Apostila Micro Pos Cosmeto 2011
Apostila Micro Pos Cosmeto 2011
Apostila Micro Pos Cosmeto 2011
Microbiologia em
Cosméticos
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Sumário
1. Microbiologia básica ........................................................................................... 3
4. Sanitizantes ....................................................................................................... 10
9. Exercícios .......................................................................................................... 37
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1. Microbiologia básica
Microbiologia é o estudo de estruturas tão pequenas que não podem ser visualizadas a
olho nu, tais como bactérias, vírus, fungos, protozoários e algas.
1.1 Bactérias
1.1.1 Morfologia
Esporos
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oxigênio, mas podem em condições adversas realizar fermentação ou respiração
anaeróbia e os microaerófilos que necessitam de oxigênio em baixas concentrações.
Exemplos:
Anaeróbios - Clostridium sp
Sideróforos são pequenos queladores com alta afinidade pelo ferro, responsáveis por
atuar como agentes extracelulares solubilizadores de ferro, tornando-o disponível para a
célula. Alguns exemplos de micro-organismos que produzem estes sideroforos são
Escherichia coli, Klebsiella , Salmonella e Shighella.
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Fenômeno Fênix trata-se de uma falha no protocolo de controle de qualidade, que
propicia condições adequadas para a recuperação de microrganismos viáveis que não
foram detectados nas verificações de rotina.
Existem três fases: fase de danos onde ocorre alteração do metabolismo celular
caracterizado por diminuição da contagem em placas. Fase de reparo onde se verifica
um aumento de contagem do valor inicial e fase de crescimento onde se evidencia maior
aumento do número de microrganismos detectados.
1.2 Fungos
São eucariontes, organismos cujas células têm um núcleo distinto contendo o
material genético (DNA) envolvido por uma membrana denominada membrana nuclear.
Podem ser uni ou pluricelular, aeróbios ou anaeróbios facultativos e o pH ótimo para o
crescimento é 5. Requerem baixa atividade de água e apresentam tamanho de 10-100m
de diâmetro.
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elaborou recomendações quanto ao número tolerável de microrganismos dependendo da
classificação do produto. Em 1997, iniciaram-se estudos de parâmetros microbiológicos
no Brasil, sendo finalmente instituída a resolução 481 em setembro de 1999. Esta
resolução determina a qualidade sanitária de produtos de higiene pessoal e cosméticos.
2. Laboratório Microbiológico
2.1 Pessoal
Com relação ao pessoal, deve-se elaborar organograma estabelecendo as devidas
responsabilidades, levando em consideração a qualificação técnica de cada colaborador.
Todas as documentações de aprovação, rejeição, relatórios devem ser assinadas e estas
assinaturas devem constar em formulário ou em livro de registros. Outro ponto
fundamental abordado são os treinamentos interno e externo realizados com a finalidade
de que os ensaios sejam executados adequadamente.
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Os lixos, quando presentes devem conter pedal, ser mantidos fechados e removidos
diariamente. Os cantos devem ser arredondados com a finalidade de evitar acúmulo de
poeira e o chão deve ser de material de fácil limpeza, sem emendas e de preferência não
deve conter ralos, caso contrário que seja sifonado.
2.4 Registro
Com relação às documentações, todos os procedimentos implantados deverão ser
registrados em formulários próprios. Os resultados dos ensaios analíticos devem ser
registrados e guardados por no mínimo 5 anos.
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Todos os registros deverão ser anotados a caneta e em caso de qualquer rasura, a mesma
deverá ser riscada, rubricada, datada e seguida da correção da informação.
Identificação da amostra;
Número do lote;
Data de fabricação;
Número da análise da amostra;
Identificação do equipamento de produção;
Resultados das análises de ambiente e do equipamento de produção.
Os registros de todas as informações são de suma importância para que haja condições
de realizar o processo de RASTREABILIDADE.
2.5 Equipamento
Os equipamentos são fatores preponderantes na segurança dos ensaios realizados. A
calibração deve ser realizada por empresas credenciadas à Rede Brasileira de Calibração
(RBC).
Todo o controle efetuado deverá ser arquivado, por exemplo, as leituras diárias como a
temperatura das estufas incubadoras ou ciclos de autoclavações.
Equipamentos que não estejam de acordo para o uso, deverão ser isolados ou
identificados claramente como fora de serviço para evitar sua utilização.
