ORTOFOTOMOSAICO DE FACHADA UTILIZANDO

FOTOGRAMETRIA CURTA DISTNCIA:

Estudo de caso no Edifcio da Reitoria da UFSC

ZUCATELLI, GUILHERME F.(1); LOCH,CARLOS (2); WATASHI,DENIS B. (3)

1. Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia

Florianpolis, Brasil
[email protected]

2. Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Civil

Florianpolis, Brasil
[email protected]

3. Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia

Florianpolis, Brasil
[email protected]

RESUMO
Este artigo descreve um mtodo de criao de ortofotomosaico de fachadas atravs do uso de cmeras
fotogrficas e tcnica de fotogrametria. Um ortofotomosaico uma juno de fotografias que mostra
imagens de objetos em suas posies ortogrficas verdadeiras - so geometricamente equivalentes a
mapas convencionais planimtricos de linhas e smbolos, os quais tambm mostram as posies
ortogrficas verdadeiras dos objetos. Para isto utilizou-se duas cmeras (uma de smartphone MotoG
Play e outra cmera GOPRO Hero5), trip e trena mtrica. A partir das fotos criado um modelo digital
de superfcie (MDS) e um ortofotomosaico, que representam os dados de entrada do mtodo proposto.
Foram consideradas trs etapas: preparao de dados, obteno das fotos e processamento de dados.
Neste estudo de caso fora utilizado o edifcio da reitora da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). A peculiaridade deste edifcio so seus mosaicos em cermica do artista plstico Rodrigo de
Haro. Obra que j conta com mais de vinte anos e uma das obras citadas no livro Mosaicos
Brasileiros, de Henrique Gougon, como referncia na arte do mosaico no pas. Os resultados obtidos
foram comparados entre as duas cmeras propostas. Ambas geraram ortofotomosaicos com resoluo
centimtrica, com qualidade geomtrica satisfatria para o levantamento cadastral da edificao.
Palavras-chave: Fotogrametria, ortofotomosaico, mosaicos

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INTRODUO
De acordo com Flores (2007, p. 122) cada povo, cada cultura visual, a cada poca, imerso
em seus prprios sistemas de pensamentos, criou sua maneira particular de transpor para a
superfcie plana o mundo visvel. A partir disto pode-se concluir que a obra de arte, exprime
questes culturais, filosficas e sociais que o artista est submetido.

A Universidade Federal de Santa Catarina possui inmeros monumentos e obras de arte

espalhadas por seu Campus localizado na cidade de Florianpolis. Tais como o Boitat
Incandescente que foi construdo com vigas da ponte Herclio Luz e uma homenagem a
Franklin Cascaes, produtor de textos e imagens que serviram de inspirao para o tambm
artista Larcio Luiz. H tambm um monumento s vtimas do descobrimento da Amrica
denominado NovoSol, assinado pelos artistas Ivens Fontoura, Aurora Mendes e Marcia
Simes, inaugurado em 2 de junho de 1995. A implantao do monumento foi realizada sobre
uma base quadrada com gua e grama representando o Mar e a Terra. Seu posicionamento
corresponde ilha de Santa Catarina, norteado por um perfil metlico que indica a linha do
Tratado de Tordesilhas. Mas obra de arte mais icnica e que pode ser considerada uma
referncia na UFSC so os mosaicos em cermica presentes no edifcio da reitoria. Esta obra,
como qualquer outra, necessita de conservao e restauro devido as aes naturais (chuva,
sol, vento, trepidao) e antrpicas (vandalismo, interferncias de outras obras, etc). Para
auxiliar na conservao e restauro de edificaes necessria uma documentao do mesmo
que contemple tanto caractersticas estruturais, quanto geomtricas, texturais, temporais,
estticas entre outros.

Este trabalho apresenta um mtodo de obteno de ortofotomosaico de fachadas utilizando-

se de tcnicas de fotogrametria de eixos convergentes ou SFM (structure from motion). Um
ortofotomosaico uma juno de fotografias que mostra imagens de objetos em suas
posies ortogrficas verdadeiras. So geometricamente equivalentes a mapas
convencionais planimtricos de linhas e smbolos, os quais tambm mostram as posies
ortogrficas verdadeiras dos objetos. Neste caso, em vez de utilizar o plano de um terreno,
utilizou-se o plano de uma fachada onde se encontram mosaicos em uma superfcie plana.

