FADIGA Cap 11 e 12
FADIGA Cap 11 e 12
FADIGA Cap 11 e 12
11.1 DIAGRAMAS a - m.
Conforme rapidamente observado, no Captulo 9, quando uma
tenso mdia, no nula, atua sobreposta a uma tenso alternante, a
resistncia fadiga do material fica bastante prejudicada, em especial
no caso em que as tenses mdias so de trao. Em geral este efeito
representado por meio de diagramas onde a tenso mdia aplicada
um parmetro, ou ento uma varivel. Para representar os dados
experimentais sobre o efeito de tenso mdia sobre a resistncia
fadiga, vrios tipos de diagramas e curvas foram propostas e utilizadas,
314 Anlise de Resistncia Mecnica
mx mx
m mx
mn
a
m
mn
m m
mn
mx + mn
m = (11.1)
2
e a amplitude da tenso aplicada, ou tenso alternante,
mx mn
a = (11.2)
2
mx
t
m Alternada
a
Flutuante
t
mn
Pulsante
a
N N = 10
3
5
N = 10
N = 10 7
E / R / f m
Curva do material
F
F' Curva do componente
10 3 10 6 N
a
Curva de iso-vida, ou N constante
N
?
R m
F = R / 3
R m
R m
E R m
a
mx = E
E R m
R m
Figura 11.10 - Critrio de Gerber. Este critrio foi apresentado por mostrar um
bom ajuste com os resultados experimentais, poca coletados por
Gerber. O critrio adota uma curva quadrtica, passando por N e R,
simtrica em relao ao eixo vertical.
k E
E L R m
R f m
Figura 11.12 - Critrio de Morrow (1965). Este critrio considera que o mximo
valor que a tenso mdia pode assumir a tenso real de fratura, pois
o valor de R no corresponde ruptura do material e sim condio
de instabilidade plstica do ensaio de trao.
R m
Figura 11.13 - Critrio de Smith. Este critrio procura ajustar-se aos resultados
experimentais de materiais frgeis, ou de alta resistncia, com elevado
efeito de concentrao de tenso. Nestes casos, os pontos
experimentais formam uma curva com forma cncava, sendo invivel o
uso dos critrios anteriores, que no so conservativos para estes
casos.
O Efeito de Solicitaes Mdias 323
a
mx = E
Prop
E R m
Soderberg A / N = 1 - M / E (11.3)
Goodman modificado A / N = 1 - M / R (11.4)
Morrow A / N = 1 - M / F (11.5)
Gerber A / N = 1 - (M / R)2 (11.6)
A / N = (1 - M / R) / (1 + M / R ) (11.7)
324 Anlise de Resistncia Mecnica
a a
N N
N
10
3
10
6
N R f m
Escalas logaritmicas Escalas lineares
EXEMPLO 11.1:
SOLUO:
A tenso limite de fadiga do material :
N = 960 MPa
A curva - N dada por
= C Nm, onde
m = - log (N / F' ) / 3 = - log (960/274) / 3
m = - 0,18
= 3329 N - 0,18
EXEMPLO 11.2:
Para os dados considerados no exemplo 11.1, responda:
a) Para uma tenso alternante, devida flexo rotativa, de 400 MPa, qual a tenso mdia que
leva falha em 104 ciclos, devida a uma fora axial sobreposta ?
