(Os Economistas) Nikolai I. Bukharin-A Economia Mundial e o Imperialismo-Nova Cultural (1988.)
(Os Economistas) Nikolai I. Bukharin-A Economia Mundial e o Imperialismo-Nova Cultural (1988.)
(Os Economistas) Nikolai I. Bukharin-A Economia Mundial e o Imperialismo-Nova Cultural (1988.)
ECONOMISTAS
CIP-Brasil. Catalogao-na-Publicao
Cmara Brasileira do Livro, SP
A Economia Mundial e
o Imperialismo
Esboo Econmico
@
1984
EDITOR: VICTOR CIVITA
'Ftulo original:
A Economia Mundial e
o lmperialismo*
Esboo Econmico
Prlogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
PARTE PRIMEIRA
3
4 SUMRIO
PARTE SEGUNDA
PARTE TERCEIRA
PARTE QUARTA
N. Bukharin
25 de novembro de 1917
Prefcio
' Esse prefcio de Lnln que, segundo Bukharin, se tinha perdido, lol reencontrado, sob forma de c
pia manuscrita, nos papis de Lnln, e publicado no Prauda, de 21 de janeiro de 1927. (N. da Ed_
Francesa.)
10 PREFCIO
Dezembro de 1915
PARTE PRIMEIRA
A luta dos Estados nacionais, que apenas a luta entre grupos da mes
ma ordem da burguesia, no cai do cu. No se poderia considerar esse
choque gigantesco como uma coliso de dois corpos no espao material.
Muito pelo contrrio, ela condicionada pelo meio parcular em que vi
vem e se desenvolvem os "organismos econmicos nacionais". Estes lti
mos deixaram, h muito tempo, de ser um todo fechado, "economias isola
das", moda de Fichte ou de Tunin. Fazem parte de uma esfera infinita
mente mais ampla: a economia mundial. Assim como toda empresa indivi
dual constitui uma parte componente da economia nacional, cada uma des
sas economias nacionais" tambm parte integrante do sistema da econo
mia mundial. A partir dai - e do mesmo modo que consideramos a luta
entre empresas individuais como uma das manifestaes da vida social eco
nmica - necessrio encarar a luta dos corpos econmicos nacionais an
tes de tudo como uma luta entre as diversas partes concorrentes da econo
mia mundial. Nessas condies, a questo do imperialismo, de sua defini
o econmica e de seu futuro, passa a ser uma questo de apreciao das
tendncias de evoluo da economia mundial e das provveis modifica
17
18 A ECONOMlA MUNDIAL E O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAO DO CAPITAL
' MARX. KARL. Le Capital. Livro Primeiro, t. ll. p. 251. Traduo de J. Molitor. No nos referimos.
nos exemplos abaixo, aos pases em que o produto mencionado , em geral_ produzido. mas unicamen
te aos pases de onde exportado.
A NOO DE ECONOMIA MUNDLAL i9
7 FRIEDRICH, Ernst. Geographic des Velthandels und Weltuerkehrs lena, Gust. Fischer. p. 7.
20 A ECONOMlA MUNDlAL E O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAO DO CAPITAL
"Os produtores s entram em contato social por meio da troca dos produ
tos de seu trabalho, e nesse intercmbio que se manifestam os caracteres so
ciais especificos de seus trabalhos individuais. Em outras palavras: os traba
lhos individuais s se revelam como elos do conjunto do trabalho social por
meio das relaes que a troca estabelece entre os produtos do trabalho e, por
intermdio destes, entre os produtores.
HARMS, Bemhard. WoIkswinscha/I und WeIlwinscIra/t. Versuch der Bcgrunrfung einer IVelriuirscha/rs
fehre. lena, Gusl. Fischer, 1912 p 176
7ZIVERKING, G. Politiquc Commercialc Exrrieure. So Petersburgo_ 1908. Lilrrairc Hcltling, 1905
" BALLOD. C. Grundriss der Slatistik p IIH.
A NOO DE ECONOMIA MUNDIAL 23
" evidente que, no primeiro caso, a dllerena entre custos de produo tem igualmente um papel a
desempenhar. Ela exprime, entretanto, o lato de se produzirem produtos de naturem diversa; no segun
do caso, ela no o exprime.
' WOLF. Julius. "Das Internationale Zahllungswesen". Lelpzlg. 1913. p. 62. Int Verfjentlichungen des
Mitteleuropschen Wirtscha/Lsuerensln Deutschland. Fascculo XIV.
" MARX, Karl. Op. cit., p. 55-56. O grilo nosso.
A NOO DE ECONOMIA MUNDIAL 25
est submetida. por esse motivo que nenhum elemento pode servir de si
nal constitutivo determinante para a compreenso da economia social em
geral, e da economia mundial em particular.
'3' STAHLER. Paul. Der Girouerkehr. sefne Entwickfung und intemationafe Ausgestaltung. Leipzig.
1909. p. 127.
Essas observaes referem-se a opinies falsamente difundidas sobre a natureza da economia mun
dial. Kalver, por exemplo_ prope a expresso economia de mercado mundial (Weltrnarktwimchaft).
Segundo Harms, somente os tratados internacionais autorizam a utilizao do termo "economia mun
dial" em sua aplicao epoca presente. De acordo com Kobatsch (ver sua obra- La Politique cono
mique Intemationafe. Paris, Ed. Giard et Brire, 1913), uma economia mundial pressupe forosamenr
ie um Estado mundial. A expresso economia mundial" implica em iim de contas. uma classificao
baseada na amplitude dos laos econmicos. e de modo algum na diferena dos meios de produo
Eis por que um absurdo criticar os marxistas (como faz Han-ns), por verem por trs da economia capi
talista to-somente a economia socialista. sem se darem conta da economia mundial. Harms confunde
classificaes que se relacionam a coisas muito diferentes,
CAPTULO ll
' "A diviso do trabalho no selo da sociedade, no perodo manulaiurcirci, amplamente facilitada pela
expanso do mercado mundial e pelo sistema colonial, que entram na esfera de suas condies gerais
de existncia." (MARX, K. Le Capital. t. ll, p. 254.) isso tambm verdadeiro para nossa poca.
27
28 A ECONOMlA MUNDIALE O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAO DO CAPITAL
l
MULHALL The Dictionary of Statistics p 439_ WEBB New Dictionary of Statistics p. 450.