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Os controles realizados têm por objetivo evitar resultados falso-negativos ou falso-
positivos, que possam invalidar os resultados analíticos dos ensaios.
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Não preparar nenhum alimento ou bebida dentro do laboratório;
4. Sanitizantes
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cloro benzenosulfonamida, N-cloro benzenosulfonamida sódica, N-cloro 4 metil
benzenosulfonamida sódica, N-cloro succinimida e 1,3 dicloro 5,5 dimetilhidantoína
Biguanidas: clorhexidina
4.2 Álcool
O etanol mata efetivamente bactérias e fungos, mas não endosporos e vírus não
envelopados. Age desnaturação as proteínas, mas também rompe a membrana e dissolve
lipídeos. Sua principal vantagem é a evaporação rápida. A concentração recomendada é
de 70%, mas concentrações entre 60 a 95% também matam efetivamente, já que a
desnaturação requer a presença de água, como podemos perceber na tabela a seguir.
100 - - - - -
95 + + + + +
90 + + + + +
80 + + + + +
70 + + + + +
60 + + + + +
50 - - + + +
40 - - - - -
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4.3 Fatores que influenciam a eficácia dos sanitizantes:
Concentração
Tempo
pH
Swab: Método de esfregaço, que consiste em uma haste com ponta de algodão
hidrofílico (zaragatoa). Tem como objetivo a avaliação de superfícies não
planas, quanto ao controle microbiológico como, por exemplo, maçanetas e
lugares de difícil acesso em equipamentos.
Silicato,
Solução de formol,
Amônios quaternários,
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Hipoclorito de sódio.
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Luvas: 5 UFC/placa
Uniformes: 10UFC/placa
5.1 Regulamentação
A água potável é regulamentada pela Portaria nº 518 de 25/03/2004 que “estabelece os
procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências.
Revogou a Portaria n° 1469 de 29/12/2000”.
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componentes inorgânicos dissolvidos;
materiais orgânicos solúveis;
materiais em estado de dispersão (macromoléculas);
partículas sólidas;
Micro-organismos
coliformes
coliformes
Coliformes totais Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por
termotolerantes (3) mês:
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A Associação Brasileira de Cosmetologia recomenda a seguinte especificação
microbiológica para água purificada < 100 UFC/mL de bactérias e fungos, ausência de
coliformes totais e fecais em 100 mL e ausência de Pseudomonas aeruginosa em 100
mL.
Os ensaios de Pureza descritos na USP XXIII eram pH, Cloretos, Sulfatos, Amônio,
Cálcio, Dióxido de carbono, Metais pesados, Substâncias oxidáveis e Resíduo de
evaporação (não solúveis). A partir da USP XXIV foi estipulado apenas a análise do
Carbono Orgânico Total (TOC) que deve apresentar no máximo 0,5mg/L, e
condutividade de 1,3s/cm a 25º C.
< 100 UFC/mL < 500 UFC/mL área <100 UFC/ mL <100 UFC/ mL
dos olhos e bebês Ausência de coliformes
< 1000 UFC/mL totais e fecais e
demais produtos Pseudomonas aeruginosa
em 100mL
5.3 Micro-organismos
5.3.1 Grupo coliformes
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(Citrobacter, Enterobacter, Klebsiella, Escherichia coli). Os Coliformes Fecais ou
Coliformes Termotolerante são bactérias do grupo coliformes que apresentam as
características do grupo, porém à temperatura de incubação a 44,5º C (Escherichia coli).
5.4.1 Destilação
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5.4.2 Deionização
A água é submetida a um processo que usa uma pressão superior à pressão osmótica, a
água atravessa uma membrana semi-permeável, passando de uma solução alta
concentração para uma solução de baixa concentração (membrana de poliamida/acetato
de celulose). Tem como problemas operacionais a contaminação microbiana e bloqueio
por depósito de materiais que deve levar a troca da membrana.
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Remove ozônio em altas dosagens efetivamente. A luz ultravioleta elimina 50% de
bactéria nitrificantes.
5.5.2 Ozônio
O ozônio é o mais poderoso oxidante utilizável (1,5 vezes mais forte do que o cloro). É
3.125 vezes mais rápido do que o cloro na inativação de bactérias. Não produz toxinas
na água e é gerado no local de utilização. Quando não consumido, decompõe-se
naturalmente em oxigênio. O transporte, manuseio e estoque não são necessários.