A ferramenta principal para os trabalhos de fotogrametria a cmera fotogrfica. Os

equipamentos disponveis para tal levantamento foram a cmera de um smartphone e uma
cmera GOPRO HERO 5. O primeiro passo a calibrao da cmera etapa necessria para
se obter os parmetros tcnicos tais como distncia focal, distores da lente, tamanho do
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sensor, etc. Em campo, preliminarmente, obteve-se as dimenses da fachada, medidas
necessrias para realizar o planejamento de tomadas de fotos.

O planejamento das tomadas de fotos tem como objetivo, a partir dos parmetros de preciso
solicitados, definir em quais locais sero realizadas as fotos, ou seja, consiste em definir a
distncia da cmera at a fachada e a sobreposio das fotos. Aps a elaborao do
planejamento inicia-se a fase de execuo em campo, na qual determina-se uma linha
paralela a fachada do edifcio, que ser subdivida em espaamentos iguais asseverando-se,
desta forma a sobreposio planejada. Assim, realiza-se a tomada das fotos com o auxlio de
um trip responsvel por assegurar a estabilizao do equipamento garantindo que as
imagens no fiquem distorcidas.

De posse das fotos, utilizando-se de softwares especficos, gera-se uma nuvem de pontos da
superfcie da fachada, que deu subsdio elaborao de um modelo tridimensional da rea
de estudo. Neste modelo foi empregada a textura das imagens, facilitando a visualizao do
levantamento. A partir do qual, define-se exatamente trs pontos da superfcie, objeto de
estudo, para que seja possvel elaborar o ortofotomosaico.

Os ortofotomosaicos possuem qualidade suficiente para garantir que as feies de cada

pedao de azulejo sejam observadas em escala centimetrica.

No presente trabalho foi realizado um estudo do tempo demandado em cada etapa do

procedimento que resulta no ortofotomosaico. Investigou-se tambm a produtividade do
mtodo empregado com relao a outros mtodos que fornecem o mesmo produto e, por fim,
avaliou-se a qualidade geomtrica do resultado obtido e o capital empregado nesta tarefa.

FOTOGRAMETRIA E O PATRIMNIO HISTRICO

A palavra patrimnio tem origem na Grcia antiga, onde Patris significa pai e monio
significa herana. Dessa forma, patrimnio quer dizer herana do pai. Outro termo muito
utilizado - monumento histrico - tem sua origem no verbo latino monere, que significa
lembrar, recordar. Assim, de forma geral, patrimnio e monumento referem-se a todo o
legado das geraes passadas mantidas no presente.

De acordo com o Artigo 1 do Decreto n 80.978 de 12 de dezembro de 1977, o qual promulga

a conveno relativa Proteo do Patrimnio Mundial, Cultural e Natural, define-se
patrimnio cultural atravs de monumentos, conjuntos e lugares notveis. Os primeiros

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remetem tanto a obras arquitetnicas, escultricas ou pictricas, como a elementos ou
estruturas de natureza arqueolgica, incluindo tambm inscries, cavernas e grupos de
elementos, que agregam um valor excepcional do ponto de vista da histria, arte ou cincia.
Os conjuntos dizem respeito a construes isoladas ou em grupo, que, em virtude de sua
arquitetura, unidade ou integrao na paisagem, tambm teriam um valor universal. Lugares
notveis, por sua vez, seriam as obras do homem ou conjugadas com a natureza, que teriam
valor histrico, esttico, etnolgico ou antropolgico. (ALTROCK, 2004).

Para Rodrigues (1979), ter conscincia ambiental no significa somente preservar o meio
ambiente, mas tambm centros histricos, seguindo a tendncia contempornea de manter a
identidade do lugar e conservar a histria que cada stio fsico tem em particular. Deste modo,
preserva-se a memria do povo para que nova gerao possa desfrutar da beleza, tradio e
cultura.

