilidade de ser encontrado em operação, amostrando-se ao acaso um
instante qualquer de tempo, é de 0,95. Da mesma forma, a probabilidade de se
encontrar o componente fora de operação, por amostragem ao acaso no
tempo, é de 0,05. A indisponibilidade também é chamada de “probabilidade de
falha” [65].

Observe-se que a função confiabilidade R(t) de objetos não reparáveis


foi definida para regime transitório, enquanto que as probabilidades acima
referidas dizem respeito a regime permanente. Dessa forma, uma escolha
adequada para definir a confiabilidade de objetos reparáveis é tornar a
confiabilidade igual à disponibilidade. Se os objetos estão sempre na sua vida
útil (novos ou consertados), a disponibilidade será constante, e a confiabilidade
também [65].

O comportamento de um componente reparável ao longo do tempo, em


regime permanente, pode ser ilustrado graficamente pela figura 11.

Ciclo ou período genérico

Tempo de operação Tempo de reparo


genérico genérico
Operação

Reparo

Figura 11 – Comportamento de um componente reparável ao longo do tempo (extraído de [65])


52

Tomando-se a média dos tempos de operação, verifica-se que coincide


com o tempo médio para falha, MTTF. Suponha-se agora que o tempo
necessário para o reparo possa também ser considerado uma variável
aleatória, com certa distribuição. A média desta nova variável aleatória é
chamada “tempo médio para reparo”, ou MTTR.

A soma MTTF + MTTR constitui o ciclo ou período médio do


desempenho do objeto, e é chamado “tempo médio entre falhas”, ou MTBF.

(21)
MTBF  MTTF  MTTR

Como a disponibilidade D do objeto funcional é a fração do tempo


passado em operação, resulta:

MTTF MTTF
D  (22)
MTTF  MTTR MTBF

Como a indisponibilidade I do objeto funcional é a fração do tempo


passado fora de operação, resulta:

MTTR MTTR
I  (23)
MTTF  MTTR MTBF

Toma-se então a disponibilidade D como representando a confiabilidade


R do objeto em regime permanente.

MTTF
RD (24)
MTBF

Para determinação exponencial dos tempos de falha com parâmetro λ,


observou-se pela equação 20 que:

1
MTTF  (25)

53

Onde λ é o número médio de falhas por unidade de tempo. Supõe-se


que os tempos de conserto também obedecem a uma distribuição exponencial,
com parâmetro µ, resulta analogamente em:

1
MTTR  (26)

Onde µ é o número médio de consertos por unidade de tempo.

Destas duas últimas expressões e da equação 21, resulta:


RD (27)
 
E da equação 23, resulta:


I (28)
 

3.4 Modelos combinatórios

Os modelos combinatórios usam técnicas probabilísticas que enumeram


os diferentes caminhos em que um sistema possa permanecer operacional. A
confiabilidade de um sistema está geralmente associada à confiabilidade dos
componentes individuais que compõem o sistema [79]. Os dois modelos de
sistema mais comuns na prática são os modelos série e paralelo [80]. Em um
sistema série, é necessário que cada elemento do sistema opere sem falhas
para que todo o sistema opere corretamente enquanto que em um sistema
paralelo, somente um dos vários elementos em paralelo pode estar operacional
para que todo o sistema funcione corretamente. Na prática, os sistemas são
tipicamente combinações de subsistemas séries e paralelos [81].
54

Os sistemas série são sistemas que não possuem qualquer tipo de


redundância. Uma maneira de representar esses sistemas é utilizar um
diagrama em bloco de confiabilidade. Esse diagrama é representado como um
diagrama de fluxo com uma entrada e uma saída do sistema. Cada elemento
do sistema é um bloco e no caso do sistema série, os blocos são alocados de
forma que as saídas de cada bloco são a entrada do bloco subsequente [82].
Um diagrama em blocos genérico de um sistema série, contendo N elementos,
é mostrado na figura 12.

R1(t) R2(t) RN-1(t) RN(t)

Figura 12 – Sistema série de N blocos (adaptado de [83])

Independentemente das distribuições usadas para calcular a


confiabilidade de cada bloco (ou subsistema), a fórmula para calcular a
confiabilidade do sistema série é [84]:

Rsist (t )  R1 (t )  R2 (t )  ...R N 1 RN (t) (29)

onde:

Rsist(t)= Confiabilidade do sistema série.

R1(t), R2(t), RN-1(t), RN(t) = Confiabilidade de cada bloco.

Em um sistema paralelo é necessário que apenas um dos N


componentes idênticos em paralelo esteja funcionando para que todo o sistema
esteja operando corretamente [85]. O diagrama de confiabilidade em blocos é
mostrado na figura 13.

R1(t)

R2(t)

RN-1(t)

RN(t)

Figura 13 – Sistema paralelo de N blocos (adaptado de [83])


55

Para o cálculo da Confiabilidade em sistemas paralelos, é necessário


determinar a Não-Confiabilidade de cada bloco primeiramente. A não-
confiabilidade U(t) de um sistema é também uma função do tempo, definida
como uma probabilidade condicional que um sistema operará incorretamente
durante o intervalo [t0,t], dado que o sistema estava operando corretamente no
instante t0 [86].

A Não-Confiabilidade pode ser obtida através da seguinte fórmula:

(30)
U N (t )  1  RN (t)

onde:

UN(t)= Não-Confiabilidade de um bloco N.

RN(t) = Confiabilidade de um bloco N.

Neste caso, a Confiabilidade do sistema paralelo apresentado na figura


13 é calculada da seguinte maneira:

Rsist (t )  1  U1 (t ) U 2 (t )  ...U N 1U N (t) (31)

onde:

Rsist(t)= Confiabilidade do sistema paralelo.

U1(t), U2(t), UN-1(t), UN(t) = Não-Confiabilidade de cada


bloco.

Logo, um sistema em paralelo possui maior confiabilidade quando


comparado a um sistema série dotado dos mesmos equipamentos [87].

3.5 Software para simulação

As simulações apresentadas nesta tese foram realizadas através do


software comercial Blocksim. Este software utiliza-se de distribuições
estatísticas para realização dos cálculos envolvendo engenharia de
confiabilidade e está muito relacionado com a função densidade de
56

probabilidade f(t) (equação 1) e a função distribuição de probabilidade F(t)


(equação 2). A partir destas funções, de acordo com o tipo de distribuição
estatística definida, o software processa os cálculos de análise de dados de
vida, tais como a função de confiabilidade e taxa de falha, utilizando
simulações de Monte Carlo, permitindo simular milhões de vezes uma
determinada situação [88].

A função taxa de falha (equação 13) permite a determinação do número


de falhas que ocorrem por unidade de tempo. O software utiliza essa
informação na caracterização do comportamento de falha de um componente,
podendo ser parametrizadas ainda informações sobre a alocação de equipe de
manutenção, planejamento de materiais sobressalentes, etc. A taxa de falhas é
denotada como falhas por unidade de tempo.

Nesta tese, o tipo de distribuição adotado nas simulações realizadas é a


distribuição exponencial, devido à característica de taxa de falha constante dos
equipamentos. A função densidade de probabilidade para uma distribuição
exponencial é matematicamente definida conforme equação 12.

Dessa forma, considerando o arranjo dos equipamentos no sistema, o


software processa os cálculos das variáveis de confiabilidade, onde o primeiro
objetivo é obter a taxa de falha de todo o sistema baseado na taxa de falhas
dos componentes.

A expressão matemática a ser processada é decorrente do arranjo do


sistema que se deseja simular. A figura 14 apresenta a expressão matemática
processada pelo software decorrente de uma configuração série e que
exemplificará uma simulação realizada pelo software.

Figura 14 – Expressão matemática de uma configuração série.


57

Os valores de RGERADOR, RRELE e RDISJUNTOR foram dados para um


período de 5 anos e a confiabilidade do sistema foi estimada para esse
período. No entanto, uma vez que a característica de falha de um componente
pode ser descrita por distribuições, a confiabilidade do sistema é, na verdade,
dependente do tempo. Neste caso, a equação acima pode ser reescrita como:

RSystem (t )  RGERADOR (t).RRELE (t).RDISJUNTOR (t )


(32)

A confiabilidade do sistema para qualquer intervalo de tempo pode agora


ser calculada. Por exemplo, considerando o sistema em série representado na
figura 14, com as seguintes taxas de falha (falhas por hora):

 Gerador: λG = 9,05 x 10-6

 Relé: λR = 0,1 x 10-6

 Disjuntor: λD = 0,23 x 10-6

A expressão analítica da confiabilidade do sistema, conforme equação


11, é dada por:

RS (t )  RG (t).RR (t).RD (t ) (33)

RS (t )  e Gt .e Rt .e Dt


RS (t )  e  G R D 
    t

Para 43800 horas em operação (05 anos), a confiabilidade do sistema é:

RS (t )  e 
 0,000009050,0000001 0,00000023.43800
 0,6631 (34)

O resultado da confiabilidade para Rs(43800) foi calculado em 0,6631 ou


66,31%. Este resultado é representado na figura 15, extraída da simulação
realizada com o software Blocksim.
58

Figura 15 – Cálculo de confiabilidade realizado pelo software Blocksim.

O resultado também pode ser observado graficamente através da figura 16.

Figura 16 – Curva de confiabilidade gerada pelo software Blocksim.

Com o objetivo de obter a função densidade de probabilidade, f(x), do


sistema, é calculada a derivada da função de confiabilidade (proveniente da
equação 4), conforme demonstrado a seguir:
59

d  Rs (t )  (35)
f s (t)  
dt
d e  G R D  
    t

f s (t)    
dt
f s (t)   G  R  D  .e  G R D 
    t

A taxa de falha do sistema é calculada através do quociente da função


densidade de probabilidade e da função de confiabilidade (equação 13),
obtidas anteriormente.

f s (t ) (36)
s (t) 
Rs (t )
 G  R  D  .e  G  R  D t
 (t) 
e  G R D
s     t

s (t)  G  R  D
s (t)  9,38.106 ( falhas / hora)
Este resultado é representado na figura 17, extraída da simulação
realizada com o software Blocksim.

Figura 17 – Cálculo de taxa de falha realizado pelo software Blocksim.


60

Calculando o tempo médio para falha, conforme equação 20, têm-se:

1 (37)
MTTF 
G  R  D
1
MTTF  6
 106609,81h
9,38.10
Este resultado é representado na figura 18, extraída da simulação
realizada com o software Blocksim. A diferença de 51,12 horas (0,48%) decorre
dos arredondamentos realizados pelo software.

Figura 18 – Cálculo do tempo médio para falha realizado pelo software Blocksim.

As informações de manutenção e reparo podem ser parametrizadas e


consideradas no estudo, realizado através da simulação de eventos discretos.
Neste caso, tempos aleatórios de falha são gerados pelo software para cada
componente do sistema. Esses tempos de falha são então combinados de
acordo com a configuração do sistema. Os resultados são analisados de modo
a determinar o comportamento do sistema nessas condições [88].

O software divide a manutenção em três técnicas: manutenção corretiva,


manutenção preventiva e inspeções. As ações de manutenção preventiva e
corretiva não são instantâneas. Há um tempo associado a cada ação. Este
tempo considera o item em manutenção indisponível [88].
61

Dessa forma, para sistemas reparáveis, o tempo em operação não é


contínuo. Isto significa que o ciclo de vida é descrito por uma sequência de
estados disponíveis e indisponíveis. O sistema opera até falhar e é restaurado
à sua condição original. Irá falhar novamente após um período de operação
aleatório, e será reparado novamente, e assim sucessivamente. Quando se
considera a manutenção preventiva, o sistema pode ser reparado antes da sua
falha, retomando a sua condição original. Neste caso, as variáveis aleatórias
são o tempo para falha e tempo para reparo [88].

Para gerar os números aleatórios utilizados nas simulações, o software


Blocksim utiliza internamente um algoritmo proprietário [89] baseado em
L'Ecuyer's com pós embaralhamento por Bays-Durham. O período do gerador
de números aleatórios é de aproximadamente 1018. Quando não é informado
um valor de semente, o algoritmo utiliza o relógio da máquina para iniciar a
sequência de números [88]. A fim de garantir a repetibilidade dos resultados, o
ponto inicial a partir do qual os números aleatórios utilizados na simulação
desta tese são gerados foi configurado com semente igual a “1”. Desta forma, o
software utiliza a mesma sequência de números randômicos em cada
simulação.
62

4 A MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE

Este capítulo trata da metodologia de Manutenção Centrada em


Confiabilidade, adotada como a metodologia de manutenção mais adequada
para o desenvolvimento desta tese. É apresentado o resumo histórico e os
principais atributos desta metodologia.

4.1 Manutenção Centrada em Confiabilidade e seus atributos

O objetivo primário da MCC é preservar a função do sistema, de forma a


mantê-lo operacional. A aplicação da MCC requer um amplo conhecimento da
funcionalidade dos equipamentos e sistemas, bem como as falhas funcionais
relacionadas aos mesmos.

A MCC pode produzir os seguintes benefícios [90]:

 Aumentar o conhecimento sobre os equipamentos – como ocorrem


as falhas e quais as consequências das mesmas;

 Evidenciar os papéis que os operadores e mantenedores devem


cumprir para tornar um equipamento mais confiável e com uma
manutenção menos onerosa;

 Tornar o equipamento mais seguro, ambientalmente mais amigável,


mais produtivo, mais sustentável e mais econômico para operar.

A metodologia desenvolvida na MCC busca desenvolver as estratégias


de manutenção através de um rigoroso processo de decisão, ilustrado na figura
19.

Figura 19 – Processo de MCC (adaptado de [90])


63

Esse processo de decisão é constituído das seguintes etapas [90]:

a) Etapa 1 – Seleção e priorização dos equipamentos: Os


processos de produção e suporte são analisados para identificar os
ativos físicos principais. Esses ativos físicos devem ser priorizados
conforme sua criticidade para as operações, custo da inatividade e
custo para reparo.

b) Etapa 2 – Definição das funções e padrões de performance: As


funções de cada sistema selecionado para a análise de MCC
precisam ser definidas. É importante ressaltar que alguns sistemas
operam sob demanda na ocorrência de um evento, como os
sistemas de segurança. Cada função também possui um número
limite de operações. Esses parâmetros definem a operação normal
do sistema sob as condições ambientais especificadas. Após a
análise inicial, devem ser selecionadas as funções significantes.

c) Etapa 3 – Definição das falhas funcionais: Quando um sistema


opera fora dos parâmetros normais, é considerado que há uma falha.
A definição das falhas funcionais deve levar em consideração todos
os limites de operação do sistema. Essas falhas podem ser totais,
parciais ou intermitentes.

d) Etapa 4 – Identificação dos modos de falha: nesta etapa objetiva-


se identificar e documentar os modos de falha e suas causas.

e) Etapa 5 – Identificação dos efeitos das falhas e consequências:


esta etapa irá determinar o que poderá acontecer quando uma falha
funcional ocorrer e a severidade da mesma para a segurança, meio
ambiente, operação e economia da empresa.

O resultado das análises realizadas na etapa de 2 a 5 devem ser


devidamente documentados. Para realização dessas etapas, é adequado que
se empregue a metodologia de FMEA (Failure Modes and Effects Analysis) ou
FMECA (Failure Modes, Effects and Criticality Analysis) [91]. A FMEA, de
acordo com a norma NBR 5462 [15], é um método qualitativo de análise de
confiabilidade que envolve o estudo dos modos de falha que podem existir para
64

cada subitem, e a determinação dos efeitos de cada modo de falha sobre os


outros subitens e sobre a função requerida do item. Já a FMECA também
realiza a análise dos modos de falha e seus efeitos, em conjunto com uma
avaliação da probabilidade de ocorrência e do grau de criticidade das falhas.

f) Etapa 6 – Selecionar as estratégias de manutenção: as ações de


manutenção devem ser realizadas para mitigar as falhas funcionais.
Portanto, nesta etapa devem ser definidas e agrupadas as tarefas de
manutenção aplicáveis e efetivas para cada modo de falha, bem
como os intervalos iniciais de manutenção. Essas tarefas compõem a
estratégia de manutenção para cada equipamento, podendo ser
compostas de diferentes técnicas de manutenção integradas.

g) Etapa 7 – Implementar e refinar os planos de manutenção: após


a implementação dos planos de manutenção é necessário
acompanhar a eficácia dos mesmos e, caso necessário, implementar
as alterações necessárias.
65

5 OPERAÇÕES INTEGRADAS

Este capítulo apresenta os principais conceitos e motivações para a


implantação das Operações Integradas em empresas que operam em campos
offshore na Noruega e a importância da manutenção para redução dos custos
operacionais dentro dessa filosofia de trabalho.

5.1 Conceitos e motivações

Bekkeheien em [92] descreve que o leito do Mar do Norte contém várias


áreas conhecidas de interesse no que diz respeito à recuperação de petróleo e
gás natural desde a década de 1960. Muitas plataformas de petróleo foram
estabelecidas dentro das áreas mais promissoras, muitas das quais ainda
estão realizando operações atualmente. De acordo com a EIA (U.S. Energy
Information Administration) [93], a Noruega produziu, em 2013, uma média de
1,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia, sendo o 15º maior produtor
de petróleo do mundo. Contudo, a produção de petróleo norueguesa está
sendo reduzida em razão do amadurecimento dos campos, como ilustra a
figura 20. O Brasil produziu, no mesmo ano, uma média de 2,7 milhões de
barris de óleo equivalente por dia, ficando em 12º lugar no ranking mundial.
66

Figura 20 – Produção de petróleo na Noruega desde a década de 80 (adaptado de [93])

Holst [94] destaca que esse rápido amadurecimento dos campos


localizados na plataforma continental norueguesa fez com que as empresas
operadoras tivessem que trabalhar na mudança e no desenvolvimento de
novos métodos relacionados aos seus processos de trabalho. Um desses foi
denominado “IO – Integrated Operations”, termo utilizado pela Norwegian Oil
Industry Association (Oljeindustriens Landsforening), mas que também é
conhecido como “eOperations”, “Smart Fields”, and “iField” [95]. Nesta tese, o
termo utilizado será Operações Integradas.

Operações Integradas é um termo utilizado para o uso de novas


tecnologias e processos de trabalho nas organizações [96]. A figura 21 ilustra
os métodos de trabalho convencionais comparados com os métodos de
trabalho propostos pelas Operações Integradas.
67

Processos de trabalho Processos de trabalho em


convencionais Operações Integradas

Serial Paralelo

Dependente de instalação Independente de instalação


física física

Decisões baseadas em dados Decisões baseadas em dados


históricos em tempo real

Reativo Proativo

Unidisciplinar Multidisciplinar

Figura 21 – Processos de trabalho convencionais e processos de trabalho das Operações


Integradas (adaptado de [97])

O conceito começou a ser introduzido no início dos anos 2000, na


indústria petrolífera norueguesa. Hauge [97] relata que a definição de
Operações Integradas, de acordo com a companhia de petróleo Statoil, é “o
emprego de dados em tempo real e novas tecnologias para remover barreiras
entre disciplinas, grupos de especialistas técnicos e da empresa". Contudo, o
conceito de Operações Integradas envolve mais recursos do que apenas
tecnologia. O conceito de Operações Integradas integra os pilares de
tecnologia, de processos de trabalho e de organização, fazendo uso dessa
integração para otimizar custos e recursos humanos.

Gonzales [98] destaca que os principais objetivos das Operações


Integradas são maximizar a produção de óleo, reduzir os custos de produção e
aumentar o ciclo de vida das reservas norueguesas. Por este motivo, várias
empresas que operam na plataforma continental norueguesa estão trabalhando
na implantação das Operações Integradas como uma ferramenta para atingir
metas de segurança, confiabilidade e eficiência operacional [99].
68

5.2 Processos chaves e fatores de sucesso

Para que os benefícios das Operações Integradas sejam notáveis, os


processos de trabalho devem estar integrados e dinâmicos através de todas as
disciplinas envolvidas, tanto onshore, quanto offshore, envolvendo empresas
operadoras e fornecedores, e as informações sobre as operações devem estar
disponíveis para todas as partes envolvidas, em tempo real.

Para isto, é necessária uma profunda mudança dos processos de


trabalho existentes em algumas áreas, especialmente aquelas que possuem
grande impacto na geração de valor agregado e redução de custos. Isto inclui
as áreas de planejamento e perfuração de poços, completação de poços,
otimização de processos e gerenciamento da manutenção [100]. A figura 22
ilustra os principais processos de trabalho.

Principais Reservatório e
áreas Perfuração e Operação e
Completação Gerenciamento
funcionais Manutenção
da Produção

Planejamento e execução de poços Localização do poço


Eficiência na perfuração

Completação do poço Produtividade do poço


Processos Manutenção do poço
de
trabalho Capacidade de produção
chaves Otimização da produção
e exportação

Gerenciamento da manutenção Disponibilidade e custos


Atividades
chaves Melhorias Notificação Planejamento Priorização Plano de Execução
ação
operacional

Figura 22 – Principais processos de trabalho que necessitam de mudanças para aplicação da


metodologia de Operações Integradas (adaptado de [100])

Especificamente em relação ao gerenciamento da manutenção, objeto


desta pesquisa, o processo deve englobar principalmente a monitoração do
estado de uma instalação por meio do desenvolvimento das estratégias de
manutenção, vital para garantir o cumprimento dos requisitos legais, garantir a
disponibilidade dos equipamentos e otimização dos custos de manutenção
[100].
69

Para a Norwegian Oil Industry Association [100], os principais pontos


chaves para o sucesso das Operações Integradas são:

 Iniciativas de melhoria devem ser priorizadas nos processos que


geram maior valor agregado, como perfuração, completação de
poços e gestão da manutenção;

 O planejamento, priorização e execução de atividades devem ser


integrados entre todos os processos chaves;

 As equipes operacionais devem ser alocadas de acordo com as


competências e devem ter autonomia para tomada de decisões,
quando necessário;

 As equipes devem ter acesso às informações das instalações de


produção em tempo real e trabalhar em um ambiente colaborativo;

 As equipes devem utilizar filtros de informação, como sistemas de


alarmes inteligentes, e manter os processos em limites aceitáveis,
distantes das faixas de alarme e trip.

5.3 Práticas existentes e futuras

A implantação das Operações Integradas na indústria de Óleo e Gás


norueguesa foi dividida em 2 gerações diferentes, denominadas G1 e G2,
sendo que ambas gerações possuem como ponto em comum a reestruturação
dos processos de trabalho. A figura 23 ilustra as principais características
dessas gerações.
70

Figura 23 – Processos G1 e G2 (adaptado de [95])

5.3.1 Práticas tradicionais

Em uma operação tradicional, muitas decisões são tomadas no


ambiente offshore, isoladamente ou com a participação limitada de
especialistas onshore. O planejamento é relativamente rígido e fixado
basicamente em intervalos. A estrutura organizacional é tradicional, o que
significa que as equipes offshore e onshore pertencem a diferentes unidades
com diferentes metas e indicadores de performance. Os profissionais são
desenvolvidos para serem especialistas em disciplinas específicas, mas
geralmente sem a visão do processo onde estão inseridos. Os sistemas de
controle são especializados, sendo difícil e demorado a coleta de dados para
análise e otimização dos processos produtivos [100].
71

Figura 24 – Relação entre as unidades offshore e onshore em uma prática tradicional


(adaptado de [100])

Especificamente em relação à manutenção, as práticas tradicionais


basicamente consideram como estratégias de manutenção a aplicação de
intervenções preventivas e corretivas, acrescidas de limitados métodos de
manutenção baseada na condição. Isto significa que as manutenções são
realizadas periodicamente e com tarefas previamente determinadas, ou sempre
que ocorre uma falha. O processo de manutenção é suportado por um sistema
ERP (geralmente os recursos são utilizados de forma limitada) e documentação
técnica. As perdas de produção nesse tipo de prática comumente estão
relacionadas à falha em equipamentos do processo produtivo [100].

