A Contribuição de Thompson para Os Estudos Historicos
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A Contribuição de Thompson para Os Estudos Historicos
RESUMO: Este artigo tem como objetivo refletir sobre o historiador ingls Edward
Palmer Thompson, expoente do grupo de intelectuais britnicos da New Left,
dissidentes do Partido Comunista Britnico a partir de 1956, fundadores da chamada
Histria Social. Com o fim de entender sua importncia para os estudos histricos da
segunda metade do sculo XX, analisaremos brevemente trs de suas proposies, quais
sejam os conceitos de classe social, experincia e cultura, presentes, principalmente, em
duas de suas principais obras, A Formao da Classe Operria Inglesa e Costumes em
Comum.
ABSTRACT: This article aims to reflect on the English historian Edward Palmer
Thompson, leader of the group of British New Left intellectuals, dissidents of the
British Communist Party from 1956, founders call Social History. In order to understand
its importance in historical studies of the second half twentieth century, we will briefly
three of his propositions, which are the concepts of social class, experience and culture,
present in two of his major works, The Making of the English Working Class and
Customs in Common.
Introduo
Doutorando em Histria Social pela Universidade Federal de Uberlndia UFU. Professor efetivo de
Histria da Universidade Estadual de Gois UEG, Cmpus Morrinhos, GO. Artigo enviado em
07/02/2014 e aceito para publicao em: 12/10/2014. E-mail: [email protected]
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No Brasil, includo na coletnea: NEGRO, Antnio Luigi. e SILVA, Srgio. (orgs.). As Peculiaridades
dos Ingleses e outros artigos. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2001.
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Principais Ideias
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Para mais informaes acera de sua trajetria pessoal e profissional, ver a apresentao do autor da
obra THOMPSON, 1998.
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No h, realmente, uma construo conceitual gramsciana sobre hegemonia, mas uma interpretao a
partir do conceito construdo por Lnin (ver LIGUORI, 2007, pp. 207-225). Gramsci alude hegemonia
ao refletir sobre a luta travada entre a sociedade civil e a sociedade poltica pelos aparatos do Estado. Essa
luta se d pelo controle dos meios de produo (economia) e os aparelhos privados de hegemonia. Sobre
esse tema, ver: GRAMSCI, 1978, pp. 24-225.
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No vejo a classe como estrutura, nem mesmo como uma categoria, mas
como algo que ocorre efetivamente e cuja ocorrncia pode ser demonstrada
nas relaes humanas (...) a noo de classe traz consigo a noo de relao
histrica (...). A classe acontece quando alguns homens, como resultado de
experincias comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a
identidade de seus interesses diferem (e geralmente se opem dos seus).
(THOMPSON, 1987, pp. 09/10)
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seria o resultado da experincia, e no num sentido epifnico, o que nos leva ao segundo
ponto.
O segundo motivo da diferenciao entre experincia e conscincia de classe diz
respeito forma como Thompson compreendia a prpria conscincia de classe e porque
a noo de experincia na produo de tal conceito to importante. Conscincia de
classe para ele no era apenas o reconhecimento das condies materiais e da
dominao socieconmica resultante disso; significava tambm a compreenso do
conjunto de valores, ideias, tradies, manifestaes culturais e religiosas de cada grupo
humano, que os diferenciava e, ao mesmo tempo, aproximava os seus membros. Em
nosso entendimento, a sua definio de conscincia de classe corresponde,
fundamentalmente, prpria definio das possibilidades de representaes sociais dos
sujeitos, das identidades, como seriam chamadas atualmente. O prprio Thompson
demonstra isso ao confessar que, relacionando a experincia com o surgimento da
conscincia de classe, foi levado a
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O Conceito de Cultura
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portanto, fazendo parte dos instrumentos de dominao. Thompson refuta essa relao.
Para ele:
Por mais sofisticada que seja a ideia, por mais sutil que tenha sido o seu
emprego nas mais vrias ocasies, a analogia base e superestrutura
radicalmente inadequada. No tem conserto. Est dotada de uma inerente
tendncia ao reducionismo ou ao determinismo econmico vulgar
classificando atividades e atributos humanos ao dispor alguns destes na
superestrutura (lei,arte, religio, moralidade), outros na base (tecnologia,
economia, as cincias aplicadas), e deixando outros ainda a flanar,
desgraadamente, no meio (lingstica, disciplina de trabalho). Nesse sentido,
possui um pendor para aliar-se com o pensamento positivista e utilitarista,
isto , com posies centrais no do marxismo, mas da ideologia burguesa.
(THOMPSON, 1977, apud NEGRO & SILVA, 2001, p. 256)
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Sobre essa concepo tradicional de cultura como sinnimo de erudio ou refinamento, convm ver a
obra: ELIAS, Norbert, 1994, op. cit., especialmente o captulo Conceitos de civilizao e cultura,
p. 23-64.
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conforme j apontado por Barreiro, o dilogo estabelecido pelo autor ingls com a
Antropologia.90 De acordo com ela,
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importante salientar que a aproximao com a Antropologia no foi exclusiva de Thompson, mas da
maioria de seus companheiros, como Raymond Willians, como aponta Cevasco (2003, p. 110).
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Consideraes Finais
Ricardo Gaspar Mller fez uma importante reflexo na concluso de sua tese de
doutorado a respeito da relao entre a atividade profissional de Thompson e seu
engajamento em causas polticas e sociais em que acreditava:
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Referncias bibliogrficas
CEVASCO, Maria Elisa. Para Ler Raymond Willians. Editora Paz e Terra, 2001.
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ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador, v. 1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
FONTANA, Josep. A Histria dos Homens. Bauru, SP: EDUSC, 2004.
HOBSBAWM, Eric. A Histria de baixo para cima. In: Sobre Histria. So Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
LIGUORI, Guido. Roteiros para Gramsci. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2007.
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