Artigo - Drible
Artigo - Drible
Artigo - Drible
Marcelo de França1
Introdução: Este estudo trata do papel atual do drible no futebol brasileiro, que
embora tenha uma possibilidade artística, também pode ter utilidade objetiva dentro
de um jogo. Objetivo: Interpretar o drible como ele ocorre e o que ele gera. Revisão
de Literatura: O drible é comumente tratado por sua beleza artística, quando pouco
se encontra sobre sua função tática e sua importância real. Materiais e métodos:
.Foram avaliados dribles de jogos do Campeonato Brasileiro de 2009,
caracterizando-os quanto à região do campo onde ocorrem, ao tipo de decisão
subsequente ao drible, ao tempo desmarcado obtido após o drible e quanto à
reorganização da marcação sobre o atacante. Resultados: O drible costuma ser
executado na região intermediária do campo adversário (43%). Após um drible, a
decisão mais tomada costuma ser uma tentativa de passe (48%) a um companheiro
mais próximo do gol (22%). Em 76% dos dribles, o atacante ganha tempo para
tomar a próxima decisão sem pressa, e em 45% deles, nenhum adversário chega
para marcá-lo antes de sua próxima decisão. Discussão: O drible não é uma
técnica que está diretamente relacionada à marcação de um gol, mas serve de base
num momento de criação de jogadas. As tentativas de drible geram resultados
positivos para a equipe na maioria das vezes, possibilitando a continuação da
criação de jogadas dentro de um contexto mais vantajoso. Conclusão: o drible pode
se tornar, cada vez mais, uma técnica de apoio à armação das jogadas, aos ataques
pelas laterais do campo e, em menor quantidade mas em maior perigo, para
preparar a finalização ao gol adversário.
Introduction: This study goes over the current role of the dribble in the Brazilian
football, although its possibility of being an art it can also be objectively useful within
a game. Objective: To interpret the dribble as it is and what it generates. Literature
review: The dribble is commonly treated by their artistic beauty, when there is little
data on its tactical mission and its real importance. Materials and methods: There
were evaluated dribbles of Brazilian Championship games in 2009, characterizing
them as the field region where they occur, the type of subsequent decision, the time
obtained after them and on the reorganization of the marking on the striker. Results:
The dribble is usually performed in the intermediate region of the opponent field
(43%). After a dribble, the decision made is often an attempt to pass (48%) to a
teammate closer to the goal (22%). In 76% of dribbling, the attacker gains time to
make the next decision without haste, and 45% had no opponent coming to mark him
before your next decision. Discussion: The dribble is not a technique that is directly
related to scoring, but it serves as a base to the creation movements. The attempts to
dribble generate positive results for the team in most cases, enabling the creation to
keeps on in a more advantageous situation. Conclusion: The dribble has as role a
technical support to the creationship, attacks by the side of the field and less in
quantity but in greater danger as a preparation to try to score.
1 INTRODUÇÃO
futebol, ou por outros motivos, dos mais nebulosos que possam existir:
levar a sério?
transmissões por televisão, foi escolhido como base para este estudo. Dele será
utilizado atualmente. Para isto, será realizada uma análise de amostrar de dribles
estudo;
2 Revisão de literatura
2.1 O Drible
nos gramados brasileiros. Ele é feito com posse de bola (SANTANA, 2010), o que
configura como uma ação de ataque, e quem dribla procura, com bola, passar por
pés.
Passar por um adversário marcador é uma das decisões que o atacante com
drible.
Os papéis a serem assumidos pelo drible, num jogo de futebol, podem ser os
seguintes:
• Evitar que um jogador adversário efetue o desarme sobre quem tem a posse
drible como foco apenas no aspecto romântico, como nas palavras de SIMÕES
(2010): “PARA mim, no futebol, o drible é um encanto e nunca deixará de ser o doce
Outro risco é se tratar o drible como uma brincadeira. Não por este motivo se
ao drible no futebol, este estudo tratará este como um assunto sério, uma técnica
que, se utilizada de maneira propícia, pode auxiliar o time na busca pelos gols que
poderão lhe trazer a vitória. Para isto, foi realizado um levantamento de dados de um
Futebol, ano 2009. Estes dados buscam traçar o perfil do drible no futebol
3 Metodologia
Jogos Dribles
Grêmio 3 x 1 Avaí 16
Flamengo 1 x 0 Santos 20
Palmeiras 2 x 2 Corinthians 14
Cruzeiro 2 x 3 Fluminense 31
Grêmio 1 x 1 São Paulo 16
Sport 2 x 3 Cruzeiro 9
Atlético-MG 1 x 3 Flamengo 13
Botafogo 2 x 0 Coritiba 14
São Paulo 2 x 0 Vitória 8
Sport 0 x 3 Fluminense 3
Flamengo 0 x 0 Goiás 5
Corinthians 0 x 2 Flamengo 5
Total 154
9
características do drible, mas será possível tomar os dados como indícios sobre o
drible no futebol profissional, que possam nortear uma visão mais aprofundada
sobre o assunto.