Um dos pontos com o qual os novos projetos arquitetnicos deveriam se preocupar que a
interveno tenha um carter revitalizador para o espao urbano onde estes edifcios esto
inseridos, pois, ao optar pela poltica de destruio, o arquiteto est aceitando que suas obras
sejam tambm destrudas no futuro. Ao optar por esta poltica de substituio sistemtica, o
arquiteto aceita que o que ele edificou hoje seja derrubado amanh. Assim no restar
nenhum testemunho de obra alguma, e com isso a histria se perde.

A atual busca constante pelo considerado moderno, pelo o que considerado progresso,
apagou inmeras obras singulares de nossa arquitetura, tanto religiosa, quanto civil ou militar
(RORIGUES, 1979).

Conforme Arantes (1984), um determinado tipo de construo pode at no causar nenhuma

satisfao esttica, mas no deixa de ser documental e testemunhal de um momento nico,
marcado pela economia, poltica e modelos scio-culturais especficos de um tempo histrico
singular para um povo. Assim, faz-se necessrio preserv-lo, registr-lo.

Preservar uma edificao histrica oferecer sociedade uma fonte valiosa de informaes.
Na concepo de Lynch (1975), preciso comunicar ao pblico os conhecimentos histricos
para educ-lo e entret-lo. As palavras e as imagens documentais so informaes, mas os
artefatos reais produzem s pessoas uma impresso bem mais profunda sobre a histria.
Sabendo preservar e valorizar o patrimnio edificado, muitas cidades tem a possibilidade de
enriquecerem com o turismo. A Europa um dos exemplos mais conhecidos, onde a

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arquitetura histrica o seu principal atrativo. Por isso que toda e qualquer edificao
identificada como patrimnio respeitada e preservada (YANAGA, 2006).

A documentao garante autenticidade ao patrimnio, concebido como herana de tradies

e estilos que devem ser mantidos em sua originalidade. Um dos itens citados nas Cartas
Patrimoniais (IPHAN, 2000) a autenticidade desses documentos e das edificaes que
devem se manifestar, se alicerar e se manter na veracidade dos patrimnios que o homem
recebe e transmite posteridade. A documentao grfica e o sistema de registro adquirem
um importante protagonismo, tanto por converter-se em instrumentos imprescindveis para a
investigao histrica (arqueologia da arquitetura), como por constituir o suporte para sua
gesto e posterior difuso do registro da memria. As tcnicas e mtodos operativos
desenvolvidos, implantados e apurados dentro da equipe, correspondem a experincia e o
intercmbio de informao obtida do contato multidisciplinar com profissionais diversos, como
arquelogos e historiadores, arquitetos, engenheiros tcnicos, topgrafos, informticos
(YANAGA, 2006).

Com o objetivo de promover esta ao de importncia universal, o ICOMOS Conselho

Internacional de Monumentos e Stios, prossegue no exerccio de sua trplice misso:
assessoria cientfica, centro de reflexo e rgo difusor de metodologia e tecnologia
contemporneas. Sendo membro da UNESCO, atua e interage sempre como organizao
operacional que , na maioria dos pases do mundo (IPHAN, 2000).

Assim, na reunio do ICOMOS realizada em 1987 na capital Washington, a tcnica

fotogramtrica foi apontada como a mais indicada para o levantamento arquitetnico preciso
de monumentos e stios histricos. A recomendao do ICOMOS que cada pas constitua
um arquivo fotogramtrico de seus monumentos histricos. A utilizao da fotogrametria
curta distncia aliada a bancos de dados contendo informaes sobre os monumentos sem
dvida um dos mais importantes instrumentos tecnolgicos disponveis para registro.
necessrio, portanto, divulgar mais amplamente a importncia da utilizao da fotogrametria
arquitetural como ferramenta para a preservao do patrimnio histrico (ALTROCK, 2004)

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REA DE ESTUDO
O artista plstico Rodrigo de Haro um artista que possui obras de alto valor cultural. Suas
obras possuem um estilo nico e remetem a histria de Santa Catarina. Conforme Gougon
(2003) refere, de Haro um literato dotado de grande fora criativa. uma espcie de
referncia segura para qualquer artista catarinense ou para quem quer fazer um estudo srio
sobre a vida cultural catarinense e brasileira.