2 WEBB. Opfcit _Statistisches Jahrbuch fur das Deutsche Reich
3 MULHALL e WEBB
4 lbid
meios de trabalho. Uma parte cada vez mais restrita do trabalho social ,
em contraposio. consagrada produo dos artigos de consumo - e
essa a razo por que a massa especfica destes ltimos, como valores de
consumo, aumenta desmesuradamente. No plano econmico, esse proces
so traduz-se. sobretudo. pelo aumento da composio orgnica do capital
social. pelo crescimento sempre mais intenso do capital fixo, em relao ao
capital varivel, e pela reduo da taxa de lucro. Ora, se no capital, decom
posto em parte constante e parte varivel, produz-se um incessante aumen
to relativo de sua parte constante, esta, por sua vez, faz igualmente surgir
um crescimento desigual do valor de seus componentes. Se se decompe
o capital constante em capital fixo e capital circulante ( a este ltimo que,
em geral. se relaciona o capital varivel), descobre-se a tendncia a um
crescimento mais intenso do capital fixo. A, em suma, se manifesta uma
mesma lei, segundo a qual (nas condies de uma crescente produtividade
do trabalho) as operaes preliminares de produo (a produo dos
meios de trabalho) devem absorver uma parte sempre maior de energia
social?
Explica-se assim a formidvel expanso assumida pela indstria extrati
va e pela indstria metalrgica. Se, de modo geral, pode-se avaliar o grau
de industrializao de um pais segundo o ndice de seu desenvolvimento
econmico, a importncia da indstria pesada define o nvel de desenvolvi
mento econmico nos paises industrializados. Eis porque o surto das foras
econmicas do capitalismo mundial encontra sua expresso mais ntida na
expanso desses ramos industriais.
4*Marx foi o primeiro a descobrir claramente essa lei e a apresentar uma anlise brilhante de suas mani
festaes, em seu estudo sobre as causas da queda da taxa de lucro (ver Le Capital. t. Ill, cap. l). Na
pessoa de Bhm-Bawerk, que considera toda a teoria de Marx como um castelo de cartas. a Economia
Politica burguesa de ho'e plagia com ardor, embora tomando o culdado de mascarar a "fonte". certos
aspectos dessa teoria. o caso da teoria de Bhm-Bawerk sobre "os caminhos desviados da produ
o", teoria que no passa de formulao plorada da Iel de Marx sobre a lonnao da composio or
gnica do capital.
30 A ECONOMIA MUNDIAL E o PROCESSO DE INTERNACIONALIZAO0o CAPITAL
PRODUO MUNDIAL:
PRODUO MUNDIAL
Aumento de Aumento de
187201907 185001907
Importaes Exportaes
1903 101 944 000 Estados Unidos 78 77
1904 104 951 900 Inglaterra 43 52
1905 113 100 600 Alemanha 105 107
1906 124 699 600 Frana 25 54
1907 133 943 500 Rssia 100 85
1908 124 345 400 Pases-Baixos 110 90
1909 132 515 000 Blgica 105 84
1910 146 800 300 ndia 75 62
1911 153 870 0001 Austrlia 35 74
China 64 79
Japo 30o 2332
' St. Jahrb. f. d. D. R. p. 39; The Statesmank Year-Book.
2 HARMS. Op. clt., p, 212.
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL 35
l LEWIN, D. Der Arbeitslohn und die soziale Entwickelung. Berlim, 1913. p. 141; FlLlPPOV, J. L'mi
gration. p. 13. O ltimo dado retirado de The American Year-Book. 1914. p. 385.
2 LEWIN. Op. cit., p. 141.
l Dados de 1902.
2 HARMS. Op. ct., p. 228-229; lSSAlEV. L'conomle Mondlale. p. 82-83.
3WALTERSHAUSEN, Sartorius von. Das uolkswirtschaftliche System der Kapltalanlage im Auslande.
p. 56.
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL 39
Alemanha Blgica
(Em milhes de marcos) (Em milhes de marcos) (Em milhes de francos)
Argentina ' 92,1 Luxemburgo 32 EstadosUnidos 145,6
Blgica 2,4 Mxico 1039 Holanda 70
Bsnia 85 Holanda 81,9 Frana 137
Brasil 77,6 Noruega 60,3 Brasil 143
Bulgria 114,3 ustria 4021,6 Itlia 166
Chile 75,8 Portugal 700,7 Egito 219
Dinamarca 595,4 Romnia 948,9 Alemanha 244
China 356,6 Rssia 3453,9 Argentina 290
Finlndia 46,1 Srvia 152 Congo 322
Gr-Bretanha 7,6 Sucia 355,3 Espanha 337
Itlia 141,9 Sua 437,6 Rssia 441
Japo 1290.4 Espanha 11,2 Diversos 338'
Canad 152,9 Turquia 978,1 Total: 2,75bllhes
Cuba 147 Hungria l506,3
"l LIEFMANN, R. Op. cit., p. 99-104. E evidente que o financiamento pode no se limitar as filiais. As
sim, em 1912, a firma Knopp financia (em associao com as fimias Vladimir Soloviev e Kraft Irmos)
a Manufacture de la Caspienne (sociedade annima), a qual adquiriu os bens de um estabelecimento,
hoje liquidado, fundado no Daguesto pelo industrial moscovita Rechetnikov, pelo banqueiro siberiano
Petrokokino e pelo Banque de Paris et des Pays-Bas (Bideuyie Viedomosti. 15, IV, 1915).
44 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE INTERNACIONALILAO DO CAPITAL
'9 La Vle Internationale. t. V, 1914. n. 5, p. 449 (publicado pelo Office Central des Associations Interna
Iionales. Bruxelas).
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL 45
2 Dr. RIESSER. Dle Deutschen Grossbanken und fhre Konzentratlon ln Zusammenhang mit der
Entwicklung des Gesamtwfrtschaft in Deutschland. 4.' ed., 1912. p. 354.
1' Consultar, em Riesser, a rubrica: "Die gemelnsamen Tochlergesellschaften der deuischen Kredltban
ken zur Pflege berseelscher und auslndlscher Geschaftsbezfehungen" na obra mencionada acima,
pgina 371 et seqs.
71Ibid., p. 375. Deve-se assinalar o rpido desenvolvimento dos bancos alemes: 4, em fins de 1850; 6.
com 32 sucursais, em 1903; 13, com 70 sucursais em 1906.
46 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE lNTERNAClONALlZAO DO CAPITAL
l Mesmo os economistas burgueses comeam a compreende-lo. Eis o que diz Goldsiein: "Que os car
tis e os trustes no estejam em condies de suprimir as crises o que ressalta do fato de o truste do
ao - em cujas mos se encontra, incluidas as empresas filiais,90% da produo de ao dos Estados
Unidos - s ter podido explorar pela metade a capacidade de rendimento de suas usinas etc".
(GOLDSTEIN, l. M. Les Syndicats Industriais et les Trusls et Ia Politique conomique Actuelie. 2.' ed.,
Moscou, 1912. p. 5.) Consultar igualmente TUGAN-BARANOVSKY. Les Crises lndustrielles.
