TESTES FORMATIVO 1
Grupo I
A.
Padre Antnio Vieira, Sermes, II (Obras Escolhidas, vol. XI), 2. ed., Lisboa: S da Costa, 1997.
[Sermo de Santo Antnio aos Peixes, cap. V, pp.193-194.]
1
personagem da mitologia grega que tentou voar com asas de cera, mas estas derreteram e caro caiu no oceano e
afogou-se.
1. Explica as consequncias da ousadia dos Voadores.
2. Explicita o significado das frases de carter proverbial presentes no incio do
segundo pargrafo (ll. 21 e 22).
3. Justifica a apstrofe final a Santo Antnio, tendo em ateno a globalidade deste
Sermo.
4. Identifica o recurso expressivo presente na frase mas porque quis ser borboleta das
ondas (Ll. 19-20) e explica o seu valor expressivo.
B.
5. Explicita, num texto de 80 a 100 palavras, exemplificando, o modo como se
concretiza, neste excerto do Sermo de Santo Antnio aos Peixes, a alegoria de
intuitos crticos.
Grupo II
Obra completa do grande jesuta a caminho
O forte investimento oficial e acadmico nas celebraes de dois centenrios
vieirianos ocorridos no espao de uma dcada consagraram a figura do Padre Antnio
Vieira (1608-1697) como uma figura das maiores de todos os tempos no mbito da
Histria das culturas portuguesa e brasileira. O terceiro centenrio da sua morte,
5 ocorrido em 1997, e o quarto centenrio do seu nascimento, celebrado em 2008, com
direito a homenagens oficiais na Assembleia da Repblica e em palcos de outros rgos
pblicos, repararam a injustia da relativa secundarizao da sua obra genial na Histria
portuguesa, pelo menos at primeira metade do sculo XX. ()
Passado o tempo da controvrsia que gerou uma corrente antivieiriana na cultura
10 portuguesa verso especializada da corrente antijesutica, tendo por representantes
mximos da crtica a Vieira o marqus de Pombal, que o apelidava de bruxo delirante, e
Tefilo Braga, que desqualificou os seus sermes assemelhando-os a discursos
taquigrafados1 dos deputados dos parlamentos da monarquia constitucional , hoje em
dia estudiosos e homens de cultura em geral aplaudem quase unanimemente o gnio
15 deste pregador jesuta e o contributo inovador da sua obra para a lngua e para o
pensamento portugus e europeu mais avanado.
No entanto, ainda resta um trabalho basilar ou preliminar para colocar
disposio dos investigadores e homens de cultura em geral toda a obra de Vieira:
publicar a sua obra completa e traduzi-la para as grandes lnguas de circulao
20 internacional. ()
A situao gritante no caso da volumosa obra de Vieira dada a importncia
desta, que marcou uma etapa decisiva de aperfeioamento da lngua portuguesa e da sua
capacidade de dizer um pensamento complexo de forma esteticamente brilhante. No
25
foi por acaso que Fernando Pessoa proclamou Vieira Imperador da Lngua
Portuguesa na Mensagem, atribuindo, no Livro do Desassossego, influncia da
leitura dos seus sermes a deciso de escolher a lngua de Cames para dar cidadania
sua genial criao potica em detrimento da lngua de Shakespeare. ()
Por isso, a Universidade de Lisboa est agora empenhada em promover e
30 angariar mecenas para financiar um projeto de preparao, verdadeiramente colossal
mas urgente, da edio anotada da obra do Padre Antnio Vieira em 30 volumes. ()
Esperamos que este grande projeto de edio de um dos mais valiosos tesouros
da literatura portuguesa encontre mecenas que percebam a importncia de uma aventura
1
Escritos por meio de carateres convencionados, para maior rapidez; estenografados.
desta natureza para a promoo da lngua e cultura portuguesas em Portugal e no
mundo, com ateno estratgica ao novo centro nevrlgico que constituem hoje as
potncias do Extremo Oriente, onde a lngua portuguesa est a conhecer um renovado
35 interesse em termos de aprendizagem.