A trajetria artstica de Rodrigo de Haro teve incio com seu pai, Martinho de Haro, um grande
pintor clssico. Martinho, nascido em So Joaquim no estado de Santa Catarina, foi
contemplado com uma bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro,
tendo sido instrudo pelos artistas Henrique Cavalleiro e Rodolfo Chambelland. Aps uma
ativa carreira no meio artstico, em 1938, embarcou para a Frana, onde estudou com Otto
Friesz na Acadmie de la Grande Chaumire de Paris. Em 1939, devido ao incio da segunda
guerra mundial, Martinho decidiu voltar para o Brasil e neste mesmo ano, ainda na Frana,
que nasce Rodrigo de Haro.

Rodrigo viveu grande parte da sua vida na cidade natal de seu pai e atualmente reside na
cidade de Florianpolis. Desde sua infncia viveu imerso em uma aura artstica que fez dele
um artista plural sendo desenhista, poeta, escritor, mosaicista e pintor. Conforme Arajo
(2009), a obra de Rodrigo de Haro pode ser considerada colorida, grrula, muitas vezes
ambgua, inteiramente original, coisa rarssima numa arte cheia de diluidores e epgonos,
como a que se faz no Brasil.

As obras deste grande artista possuem caractersticas nicas que so facilmente percebidas
at por olhares leigos, tais como (...) elementos mgicos formadores de um universo
misterioso e aparentemente longnquo, mas com razes profundas em seu trabalho de
requintada elaborao. (PISANI, 1983, p.6).

O caminho artstico percorrido por esse artista deixou marcas significativas na histria de
Santa Catarina. Com relao aos mosaicos, pode-se entender que este tipo de obra possui
uma expresso peculiar representada nas cores e escolha de imagens, o que produz uma
nova percepo do cenrio que a obra est inserida e da criao de relaes afetivas com os
elementos em que elas foram construdas. Tal fato pode ser verificado em um dos seus
trabalhos mais majestosos, responsvel por adornar e embelezar a fachada do prdio da
reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina.

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Neste trabalho fora escolhido a fachada norte da reitoria para se elaborar o ortofotomosaico.
Nesta se encontra um mosaico executado na primeira dcada dos anos 2000. Encontra-se
em bom estado de conservao, porm no foi encontrado nenhum projeto do mesmo junto
aos arquivos da Universidade Federal de Santa Catarina.

Figura 1: Mosaico da fachada norte da reitoria da UFSC

MATERIAIS E MTODOS
Em fotogrametria, a principal ferramenta de trabalho a cmera fotogrfica. Neste trabalho
optou-se por utilizar dois equipamentos - uma cmera de celular MOTO G PLAY e uma
cmera GOPRO HERO 5. Alm disto, para o processamento das imagens utilizou-se um
microcomputador porttil HP Envy dv7, 8Gb de memria RAM e o software PHOTOSCAN.

Segundo Kraus (1993), em fotogrametria de eixos convergentes, tcnica utilizada neste

levantamento, ao invs de trabalhar com um modelo estreo-fotogramtrico, o plano de
trabalho definido por um grupo de raios ou direes interceptando-se. Uma fotografia grava
simultaneamente um conjunto de direes espaciais de todos os pontos visveis do objeto.
Este conjunto de direes pode ser convertido para o meio digital por medies nas
fotografias. As medies so monoculares exigindo, portanto, que os pontos no objeto
estejam sinalizados, ou pelo menos constiturem-se de detalhes que sejam facilmente
identificveis e mensurveis de forma acurada em fotografias individuais.

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O conjunto de raios das fotografias individuais so amarradas entre si por pontos
denominados pontos homlogos. As estaes de tomadas das fotografias no precisam ser
fixas, isto , podem ter posies livres e at mesmo pode ser dispensvel o uso de trips isso
implica que a orientao externa do conjunto de raios seja a priori desconhecida. Os pontos
no objeto devem aparecer em no mnimo duas fotografias (melhor em trs para conferio) e
os raios no devem se interceptar formando ngulos estreitos (KRAUS,1993). A Figura 2
ilustra o princpio de eixos convergentes.