326 Anlise de Resistncia Mecnica
A
103
634
4
533 10
419
105
279 6
10
E = EC (11.8)
r = E - 0 Kt (11.9)
vem
r = 0 (K - Kt ) (11.11)
0 .K t
0
E mx = E
0 mx
0
0 m
0 mn
0 t t t
mn
r
mx = 0mx Kt + r
mx = 0mx Kt + (E - 0mx Kt )
mx = E (11.12)
mn = 0mn Kt + r
mn = 0mn Kt + (E - 0mx Kt)
mn = E - Kt (mx - mn)
mn = E - Kt 2 0a (11.13)
m = (mx + mn ) / 2
m = 0m Kt + r
O Efeito de Solicitaes Mdias 329
m = E - 0a Kt (11.14)
a = (mx - mn ) / 2
a = Kt 0a (11.15)
a = EC (11.17)
m = 0
a = K t 0a
(11.18)
m = 0m
n = OA / OB (11.19)
n = M / m
n = A / a (11.20)
A / a = M / m (11.21)
A / N = 1 - M / R (11.22)
O Efeito de Solicitaes Mdias 331
Reta de carregamento
N
A
A Ponto de falha
B
a
Ponto de trabalho
O
m M R m
e tambm
A = a M / m
F
[kN]
3 28
17,5 17,5 t
35
EXEMPLO 11.3.
Considere a figura 11.20, com a pea sendo fabricada com um material com ###EC = 722 MPa
e R = 1200 MPa. O carregamento apilicado trativo, entre 8 kN e 28 kN. Determinar a
condio de segurana para vida infinita.
SOLUO:
A tenso limite fadiga :
###f = 0,425 ###R
###f = 510 MPa
###F' = k1 ###F = 0,76 . 510
###F' = 387,6 MPa
Para esta geometria, Kt = 3,1, baseado na rea plena, e o fator de sensibilidade ao
entalhe q = 0,91, logo
Kf = 1 + q (Kt - 1) = 1 + 0,91 . 2,1 , logo Kf = 2,91
A = 35 . 3 = 105 mm2
0
Fora de plastificao total
Fp = 67,15 kN
Fora de incio de escoamento
FE = 24,45 kN
As tenses nominais so:
Fmx 28 000
0mx = =
A0 105
Fmn 8 000
0mn = =
A0 105
0a = 95,2 MPa
Como 0mx Kf = 776 MPa > ###EC, ocorre um escoamento localizado, ficando uma
tenso residual no ponto interno do orifcio igual a:
O Efeito de Solicitaes Mdias 333
Nota-se que ###mx = ###M + A = 722 = ###EC, o que mostra que o procedimento est correto.
Concluso: A vida ser finita, pois o ponto est um pouco acima da linha de Goodman,
conforme pode ser visto na figura 11.21. O coeficiente de segurana, para a vida infinita :
L + OP
n= M a m
1
N Q
N R
n=
LM 277 + 444, 7 OP 1
= 0 , 92
N 387 1 200 Q
o que confirma que no h segurana quanto vida infinita.
a
[MPa]
'F = 387,6
277
N = 106
444,7 R m [MPa]
EXEMPLO 11.4:
Para a pea do exemplo 11.3 determinar a vida, com o carregamento cclico variando
entre 10 kN e 40 kN.
SOLUO:
Este exemplo ser resolvido pelo mtodo da tenso residual. As tenses nominais
devidas ao carregamento imposto so:
r = 722 - Kf 0mx
r = - 497 MPa
Logo
m = Kf 0m + r
m = 265 MPa
a = Kf ao = 458 MPa
Para este carregamento espera-se que o componente tenha vida finita. Para determinar
esta vida, necessrio o uso das curvas a - m para outras vidas, alm da curva
correspondente a F. Do critrio de Goodman modificado, figura 11.22, temos
a
N =
1 m R
N = 588 MPa
Entrando com o valor de N = 588 MPa na curva - N, obtemos o valor da vida N como
segue:
= 2090 N -0,122
e plotada na figura 11.22.
a
[MPa]
588
458
F I 1/ m
F 588 I 1/ 0,122
N=
HCK =
H 2090 K
N
, N = 32 697 ciclos
EXEMPLO 11.5:
Refazer o exemplo 11.4, adotando agora o mtodo de tenso mdia nominal.