FORMAS DE ORGANIZAO DA ECONOMIA MUNDIAL 49
2 Fizemos o levantamento dos cartis internacionais na obra de Hanns, j citada, nas pginas 254 e se
guintes. Transcrevemo-lo aqui assim como as informaes contidas nesse livro sobre os trustes e os con
srcios bancrios internacionais; sobretudo porque, pelo que sabemos, nada a esse respeito foi publica
do ern lngua russa.
IDRMAS DE ORGANILRO DA ECONOMIA MUNDIAL 51
9 Sartorius von Waltershausen estima ser dos mais limitados o papel das organizaes lntemacionais.
Consultar a obra citada, p. 150. No parece provavel a formao e a existncia de sociedades lntema
cionals com direo centrallmda da produo. evidente, no entanto, que acordos podem vlr a con
clulr-se entre as grandes unies naclonals a fim de dellmltar os "mercados": Harrns desenvolve um pon
to de vista diametralmente oposto.
' SZABO, Envin. "Kneg und Wirtschaftsverlassung". ln: Archlv fr Sozlalwlssenschafr und Sozlalpolitlk.
Publicado por Jatf, t. 39, fasciculo 3, p. 647-648.
54 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE lNTERNAClONALlLAO DO CAPITAL
'l Que pensam os ldelogos da burguesia contempornea dessa "Intemaclonal dourada" (na medida,
bem entendido, em que no se trata de opor as "camadas superiores" as "camadas |nferiores"), o
que mostram as seguintes palavras de Sartorlus: "A 'Internacional dourada' jamais poder constituir
um Ideal para o homem que possui urna ptria e acredita que, nessa ptria, mergulham as raizes de sua
existncia" (Op. cit., p. 14). Isso demonstra que relativamente dbll o processo de internacionalizao
dos interesses capitalistas.
PARTE SEGUNDA
' No podemos, neste livro, entregar-nos a uma explicao pormenorizada das diferenas existentes en
tre essas fonnas; dada a tarefa que aqui nos atribuimos, basta assinalar que no vemos diferena de
principio entre o cartel e o truste, j que este ltimo constitui, a nosso ver_ uma forma mais centralizada
de um mesmo e nico objeto. Todas as tentativas (puramente fonnais) (ver, por exemplo, HElLMANN.
Eduard. Ueber lndluiduallsmus e Solldarismus in der Kapitalistischen Konzentrution. Archives Jaff. t
39. fasciculo 3) de estabelecer uma diferena de principio entre o truste "autocrtico" e o sindicato (ou
cartel) "democrtico" em nada modificam a essncia das coisas, que decorre do papel dessas organiza
es na economia social. Dai no se depreende_ porm, que nada os diferencia - e, sob esse ngulo
de apredao, bom estabelecer essa diferena. De toda maneira, entretanto. ela no conste em
opor um principio "democrtico" a um principio "autocratico". Ver a esse respeito o livro de HlLFER
DlNG. Le Capital Finander. Em sntese, essa diferena traduz-se no fato de que. "inversamente for
mao dO-SUUSOS. a cartelizao no traz consigo o desaparecimento dos antagonismos entre as empre
sas isoladas que aderem ao cartel". (HlLFERDlNG. "Organlzaonsmacht und Staatsgewalt". ln; Neue
Zeit. Ano 32, L ll, p. 140 et. seqs.)
A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLTICA ALFANDEGRIA 59
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a.n.
A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLTICA ALFANDEGRLA 61
2" LIST, Friedrich. Gesammelte Schriften. Publicado por Ludwig Haser. 3 parta, Stuttgart und Tbin
gen, 1851. "Das Nationale System der politischen Oekonomte". p. 302-303.
68 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE NAClONALlZj-\O DO CAPITAL
5 MARX, Karl. Le Capital. Livro Terceiro. p. 118, nota de Engels. Nada disso, porm, impede que H.
Grunzel deixe de assimilar o sentido dos fenmenos assinalados acima. Ver sua Handelpolitlk. 4.' ed.
"Grundriss der Winschaftspolitik". p. 76. justo, no entanto, reconhecer que a dllerena existente en
tre os direitos aduaneiros educativos e cartelistas , de Brentano a Hilferding, um lugar comum na litera
tura referente Economia Politica. Ver, por exemplo. HELLAUER, Joseph. System der Welthandelsleh
re. 1910. t. l, p. 37; TSCHIERSCHKY. Op. cit., p. 86 et seqs.
A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLITICA ALFANDEGARIA 69
2No se deve esquecer que quando falamos de politica etc. dos paises queremos referir-nos politica
dos governos e das foras sodais bem definidas, sobre as quals tals governos se apiam. Infelizmente,
ainda necessrio recordar isso, nos dias de hoje, dado que "o ponto de vista nacional estatal que, sob
o ngulo da cincia. absolutamente inconsistente", o mesmo de homens do gnero de Plekhanov e
companhia. r
T' ISSAIEV. L'Economte Mondlale. p. 115-116. Seja dlto, de passagem, que as "explicaes" do Prof.
Issatev no deixam de ser curiosas. A elevao das tarifas, de 1862 a 1864, explica-se, por exemplo, pe
las "inclinaes proteclonlstas dos homens que admlnlstravam as finanas americanas". Textual! (p.
114-115). Ver igualmente GRUNZEL. Op. clt.
70 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE NACIONALIMO DO CAPITAL
z*ASCHLI, W. J. "La Conference Impriale Britannlque de 1907". ln: Revue conomique lntemationa
le. 1907. t. IV, p. 477.
2 Acrscimos de Kurtchlnsky brochura, j citada, do Prof. Eberg, p. 411. Mesmo o Sr. Kunchlnsky
afirma que a majorao dos direitos alfandeganos sobre os artigos manufaturados alemes "foi pouco
vantajosa para a economia nacional russa" (p. 412). No confunde, pois, "economias" com "emprega
dores". Aviso aos que, "no final de seus dias, relazem sua educao".
A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLTICA ALFANDEGRlA 71
3 Quando falamos de capital nacional, de economia nacional etc. no temos em mente o elemento na
cional, no sentido prprio da palavra, e slm, em todas as situaes, o elemento territorial nacional da vi
da econmica.
CAPTULO V
' MARX, Karl. Le Capital. t. IV, p. 267. Trad. Julian Borchardt e Hlppolyte Vanderrydt.