5.3.2 Processos da Geração G1

Os processos da Geração G1 são focados principalmente no uso de


tecnologias de informação e comunicação para integrar os processos e
trabalhadores onshore e offshore. Para atingir este objetivo, a tecnologia
implementada tem de garantir que a capacidade dos sistemas instalados em
terra é suficientemente confiável para suportar as operações offshore. Uma
característica dessa geração é a introdução de extensas transmissões de
dados em tempo real entre plataformas de petróleo offshore e os centros de
operação onshore, como ilustrado na figura 25. Os dados transmitidos podem
ser compartilhados e analisados por trabalhadores em tempo real,
independentemente da localização geográfica, tornando possível o suporte
técnico especializado a partir de instalações onshore [92].
72

Figura 25 – Relação entre as unidades offshore e onshore na geração G1 (adaptado de [100])

Algumas companhias norueguesas já implantaram os processos de


trabalho da geração G1 durante a primeira década do século XXI, enquanto
outras estão conduzindo pilotos para avaliação da prática ou estão em
processo de implantação [101]. A figura 26 demonstra a aplicação da geração
G1 em uma plataforma localizada no Mar do Norte.

Figura 26 – Ambientes colaborativos em tempo real (adaptado de [101])

Em relação à manutenção, a geração G1 preconiza que todos os


trabalhos de planejamento da manutenção devem ser realizados no ambiente
onshore, coordenando adequadamente as intervenções preventivas com o
73

planejamento de produção, monitoramento remoto e as técnicas de


manutenção baseada na condição. Isto tem como objetivo reduzir a
necessidade de intervenções preventivas e aumentar o período de
disponibilidade dos equipamentos. Nessa geração, a aplicação da manutenção
baseada na condição não deve se limitar apenas às máquinas rotativas, mas
também deve ser empregada em outros equipamentos críticos, como válvulas,
implementando ferramentas on-line para monitoramento de performance.
Como consequência desse monitoramento, tendências de degradação devem
ser identificadas brevemente, permitindo que as decisões sobre qualquer tipo
de intervenção sejam tomadas antes da ocorrência de uma falha, garantindo
que equipamentos caros e críticos para o processo, como turbinas e grandes
motores, sejam preservados [100].

5.3.3 Processos da Geração G2

A geração G2 tem como objetivo aumentar a eficiência das operadoras


através do uso intensivo do conhecimento e serviços dos fornecedores,
implantando funcionalidades que permitam a operação de um campo de forma
remota [92]. A figura 27 ilustra a relação entre as unidades offshore e onshore.

Figura 27 – Relação entre as unidades offshore e onshore na geração G2 (adaptado de [100])

Algumas empresas operadoras de campos de petróleo na Noruega já


implantaram processos dessa geração em caráter de piloto, mas não é
esperado que substituam os processos da Geração G1 até 2015 [100].
74

Em termos de manutenção, a geração G2 tem como objetivo realizar as


preparações para manutenções, modificações e reparos em ambientes
onshore, sendo que a execução dessas intervenções em ambiente offshore
deve ocorrer por equipes multidisciplinares e itinerantes, diferentemente do
modelo atual, onde a maior parte das manutenções é realizada por equipes
residentes da plataforma. O planejamento onshore será apoiado por sistemas
de videoconferência e modelos 3D da plataforma [100]. Nesta geração, a
técnica de manutenção que deverá ser aplicada de forma mais ampla é a
baseada na condição, apoiada por instrumentos inteligentes [102]. A
quantidade de dados gerados deverá ser gerenciada por pacotes de softwares
programados para filtrar as informações mais relevantes para a manutenção,
de modo a otimizar os trabalhos da equipe de suporte onshore [103].

5.4 Ganhos econômicos estimados

No relatório denominado “eDrift på norsk sokkel” [104], a Norwegian Oil


Industry Association estima que com a implantação das Operações Integradas,
a recuperação de petróleo na Noruega poderá crescer entre 3 e 4% e os custos
operacionais podem ser reduzidos entre 20 e 30%. Neste relatório, após
pesquisas realizadas nos 11 maiores campos produtores da plataforma
continental norueguesa, concluiu-se que um investimento de 4,2 bilhões de
dólares na implantação das Operações Integradas, no período de 2005 a 2015,
proporcionaria um ganho de até 42 bilhões de dólares no mesmo período de
tempo. Os ganhos foram calculados considerando um preço médio de 40 - 45
USD/barril.

Além dos ganhos econômicos, a aplicação das Operações Integradas


em nível mundial pode contribuir para um aumento substancial das reservas de
petróleo [105].
75

6 ETAPAS DE PROJETO E REQUISITOS RELACIONADOS À


MANUTENÇÃO

Este capítulo apresenta as principais etapas para implantação de


projetos de capital e sua correlação com a estratégia de manutenção. Essas
etapas também são aplicáveis para projetos de unidades offshore para
produção de óleo e gás natural.

6.1 Fases de implantação de um projeto

A implantação e operação de um projeto contemplam 10 fases básicas,


conforme apresentado na figura 28. As fases de 1 a 8 e a 10 pertencem à
categoria de investimento chamada CAPEX (Capital Expenditure) e
transcorrem em cerca de 2 a 6 anos (4 a 6 anos em instalações offshore para
produção de petróleo e gás). A fase 9, chamada OPEX (Operational
Expenditure) dura, em geral, de 25 a 30 anos [106].

Investimento

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1- Identificação de Oportunidades 6- Construção e Montagem


2- Seleção das alternativas 7- Comissionamento e Condicionamento
3- Projeto Conceitual 8- Start-up e Pré-operação
4- Projeto Básico 9- Operação e Manutenção
5- Projeto Detalhado 10- Descomissionamento

Figura 28 – Fases de um empreendimento de Capital (extraído de [106])

As fases 1 e 2 tratam da identificação das oportunidades e seleção das


alternativas de investimento e produção. São fases estritamente vinculadas às
estratégias de negócio das empresas, não tendo relação alguma com as
políticas de manutenção. Nestas fases são realizados os estudos de viabilidade
técnica e econômica e tomadas as primeiras decisões sobre a produção da
jazida de petróleo.
76

Já as fases 3 (projeto conceitual) e 4 (projeto básico) tratam,


principalmente, das especificações referentes aos sistemas de produção,
definindo, sobretudo, as tecnologias a serem aplicadas, as possibilidades de
simplificação no processo e os principais equipamentos da instalação.

Para a manutenção, é fundamental que na fase 4, onde o projeto básico


já deve estar minimamente definido, sejam realizados estudos de
confiabilidade, como a modelagem RAM (Reliability, Availability e
Maintainability) a fim de identificar eventuais problemas no processo ainda na
fase de projeto.

O objetivo da análise RAM é avaliar o desempenho de um equipamento


ou sistema através da definição e melhoria dos equipamentos críticos, para que
o sistema atinja a disponibilidade necessária [107].

Para realização da análise RAM é necessário levantamento dos modos


de falha dos equipamentos, que causam perda para o sistema estudado, o
histórico de falhas e o tempo necessário para reparar cada modo de falha. O
segundo passo dessa análise é modelar o sistema segundo a metodologia do
diagrama de blocos, que representa cada equipamento considerado no sistema
em série ou em paralelo, dependendo da lógica de perda gerada para o
sistema. O terceiro passo é a simulação direta, que descreve o comportamento
do sistema ao longo do tempo segundo as características de falha e reparo de
cada equipamento, dando o resultado de disponibilidade final do sistema,
sendo possível observar a contribuição no percentual de perdas de cada
equipamento no sistema [107].

A realização do estudo RAM permitirá estimar a eficiência da planta e


recomendar ações para melhoria da mesma, como, por exemplo, investir em
equipamentos redundantes para garantir um nível de produção de óleo mais
elevado. O modelo elaborado na fase 4 deverá ser refinado nas fases
seguintes, incorporando maiores informações do projeto, na medida em que o
mesmo for sendo detalhado e, posteriormente, as informações relativas às
intervenções de manutenção.

Outro ponto de atenção em relação à manutenção refere-se à utilização


de protótipos ou de equipamentos ainda não consolidados no mercado, que
77

devem ser criteriosamente avaliados, visto que, em geral, não possuem


históricos de falhas que permitam avaliar sua eficiência e desempenho. Isto
pode, inclusive, gerar parâmetros equivocados de falhas para o modelo RAM e
acarretar em resultados imprecisos e incoerentes de eficiência.

A fase 5 refere-se à etapa de detalhamento do projeto, a fim de atender


as premissas do projeto básico e os requisitos legais pertinentes.

Para a manutenção, esta é uma etapa fundamental, visto que os


requisitos de Operação e Manutenção deverão ser definidos. Dentre as
principais atividades dessa etapa, destacam-se:

 A atualização do modelo RAM, incorporando as informações do


projeto detalhado;

 Definição da carga de trabalho preliminar de manutenção, com o


objetivo de definir a equipe mínima necessária a bordo da
instalação;

 Seleção do software de manutenção (CMMS - Computerized


Maintenance Management System) a ser utilizado, caso a empresa
ainda não o tenha definido em projetos anteriores;

 Definição da estratégia de Operação e Manutenção;

 Definição dos contratos de serviços de manutenção;

 Definição dos requisitos para gestão de sobressalentes;

 Definição dos requisitos para Operações Integradas.

A partir da fase 5 inicia-se efetivamente o projeto de implantação do


Planejamento da Manutenção com foco na fase operacional (fase 9). Nesta
fase deverão ser definidos os cronogramas de implantação do planejamento da
manutenção e também as diretrizes a serem utilizadas nas fases seguintes.

Para elaboração do cronograma de implantação, esta tese sugere que


sejam considerados como sistemas prioritários aqueles ligados diretamente à
segurança operacional, como os sistemas de combate a incêndio, detecção de
fogo e gás e geração de emergência, até mesmo para garantir o atendimento
aos requisitos legais da ANP. Posteriormente, os sistemas de medição de
78

fluídos (também para atendimento aos requisitos legais da ANP) e os que


geram as maiores perdas de produção em caso de indisponibilidade (a lista
desses sistemas pode ser obtida diretamente da modelagem RAM). Por fim, os
sistemas que possuem impacto irrelevante na produção.

Para complementar e auxiliar na definição dos sistemas prioritários, esta


tese propõe que seja utilizado o critério de decisão proposto na norma
NORSOK Z-008 (Criticality analysis for maintenance purposes) [108],
apresentado na tabela 3. Caso a empresa possua um critério próprio, o mesmo
deve ser aplicado. Adicionalmente, esta tese propõe um quarto nível de
criticidade: Altíssima. O objetivo é priorizar os equipamentos críticos de
segurança operacional, definidos como salvaguardas nos estudos de risco ou
que se enquadram como equipamentos pertencentes a sistemas críticos de
segurança operacional.

Tabela 3: Classificação geral de consequências (adaptado de [108]).

Saúde, segurança e meio


Classe Produção Custo (perda de produção)
ambiente
- Potencial para sérias lesões;
- Indisponibilidade de sistemas Parada ou perda significativa de
críticos de segurança; produção superior a X horas Custo significativo, superior a Y
Alta - Potencial para incêndio em área (período especificado pela reais (limite especificado pela
classificada; empresa) dentro de um período de empresa)
- Potencial para ampla poluição tempo definido.
ambiental.
- Potencial para lesões que
requerem tratamento médico;
Breve parada ou redução da
- Efeito limitado em sistemas de
produção inferior a X horas Custo moderado, entre Z e Y reais
segurança;
Média (período especificado pela (limites especificados pela
- Sem potencial para incêndio em
empresa) dentro de um período de empresa)
área classificada;
tempo definido.
- Potencial para poluição ambiental
moderada.
- Sem potencial para lesões;
- Sem efeito em sistemas de
Sem efeito sobre a produção
segurança; Custo insignificante, inferior a Z
Baixa dentro de um período de tempo
- Sem potencial para incêndio; (limite especificado pela empresa)
definido.
- Sem potencial para poluição
ambiental.

As fases 6, 7 e 8 tratam das etapas de construção e montagem,


comissionamento/condicionamento e start-up/pré-operação, respectivamente.

Nestas fases estão concentradas as atividades de execução do


planejamento da manutenção, sendo, portanto, as fases que detalharão a
maneira como as estratégias de manutenção definidas na Fase 5 serão
implantadas durante o ciclo de operação da unidade. Maiores detalhes são
apresentados no capítulo 7.
79

A fase 9 refere-se a etapa de operação da unidade. Nesta fase, as


estratégias de manutenção já devem estar implantadas, sendo crucial que a
rotina de planejamento e controle da manutenção funcione adequadamente
para garantir o cumprimento de todo o programa de manutenção previsto para
a plataforma. Nesta fase, é fundamental que sejam estabelecidos ciclos para
análise crítica dos planos de manutenção, com base em indicadores como
disponibilidade de equipamentos, a fim ajustar eventuais planos de
manutenção que não estão bloqueando a ocorrência de falhas nos
equipamentos.

A fase 10, referente ao descomissionamento, encerra o ciclo de vida do


projeto e geralmente ocorre quando há o amadurecimento do campo de
petróleo, de maneira que a continuidade da produção do campo se torna
inviável.

Em relação à estratégia de Operações Integradas, devem-se utilizar


tecnologias que permitam realizar o monitoramento da condição dos
equipamentos de forma remota, com o objetivo de reduzir a carga de
manutenções preventivas com base no tempo-calendário a bordo da
instalação. Porém, é fundamental que os custos de investimentos (CAPEX)
sejam atrativos em relação aos futuros custos de operação do empreendimento
(OPEX).

Ao se iniciar um novo projeto de empreendimento, é necessário que


todos os trade-offs (escolhas conflitantes) estejam bem definidos, pois há que
se desafiar uma máxima de que projetos de baixo CAPEX necessariamente
são de alto custo de OPEX, sendo este o grande desafio da engenharia de
confiabilidade [106]. No caso específico da manutenção, projetos de baixo
CAPEX em geral implicam em falta de redundância de equipamentos com uma
mesma função, na restrição/diminuição do uso de instrumentos (o que pode
prejudicar a aplicação da manutenção baseada na condição), na compra de
equipamentos mais baratos (geralmente com uma confiabilidade menor), entre
outros aspectos que podem levar a uma menor disponibilidade e eficiência do
sistema de produção da unidade.
80

7 PLATAFORMA TÍPICA PARA PRODUÇÃO OFFSHORE DE PETRÓLEO


E GÁS

Este capítulo apresenta os principais tipos de plataforma utilizadas para


produção de petróleo e gás natural no mundo e descreve resumidamente o
sistema elétrico de unidades do tipo FPSO (Floating, Production, Storage and
Offloading). Também são apresentadas as principais informações acerca da
instalação considerada neste trabalho.

7.1 Tipos de Plataformas

O planejamento de desenvolvimento da produção determina o tipo de


plataforma e os processos industriais que serão construídos para produzir
petróleo e gás natural em um determinado campo. As diversas opções técnicas
disponíveis de plataformas marítimas devem atender às condições do
reservatório (pressão e temperatura), às características físico-químicas dos
hidrocarbonetos (nível API e existência de contaminantes) e às características
de localização dos poços (profundidade, correntes marítimas e distância da
costa) [109].

A figura 29 ilustra os diversos tipos de plataformas marítimas utilizadas


mundialmente para lavra de hidrocarbonetos. A diversidade de estruturas
disponíveis deve-se, principalmente, aos fatores marítimos da locação
(condições ambientais). Por exemplo, as plataformas do tipo Spar são muito
utilizadas no Golfo do México, devido à resistência sob condições ambientais
severas (furacões e tornados). Além disso, essas estruturas são apropriadas
para a filosofia de desenvolvimento da produção naquela região, em que
poucas linhas estão conectadas à superfície e a planta de processo é pequena
[110].
81

Figura 29 – Ilustração de tipos de plataformas utilizadas no mundo (adaptado de [111])

No Brasil, principalmente para exploração das reservas do pré-sal, é


muito comum a utilização de navio plataforma do tipo FPSO. Este tipo de
plataforma tem como característica a grande distância de instalação em
relação à costa (de 200 a 300 km), operação em lâmina d’água de 1.000 a
2.500 metros, sistema de ancoragem, a existência de tanques de
armazenamento de petróleo e sistema de transferência para navios aliviadores
[110]. A figura 30 apresenta a fotografia de um FPSO.

Figura 30 – Fotografia do FPSO P-54 (extraído de [112])

Oliveira [110] descreve o sistema elétrico de um FPSO como sendo


isolado, ou seja, não existe conexão com outro sistema elétrico de potência. A
82

unidade é normalmente alimentada por quatro turbogeradores principais, que


podem utilizar como combustível o gás natural proveniente da produção ou
óleo diesel. Em condições normais, três geradores são suficientes para suprir a
demanda da plataforma, e o quarto gerador permanece desligado em modo
stand-by. A planta industrial possui ainda um gerador auxiliar e um gerador de
emergência para as cargas essenciais e de emergência.

Ainda segundo Oliveira [110], o sistema elétrico é dividido e classificado


de acordo com a importância da carga elétrica para a segurança e continuidade
operacional. De acordo com essa classificação, a alimentação elétrica pode ser
redundante em diversos níveis, de forma a garantir o funcionamento dos
equipamentos e sistemas industriais em situações de emergência.

Os tipos de cargas elétricas são:

 Normais;

 Essenciais;

 Emergenciais.

As cargas normais (ou não essenciais) são os equipamentos elétricos


que suportam processos considerados passíveis de interrupção sem risco
operacional ou de segurança. Fazem parte dessas cargas normais aquelas
consideradas auxiliares, importante para a retomada da produção. Essas
cargas auxiliares podem ser alimentadas pelo gerador auxiliar no caso de
indisponibilidade do sistema de geração principal.

As cargas essenciais são os equipamentos elétricos que suportam


sistemas considerados essenciais para a unidade marítima, conforme
classificação do IMO MODU CODE [113]. Essas cargas são alimentadas pelo
barramento essencial. Esse barramento é conectado ao barramento principal
por no mínimo duas conexões. Essas cargas devem permanecer energizadas
pelo gerador de emergência quando ocorrer algum tipo de shutdown na
unidade ou no caso de falha no sistema de geração principal. Por exemplo, as
cargas consideradas essenciais são:

 Compressores de ar de serviço e instrumentação;

 Unidades hidráulicas de controle do sistema de produção submarino;


83

 Exaustores, ventiladores e sistema de refrigeração de ar.

As cargas de emergência são os equipamentos elétricos que suportam


os sistemas críticos da unidade marítima. Esses sistemas são necessários à
salvaguarda da vida a bordo e à segurança operacional dos poços e
equipamentos críticos de processo. Essas cargas são alimentadas pelo
barramento essencial e também por um sistema ininterrupto de energia elétrica
(UPS e sistemas de corrente contínua). Essas cargas devem permanecer
energizadas durante o tempo entre o desligamento da geração principal e a
partida do gerador de emergência, bem como durante a falha do próprio
gerador de emergência. Em geral, esses sistemas são alimentados em 220
Vac ou 12, 24, 48 e 125 Vcc. Os sistemas industriais críticos, considerados
cargas de emergência, são:

 Detecção de fogo e gás;

 Combate a incêndio;

 Parada de emergência;

 Iluminação de emergência;

 Luzes de auxílio à navegação;

 Luzes de obstáculo aéreo;

 Telecomunicações e intercomunicadores;

 Painel de controle do gerador de emergência;

 Painel de controle da bomba de incêndio;

 Equipamentos que compõem o sistema de controle e


intertravamento;

 Equipamentos que compõem o sistema supervisório.

A figura 31 apresenta o diagrama unifilar de uma plataforma tipo FPSO.


As cargas normais estão representadas em áreas limitadas por traços roxos, as
essenciais em laranja e as de emergência em vermelho.
84

G G G G

Cargas Cargas

Cargas Cargas

Cargas Cargas Cargas

G G

Cargas Cargas

Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal
Distribuição Normal
Geração de Emergência
Distribuição Essencial
Geração Auxiliar
Sistema de Corrente Contínua/UPS Cargas Cargas Cargas Cargas
Distribuição de Emergência
Cargas diversas (processo, utilidades, etc.)

Figura 31 – Diagrama unifilar de plataforma FPSO (adaptado de [110])


85

7.2 Detalhes sobre a instalação considerada no trabalho

O desenvolvimento dos estudos e simulações considerados neste


trabalho considerou uma plataforma do tipo FPSO com capacidade de
produção de 100.000 barris de óleo equivalente por dia. Considerando uma
empresa petroquímica com uma produção média diária de 2.000.000 de barris
de óleo equivalente, seria necessária a operação de 20 plataformas desse tipo.

O trabalho também considerou que uma plataforma FPSO típica possui


uma potência instalada da ordem de 100 MVA. Devido ao grande volume de
produção e, consequentemente, às grandes perdas relacionadas, o sistema de
geração principal usualmente possui redundância, operando em uma
configuração k-de-n. A notação k-de-n significa que o sistema elétrico da planta
possui “n” geradores instalados, sendo “k” o número mínimo de geradores
necessários para alimentar toda a planta.

As configurações mais usuais em sistemas elétricos offshore são:

 k=1 e n=3;

 k=2 e n=3;

 k=2 e n=4;

 k=3 e n=4.

O requisito de redundância possui grande impacto em relação ao capital


investido na fase projeto, pois, quanto maior o nível de redundância, maior
deverá ser a capacidade instalada e, consequentemente, o valor investido.

A tabela 4 apresenta a capacidade instalada necessária para uma


demanda de 100 MVA, considerando os diferentes tipos de configurações.
Embora não sejam usuais, as configurações série (k=1 e n=1) e paralelo (k=1 e
n=2) também foram consideradas.
86

Tabela 4: Configuração x Capacidade instalada

Configração Potência instalada

Série 100 MVA

Paralelo 200 MVA

k=1 e n=3 300 MVA

k=2 e n=3 150 MVA

k=2 e n=4 200 MVA

k=3 e n=4 134 MVA

Uma característica relevante deste tipo de unidade é a grande


quantidade de equipamentos instalados, aproximadamente 40.000
equipamentos passíveis de manutenção. Também há restrição em relação à
capacidade de mão-de-obra, limitada em quantidade em função das
características de uma unidade marítima. Dessa forma, é necessário
estabelecer algum método de priorização que permita dedicar os limitados
recursos humanos disponíveis à bordo para os serviços de manutenção dos
equipamentos mais relevantes da planta. Para isso, esta tese propõe um
método de priorização baseado na criticidade do equipamento, que será
descrito no item 8.2.2.

A limitação de recursos humanos também justifica a necessidade de se


otimizar as estratégias de manutenção adotadas pelo método tradicional,
principalmente em relação à periodicidade das manutenções preventivas.
Atualmente, tanto as tarefas dos planos de manutenção preventiva, quanto as
periodicidades, são definidas de maneira empírica, geralmente com base na
experiência de um grupo. A tabela 5 apresenta as periodicidades adotadas
através do método tradicional para três classes de equipamentos elétricos em
relação às manutenções preventivas. Adicionalmente, nenhum tipo de
acompanhamento, seja permanente, seja esporádico, é utilizado para viabilizar
a manutenção baseada na condição para os modos de falha onde essa técnica
é aplicável.
87

Tabela 5: Periodicidades adotadas através do método tradicional.