SOLUO:
Do exemplo 11.4 temos:
0a = 143 MPa
0m = 238 MPa
Kf = 2,91
De acordo com o mtodo da tenso mdia nominal,
a = Kf 0a = 458 MPa
336 Anlise de Resistncia Mecnica
m = 0m = 238 MPa
[MPa]
1 = 900
588
F' = 387
3 32697
10 10
6 N
a
N =
1 m R
458
N =
1 238 1200
N = 571 MPa
Da equao do diagrama - N, para a pea tem-se
F I 1/ m
N=
HCK
N
F 571 I 1/ 0,122
N=
H 2090 K
N = 41 585 ciclos
O Efeito de Solicitaes Mdias 337
que pode ser comparada com a vida de 32697 ciclos obtida no exemplo 10.4. Apesar do
mtodo ser mais grosseiro, frequentemente a discrepncia entre os resultados dos dois
mtodos irrelevante, se comparada com a discrepncia dos resultados dos ensaios de
fadiga.
a
[MPa]
N = ? 571
a = 458
f', f' Tenso e deformao correspondentes falha por fadiga com uma
reverso de carregamento (2N = 1). So aproximadamente os
valores reais, de tenso e deformao, no ponto de ruptura no
ensaio esttico de trao, respectivamente.
338 Anlise de Resistncia Mecnica
e =
f m
E
b g
2N
b
(11.28)
=
LM 2 2 OP N
1+b
f
1+b
m b
+ f 21+ c Nc (11.31)
N E E Q
onde (f' - m ) foi simplificado para f', dado que f' >> m em geral.
Pode-se compactar a nomenclatura chamando
O Efeito de Solicitaes Mdias 339
B = 21+b f' /E
M = f' 21+b (11.32)
D = 21+b /E
= [B - D m] Nb + M Nc (11.33)
e p
'f 'f (2N)c
(2N)b
E
'f m 'f m
3, 5 R 0,12
= N + 0f ,6 N0,6 (11.34)
E
340 Anlise de Resistncia Mecnica
e p
3,5 R N - 0,12 f0,6 N - 0,6
E
R m f m
=
b
3, 5 R m g N
0,12
b
+ f m g 0,6
N0,6 (11.37)
E
O Efeito de Solicitaes Mdias 341
EXEMPLO 11.6:
A pea ilustrada abaixo, parte do sistema de um trem de aterrisagem de um caa a jato,
deve ser dimensionada para resistir ao menos a 104 ciclos de carga, cujo registro tpico est
mostrado no lado do esquema da pea. O material da pea um ao SAE-ABNT 4340 com
350 HBN de dureza.
a) Qual a espessura adequada, para um coeficiente de segurana igual a 1,4, usando o
mtodo de Morrow?
b) Usando as dimenses obtidas no tem a), calcular a amplitude de deformaes
admissvel pelo critrio de Coffin-Manson, e comparar com o valor obtido no item anterior.
SOLUO:
a) As propriedades mecnicas do material, conforme as tabelas do Apndice 1 so:
F
[kN]
70
F F
14 48
30
t
- 12
Para este material temos Ntr = 2350 ciclos e, do mtodo das inclinaes universais, b = -
0,12, c = -0,6. Do grfico 2.9 de fatores de concentrao de tenso, Kt = 2,4, baseado na rea
projetada do furo, igual, por sua vez, ao produto do dimetro do furo pela espessura da pea.