cada drible observado, foram registradas quatro marcas no papel, a serem somadas
posteriormente: uma para cada aspecto, listados abaixo (A, B, C e D). A orientação
área adversária;
de campo.
mais subjetivamente que as demais divisões, já que não há linhas no campo de jogo
que a demarque. A divisão foi feita a partir de uma linha imaginária como
divisões do campo:
completar-se;
distanciamento de sua nova marcação será utilizada para se afirmar que houve
4 Resultados e Discussão
tomar a próxima decisão (76,0%), decisão esta que costuma ser um passe a um
14
portanto, longe do gol. A região mais próxima do gol adversário recebe somente 13%
dos dribles. Isto sugere uma utilidade maior do drible na armação das jogadas, ainda
fora da grande área. De maneira semelhante, 34% dos dribles são executados nas
laterais do campo, que, por ser distante do gol, pode ser considerado setor de
armação.
armação dos jogados retira dos atacantes alguma função típica de driblador.
no treinamento.
ocorrem mais próximo do gol, o que os torna mais perigosos. O drible no campo de
todos, mas está presente no jogo e pode gerar uma nova pesquisa, que avalie
Após um drible, a decisão mais tomada costuma ser uma tentativa de passe.
finalização da equipe apenas em 12% das ocorrência, ou seja: para cada quatro
drible seguido de tentativa de drible. Esta pode ser uma ocorrência controversa, ao
levar-se em conta que, num segundo drible, o antigo marcador, o que recebeu o
primeiro drible, já poderá ter reforçado a marcação de seu time ou recuperado sua
posição. A real utilidade desta ocorrência poderá ser melhor estudada, em seus
detalhes.
passe, há uma outra ocorrência mais freqüente durante os jogos: os dribles sem
quadro abaixo.
16
15% Companheiro
cruzador
8%
1%
17%
Os dribles em que o atacante sofre falta ou ganha algum tiro de bola parada
para seu time, representam a quarta maior freqüência, dos nove analisados. Isto
pode ser utilizado pela equipe adversária para retomar posições e reorganizar
conquistado pelo atacante que efetuou o drible. Somadas estas quantidades à dos
erros de passe subseqüentes, pode-se visualizar que 41,5% dos dribles têm suas
Por estar próximo à metade das ocorrência, pode ser considerada uma quantidade
favoráveis.
17
convertem-se em gols. Porém, esta proporção perde ainda mais força, pelo fato do
número de finalizações precedidas por um drible ser baixo. Por isso, o porcentual
2%.
18
76%
Quando um atacante efetua um drible, ele ganha tempo para decidir sem
pressa o que fazer a seguir. Esta á uma conquista de um drible, importante para um
jogador que saiba utilizar este momento sem pressão para tomar uma decisão
e deve dividir uma bola com um adversário, ou evitar uma saída de bola, entre
45%
Este é um fator positivo que pode ser utilizado como um incentivo à utilização do
drible. Entretanto, também pode ser favorável que ele provoque trocas de marcação
receber o passe após o drible: aparentemente, este não é um caso frequente, nos
dados analisados.
marcação. Neste caso, o drible pode perder seu efeito. Mais frequentemente ainda,
aparentemente, o novo marcador não marcava ninguém. Isto sugere que o drible
transformaria em inferioridade.
5 Considerações finais
O “mais lúdico dos lances” (TOSTÃO, 2010), embora lúdico, precisa ser
encarado de maneira séria por quem é profissional do futebol. O drible parece ser
uma técnica que, se bem estudada, treinada e absorvida como recurso tático pela
acrescenta à equipe, mas não se deve ignorar suas qualidades mais principais e
suas vantagens. Quando se observa que um gol foi a sequência direta de um drible,
é possível imaginar que o drible foi o recurso que pôde tornar o gol viável.
É preciso que se faça esta defesa das vantagens que podem ser obtidas com
um drible. Nos dribles analisados neste estudo, sua predominância foi numa zona de
baixo.
para observar o jogo, pensar e decidir, possibilita que a próxima decisão seja a mais
acertada possível.
mais, uma técnica de apoio à armação das jogadas, aos ataques pelas laterais do
gol adversário.
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REFERÊNCIAS
LAMBERT, Alan. Como Usar o Drible. FCP para sempre. Tradução de: Agilson
Alves. Disponível em: <http://portistaforever.blogspot.com/2010/02/passe-ou-
drible.html> Acesso em 12 de fevereiro de 2010.