Andreas Farmhouse, Obra completa do grande jesuta a caminho, Ler, outubro de 2011, pp. 34-35.
Leitura / Gramtica
1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.5., seleciona a nica opo que
permite obter uma afirmao correta
1.1. O texto apresenta caractersticas especficas do gnero
A. apreciao crtica.
B. discurso poltico.
C. artigo de opinio.
D. artigo de divulgao cientfica.
1.2. O jornalista lamenta
A. a desconsiderao da obra do Padre Antnio Vieira.
B. a falta de homenagens ao Padre Antnio Vieira.
C. a genialidade da obra vieiriana.
D. o forte investimento nas celebraes de dois centenrios vieirianos.
1.3. O jornalista aplaude
A. a compilao dos sermes do Padre Antnio Vieira.
B. a promoo da lngua portuguesa setecentista no Oriente.
C. as potncias emergentes do Oriente.
D. a procura de patronos para a publicao e a traduo da obra completa
vieiriana.
1.4. Os conectores No entanto (l.17) e Por isso (l.27) contribuem para
A. a coeso frsica.
B. a coeso interfrsica.
C. a coeso lexical.
D. a coeso referencial.
1.5. O referente do vocbulo sublinhado em sua genial criao potica
(l.25)
A. Vieira.
B. Fernando Pessoa.
C. Mensagem.
D. Cames.
2. Responde de forma correta aos itens apresentados.
2.1. Indica a funo sinttica da orao que o apelidava de bruxo delirante
(l.11).
2.2. Na frase Passado o tempo da controvrsia que gerou uma corrente
antivieiriana na cultura portuguesa (l.9), identifica a funo sinttica do
pronome relativo.
2.3. Classifica a orao onde a lngua portuguesa est a conhecer um
renovado interesse em termos de aprendizagem (ll. 30-31).
Grupo III
Escrita
Segundo o Padre Antnio Vieira, a terra encontra-se corrompida, ou porque o
sal no salga ou porque a terra se no deixa salgar.
A partir do sentido desta metfora, elabora um texto de opinio sobre a corrupo
da sociedade atual (180 a 210 palavras).
Para fundamentares o teu ponto de vista, recorre a dois argumentos, ilustrando
cada um deles com um exemplo concreto e significativo.
CRITRIOS ESPECFICOS DE CLASSIFICAO
GRUPO I. 100 pontos
EDUCAO LITERRIA
A
1. . 15 pontos
Cenrio de resposta
Os Voadores, porque tm maiores barbatanas do que os outros peixes, tentam voar, mas a
tentativa de entrar no ar, elemento que no o seu, leva-os ao fogo, morte. De facto, a sua ousadia,
presuno e excessiva vaidade tm como consequncia a sua destruio (Todas as velas para eles so
redes como peixe, e todas as cordas laos como ave. ll. 16-17).
2. ..... 20 pontos
Cenrio de resposta
Os dois aforismos (Quem quer mais do que lhe convm perde o que quer e o que tem e Quem
pode nadar e quer voar, tempo vir que no voe nem nade) constituem mximas de vida, alertando
para o facto de a ambio, o capricho e a vaidade poderem originar a desgraa, a perdio e,
inclusivamente, a morte.
3. .15 pontos
Cenrio de resposta
Padre Antnio Vieira estabelece um paralelo entre a ao de Santo Antnio e as atitudes dos
homens seus contemporneos, enaltecendo as virtudes do primeiro (Oh Alma de Antnio, que s vs
tivestes asas, e voastes sem perigo, porque soubestes voar para baixo, e no para cima) e criticando os
vcios e defeitos dos segundos. A bondade e a humildade de Santo Antnio contrastavam com a ambio
e a desumanidade que os colonos do Maranho exerciam sobre os ndios.
4. 20 pontos
Cenrio de resposta
Esta metfora destaca o facto de os Voadores quererem mais do que aquilo que so e,
por isso, a sua presuno levou-os morte quando estavam livres do fogo. Ao contrrio da
borboleta, no tm capacidade de se metamorfosear e, por isso, no se renovam.