73
74 A ECONOMIA MUNDIAL E O PROCESSO DE NACIONALIZAO DO CAPITAL
"O comrcio internacional", diz ele, "traz um lucro cuja taxa mais eleva
da porque oferece mercadorias a pases menos avanados do ponto de vista
do processo de fabricao; e porque pode vend-las acima de seu valor, em
bora a preos inferiores ao seu. O trabalho dos pases avanados apresenta
se, nesse caso, como um trabalho de peso especfico mais alto, e estimado
como trabalho de qualidade superior, ainda que no seja pago como tal: da,
necessariamente, uma elevao da taxa de lucro. O que no impede que o
produto seja fornecido ao pas para o qual exportado, a um preo inferior
quele pelo qual esse pas poderia produzi-lo, j que a quantidade de traba
lho nele introduzida pelo pas exportador muito menor que a que lhe seria
consagrada pelo pas menos desenvolvido. Da mesma forma, ao aplicar uma
_novainveno, um fabricante pode aproveitar-se, enquanto ela no se gene
ralizar, da produtividade especfica mais alta do trabalho que realizou, e aufe
rir, assim, um lucro suplementarR vendendo suas mercadorias menos caro
que seus concorrentes, embora a um preo que ultrapassa sensivelmente seu
valor. Por outro lado, os capitais investidos nas colnias trazem lucros de taxa
mais elevada, pois, no plano econmico, essa a regra nos pases pouco de
senvolvidos, nos quais se fazem trabalhar escravos e coolies e se explora o tra
balho com dureza muito maior. Sob um regime de livre concorrncia, nada se
ope - a menos que certos monoplios faam sentir sua influncia- a que
essas taxas mais elevadas contribuam para certa majorao da taxa geral de
lucro."
A Frana operou com sucesso nada menor. "A partir de 1870", escre
ve um imperialista francs, "assistimos a uma verdadeira ressurreio colo
nial. A lll Repblica submete o Anam a seu protetorado, faz a conquista de
Tonquim, anexa o Laos, estende o protetorado francs Tunsia e s Co
mores, ocupa Madagascar, aumenta desmesuradamente suas possesses
do Saara, do Sudo, da Guin, da Costa do Martim, do Daom, das costas
da Somlia, e funda a nova Frana, que vai do Oceano Atlntico e do Con
go ao lago Chade. No m do sculo XIX, a superficie das colnias france
sas era 19 vezes superior da prpria Frana.
O imperialismo alemo intervm mais tardiamente: faz, entretanto, o
que pode para recuperar o tempo perdido. A poltica colonial da Alemanha
data de 1884. lnicia-se com a conquista do sudoeste africano, do Cama
res, do Togo, da frica oriental alem; com a "aquisio" da Nova Guin
e de uma srie de ilhas (Terra do imperador Guilherme, arquiplago Bismarck,
ilhas Carolinas, ilhas Marianas etc.). A seguir a conquista, em 1897, de Kiao
Tcheou e a preparao de uma explorao sem freios da Turquia e da sia Me
nor. Toda essa "evoluo" realiza-seem ritmo verginoso
No que tange poltica colonial russa, recordaremos ao leitor a con
quista da Asia Menor, a poltica manchu e mongol e, nestes ltimos tempos,
a poltica persa da Rssia, encaminhada, como se sabe, com o concurso da
Inglaterra (o heri dessa politica o coronel Liakhov).3
O mesmo sucede com a politica dos pases situados fora da Europa,
entre os quais ocupam o primeiro lugar os Estados Unidos e o Japo.
Em seguida partilha das regies no ocupadas e, em grande parte,
dos mercados livres, a concorrncia mundial entre os grupos capitalistas
"nacionais" devia fatalmente agravar-se ao extremo. O quadro na pgina
seguinte d uma idia da atual repartio dos territrios e dos habitantes.
As grandes potncias adquirem assim, no periodo que vai de 1876 a
1914, cerca de 25 milhes de quilmetros quadrados, 2,5 vezes a superf
cie da Europa. O mundo acha-se quase inteiramente dividido entre os se
nhores" das grandes potncias. Compreende-se, nessas condies, que a
concorrncia assuma gravidade excepcional e que os impulsos da expan
so capitalista, nos paises ainda no ocupados, aumentem na mesma medi
da em que crescem as possibilidades de guerra entre as grandes potncias
capitalistas?
GAFFAREL, Paul. Histoire de !Expansion Coloniaie de la France Depuis 1870 Jusqu'en 1915.
(Prembulo). _
7 KWlG, B. von. "Le Dveloppement Commercial, Economique et Financier des Colonies Alleman
des". ln: Revue con. Int. 1907. v. 4, p. 130 et seqs.
5Ver POKROVSKY, M. N. La Polltique Extneure de Ia Rusie la Fin du XIX' Sicle. Fascculo 35.
Todos os conflitos internacionais que se produziram desde 1871 podem ser imputados poltica colo
nial. Ver PRlDA, Joaquim Fernandez. Historia de los Conflitos lntemationales del Siglo XIX. Barcelona,
1901. p. 118 et seqs. Se a politica expansionista visa, em primeiro plano, s regies ainda no ocupa
das. isso se deve to-somente a que a burguesia segue a linha do menor esforo.
78 A ECONOMIA MUNDIAL E O PROCESSO DE NACIONALIZAO DO CAPITAL
Superfcie
Superfcie das colnias das TOM
metrpoles
Grandes
paramos 1876 1914 1914 1914
km habit. km2 habit. km2 habit. km2 habtt.
' No falaremos dos mtodos de explorao que cobnram de vergonha essa poltica. Recordemos ape
nas que no se trata de uma poltica "passada", mas de uma politica eminentemente atual.
2 No que se refere relao entre a Indstria e a agricultura em conseqncia do encarecimento do cus
to de vida, consultar a brochura, pequena mas notvel, de BAUER, Otto. Dle Tenerung.
MERCADO DAS MATRlAS-PRLMAS E MUDANAS NAS CONDlCES DE AQUISIO 83
Jum - .
M5352' Aggaggo 3017; izrzzr
de L"d"33 m e o' russos americana
Mercado de Hamburgo
(preo em rublos e por pud)l
"O direito de propriedade por si mesmo", diz Marx, no capitulo sobre a ren
da absoluta da terra, "no cria a renda, mas assegura ao proprietrio fundi
rio o poder de subtrair sua terra explorao at o momento em que esta for
nea um excedente, no importando se sua valorizao se efetua por meio da
agricultura propriamente dita ou de outro sistema de produo. O propriet
rio no pode, portanto, ampliar a quantidade absoluta de solo que pode ser
entregue explorao mas apenas a quantidade que age sobre o mercado. E
sucede assim - como Fourier j constatava - que, nos pases civilizados,h
unlia
cu paarte relativamente importante do solo continuamente subtrada agri
tura.
"A propriedade fundiria age, pois, como uma barreira que impede todo
5 Ver sua apresentao das causas da guerra em Die Neue Rundschau. Agosto de 1915. (OPPENHEl
MER, Franz. Die Wurzel des Krieges.) A opinio geral de Oppenheimer sobre a evoluo - tanto quan
to sua "soluo positiva da questo", que, a nosso ver, vai pouco alm das idias desenvolvidas por
Henry George e pelos "reformadores agrrios" burgueses - est resumida em sua obra de "critica":
Die Soziale Frage und der Sozialimus. Diga-sc, de passagem, que o cidado P. Maslow sofre intensa
mente a influncia desse economista burgus.