Para N = 104 ciclos, como Kf = Kt = 2,4, obtemos K= 3,6. As constantes da equao (11.33)
so:
1+b
2
B= f
E
B = 0,0152
M = f' 21+b = 0,963
D = 21+b / E = 9,2 10 -12
a = K 0a
se 0a < E ento resulta que
a = K 0a / E
Igualando a deformao aplicada deformao admissvel, fornecida pela equao
(11.33) e usando o coeficiente de segurana n,
= 2n a = 2n K 0a / E
= 2n K Fa / AE
A tenso mdia
m = Fm / A
Ento
= [B - D m] Nb + M Nc
b
2n K Fa D Fm N b c
+ = BN +MN
A E A
isolando a rea A,
F 2n K F + D F N I cB N h
H E K
b b c
A= a
m +MN
Substituindo os valores,
FG 2 1, 4 3, 6 3 10 4
9, 2 IJ F 0, 0512 0, 331 + 0, 96 4 I
A=
H 2 10 11
+
10
12
18000 0, 331
K H 10 K
3
O Efeito de Solicitaes Mdias 343
A = 1,77.10-4 m2
Como A = d t,
t = 12,6 mm
0a = Fa / A = 170 MPa
A deformao admissvel :
0a 3
= 2n K = 8, 45 10
E
Pode-se verificar a preciso dos clculos usando a rea A, obtida, para calcular
= [B - Dm] Nb + M Nc
Fm 18 000
m = = 4
A 1, 77 10
m = 102 MPa
= [0,0152 - (9,2 . 10-12 ) 102 . 106 ] N -0,12 + 0,963 . N -0,6
3
0a = = 1, 19 10
2K
como
m 4
m = = 5, 1 10 < E
E
=
3, 5 b R m g N 0,12
+ b g
f m
0,6
N
0,6
E
344 Anlise de Resistncia Mecnica
=
a
3, 5 1240 102 f N 0,12
c
+ 0, 84 5, 1 10 h
4 0,6
N
0,6
11
2 10
o que mostra que, para m e m dados, este critrio fornece um valor de amplitude de
deformao alternante admissvel superior ao do critrio de Morrow para o mesmo problema.
USO DO DIAGRAMA - N.
Quando temos um carregamento combinado, prtica comum tomar
como referncia a curva - N para uma solicitao de flexo rotativa, e
corrigir as tenses atuantes para este diagrama. Analisando
inicialmente uma carga de trao, mais flexo, as tenses mdias dos
dois tipos de carregamento podem ser somadas diretamente, para um
comportamento elstico do material. No caso das tenses alternadas
necessrio que consideremos a diferena na resistncia fadiga sob
trao e sob flexo, que est refletida pelo uso do fator k6. A definio
de k6 pode ser vista voltando a seo 9.4, onde fizemos a estimativa
das curvas - N. Para um carregamento de flexo rotativa, em aos
forjados, f = 0,5 R em 106 ciclos, enquanto que para carregamento
de trao-compresso, f = 0,425 R, ento a tenso limite de
resistncia fadiga axial igual a 0,425 / 0,5 = 0,85, ou seja, 85% da
resistncia fadiga sob flexo rotativa, como comentado na Captulo 9.
Esta relao entre a resistncia fadiga sob carga axial e carga de
flexo, para a vida desejada, justamente a definio do fator de
carga, k6, e, portanto, para vida infinita, no caso de aos com suas
curvas - N estimadas como recomendado, temos k6 = 0,85.
Usando a curva - N para flexo rotativa como referncia para
caracterizar a resistncia fadiga, necessrio que a tenso
alternante devida carga de trao-compresso seja corrigida pelo
inverso de k6, aumentando assim a solicitao que estaria agindo no
material para compensar a menor resistncia fadiga que o material
apresenta, aparentemente, sob carga axial. No ponto mais solicitado
temos portanto as solicitaes, corrigidas para usar a curva - N para
flexo rotativa.
O Efeito de Solicitaes Mdias 345
m = mt + mf
at
a = + af (11.38)
k6
d
m eq = m2 f + 3 m2 i
1/ 2
12.1 - A CORRELAO - K.
O trmino da vida til de uma estrutura, por sua ruptura brusca, fica
definido pelo fator de intensidade de tenso crtico, KIC ou KC, conforme
estejamos em um estado plano de deformaes ou no. A vida til
entretanto depende da velocidade de crescimento da trinca, desde um
tamanho microscpico at o tamanho crtico requerido para ruptura
final. A velocidade de propagao da trinca depende da solicitao que
est atuando. O fator de intensidade de tenso fornece um parmetro
nico, que descreve a magnitude do estado de tenses existente nas
proximidades do extremo da fissura, e como sua propagao um
fenmeno localizado, dependendo portanto deste estado de tenses, o
conceito do fator de intensidade de tenso pode ser usado para um
enfoque quantitativo na interpretao do comportamento de
propagao da trinca por fadiga.