Suas principais aplicações são em água potável, água de resfriamento e/ou processo,
efluentes industriais, com alto teor de orgânicos (Ind. Química, Alimentícia,
Farmacêutica, Celulose e Papel, Têxtil, etc.). Na redução de cor, odor, NOX, em água
Mineral (enxágüe de desinfecção de reatores, tanques e garrafas) e no tratamento de
lixiviação.
5.5.4 Cloração
5.7 Amostragem
O procedimento da amostragem refletirá diretamente nos resultados. A pessoa
responsável deverá estar devidamente paramentada, o intervalo de tempo entre a coleta
e a análise não deverá exceder a 8 horas, o frasco para coleta deve ser apropriado e
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estéril e a amostragem não deverá ser inferior a 300 mL. É importante apresentar um
histórico da água em análise (se foi armazenada, qual o período, se houve adição de
conservantes).
6. Biofilme microbiano
São comunidades microscópicas de bactérias e ou fungos (leveduras) e suas secreções
que possuem a capacidade de formar uma camada fina ou espessa sobre superfícies que
se apresentam úmidas.
Esta comunidade pode ser composta única espécie ou várias espécies, tais como
Pseudomonas aeruginosa, Burkholderia cepacia, Burkholderia pickettii,
Brevundimonas vesicularis, Sphingobacterium paucimobilis e Stenotrophomonas
maltophilia.
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O desenvolvimento do biofilme é possível devido à capacidade de certos
microrganismos de formarem o EPS (Exopolissacarídeos), que permite a adesão dos
microrganismos à superfície, melhorando a resistência a dessecação, servindo como
reserva de nutrientes e proteção a biocidas.
Para evitar esse problema deve-se empregar de preferência o aço inoxidável 316 com
superfície lisas, tanques passíveis de drenagem e fácil acesso para limpeza e sanitização,
além de proteger tanque com filtros de retenção e determinar capacidade do tanque
(água parada no máximo 1 dia) ou recirculando. Os tanques de armazenamento devem
ser mantidos longe de poeira, luz, etc.
O biofilme apresenta uma maior resistência que as células planctônicas (10 –1000 vezes
a mais) supostamente devido a mutações e modificações enzimáticas.
7.1 Objetivo
Determinar o número de micro-organismos viáveis e comprovar a ausência de
microorganismos patogênicos específicos, tais como Staphylococcus aureus,
Pseudomonas aeruginosa, Coliformes Totais e Fecais.
7.2 Importância
Segurança do consumidor. O cosmético não deverá ser veículo transmissor de doenças.
Podemos destacar os seguintes efeitos patogênicos dos contaminantes:
Propionium bacterium acne responsável pela acne e pele predisposta a tal distúrbio.
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Candida albicans responsável por pequenas úlceras genitais e vaginites
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Produtos para área Limite máximo: 5x102 UFC/g ou mL
dos olhos Especificação qualitativa:
Nenhum micro-organismo deve ser prejudicial ao consumidor
e ao produto
Especificação quantitativa:
Contagem de micro-organismos mesófilos totais aeróbios,
Categoria II não mais que 103 UFC/g ou mL
Demais produtos Limite máximo: 5x103 UFC/g ou mL
cosméticos Especificação qualitativa:
Nenhum micro-organismo deve ser prejudicial ao consumidor
e ao produto
Especificação qualitativa:
ausência de Pseudomonas aeruginosa em 0,1g/mL;
ausência de Staphylococcus aureus em 0,1g/mL;
ausência de Candida albicans em 0,1g/mL.
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Água
Consumidor (deve-se efetuar o teste de eficácia de conservantes)
7.5.3 pH
7.6 Amostragem
Matérias-primas
Produto acabado
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7.6.1 Preparação da Amostra
Superfície: Inocula-se 0,1 – 0,5 ml da amostra diluída em placas com o meio de cultura
já solidificado.
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do NMP (diversas combinações em função de diferentes testes de inoculações) e série
de 3 a 5 tubos. Portanto o NMP não representa uma medida exata do número de
microrganismos presentes na amostra, mas sim um valor estimativo, cuja fidelidade
aumenta com o aumento do número de ensaios. Histórico: descrita pela primeira vez na
USP em 1970.
