Direito Tributário II - Caso 5

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Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Disciplina: Direito Tributário II (DEF 0414)

Professor: Prof. Titular Luís Eduardo Schoueri

Seminários – 2º semestre de 2009

Caso 5:

A empresa DMB Ltda. atua na fabricação de bobinas e rolamentos metálicos,


sendo contribuinte do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas (IRPJ) e da
contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). É tradicional na empresa a
concessão de bonificações anuais para seus revendedores, como forma de
estimular as vendas e premiá-los pela performance obtida em cada ano. A
bonificação do revendedor é o principal elemento propulsor da comercialização de
seus produtos, sendo prática comum no ramo de atividade em que a DMB atua.

A empresa tratou os gastos com bonificações como dedutíveis para fins de IRPJ e
CSLL, por entender que tais gastos são importantes e necessários para a
consecução de suas atividades (*). Esse procedimento estava amparado
principalmente por algumas soluções de consulta antigas da Receita Federal, nas
quais a Receita admitia a dedução fiscal das despesas com bonificação em
situações análogas. É válido lembrar que existiam soluções de consulta em
sentido contrário.
Em 2005, algumas decisões proferidas em nível de primeira instância
administrativa consideraram que as despesas ou gastos relativos a bonificações
para estímulo de vendas são indedutíveis para fins de IRPJ e CSLL. No mesmo
ano, a DMB sofreu fiscalização da Receita Federal em relação ao período entre
2003 e 2005, tendo sido autuada em relação a supostas irregularidades na forma
de apuração do IRPJ e CSLL naquele período. Na autuação, a Receita Federal
analisou outras questões, mas nada disse quanto à regularidade da dedução com
bonificações. A DMB resolveu impugnar a autuação e vinha discutindo a questão
em via administrativa.

No início de 2008, a DMB foi surpreendida por uma autuação complementar, por
meio da qual a Receita Federal reviu o lançamento anterior (2005) e considerou
todos os gastos com bonificações dos três anos anteriores a 2008 como
indedutíveis. Segundo a nova autuação, a revisão do lançamento deveu-se a erro,
uma vez que a DMB, conquanto tivesse mostrado todos os pagamentos efetuados
e os contratos que os suportavam, havia dado a entender que as despesas eram
necessárias, mas, segundo o entendimento agora exarado pela autoridade fiscal,
na verdade representavam mera liberalidade da empresa em relação a seus
revendedores e, conseqüentemente, não deveriam ser consideradas como
despesas dedutíveis.

A DMB não concorda com tal exigência complementar e resolveu questioná-la por
via judicial. À luz da matéria de lançamento, bem como das disposições relevantes
do CTN, elaborem:

(i) como representantes da Receita Federal, os argumentos cabíveis para justificar


a validade da exigência complementar; e

(ii) como representantes da DMB, os argumentos cabíveis para confrontar a


validade da exigência complementar.
(*) A regra geral de dedutibilidade das despesas é prevista no art. 299 do Regulamento do Imposto de Renda
(Decreto n. 3000/99), abaixo transcrito:

Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à
manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47).

§ 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas
pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º).

§ 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou


atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º).

§ 3º O disposto neste artigo aplica-se também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a
designação que tiverem.

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