Equipamento Principais dados Método tradicional

Intervalo de manutenção periódica 6 meses

Tempo de execução por gerador 2 horas


Gerador elétrico
Acompanhamento permanente Não

Acompanhamento esporádico Não

Intervalo de manutenção periódica 2 anos

Tempo de execução por relé 2 horas


Relé de proteção
Acompanhamento permanente Não

Acompanhamento esporádico Não

Intervalo de manutenção periódica 1 ano

Tempo de execução por disjuntor 2 horas


Disjuntor a vácuo
Acompanhamento permanente Não

Acompanhamento esporádico Não

Considerando o grande parque de equipamentos instalados e a limitação


de mão-de-obra a bordo, é essencial que a estratégia de manutenção priorize
os equipamentos de maior criticidade. Por essa razão, o método de priorização
proposto classifica os equipamentos em 4 níveis de criticidade: altíssima, alta,
média e baixa, em função do seu impacto na produção, na segurança da
plataforma e do meio ambiente, entre outros fatores.

Para os equipamentos de baixa criticidade, a estratégia de manutenção


a ser adotada recomenda apenas a manutenção corretiva planejada, como
forma de atender à restrição de recursos humanos à bordo para os serviços de
manutenção. Neste caso, torna-se essencial uma boa gestão de materiais
sobressalentes para recompor a função desses equipamentos quando da
ocorrência de falhas. Para os equipamentos de maior criticidade, a definição da
estratégia de manutenção envolve uma análise dos modos de falha e dados de
confiabilidade, a fim de subsidiar a determinação da técnica de manutenção
mais adequada e a periodicidade para realização das manutenções
preventivas. O capítulo 8 descreve maiores detalhes acerca da estratégia de
manutenção proposta.
88

8 ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO PROPOSTA

Este capítulo apresenta a metodologia proposta para definição e


implantação da estratégia de manutenção, bem como as demais contribuições
deste trabalho. A metodologia é estruturada para implantação da estratégia de
manutenção antes do início de operação de uma plataforma marítima de
produção de petróleo e gás natural, ou seja, ainda na fase projeto, construção
e montagem da unidade. Esta metodologia foi concebida para ser aplicada
durante as fases de construção e montagem (Fase 6), de comissionamento e
condicionamento (Fase 7) e start-up e pré operação (Fase 8), visto que nessas
etapas os principais fornecedores já estão definidos e o projeto já se encontra
em uma fase avançada de detalhamento e montagem.

8.1 Fase 5 – Diretrizes e Regulamentos

Na fase 5, os principais requisitos de Operação e Manutenção deverão


ser definidos, sendo uma das principais definições o macrofluxo de
manutenção, apresentado na figura 32.
89

Política e Diretrizes

Engenharia de Manutenção

Estratégia de Manutenção

Monitoramento Reavaliação
Planejamento Execução Avaliação das
e Controle
Estratégias

Ciclo de Execução
Ciclo de Melhoria
Ciclo de Estratégia

Requisitos Legais e Normativos

Figura 32 – Macrofluxo do processo de Manutenção

As políticas e diretrizes de manutenção são premissas adotadas por


cada empresa com foco em sua estratégia de negócio e com base nas suas
restrições operacionais e financeiras. Na área de Exploração e Produção em
ambientes offshore, uma restrição operacional significativa é a quantidade
reduzida de mantenedores a bordo das unidades marítimas. Para gerenciar
essa restrição, este trabalho propõe e aplica, principalmente, as seguintes
diretrizes:

a) Participação ativa dos operadores nas atividades de


manutenção.

Esta diretriz determina que as equipes de operação tenham


participação ativa no aspecto da manutenção autônoma, com uma
amplitude maior de atividades e responsabilidades, quando
comparado ao modelo de manutenção centralizada, permitindo assim
90

que a equipe de manutenção concentre-se nos problemas de maior


complexidade, deixando com isso de praticar atividades simples e de
rotina que podem ser executadas pelas equipes de operação.

b) Priorização pela manutenção baseada na condição.

A principal estratégia de manutenção adotada é a manutenção


baseada na condição, contendo planos de manutenção otimizados,
com base na Engenharia de Confiabilidade.

c) Aplicação da filosofia de trabalho das Operações Integradas.

A estratégia de manutenção é definida considerando os processos


de trabalho previstos na filosofia das Operações Integradas, com
suporte técnico e de planejamento de manutenção onshore.

8.2 Fases 6, 7 e 8 – Estratégia de Manutenção

8.2.1 Hierarquização dos Ativos

A hierarquização dos ativos (equipamentos) é a primeira etapa e uma


das mais importantes dentro da estratégia de manutenção. Nesta etapa é
realizada uma subdivisão da planta em níveis hierárquicos de modo a
classificar os ativos, estabelecer funções e relações entre esses níveis.

A hierarquização de uma planta tem início através da consulta de


informações de diversos documentos de projeto, a saber:

 P&ID;

 Diagramas de blocos;

 Diagramas unifilares;

 Fluxogramas gerais;

 Folhas de dados de equipamentos;

 Outros.
91

Para o estabelecimento do programa de manutenção é necessário que


todos os itens manuteníveis estejam identificados hierarquicamente, na forma
de uma árvore de equipamentos, conforme ilustra a figura 33. Após a definição
da hierarquia, é possível estabelecer os pacotes de manutenção com a
dimensão adequada para os recursos humanos e materiais disponíveis. Estes
pacotes são atribuídos aos itens de manutenção, o que também vincula os
custos de manutenção a esses itens.

Planta
xxxx

Sistema Sistema Sistema


xxxx xxxx xxxx

Função Principal Função Principal Função Principal


xxxx xxxx xxxx

Objeto de manutenção Objeto de manutenção Objeto de manutenção


xxxx xxxx xxxx

Número Número Número Número Número Número


do tag do tag do tag do tag do tag do tag

Figura 33 – Ilustração de hierarquia de equipamentos (extraído de [108])

O nível no qual é posicionado o item de manutenção deve ser baseado


na necessidade de se monitorar e controlar os diferentes programas de
manutenção daquele item.

Para manutenções corretivas, onde as ordens de trabalho podem ser


atribuídas a qualquer nível hierárquico, mesmo se os custos forem lançados no
menor nível dessa hierarquia, deve ser possível refleti-los nos níveis
superiores, onde estão cadastrados os objetos técnicos pais (equipamentos e
sistemas). Esta informação é uma parte dos dados necessários para realizar
uma avaliação e otimização da estratégia de manutenção.

Para montagem dessa hierarquia, é necessário ter o adequado


entendimento sobre a definição de equipamentos e sistemas operacionais:
92

 Equipamento: objeto físico individual, mantido como uma unidade


autônoma em uma instalação, que realiza uma atividade que
justifique a existência de históricos de manutenção e de custos e a
sistematização de planos de manutenção;

 Sistema Operacional: conjunto de equipamentos necessários para a


realização de uma função específica dentro da unidade industrial,
organizados de maneira lógica na forma de uma hierarquia ou rede.

Para fins de hierarquização de Ativos, uma norma que pode ser aplicada
é a NBR ISO 14224 [114], que auxilia na estruturação necessária para o
estabelecimento das bases para a coleta e o intercâmbio de informações de
confiabilidade e manutenção especificamente para o setor de óleo e gás. Esta
norma é composta por 9 capítulos, sendo o capítulo oitavo o mais relevante,
pois versa sobre os critérios para o estabelecimento de fronteiras para
equipamentos e sobre a classificação taxonômica a ser adotada. A figura 34
apresenta a hierarquia desta taxonomia.
93

(1)
Indústria
(2)
Cat. de Negócios

(3)
Instalação

(4)
Planta/Unidade
(5)
Seção/Sistema
(6)
Unidade de equipamento

(7)
Subunidade
(8)
Componente/item manutenível

(9)
Parte

Figura 34 – Taxonomia da NBR ISO 14224 (extraído de [114])

A taxonomia é uma classificação sistemática de itens em grupos


genéricos com base em fatores possivelmente comuns a vários desses itens
(localização, uso, subdivisão do equipamento etc.)

Dentre os 9 níveis dessa taxonomia, os 5 primeiros representam uma


categorização de alto nível que identifica as aplicações existentes nas plantas,
unidades e áreas abrangidas pela norma, de forma a retratar o contexto
operacional do equipamento. Por sua vez, os últimos 4 níveis descrevem o
equipamento. A tabela 6 apresenta os modelos taxonômicos propostos pela
norma NBR ISO 14224 [114].
94

Tabela 6: Exemplos taxonômicos (extraído de [114]).

Principal Nível Hierarquia


Definição Exemplos
categoria taxonômico taxonômica

Dados sobre Tipo de indústria


1 Indústria Petróleo, gás natural, petroquímica
uso/localização principal

Tipo de negócio ou Upstream (exploração e produção),


Categoria de
2 segmento da cadeia midstream, downstream (refino),
negócios
produtiva petroquímica

Produção de óleo/gás, transporte,


Categoria de
3 Tipo de instalação perfuração, GNL, refinaria,
instalação
petroquímica

Plataforma, semisubmersível,
unidade de hidrocraqueamento,
Categoria da Tipo de unidade de craqueamento de
4
Planta/Unidade planta/unidade etileno, unidade de polioetileno,
planta de ácido acético, planta de
metanol

Compressão, gás natural,


liquefação, gasóleo de vácuo,
Principal
regeneração de metanol, seção de
5 Seção/sistema seção/sistema da
oxidação, sistema de reação, seção
planta
de destilação, sistema de
carregamento de navio tanque

Subdivisão do Classe de unidades


equipamento de equipamentos
similares. Cada classe Trocador de calor, compressor,
Classe/unidade de de equipamento tubulação, bomba, caldeira, turbina
6
equipamento contém unidades de a gás, agitador, forno, árvore de
equipamentos natal, preventor de blow-out - BOP
comparáveis (Ex.
compressores)

Subunidade de lubrificação,
subunidade de resfriamento,
Um sistema controle e monitoração, subunidade
necessário ao de aquecimento, subunidade de
7 Subunidade funcionamento da peletização, subunidade de
unidade de resfriamento, subunidade de
equipamento têmpera, subunidade de
refrigeração, subunidade de refluxo,
subunidade de controle distribuído

O grupo de partes da
unidade de Resfriador, acoplamento, caixa de
equipamento que são engrenagem, bomba de óleo
Componente/Item comumente lubrificante, malha de
8
manutenível (MI)a submetidas à instrumentação, motor, válvula,
manutenção filtro, sensor de pressão, sensor de
(reparadas/restaurada temperatura, circuito elétrico
s) como um todo

Uma unidade parte do Selo, tubo, casco, impelidor, junta,


9 Parteb
equipamento placa de filtro, parafuso, porca, etc.

a
Para alguns tipos de equipamentos, pode não haver um MI; por exemplo, se a classe de equipamento for tubulação,
pode não haver MI, mas a parte poderia ser um “joelho”.
b
Embora esse nível possa ser útil em alguns casos, ele é considerado opcional nesta Norma.
95

Sobre a definição das fronteiras entre equipamentos e sistemas, esta


tese propõe a utilização das fronteiras dispostas no Anexo A da NBR ISO
14224 [114]. Por exemplo, a norma define a fronteira de um motor elétrico
conforme apresentado na figura 35, incluindo tanto a identificação das
interfaces, quanto da subdivisão interna do equipamento.

Alimentação Elétrica

Motor Elétrico

Sistema de Sistema de Sistema de


controle e Miscelâneas
Lubrificação Refrigeração
monitoração

Lubrificante Refrigerante Energia Instrumentação Fronteira


Remota

Figura 35 – Fronteira para motores elétricos (extraído de [114])

A norma também apresenta os tipos de motores elétricos, conforme a


tabela 7, e detalha as subdivisões, conforme a tabela 8.
96

Tabela 7: Classificação por tipo para motores elétricos (extraído de [114]).

Classe de equipamento – Nível 6 Tipo de equipamento

Descrição Código Descrição Código

Corrente alternada
AC
Motor elétrico (Alternating current)
(Electric EM
motor) Corrente contínua
DC
(Direct current)

Tabela 8: Subdivisão de motores elétricos (extraído de [114]).

Classe Motor Elétrico

Subunidades Corpo do Sistema de


Controle e Sistema de
motor a refrigeração Miscelânea
monitoração lubrificação
elétrico

Dispositivo de Ventilador Tampa


atuação (hood)
Filtros
Unidade de Reservatório
Trocador de
controle Bomba
Rotor/estator calor
Fonte de Motor
Excitação do Bomba
alimentação
rotor interna Filtro Motor
Itens
manuteníveis Rolamento Monitoração Refrigerador Válvulas
radial b
(cooler)
Sensores Tubulação
Rolamento Válvulas
axial Válvulas
Tubulação
Cabeamento
Óleo
Tubulação
Selagem
a
Normalmente não existe um sistema de controle extra para motores elétricos. Isso se aplica,
por exemplo, para motores Ex-p, que tem sua pressão interna monitorada, ou para grandes
motores que possuem monitoração de temperatura.
b
Deve ser especificado o tipo de sensor, por exemplo, de pressão, de temperatura, de nível,
etc.

Uma vez definido o que abrange a classe motor elétrico, é preciso


identificar quais são as suas características técnicas mais relevantes para
cadastramento no CMMS da empresa. Para motores elétricos, a norma NBR
ISO 14224 [114] recomenda que sejam cadastradas as informações descritas
na tabela 9.
97

Tabela 9: Características técnicas de motores elétricos (extraído de [114]).

Nome Descrição Unidade ou lista de valores Prioridade

Classe, tipo e
Máquina
identificação do Especificar Alta
acionada
equipamento acionado

Marcação Ex do
Tipo de proteção Norma ABNT NBR IEC
equipamento para Alta
Ex 60079-0
atmosferas explosivas

Normas ABNT NBR IEC


Grau de Proteção Grau de proteção Média
60529 e 60034-5

Indução, comutador (dc),


Tipo de motor Tipo Média
síncrono

Velocidade Velocidade de projeto RPM (Rotações por minuto) Média

Potência máxima de
Potência-projeto Kilowatt Média
saída - projeto

Voltagem de
Voltagem Volts Média
alimentação - projeto

Classe de Insulation class de


isolamento - acordo com a norma Y, A, E, B, F, H Média
a
rotor IEC 60034-1

Elevação de Temperature rise de


temperatura - acordo com a norma Y, A, E, B, F, H Média
a
rotor IEC 60034-1

Classe de Insulation class de


isolamento - acordo com a norma Y, A, E, B, F, H Média
estator IEC 60034-1

Elevação de Temperature rise de


temperatura - acordo com a norma Y, A, E, B, F, H Baixa
estator IEC 60034-1

Variador de Especifica se possui ou


Sim/Não Baixa
velocidade não

Especifica a potência
aproximada na qual
Power - operating omotor opera na maior Kilowatt Baixa
parte do tempo
moniotrado
a
Irrelevante para motores de indução

As informações apresentadas na figura 35 e nas tabelas 7, 8 e 9 definem


o que deve ser considerado como parte de um motor elétrico. Todas as classes
que serão abrangidas por um banco de dados de confiabilidade e
98

manutenabilidade devem ser especificadas desse modo, com o cuidado de


evitar sobreposições entre fronteiras das classes.

8.2.1.1 Exemplo de hierarquização

Para hierarquização dos equipamentos, a primeira etapa é estabelecer


os limites entre as fronteiras de cada sistema de acordo com a sua função. A
figura 31 já apresenta esta divisão da seguinte forma:

 Tracejado rosa: sistema de geração principal.

Principais equipamentos: turbinas a gás e geradores elétricos.

 Tracejado amarelo: sistema de distribuição principal.

Principais equipamentos: Painel elétrico, disjuntores, relés de


proteção e transformadores de distribuição.

 Tracejado roxo: sistema de distribuição normal.

Principais equipamentos: Painéis elétricos, disjuntores, relés de


proteção e transformadores de distribuição.

 Tracejado marrom: sistema de geração de emergência.

Principais equipamentos: motor diesel e gerador elétrico.

 Tracejado laranja: sistema de distribuição essencial.

Principais equipamentos: Painéis elétricos, disjuntores e relés de


proteção.

 Tracejado azul: sistema de geração auxiliar.

Principais equipamentos: motor diesel e gerador elétrico.

 Tracejado cinza: sistema de corrente contínua e UPS.

Principais equipamentos: retificadores, bancos de baterias e UPS.

 Tracejado vermelho: sistema de distribuição de emergência.

Principais equipamentos: Painéis elétricos.


99

 Tracejado verde: cargas diversas (processos, utilidades, etc.).

Principais equipamentos: aquecedores e motores elétricos de


diversos equipamentos, tais como ventiladores, bombas,
compressores, entre outros. A fronteira dos sistemas para esses
equipamentos é definida de acordo com os sistemas de processo.
Por exemplo, se o motor fizer parte do sistema de tratamento de
gás, pertencerá à hierarquia desse sistema. Se fizer parte do
sistema de tratamento de petróleo, será incluído na hierarquia do
mesmo, e assim sucessivamente para os diversos sistemas da
unidade.

Uma vez definida as fronteiras para os sistemas, deve-se realizar a


hierarquização dos equipamentos pertencentes ao mesmo. Como exemplo,
será realizada a hierarquização do sistema de distribuição principal, composto
principalmente por um painel de distribuição que recebe alimentação dos
turbogeradores. Esse painel será tagueado como DP PNL-01 (Sistema de
Distribuição Principal - Painel 01). A figura 36 apresenta o diagrama unifilar
deste painel.

GP TG-01
G GP TG-02
G GP TG-03
G GP TG-04
G

DP PNL-01
13,8 kV

DP DJ-E01 DP DJ-E02 DP DJ-E03 DP DJ-E04


DP DJ-TIE

DP DP DP DP DP DP DP DP DP
DJ-C01 DJ-C02 DJ-C03 DJ-C04 DJ-C05 DJ-C06 DJ-C07 DJ-C08 DJ-C09
DP
DJ-n

DP DP DP DP DP DP
TF-01A TF-02A TF-03A TF-03B TF-02B TF-01B

Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal

Figura 36 – Diagrama unifilar do sistema de distribuição principal.


100

Os cubículos de entrada possuem o diagrama típico ilustrado na figura


37.

DP PNL-01

P/ DP DJ-TIE Monitor de Arco

Medição
A, V, W, VA, cos
IEC 61850
Controle Switch
A, V, W, VA, kWh Rede Ethernet

IHM Proteção
86
50, 50BF, 51V
A

DP DJ-E01
Barramento13,8 kV

Figura 37 – Diagrama típico do cubículo de entrada.

Para hierarquização do Painel DP PNL-01, além do próprio painel,


deverão ser cadastrados como equipamentos os disjuntores e relés de
proteção de cada cubículo, inclusive para atendimento ao item 10.4.4 da NR-10
[51]. Dessa forma, a hierarquia proposta para o painel DP PNL-01,
considerando apenas o cubículo de entrada 01, onde está instalado o disjuntor
DP DJ -E01, é apresentado na tabela 10.
101

Tabela 10: Modelo de hierarquização para o painel DP DJ-E01.

Principal Nível Hierarquia Taxonômica


categoria taxonômico

Dados sobre 1 Indústria Petróleo


uso/localização
2 Categoria de Negócios Upstream (Exploração e Produção)

3 Categoria da Instalação Produção de Óleo/Gás

4 Categoria da Planta/Unidade FPSO 01

5 Seção/Sistema Sistema de Distribuição Principal

Subdivisão do 6 Classe/Unidade de equipamento DP PNL-01


equipamento
7 Subunidade Cubículo de Entrada 01

8 Componente/Item manutenível Cubículo

9 Parte Botão comando pulsante, 22,5 mm Preto

9 Parte Chave comutadora 2pos 600V 20A

9 Parte Chave comutadora 3pos 600V 32A

9 Parte Conector aferição 600V

9 Parte Contator pot 4NA AC-3 690V(Ui)

9 Parte Disjuntor miniatura 2P 6A 380Vca

9 Parte Relé bloq 125Vcc 5na+5nf

9 Parte Sinaleiro p/ painel 22,5mm 125Vca AM

9 Parte Sinaleiro p/ painel 22,5mm 125Vca VD

9 Parte Sinaleiro p/ painel 22,5mm 125Vca VM

9 Parte TC barra 1500 -5A

9 Parte TC janela 50 -5A

9 Parte TP 13800-120V 0,3P50

8 Componente/Item manutenível DP DJ-E01

9 Parte Bobina de abertura

9 Parte Bobina de fechamento

9 Parte Motor de carregamento de mola

9 Parte Bloco auxiliar

9 Parte Plugue de comando

8 Componente/Item manutenível Relé de Proteção DJ-E01

9 Parte Relé de Proteção Fabricante X, Modelo X


102

8.2.2 Criticidade dos equipamentos

Uma vez definida a hierarquia dos equipamentos, é necessário definir a


criticidade dos equipamentos. A classificação adequada da criticidade permite
uma melhor eficácia na escolha do tipo de manutenção (corretiva, preventiva
ou preditiva) que determinado equipamento será submetido e para otimizar a
aplicação dos recursos humanos e gestão dos custos.

Em geral, cada empresa possui a sua metodologia própria para definição


da criticidade de equipamentos. A metodologia proposta nesta tese têm como
base os estudos realizados pelos pesquisadores Fabro [115], Fuentes [116] e
Macedo [117] para a definição dos critérios para cálculo da criticidade dos
equipamentos.

Desta forma, foram estabelecidos 8 critérios de avaliação. Além dos


critérios descritos pelos autores acima, a tabela de critérios foi complementada
por outros critérios considerados relevantes pelos pesquisadores Furmann
[118], Belmonte [119] e Sellitto [120]. A tabela 11 resume os critérios
considerados na modelagem e suas definições.

Tabela 11: Critérios considerados para cálculo da criticidade.

Item Critério Definição

A Segurança das pessoas e do meio O foco é avaliar as conseqüências que a falha do equipamento pode
ambiente ocasionar sobre as pessoas e seu impacto sobre o ambiente.

B Custos da parada de produção Permite estabelecer critérios para categorização dos equipamentos
conforme as conseqüências sobre o processo de produção e
satisfação da demanda.

C Fator de velocidade de manifestação É o tempo que pode transcorrer entre o momento em que se detecta
da falha – Período P-F um defeito e o momento em que este se transforma em falha
funcional.

D Custos de reparação Determinar critérios de classificação das falhas de acordo com os


custos diretos de reparação.

E Origem Nacional ou importado.

F Nível de redundância Equipamento com capacidade limitada ou sem redundância.

G Mão de obra Manutenção realizada por pessoal próprio ou por terceiro.

H Idade do equipamento Idade dos equipamentos: após 10 anos as empresas podem fazer
descontinuidade de fabricação de peças.
103

Com os critérios definidos, o grau de importância de cada um deles foi


determinado aplicando-se o procedimento adotado por Fabro [115], no qual a
avaliação numérica de relações funcionais de Mudge é utilizada na
hierarquização.

O Método de Mudge consiste em hierarquizar os critérios por ordem de


importância e deve ser usado quando estiverem relacionados mais de seis
critérios, comparando-os aos pares [121].

A técnica inicia-se relacionando o critério “A” com o critério “B” e


determinando-se qual é o mais importante. A letra-chave do critério escolhido
como mais importante é colocada na parte superior esquerda do quadro “AB”.
A diferença na importância dos critérios é expressa pelo fator 1, 3 ou 5 de
acordo com os pesos:

 5 - Critério muito mais importante que o critério precedente;

 3 - Critério moderadamente mais importante que o critério


precedente;

 1 - Critério com pouca importância a mais que o critério precedente.