R>0
a
2 3
1 4
K = Y a (12.1)
da K MX = K C
dN
-4
10
Regio A
-5
10
Regio B
-6
10
Regio C
-7
10 m
= C (K)
-8
10
10
-9
K
1 K 0 10 10
2
a
[m/ciclo] AO SA 387 - 2 - 22
-7
10
UM ESPAO ATMICO
-8 POR CICLO
10 R K 0
0,05 9,0
-9
10 R = 0,5 a 0,8 0,30 6,9
R = 0,05
0,50 5,1
-10
10 0,80 5,1
R = 0,3
-11
10
3 4 5 6 7 8 9 10 20 30 K
K K K
t t
R = -1 R=0 R = 0,1
K0
[MPa m ] 16
14
12
10
8
AO DE BAIXA
RESISTNCIA
6
4
AO DE ALTA
RESISTNCIA
2 K 0 = 2,2 - 0,8 R
0,5 1,0 R
K0 Ao AISI 316
[MPa m ]
curva gro
1 - 330 m
8 1 2 - 63 m
6 2 3 - 50 m
3 4* - 50 m
(material envelhecido)
4 4
2
0,5 1,0 R
Figura 12.6 - Efeito do fator de simetria do ciclo sobre ###K0 para aos com
vrios tamanhos de gro.
EXEMPLO 12.1:
Uma pea fabricada com o ao SAE-ABNT 1045 com as propriedades, 225 HBN de
dureza e E = 634 MPa, solicitada ciclicamente de forma que tenhamos ###K = 10 MPa m e
R = 0,1, qual o valor do raio de plastificao na regio do extremo de uma pequena trinca, no
instante de carga mxima?
SOLUO:
Para determinar a carga no instante de mximo, devemos usar a definio do fator de
simetria do ciclo, R, na forma:
R = Kmn / Kmx
Kmn = R Kmx
K = Kmx - Kmn
K = Kmx - R Kmx
K = Kmx (1 - R)
Kmx = K / (1 - R)
rp = 1,6 10-5 m = 16 m
= C (K)m (12.2)
Extremidade da trinca
C ( K I )m
Forman props ento a equao =
(1 R ) K C K I
Paris-Erdogan [ ] = C ( KI )m (12.8)
C ( K I )m
Forman [ ] = (12.9)
(1 R) K C K I
Walker [ ] = C ( K I )m K nI mx , ou (12.10)
= C ( 1 R )m K Imx n
a
da / dN ~ a / N da / dN
N K
= C Km (12.14)
= da / dN (12.15)
K = Y a (12.16)
da / dN = C ( Y a )m (12.17)
da
dN = (12.18)
C ( Y a )m
A Propagao de Trincas de Fadiga 359
z
N2
N1
dN =
1
C ( Y )m
za 2 m / 2
a1
a da
1 a11m / 2 a12m / 2
N12 = N2 N1 = (12.19)
C ( Y )m m / 21
1 a
N12 = N2 N1 = ln 2 (12.20)
C ( Y ) 2
a1
da
dN
K
K0
N
EXEMPLO 12.2:
Uma placa com 1,0 m de largura de ao SAE-ABNT 1020, laminado a frio, submetida a
esforos cclicos entre 200 MPa e -50 MPa. As propriedades mecnicas deste ao so:
E = 630 MPa
R = 670 MPa
E = 207 000 MPa
KC = 104 MPa m
360 Anlise de Resistncia Mecnica
Qual a vida de fadiga que pode ser esperada, se qualquer defeito na borda da chapa
detectada quando for maior do que 1 mm? Use a equao 12.6 para obter a velocidade de
propagao.
