Portugues 639 2F
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VERSO 1
No permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que no seja classificado.
Nas respostas aos itens de escolha mltipla, selecione a opo correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o nmero do item e a letra que identifica a opo escolhida.
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alm do determinado na lei ou do permitido pelo IAVE, I.P., sendo expressamente vedada a sua explorao comercial.
A
eia o texto seguinte, constitudo pelas estncias 96 a 99 do Canto VIII de Os Lusadas, bem como a
L
contextualizao apresentada. Se necessrio, consulte as notas.
Contextualizao
Aps a chegada a Calecute, os portugueses so recebidos pelo Catual; entretanto, Baco aparece em
sonhos a um sacerdote, convencendo-o de que o objetivo dos portugueses era subjugar os indianos.
O Catual prende Vasco da Gama e s o liberta a troco de mercadorias trazidas das naus. Finalmente,
Vasco da Gama regressa a bordo, onde estar se deixa, vagaroso.
Lus de Cames, Os Lusadas, edio de A. J. da Costa Pimpo, 5. ed., Lisboa, MNE/IC, 2003, p. 221
Explicite trs dos valores postos em causa pelo poder do metal luzente e louro (verso 14). Apresente,
para cada um desses valores, uma transcrio pertinente.
B
Leia o texto.
J que assim o experimentais com tanto dano vosso, importa que daqui por diante sejais
mais Repblicos e zelosos do bem comum, e que este prevalea contra o apetite particular de
cada um, para que no suceda que, assim como hoje vemos a muitos de vs to diminudos,
vos venhais a consumir de todo. No vos bastam tantos inimigos de fora e tantos perseguidores
5 to astutos e pertinazes, quantos so os pescadores, que nem de dia nem de noite deixam de
vos pr em cerco e fazer guerra por tantos modos? No vedes que contra vs se emalham e
entralham as redes; contra vs se tecem as nassas, contra vs se torcem as linhas, contra vs
se dobram e farpam os anzis, contra vs as fisgas e os arpes? No vedes que contra vs at
as canas so lanas e as cortias armas ofensivas? No vos basta, pois, que tenhais tantos
10 e to armados inimigos de fora, seno que tambm vs de vossas portas adentro o haveis
de ser mais cruis, perseguindo-vos com uma guerra mais que civil e comendo-vos uns aos
outros? Cesse, cesse j, irmos peixes, e tenha fim algum dia esta to perniciosa discrdia;
e pois vos chamei e sois irmos, lembrai-vos das obrigaes deste nome. No estveis vs
muito quietos, muito pacficos e muito amigos todos, grandes e pequenos, quando vos pregava
15 S. Antnio? Pois continuai assim, e sereis felizes.
Padre Antnio Vieira, Sermo de Santo Antnio (aos peixes) e Sermo da Sexagsima, edio de Margarida Vieira Mendes,
Lisboa, Seara Nova, 1978, pp. 91-92
notaS
4. Explique o conselho do orador expresso no primeiro perodo do texto (linhas 1 a 4) e relacione-o com o
sentido das interrogaes retricas presentes nas linhas 4 a 12.
5. Justifique a evocao da lenda de Santo Antnio, no contexto em que ocorre (linhas 13 a 15).
Leia o texto.
Venho a Malaca, que agora se chama Melaka, pela Histria do meu pas. No sculo XV, o
sultanato controlava o comrcio do Oriente, o imperador chins oferecia a filha em casamento
ao sulto. Vinte mil navios lanavam ncora no porto, 84 idiomas regateavam preos no
cais. Quem for senhor de Malaca tem a mo na garganta de Veneza, escrevia Tom Pires,
5 contemporneo de Afonso de Albuquerque, aludindo importncia de Malaca no controlo da
rota das especiarias.