86 A ECONOMIA MUNDlAL E O PROCESSO DE NAClONALlZAO DO CAPITAL
Os "produtores" in concreto, e, mais ainda, os 'vendedores em geral no produzem uma nica merca
doria, Ver, por exemplo, as lojas de departamentos. No queremos absolutamente com isso contestar a
importncia da especializao. Queremos, to-somente, resgatar os "direitos ultrajados" dos comprado
res.
CAPTULO VII
87
88 A ECONOMIA MUNDIAL E O PROCESSO DE NACIONALIZAO DO CAPITAL
tambm na legislao russa de 1877, 1885 e 1891, assim como nas lets fran
cesas de 1881 e 1892.
" O leitor encontrar, no livro de Pavlovltch, numerosos exemplos de poltica bancria no domnio da
construo ferroviria, politica pela qual pases Inteiros so entregues veracidade dos tubares capita
listas nacionais.
9 Ver a interessante obra: Deutsche Kolonialre/onn, principalmente a segunda pane, intitulada:
"Staatsstreich oder Relormen". Zurique, 1905. p. 1318.
' BRAILSFORD, H. N, The War of Steel and Gold. 1914.
92 A ECONOMIA MUNDlAL E O PROCESSO DE NACIONALIZAO DO CAPITAL
dana traz outra mudana consigo. Um povo forte tem sempre a possibilidade
de intervir. Aqui, o Carpe diem guarda todo o seu valor".
" Deutsche Kolonialreforrn. p. 1396-1397. No se deve esquecer que esse llvro foi escrito em 1905.
Desde ento. a correlao de foras assim como o mapa do mundo sofreram srias modificaes.
CAPTULOVlll
1 MARX, Karl. Le Capital. Livro Terceiro. p. 273-279. essa a razo por que os fatores detemilnantes
da exportao de mercadorias (venda de mercadorias, matrias-primas, mo-de-obra etc.) podem igual
mente detemiinar a exportao de capital. Consultar, a esse propsito, SCHUMACHER, Herman.
Weltwrtschaftliche Studien. Leipzig, 1911; art. "Die Wanderunger der Grosslndustrie ln Deutschland
und Vereinigten Staaten", sobretudo as p. 406-407.
A ECONOMIA MUNDIAL E O ESTADO NACIONAL 97
um pais europeu qualquer", diz ele, "tem, nessas condies, dois tipos de
conseqncia: diretamente, a criao, para o capital, de novas esferas de in
vestimento num pais colonial, e, ao mesmo tempo, um escoamento maior de
mercadorias para a indstria do pais dominante. indiretamente, novas reas
de investimento de capital no interior do pais dominante e ampliao do mer
cado para os produtos da totalidade dos ramos de sua indstria"?
"Com olhar confiante, ele contempla a mescla babilnica dos povos e, aci
ma das demais, v sua prpria nao. Ela real, vive em seu Estado poderoso,
multiplicando ininterruptamente sua fora e seu poder. Consagra todas as suas
foras a seu engrandecimento. Assim se obtm a subordinao dos interesses
do indivduo aos interesses gerais superiores que constituem a condio de to
da ideologia social vital: o Estado - inimigo do povo - e a nao fazem ape
nas um, e a idia nacional, fora motriz, passa a subordinar-se poltica. As con
tradies de classe desapareceram, suprimidas, tragadas pelo fato de que tudo
posto a servio dos interesses do todo. A luta de classe, perigosa, prenhe de
conseqncias desconhecidas para os possuidores, cede lugar s aes gerais
da nao, cimentadas por idntico objetivo: a grandeza nacional.
Die Deutsche Finanz-Rejormen der Zukunft. Pane Ill de "Staafsrelch oder Reformen" uon Einem
Ausland DeusLschen. Zurique, 1907. p. 203.
PARTE TERCEIRA
' Falamos do imperialismo interpretando-o, sobretudo, como a politica do capital financeiro. Pode-se,
entretanto, falar do imperialismo entendendo-o como ideologia. O mesmo se passa com o liberalismo.
que, de um lado, constitui a poltica do capital industrial (livre-cambio etc), mas designa_ ao mesmo
tempo, toda urna ideologia ("liberdade individual" etc).
103
104 O lMPERlALlSMO, REPRODUO AMPLIADA DA CONCORRNCIA CAPlTALlSTA
Para destruir essa teoria, sem deixar pedra sobre pedra desse edificio,
basta indicar alguns fatos concretos. Os anglo-saxes, que tm a mesma ori
gem que os alemes, so seus inimigos mais ferozes; os blgaros e os sr
vios, que falam quase a mesma lngua e so eslavos por natureza, encon
tram-se de um e do outro lado das trincheiras. Pior ainda: os poloneses recru
tam, em seu seio, entusiastas partidrios tanto da orientao austraca como
da orientao russa. O mesmo acontece com os ucranianos, parte dos quais
russfila e outra austrfila. Por outro lado, cada uma das coalizes belige
rantes agrupa as mais heterogneas raas, tribos e nacionalidades.
Que h de comum, em se tratando de raa, entre ingleses, italianos,
russos, espanhis e negros selvagens das colnias francesas, que a "glorio
sa Repblica" conduz camificina, c_omo o faziam os antigos romanos a
seus escravos coloniais? Que h de comum entre alemes e tchecos, ucra
nianos e hngaros, blgaros e turcos, que, juntos, marcham contra a coali
zo dos paises aliados? E bem evidente que no se trata de raas, e sim
das organizaes de Estado de certos grupos da burguesia empenhados na
luta. E tambm evidente que esta ou aquela coalizo de "foras das potn
cias" no determinada pela comunho de alguns problemas de raa, mas
por uma comunho de objetivos capitalistas, em dado momento. No sem
razo, os srvios e os blgaros, que marchavam juntos contra a Turquia h
alguns anos, esto hoje separados em dois campos inimigos. Tambm no
por acaso que a Inglaterra, antes inimiga da Rssia, se transforma hoje
em sua protetora. No , enfim, sem razo que o Japo segue os passos da
burguesia russa, ainda que, 10 anos atrs, o capital japons combatesse o
capital russo, de annas nas mos?
Se, longe de qualquer deformao, se adota um ponto de vista estrita
mente cientfico, a inconsistncia dessa teoria salta aos olhos. Nem por isso,
entretanto, ela deixa de ser amplamente desenvolvida, no obstante sua fal
sidade evidente, na imprensa como nas ctedras universitrias, pela boa
razo" de ser bastante proveitosa a Sua Majestade, o Capital?