Microrganismos utilizados
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8. Teste de eficácia de sistema conservante (“Challenge test”)
Proteger os produtos cosméticos das contaminações por bactérias e fungos desde a fase
de seu desenvolvimento até o uso pelo consumidor, chegando ao final do prazo de
validade, é uma tarefa que requer bastante empenho e conhecimento sobre a
composição química do produto, sobre os microorganismos e sobre a química e
mecanismos de ação dos conservantes.
As contaminações podem:
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Os conservantes interferem no crescimento, multiplicação e metabolismo microbianos,
por um ou mais mecanismos. Pode haver combinação entre grupamentos químicos dos
conservantes com as proteínas microbianas, ação competitiva com determinados
processos enzimáticos, destruição ou inativação funcional de material genético e reação
com a membrana celular.
A distribuição entre água e óleo deverá ser apropriada para dar um sistema de emulsão.
Ter adequado coeficiente de partição óleo em água, de modo a permitir concentração
efetiva em ambas as fases. Tem sido reconhecido como atividade primária
antimicrobiana resistente na fase aquosa de um sistema conservante bifásico, e é por
essa razão dependente da equilibrada concentração de conservante nessa fase.
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Conservantes são separados entre a fase aquosa e a fase oleosa de acordo com o
coeficiente de partição e a relativa razão de óleo e de água presente no sistema. Se o
coeficiente de partição óleo / água for alto torna-se extremamente difícil manter um
nível de conservação adequado na fase aquosa sem uma excessiva concentração de
conservante total.
A fase oleosa pode ser considerada para representar um material imiscível em água, mas
é importante lembrar que o coeficiente de partição óleo / água pode ser dependente do
tipo de óleo presente. È reconhecido que a partição da água em óleos vegetais é mais
eficiente do que em óleos minerais. Adicionalmente, o pH do sistema pode
substancialmente afetar a partição, tanto como o tamanho da gota, e conseqüentemente a
área de superfície interfacial da fase oleosa, durante a agitação.
No caso de emulsões a formulação estável pode ser mantida pela adição de um agente
emulsionante, usualmente um tensoativos não iônico. Usualmente são incluídos
múltiplos agentes conservantes ou sistemas de emulsionantes mistos. Experiências
mostram que a atividade antimicrobiana pode ser potencializada com a adição de baixas
concentrações de tensoativos não iônicos. Fato que pode ser atribuído ao tensoativo
aumentar a permeação do agente conservante na célula da bactéria, esse fenômeno é
dependente do sistema micelar.
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Observa-se que os diferentes agentes conservantes respondem diferentemente a variadas
temperaturas, sendo importante observar as recomendações de refrigeração de alguns
produtos após abertos.
O conservante também não deve alterar as propriedades físicas do produto, como odor,
cor, sabor e textura, não ser tóxico e irritativo e principalmente ter custo acessível,
compatível ao produto.
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Visto o acima descrito para selecionar o sistema conservante devemos ter conhecimento
da formulação e seus componentes, conhecimento das propriedades dos antimicrobianos
como estrutura química, aspectos legais e combinações, assim como saber qual é a
interação do conservante com o material de acondicionamento.
Em adição aos resultados obtidos com o design dos recipientes (embalagens) e seus
tipos de tampa que protegem da contaminação é muito importante lembrar que a
composição da embalagem pode afetar a integridade do produto.
Outro caso de interação, nesse caso positiva, são as embalagens de metal que acabam
por matar os micro-organismos presentes, essa é uma vantagem do metal sobre o vidro.
Não se deve esquecer que os cuidados com a contaminação devem-se estender aos
rótulos e adesivos utilizados, uma boa forma de proteger o consumidor do produto
contaminado é orientá-lo através do rótulo para que o produto seja descartado após certo
período de tempo.
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8.1. Teste desafio ou “challenge test”
Os métodos oficiais para a avaliação da eficácia de conservantes, consistem na
inoculação da amostra com cargas microbianas conhecidas e contagem periódica em
tempos pré-especificados durante 28 dias, do número de sobreviventes, denominado
“Teste do desafio” ou “Challenge Test”.
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Critério ou interpretação dos resultados: condição para que o cosmético seja
considerado aprovado.
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Tabela 5. Critério de aceitabilidade – CTFA.