B
5. 30 pontos
Aspetos de contedo (C) ..18 pontos
Cenrio de resposta
O conceito de alegoria associa-se ao Sermo de Santo Antnio aos Peixes, pois Padre Antnio
Vieira toma os peixes como metfora dos vcios dos homens.
Efetivamente, a repreenso aos peixes deve ser entendida como uma crtica direta aos homens, que
so, durante o discurso, equiparados queles por causa da sua atitude (Eis aqui Voadores do mar, o que
sucede aos da terra, para que cada um se contente com o seu elemento. ll. 29-30).
Quando fala aos peixes, na verdade aos homens que se dirige, e assim, com a repreenso daqueles,
o pregador destaca defeitos que abundam nos seres humanos.
No Grupo I, nos casos em que a classificao referente aos aspetos de contedo (C) for
igual ou inferior a um tero do previsto para este parmetro, a pontuao mxima dos aspetos
de estruturao do discurso e correo lingustica (F) desvalorizada, de acordo com o quadro
apresentado. Sobre esse valor aplicam-se ainda os eventuais descontos relativos aos fatores
de desvalorizao previstos no ltimo quadro deste documento.
Pontuao atribuda aos Pontuao mxima dos aspetos de
aspetos de contedo (C) estruturao do discurso e correo
lingustica (F)
3 pontos 3 pontos
GRUPO II . 50 pontos
LEITURA / GRAMTICA
Chave
Item Verso 1 Verso 2 Pontuao
1.1 C 5
1.2 A 5
1.3 D 5
1.4 B 5
1.5 A 5
2.1 Modificador de nome apositivo. 9
2.2 Sujeito. 9
2.3 Orao subordinada adjetiva relativa explicativa. 7
Grupo III . 50 pontos
ESCRITA
Estruturao temtica e discursiva (ETD) . 30 pontos
Correo lingustica (CL) 20 pontos
PONTUAO DESCRITORES DOS NVEIS DE DESEMPENHO (ETD)
PARMETRO 15 12 9 6 3
NVEL INTERCALAR
NVEL INTERCALAR
Trata, sem desvios, Trata o tema proposto, Aborda lateralmente
o tema proposto. embora com alguns o tema proposto.
Mobiliza informao desvios. Mobiliza muito pouca
ampla e diversificada Mobiliza informao informao e com
com eficcia suficiente, com eficcia eficcia argumentativa
argumentativa, de argumentativa: reduzida:
acordo com a tipologia produz um discurso produz um discurso
solicitada: globalmente coerente, geralmente inconsistente
produz um discurso apesar de algumas e, por vezes, ininteligvel;
coerente e sem ambiguidades; no define um ponto
qualquer tipo de define o seu ponto de de vista concreto;
ambiguidade; vista, eventualmente apresenta um texto
define com clareza o com lacunas que no em que traos do tipo
A seu ponto de vista; afetam, porm, a solicitado se misturam,
Tema e fundamenta a inteligibilidade; sem critrio, com os de
tipologia perspetiva adotada em, fundamenta a outros tipos textuais.
pelo menos, dois perspetiva adotada
argumentos, distintos e em, pelo menos, dois
pertinentes, cada um argumentos adequados,
deles ilustrado com, apresentando um nico
pelo menos, um exemplo significativo
exemplo significativo. (ou dois exemplos pouco
adequados), ou
fundamenta a perspetiva
adotada em apenas um
argumento, ilustrado
com, pelo menos, dois
exemplos significativos.