Após o critério “A” ter sido comparado e avaliado com o critério “B” e a
letra-chave da função mais importante e o seu fator-peso anotados no quadro,
repete-se o procedimento para a comparação “AC”, “AD”, seguindo até o último
critério. Posteriormente, analisa-se a linha subsequente e compara-se “BC”,
“BD”, seguindo, também, até comparar todos os critérios [122].

Esse processo de comparação e avaliação deve ser realizado até que


todos os critérios tenham sido individualmente comparados e avaliados com
todos os outros critérios relacionados. A avaliação será completada somando-
se os fatores-peso para cada critério e colocando-se o total na coluna de peso
de cada critério [123].

Dividindo-se o fator peso de cada critério pelo somatório do fator peso


de todos os critérios, tem-se o percentual de importância para cada critério. A
tabela 12 demonstra um exemplo da aplicação do critério de Mudge.
104

Tabela 12: Exemplo de aplicação do critério de Mudge


Comparação
dos critérios B Peso C Peso D Peso Soma %

A A 1 A 5 A 1 7 58,4%

B C 1 B 3 3 25%

C D 1 1 8,3%

D 1 8,3%
Legenda:
Critérios 12 100,00%
Resultado do critério mais importante da comparação
Fator-peso atribuído
Soma do peso de cada critério

Desta forma, a matriz de decisão apresentada na tabela 13 foi elaborada


para determinar o grau de importância de cada critério.

Tabela 13: Matriz para hierarquização dos critérios de criticidade

B Peso C Peso D Peso E Peso F Peso G Peso H Peso Soma %


A A 1 A 5 A 1 A 3 F 3 A 5 A 1 16 25,00%
B B 3 B 1 B 3 B 1 B 3 B 3 14 21,88%
C D 1 C 3 C 3 C 1 C 1 8 12,50%
D D 3 D 3 D 1 D 3 11 17,18%
E E 1 G 1 H 3 1 1,56%
F F 3 F 1 7 10,94%
G H 3 1 1,56%
H 6 9,38%
64 100,00%

Na tabela 13 observa-se que o critério A (Segurança das pessoas e do


meio ambiente) obteve o maior valor de grau de importância (25%) para a
avaliação da criticidade de um equipamento e os critérios E (Origem) e G (Mão
de obra) obtiveram o menor valor (1,56%). O valor percentual obtido para cada
critério é divisão da soma de pesos que o mesmo obteve na avaliação pela
soma dos pesos obtidos por todos os critérios.

A tabela 14 apresenta, em ordem decrescente, a importância de cada


critério avaliado na tabela 13.
105

Tabela 14: Importância dos critérios avaliados.

Grau de
Item Critério
Importância
A Segurança das pessoas e do meio ambiente 25,00%
B Custos da parada de produção 21,88%
D Custos de reparação 17,18%
C Fator de velocidade de manifestação da falha – Período P-F 12,50%
F Nível de redundância 10,94%
H Idade do equipamento 9,38%
E Origem 1,56%
G Mão de obra 1,56%
Uma vez definida a importância de cada critério, foram definidos os
pesos para os mesmos. Para definição dos pesos, foi empregada a proposta
do pesquisador Macedo [117], que adota os seguintes pesos:

 Critério com dois estados – pesos 0,5 e 1,0;

 Critério com três estados – pesos 0,0; 0,5 e 1,0.

Para o cálculo da criticidade quantitativa de um equipamento, deve-se


avaliar o impacto desse equipamento segundo cada um dos oito critérios
propostos. O produto do peso do impacto pelo grau de importância do critério é
o valor da criticidade do equipamento no critério avaliado. A soma das
criticidades parciais é o valor da criticidade quantitativa do equipamento. A
tabela 15 apresenta os valores numéricos propostos neste trabalho para
implementar este procedimento. As referências para os estados dos critérios A
e B foram extraídas da norma NORSOK Z-008 [108].

Quanto ao critério B (Custos da parada de produção), a norma NORSOK


Z-008 [108] sugere que cada empresa determine os seus gatilhos de perda. Os
valores sugeridos por este trabalho, considerando uma produção 100.000
barris de óleo equivalente por dia e a cotação do barril de petróleo tipo brent a
USD 61,00, são:

 Custo insignificante: inferior a USD 915.000,00 (equivalente a 15%


da produção);

 Custo moderado: entre USD 915.000,00 e 2.440.000,00 (entre 15%


e 40% da produção);

 Custo significativo: superior a USD 2.440.000,00 (superior a 40% da


produção).
106

Tabela 15: Peso dos estados para os critérios de criticidade dos equipamentos (adaptado de
[117])
Grau de Impacto do equipamento Peso do Criticidade
Item Critério
importância segundo o critério Estado quantitativa
- Sem potencial para lesões;
- Sem efeito em sistemas de
segurança;
0,00 0,0000
- Sem potencial para incêndio;
- Sem potencial para poluição
ambiental.
- Potencial para lesões que
requerem tratamento médico;
- Efeito limitado em sistemas
Segurança das de segurança;
0,50 0,1250
A pessoas e do 0,2500 - Sem potencial para incêndio
meio ambiente em área classificada;
- Potencial para poluição
ambiental moderada.
- Potencial para sérias lesões;
- Indisponibilidade de sistemas
críticos de segurança;
- Potencial para incêndio em 1,00 0,2500
área classificada;
- Potencial para ampla
poluição ambiental.
Custo insignificante, inferior a
0,00 0,0000
USD 915.000,00.
Custos da
Custo moderado, entre USD
B parada de 0,2188 0,50 0,1094
915.000,00 e 2.440.000,00.
produção
Custo significativo, superior a
1,00 0,2188
USD 2.440.000,00.
Suficiente, possível programar
Fator de 0,00 0,0000
a intervenção.
velocidade de
Curto, possível parar o
C manifestação da 0,1250 0,50 0,0625
equipamento.
falha – Período
P-F Muito curto, sem possibilidade
1,00 0,1250
para parar o equipamento.
Até 25 % do valor do
0,00 0,0000
equipamento.
Custos de Entre 25% e 80% do valor do
D 0,1718 0,50 0,0859
reparação equipamento.
Maior que 80% do valor do
1,00 0,1718
equipamento.

Nacional 0,50 0,0078


E Origem 0,0156
Importado 1,00 0,0156

Equipamento possui
0,00 0,0000
redundância.
Equipamento não possui
Nível de redundância, porém possui 0,50 0,0547
F 0,1094
redundância equipamento reserva.
Equipamento não possui
redundância e equipamento 1,00 0,1094
reserva.
Própria. 0,50 0,0078
G Mão de obra 0,0156
Terceirizada. 1,00 0,0156

Menor que 5 anos. 0,00 0,0000

Idade do
H 0,0938 Entre 5 e 15 anos. 0,50 0,0469
equipamento

Maior que 15 anos. 1,00 0,0938


107

O valor qualitativo da criticidade é obtido fazendo a comparação do valor


obtido para o quantitativo da criticidade com a faixa de valores definida por
Fuentes [116]. Esta tese propõe ainda que os equipamentos críticos de
segurança operacional, definidos como salvaguardas nos estudos de risco ou
que se enquadram como equipamentos pertencentes a sistemas críticos de
segurança operacional conforme previsto no SGSO [57], sejam classificados
com o maior valor de criticidade, visto a importância dos mesmos para a
segurança da unidade. Neste caso, a análise é prescritiva, ou seja, uma vez
identificado um equipamento de segurança operacional, não é necessário
realizar o procedimento descrito neste item para cálculo da criticidade, visto
que deve ser atribuído diretamente o maior valor de criticidade estabelecido.

Dessa forma, a criticidade qualitativa do equipamento será determinada,


a partir do valor da criticidade quantitativa, pelo procedimento mostrado no
diagrama da Figura 38.

Início

O equipamento é de
segurança operacional?

Valor calculado da criticidade (%)

Valor < 50%? SIM Criticidade


BAIXA

NÃO

SIM Criticidade
50% ≤ Valor ≤ 75%?
MÉDIA

NÃO

Criticidade Criticidade
ALTÍSSIMA ALTA

Figura 38 – Algoritmo para obtenção do valor qualitativo da criticidade dos equipamentos.


108

8.2.3 Definição da periodicidade da manutenção preventiva

Nesta tese propõe-se que a periodicidade da manutenção preventiva


para cada equipamento seja definida em função da taxa de falhas e do valor
qualitativo da criticidade calculados para o equipamento em análise, como
descrito a seguir.

a) Equipamentos de Altíssima Criticidade

Para esta classe de equipamentos, dada sua importância para a


segurança da planta, a manutenção preventiva deverá ser realizada sempre
altissima
que a função Confiabilidade - R(t) - atingir o valor mínimo de 0,95 ( Rmin ).
Dessa forma, para um equipamento classificado como de altíssima criticidade e
que apresenta taxa de falhas λ (falhas/ano), a periodicidade da manutenção é
calculada pela expressão:

altissima
ln( Rmin ) 0, 0512933
Taltissima   12 (meses) (40)
 

Considerou-se conveniente ainda adotar uma periodicidade máxima


para realização dos trabalhos de manutenção preventiva. Isso visa evitar que
os equipamentos que apresentam uma taxa de falhas muito baixa fiquem um
longo período sem manutenção. Para os equipamentos classificados como
altíssima criticidade adotou-se essa periodicidade máxima igual a 30 meses
(2,5 anos).

b) Equipamentos de Alta Criticidade

De forma análoga ao procedimento estabelecido para os equipamentos


de altíssima criticidade, para definir a periodicidade desta classe de
alta
equipamentos, será adotado uma confiabilidade mínima ( Rmin ) igual a 0,9025

(0,95x0,95). Com esse valor resulta que, para equipamentos que possuam a
mesma taxa de falhas, a periodicidade da manutenção de um equipamento de
109

alta criticidade será o dobro daquela verificada para um de altíssima criticidade.


Neste caso, a periodicidade pode ser calculada pela expressão 39.

alta
ln( Rmin ) 0,102586
Talta    12 (meses) (39)
 

Já a periodicidade máxima para os equipamentos da classe de alta


criticidade foi fixada em 60 meses (5 anos).

c) Equipamentos de Média Criticidade

Para esta classe de equipamentos adotou-se a confiabilidade mínima


media
( Rmin ) igual a 0,857375 (0,95x0,95x0,95), resultando que equipamentos desta

classe terão uma periodicidade de manutenção três vezes maior que um


equipamento classe altíssima criticidade com a mesma taxa de falhas. Neste
caso, a periodicidade pode ser calculada pela expressão 40.

media
ln( Rmin ) 0,1538799
TMedia   12 (meses) (40)
 

A periodicidade máxima para esta classe foi definida em 90 meses (7,5


anos).

d) Equipamentos de Baixa Criticidade

Devido à limitação de recursos humanos disponíveis à bordo da


plataforma, equipamentos classificados como de baixa criticidade não serão
submetidos a um programa de manutenção preventiva, recebendo somente
manutenção corretiva, quando necessário.

O gráfico da figura 39 a periodicidade da manutenção preventiva


calculada em função da taxa de falha do equipamento, para cada uma das três
primeiras classes de criticidade.
110

Figura 39 – Periodicidade da manutenção em função da criticidade e taxa de falhas.

8.2.4 Manutenção baseada na condição

A manutenção baseada na condição é uma técnica que consiste em


inspecionar os equipamentos continuamente ou em intervalos regulares, com o
objetivo de avaliar as condições do equipamento e identificar defeitos em
desenvolvimento que podem, quando não tratados adequadamente, incorrer
em falhas funcionais. Essas inspeções podem ser objetivas (com instrumentos)
ou subjetivas (com os sentidos). Dessa forma, a manutenção baseada na
condição realiza as intervenções em função das condições reais do
equipamento, ao invés de um determinado intervalo de tempo, como no caso
da manutenção preventiva [124].

Como qualquer outra técnica de manutenção, esta técnica não é


suficiente para bloquear todos os modos de falha possíveis nos equipamentos.
Contudo, a aplicação de técnicas de preditiva, associadas às inspeções
sensitivas, permite o bloqueio de muitos modos de falha quando o defeito ainda
111

está na fase de desenvolvimento. Dentre as principais técnicas de preditiva,


destacam-se a termografia, a medição de vibração e a análise de óleo. Em
relação às inspeções sensitivas, realizadas pelo operador, itens como a
verificação de ruídos e vazamentos também agregam informações importantes
sobre a condição dos equipamentos.

Esta tese prioriza a técnica de manutenção baseada na condição para


aqueles modos de falha onde a mesma é eficaz. Essa análise é realizada
conforme a metodologia proposta nos itens a seguir. Dessa forma, o programa
de manutenção preventiva é otimizado, contemplando apenas aquelas tarefas
em que a manutenção baseada na condição não é eficaz. Considera-se que,
após a realização da inspeção e a identificação de um defeito, o equipamento é
restaurado para uma situação “tão bom quanto um novo”.

8.2.5 Definição da estratégia de manutenção

Conforme definido no item 7.1.2 (Políticas e diretrizes), esta tese


considera as seguintes diretrizes para elaboração dos planos de manutenção:

a) Participação ativa dos operadores nas atividades de manutenção;

b) Priorização pela manutenção baseada na condição;

c) Aplicação da filosofia de trabalho das Operações Integradas.

Esta tese apresenta uma metodologia para definição da estratégia de


manutenção para novas unidades, dividida em três etapas. O objetivo é
estabelecer o programa inicial de manutenção, que deverá ser revisto e
adequado ao longo da vida útil da unidade.

 Etapa 1

A etapa 1 corresponde à análise dos modos de falha realizada através


de uma FMEA por classe de equipamentos (tais como relés de proteção,
disjuntores e motores elétricos), utilizando como parâmetro a norma IEC
60300-3-11 (Dependability Management – Part 3-11: Application Guide –
Reliability Centred Maintenance) [125] e os conceitos de FMEA abordados
112

pelos autores Kume [126], Palady [127], Stamatis [128], Villacourt [129] e na
norma militar americana MIL-STD-1629A [130]. O modelo do formulário de
FMEA proposto e seus respectivos campos são apresentados na figura 40.
Ainda nesta etapa, é realizada a estruturação da árvore de falhas (FTA) sobre
todos os itens críticos que serão colocados na condição de eventos iniciais da
árvore e atribuídas as respectivas taxas de falha, a fim de determinar o
comportamento do equipamento e dos seus principais itens durante um período
de tempo considerado.

A planilha de FMEA é composta pelos seguintes campos:

Função Falha Local da Mecanismo de


Item Equipamento Função
significante funcional Falha/Defeito degradação

1 2 3 4 5 6 7

Método Tarefa Recomendada


Taxa de Falha
Defeito de
(x 10-6) Tarefa Frequência Tipo
Detecção

8 9 10 11 12 13

Figura 40 – Modelo de FMEA proposto.

Onde:

1) Item

Sequência numérica para organização dos modos de falha analisados


na planilha.

2) Equipamento

Descrição do equipamento a ser analisado.

3) Função

Descrição da função do equipamento no sistema/processo.

4) Função significante

Classificação da relevância do equipamento para a operação da


unidade, sendo classificada em “sim” ou “não”.
113

5) Falha funcional

Modos de falha que definem a incapacidade de um item em


desempenhar a sua função conforme padrões de desempenho
requeridos.

6) Local da falha/defeito

O local da falha/defeito identifica em qual componente do equipamento


pode ocorrer uma falha funcional.

7) Mecanismo de degradação

Identificação das principais causas que levam o equipamento a falhar ou


apresentar algum defeito.

8) Defeito

Maneira como a alteração das condições de um item se manifesta em


um equipamento/componente em função do seu mecanismo de
degradação.

9) Taxa de falha

Parâmetros/valores referentes ao número de falhas num determinado


período de tempo.

10) Método de detecção

Para cada mecanismo de degradação identificado deve ser avaliado se


existe algum parâmetro que sinaliza que a degradação está ocorrendo
antes da ocorrência da falha, e se há algum método para monitorar
estes parâmetros. São exemplos destes métodos: Inspeção auditiva,
medição de vibração, medição de temperatura, entre outros.

11) Tarefa

Tarefas de manutenção efetivas para bloquear uma falha funcional em


função do modo de falha/mecanismo de degradação identificado.

12) Frequência

Periodicidade de execução das tarefas em função da taxa de falha dos


componentes de um equipamento. A frequência será definida em
114

intervalos múltiplos de 3 meses, a fim de otimizar o processo de


planejamento da manutenção.

13) Tipo

Técnica de manutenção na qual a tarefa selecionada se insere.


Exemplo: manutenção preditiva.

Os dados de falha são provenientes prioritariamente do banco de dados


Oreda [131] e da norma IEEE 500 [132]. Quando estas informações não estão
disponíveis nas fontes citadas anteriormente, são utilizadas taxas de falha de
outras fontes, que estão devidamente registradas nas análises.

Nesta tese, a etapa referente à árvore de falhas será realizada para as


duas primeiras classes de equipamentos a serem analisadas (motores e
geradores elétricos), para fins de demonstração prática da teoria proposta. As
demais classes serão analisadas com base na taxa de falhas do conjunto.

 Etapa 2

Na etapa 2, a partir da taxa de falha de cada item, são obtidos os


resultados referentes à confiabilidade e a influência desses itens sobre o
equipamento/sistema, entre outras informações utilizadas na análise.

 Etapa 3

A estratégia de manutenção adequada com base na filosofia de


Operações Integradas será apresentada no item 3, com base nos estudos
realizados nas etapas anteriores. Para determinação dos intervalos de
manutenção, será utilizado o gráfico disposto na figura 39, que correlaciona os
valores de confiabilidade definidos para cada classe de criticidade, a taxa de
falhas e a periodicidade manutenção.
115

8.3 Análise por classe de equipamentos

8.3.1 Motores elétricos

8.3.1.1 Etapa 1

A tabela 16 corresponde à análise dos modos de falha para um motor


elétrico de indução, realizada através da FMEA proposta anteriormente,
considerando a taxa de falha por local da falha/defeito obtidas através do
banco de dados Oreda [131].
Taxa de Tarefa Recomendada
Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo

Definido conforme
Observar a existência Rota
Desgaste por vida útil criticidade e taxa de
de ruídos estranhos Operacional
falha

Medição e análise de
Desgaste por Definido conforme
Inspeção auditiva vibração e
desalinhamento/falha de Vibração criticidade e taxa de Preditiva
1 Rolamento 8,25 Medição de vibração temperatura no
montagem Aquecimento falha
Medição temperatura mancal

Conforme
Desgaste por deficiência de Realizar lubrificação do
recomendação do Preventiva
lubrificação rolamento
fabricante

1) Motor não parte sob Verificar/corrigir


demanda; estado das conexões
2) Motor não para sob
demanda; Realizar limpeza da
3) Baixo torque na Baixo isolamento (Excesso caixa de ligação
partida; Curto-circuito
de umidade ou poeira) Definido conforme
4) Corrente alta em
2 Caixa de ligação 3,60 Inspeção visual Verificar/corrigir criticidade e taxa de Preventiva
vazio;
estado de pintura, falha
Realizar 5) Corrente alta em
Motor acionamento de carga; corrosão e anel de
Sim vedação
Elétrico cargas de produção 6) Sobreaquecimento do
e facilidades motor;
7) Aquecimento dos Aquecimento Reapertar conexões da
mancais; Mau contato
Curto-circuito caixa de ligação
8) Motor com baixa
isolação; Definido conforme
Curto-circuito para Medição de Medir isolação para
9) Motor em curto- criticidade e taxa de Preventiva
massa isolamento massa. Calcular IP.
circuito; falha
10) Vibração excessiva; Definido conforme
11) Alto nível de ruído. Medição de Medir isolação entre
criticidade e taxa de Preventiva
isolamento fases. Calcular IP.
falha
Baixo isolamento (Excesso
Definido conforme
de umidade ou poeira) Realizar análise de
Curto-circuito entre Método de MCA criticidade e taxa de Preditiva
MCA
fases falha
Tabela 16: Análise de modos de falha para motores elétricos.

3 Estator 0,36
Realizar análise dos
Continuamente, sob
Descargas parciais dados de descargas Preditiva
demanda
parciais

Definido conforme
Degradação prematura Medição da resistência Medir resistência
criticidade e taxa de Preventiva
do isolamento devido ôhmica ôhmica das bobinas
falha
Sobrecarga ao sobreaquecimento
Curto-circuito entre Definido conforme
Realizar análise de
espiras Método de MCA criticidade e taxa de Preditiva
MCA
116

falha
Continuação

Taxa de Tarefa Recomendada


Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo

Definido conforme
Observar a existência
Ruído criticidade e taxa de Rota Operacional
de ruídos estranhos
Inspeção auditiva falha
Medição de vibração
Medição temperatura Medição e análise de Definido conforme
4 Rotor Rompimento de barras 1,08
Elevação da corrente vibração e criticidade e taxa de Preditiva
temperatura falha
Definido conforme
Redução da Realizar análise de
Método de MCA criticidade e taxa de Preditiva
capacidade de carga MCA
falha
Perda do grau IP Verificar pontos de
Definido conforme
corrosão e acúmulo de
5 Carcaça Corrosão Diminuição da 2,52 Inspeção visual criticidade e taxa de Rota Operacional
poeira na carcaça.
capacidade de troca falha
1) Motor não parte sob Limpar se necessário.
térmica
demanda;
2) Motor não para sob Inspecionar
Definido conforme
demanda; continuidade e fixação
Corrosão criticidade e taxa de Rota Operacional
3) Baixo torque na do cabo de
falha
6 partida; Aterramento Choque elétrico 2,51 Inspeção visual aterramento
4) Corrente alta em
vazio; Definido conforme
Verificar/corrigir
Realizar 5) Corrente alta em Afrouxamento criticidade e taxa de Preventiva
estado das conexões
Motor acionamento de carga; falha
Sim Definido conforme
Elétrico cargas de produção 6) Sobreaquecimento do Observar a existência
e facilidades motor; criticidade e taxa de Rota Operacional
de ruídos estranhos
7) Aquecimento dos falha
Desgaste por Inspeção auditiva
mancais; Vibração
7 Acoplamento desalinhamento/falha de 1,08 Medição de vibração Medição e análise de
8) Motor com baixa Aquecimento Definido conforme
montagem Medição temperatura vibração e
isolação; criticidade e taxa de Preditiva
temperatura no
9) Motor em curto- falha
mancal
circuito;
10) Vibração excessiva;
Verificar
11) Alto nível de ruído. Ventilador quebrado
funcionamento do Definido conforme
8 Ventilador Aquecimento 3,23 Inspeção visual ventilador e obstrução criticidade e taxa de Rota Operacional
Ventilador empenado nas entradas e saídas falha
de ar

Observar a existência
Definido conforme
de pontos sujeitos a
9 Influências externas Não aplicável Não aplicável 6,10 Inspeção visual criticidade e taxa de Rota Operacional
intempéries (prensa-
falha
cabos, bujões, etc)

Baixa temperatura
Medir valor da
ambiente (quando Definido conforme
Resistência de Medição da resistência resistência ôhmica da
10 Queima desligado) N/D criticidade e taxa de Preventiva
aquecimento ôhmica resistência de
Condensação falha
aquecimento
(Umidade)
117
118

Com base nos modos de falha identificados, é proposta a árvore de


falhas apresentada na figura 41. O local de falha “resistência de aquecimento”
não foi considerado nesta análise por não possuir dados de falhas disponíveis
no banco de dados do Oreda.

Figura 41 – Árvore de falhas para motor elétrico.