Portugal conquistou a cidade em 1511, perdeu-a em 1641 para a Holanda. No tenho
iluses sobre os vestgios da presena portuguesa: j passou demasiado tempo. O que os
Holandeses e os Ingleses no destruram, deixmos ns que se dilusse nos sculos de
10 ausncia e de desleixo. Antecipo Melaka como um cruzamento da humanidade, uma poo
nica, uma receita irrepetvel. Mas no assim. Encontro uma annima e descoordenada
cidade oriental, que podia ser qualquer outra cidade do Sudeste Asitico, um quarteiro
perifrico de Sydney, de So Francisco. Um rio lamacento e abandonado atravessa o centro,
fachadas sujas e desmazeladas derretem-se sobre as margens. Do lado de c, os Chineses;
15 e do outro lado, os Indianos. Os Malaios esto mais alm. No h confuses. Cada um trata
de si, todos se atarefam em conquistar uma vida melhor: um novo eletrodomstico, um fim de
semana em Singapura, a universidade dos filhos, a peregrinao a Meca.
Sob a aparente indolncia tropical, as tenses tnicas vo cozendo em fogo lento. De
tantos em tantos anos, explodem. Nada inconsequente em Malaca: a lngua, a f, a cor da
20 pele, a forma de vestir ou a aptido profissional atribuem um lugar preciso no tabuleiro social.
As pessoas carregam a afiliao tnica no apenas como uma identidade, tambm como um
vnculo.
Ponho-me procura das relquias da passagem portuguesa. Encontro a porta decrpita
de um forte demolido, o esqueleto de uma igreja, uma esttua mutilada de So Francisco
25 Xavier. Faz tudo parte do roteiro turstico de Malaca, juntamente com o passeio de riquex,
a visita ao shopping, a quinta dos crocodilos. A rplica da caravela portuguesa que serve
de museu da cidade no , afinal, uma homenagem ao extraordinrio feito de armas dos
navegadores lusitanos o de conquistar, com duas dezenas de navios e 1500 homens, um
poderoso sultanato de 100 000 habitantes. Depois de sete meses de navegao desde Lisboa.
30 O museu serve para glorificar as bases religiosas da nao. Dentro, tudo conduz concluso
de que os sucessivos invasores europeus no teriam conquistado Melaka hoje [].
Continuo a procurar Portugal em Malaca na igreja. O catolicismo, a artria vital da
mentalidade do meu povo, um legado da presena portuguesa no antigo emprio dos sete
mares. Entro, a hora da missa. A igreja imita o gtico francs, o padre chins, os fiis
35 so asiticos, a missa decorre em ingls, as canes transmitem um concentrado de alegria,
ritmo e nonchalance que seria impensvel em Portugal. No um legado evidente. Mas uma
coisinha pequena comea a agitar-se na alma: o sentimento de identificao com a realidade
que me rodeia. Um momento familiar. Uma saudade.
Gonalo Cadilhe, Planisfrio Pessoal, Lisboa, Clube do Autor, 2016, pp. 232-233
notaS
5. De acordo com os trs ltimos pargrafos do texto, o mais significativo legado portugus encontrado pelo
autor foi
7. Os complexos verbais vo cozendo (linha 18) e Continuo a procurar (linha 32) tm um valor aspetual
(A)durativo.
(B)genrico.
(C)habitual.
(D)pontual.
9. Classifique a orao sublinhada na frase Quem for senhor de Malaca tem a mo na garganta de Veneza
(linha 4).
10. Indique a funo sinttica desempenhada pela orao para glorificar as bases religiosas da nao
(linha 30).
Se, para uns, a conquista de uma vida melhor o principal objetivo, para outros, a luta pelo bem comum
sobrepe-se aos interesses individuais.
Num texto bem estruturado, com um mnimo de duzentas e um mximo de trezentas palavras, defenda um
ponto de vista pessoal sobre a questo apresentada.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mnimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com,
pelo menos, um exemplo significativo.
Observaes:
ara efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequncia delimitada por espaos em branco, mesmo
1. P
quando esta integre elementos ligados por hfen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer nmero conta como uma nica palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2017/).
2. R
elativamente ao desvio dos limites de extenso indicados entre duzentas e trezentas palavras , h que atender
ao seguinte:
um desvio dos limites de extenso indicados implica uma desvalorizao parcial (at 5 pontos) do texto produzido;
um texto com extenso inferior a oitenta palavras classificado com zero pontos.
FIM
Item
Grupo
Cotao (em pontos)
1. a 5.
I
5 20 pontos 100
1. a 10.
II
10 5 pontos 50