PONTUAO DESCRITORES DOS NVEIS DE DESEMPENHO (ETD)
PARMETRO 10 8 6 4 2
NVEL INTERCALAR
NVEL INTERCALAR
Redige um texto bem Redige um texto Redige um texto com
estruturado, refletindo satisfatoriamente estruturao muito
uma planificao estruturado, refletindo deficiente e com
adequada e uma planificao com insuficientes
evidenciando um bom algumas insuficincias e mecanismos de coeso
domnio dos evidenciando um textual:
mecanismos de coeso domnio suficiente dos apresenta um texto
textual: mecanismos em que no se
apresenta um texto de coeso textual: conseguem
constitudo por trs apresenta um texto identificar claramente
partes (introduo, constitudo por trs trs partes
desenvolvimento, partes (introduo, (introduo,
concluso), desenvolvimento, desenvolvimento e
B
individualizadas, concluso), nem concluso) ou em
Estrutura e
devidamente sempre devidamente que estas esto
coeso
proporcionadas e articuladas entre si insuficientemente
articuladas entre si de ou com desequilbrios articuladas;
modo consistente; de proporo mais ou raramente marca
marca corretamente menos notrios; pargrafos de forma
os pargrafos; marca pargrafos, mas correta;
utiliza, com algumas falhas; raramente utiliza
adequadamente, utiliza apenas os conectores e
Conectores conectores e os mecanismos
diversificados mecanismos de coeso de coeso textual ou
e outros mecanismos textual mais comuns, utiliza-os de forma
de coeso textual. embora sem incorrees inadequada.
graves.
PONTUAO DESCRITORES DOS NVEIS DE DESEMPENHO (ETD)
PARMETRO 5 4 3 2 1
NVEL INTERCALAR
NVEL INTERCALAR
Mobiliza, com Mobiliza um Utiliza vocabulrio
intencionalidade, repertrio lexical elementar e restrito,
recursos da lngua adequado, mas pouco frequentemente
expressivos e adequados variado. redundante e/ou
(repertrio lexical Utiliza, em geral, o inadequado.
variado e pertinente, registo de lngua Utiliza
figuras de retrica e adequado ao texto, mas indiferenciadamente
tropos, procedimentos apresentando alguns registos de lngua, sem
de modalizao afastamentos que manifestar conscincia
C ,pontuao...). afetam pontualmente a do registo adequado
Lxico e Utiliza o registo de adequao global. ao texto, ou recorre a
adequao lngua adequado ao um nico registo
discursiva texto, eventualmente inadequado.
com espordicos
afastamentos, que se
encontram, no entanto,
justificados pela
intencionalidade do
discurso e assinalados
graficamente (com aspas
ou sublinhados).
Fatores de desvalorizao
Domnio da correo lingustica
A repetio de um erro de ortografia na mesma resposta (incluindo erro de acentuao,
uso indevido de letra minscula ou de letra maiscula inicial e erro de translineao) deve
ser contabilizada como uma nica ocorrncia.
Fatores de desvalorizao Desvalorizao
(pontos)
Erro inequvoco de pontuao. 1
Erro de ortografia.
Erro de morfologia.
Incumprimento das regras de citao de texto ou de referncia a
ttulo de uma obra.
Erro de sintaxe. 2
Impropriedade lexical.
Limites de extenso
Sempre que no sejam respeitados os limites relativos ao nmero de palavras indicados na
instruo do item, deve ser descontado um ponto por cada palavra a mais ou a menos, at cinco
(1x5) pontos, depois de aplicados todos os critrios definidos para o item. Se da aplicao deste
fator de desvalorizao resultar uma classificao inferior a zero pontos, atribuda resposta a
classificao de zero pontos.
No Grupo III, a um texto com extenso inferior a oitenta palavras atribuda a classificao de
zero pontos.
Tpicos sugeridos:
A corrupo um fenmeno social, poltico e econmico que tem estado presente na sociedade ao longo
de vrias pocas, existindo exemplos deste fenmeno em todos os pases do mundo;
a ambio desmedida dos homens poder ser um dos fatores conducentes aos atos de corrupo.
atualmente, a corrupo est presente em diversas reas da sociedade, desde a banca, s grandes
empresas, poltica e justia.
a corrupo desvirtua as instituies democrticas, retira legitimidade aos processos polticos, de
deciso e ligados justia, criando instabilidade e desconfiana nas sociedades.
na sociedade portuguesa da atualidade, tm vindo a pblico diversos casos de corrupo que
envolvem altas personalidades da nao, que conduzem, frequentemente, abertura de inquritos
judiciais, julgamentos e, consequentemente, a condenaes.
()