Cabe, no entanto, para ser inteiramente justo, constatar que tambm
nos meios "cientficos" imperialistas, proporo que se opera a consolida
o nacional das diferentes "raas" cimentadas pela mo de ferro 'do Esta
do militarista, se assiste a veleidades menos vulgares, mas igualmente incon
7Kautsky ridicularizou, oportunamente, a "teoria das raas". Ver seu llvro Rasse und Judentum, publi
cado durante a guerra.
3 So abundantes, na literatura "cientifica" do periodo da guerra, os exemplos verdadeiramente sur
preendentes de violncias selvagens contra as verdades mals elementares. Procura-se por todos os
meios demonstrar a absoluta ausncia de cultura, assim como a abominvel natureza da "raa" do lni
migo. Uma revista francesa publicou uma espcie de "anlise" visando a demonstrar a seus leitores
que a urina alem contm 1/3 a mais de veneno que a urina aliada em geral, e a urina francesa em par
ticular
O lMPERlALlSMO. CATEGORLA HISTRICA 105
NAUMANN, V. F. Mitteleuropa.
5 conhecida a tese de Clauseu/itz: a guerra a continuao da politica_ por outros meios. Ora, a pr
pria politica a "continuao" ativa, no espao, de dado modo de produo.
106 O IMPERIALISMO. REPRODUO AMPLIADA DA CONCORRNCIA CAPITALISTA
curioso que mesmo sbios, como o historiador russo R. Vipper, gostem de "modemizar" alm da
medida os acontecimentos, fazendo desaparecer todos os limites histricos. Nestes ltimos tempos.
alis, Vipper revelou-se um caluniador chauvinisla sem freios e encontrou assistncia no cidado Rlabu
chinsky.
7O mtodo de economia marxista desenvolvido brilhantemente por Marx. em sua Elnleitung zur Ei
ner Kritik der Politischen Oekonomie. (No confundir esse priogo corn o prefcio de Zur Kritlk, que
contm os princpios essenciais na teoria do materialismo histrico.)
O lMPERlALlSMO,CAGORIA HISTRICA 107
109
11o o IMPERIALLSMO.
RQFRODUOmam DA CONCORRNCIACAPITALISTA
por limite o grau de cresdmento da riquaa social. Em segundo lugar. a parte
do capital social localizada em cada esfera especial da produo reparte-se en
tre numerosos capitalistas. independentes e concorrentes entre si. A essa dis
perso do capital social total em numerosos capitais individuais - ou a essa
repulso recproca de muitos capitais individuais - ope-se a lora de atra
o. J no se trata de uma concentrao simples. idntica acumulao. Tra
ta-se da concentraopde capitais j lomrados, da supresso de sua autono
mia particular, da expropriao de um capitalista por outro, da transformao
de muitos capitais pequenos em um punhado de avultados capitais. Esse pro
cesso distingue-se do anterior por pressupor simplesmente uma repartio di
ferente dos capitais existentes e j em funo. O capital acumula-se nas mos
de um precisamente porque sai das mos de muitos. E a centralizao propria
mente dita. em oposio acumulao e concentrao"?
115
116 O lMPERlALlSMO. REPRODUO AMPLIADADA CONCORRNCIA CAPlTALlSTA
"No se trata", aqui, de ganhar o que quer que seja na prpria empresa:
trata-se. unicamente, de vencer a concorrncia. A partir desse momento, a lu
ta conduzida sem levar em conta os custos de produo. No so estes lti
mos que servem para fixar o limite extremo dos preos, mas sim a potncia
dos capitais e a capacidade de crdito do cartel, isto , o tempo durante o
qual seus liados so capazes de sustentar a luta, sem dela auferir lucro al
gum."
l KESTNER, V. Fritz. Die Organisationszwang. Eine Untersuchung Uber die Kmp/e zwischen Kartellen
und Aussenseitem. Berlim, 1912. Ver, igualmente, no que se refere a Kestner, o artigo de HlLFER
DlNG. "Organisationsmacht und Staaisgewalt." ln: Neue Zeit. 32,2.
7 Ver LAFARGUE. Les Trusts Amricains; NAZAREWSKI. Op. cit. Ver, igualmente, MAYERS, Gusta
vus: History o] the Great American Fortunes. O relatrio do Comit legislativo de seguros, para 1906,
diz: "Est comprovado que as grandes companhias de seguros empenharam-se em colocar a seu servi
o a legislao deste Estado (Nova York) e de outros Estados. (...) Trs companhias dividiram entre si o
pais (...) para se livrarem, desse modo, de grandes dificuldades, cada qual ocupando-se apenas de sua
regio". Mayers acrescenta: " maravilhoso: como a indstria, a corrupo transforma~se num sistema
e se modemiza!" O mesmo relatrio fomece os dados seguintes: em 1904, a Mutual despendeu, em
gastos ligados conupo. 364 254 milhes de dlares; a Equiiable, 172 698 milhes; e a New-York,
204 019 milhes (t. ill, p. 270).
OS MTODOS DE LUTA. VISANDO CONCORRNCIA E AO PODER l 17
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120 o IMPERIALISMO, REPRODUO AMPLIADA DA CONCORRNCIA CAPITALISTA
5 Ver, por exemplo, o livro de Pavlovitch mencionado anteriormente. Kautsky fornece uma variante ain
da mais vulgar dessa teoria, ao afimiar (ver Nationalstaat, lmperialischer Staat und Staatenbund, assim
como vrios artigos na Neue Zeit do tempo de guerra) que a guerra foi provocada (...) pela mobiliza
o. Na realidade, isso significacolocar tudo de cabea para baixo.
Certos socilogos e economistas burgueses o reconhecem, principalmente Franz Oppenheimer_ que
v no Estado a organizao das classes detentoras dos meios de produo (e, em primeiro lugar, da ter
ra) para a explorao das massas populares. At certo ponto, sua definio aproxima-se da teoria mar
xista, ainda que alterando-a sensivelmente (no que concerne imporincia primordial da terra etc.).
Convm assinalar que, em suas notas polmicas contra Oppenheimer, uma personalidade to compe
tente como o economista e socilogo alemo Adolf Wagner admite em larga medida aquela definio,
embora a transfira ao Estado "histrico". Ver seu artigo: "Staat ln Nationalkonomlscher Hinsichi". ln:
Handwnerbuch der Staatsw issenschaften. t. Vll, 3.' ed., p. 731.
os MTODOS DE LUTA VISANDOA CONCORRNCIAE A0 mou: 121
"As leis do comrcio", escreveu este ltimo, "so leis naturais e, portanto,
leis de Deus".
' A respeito da "escola histrica", Marx observa maliciosamente em um de seus trabalhos que a hist
ria aponta apenas seu a posteriorl', como o fizera Jeov a Moiss. lssa observao fere, em cheio. os re
negados atuais do mandsmo.
