A Transculturação Dos Conquistadores - Abel Posse e A Trilogia Do Descobrimento
A Transculturação Dos Conquistadores - Abel Posse e A Trilogia Do Descobrimento
A Transculturação Dos Conquistadores - Abel Posse e A Trilogia Do Descobrimento
DOS CONQUISTADORES
ABEL POSSE E A TRILOGIA
DO DESCOBRIMENTO
DESIGN EDITORIAL
Michele Holanda (coordenadora)
Marcos Paulo do N. Pereira (Miolo e Capa)
REGINA SIMON DA SILVA
A TRANSCULTURAO
DOS CONQUISTADORES
ABEL POSSE E A TRILOGIA DO DESCOBRIMENTO
Diviso de Servios Tcnicos
Catalogao da publicao na Fonte. UFRN/Biblioteca Central Zila Mamede
INTRODUO.................................................................. 15
A busca do El Dorado..................................................................72
O Paraso Terrestre...................................................................135
CABEZA DE VACA E A VIAGEM ATRAVS DA MEMRIA.150
Referncias.................................................................................186
INTRODUO
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AS REPRESENTAES
DA ALTERIDADE NO
ENCONTRO DE CULTURAS
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com esse episdio que Roger Bartra inicia sua obra El salvaje
en el espejo (1992). O texto descreve uma festa realizada em
Tenochtitln, em 1538, aps a assinatura de paz com os
ndios nahuas. Segundo o autor, duas representaes des-
ses selvagens ainda podem ser vistas na fachada da casa de
Montejo, em Mrida, Yucatn. Trata-se de homens barbudos,
e nus, com o corpo totalmente coberto de pelos, armados
com enormes bastes. Essa imagem grotesca representa os
ndios americanos? Pergunta-se o autor que responde nega-
tivamente: no, son autnticamente europeos, originados del
Viejo Mundo (BARTRA, 1992, p. 8).
Essa informao causa estranhamento, pois lugar
comum, desde o descobrimento da Amrica, identificar
os ndios americanos com o selvagem e os europeus com
o civilizado. Veicula-se que essa polmica teve incio com
Las Casas, Montaigne e mais tarde com Rousseau. Porm,
conjecturo que para entender esse momento to importante
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Os Processos de Aculturao
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[]
Hoy, en pleno siglo veinte!
nos siguen llegando rubios
y les abrimos la casa
y les llamamos amigos.
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AGUIRRE E A CANOA
DOS LOUCOS
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A Busca do El Dorado
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19 Fiz uma busca rpida sobre obras que trazem Aguirre como
personagem, portanto devem existir outras no mencionadas
na lista: La araucana (1569), de Alonso de Ercilla; Las tradiciones
peruanas (1872), de Ricardo Palma; Las inquietudes de Shanti Anda
(1911), de Pio Baroja; Tirano Banderas (1927), de Ramn del Valle-
Incln; Las lanzas coloradas (1931), e El camino de El Dorado (1947), de
Arturo Uslar Pietri; La aventura equinocial de Lope de Aguirre (1964),
de Ramn Sender; Lope de Aguirre, Prncipe de la libertad (1979), de
Miguel Otero Silva, Daimn (1978), de Abel Posse e o filme Aguirre,
a clera dos Deuses, de Herzog.
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negros, con los indios. Tal vez ests ya del otro lado de la vida.
Quizs estuviste bien en abandonarlos. Es la hora de los pue-
blos, Lope (D, p. 135). Porm, ainda no era a hora de Aguirre.
Nosso protagonista j estava preparado para abdicar do ouro,
como o fez; no entanto, seu esprito ainda se encontrava atado
ao mundo libidinoso dos corpos. Para atingir o outro lado da
vida faltava a Aguirre saciar-se do desejo mundano da carne,
faltava-lhe viver la hora de los cuerpos (D, p. 135). A Voz do
Maligno, compreendendo melhor do que ningum o corpo em
que habita, indica a Aguirre onde encontrar a Mora, paixo
qual o esprito de Aguirrre estava atrelado: no repares en ella.
Son las dos en uno: la Mora parti pero hay una monja-nia
que llora en soledad en un convento [] Sor ngela! (D, p.
135), suscitando a reencarnao da Mora.
O desenrolar desse encontro e o que ele significar para
o Aguirre posseano ser discutido em nossa viagem, acompa-
nhando o protagonista.
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COLOMBO E AS UTOPIAS
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II Ollas podridas.
Empanadillas de pies de puerco.
Palomas torcaces con salsa negra.
Buuelos de viento (pets de nonne).
Manjar blanco (PP, p. 99).
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Epstola de So Judas
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ATRAVS DA MEMRIA
O R elato de um Nufrago
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Juan de Ocampo
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Conquistador Transculturado:
Conquistador Conquistado
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CONSIDERAES FINAIS
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vista. Rev. Amrica Hisp., Rio de Janeiro, n. 11-12, ano. 7, p. 220-242, 1994.
200
Este livro foi projetado e impresso
pela equipe editorial e grfica da
Editora da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (EDUFRN)
em julho de 2017.
Em A transculturao dos conquistadores investigo as representaes
literrias de Lope de Aguirre, Colombo, Cabeza de Vaca e seus condicionantes
nas respectivas obras, Daimn (1978), Los perros del paraso (1983) e El largo
atardecer del caminante (1992), do escritor argentino Abel Posse, que aborda
a problemtica da "conquista" e do "encontro" de culturas na Amrica Latina
no perodo do descobrimento. Buscando compreender o imaginrio da
poca, recriado nesta trilogia, verifica-se a presena marcante de uma srie
de utopias que conduzem os povos europeus em seu confronto entre
"civilizao e barbrie", dentre elas, a da satisfao ertica, e de um processo
inevitvel de transculturao.
possvel constatar que os perfis desses personagens foram traados
mediante suas atuaes registradas pela Histria Oficial, servindo de guia para
a imaginao do autor, ao mesmo tempo em que este questiona a veracidade
dos fatos, possibilitando uma outra leitura, em que o conquistador europeu, em
contato com a alteridade americana, passa por um processo de transformao,
levando-o transculturao.