Ficha Avaliacao Formativa1
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GRUPO I
Parte A
Leia o excerto da Farsa de Ins Pereira, de Gil Vicente, que se apresenta de seguida (correspondente aos versos
170 a 251 do texto original). Em caso de necessidade, consulte as notas.
3
que ora estou na nossa aldea
mesmo na vossa mercea14
me encomendo e mais digo:
E de mi tambm assi
45 ainda que eu vos vi
estoutro dia de folgar
e nam quisestes bailar
nem cantar presente mi.
Ins Pereira: Na voda15 de seu av
50 ou donde me viu ora ele?
Lianor Vaz este ele?
Lianor Vaz: Lede a carta sem d
que inda eu sam contente dele.
3
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1
Explique o motivo que traz Lianor Vaz at casa de Ins Pereira e mostre qual a funo que
Gil Vicente, Farsa de Ins Pereira
2
D
escreva o modelo de marido ideal que Ins Pereira apresenta a Lianor Vaz. Justifique a sua
resposta com trs citaes do texto.
3
A carta de Pero Marques mostra bem o objetivo do pretendente. Explicite os elogios que so
apresentados destinatria da missiva.
4
Ins no reage de forma positiva carta que leu. Descubra as estratgias persuasivas que as falas
de Lianor Vaz apresentam e relacione-as com a inteno da personagem.
Parte B
Leia o excerto da Farsa de Ins Pereira, de Gil Vicente, que se apresenta de seguida (correspondente aos versos
479-483, 492-501, 660-702 do texto original).
Ins Pereira: Enfim que novas trazeis?
Vidal: O marido que quereis
de viola e dessa sorte
nam no h senam na corte
5 que c no no achareis.
[]
Ins Pereira: Tudo nada enfim.
[]
3
ele as h de levar
boas senam apanhar.
Nele tendes boas fadas.
J minha me adevinha.
Houvestes por vaidade
casar vossa vontade
55 eu quero casar minha.
Me: Casa filha muito embora.
Escudeiro: Dai-me essa mo senhora. (9) tolher: impedir
Ins Pereira: Senhor de mui boa mente. (10) quam sois fora de feio: Que tolice!
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
2 Mostre que existe uma oposio entre o discurso da Me de Ins e dos judeus.
GRUPO II
Leia atentamente o texto que se segue.
As alcoviteiras vicentinas
Criticando lucidamente o mundo que o rodeou, no escapou Gil Vicente de retratar, em seus Autos e
Farsas, uma das figuras sociais mais atraentes e combatidas desde os mais remotos tempos: a Alcoviteira.
[Afirmam-se], assim, definitivamente, os contornos dessa singular personalidade que a alcoviteira: mulher
madura, experimentada, dona de uma astuta sabedoria prtica, conhecedora profunda de todos os desvos
5 das paixes humanas e convicta de que, no fundo, so estas que regem a vida. Acreditamos que a crena
na legitimidade dos fins a que se devota em seu ofcio, a pedra bsica da estrutura psicolgica da alcoviteira;
e dela decorre, sem dvida alguma, a falta de censura moral com que ela age, no encalo de seus objetivos:
vencer a resistncia da mulher cobiada para agradar ao homem apaixonado.
3
Vemo-la agir sempre tranquilamente, com a segurana moral que lhe deve vir dessa crena no valor
10 positivo e quase sagrado das paixes, cuja fora (sabe-o ela bem) uma vez desencadeada nada consegue
deter. Desse conhecimento do corao humano lhe vm, pois, as manhas e as artes que caracterizam o seu
Gil Vicente, Farsa de Ins Pereira
ofcio. E daa continuidade da funo bsica da alcoviteira: satisfazer as paixes ou caprichos amorosos
dos homens que solicitam seus servios ou procurar enamorados para as mulheres que os desejam e no
os podem encontrar diretamente.
15 Ao tentarmos analisar-lhes a personagem (que, sem seus pontos bsicos, se repete nas demais), verifi-
camos que a primeira linha a firmar seus contornos a da procura de que a alcoviteira objeto, por parte
dos enamorados. No ela que atrai as suas vtimas, mas sim estas que a solicitam ardorosamente.
Outra das caractersticas marcantes da alcoviteira a sua sagacidade. Uma espcie de saber que pode-
ramos chamar de sabedoria prtica. Suas reflexes acerca dos homens, do amor, da justia, etc., so to
20 lcidas e hbeis que, se s vezes so repelidas pela nossa moral, dificilmente a nossa lgica as rejeita.
No , contudo, por pura generosidade que assim agem as alcoviteiras. Cooperam para a felicidade de
seus clientes, mas cobram bem pelos seus servios. Alis, a ambio de ganho dos defeitos de que mais
so acusadas pelos seus beneficiados. outra caracterstica comum a todas elas, a cobrana de seus
favores, que, como so favores para alma, para o corao, no tm preo limitado.
25 O que se nos torna patente quando as analisamos por esse prisma que elas agem como justos e
honestos negociantes, preparando habilmente o terreno para os negcios e s falando em preo no fim
das conversaes: o que no deixa de ser um trao de elegncia de atitude. As alcoviteiras vicentinas no
demonstram em absoluto a avidez pelo dinheiro como, por exemplo, o faz o judeu.
Qual teria sido a inteno de Gil Vicente ao introduzir em seu teatro a representao de to desonrosa
30 atividade? A primeira ideia que nos ocorre a da inteno moralizante, que parece ser a base de seu teatro.
Isto , a inteno de mostrar o MAL, suas consequncias, inconvenientes e castigos. E isso, de uma maneira
geral, realiza genialmente o Mestre da Balana; pois, com o vontade com que vai jogando com as suas
personagens e pequeninas intrigas, nos d ele uma esplndida viso da sua poca.
Nelly Coelho Novaes, As alcoviteiras vicentinas, Alfa Revista de Lingustica, v. 4,
So Paulo, FCLA UNESP, 1963 (com adaptaes).
1
P
ara responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, selecione a opo correta. Escreva, na folha
de respostas, o nmero de cada item e a letra que identifica a opo escolhida.
3
1.4 De acordo com o texto, as principais caractersticas das alcoviteiras vicentinas consistem
(A) na atrao dos clientes, na imoralidade que as orienta e na orientao para o lucro.
(B) na intensa solicitao de que so alvo, na imoralidade que as orienta e no requinte com que
2
Responda aos itens apresentados.
2.1 T endo em conta o texto A do Grupo I, identifique os processos fonolgicos envolvidos na evoluo
dos vocbulos:
a) praz (verso 12) > apraz
b) mercea (verso 38) > merc
2.2 Classifique as funes sintticas presentes na seguinte expresso:
Outra das caractersticas marcantes da alcoviteira a sua sagacidade. (linha 18)
2.3 Classifique as oraes subordinadas presentes na frase que se segue:
[] verificamos que a primeira linha a firmar os seus contornos a da procura de que a alcoviteira
objeto [] (linhas 15 e 16)
GRUPO III
A partir do texto de Nelly Coelho Novaes, As alcoviteiras vicentinas, apresentado no Grupo II, construa uma
sntese bem estruturada do mesmo, entre cento e setenta e cento e noventa palavras.