2 Ver KUNOW, Heinrich. Partei-Zusammenbruch? Ein offenes Won zum inneren Parteistreir. Berlim.
1915.
"NECESSIDADE" DO lMPERlALlSMO E DO SUPERIMPERIALISMO 127
Por radical que se apresente primeira vista, nem por isso essa teoria
deixa de ser essencialmente reformista. Mais tarde, analisaremos, em seus
pormenores, a possibilidade de um "capitalismo pacfico", maneira de
KautskV "su P erim P erialismo"). No momento, limitar-nos-emos a uma ob
jeo de ordem geral e formal, ou seja, que, pelo fato de ser o imperialis
mo uma questo de correlao de foras, no se pode deduzir que ele de
saparea no contexto do regime capitalista, como foi o caso da jornada de
15 horas, dos salrios anormais etc. Se a questo se resolvesse com tanta
sim licidade assaria a ser ossivel "tra ar a ers ectiva se uinte: sabe-se
p . p p _ _
q ue o ca P italismo P ressu P e a a ro na ao da mars-valia elos ca P italistas.
Todo novo valor N decompe-se em duas partes: N = V + m. Quantitati
vamente considerada, essa repartio depende da correlao de foras so
5 KAUTSKY, Karl. Nationalstaat, imperiallsticher Steat und Staatenbund; e artigos de Neue Zeir dos
anos 1914/15. Alm disso, Kautsky se manlfeslava, muito antes, a favor do ponto de vista que se ex
pe a seguir. Foi esta, por exemplo, sua atitude na questo do desarmamentd
"NECESSIDADE" DO lMPERlALlSMO E DO SUPERLMPERIALISMO 129
9 Para evitar qualquer mal-entendido, constatamos que essa afirmao no contradiz, no que quer que
seja, nossa afirmao anterior, segundo a qual o desenvolvimento econmico dos paises avanados
criou as "condies objetivas" para a organizao social da produo. Sob esse ngulo. os paises adian
tados acham-se a um nivel quase igual. No h contradio entre as duas afirmativas, dado que os ter
mos de comparao no so os mesmos.
132 O FUTURO DA ECGDMIA MUNDlALE O lMPERlALlSMO
* A burguesia tem plena conscincia disso. Eis, por exemplo, o que escreve o professor alemo Marx
Krahmann (ver sua obra Krieg und Monranlndustrie. 1.' ed. da srie Krieg und Volkswirtschaft): "Da
mesma forma que na pequena guerra mundial presente, na grande guerra que vir a seguir, e que por
em choque a Amrica do None e o Extremo Oriente, ser Impossivel que um grupo de Estados agr
rios se bata contra urna coalizo de Estados Industriais. l...) A paz universal estaria, portanto, assegu
rada se os Estados industriais pudessem pr-se de acordo. Acontece que, no momento, essa eventuali
dade est excluda " (p. 15).
a. -..
NECESSIDADE" DO IMPERIAIJSMO E DO SUPFBINWERMLISMO 15.4
l Eis o desenvolvimento das exportaes americanas, nos quatro primeiros meses de 1914 e 1915: ja
neiro de 1914, 204,2; janeiro de 1915, 267,9; fevereiro, 173,9 e 299,8 maro, 187,5 e 296,5', abril.
162,5 e 294,5. Tudo em milhes de dlares. (Vestnik Finansou. n." 38.) E caracterstica a declarao do
chefe do Bureau o] Foreign and Domestic Commerce, Sr. Pratt: "Estamos em presena de uma nova
iase comercial em que a expresso 'mercado nacional' se toma arcalca e cede lugar palavra de or
dem de 'mercado universal' (VestnikFinansou. n. 16.)
A GUERRA E A EVOLUO ECONMICA 139
2 BOGOLIEPOV, M. "O mercado americano de capitais". ln: Vestnik Flnansou. 1915, nf' 39, p. 501.
Ver igualmente seu artigo sobre o mesmo lema nos nmeros 37 e 38 de VestnikFinansou.
3Desde o inicio da guerra, Kautsky havia assinalado, em Neue Zelt, o crescente papel da Amrica.
140 O FUTURO DA ECONOMIA MUNDIAL E O IMPERIALISMO
PINNER, Felix: "Die Konjunktur des wirtschaftllchen Soziallsmus". ln: Die Bank. Abril, 1915.
A GUERRA E A EVOLUO ECONMICA 141
Ver KUNOW. Vom Wirtschaftsmarkt". ln: Neue Zeit. Ano 33. t. ll, n. 22; Der Bank- und Geldmarkt
im Ersten Kriegsjahr. Ver igualmente as obras do Dr. Weber: Krleg und Banken; Volkswlnschaftliche
Zeitfragen; Kreg und Volkswinschafl.
7 No que concerne Alemanha, consultar as notas de Muller Johan. "Nationalkonomlsche Gesetzge
bund". "Die durch Krieg Hervorgerulenen Gesetze", "Verordnungen", "Bekanntmachungen" etc. ln:
JahrbUcher/r Nationalkonomie und Slatistlk. 1915.
Ver JAFF. "Die Militansiemng unseres Winschaftslebens. ln: Archlu fr Sozialwissenschajt und Sozial
politik. 1915. V. 40_ caderno 3.
A GUERRA E A EVOLUO ECONMICA 143
"A lei sobre a defesa do pas", declara o ministro, "d ao governo poder
completo sobre todas as usinas. Ela nos confere a possibilidade de colocar os
trabalhos necessrios ao governo acima dos demais. Podemos dispor de usi
nas inteiras, como de cada mquina. E se, em qualquer parte, encontrasse
mos obstculos_ o Ministrio do Abastecimento poderia, servindo-se dessa lei,
aplicar as medidas mais eficazes". 1
PlNNER. "Organislerte Arbelt". ln: Handels-Zeltung des Berliner Tageblatt. 28 de agosto de 1915.
' Colhemos essa citao em Vestnlk Flnansou, n. 24, 1915, p. 518.
" Ver GUYOT, Yves. "Les Problmes conomlques aprs la Guerre". ln: Journal des Economistas. 15
de agosto de 1915.
1' Ver MEYER, E. "Die Drohung mit dem Zwangssyndlkat". ln: Neue Zeit. Ano 33, t. ll, n. 18. Ver,
igualmente: "Die Bergwerksdebatte Im Reichstag". ln: HandeIs-Zeitung des Berliner Tageblatt. n. 435,
26 de agosto.
'J WEBER. Krieg und Banken. p. 14.
144 O FUTURO DA ECONOMIA MUNDIAL E O IMPERIALISMO
'f'Ver, por exemplo, BRAUN, Adolf. ln: Neue Zelt. Ano 33, t. I. p. 584.