8.3.1.2 Etapa 2

A tabela a seguir apresenta os principais dados de confiabilidade de


cada local da falha apresentado na tabela 17.

Tabela 17: Resumo por local da falha/defeito – motor elétrico.

Taxa de Intervalo para manutenção (meses)


Local da MTTF
Posição Falha
Falha/Defeito (meses)
(x 10-6h) Altíssima Alta Média

1 Rolamento 8,25 166,04 8,52 17,03 25,55

2 Caixa de ligação 3,60 380,52 19,52 39,04 58,55

3 Estator 0,36 3805,18 30* 60* 90*

4 Rotor 1,08 1268,39 30* 60* 90*

Resistência de
5 - - 30* 60* 90*
aquecimento

6 Carcaça 2,52 543,60 27,88 55,77 83,65

7 Aterramento 2,51 545,76 27,99 55,99 83,98

8 Acoplamento 1,08 1268,39 30* 60* 90*

9 Ventilador 3,23 424,11 21,75 43,51 65,26

Influências
10 6,10 224,57 11,52 23,04 34,56
externas
*De acordo a periodicidade máxima definida.
119

8.3.1.3 Etapa 3

Com base nos estudos de confiabilidade realizados na etapa 2, é


possível definir a estratégia de manutenção adequada a ser aplicada para a
classe de equipamentos “motores elétricos”, priorizando a filosofia de
Operações Integradas preconizada por esta tese.

Os rolamentos do motor são os elementos que apresentam o maior


índice de falhas, sendo estas provenientes de diversas causas como
desalinhamento mecânico de seu eixo, montagem incorreta do próprio
rolamento, lubrificação insuficiente ou excessiva, sobrecarga mecânica, entre
outras [133].

Um fator crítico para vida útil de um rolamento refere-se à lubrificação,


tipicamente realizada com óleo ou graxa. Estudos indicam que 30% das falhas
em rolamentos são relacionadas à lubrificação deficiente [134]. Os rolamentos
do tipo blindado já são projetados com a quantidade necessária de lubrificante
para todo o período de vida útil do rolamento, não sendo necessária
relubrificações. Contudo, a maioria dos rolamentos não é blindada, devendo
ser realizada a relubrificação conforme intervalos definidos pelo fabricante
[135]. A quantidade de lubrificante também deve ser adequada à
recomendação do fabricante, pois tanto a falta quanto o excesso de lubrificação
podem ser causas de falhas nos rolamentos.

De acordo com Blodt [136], pela forma construtiva do rolamento, as


falhas nesta peça podem ser consideradas distribuídas ou localizadas. A
primeira determina uma falha que afeta toda uma região do rolamento. Sendo
esta característica típica das falhas de desgaste do anel externo ou do anel
interno, ambas em suas respectivas pistas de rolagem.

O segundo tipo de classificação, conhecido como falha localizada, afeta


um único ponto do rolamento. Este tipo de falha pode estar presente na pista
externa ou interna, além de ocorrer nas gaiolas ou esferas. Estas falhas são
pontos incipientes como rachaduras, ranhuras ou deterioração pontual [136].

Algumas características de defeito no rolamento podem ser identificadas


em uma inspeção visual ou observação do elemento em funcionamento. É o
120

caso dos ruídos que se tornam audíveis e constantes; das temperaturas que
podem se elevar acima do normal e também das vibrações excessivas e
oscilatórias [137].

As técnicas mais tradicionais para identificação da condição dos


rolamentos são a análise de vibração e temperatura. A análise de vibração
baseia-se na inserção de vários sensores de vibração em pontos específicos
no entorno do motor e de seus acoplamentos, podendo ser um conjunto de
sensores fixos instalados no equipamento ou sensores utilizados para coletas
pontuais de vibração em intervalos de tempo pré-determinados. Estes sensores
medem a vibração mecânica de todo o conjunto. Uma vez adquiridos os sinais,
estes são avaliados pela análise e identificação em janelas de frequências das
falhas e amplitude de cada uma [138].

Já para a análise de temperatura, são necessários equipamentos


específicos como sensores de temperatura ou ainda termovisores que
permitam monitorar e verificar as variações de temperaturas de trabalho e a
transposição de limites em pontos específicos do motor ou peças, como tampa
traseira, dianteira e acoplamentos [138].

A estratégia de manutenção proposta para bloquear os modos de falha


no componente rolamento é:

 Realizar a lubrificação do rolamento conforme recomendações e


intervalos definido pelo fabricante;

 Adotar a manutenção preditiva, realizando o monitoramento e


substituição do rolamento com base na condição, acompanhada
através das técnicas de análise de vibração e temperatura.

Com base na filosofia de Operações Integradas, a análise dos dados de


vibração e temperatura deve ser realizada por uma equipe especializada
localizada em ambiente onshore, que deve configurar valores de alerta e de
limite para vibração e temperatura de cada equipamento. Os dados que são
coletados on-line não necessitam de nenhuma interferência da equipe de
bordo, visto que estão disponíveis para análise a qualquer momento por parte
da equipe localizada em terra.
121

A coleta de vibração e temperatura também pode ser realizada de forma


off-line, ou seja, é necessário que um profissional realize a coleta dos dados
manualmente através de sensores portáteis. Em uma abordagem tradicional de
manutenção, essa coleta é realizada por um profissional que não pertence ao
quadro de bordo da plataforma, mas que embarca sistematicamente para
realizar a coleta dos dados, gerando custos de deslocamento, transporte aéreo,
entre outros. Esta tese propõe que a coleta dos dados seja realizada pela
equipe de operadores da instalação através de aparelhos portáteis,
conjuntamente com outras tarefas pertinentes à manutenção de primeira linha.

O mercado oferece coletores portáteis de vibração e temperatura que


podem ser empregados nessa atividade. A figura 42 apresenta um modelo de
coletor portátil que pode ser acoplado ao motor elétrico para coleta de dados.
Este coletor transmite os dados coletados via Bluetooth para um PDA,
conforme ilustra a figura 43.

Figura 42 – Coletor portátil de vibração e temperatura

Figura 43 – Transmissão via bluetooth dos dados coletados de vibração e temperatura


122

Posteriormente, todos os dados coletados no PDA são transferidos para


o banco de dados da aplicação e podem ser acessados e tratados por uma
equipe localizada em um ambiente onshore, conforme ilustra a figura 44.

Terminal do Operador
Sincronismo Servidor
(ambiente offshore)

Coleta de dados em campo


(ambiente offshore)

Terminais de consulta
(ambiente onshore)

Figura 44 – Transmissão dos dados entre o PDA e o banco de dados.

Em se detectando qualquer anormalidade nos dados coletados e


analisados, deve ser emitida uma ordem de manutenção para intervenção no
rolamento, a fim de reestabelecer sua condição adequada em uma faixa
satisfatória da curva P-F, antes da ocorrência de uma falha funcional. A mesma
abordagem pode ser aplicada para o componente “acoplamento”, que possui
uma taxa de falhas muito menor que o rolamento.

A segunda maior causa de falhas, influência externa, é afetada por


condições climáticas, objetos estranhos, influência de sistemas vizinhos,
produtos químicos no ambiente, entre outros. O bloqueio desse modo de falha
se dá, principalmente, através da especificação correta do equipamento de
acordo com o ambiente onde o mesmo será instalado, tais como o material da
carcaça e o grau IP adequado. Verificações de rotina auxiliam na manutenção
das características técnicas originais do equipamento, visto que a degradação
de determinados componentes, tais como prensa-cabos, pode acarretar no
ingresso de água no interior do equipamento, levando a falha devido a baixa
isolação por conta da umidade.
123

A terceira maior causa de falhas ocorre no componente “caixa de


ligação", sendo que os modos de falha são bloqueados basicamente por
atividades de manutenção preventiva. Em relação às atividades, as mesmas
estão relacionadas basicamente ao reaperto das conexões na caixa de ligação
e às atividades de preservação da caixa de ligação, a fim de evitar degradação
por processo de corrosão.

Em relação ao componente “ventilador”, as atividades se constituem


basicamente por tarefas pertencentes à rotina de verificação. Assim como a
causa de falha “Influências externas”, as atividades relacionadas são de baixa
complexidade e rápida execução, podendo ser agrupadas juntamente com a
rota para coleta dos dados de vibração e temperatura.

Por fim, dois componentes muito importantes para o funcionamento do


motor elétrico possuem uma baixa taxa de falhas: o estator e o rotor. Contudo,
falhas nesses componentes possuem alto custo de reparo, especialmente em
motores de maior potência.

As falhas elétricas nesses componentes estão relacionadas aos


enrolamentos abertos ou em curto, barras quebradas ou anéis de curto circuito
danificados. Já para as falhas de origem mecânica, tem-se a excentricidade do
rotor deslocado do seu centro magnético, rolamento defeituoso, bem como eixo
do rotor torto ou desalinhamento dos acoplamentos mecânicos [139].

As bobinas do estator estão sujeitas a diversas anomalias e estas, por


sua vez, ocasionam variadas respostas do equipamento. As alterações no
estator podem se manifestar de diversas maneiras, das quais cita-se o
aquecimento excessivo do motor, a sobrecarga elétrica e a falha no isolamento
da bobina [140]. Geralmente as alterações são avaliadas com a realização de
testes de isolamento do estator com a carcaça da máquina, bem como testes
de isolamento entre fases [139].

Os principais testes elétricos a serem aplicados são:

 Medição de Resistência: A medição da resistência utiliza uma baixa


tensão DC (tensão contínua) e uma ponte de Wheatstone ou Kelvin.
O principal propósito é detectar conexões com alta resistência (mal
124

feitas), conexões abertas e curtos-circuitos que apresentem grande


variação de resistência elétrica [141];

 Resistência de isolamento: Consiste na aplicação de uma tensão DC


entre os condutores do motor e a terra, resultando em uma corrente
de fuga que atravessa o isolamento. Este valor é convertido em
resistência usando equipamentos chamados Megôhmetros. Como
neste teste os dipolos do isolamento são excitados apenas em DC, é
necessário algum tempo para que eles se polarizem. As normas
normalmente indicam um tempo de carga de um minuto [142]. A
resistência de isolamento é diretamente afetada pela temperatura e
umidade.

 Índice de Polarização (IP): É executado para medir


quantitativamente a habilidade do isolamento em se polarizar.
Quando um isolante se polariza, os dipolos elétricos distribuídos no
isolante se alinham com o campo elétrico aplicado. Como as
moléculas se polarizam, uma corrente de polarização (também
chamada de corrente de absorção), é desenvolvida e adicionada à
corrente de fuga. O índice de polarização geralmente é efetuado na
mesma tensão do teste de resistência de isolamento e leva 10
minutos para ser completado [142]. O valor IP é calculado dividindo-
se o valor da resistência de isolamento obtido em 10 minutos pelo
valor da resistência de isolamento obtido em 1 minuto. Em geral,
isolamentos em boas condições apresentarão altos valores IP,
enquanto baixos valores IP representarão isolamentos danificados
ou comprometidos. Em alguns casos, deve-se tomar algum cuidado
com testes de motores com novos e modernos materiais de
isolamento que não polarizam e que apresentarão, portanto, baixa
corrente de polarização e conseqüente baixo valor IP. Nota-se que
nesse caso, apesar do IP ser baixo, o isolamento pode
perfeitamente estar adequado, conforme é discutido na norma IEEE
43 [143].

Para motores cuja criticidade for classificada como “Alta” ou “Altíssima”,


recomenda-se ainda a aplicação da técnica conhecida comercialmente como
125

“Análise de Circuito de Motores – MCA”. Os aparelhos modernos que executam


o método de análise do circuito do motor utilizam uma baixa tensão de saída
senoidal para excitar os dipolos do sistema de isolamento. A partir da coleta de
resistência, impedância, indutância, ângulo de fase, resposta I/F e resistência
de isolamento, com o motor elétrico desenergizado e bloqueado, esta técnica
de manutenção preditiva permite o diagnóstico de falhas no estator
(contaminação ou sobreaquecimento, curto-circuito entre espiras, entre bobinas
de mesma fase e entre bobinas de fases diferentes e curto-circuito de fase para
terra) e no rotor (barras quebradas ou trincadas, excentricidade estática e
porosidade) [144].

Também é recomendável a aplicação da técnica preditiva de descargas


parciais para motores de grande porte e classificados com uma criticidade
“Alta” ou “Altíssima”. Trata-se de um ensaio não destrutivo cuja finalidade é
medir o nível de descargas parciais em um determinado equipamento numa
dada tensão, onde existem diversos tipos de isolamentos envolvidos (sólido,
líquido e gasoso) e que permite a detecção de eventuais danos ao motor com
ele energizado [145], podendo suas variáveis serem acompanhadas e
analisadas por uma equipe onshore (inclusive por empresas especializadas
através de contratos, conforme preconiza a geração G2 da filosofia das
Operações Integradas). De maneira geral, o nível de descarga parcial medido
deve estar abaixo de um valor prefixado por norma ou especificação do
equipamento ensaiado.

O fenômeno das descargas parciais ocorre em cavidades ou inclusões


de constante dielétrica diferente do material que a rodeia. Quando este material
é submetido a um campo elétrico, este se distribui pelo material, submetendo a
cavidade ou inclusão a um gradiente de tensão superior ao gradiente máximo
suportável pela mesma. Este fenômeno dará origem a pequenas descargas
disruptivas no interior da cavidade, acarretando um processo temporal de
deterioração progressivo do material e eventualmente a falha do equipamento.
Logo, é importante a detecção das descargas parciais em equipamentos como
controle de qualidade não destrutivo [145].

A aquisição dos dados pode ocorrer continuamente ou periodicamente, a


depender da estratégia e dos equipamentos aplicados. A figura 47 apresenta
126

um equipamento comercial que permite o monitoramento contínuo das


descargas parciais de uma máquina.

Figura 45 – Equipamento para medição contínua de descargas parciais (extraído de [146])

A figura 46 ilustra um esquema de ligação utilizado no monitoramento de


descargas parciais.

Cabo de alimentação

Motor

Capacitores
de detecção 80 pF; 6,9 kV
de
descargas
parciais Disjuntor

Figura 46 – Esquema de ligação (adaptado de [145])

Em relação ao rotor, a quebra de barras pode ser provocada por


vibração, desalinhamento e excentricidade. A carga excessiva no eixo também
é capaz de provocar a ruptura ou trinca, além de fatores como temperaturas
que podem ser consequências dos outros problemas ou mesmo desgaste dos
mancais do motor [147].
127

No momento em que o circuito apresenta uma barra quebrada, há uma


disfunção característica do sistema, uma vez que o rotor não está mais
respondendo à excitação de maneira uniforme. Esta variação eletromagnética,
que é criada devido a alguns pontos sem indução no rotor, pode causar níveis
significativos de vibrações da máquina [147].

As atividades e ensaios apresentados anteriormente são suficientes para


prevenção e, em casos mais extremos, identificação de problemas relativos à
barras quebradas no rotor. Adicionalmente, alguns modelos comerciais de relés
de proteção disponibilizam informações sobre o espectro de frequência das
correntes e tensões do estator para suporte na detecção de barras rompidas no
rotor. Essas análises podem ser realizadas por equipes onshore.

8.3.2 Gerador elétrico

8.3.2.1 Etapa 1

A tabela 18 apresenta a análise dos modos de falha para um gerador


elétrico, realizada através da FMEA proposta anteriormente, considerando a
taxa de falha por local da falha/defeito obtidas através do banco de dados
Oreda [131].
Taxa de Tarefa Recomendada
Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo

Definido conforme
Observar a existência
Desgaste por vida útil criticidade e taxa de Rota Operacional
de ruídos estranhos
falha

Medição e análise de
Desgaste por Definido conforme
Inspeção auditiva vibração e
desalinhamento/falha de Vibração criticidade e taxa de Preditiva
1 Rolamento 0,62 Medição de vibração temperatura no
montagem Aquecimento falha
Medição temperatura mancal

Conforme
Desgaste por deficiência de Realizar lubrificação do
recomendação do Preventiva
lubrificação rolamento
fabricante

Verificar/corrigir
1) Gerador não parte sob estado das conexões
demanda;
2) Gerador não para sob Realizar limpeza da
demanda; Baixo isolamento (Excesso caixa de ligação
3) Desvio na tensão de Curto-circuito Inspeção visual
de umidade ou poeira) Definido conforme
2 saída; Caixa de ligação 2,81 criticidade e taxa de Preventiva
Verificar/corrigir
4) Desvio na frequência falha
estado de pintura,
de saída;
corrosão e anel de
5) Sobreaquecimento do
Gerar energia vedação
gerador;
Gerador Elétrico elétrica para as Sim
6) Aquecimento dos
cargas da unidade Aquecimento Reapertar conexões da
mancais; Mau contato Inspeção visual
7) Gerador com baixa Curto-circuito caixa de ligação
isolação;
8) Gerador em curto- Definido conforme
Curto-circuito para Medição de Medir isolação para
circuito; criticidade e taxa de Preventiva
massa isolamento massa. Calcular IP.
9) Vibração excessiva; falha
10) Alto nível de ruído; Definido conforme
11) Gerador não gera Medição de Medir isolação entre
criticidade e taxa de Preventiva
potência elétrica. isolamento fases. Calcular IP.
falha
Baixo isolamento (Excesso
de umidade ou poeira) Definido conforme
Realizar análise de
Curto-circuito entre Método de MCA criticidade e taxa de Preditiva
MCA
fases falha
3 Estator 0,42
Realizar análise dos
Continuamente, sob
Descargas parciais dados de descargas Preditiva
Tabela 18: Análise de modos de falha para geradores elétricos.

demanda
parciais

Definido conforme
Degradação prematura Medição da resistência Medir resistência
criticidade e taxa de Preventiva
do isolamento devido ôhmica ôhmica das bobinas
falha
Sobrecarga ao sobreaquecimento
Curto-circuito entre Definido conforme
Realizar análise de
espiras Método de MCA criticidade e taxa de Preditiva
MCA
falha
128
Continuação

Taxa de Tarefa Recomendada


Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo

Definido conforme
Observar a existência
Ruído criticidade e taxa de Rota Operacional
Inspeção auditiva de ruídos estranhos
falha
Medição de vibração
Medição e análise de Definido conforme
Medição temperatura
4 Rotor Rompimento de barras Elevação da corrente 0,62 vibração e criticidade e taxa de Preditiva
temperatura falha

Definido conforme
Redução da Realizar análise de
Método de MCA criticidade e taxa de Preditiva
capacidade de carga MCA
falha

Perda do grau IP Verificar pontos de


Definido conforme
corrosão e acúmulo de
5 Carcaça Corrosão Diminuição da 0,21 Inspeção visual criticidade e taxa de Rota Operacional
poeira na carcaça.
capacidade de troca falha
Limpar se necessário.
térmica
1) Gerador não parte sob
demanda; Inspecionar
Definido conforme
2) Gerador não para sob continuidade e fixação
Corrosão criticidade e taxa de Rota Operacional
demanda; do cabo de
falha
3) Desvio na tensão de aterramento
6 Aterramento Choque elétrico N/D Inspeção visual
saída;
4) Desvio na frequência Definido conforme
Verificar/corrigir
de saída; Afrouxamento criticidade e taxa de Preventiva
estado das conexões
5) Sobreaquecimento do falha
Gerar energia
gerador;
Gerador Elétrico elétrica para as Sim Definido conforme
6) Aquecimento dos Observar a existência
cargas da unidade criticidade e taxa de Rota Operacional
mancais; de ruídos estranhos
7) Gerador com baixa Desgaste por Inspeção auditiva falha
Vibração
7 isolação; Acoplamento desalinhamento/falha de 0,21 Medição de vibração Medição e análise de
Aquecimento Definido conforme
8) Gerador em curto- montagem Medição temperatura vibração e
circuito; criticidade e taxa de Preditiva
temperatura no
9) Vibração excessiva; falha
mancal
10) Alto nível de ruído;
11) Gerador não gera Verificar
Ventilador quebrado
potência elétrica. funcionamento do Definido conforme
8 Ventilador Aquecimento 1,87 Inspeção visual ventilador e obstrução criticidade e taxa de Rota Operacional
nas entradas e saídas falha
Ventilador empenado de ar

Baixa temperatura
Medir valor da
ambiente (quando Definido conforme
Resistência de Medição da resistência resistência ôhmica da
9 Queima desligado) N/D criticidade e taxa de Preventiva
aquecimento ôhmica resistência de
Condensação falha
aquecimento
(Umidade)

Teste dos diodos


Ruído na excitação Definido conforme
Circuito de Excitação Mau contato Tensão elétrica fora de Reapertar conexões
10 2,29 Variação da tensão criticidade e taxa de Preventiva
(AVR e diodos) Falha de componente faixa Medição e análise da
elétrica falha
tensão
129
130

Com base nos modos de falha identificados, é proposta a árvore de


falhas apresentada na figura 47. Os locais de falha “resistência de
aquecimento” e “aterramento” não foram considerados nesta análise por não
possuírem dados de falhas disponíveis no banco de dados do Oreda.

Figura 47 – Árvore de falhas para gerador elétrico.

8.3.2.2 Etapa 2

A tabela a seguir apresenta os principais dados de confiabilidade de


cada local da falha apresentado na tabela 19, considerando um período de 05
anos.

Tabela 19: Resumo por local da falha/defeito – gerador elétrico.

Taxa de Intervalo para manutenção (meses)


Local da MTTF
Posição Falha
Falha/Defeito (meses)
(x 10-6h) Altíssima Alta Média

1 Rolamento 0,62 2209,46 30* 60* 90*

2 Caixa de ligação 2,81 487,50 25,01 50,01 75,02

3 Estator 0,42 3261,58 30* 60* 90*

4 Rotor 0,62 2209,46 30* 60* 90*

Resistência de
5 - - 30* 60* 90*
aquecimento

6 Carcaça 0,21 6523,16 30* 60* 90*

7 Aterramento - - 30* 60* 90*

8 Acoplamento 0,21 6523,16 30* 60* 90*

9 Ventilador 1,87 732,55 30* 60* 90*

Circ. de
10 2,29 598,19 30* 60* 90*
excitação

*De acordo a periodicidade máxima definida.


131

8.3.2.3 Etapa 3

Com base nos estudos de confiabilidade realizados na etapa 2, é


possível definir a estratégia de manutenção adequada a ser aplicada para a
classe de equipamentos “gerador elétrico”, priorizando a filosofia de Operações
Integradas preconizada por esta tese. As técnicas de manutenção e as
atividades previstas são semelhantes ao apresentado anteriormente para
motores elétricos.

A maior causa de falhas ocorre no componente “caixa de ligação", sendo


que os modos de falha são bloqueados basicamente por atividades de
manutenção preventiva.

A segunda maior causa de falhas, circuito de excitação, afeta


diretamente os níveis de tensão de saída do gerador. Essas falhas na
excitação do gerador geralmente estão vinculadas à falhas no sistema de
retificação, como a queima de diodos, no caso de geradores com excitação tipo
brushless, instalado na ponta do eixo do rotor principal. Os retificadores
trifásicos geralmente são compostos por seis diodos (ponte completa) e um
sistema de proteção fixada em uma placa circular.

O teste com ohmímetro é um método simples para verificação das


condições dos diodos. Os mesmos devem exibir uma baixa resistência na
polarização direta e uma alta resistência na polarização reversa. Nessa
intervenção, além da realização dos testes nos diodos, deve se proceder ao
reaperto das conexões do conjunto de excitação.