SOLUO:
Quando a chapa possui defeitos acima de 1 mm estes so removidos. Qualquer defeito
at 1 mm passa desapercebido, logo o mximo tamanho inicial da trinca de 1 mm.
Para esta geometria temos KI = 1,12 a , desde que a trinca seja suficientemente
pequena. Isto vlido no incio da vida, mas no fim desta a trinca ser bem maior. O tamanho
crtico da trinca, no ponto de carga mxima, pode ser obtido, em uma primeira aproximao:
KI = KC = 1,12 a
= 200 MPa
KC = 104 MPa m
= G
1F K I
J
2
H 1, 12 K
C
aC
aC = 0,0686 m
0,5 0,5
1 0, 001 0, 0686
N12 =
11
(1, 12 200 )
3
10 0, 5
EXEMPLO 12.3:
Para aumentar a vida de propagao de uma dada estrutura, podemos aumentar KC,
com o que a trinca cresce mais antes de se tornar instvel. Outra alternativa diminuir o
tamanho inicial dos defeitos, fazendo com que a trinca leve mais tempo para crescer at o
tamanho crtico. Para ilustrar a importncia relativa entre as duas alternativas, vamos
considerar um material que segue a lei de Paris-erdogan, com o expoente m = 4. Isto leva a
uma equao de N12 que pode ser escrita na forma:
FG 1
m
a2
1
m
IJ e como m = 4,
N12 = constante . a1
H K
2 2
N12 = constante . a1 a 2 d 1 1
i
A Propagao de Trincas de Fadiga 361
Se agora, ao invs de alterar KC, for mantido o mesmo material, mas com o uso de um
controle de qualidade mais acurado, de modo que apenas as trincas menores que 5 mm
passem desapercebidas, a1 = 0,005 m, logo,
Assim, muito mais conveniente diminuir o tamanho inicial da fissura, com um controle
mais rigoroso, do que usar um material mais sofisticado, de alta tenacidade, onde o ganho de
vida percentualmente muito baixo, menos de 10% no exemplo dado.
ai = a1 + i ai
a adm
a det
t
t1 t2 t3
MFEL
R MFEP
0
a1 a3 a2 a
EXEMPLO 12.4:
Em um sistema de trem de aterrisagem de um avio de tamanho mdio, uma das peas
mais crticas o mbolo do sistema hidropneumtico de suspenso, j que este recebe todo o
carregamento de carga axial e de flexo. A geometria do componente est ilustrada a seguir,
com a indicao do ponto crtico.
100
DETALHE r=4
75 DETALHE
120
E = 1370 MPa
R = 1470 MPa
f = 1560 MPa
f = 0,48
KIC = 60 MPa m
A Propagao de Trincas de Fadiga 365
E
1,6
EM VO
EM TERRA
ATERRISAGEM
SOLUO:
A tenso nominal, quando do impacto, ser considerada igual a E / 1,6, o que leva a
um carregamento idealizado do tipo mostrado na figura 12.14.
A vida de fadiga para nucleao ser obtida pelo uso da curva - N, estimada pelo
mtodo das inclinaes universais,
e substituindo os valores,
856
0 = 0 /E
0 = 0,00429
O fator de concentrao de tenso, para uma carga de flexo para a geometria da pea,
Kt = 2,1 e como o raio muito grande, podemos assim adotar Kf = Kt, logo:
Kf = 2,1
A concentrao de deformao ser neste caso tambm igual a 2,1 pois estamos em um
caso predominante de um estado plano de deformao. Assim, a deformao no ponto crtico
ser
N = 26700 ciclos
A Propagao de Trincas de Fadiga 367
2c
a2
a1
Y = 1,12 / ; ( = 1,22)
Y = 0,92
aC = (KIC / Y)2 /
ac = G
F 60 IJ
1
2
H 0, 92 856 K
aC = 1,85 mm
Vamos fazer uma tentativa de clculo, dividindo a vida em quatro parcelas iguais de
3750 ciclos, conforme esquematizado abaixo.
lgico que o tamanho da trinca a2, admitido como o tamanho existente ao fim do
intervalo entre inspees, deve ser menor que aC. Vamos calcular a2 como o tamanho crtico
para uma carga 60% maior que a real de impacto.