Figura 2 Princpio da fotogrametria de eixos convergentes (EOS SYSTEM, 2008)

O conjunto de pontos homlogos constitui uma nuvem de pontos que podem ser referenciados
ao incluir nesta nuvem pontos homlogos de coordenadas conhecidas (georreferenciados ou
referncia local).

O trabalho consiste em calibrar as cmeras, planejar tomada de fotos, aquisio de fotos,

process-las e elaborar os produtos fotogramtricos.

CALIBRAO DAS CMERAS

A calibrao consiste na obteno dos parmetros fsicos da cmera fotogrfica, so eles:

Distncia focal;
Coordenadas do ponto principal;
Coeficientes para correo das distores acompanhados dos respectivos desvios-
padro.

O software PHOTOSCAN possui um mtodo prprio que consiste na aquisio de seis a doze
fotos de diferentes ngulos da prancha de calibrao. Tais imagens so exportadas ao
software, que identifica os pontos homlogos. Assim, os parmetros da cmera podem ser
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determinados. Tal processo necessrio para o planejamento da aquisio de imagens que
sero processadas. As etapas envolvidas para realizar este procedimento esto detalhadas
em (ANDRADE, 1998).

Tabela 01 - Parmetros das cmeras fotogrficas

MOTO G PLAY GOPRO HERO5

Largura da foto (pixels) 3264 4000
Altura da foto (pixels) 2448 3000
Distncia focal (pixels) 2596 2018
Distncia focal estimada (mm) 3,59 3,00
De posse dos dados de calibrao, o planejamento de aquisio das imagens consiste em
delimitar os pontos de tomadas das fotos. Para isto, deve-se levar em conta a preciso em
que se deseja chegar no levantamento, as condies do local e os equipamentos de apoio
disponveis.

PLANEJAMENTO DE CAMPO

Segundo o mtodo demonstrado em Martins (2000), o planejamento consiste em saber

previamente a quantidade de fotografias necessrias para o projeto. Para isto deve-se
especificar qual a resoluo espacial pretendida e a distncia da tomadas das fotos. Alm
disso, deve-se elaborar um croqui com as dimenses do objeto, para que sejam definidas as
melhores posies de tomada de fotos.

RESOLUO ESPACIAL DA IMAGEM

Em fotogrametria digital a resoluo espacial representada atravs do GSD (Ground Sample

Distance) que a representao do pixel da imagem no "terreno" em unidades de medida
geralmente expressa em centmetros. Tal sigla utilizada para os aerolevantamentos, mas
para o caso do presente trabalho pde-se substituir terreno por objeto, fachada, etc. Desta
forma, utilizou-se um GSD de 5 mm, sendo possvel assim distinguir o rejunte dos azulejos.

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 Figura 3 Relao trigonomtrica entre distncia focal, largura do sensor e ngulo de abertura.
Fotografando uma fachada de um objeto (MARTINS, 2000)

A largura do sensor e a distncia focal podem ser obtidas pela calibrao da cmera. O GSD
ento representado pela seguinte equao:

(1)

(2)

(3)

Para o MOTO G PLAY

Para a GOPRO HERO5

As fotografias devem seguir algumas linhas bsicas (MARTINS,2000) descritas a seguir:

Tentar trazer os ngulos entre as tomadas em relao ao objeto o maior possvel. No

fazer fotografias com pontos de vista similares.

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 Cada ponto a ser levantado deve, no mnimo, estar presente em trs fotos. Buscar
sempre uma alta percentagem de pontos presentes em modelos adjacentes.

Obter vrias fotografias do objeto, mas usar somente trs no incio at que se
determine ser necessrio algumas outras.