Em relação ao componente “ventilador”, as atividades se constituem


basicamente por tarefas pertencentes à rotina de verificação, de baixa
complexidade e rápida execução, contempladas nas rotas operacionais. A
mesma abordagem se aplica para os componentes “carcaça” e “aterramento”.

Os rolamentos são os elementos que apresentam o quarto maior índice


de falhas. A estratégia de manutenção proposta para bloquear os modos de
falha no componente rolamento, análoga ao definido para motores elétricos, é:

 Realizar a lubrificação do rolamento conforme recomendações e


intervalos definido pelo fabricante;
132

 Adotar a manutenção preditiva, realizando o monitoramento e


substituição do rolamento com base na condição, acompanhada
através das técnicas de análise de vibração e temperatura.

As tarefas de coleta dos dados de vibração e temperatura estão


associadas à execução da rota. Em se detectando qualquer anormalidade nos
dados coletados e analisados, deve ser emitida uma ordem de manutenção
para intervenção no rolamento, a fim de reestabelecer sua condição adequada
em uma faixa satisfatória da curva P-F, antes da ocorrência de uma falha
funcional. A mesma abordagem pode ser aplicada para o componente
“acoplamento”, que possui uma taxa de falhas menor que o rolamento.

Por fim, dois componentes muito importantes para o funcionamento do


gerador elétrico possuem uma baixa taxa de falhas: o estator e o rotor.
Contudo, falhas nesses componentes possuem alto custo de reparo. As falhas
nesses componentes foram discutidas anteriormente no item que tratou de
motores elétricos e a estratégia de manutenção é equivalente.

Os principais testes elétricos a serem aplicados são:

 Medição de Resistência;

 Resistência de isolamento;

 Índice de Polarização (IP);

 Aplicação da técnica MCA;

 Aplicação da técnica de descargas parciais.


133

8.3.3 Relés de proteção microprocessados

8.3.3.1 Etapa 1

Não há referência de taxa de falha para relés de proteção no banco de


dados do Oreda [131]. De acordo com a norma IEEE 500 [132], a taxa média
de falhas para relés de proteção é de 0,1 x 10 -6 horas. Contudo, esta norma
não apresenta a taxa de falha por componente do equipamento, considerando
a taxa de falha apenas para o conjunto “relé de proteção”. Como esta taxa de
falha é considerada extremamente baixa (o que representa uma falha a cada
1141 anos), optou-se por adotar, para fins de simulação, uma taxa de falha que
corresponde ao dobro da prevista na norma IEEE 500 [132], ou seja, 0,2 x 10-6
horas. Essa taxa de falha está compatível com estudos realizados por
fabricantes de relés de proteção, que apontam MTBF na faixa de 500 anos
[148].

A tabela 20 apresenta a análise dos modos de falha para um relé de


proteção microprocessado, realizada através da FMEA proposta anteriormente.
Taxa de Tarefa Recomendada
Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo

Realizar
monitoramento
Atuação do Watchdog. Sob demanda Corretiva
remoto dos alarmes
Microprocessador não atuados
1 CPU Falha de componente executa o algoritmo de
proteção Verificar alarmes Definido conforme
Sinalização na IHM. atuados localmente no criticidade e taxa de Rota Operacional
relé de proteção falha

Atuação do Watchdog. Realizar


Perda de informação monitoramento
relacionada com remoto dos alarmes
1) A função de proteção eventos ou alterações atuados
Memória RAM Realizar
2 não atua quando da Memória Falha de componente de estados de Sob demanda Corretiva
danificada monitoramento
ocorrência de um defeito entradas e saídas do
(Falha de confiança); IED. remoto das
2) A função de proteção As oscilografias não oscilografias geradas
atua quando não existe são registadas. pelo relé
nenhum defeito (Falha
Leitura incorreta de
de segurança);
medidas de tensão e
3) A carga é reposta em Conversor A/D não
corrente
3 Realizar proteção serviço, não se Conversor A/D Falha de componente converte corretamente N/A N/A Corretiva
Microprocessador não
dos equipamentos encontrando a tensão os sinais analógicos
Relé de Proteção Sim 0,1 executa ações de
e sistemas elétricos e/ou frequência ainda
comando
da unidade estável;
4) A carga não é reposta Realizar
em serviço; monitoramento
Atuação do Watchdog. Sob demanda Corretiva
5) Eventos ou alterações remoto dos alarmes
de estados de entradas e Sobretensão Fonte de alimentação atuados
4 saídas não são registados Fonte de alimentação Curto-circuito queimada Verificar alarmes Definido conforme
e armazenados;
Sinalização na IHM. atuados localmente no criticidade e taxa de Rota Operacional
6) Falha do registo e
relé de proteção falha
armazenamento de
oscilografias.
Perda da capacidade
de transmitir as ordens
de desligamentos
originadas do relé. Definido conforme
Umidade Realizar testes
Tabela 20: Análise de modos de falha para relés de proteção.

5 Fiação Perda da capacidade Teste funcional criticidade e taxa de Preventiva


Aquecimento funcionais
de transmitir as falha
decisões de alertas e
registros aos
operadores.
Definido conforme
Realizar testes
6 Contatos Oxidação Contato não comuta. Teste funcional criticidade e taxa de Preventiva
funcionais
falha
134
Continuação

Taxa de Tarefa Recomendada


Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo

1) A função de proteção Inspeção visual.


Coincidente com a
não atua quando da Afrouxamento das Medição de Realizar análise
7 Terminais/conexões Vibração campanha de Preditiva
ocorrência de um defeito conexões temperatura termográfica
termografia do painel
(Falha de confiança); (termografia).
2) A função de proteção
atua quando não existe
nenhum defeito (Falha
de segurança);
3) A carga é reposta em
Realizar proteção serviço, não se
dos equipamentos encontrando a tensão
Relé de Proteção Sim 0,1
e sistemas elétricos e/ou frequência ainda Falha no cartão
da unidade estável; ethernet
8 4) A carga não é reposta Interface Ethernet Falha de componente Falha de comunicação Perda da comunicação N/A N/A Corretiva
em serviço; Falha de acesso ao
5) Eventos ou alterações cartão
de estados de entradas e
saídas não são registados
e armazenados;
6) Falha do registo e
armazenamento de
oscilografias.

1) Perda de comunicação
Realizar 2) A função de proteção
Gateway de Falha de comunicação
9 comunicação entre atua quando não existe Gateway Falha de componente N/D Perda da comunicação N/A N/A Corretiva
comunicação Mau funcionamento
o relé de proteção Sim nenhum defeito (Falha
e a rede de de segurança).
controle Falha de comunicação
10 Switch ethernet Perda de comunicação Switch Falha de componente N/D Perda da comunicação N/A N/A Corretiva
Mau funcionamento
135
136

Com base nos modos de falha identificados, é proposta a árvore de


falhas apresentada na figura 48.

Figura 48 – Árvore de falhas para relé de proteção.

8.3.3.2 Etapa 2

A tabela a seguir apresenta os principais dados de confiabilidade,


considerando a taxa de falha de 0,2 x 10-6 horas.

Tabela 21: Resumo por local da falha/defeito – relé de proteção.

Taxa de Intervalo para manutenção (meses)


Local da
Posição Falha MTTF (h)
Falha/Defeito
(x 10-6h) Altíssima Alta Média

1 Relé 0,2 6849,32 30* 60* 90*

*De acordo a periodicidade máxima definida.

8.3.3.3 Etapa 3

Nos relés microprocessados, as falhas de operações são menos


prováveis de ocorrer, comparativamente a outras tecnologias (proteções
eletromecânicas e eletrônicas) [149].

Estes relés possuem vários módulos de hardware interligados, mas que


funcionam de maneira independente um do outro em relação à suas funções
[150]. Uma vez que o dispositivo falhe (neste caso, basicamente falhas
137

aleatórias), a manutenção envolve a substituição de componentes individuais,


tais como placas de circuito integrado e fonte de alimentação, ou, na maioria
dos casos, a substituição do dispositivo inteiro. Na teoria da Confiabilidade,
essa manutenção que apenas repara ou substitui componentes defeituosos é
conhecida como “manutenção mínima” e é baseada em processos estocásticos
que consideram a falha e o reparo [151].

Em relação à calibração, Fushou [152] destaca que geralmente não é


uma tarefa aplicável, dado o fato que não há a necessidade de realização de
ajustes. Se o relé não operar dentro da tolerância, não há nenhuma maneira de
ajustá-lo através de atividades de calibração.

Outra característica dos relés de proteção microprocessados que devem


ser considerados na estratégia de manutenção são suas funcionalidades de
auto-monitoramento, diagnóstico e testes, capazes de detectar a maioria das
falhas. A seguir são apresentadas as funções de auto-diagnósticos mais
relevantes dos relés microprocessados [153], que já possuem um
monitoramento baseado na condição.

a) Teste do sistema de aquisição de dados

As tensões da fonte e terra são conectadas aos canais de entrada


analógicos do multiplexador e comparados com os limites de alerta e de falha.
Também é verificado o sistema de aquisição de dados analógicos:
multiplexador, amplificador de ganho programável e o conversor A/D.
Adicionalmente, o tempo de conversão do conversor A/D é verificado em
relação aos valores especificados.

A maioria dos relés medem as correntes trifásicas a partir dos TCs. A


lógica implementada no relé realiza a soma vetorial das correntes e compara
com a corrente de neutro calculada. A avaliação da simetria da corrente é
utilizada para validar a medição. Se o limite de simetria for excedido, um
alarme é gerado. Quando este alarme ocorre, a causa pode ser na conexão do
TC, TC comprometido ou uma possível falha no conversor A/D.

Já o monitoramento do circuito do TP aberto é utilizado para detectar


perda do sinal de tensão. Na maioria dos casos, circuitos com TP aberto são
138

causados por atuação dos fusíveis ou a não reinstalação dos fusíveis após
uma manutenção.

O monitoramento de circuito aberto do TP é ativado através das


medições de tensão e corrente. A lógica básica utilizada pela maioria dos
fabricantes considera que, se uma tensão desequilibrada é detectada e não há
presença de desequilíbrio na medição de corrente, então é possível que o
circuito esteja aberto ou outros problemas no circuito de entrada de tensão,
ativando o alarme de falha no TP. Se ambas as medições de tensão e corrente
estiverem significativamente desbalanceadas no mesmo instante de tempo,
pressupõe-se um evento de curto-circuito e o alarme de falha no TP não é
ativado.

Adicionalmente à ativação do alarme de falha no TP, funções de


proteção que poderiam atuar erroneamente devido à perda do referencial de
tensão são bloqueadas para prevenir um falso trip. Em geral, essas lógicas
devem ser programadas à parte no setup do relé de proteção.

Um exemplo de verificação lógica é o acompanhamento dos contatos


52a e 52b através da medição de corrente. Um sinal de corrente percorrendo
um circuito com um disjuntor aberto, por exemplo, pode ser alarmado. Entradas
programáveis também podem ser utilizadas para monitorar o circuito de trip
com o objetivo de detectar uma bobina de trip aberta ou perda da tensão de
comando do circuito de trip. Relés microprocessados também podem medir a
sua tensão de alimentação em corrente contínua proveniente de uma fonte
externa e emitir um alarme quando o valor estiver acima ou abaixo do
parâmetro configurado.

b) Teste da memória

O conteúdo da memória ROM é examinado através do cálculo da soma


de verificação, comparando-a com os valores pré-computados e
a soma de verificação armazenada. A memória RAM é testada através da
escrita e leitura dos padrões de teste.

c) Teste dos ajustes

Os valores dos ajustes são armazenados na EEPROM e uma cópia


desses valores também é gravada na memória RAM para execução da lógica.
139

Sempre que um valor de ajuste é alterado, a verificação dos valores de


referência é calculada a partir do conteúdo da EEPROM. Esta verificação é
então comparada com os valores armazenados na memória RAM sempre que
uma tarefa de ajuste é realizada.

d) Watchdog Timer

O projeto de hardware do relé inclui um circuito de reset temporizado


(watchdog timer) que tem como função resetar o processador, executando uma
reinicialização ordenada caso o software/hardware percam sua função em
razão de alguma falha.

A maioria das falhas descritas é alarmada através de um contato de


saída disponível nos relés digitais. Quando o relé não apresenta falha, este
contato é mantido aberto. Quando o relé detecta alguma falha (incluindo perda
da fonte de alimentação), a bobina é desenergizada e o contato fecha. Esse
contato pode ser monitorado remotamente e é uma informação relevante para
aplicação da filosofia de Operações Integradas, visto que é possível, a partir de
uma instalação onshore, acompanhar a condição dos relés de proteção,
procedendo às análises e planejando as intervenções a bordo, quando da
ocorrência de uma falha.

Tavares em [154] destaca que a maior parte das sinalizações de


“Watchdog” possui uma duração de segundos, e consequentemente o relé de
proteção recupera-se sem qualquer intervenção dos
operadores/mantenedores. Neste trabalho, verificou-se que os relés de
proteção apresentaram poucas sinalizações de “Watchdog” onde o relé
bloqueou e efetivamente foram necessárias ações corretivas de manutenção.
Nesse sentido, as proteções numéricas possuem uma elevada probabilidade
de desempenhar as suas funções de uma forma adequada.

Uma limitação do sistema de auto-monitoramento dos relés de proteção


refere-se ao circuito de saída, pois os contatos de trip, close e alarme não são
monitorados. A condição dos contatos pode ser verificada apenas através de
testes funcionais. Diversos relés possuem um recurso para realização do teste
funcional através do software, que ativa todos os contatos de entrada/saída e
testa o funcionamento dos leds. Esses testes não são realizados
140

automaticamente, sendo realizados geralmente durante manutenções


periódicas.

Tavares [154] e Kumm [155] destacam que a rotina de auto-


monitoramento dos relés de proteção é capaz de detectar aproximadamente
85% das falhas possíveis de ocorrer no IED.

Dessa forma, considerando as taxas de falha apresentadas


anteriormente, uma estratégia adequada para relés de proteção com base na
filosofia das Operações Integradas é apresentada a seguir:

1- Devido à natureza de falha aleatória por conta do amplo uso de


equipamentos eletrônicos, deve-se investir em componentes
sobressalentes para substituição em caso de falha, visto que a
manutenção preventiva não é eficiente para prevenir modos de falha
aleatórios. Deve-se priorizar o estoque dos itens com maior taxa de
falha.

2- Estabelecer uma rotina em uma instalação onshore para


acompanhamento em tempo real (acompanhamento permanente) do
estado do sistema de proteção, incluindo uma equipe especializada
em análise de oscilografias. A figura 49 apresenta um modelo de
integração do sistema de proteção entre o ambiente offshore e o
ambiente onshore que permite que diversos dados coletados e
tratados pelos relés de proteção estejam disponíveis remotamente
para análise. Nesta situação, em caso de alguma anormalidade
identificada, a equipe em terra é responsável por analisar a
ocorrência e emitir um laudo conclusivo. Com base nesse laudo, o
serviço é devidamente programado e encaminhado para a equipe de
manutenção para tratamento da ocorrência com base nas
recomendações emitidas pela equipe especializada localizada em um
ambiente onshore.
141

Figura 49 – Integração do sistema de proteção entre o ambiente offshore e o ambiente onshore

3- Estabelecer uma rotina de verificação mensal (acompanhamento


esporádico) realizada pelo operador da instalação. Essa rotina deve
ser organizada com base em uma lista de verificação que oriente o
operador nos itens que deve ser verificado no equipamento. No caso
de relés de proteção, basicamente o estado geral do componente e a
presença de alarmes atuados. Após a realização dessa rotina, os
dados coletados pelo operador são analisados por uma equipe
localizada em um ambiente onshore e, havendo algum alarme a ser
tratado, o serviço é programado para execução pela equipe de bordo.
Dessa forma, garante-se uma rotina de verificação que permite
identificar componentes eletrônicos em estado de falha e normalizá-
los possivelmente antes de serem demandados por um evento real.

4- Não há tarefas de manutenção preventiva sistemática adequadas


aos modos de falha dos relés de proteção microprocessados. Para
os modos de falhas considerados não evidentes, como é o caso dos
142

contatos (principalmente os de saída), recomenda-se técnicas de


manutenção para detecção de falhas (ou testes funcionais), a fim de
reduzir a indisponibilidade do relé. A injeção secundária de corrente é
utilizada para este tipo de teste, devendo ser monitorados os
contatos de saída a fim de confirmar a operação adequada do
mesmo.

8.3.4 Disjuntores a vácuo – média tensão

8.3.4.1 Etapa 1

Devido aos projetos recentes de unidades offshore considerarem como


padrão a utilização de disjuntores a vácuo para os sistemas de média tensão, a
análise para essa classe de equipamentos se concentrará neste tipo de
disjuntor.

Não há referência de taxa de falha para disjuntores no banco de dados


do Oreda [131]. De acordo com a norma IEEE 500 [132], a taxa média de
falhas para disjuntores de média tensão é de 0,23 x 10 -6 horas. Contudo, esta
norma não apresenta a taxa de falha por componente do equipamento,
considerando a taxa de falha apenas para o conjunto “disjuntor”. Como esta
taxa de falha é considerada extremamente baixa (o que representa uma falha a
cada 496 anos), optou-se por adotar, para fins de simulação, uma taxa de falha
que corresponde ao dobro da prevista na norma IEEE 500 [132], ou seja, 0,46
x 10-6 horas. Essa taxa de falha ainda é extremamente baixa quando
comparada a valores informados por fabricantes comerciais, na faixa de 7,5 x
10-6 horas [156].

A tabela 22 apresenta a análise dos modos de falha para um disjuntor a


vácuo, realizada através da FMEA proposta anteriormente.
Taxa de Tarefa Recomendada
Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo

Monitorar e analisar
Monitoramento do Continuamente, sob
Desgaste por vida útil acionamentos do Preditiva
acionamento do demanda
disjuntor
disjuntor: número de
Aquecimento operações x corrente
Definido conforme
1 Contatos principais Falta de interrompida Medir resistência de
Oxidação criticidade e taxa de Preventiva
simultaneidade Inspeção visual contato
falha
Medição da resistência
de contato Definido conforme
Sobrecorrente (interrupção Monitorar indicador
Limpeza dos contatos criticidade e taxa de Rota Operacional
de curto circuito) de desgaste
falha

Baixo isolamento (Excesso


Curto-circuito Inspeção visual Realizar limpeza
de umidade ou poeira) Definido conforme
2 1) Não abrir sob Conexões/Cabos criticidade e taxa de Preventiva
demanda; falha
Verificar/corrigir
2) Não fechar sob Mau contato Aquecimento Inspeção visual
estado das conexões
demanda;
3) Fechar sem comando;
4) Abrir sem comando; Verificar pontos de
Definido conforme
5) Não interromper a corrosão e acúmulo de
3 Manobrar e Estrutura Oxidação Degradação estrutural Inspeção visual criticidade e taxa de Rota Operacional
corrente; poeira na carcaça.
Disjuntor a vácuo interromper falha
Sim 6) Disjuntor com baixa 0,23 Limpar se necessário.
(média tensão) circuitos elétricos
isolação;
em falta
7) Curto circuito para
Medição de Coincidente com a
terra; Realizar análise
temperatura campanha de Preditiva
8) Curto circuito entre termográfica
Desalinhamento (termografia). termografia do painel
4 fases; Garras de acoplamento Aquecimento
9) Perda do vácuo na Desgaste por vida útil
Definido conforme
câmara de extinção de Inspecionar e limpar
Inspeção visual. criticidade e taxa de Preventiva
arco. garras
falha

Lubrificar mecanismos Definido conforme


Mecanismo de Falta de lubrificação Inspeção visual
5 Travamento de inserção/extração e criticidade e taxa de Preventiva
operação Desgaste por vida útil Testes funcionais
fechamento/trip falha

Inspecionar
continuidade e fixação
Tabela 22: Análise de modos de falha para um disjuntor a vácuo.

Corrosão
do cabo de Definido conforme
6 Aterramento Choque elétrico Inspeção visual aterramento criticidade e taxa de Preventiva
falha
Verificar/corrigir
Afrouxamento
estado das conexões
143
Continuação

Taxa de Tarefa Recomendada


Função Local da Mecanismo de Método de
Item Equipamento Função Falhas funcionais Defeito Falha
Significante Falha/Defeito Degradação Detecção
( x 10-6 h)
Tarefa Frequência Tipo
Testar funcionamento
elétrico do disjuntor,
colocando-o na
posição de teste e
executando duas Definido conforme
Testes funcionais manobras de criticidade e taxa de Rota Operacional
Motor carregamento Sobretensão Curto-circuito carregamento de falha
7
mola Desgaste por vida útil (queima) molas, fechamento e
abertura através de
acionamento no
painel.
Medição do tempo de
Medição do tempo de Continuamente, sob
carregamento através Preditiva
carregamento de mola demanda
do IED
Medir valor da
Definido conforme
resistência ôhmica das
Sobretensão criticidade e taxa de Preventiva
1) Não abrir sob bobinas de abertura e
falha
demanda; fechamento.
2) Não fechar sob
Testar funcionamento
demanda;
elétrico do disjuntor,
3) Fechar sem comando; Testes funcionais
Curto-circuito colocando-o na
8 4) Abrir sem comando; Bobina de abertura e Medição da resistência
fechamento (queima) posição de teste e
5) Não interromper a ôhmica
Manobrar e executando duas Definido conforme
corrente;
Disjuntor a vácuo interromper Desgaste por vida útil manobras de criticidade e taxa de Rota Operacional
Sim 6) Disjuntor com baixa 0,23
(média tensão) circuitos elétricos carregamento de falha
isolação;
em falta molas, fechamento e
7) Curto circuito para
abertura através de
terra;
acionamento no
8) Curto circuito entre
painel.
fases;
9) Perda do vácuo na Testar funcionamento
câmara de extinção de do disjuntor,
Definido conforme
arco. Bandeirolas de verificando a atuação
9 Desgaste por vida útil Travamento Testes funcionais criticidade e taxa de Rota Operacional
sinalização das bandeirolas.
falha
Normalizar se
necessário.
Testar funcionamento
do disjuntor,
Definido conforme
Lâmpadas de Sobretensão Curto-circuito Inspeção visual verificando a atuação
10 criticidade e taxa de Rota Operacional
sinalização Desgaste por vida útil (queima) Testes funcionais das sinalizações.
falha
Normalizar se
necessário.

Carbonização Medir isolação para


Ionização do ar massa.
Definido conforme
Câmara de extinção de Perda do vácuo Curto-circuito para Medição de Medir isolação entre
144

11 criticidade e taxa de Preventiva


arco Baixo isolamento massa isolamento fases.
falha
Curto-circuito entre Medir isolação fase-
fases fase.
145

Com base nos modos de falha identificados, é proposta a árvore de


falhas apresentada na figura 50.

Figura 50 – Árvore de falhas para disjuntor a vácuo.

8.3.4.2 Etapa 2

A tabela a seguir apresenta os principais dados de confiabilidade,


considerando a taxa de falha de 0,46 x 10-6 horas.

Tabela 23: Resumo por local da falha/defeito – disjuntor a vácuo.

Taxa de Intervalo para manutenção (meses)


Local da MTTF
Posição Falha
Falha/Defeito (meses)
(x 10-6h) Altíssima Alta Média

1 Disjuntor 0,46 2977,96 30* 60* 90*

*De acordo a periodicidade máxima definida.

8.3.4.3 Etapa 3

Considerando a função de manobra, um disjuntor geralmente está em


um estado inativo, pois normalmente permanece aberto ou fechado por longos
períodos de tempo até que aconteça alguma alteração nas condições normais
de operação do sistema. Entretanto, quando um disjuntor deve funcionar, uma
146

operação errada ou falha na interrupção podem originar uma perturbação


severa no sistema, razão pela qual é preciso ter um sistema bem projetado e
altamente seguro [157].