BACTÉRIAS FUNGOS BACTÉRIAS
ESPORULADAS
Produtos para área redução de pelo menos Fungos: redução de pelo ação bacteriostática
dos olhos e bebês 99,9% da contagem menos 90% da contagem durante todo o
inicial no intervalo de inicial no intervalo de período de teste
tempo igual a 7 dias com tempo igual a 7 dias com
decaimento contínuo até decaimento contínuo até
a finalização do teste a finalização do teste
Outros Produtos redução de pelo menos redução de pelo menos
99,9% da contagem 90% da contagem inicial
inicial no intervalo de no intervalo de tempo
tempo igual a 7 dias sem igual a 7 dias sem
aumento da carga aumento da carga
microbiana até a microbiana até a
finalização do teste finalização do teste
8.2.1 Vantagens
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O protocolo do teste por regressão linear é similar ao do teste oficial, porém o primeiro
apresenta as seguintes vantagens:
8.2.2 Procedimento
amostra: 50 g ou mL
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Intervalos de tempo - Bactérias: 2, 4, 24 e 48 horas/ Leveduras: 4, 8, 24 e 48
horas/ Bolores: 4,8, 24, 48 horas e 7 dias
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9. Exercícios
9.1 Qual a contagem microbiana por mL no produto final? Produto 1:10 - 1:10 - 1:10
Resultado da última diluição: 34UFC/mL
9.2 Uma suspensão oral foi submetida as seguintes diluições decimais seriadas 1:10 -
1:10. Resultado da última diluição ausência de crescimento em 1mL. Determinar o
número de unidades formadoras de colônias por mL.
9.3 Uma loção cosmética foi avaliada efetuando-se as diluições: 1:2 - 1:5 - 1:10 - 1:2.
Resultado da última diluição 243UFC/mL. Determinar o número de UFC/mL da loção.
9.4 Uma tomada de ensaio de 5g de produto para uso tópico foi transferida para 95mL
de meio de cultura. Desta diluição efetuou-se 3 diluições decimais seriadas e sucessivas.
Transferiu-se aliquota de 0,5mL (em duplicata) para placa de Petri e após
homogenização desta empregando-se meio de cultura adequado, incubou-se por 48horas
a 30-35ºC. O resultado obtido foi de 124 e 128UFC/0,5mL. Qual a contagem por g de
produto?
9.5 Uma suspensão microbiana (suspensão mãe) foi submetida ao seguinte esquema de
diluição: 1 gota em 9 mL e em seguida 6 diluições decimais seriadas. Da última diluição
1 mL foram plaqueados em triplicata e os resultados obtidos foram: 56 / 49 / 57. Qual é
a carga microbiana na suspensão mãe?
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9.7 Um produto cosmético submetido ao teste de desafio apresentou o seguinte
comportamento: Carga de sobreviventes de Aspergillus niger ATCC 16404 (UFC/g ou
mL) no teste de eficácia de conservantes em produtos cosmético.
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10. PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO
Quando existem microrganismo presentes em amostras ou equipamentos e
materiais de laboratório, podemos reduzir a carga de microrganismos presente,
empregando a pasteurização ou sanitizantes químicos, destruírem a carga microbiana ou
removê-la.
O calor é um método físico de destruir os microrganismos. Podemos empregá-lo
de duas formas: calor úmido (vapor de água) ou calor seco.
O calor úmido desnatura as proteínas do microrganismo por coagulação, sendo
empregado um equipamento denominado autoclave. Para este método ser eficaz
devemos submeter o produto ou material ao calor úmido a uma temperatura de 121 ºC
por 15 minutos em geral. Esta temperatura só é atingida ao aplicarmos uma atmosfera
de pressão. Este método é empregado para meios de cultura, diluentes, alguns
equipamentos, roupas, dentro do laboratório microbiológico, restringindo-se a líquidos
não voláteis e materiais termoestáveis. A autoclavação destrói tanto as células viáveis
quanto os endósporos.
O que determina o tempo mínimo de exposição ao calor úmido são
características como volume do material e densidade do mesmo, que influenciam
diretamente na penetração do calor até o centro dos materiais. O tipo e carga dos
microrganismos, ou seja, o bioburdem, também é um fator relevante na determinação do
tempo de exposição. A autoclavação com a finalidade de esterilização leva em torno de
15 minutos, porém quando se deseja descontaminar material já utilizado, devemos
submeter o mesmo a temperatura de 121º por no mínimo 45 minutos.