'7 PINNER, F. "Die Konjunktur des wlrtschaftllchen Sozlallsmus". ln: Die Bank. Abril. p. 326-327. So
bre monopllos na Alemanha, ver BRAUN, Adolf. "Elektrizlttsmonopol". ln: Neue Zelt. 1915. n. 19 e
20; FISCHER, Edmond. "Das Werden des Elektrizittsmonopols". ln: Sozlalistiche Monastshefte. p.
443 et seqs.; e KAUTSKY. "Zur Frage der Steuem und Monopole". In: Neue Zelt. 1914/15. t. l, p. 682
et seqs.
146 O FUTURO DA ECONOMlA MUNDIAL E O IMPERIALISMO
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A GUERRA E A EVOLUO ECONMICA 147
KUNOW, H. "Die Winschaftsgestattung nach dem Krlege". ln: Correspondenzblart der Genemlkom
mission der Gewerkschaften Deutsch/ends. Ano 25, n. 37. ll de setembro de 1915. Recorde-se que
Kunow retira, de tudo isso, concluses liberais visceralmente errneas.
148 O FUTURO DA ECONOMIA MUNDIAL E O IMPERIALISMO
" BALLOD, Karl. "Einiges aus der Utoplenltteratur der Letzten Jahren". ln: Archiu fr die Geschichte
des Sozialismus und der Arbeiterbewegung. Ano 6, fasctculo l, p. 117-118.
w JAFF. Op. cit., p. 523.
7' KRAHMANN, Max. Krieg und Montanlndustrie. p. 22-23. Lleffmann sustenta um ponto de vista opos
to. (Ver seu Stehen wir dem Sozialismus nher); seu livro escrito, alis contra toda espcie de iluses
em geral, o que ele no procura absolutamente esconder.
A GUERRA E A EVOLUO ECONMICA 149
do das coisas, que est longe de ser belo. O modo de produo capitalista
baseia-se no fato de que os meios de produo se acham monopolizados
pela classe capitalista sobre as bases da economia mercantil. A esse respei
to, pouco importa, em princpio. que o Estado seja a expresso direta des
sa monopolizao, ou que esta decorra da "iniciativa privada". Num e nou
tro caso, conservam-se a economia mercantil (em primeiro plano, no mer
cado mundial) e - o que ainda mais importante - as relaes de classe
entre o proletariado e a burguesia.
O futuro pertence, assim (na medida em que o capitalismo consiga
manter-se), a fonnas econmicas vizinhas do capitalismo de Estado. Essa
ulterior evoluo dos trustes capitalistas nacionais que, no mais alto grau, a
guerra acelera repercutir, por sua vez, sobre a luta mundial que eles tra
vam entre si. J vimos quais foram as repercusses da tendncia transfor
mao dos Estados capitalistas em trustes capitalistas nacionais sobre as re
laes mtuas desses Estados. As tendncias monopolistas existentes no in
terior de cada corpo nacional provocaram imediatamente tendncias mono
polistas de conquista no exterior, as quais agravaram singularmente a con
corrncia e suas formas. A isso veio, ainda, enxertar-se o processo acelera
do de estreitamento do campo de atividade capitalista que se mantinha li
vre. Est, assim, fora de dvida que o futuro prximo ser frtil em confli
tos violentos, e que a atmosfera social continuar saturada de uma
permanente ameaa de guerra. Uma de suas expresses exteriores o ex
traordinrio desenvolvimento do militarismo e das idias imperialistas. O
pas da "liberdade" e do "individualismo", a Inglaterra, j estabeleceu direi
tos aduaneiros e j organizou um exrcito permanente; seu oramento est
militarizado. A Amrica entrega-se abertamente a fonnidveis preparativos
militares. E o mesmo se passa em toda parte: na Alemanha, na Frana, no
Japo. Findaram-se, irreversivelmente, os tempos idlicos de uma existn
cia "pacfica". E a sociedade capitalista rola num turbilho de guerras mun
diais.
Resta-nos dizer algo sobre o futuro das relaes entre as classes, visto
que j evidente que as novas formas de relaes capitalistas no podem
deixar de exercer efeitos sobre a situao dos vrios agrupamentos sociais.
A questo econmica essencial reside em saber qual ser a sorte das dife
rentes partes da renda nacional. Em outras palavras, tudo est em saber co
Se o carter mercantil da produo fosse eliminado (por exemplo, pela organizao da economia mun
dial num nico truste-gigante, cuja impossibilidade demonstramos no capitulo sobre o supenmperialis
mo), teramos uma lonna econmica especifica. J no seria o capitalismo, visto que a produo de mer
cadorias desapareceria, mas, ainda com mais razo, no seria o socialismo, dado que seria mantida (e
mesmo agravada) a dominao de uma classe sobre outra. Uma estrutura econmica desse gnero lem
braria muito mais uma economia fechada de escravlstas, sem a existencia do mercado de escravos.
150 O FUTURO DA ECONOMIA MUNDIAL E O lMPERlALlSMO
"Tudo o que puder ser tributado o ser, e o peso dessa contribuio ser
esmagador",
Pouco faltava para que uma greve nas estradas de ferro ou nos correios fos
se considerada um atentado segurana do Estado. A guerra veio agravar
ainda mais a sujeio dessas camadas do proletariado a seus senhores. Na
medida em que o capitalismo de Estado confere uma importncia oficial
quase totalidade dos ramos da produo, e em que estes ltimos so colo
cados a servio da guerra, o cdigo penal passa a aplicar-se a todo o pro
cesso de produo. Os operrios no tm liberdade de deslocamento, nem
direito de greve, nem direito de filiar-se aos partidos chamados anticonsti
tucionais", nem direito de escolher os estabelecimentos em que desejam
trabalhar etc. So transformados em servos j no ligados gleba, mas
usina. E passam a ser os escravos brancos do Estado facnora imperalista
que, nos limites de sua organizao, absorve todo o processo de produo.
Os antagonismos de classe adquirem, dessa maneira, uma importncia
essencial que antes no podiam ter. As relaes entre as classes encontram
a mais clara, a mais ntida possvel das expresses; e o mito de um "Estado
acima das classes" esvai-se dos espritos, j que o Estado se transforma di
retamente em patro e em organizador da produo. Dissimuladas, at
aqui, por um nmero imenso de elos intermedirios, as relaes de proprie
dade aparecem hoje em toda a sua nudez. Ora, se esta deve ser a situao
da classe 'operria nos curtos intervalos entre as guerras, fora de dvida
que ela ainda ser agravada nos perodos de guerra. O jornal dos crculos fi
nanceiros ingleses, o Economist, tinha, pois, razo de dizer, no incio da
guerra, que esta marcava para o mundo o surgimento de urna era de confli
tos extremamente violentos...
CAPTULO XIV
Sumrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Prlogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Prefcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0x10.)
Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Composto na Diviso Grfica da Editora Abril SA.
impresso e acabamento: Crculo do Livro S.A.
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