Tratando-se de uma superfcie plana e afim de garantir que cada ponto da fachada esteja
presente em duas imagens, adotou-se uma sobreposio de sessenta por cento entre as
tomadas de imagens. Assim, para o clculo da distncia entre tomada de fotos, tem-se:

(4)

(5)

Para o MOTO G PLAY

Para a GOPRO HERO5

Os valores acima citados so os valores mnimos para que haja a sobreposio de imagens
da fachada. Na prtica, a distncia entre tomada de fotos ser menor, devido s salincias
nas fachadas, obstculos para tomada de fotos, etc. Como as fotos sero obtidas a uma altura
mdia do cho de 1,70 metros, no h a necessidade de utilizar andaimes, pois a altura
mxima da edificao em estudo de 5 metros.

TRABALHO DE CAMPO

Para a tomada das imagens foi escolhido um dia nublado e sem chuva, caso contrrio o beiral
formaria uma sombra indesejvel na fachada. As tomadas das imagens deram-se no dia 27
de abril de 2017, s 15 horas. Com auxlio de trena obtiveram-se as distncias de alguns
elementos na fachada, para conferncia posterior.

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As fotografias foram obtidas estando o obturador com sua menor abertura e o tempo de
exposio em 0,2 segundos, regulagem que possibilitou aumento na nitidez do campo. A
GOPRO HERO5 possui seu software prprio para esta prdefinio. J para os smartphones
existe o aplicativo OpenCamera responsvel por ajustar os parmetros da cmera.

Foram obtidas 22 fotos atravs da cmera GOPRO e 27 atravs do smartphone MOTO G

PLAY. O tempo de cada tomada foi aproximadamente 20 minutos.

PROCESSAMENTO DAS IMAGENS E ELABORAO DE ORTOFOTOMOSAICO

Encerrada a etapa de levantamento, iniciou-se a etapa de processamento das imagens com

o auxlio do software PHOTOSCAN. Este procedimento composto pelas seguintes etapas:

Importao dos dados de calibrao;

Importao das fotos obtidas;
Indicar, na imagem, os pontos de controle (pontos de amarrao)
Localizao dos pontos homlogos.

A grande vantagem do software utilizado a automao da localizao dos pontos

homlogos. Tal procedimento deve-se a implantao de algoritmo SIFT. O SIFT (Scale
Invariant Feature Transformation) prope o uso de um descritor local para a identificao e o
rastreamento de pontos em imagens. O Algoritmo sugere ser invariante a mudanas na
iluminao, escala, rotao, presena de rudo na imagem e pequenas mudanas de
perspectiva. O funcionamento do SIFT se divide em trs etapas: a identificao das features,
a descrio das features e o "casamento".

Somente foi necessrio a especificao de 3 pontos afim de determinar o plano da fachada e

atravs de suas coordenadas coloc-lo em escala. Todas estas etapas fazem parte de uma
sub-rotina do software que traz como resultado uma nuvem de pontos. Com a triangulao
dos pontos e definio do plano de visada, gerou-se os ortofotomosaicos.

RESULTADOS
O levantamento das fachadas utilizando o mtodo da fotogrametria de eixos convergentes
com reconhecimento automtico de pontos homlogos necessitou de um total de 22 fotos
para a cmera GOPRO e 27 para a cmera do smartphone, sendo descartadas 10 fotos do
total obtido. O nmero de pontos do modelo tridimensional de 15883 e 16297. Observa-se

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uma parte mais escura no mosaico na parte superior devido sombra da platibanda, mesmo
em dias nublados.

Figura 4 Ortofotomosaico da Fachada Norte Reitoria da UFSC

O tempo total, de trabalho, para o levantamento destes pontos at a gerao do

ortofotomosaico correspondeu aproximadamente 3 horas. A rea total do levantamento foi
de 129 metros quadrados. Abaixo uma tabela comparativa de produtividade.

Tabela 2 Produtividade em fotogrametria por eixos convergentes com reconhecimento automtico de

pontos homlogos

Nmero rea
Quantidade Horas Produividade Produtividade
Cmera de levantada
de fotos trabalhadas [pontos/hora] [m/hora]
Pontos [m]
MOTOG 27 16297 3 129 5432 43
GOPRO 22 15883 3 129 5294 43

Apesar da quantidade maior de fotos obtidas pelo smartphone, a diferena de tempo

trabalhada foi insignificante para este trabalho, levando em conta que os dois trabalharam ao
mesmo tempo. Ambos os processos com as duas cmeras ocorreram paralelamente.