Em um disjuntor a vácuo, a extinção do arco entre os contatos fixo e


móvel é realizada no interior das câmaras de vácuo que, geralmente, tem o
aspecto da figura 63. É constituída por um invólucro cerâmico que abriga os
contatos fixo e móvel (contato principal e contato corta arco ao mesmo tempo).
O vácuo interno é garantido pela presença de um fole que permite o movimento
do contato móvel [158].

Na abertura dos contatos, uma descarga elétrica em forma de vapor


metálico é iniciada pela corrente a ser interrompida. Através deste vapor
metálico, flui uma corrente de arco até a próxima passagem da corrente pelo
zero. O arco extingue-se próximo ao ponto zero de corrente e o vapor metálico
condutivo se condensa em poucos microsegundos sobre as superfícies de
contato. Desta forma, a rigidez dielétrica entre contatos, se recupera
rapidamente [159].

Para evitar sobreaquecimento localizado nos contatos na interrupção de


grandes valores de corrente, elas são dirigidas de forma que o arco não flua
apenas sobre um único ponto da superfície de contato, mas se movimente por
toda superfície de contato por efeito do campo magnético associado à estas
correntes. Para manter a descarga em forma de vapor metálico, é necessário
um valor mínimo de corrente. Se o valor da corrente for menor que este
mínimo, ela será cortada antes da passagem pelo zero [159].

Através da rápida recuperação da rigidez dielétrica entre contatos, o


arco é ainda interrompido com segurança, mesmo que a separação dos
contatos aconteça pouco antes de uma passagem da corrente pelo zero.

Em disjuntores de média tensão, a verdadeira função do meio de


extinção é desionizar a região entre contatos abertos, imediatamente depois da
passagem pelo zero. Em todos os princípios de extinção tradicionais, isto
significa que o arco elétrico é resfriado antes de se atingir a mínima distância
para a extinção e a próxima passagem da corrente pelo zero. Com isso, a
potência do arco cresce de forma indesejável [159].
147

Nos disjuntores a vácuo, ao contrário, o arco não é resfriado. O plasma


de vapor metálico tem alta condutibilidade e, por esse motivo, o resultado é
uma tensão de arco extremamente pequena, que varia de 20 a 200V. Por esta
razão e pelo pequeno tempo de arco, a energia entre contatos é muito
pequena. A câmara de extinção é, devido a esta pequena solicitação, livre de
manutenção [159].

Figura 51 – Câmara de vácuo (extraído de [159])

A manutenção dos disjuntores é normalmente baseada em intervalos de


tempo regulares ou no número de operações efetuadas. Os métodos baseados
nesta filosofia têm desvantagens porque dentro do intervalo de manutenção
predeterminado pode haver um número anormal de operações ou um número
pequeno de operações com níveis elevados de corrente.

A utilização de IEDs permite que algumas variáveis possam ser


monitoradas, viabilizando a manutenção baseada na condição, reduzindo a
necessidade de manutenção preventiva sistemática. Os IEDs podem monitorar
as seguintes variáveis [160]:

1- Desgaste dos contatos. O fabricante do disjuntor fornece uma curva


de manutenção relacionando o número de operações de
fechamento/abertura (close-to-open) e os níveis das correntes de
148

interrupção. A função desta curva é prever o desgaste dos contatos


do disjuntor, conforme exemplo mostrado na figura 52. É possível
configurar alguns dos pontos desta curva, onde normalmente são
escolhidos o maior e o menor número de operações, além de um
ponto médio. Para cada operação, o IED integra a corrente
interrompida com o número de operações para atualizar o valor do
desgaste dos contatos. Este parâmetro é crucial para estimar a
necessidade de manutenção.

Figura 52 – Curva de manutenção do disjuntor (extraído de [160])

2- Número total de operações. Contadores incrementais para as


operações de fechamento/abertura (close-to-open) são
implementados para disponibilizar essas informações para o histórico
do sistema.

3- Tempo de operação elétrica. De forma similar ao tempo de operação


mecânica, este tempo mede o intervalo de tempo entre o comando
de trip ou o comando de fechamento e a extinção ou normalização
das medições de corrente do disjuntor. Se este parâmetro apresentar
uma tendência de elevação ao longo do tempo, isso pode indicar
falhas nos contatos.
149

4- Tempo de inatividade. Monitorando a atividade do número de


operações, é possível calcular o número de dias em que o disjuntor
esteve inativo. Períodos longos de inatividade degradam sua
confiabilidade para o sistema de proteção.

5- Tempo de carregamento da mola. Logo que o disjuntor é fechado,


tem início a medição do tempo para ativar as entradas digitais do IED
conectado ao contato da mola carregada do disjuntor. Se este tempo
aumentar à medida que o número de operações aumenta, isso pode
prognosticar um problema no mecanismo de carregamento da mola.

A figura 53 apresenta um exemplo com informações das condições e


desempenho de um disjuntor, calculadas por um IED e documentadas como
um relatório de monitoramento do disjuntor gerado por aquele IED.

Figura 53 – Relatório de monitoramento do disjuntor (extraído de [160]).


150

Esse monitoramento permite otimizar os intervalos para manutenção


preventiva sistemática e adotar a manutenção baseada na condição para uma
parte dos componentes do disjuntor. Contudo, a manutenção preventiva
periódica é necessária para realização, principalmente, dos ensaios elétricos e
lubrificação do mecanismo [161].

O estabelecimento da rota operacional para esses equipamentos


sistematiza os testes funcionais, onde algumas verificações de integridade do
disjuntor são realizadas, com destaque para a inspeção do indicador de
desgaste, conforme ilustra a figura 54. A princípio, a câmara de vácuo deve ser
substituída quando o desgaste, medido pelo indicador de desgaste do contato
existente em cada polo atinge 3mm, no caso específico de um determinado
fabricante.

Figura 54 – Indicador de desgaste de disjuntor a vácuo (extraído de [162]).


151

9 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Este capítulo apresenta os resultados obtidos através de simulações


considerando o método de manutenção tradicional e o método de manutenção
proposto nesta tese, com o objetivo de identificar e evidenciar os ganhos
obtidos com a aplicação da “Estratégia de Manutenção de Equipamentos
Elétricos em Unidades Offshore de Produção de Petróleo e Gás Baseada na
Filosofia de Operações Integradas”, título deste trabalho. As simulações foram
realizadas através do software comercial Blocksim, descrito resumidamente no
item 3.5.

9.1 Metodologia e premissas para simulação

As simulações foram realizadas considerando o sistema de geração


principal de uma unidade offshore e os cubículos de entrada do sistema de
distribuição principal, visto que falhas nestes sistemas possuem alto potencial
de perda de produção. Foram estudadas seis configurações, considerando os
principais equipamentos elétricos (geradores, disjuntores e relés de proteção).

Para fins de comparação, foram simuladas duas estratégias de


manutenção para cada configuração:

 Estratégia 1: Método tradicional;

 Estratégia 2: Método proposto na tese, considerando a filosofia de


operações integradas.

Em ambas as estratégias foram adotadas as mesmas taxas de falha dos


equipamentos. A diferença está adequação dos intervalos para manutenção
preventiva com base na taxa de falhas e na criticidade dos equipamentos,
apresentada detalhadamente no capítulo 8 deste trabalho. A taxa de falha para
o equipamento “gerador” foi alterada para 1,63 x 10 -5, valor este compatível
com o histórico de uma grande indústria do segmento petroquímico.

As seguintes premissas foram adotadas:


152

 As simulações foram realizadas inicialmente para um período de


1000 anos, a fim de identificar o comportamento das falhas em
regime permanente, visto que alguns componentes possuem baixa
taxa de falhas.

 Com base nos resultados das simulações acima, foram realizadas


as análises descritas nos subitens a seguir. As análises
consideraram o valor médio para um período de 05 anos. Esta
periodicidade coincide, em geral, com o intervalo de revisão geral
(overhaul) dos principais equipamentos mecânicos, como por
exemplo, as turbinas que acionam os geradores elétricos.

 As tarefas de manutenção preventiva foram cadastradas com o


tempo fixo baseado no calendário, com base nos intervalos
calculados de acordo com a confiabilidade requerida para cada nível
de criticidade. Foi considerado que a manutenção do equipamento o
torna indisponível no período da intervenção.

 Nas simulações realizadas considerando a estratégia 2 (Método


proposto), foi incluída adicionalmente uma intervenção baseada na
condição, através de um acompanhamento esporádico realizado
pela própria equipe da operação. A tarefa consiste em verificações
simples e de rotina, conforme descrito no capítulo 8, e são
realizadas com o equipamento em operação, não impactando
negativamente a sua disponibilidade. O ciclo considerado foi definido
com um intervalo fixo de um mês e considerou uma vida residual de
20% do equipamento.

 Em todas as intervenções, foi considerado que a manutenção


restaura o item para uma condição “tão bom quanto novo”.

 A cotação do dólar considerada foi de R$ 3,20, conforme projeção


do Banco Central do Brasil [163].
153

9.2 Caso 1 – Configuração radial com um gerador

Este caso considerou apenas um gerador alimentando o sistema de


distribuição principal, conforme diagrama simplificado apresentado na figura 55.
O investimento em geração, neste caso, é em um equipamento de 100 MVA.
Trata-se de uma configuração não usual em sistemas elétricos offshore, mas
estudada para fins de validação da metodologia proposta na tese.

GP TG-01 G

DP PNL-01

Relé de
Proteção

DP DJ-E01

13,8 kV

Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal

Figura 55 – Configuração radial com um gerador

Funcionalmente, essa configuração implica nos requisitos operacionais


apresentados na figura 56. Uma falha em qualquer equipamento do conjunto
“Gerador, Relé e Disjuntor” implica em falha do sistema de geração e
distribuição principal de energia elétrica. Por esta razão, a criticidade dos três
equipamentos foi classificada qualitativamente como “Alta”, atribuindo-se uma
confiabilidade mínima de 90,25% aos equipamentos, aplicando-se o algoritmo
proposto no item 8.2.2. Em termos quantitativos, o gerador elétrico foi avaliado
em 75%, o relé de proteção em 76,56% e o disjuntor em 80,47%. Esta
classificação se deve, basicamente, ao fato de não haver redundância e do
impacto direto da falta de energia elétrica na continuidade operacional.
154

Conjunto
Gerador
Relé O sistema não falhou
Disjuntor

Conjunto
Gerador
Relé Sistema em falha
Disjuntor

Figura 56 – Requisitos operacionais – configuração radial com um gerador

Foi estruturado o diagrama de blocos apresentado na figura 57, sendo


simuladas 2 estratégias, com base nas filosofias e estratégias de manutenção
apresentadas no item 8:

 Estratégia 1: Método tradicional;

 Estratégia 2: Método proposto na tese, considerando a filosofia de


operações integradas.

Figura 57 – Diagrama de blocos – configuração radial com um gerador

A tabela 24 apresenta resumidamente os principais dados utilizados na


simulação.
155

Tabela 24: Dados considerados para simulação.

Criticidade Método Proposto


Método
Equipamento Principais dados (considerando Operações
tradicional
Integradas)
-5
Taxa de falha 1,63 x 10 (h)

Intervalo de 8,62 meses


manutenção 6 meses
periódica Adotado: 9 meses

Alta Tempo de
Gerador
R(t) = execução por 2 horas
elétrico
0,9025 gerador

Acompanhamento
Não Sim
permanente

Acompanhamento
Não Sim
esporádico
-6
Taxa de falha 0,2 x 10 (h)

Intervalo de 702,65 meses (58,55 anos)


manutenção 2 anos
periódica Adotado: 5 anos
Alta
Relé de Tempo de
R(t) = 2 horas
proteção execução por relé
0,9025
Acompanhamento
Não Sim
permanente

Acompanhamento
Não Sim
esporádico
-6
Taxa de falha 0,46 x 10 (h)

Intervalo de 305,5 meses (25,46 anos)


manutenção 1 ano
periódica Adotado: 5 anos

Alta Tempo de
Disjuntor a
R(t) = execução por 2 horas
vácuo
0,9025 disjuntor

Acompanhamento
Não Sim
permanente

Acompanhamento
Não Sim
esporádico

A tabela 25 apresenta os resultados obtidos para um período de cinco


anos, considerando as duas estratégias:
156

Tabela 25: Caso 1 – Resultados obtidos.

Método Método
tradicional Proposto
Disponibilidade média, considerando
96,07% 98,63%
intervenções de manutenção
Tempo disponível do sistema (h) 42079,93 43200, 29
Tempo Indisponível Total (h) 1720,07 599,71

Os resultados demonstram que o método proposto na tese contribuiu


para uma maior disponibilidade média do sistema, representando uma
diminuição de 65% ou 1120,36 horas no tempo indisponível em relação ao
método tradicional, equivalente a aproximadamente 46,7 dias de produção. No
intervalo de 05 anos, garante-se uma produção adicional superior a 01 mês.

A figura 58 apresenta a análise financeira para o período de 05 anos,


quando comparado os dois métodos. Essa análise foi realizada considerando o
preço do barril do petróleo tipo Brent variando entre US$ 20 a 120/barril. Como
pode ser observado na figura abaixo, a substituição do método tradicional pelo
método proposto resulta em um ganho financeiro entre R$ 93,4 e 560,2
milhões, num período de 05 anos, conforme o preço do barril de petróleo.

Figura 58 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção preventiva -


configuração em série
157

9.3 Caso 2 – Dois geradores em paralelo

Este caso considerou dois geradores em paralelo alimentando o sistema


de distribuição principal, conforme diagrama simplificado apresentado na figura
59. O investimento em geração, neste caso, é em dois equipamentos de 100
MVA, totalizando uma capacidade instalada de 200 MVA. Trata-se de uma
configuração não usual em sistemas elétricos offshore, mas estudada para fins
de validação da metodologia proposta na tese.

GP TG-01 G GP TG-02 G

DP PNL-01

Relé de Relé de
Proteção Proteção

DP DJ-E01 DP DJ-E02

13,8 kV

Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal

Figura 59 – Configuração com dois geradores em paralelo

Funcionalmente, essa configuração implica nos requisitos operacionais


apresentados na figura 60. Uma falha em um equipamento do conjunto
“Gerador, Relé e Disjuntor” não implica em falha do sistema de geração e
distribuição principal de energia elétrica. Por esta razão, a criticidade dos
equipamentos foi classificada qualitativamente como “Média”, atribuindo-se
uma confiabilidade mínima de 85,74% aos equipamentos, aplicando-se o
algoritmo proposto no item 8.2.2. Em termos quantitativos, o gerador elétrico foi
avaliado em 53,12%, o relé de proteção em 54,68% e o disjuntor em 58,59%.
Esta classificação se deve, basicamente, ao fato de haver redundância e da
falha de um conjunto não impactar diretamente na continuidade operacional. A
158

mesma consideração é aplicável para os sistemas “k-de-n” tratados nos itens


seguintes.

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor
O sistema não falhou
Conjunto 2
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Sistema em falha
Conjunto 2
Gerador
Relé
Disjuntor

Figura 60 – Requisitos operacionais – configuração radial com um gerador

Foi estruturado o diagrama de blocos apresentado na figura 61, sendo


simuladas 2 estratégias, com base nas filosofias e estratégias de manutenção
apresentadas no item 8:

 Estratégia 1: Método tradicional;

 Estratégia 2: Método proposto na tese, considerando a filosofia de


operações integradas.

Figura 61 – Diagrama de blocos – configuração com dois geradores em paralelo


159

A tabela 26 apresenta resumidamente os principais dados utilizados na


simulação. Os mesmos dados foram utilizados para as simulações das
configurações “k-de-n”.

Tabela 26: Dados considerados para simulação.

Criticidade Método Proposto


Método
Equipamento Principais dados (considerando Operações
tradicional
Integradas)
-5
Taxa de falha 1,63 x 10 (h)

Intervalo de 12,93 meses


manutenção 6 meses
periódica Adotado: 12 meses

Média Tempo de
Gerador
R(t) = execução por 2 horas
elétrico
0,8574 gerador

Acompanhamento
Não Sim
permanente

Acompanhamento
Não Sim
esporádico
-6
Taxa de falha 0,2 x 10 (h)

Intervalo de 1053,97 meses (87,83 anos)


manutenção 2 anos
periódica Adotado: 7,5 anos
Média
Relé de Tempo de
R(t) = 2 horas
proteção execução por relé
0,8574
Acompanhamento
Não Sim
permanente

Acompanhamento
Não Sim
esporádico
-6
Taxa de falha 0,46 x 10 (h)

Intervalo de 458,25 meses (38,19 anos)


manutenção 1 ano
periódica Adotado: 7,5 anos

Média Tempo de
Disjuntor a
R(t) = execução por 2 horas
vácuo
0,8574 disjuntor

Acompanhamento
Não Sim
permanente

Acompanhamento
Não Sim
esporádico
160

A tabela 27 apresenta os resultados obtidos para um período de cinco


anos, considerando as duas condições:

Tabela 27: Caso 2 – Resultados obtidos.

Método Método
tradicional Proposto
Disponibilidade média, considerando
99,70% 99,95%
intervenções de manutenção
Tempo disponível do sistema (h) 43669,70 43777,31
Tempo Indisponível Total (h) 130,30 22,69

Os resultados demonstram que o método proposto na tese contribuiu


para uma maior disponibilidade média do sistema, representando uma
diminuição de 83% ou 107,61 horas no tempo indisponível em relação ao
método tradicional.

A figura 62 apresenta a análise financeira para o período de 05 anos,


quando comparado os dois métodos. Essa análise foi realizada considerando o
preço do barril do petróleo tipo Brent variando entre US$ 20 a 120/barril. Como
pode ser observado na figura abaixo, a substituição do método tradicional pelo
método proposto resulta em um ganho financeiro entre R$ 8,9 e 53,8 milhões,
num período de 05 anos, conforme o preço do barril de petróleo.

Figura 62 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção preventiva -


configuração em paralelo
161

9.4 Caso 3 – arranjo k-de-n, sendo k=1 e n=3

Este caso considerou um arranjo k-de-n, sendo k=1 e n=3, conforme


diagrama simplificado apresentado na figura 63. O investimento em geração,
neste caso, é em três equipamentos de 100 MVA, totalizando uma capacidade
instalada de 300 MVA. Trata-se de uma configuração usual em sistemas
elétricos offshore.

GP TG-01 G GP TG-02 G GP TG-03 G

DP PNL-01

Relé de Relé de Relé de


Proteção Proteção Proteção

DP DP DP
DJ-E01 DJ-E02 DJ-E03
13,8 kV

Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal

Figura 63 – Configuração k-de-n, sendo k=1 e n=3

Funcionalmente, essa configuração implica nos requisitos operacionais


apresentados na figura 64. Uma falha em um equipamento de dois conjuntos
“Gerador, Relé e Disjuntor” não implica em falha do sistema de geração e
distribuição principal de energia elétrica. Por esta razão, a criticidade dos
equipamentos foi classificada qualitativamente como “Média”, atribuindo-se
uma confiabilidade mínima de 85,74% aos equipamentos, aplicando-se o
algoritmo proposto no item 8.2.2. Em termos quantitativos, o gerador elétrico foi
avaliado em 53,12%, o relé de proteção em 54,68% e o disjuntor em 58,59%.
Esta classificação se deve, basicamente, ao fato de haver redundância e da
falha de dois conjuntos não impactar diretamente na continuidade operacional.
162

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé O sistema não falhou
Disjuntor

Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé Sistema em falha
Disjuntor

Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Figura 64 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=1 e n=3

Foi estruturado o diagrama de blocos apresentado na figura 65, sendo


simuladas 2 estratégias, com base nas filosofias e estratégias de manutenção
apresentadas no item 8:

 Estratégia 1: Método tradicional;

 Estratégia 2: Método proposto na tese, considerando a filosofia de


operações integradas.
163

Figura 65 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=1 e n=3

Os principais dados utilizados na simulação são os mesmos


apresentados na tabela 26. A tabela 28 apresenta os resultados obtidos para
um período de cinco anos, considerando as duas condições:

Tabela 28: Caso 3 – Resultados obtidos.

Método Método
tradicional Proposto
Disponibilidade média, considerando
99,86% 99,97%
intervenções de manutenção
Tempo disponível do sistema (h) 43739,64 43784,71
Tempo Indisponível Total (h) 60,36 15,29

Os resultados demonstram que o método proposto na tese contribuiu


para uma maior disponibilidade média do sistema, representando uma
diminuição de 75% ou 45,07 horas no tempo indisponível em relação ao
método tradicional.

A figura 66 apresenta a análise financeira para o período de 05 anos,


quando comparado os dois métodos. Essa análise foi realizada considerando o
preço do barril do petróleo tipo Brent variando entre US$ 20 a 120/barril. Como
pode ser observado na figura abaixo, a substituição do método tradicional pelo
método proposto resulta em um ganho financeiro entre R$ 3,9 e 23,4 milhões,
num período de 05 anos, conforme o preço do barril de petróleo.
164

Figura 66 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção preventiva -


configuração 1 de 3

9.5 Caso 4 – arranjo k-de-n, sendo k=2 e n=3

Este caso considerou um arranjo k-de-n, sendo k=2 e n=3, conforme


diagrama simplificado apresentado na figura 67. O investimento em geração,
neste caso, é em três equipamentos de 50 MVA, totalizando uma capacidade
instalada de 150 MVA. Trata-se de uma configuração usual em sistemas
elétricos offshore.
165

GP TG-01 G GP TG-02 G GP TG-03 G

DP PNL-01

Relé de Relé de Relé de


Proteção Proteção Proteção

DP DP DP
DJ-E01 DJ-E02 DJ-E03
13,8 kV

Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal

Figura 67 – Configuração k-de-n, sendo k=2 e n=3

Funcionalmente, essa configuração implica nos requisitos operacionais


apresentados na figura 68. Uma falha em um equipamento do conjunto
“Gerador, Relé e Disjuntor” não implica em falha do sistema de geração e
distribuição principal de energia elétrica. Por esta razão, a criticidade dos
equipamentos foi classificada qualitativamente como “Média”, atribuindo-se
uma confiabilidade mínima de 85,74% aos equipamentos, aplicando-se o
algoritmo proposto no item 8.2.2. Em termos quantitativos, o gerador elétrico foi
avaliado em 53,12%, o relé de proteção em 54,68% e o disjuntor em 58,59%.
Esta classificação se deve, basicamente, ao fato de haver redundância e da
falha de um conjunto não impactar diretamente na continuidade operacional.
166

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé O sistema não falhou
Disjuntor

Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé Sistema em falha
Disjuntor

Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Figura 68 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=2 e n=3

Foi estruturado o diagrama de blocos apresentado na figura 69, sendo


simuladas 2 estratégias, com base nas filosofias e estratégias de manutenção
apresentadas no item 8:

 Estratégia 1: Método tradicional;

 Estratégia 2: Método proposto na tese, considerando a filosofia de


operações integradas.
167

Figura 69 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=2 e n=3

Os principais dados utilizados na simulação são os mesmos


apresentados na tabela 26. A tabela 29 apresenta os resultados obtidos para
um período de cinco anos, considerando as duas condições:

Tabela 29: Caso 4 – Resultados obtidos.

Método Método
tradicional Proposto
Disponibilidade média, considerando
99,28% 99,87%
intervenções de manutenção
Tempo disponível do sistema (h) 43484,81 43741,79
Tempo Indisponível Total (h) 315,18 58,21

Os resultados demonstram que o método proposto na tese contribuiu


para uma maior disponibilidade média do sistema, representando uma
diminuição de 81% ou 256,97 horas no tempo indisponível em relação ao
método tradicional.