O método tem como vantagens não deixar resíduos, ter penetração uniforme e
utilizar temperaturas menores que as do calor seco, e como desvantagens, não poder ser
empregado para materiais higroscópicos e exige a compra de um equipamento
especializado, a autoclave.
O calor seco, empregado para esterilização deve atingir 170 ºC por 2 horas
ininterruptas em geral. A morte celular ocorre pela oxidação dos constituintes
intracelulares por condução. Este método é empregado para vidrarias vazias e
instrumentos no laboratório microbiológico. Também pode ser utilizado para esterilizar
pós inorgânicos, tais como talco e argilas e os óleos minerais.
Este método tem como principal vantagem não deixar resíduos nos produtos e
equipamentos e não necessitar de equipamentos especiais. Suas desvantagens incluem a
possibilidade de causar alterações químicas e físicas, alem da penetração lenta e
desigual o que leva longos tempos para a realização dos ciclos de esterilização.
Um outro método físico para destruição dos microrganismos é a radiação. A
radiação pode ser ionizante (radiação gama) ou não ionizante (radiação UV).
A radiação ionizante, que utiliza como fonte o Co60, destrói o DNA dos
microrganismos, sendo utilizada principalmente para medicamentos, correlatos e
cosméticos, além de materiais primas como talco, caulim, dióxido de titânio, amido e
oxido de ferro, assim como escovas e pinceis. Todos os produtos podem ser
esterilizados já na embalagem final, já que tem alto poder de penetração e tem como
principal vantagem, o fato de não deixar resíduos. As desvantagens incluem a
possibilidade de causar alterações físicas e químicas nos produtos, alteração de
polímeros e proteínas e a utilização de um equipamento de altíssimo custo e segurança.
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Com relação a sensibilidade, temos que os fungos são os mais sensíveis a esta
forma de esterilização, seguidos das bactérias Gram negativas, Gram positivas, esporos,
vírus e por fim os príons.
O Co60 emite ondas curtas, que apresentam alto grau de penetração, só não
penetrando chumbo e paredes de concreto com 5 metros de largura. Age sobre os
microrganismos de duas formas principais, através dos radicais livres (efeito direto) e
através da formação de oxigênio singlet, obtido da quebra da molécula da água (efeito
indireto). A dose de radiação é calculada como a energia cedida ao material por unidade
de massa, e é expressa em Gray (Gy), que é igual a 1 Joule por kilograma de massa.
A radiação não ionizante, por outro lado, não apresenta alto poder de penetração,
apresentando uma ação apenas superficial. Este tipo de radiação causa apenas danos ao
DNA celular, e é utilizado na forma de lâmpada germicida, na desinfecção superficial
de fluxos laminares ou na purificação de água. A radiação ultravioleta tem como
vantagens a sua fácil instalação e preço acessível, porém desvantagens como a
penetração limitada e a ação subletal sobre os microrganismos fazem como este método
seja utilizado apenas como auxiliar na manutenção da baixa carga microbiana e não
como um método isolado para esterilização.
Em termos de resistência, temos que os bolores e leveduras são cem vezes mais
resistentes que as células vegetativas bacterianas, enquanto que os esporos de bactérias
são sete vezes mais resistentes que as células vegetativas.
Para a utilização correta da lâmpada germicida, devemos levar em conta as horas
de uso estipuladas pelos fabricantes, anotando o tempo em que efetivamente a lâmpada
permaneceu acessa, já que a mesma pode ainda estar acendendo porem não mais
emitindo a radiação germicida.
A filtração é um processo mecânico para remoção dos microrganismos da
amostra. Utiliza-se uma membrana de acetato de celulose com porosidade de 0,22 m.
Este processo é utilizado para produtos termolábeis, isto é, aqueles produtos que não
suportam altas temperaturas. Tem também grande aplicação no tratamento da água
purificada. Sua principal vantagem é que não deixa resíduos nos produtos, porém tem
como desvantagem o custo elevado e a necessidade de aquisição de suportes o cartuchos
especiais.
Para garantia do processo de esterilização por filtração devemos fazer alguns
controles na unidade filtrante, tais como o processo destrutivo, que utiliza uma
suspensão de bactérias Brevudimonas diminuta ATCC 19146, 107 UFC/cm2 e pressão
de 30 psi.