Comparando com os mtodos utilizados em Zucatelli (2009) onde o mesmo utiliza a

fotogrametria de eixos convergentes com definio dos pontos homlogos manualmente e
fotogrametria monoscpica (retificao fotogramtrica de uma nica foto), evidencia-se uma
produtividade muito maior por parte do mtodo com SIFT do que os demais. A tabela a seguir
exemplifica comparativos entre os mtodos.

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 Tabela 2 Comparao de produtividade (ZUCATELLI, 2009)

Nmero de Horas rea levantada Produtividade Produtividade

pontos trabalhadas [m] [pontos/hora] [m/hora]
Monoscopia 212 1,5 11 141,3 7,3
Eixos-
Convergentes - 1664 25 235 66,56 9,4
Mtodo Manual

Ressalta-se que o objeto de estudo uma fachada plana e que todos os mtodos acima
citados poderiam ser utilizados com algumas adaptaes. A monoscopia no pode ser
utilizada para elementos tridimensionais (esculturas, por exemplo). Porm, uma de suas
grandes vantagens poder utilizar fotos de arquivos histricos para tal finalidade, uma vez
que no obrigatoriamente necessrio calibrar a cmera para utiliz-la. Em fotogrametria de
eixos convergentes, o modo de localizao dos pontos homlogos de modo automtico fez
com que a produtividade tivesse um incremento de trezentos por cento.

CONCLUSES
O objetivo deste trabalho foi analisar a utilizao de uma das tcnicas de fotogrametria a curta
distncia para a elaborao de ortofotomosaico, tendo como objeto de estudo os mosaicos
de cermica do artista plstico Rodrigo de Haro. Duas cmeras fotogrficas foram utilizadas
numa mesma fachada. Partindo de trabalhos realizados anteriormente, este pretendeu
avanar juntamente com as tecnologias que ao longo dos anos vo surgindo.

Para que se tenha conhecimento suficiente no uso da fotogrametria necessrio saber seus
princpios, manusear corretamente a mquina fotogrfica, saber o que fotografar e dominar o
uso do software. Os elementos da mquina fotogrfica e suas funes foram apresentados
de modo genrico cada mquina possui uma forma de alterar estas funes. O software
utilizado foi o Photoscan e embora o software tenha muito mais funes, os passos para a
gerao dos ortofotomosaicos aqui desenvolvidos foram todos descritos.

A escolha da tcnica fotogramtrica a ser utilizada depende fundamentalmente de dois

fatores: o tamanho do objeto e o nvel de complexidade deste. Para os elementos que estejam
em apenas um plano e que sejam possveis de enquadr-los em apenas uma fotografia, a
tcnica da monoscopia pode ser utilizada. Caso contrrio, deve-se utilizar outro mtodo, como
a fotogrametria de eixos convergentes.

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Desta forma, o trabalho mostra as vantagens da fotogrametria de eixos convergentes com a
utilizao da automao de reconhecimento de pontos homlogos, que aumenta a
produtividade global dos servios em quatro vezes.

Este tipo de tcnica pode ser utilizada para registro histrico de diversas obras de arte, sendo
uma ferramenta de extrema importncia para entidades de patrimnio histrico e mesmo para
o portflio do artista. No caso de mosaicos que esto submetidos as intempries e a ao de
vandalismo, este tipo de tcnica se mostra ainda mais relevante.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ALTROCK, P.; Aplicaes da Fotogrametria digital na documentao de edificaes
histricas estudo das obras do Brigadeiro Joseph da Silva Paes, sc. XVIII, Tese de
Doutorado , Eng. de Produo e Sistemas, UFSC, 2004.

ANDRADE, J. B.: Fotogrametria. Curitiba, SBEE, 1998

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V SEMINRIO IBERO-AMAERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAO

BELO HORIZONTE DE 24 A 26 DE Outubro de 2017
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