= G
1F K IJ 2
H Y 1, 6 K
IC
a2 a2 = 0,00072 m = 0,72 mm
O tamanho a1 ser obtido a partir da informao que N12 = 3750 ciclos, ou seja, usar a
propagao desde a1 at a2 em 3750 ciclos. Para um ao martenstico,
10 11125
, 11125
,
10 a1 a2
3750 =
1, 35 10
10
d0, 92 856 i 2,25
1, 125 1
a1-0,125 = 3,22441
a1 = 0,000086 m = 0,086 mm
PROCEDIMENTO GERAL
Tendo sido detectado um defeito em uma estrutura de
responsabilidade, por meio de um ensaio no destrutivo, o
procedimento discutido a seguir usado na anlise sobre o risco que a
presena do defeito apresenta. O procedimento est baseado na teoria
e metodologia da Mecnica da Fratura, sendo formado por uma srie
de passos, que levam a uma quantificao que permite uma tomada de
deciso criteriosa, sobre a continuidade do uso, ou no, do
componente em anlise.
KImx > KC
Ki = f (i ) = Y i a (12.23)
Ki < K0 (12.24)
z z
N2 a2
dN = ( C ( Y a )m ) 1 da
N1 a1
m 1 a12 m / 2 a11 m / 2
N12 = ( C ( Y ) ) (12.26)
1 m / 2
Se ocorrer m = 2,
ai Yi Ki a aj Ni
aj Yj Kj a ak Nj
ai Yi Ki N(i) a aj
aj Yj Kj N(j) a ak
A Propagao de Trincas de Fadiga 373
ai Yi Ki a
aj Yj Kj a
KC = Y Yp (0) a1MX ou
C 2 1
a1 MX Y 2 = K
( Yp 0 )2
KI = Y Yp 0 a1
A Propagao de Trincas de Fadiga 375
0 TENSO DE ENSAIO
0 TENSO DE TRABALHO
K c = Y Yp s 0 a
a1mx ac a
a12m / 2 a11m / 2
N12 = m2
C (1 m / 2) ( YYp ) m
376 Anlise de Resistncia Mecnica
ln ( a2 / a1 )
N12 = m=2
C ( Y Yp )2
( Yp )m2 1 1
N12 = m2
CK c
m 2
b
(m / 2 1) Y g 2
(12.28)
2
N12 = ln( Yp ), m=2 (12.29)
C ( Y )2
EXEMPLO 12.5
Seja um reservatrio construido com ao ASTM A572, GR 50, que opera a -40C,
devendo ter uma vida prevista de 10.000 pressurizaes. Determinar a taxa de sobrecarga
para assegurar esta vida, sabendo que para a geometria do defeito provvel, Y.0 = 250 MPa.
Os dados relevantes do material so:
KIC = 63 MPa m
= 10-11 (K)3
E = 345 MPa
R = 450 MPa
SOLUO:
Falta separar os fatores e Yp, pois os fatores esto acoplados, j que Yp = f (.0).
Considerando 0 = 250 MPa e L = 389 MPa, de acordo com o modelo de Dugdale, eq (7.8),
vem
A Propagao de Trincas de Fadiga 377
E
Yp = 8 ln (sec 0 / 2E )
0
A tabela abaixo mostra uma das maneiras de se obter o valor de , no caso, por
tentativas. No clculo dos valores foi usada a tenso L.
Logo o fator de sobrecarga a usar, de acordo com o esquema proposto, ser 1,31, o que
leva a uma tenso nominal no ensaio de sobrecarga, .0= 327,5 MPa.