A figura 70 apresenta a análise financeira para o período de 05 anos,


quando comparado os dois métodos. Essa análise foi realizada considerando o
preço do barril do petróleo tipo Brent variando entre US$ 20 a 120/barril. Como
pode ser observado na figura abaixo, a substituição do método tradicional pelo
método proposto resulta em um ganho financeiro entre R$ 21,4 e 128,5
milhões, num período de 05 anos, conforme o preço do barril de petróleo.
168

Figura 70 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção preventiva -


configuração 2 de 3

9.6 Caso 5 – arranjo k-de-n, sendo k=2 e n=4

Este caso considerou um arranjo k-de-n, sendo k=2 e n=4, conforme


diagrama simplificado apresentado na figura 71. O investimento em geração,
neste caso, é em quatro equipamentos de 50 MVA, totalizando uma
capacidade instalada de 200 MVA. Trata-se de uma configuração usual em
sistemas elétricos offshore.
169

GP TG-01 G GP TG-02 G GP TG-03 G GP TG-04 G

DP PNL-01

Relé de Relé de Relé de Relé de


Proteção Proteção Proteção Proteção

DP DP DP DP
DJ-E01 DJ-E02 DJ-E03 DJ-E04
13,8 kV

Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal

Figura 71 – Configuração k-de-n, sendo k=2 e n=4

Funcionalmente, essa configuração implica nos requisitos operacionais


apresentados na figura 72. Uma falha em um equipamento de dois conjuntos
“Gerador, Relé e Disjuntor” não implica em falha do sistema de geração e
distribuição principal de energia elétrica. Por esta razão, a criticidade dos
equipamentos foi classificada qualitativamente como “Média”, atribuindo-se
uma confiabilidade mínima de 85,74% aos equipamentos, aplicando-se o
algoritmo proposto no item 8.2.2. Em termos quantitativos, o gerador elétrico foi
avaliado em 53,12%, o relé de proteção em 54,68% e o disjuntor em 58,59%.
Esta classificação se deve, basicamente, ao fato de haver redundância e da
falha de dois conjuntos não impactar diretamente na continuidade operacional.
170

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé
Disjuntor

O sistema não falhou


Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 4
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé
Disjuntor

Sistema em falha
Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 4
Gerador
Relé
Disjuntor

Figura 72 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=2 e n=4

Foi estruturado o diagrama de blocos apresentado na figura 73, sendo


simuladas 2 estratégias, com base nas filosofias e estratégias de manutenção
apresentadas no item 8:

 Estratégia 1: Método tradicional;

 Estratégia 2: Método proposto na tese, considerando a filosofia de


operações integradas.
171

Figura 73 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=2 e n=4

Os principais dados utilizados na simulação são os mesmos


apresentados na tabela 26. A tabela 30 apresenta os resultados obtidos para
um período de cinco anos, considerando as duas condições:

Tabela 30: Caso 5 – Resultados obtidos.

Método Método
tradicional Proposto
Disponibilidade média, considerando
99,75% 99,95%
intervenções de manutenção
Tempo disponível do sistema (h) 43689,19 43778,1
Tempo Indisponível Total (h) 110,81 21,9

Os resultados demonstram que o método proposto na tese contribuiu


para uma maior disponibilidade média do sistema, representando uma
diminuição de 80% ou 88,91 horas no tempo indisponível em relação ao
método tradicional.

A figura 74 apresenta a análise financeira para o período de 05 anos,


quando comparado os dois métodos. Essa análise foi realizada considerando o
preço do barril do petróleo tipo Brent variando entre US$ 20 a 120/barril. Como
pode ser observado na figura abaixo, a substituição do método tradicional pelo
172

método proposto resulta em um ganho financeiro entre R$ 7,4 e 44,5 milhões,


num período de 05 anos, conforme o preço do barril de petróleo.

Figura 74 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção preventiva -


configuração 2 de 4

9.7 Caso 6 – arranjo k-de-n, sendo k=3 e n=4

Este caso considerou um arranjo k-de-n, sendo k=3 e n=4, conforme


diagrama simplificado apresentado na figura 75. O investimento em geração,
neste caso, é em quatro equipamentos de 33,5 MVA, totalizando uma
capacidade instalada de 134 MVA. Trata-se de uma configuração usual em
sistemas elétricos offshore.
173

GP TG-01 G GP TG-02 G GP TG-03 G GP TG-04 G

DP PNL-01

Relé de Relé de Relé de Relé de


Proteção Proteção Proteção Proteção

DP DP DP DP
DJ-E01 DJ-E02 DJ-E03 DJ-E04
13,8 kV

Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas Cargas

Geração Principal
Distribuição Principal

Figura 75 – Configuração k-de-n, sendo k=3 e n=4

Funcionalmente, essa configuração implica nos requisitos operacionais


apresentados na figura 76. Uma falha em um equipamento do conjunto
“Gerador, Relé e Disjuntor” não implica em falha do sistema de geração e
distribuição principal de energia elétrica. Por esta razão, a criticidade dos
equipamentos foi classificada qualitativamente como “Média”, atribuindo-se
uma confiabilidade mínima de 85,74% aos equipamentos, aplicando-se o
algoritmo proposto no item 8.2.2. Em termos quantitativos, o gerador elétrico foi
avaliado em 53,12%, o relé de proteção em 54,68% e o disjuntor em 58,59%.
Esta classificação se deve, basicamente, ao fato de haver redundância e da
falha de um conjunto não impactar diretamente na continuidade operacional.
174

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé
Disjuntor

O sistema não falhou


Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 4
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 1
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 2
Gerador
Relé
Disjuntor

Sistema em falha
Conjunto 3
Gerador
Relé
Disjuntor

Conjunto 4
Gerador
Relé
Disjuntor

Figura 76 – Requisitos operacionais, configuração k-de-n, sendo k=3 e n=4

Foi estruturado o diagrama de blocos apresentado na figura 77, sendo


simuladas 2 estratégias, com base nas filosofias e estratégias de manutenção
apresentadas no item 8:

 Estratégia 1: Método tradicional;

 Estratégia 2: Método proposto na tese, considerando a filosofia de


operações integradas.
175

Figura 77 – Diagrama de blocos – configuração k-de-n, sendo k=3 e n=4

Os principais dados utilizados na simulação são os mesmos


apresentados na tabela 26. A tabela 31 apresenta os resultados obtidos para
um período de cinco anos, considerando as duas condições:

Tabela 31: Caso 6 – Resultados obtidos.

Método Método
tradicional Proposto
Disponibilidade média, considerando
98,64% 99,76%
intervenções de manutenção
Tempo disponível do sistema (h) 43205,85 43696,02
Tempo Indisponível Total (h) 594,15 103,98

Os resultados demonstram que o método proposto na tese contribuiu


para uma maior disponibilidade média do sistema, representando uma
diminuição de 82% ou 490,17 horas no tempo indisponível em relação ao
método tradicional.

A figura 78 apresenta a análise financeira para o período de 05 anos,


quando comparado os dois métodos. Essa análise foi realizada considerando o
preço do barril do petróleo tipo Brent variando entre US$ 20 a 120/barril. Como
pode ser observado na figura abaixo, a substituição do método tradicional pelo
176

método proposto resulta em um ganho financeiro entre R$ 40,8 e 245,1


milhões, num período de 05 anos, conforme o preço do barril de petróleo.

Figura 78 – Análise financeira considerando as técnicas de manutenção preventiva -


configuração 3 de 4
177

10 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho apresentou o desenvolvimento de uma metodologia para


definição da estratégia de manutenção de equipamentos elétricos em unidades
offshore de produção de petróleo e gás baseada na filosofia de Operações
Integradas.

Com o objetivo de pesquisar e desenvolver soluções de engenharia


aplicada para aumento da eficiência dos processos de manutenção, em
consonância com o estado da arte e melhores práticas de engenharia, a
metodologia desenvolvida e proposta neste trabalho demonstrou sua eficácia
através das análises dos casos apresentados no capítulo 9, cujos ganhos
principais estão descritos abaixo (considerando um período de 05 anos).

Os resultados consideraram uma produção média diária de 2.000.000 de


barris de óleo equivalente, produzidos por meio de 20 plataformas com
capacidade de produção de 100.000 barris de óleo equivalente por dia cada.

Cabe destacar que os ganhos financeiros resultantes correspondem


apenas aos equipamentos considerados no desenvolvimento do trabalho. Em
uma plataforma real, considerando todos os equipamentos, os ganhos tendem
a ser muito maiores.

 Em termos de disponibilidade:

Figura 79 – Comparativo de disponibilidade.


178

 Em termos de produção:

Figura 80 – Comparativo de produção

 Em termos de receita (R$):

Figura 81 – Comparativo de receita

A tabela 32 apresenta um resumo dos ganhos obtidos com a


metodologia proposta em relação à metodologia tradicional, considerando um
período de 05 anos, a cotação do barril de petróleo tipo brent a USD 61,00
(valor projetado pela EIA - U.S. Energy Information Administration [164]) e do
dólar a R$ 3,20 (valor projetado pelo Banco Central do Brasil [163]).
179

Tabela 32: Resumo dos ganhos obtidos com a aplicação da metodologia proposta.

Configuração Disponibilidade Produção Receita


Potência (%) (milhares de barris) (bilhões de R$)
Tipo
instalada (MVA)
Série 100 +2,56 +93.363 +18.225

Paralelo 200 +0,25 +8.968 +1.751

1-3 300 +0,10 +3.756 +0.733

2-3 150 +0,59 +21.415 +4.180

2-4 200 +0,20 +7.410 +1.446

3-4 134 +1,12 +40.847 +7.973

Este trabalho não tem como objetivo definir qual a melhor configuração
para o sistema de geração/distribuição elétrica, dado o fato de que a análise
considerou apenas alguns equipamentos (acionadores do sistema de geração
como, turbinas a gás, por exemplo, não foram considerados). A decisão por
determinada configuração depende essencialmente da capacidade de
investimento (CAPEX) de cada empresa. No trabalho desenvolvido nesta tese,
a configuração que apresentou a maior disponibilidade foi a 1 de 3. Contudo,
em todas as configurações estudadas o método proposto se confirmou mais
eficiente que o método tradicional.

O método proposto na tese contribuiu para uma maior disponibilidade


média dos sistemas analisados, dado que reduziu o número de intervenções de
manutenção preventiva e consequentemente, a indisponibilidade dos
equipamentos. A estratégia priorizando a manutenção baseada na condição,
com verificações sistemáticas e mais frequentes realizada pela própria equipe
da operação, também é um fator que influenciou no aumento da
disponibilidade, sendo viável a estruturação de um grupo onshore para avaliar
e planejar todas as intervenções decorrentes das verificações de campo. O
ganho em confiabilidade também é significativo, dado que, com essa
sistemática, eventuais defeitos são identificados ainda em fase inicial, evitando
sua evolução para uma falha funcional.

As principais contribuições oriundas deste trabalho são:


180

 Metodologia para definição da estratégia de manutenção baseada


em análise dos modos de falha e suas partes afetadas, inserindo um
viés quantitativo da taxa de falha dos componentes/equipamentos
para adequação dos intervalos de manutenção. O método também
está estruturado de forma a definir a técnica de manutenção mais
adequada para bloquear determinado modo de falha, priorizando as
intervenções baseadas na condição. No contexto de Operações
Integradas, diversas atividades de monitoramento foram
identificadas e podem ser realizadas por equipes especializadas
localizadas em ambiente onshore, otimizando e racionalizando os
recursos a bordo das unidades offshore.

 Metodologia para estruturação hierárquica de equipamentos e


instalações, com base em normas técnicas e práticas da indústria.
Essa etapa é fundamental no processo de engenharia de
manutenção, uma vez que uma boa manutenção começa por um
bom cadastro de equipamentos. A estruturação hierárquica dos
equipamentos e instalações permite o adequado planejamento das
intervenções, agrupando-as funcionalmente, evitando que os itens
manuteníveis de um conjunto sejam retirados de operação para
manutenção individualmente, impactando a disponibilidade dos
equipamentos. Uma adequada estruturação hierárquica também
facilita a realização de estudos de confiabilidade, visto que
representa blocos funcionais inseridos em um processo produtivo.
Também é insumo para a gestão de estoque e materiais
sobressalentes.

 Metodologia para definição da criticidade de equipamentos. A


classificação adequada da criticidade permite uma melhor eficácia
na escolha do tipo de manutenção (corretiva, preventiva ou preditiva)
que determinado equipamento será submetido e para otimizar a
aplicação dos recursos humanos e gestão dos custos. A
metodologia proposta nesta tese considerou diversos fatores
relevantes para manutenção e embasou a análise em normas
técnicas da NORSOK. O critério de Mudge foi identificado como
181

adequado para realização das análises e ranqueamento dos fatores,


sendo utilizado como ferramenta de apoio para definição quantitativa
da criticidade dos equipamentos.

 Ampla revisão de normas, regulamentos e outros requisitos técnicos


e legais que regem as atividades em ambientes offshore de
produção de óleo e gás, com impacto relevante na definição das
estratégias de manutenção.

 Inserção da disciplina de Engenharia e Planejamento de


Manutenção como requisito de projeto de novas unidades,
demonstrando as etapas de implantação de um projeto de capital e a
importância da estruturação da manutenção e as atividades
relacionadas.

10.1 Recomendações para trabalhos futuros

Com base nas pesquisas realizadas nesta tese, as seguintes


oportunidades para trabalhos futuros foram identificadas:

 Aplicar a metodologia proposta na tese considerando equipamentos


mecânicos, de instrumentação e automação;

 Ampliar a classe de equipamentos elétricos, expandindo a


metodologia proposta na tese para outros tipos de equipamentos;

 Avaliar cadeia de suprimentos e estoque de materiais


sobressalentes em ambientes offshore, considerando tempo de
fornecimento e condições logísticas, bem como alternativas de
fornecimento baseada na filosofia de Operações Integradas;

 Realizar análise de custos detalhada contemplando outros


equipamentos, tais como turbinas a gás que acionam os geradores
elétricos principais.
182

11 REFERÊNCIAS

[1] Moubray,J. “RCM II Reliability-Centered Maintenance”. 2ª Edição, Editora


Industrial Press Inc, Nova York, 1997.

[2] Takayama, M. A. S. “Análise de falhas aplicada ao planejamento estratégico


da manutenção”. Trabalho de conclusão de curso (Engenharia de
Produção). Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008.

[3] Wyrebski, J. “Manutenção produtiva total – Um modelo adaptado”.


Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade
Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1998.

[4] Smith, A. M; Hincheliffe, G. R. “RCM: Gateway to World Class


Maintenance”. 1ª Edição. Editora Elsevier, 2003. 337p.

[5] NASA - National Aeronautics and Space Administration. "Reliability


Centered Maintenance Guide for Facilities and Collateral Equipment".
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[149] Gers, J. M.; Holmes, E. J. “Protection of electricity of distribution


networks”. 3ª Edição. Editora The Institution of Engineering and
Technology. Inglaterra, 2011. 368p.

[150] Chay, S. C.; Mazumdar, M. Determination of Test Intervals in Certain


Repairable Standby Protective Systems. In: “IEEE Transactions on
Reliability”, 1975.

[151] Wang, R.; Xue, A.; Bi, T.; Huang, S. Relay replacement strategy based on
the least unit life cycle cost with minimum maintenance model. In: “IEEE
2011 International Conference on Advanced Power System Automation
and Protection (APAP)”. Pequim, China, 2011.

[152] Fushou, S.;Wang, X. A new method for reliability analysis of protection in


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[153] Mozina, C. J.; Yalla, M. V. V. S. “Fundamental Reliability Considerations


in the Design, Manufacturing and Application of Multifunction Digital
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[154] Tavares, H. D. F. “Aplicação de metodologias RCM nos planos de


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[155] Kumm, J. J.; Weber, M.S.; Hou, D.; Schweitzer, E.O. “Predicting the
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Power Delivery, 1995.
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[156] ABB. “VD4/R Disjuntores MT a vácuo para distribuição secundária”.


Disponível em
https://library.e.abb.com/public/3982853e999e4255aa230060eacfa165/CA
_VD4-R(PT)H_1VCP000263-1506.pdf. Acesso em 28/08/15.

[157] Xu-dong, L.; Xing-ming, F.; Xin, Z.; Qi-tao, Z. A vacuum interrupters
internal pressure on-line condition monitoring system. In: “IEEE 25th
International Symposium on Discharges and Electrical Insulation in
Vacuum (ISDEIV)”. Rússia, 2012.

[158] Cao, Y.; Yin, S; Zong, M; Hou, C. On-line Monitoring of Mechanical


Characteristics for Vacuum Circuit Breaker. In: “IEEE International
Symposium on Discharges and Electrical Insulation in Vacuum (ISDEIV)”.
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[159] Abraman. Disponível em www.abraman.org.br. Acesso em 08/01/15.

[160] Rocha, G.; Dolezilek, D.; Ayello, F.; Oliveira, C. “Sistema de


monitoramento de subestação de distribuição”. Disponível em
www.selinc.com.br. Acesso em 08/01/15.

[161] IEEE C37.10.1. “IEEE Guide for the Selection of Monitoring for Circuit
Breakers”, 2001.

[162] Beghim. Disponível em www.beghim.com.br. Acesso em 08/01/15.

[163] Banco Central do Brasil. Disponível em http://www.bcb.gov.br. Acesso em


20/05/2015.

[164] EIA - U.S. Energy Information Administration. Disponível em


http://www.eia.gov/forecasts/steo/. Acesso em 20/05/2015.
199

12 ANEXOS

12.1 ANEXO A: Item 16.4 da NR-30 (Anexo II)

16.4 INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO

16.4.1 As instalações e equipamentos das plataformas devem possuir


plano de inspeção e manutenção devidamente documentado.

16.4.2 O plano de inspeção e manutenção deve contemplar, no mínimo:

I. equipamentos, máquinas e instalações sujeitas a inspeção e


manutenção;

II. tipos de intervenções;

III. procedimentos de inspeção e manutenção;

IV. cronograma;

V. identificação dos responsáveis;

VI. quantidade, especialidade e capacitação dos trabalhadores;

VII. procedimentos de segurança; e

VIII. sistemas e equipamentos de proteção coletiva e individual.

16.4.3 A fixação da periodicidade das inspeções e das intervenções de


manutenção deve considerar:

I. o previsto nas Normas Regulamentadoras e normas técnicas;

II. as recomendações do fabricante, em especial dos itens críticos à


segurança do trabalhador;

III. as recomendações dos relatórios de inspeções, de investigação de


acidentes e incidentes do trabalho, elaborados pelo SESMT, SPIE ou
CIPA;

IV. as recomendações das análises de risco;

V. a existência de condições ambientais agressivas;

VI. as boas práticas de engenharia; e

VII. as notificações das autoridades competentes.


200

16.4.4 As recomendações decorrentes das inspeções e manutenções


devem ser devidamente registradas e implementadas com a
determinação de prazos e de responsáveis pela execução.

16.4.5 Para a realização das inspeções e manutenções devem ser


elaboradas análises de riscos e emitidas Permissões para Trabalho
contendo procedimentos específicos de segurança e saúde para
trabalhos:

I. que possam gerar chamas, calor, centelhas ou ainda que envolvam o


seu uso;

II. em espaços confinados, conforme Norma Regulamentadora n.º 33


(NR-33);

III. envolvendo isolamento de equipamentos e bloqueio/etiquetagem;

IV. em locais elevados com risco de queda;

V. com equipamentos elétricos, conforme NR-10;

VI. submersos; e

VII. outros cuja análise de riscos assim recomendar.


201

12.2 ANEXO B: SGSO - Prática de Gestão Nº 13: Integridade Mecânica

13.1 Objetivo

O objetivo desta prática de gestão é descrever os requisitos que devem


ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança
operacional para que a Instalação, seus sistemas, estruturas e
equipamentos, passem por inspeções, testes e manutenções
necessárias, de forma planejada e controlada, buscando a integridade
mecânica e Adequação ao Uso.

13.2 Planejamento de Inspeção, Teste, Manutenção e Suprimento de


Materiais

O Operador da Instalação terá como atribuição:

13.2.1 Estabelecer planos e procedimentos para inspeção, teste e


manutenção, a fim de buscar a integridade mecânica dos seus sistemas,
estruturas, Equipamentos e Sistemas Críticos de Segurança
Operacional. Tal documentação deverá estar alinhada com
recomendações dos fabricantes, normas, padrões e boas práticas de
engenharia.

13.2.2 Estabelecer procedimentos de inspeção, teste e manutenção que


contenham instruções claras para condução segura das atividades.

13.3 Controle das Atividades O Operador da Instalação terá como


atribuição:

13.3.1 Documentar todas as atividades relacionadas com integridade


mecânica desenvolvidas a bordo.

13.3.2 Assegurar que os procedimentos operacionais, manuais ou


qualquer outro documento referente à Instalação, aos seus sistemas,
estruturas e equipamentos estejam acessíveis ao pessoal de
manutenção (empregados ou contratados), quando aplicáveis.

13.3.3 Estabelecer requisitos de garantia da qualidade na execução dos


procedimentos.
202

13.3.4 Garantir que todos os Equipamentos e Sistemas Críticos de


Segurança peracional estejam cobertos pelos planos de inspeção, teste
e manutenção.

13.3.5 Qualquer desvio das especificações de projeto deve ser abordada


através dos requisitos da prática de gestão de Gerenciamento De
Mudanças.

13.4 Monitoramento e Avaliação de Resultados

O Operador da Instalação será responsável por monitorar e avaliar os


resultados das inspeções e testes.
203

12.3 ANEXO C: SGSO - Prática de Gestão Nº 11: Elementos Críticos de


Segurança Operacional

11.1 Objetivo

O objetivo desta prática de gestão é descrever os requisitos que devem


ser considerados pelo sistema de gerenciamento de segurança
operacional para identificar os Elementos Críticos de Segurança
Operacional da Instalação e estabelecer sistemas de gerenciamento e
controle dos mesmos.

11.2 Identificação dos Elementos Críticos de Segurança


Operacional

11.2.1 O Operador da Instalação identificará e descreverá as


características essenciais e as funções dos Elementos Críticos de
Segurança Operacional, os quais são classificados em três

categorias:

a) Equipamentos Críticos de Segurança Operacional;

b) Sistemas Críticos de Segurança Operacional; e

c) Procedimentos Críticos de Segurança Operacional.

Os elementos são considerados críticos quando essenciais para a


prevenção ou mitigação ou que, em caso de falha, possam provocar um
acidente operacional.

11.3 Gerenciamento e Controle dos Elementos Críticos de


Segurança Operacional

11.3.1 O Operador da Instalação estabelecerá procedimentos de


contingência e definirá um sistema de aprovação e de controle dos
mesmos, a ser utilizado quando Equipamentos ou Sistemas Críticos de
Segurança Operacional estejam em condições degradadas ou fora de
operação.

11.3.2 Tais procedimentos estabelecerão medidas temporárias que


possam suprir a falta de Equipamentos ou Sistemas Críticos de
204

Segurança Operacional, devido à falha, degradação ou fora de


operação. Tais medidas deverão incluir, quando aplicável:

a) Implantação de controles alternativos equivalentes;

b) Redução e limitação da produção; e

c) Isolamento e parada de equipamentos, sistemas, instalações.

11.3.3 O Operador da Instalação estabelecerá o prazo em que os


procedimentos temporários serão permitidos, até que as medidas
corretivas sejam tomadas.

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