Valor de Redução Logarítmica = log nº m.o. desafio 7
log nº m.o. filtrado
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O ETO age alquilando as proteínas e enzimas complexas do microrganismo,
impedindo sua sobrevivência. Tal agente é utilizado para esterilizar objetos que não
suportam calor, tais como correlatos e produtos para a saúde. Entres tais objetos estão
esponja, pincéis, placas de petri descartáveis, pipetas descartáveis, etc. As matérias
primas e fitoterápicos são proibidos de serem esterilizados por ETO no Brasil.
Os ciclos de esterilização levam em média de 7 a 9 horas, e utilizam
concentração de ETO de 500 a 750 mg/L e umidade relativa de 30 a 60 %, e
temperatura de 52 a 54 ºC. Esses são os fatores a serem controlados para garantir a
validade do processo e a penetração do gás nos produtos.
A principal vantagem deste método é a disponibilidade comercial dos
equipamentos e as baixas temperaturas utilizadas. Já as desvantagens incluem a
possibilidade de causarem alterações físicas e químicas, geração de resíduos tóxicos o
que leva a necessidade de aeração dos produtos esterilizados e a necessidade de
esquemas de segurança, já que o gás é explosivo e inflamável.
A monitorização dos processos de esterilização incluem a utilização dos
indicadores físicos, químicos e biológicos.
Os indicadores físicos podem ser os termopares conectados a registradores de
temperaturas externos, além da utilização de sistemas termolag, que indicam a
temperatura e o tempo de permanência naquela temperatura, o que gera maior
segurança. Existem também os termômetros de máxima, que são termômetros que
marcam apenas a máxima temperatura atingida durante o ciclo de esterilização.
Os indicadores químicos são tintas termocrômicas que mudam de cor quando
atingem determinada temperatura. Os indicadores biológicos são esporos de micro-
organismos que devem ser utilizados de acordo com o método escolhido.
41
11. AULA PRÁTICA – TESTE LIMITE MICROBIANO
Procedimento
42
diluição, utilizando técnica de semeadura em profundidade ou “Pour Plate”.
Colocar 100UFC da suspensão microbiana padronizada, de forma que as duas
alíquotas não se misturem. Colocar 15-20mL de TSA e homogeneizar em oito.
Esperar solidificar e incubar de forma invertida, a 30-35ºC por 48h.
Procedimento
43
Procedimento
Flambar a alça de Henle na chama do Bico de Bunsen. Dividir as placas de
meios de culturas específicos em duas metades. Esfriar a alça na parede dos
erlenmeyers anteriormente preparados (diluição 10-1 e 10-2 um de cada vez), retirar
alíquota da amostra e semear em superfície empregando a técnica de esgotamento
em estrias. Utilizar as placas com os meios de cultura específicos para pesquisa de
patogênicos: Vogel Johnson (S. aureus), Cetrimida (P. aeruginosa) e Mac Conkey
(E. coli).
Produto: Lote:
Inativantes empregados:
Material de acondicionamento:
Contagem de
bactérias e fungos
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Pesquisa de S. aureus
Pesquisa de E. coli
(coliformes fecais)
Pesquisa de
coliformes totais
Pesquisa de P.
aeruginosa
Materiais:
o 2 placas Rodac ou placa de contato
o álcool 70% (v/v)
o solução de glutaraldeído 0,1% (v/v) em álcool 70% (v/v)
o álcool iodado
o algodão
o 4 placas de petri com TSA
o 2 placas de petri com SDA
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Procedimento
Escolher uma área na bancada, delimitando-a mentalmente. Aplicar a placa
Rodac, sutilmente e identificá-la com denominação área suja. Proceder a
sanitização com o sanitizante eleito, embebido em algodão, limpando sempre em
um único sentido. Esperar 5 minutos, para que o excesso de sanitizante evapore e
aplicar um novo Rodac, identificando-o como área limpa. Incubar por 24 - 48
horas a 30-35C.
Expor duas placas de petri contendo SDA durante o procedimento, 5-7 dias
horas a 20-25C.
Em quatro placas de Petri contendo TSA colocar cabelo, toque de dedos, tosse e
papel. Incubar por 24 horas a 30-35C.
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