Malaria

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VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

FUNASA
Manual
de Terapêutica
da Malária
Manual de
Terapêutica da Malária

Brasília, dezembro de 2001


© 1973. Ministério da Saúde. Superintendência de Campanhas de
Saúde Pública - Sucam

6a edição revisada

Tiragem: 20.000 exemplares

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que


citada a fonte.

Editor:
Assessoria de Comunicação e Educação
em Saúde – Ascom/Pre/FUNASA.
Setor de Autarquias Sul, Quadra 4, Bloco N, 5º Andar
Sala 517
CEP: 70.070-040 - Brasília - DF

Distribuição e Informação:
Gerência Técnica de Malária. Assessoria de Descentralização e
Controle de Endemias (ASDCE)
Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi)
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)
Setor de Autarquias Sul, Quadra 4, Bloco N, 7o Andar, Sala 713
CEP: 70.070-040 - Brasília - DF
Telefones: (0xx61) 314-6355/314-6481/321-1410/321-2203
Fax: (0xx61) 321-1410/321-2203
E-mail: [email protected]

Impresso no Brasil/Printed in Brazil

Manual de Terapêutica da Malária / Colaboração de Agostinho


Cruz Marques [et al]. Brasília: Ministério da Saúde. Funda-
ção Nacional de Saúde. 2001
104 p. il.
1. Malária - terapêutica. I. Marques, Agostinho Cruz. (col.).
II. Brasil - Ministério da Saúde. III. Brasil - Fundação Nacional
de Saúde.
Prefácio

Não obstante o elevado grau de desenvolvimento científico e tecnológico


alcançado pela humanidade, os países tropicais e subtropicais não conseguiram,
ainda, controlar a malária, entre os problemas de saúde coletiva mais
importantes.
Anualmente, milhões de pessoas, nos diferentes continentes padecem
dessa enfermidade, e um número considerável chega ao óbito. No Brasil, mais
de 60% do seu território possui condições de transmissão da malária ou está
em franca fase de transmissão da 2
doença, cuja área endêmica original
corresponde a 6,9 milhões de km .
Apesar dos resultados que se vêm obtendo com a adoção da estratégia
global de controle integrado da malária, especialmente com a expansão da
rede de laboratórios para efetuar o diagnóstico e o tratamento oportuno dos
doentes, permitindo o resgate, ainda que parcial, de um dos objetivos do pro-
grama, que é diminuir as perdas sociais e econômicas provocadas pela doen-
ça, ainda é um desafio para cientistas e trabalhadores da saúde fazer com que
essas ações cheguem para todos os que delas necessitem, em especial aqueles
que habitam os locais mais isolados e distantes do país, onde de fato a malária
é mais incidente e de maior gravidade.
A efetiva integração interinstitucional viabilizada por intermédio da
certificação de Estados e Municípios para assumirem a gestão das ações de
epidemiologia e controle de doenças, com a clara atribuição de responsabili-
dade e competências para cada esfera de governo, é mais um grande passo no
sentido da consolidação do Sistema Único de Saúde ao disponibilizar o diag-
nóstico oportuno e o tratamento adequado, como ações absolutamente indis-
pensáveis ao controle da transmissão da malária na região.
O tratamento correto e oportuno da malária reduzirá sua duração e
evitará a ocorrência de complicações e morte. Para que isto se consubstancie,
é necessário e fundamental o efetivo envolvimento dos sistemas locais de saú-
de, especialmente os componentes deste sistema que promovem a atenção
básica de saúde, inclusive as estratégias do Programa de Agentes Comunitários
de Saúde do Programa de Saúde da Família.
Exercendo uma de suas principais funções dentro do SUS, que é, a
normatização e a assessoria técnica a Estados e Municípios, a FUNASA
disponibiliza o presente documento como contribuição ao tratamento dos
doentes maláricos, beneficiando o controle da endemia.
Este não é um documento final, definitivo; ele será revisado periodica-
mente, com vistas a sua permanente atualização, seja mediante a incorpora-
ção de novos conhecimentos, seja com a introdução de novos esquemas de
tratamento e de novas drogas. Um esforço consistente será feito para genera-
lização do seu uso por todas as instituições de saúde.

Mauro Ricardo Machado Costa


Presidente da FUNASA
Apresentação

A partir de 1993, o Brasil vem colocando em prática a estratégia global de


controle integrado - “uma ação conjunta e permanente do governo e da socieda-
de, dirigida para a eliminação ou redução de riscos de adoecer ou morrer de
malária” - conforme recomendação da Conferência Ministerial de Amsterdã (Ou-
tubro, 1992). Esta estratégia visa prevenir a mortalidade, reduzir a morbidade e
aliviar as perdas sociais e econômicas produzidas pela malária, mediante o forta-
lecimento dos níveis regional e local de atenção à saúde. Estes objetivos deverão
ser alcançados pelo diagnóstico precoce e tratamento imediato dos casos, uso de
medidas seletivas contra vetores, detecção oportuna de epidemia e avaliação regu-
lar da situação local da malária através do monitoramento dos fatores de risco.
Com a publicação da Portaria n°. 1.399, de 15 de dezembro de 1999,
regulamentou-se a competência da União, Estados, Municípios e Distrito Fe-
deral, na área de Epidemiologia e Controle de Doenças (ECD), definindo-se a
sistemática de financiamento dessas ações. Compete ao Ministério da Saúde,
através da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), além de participar no fi-
nanciamento das ações de ECD, exercer a coordenação nacional dessas ações,
executando-as de forma complementar à atuação dos Estados ou suplementar
e em caráter excepcional, quando constatada insuficiência da ação estadual;
definir atividades e parâmetros que integrarão a Programação Pactuada Inte-
grada – PPI-ECD; normatizar e dar assistência técnica a Estados e excepcio-
nalmente a Municípios; garantir a provisão de insumos estratégicos
(imunobiológicos, medicamentos, inseticidas e meios de diagnóstico
laboratorial); capacitar recursos humanos; assessorar as Secretarias Estadu-
ais e Municipais de Saúde na elaboração do PPI-ECD; fiscalizar, supervisionar
e controlar a execução das ações de ECD.
Em muitos países, inclusive no Brasil, seguindo recomendação da Or-
ganização Mundial da Saúde (OMS), a partir de 1993, os antigos programas
de erradicação da malária transformaram-se em programas de controle da
doença. Não só mudaram seus objetivos como também a metodologia e a
estratégia de sua aplicação. A atenção ao doente passou a ser o objetivo fun-
damental do programa, procurando-se evitar a letalidade e a gravidade da
doença, por meio de ampla oferta de serviços de diagnóstico e de tratamento.
Para tal, técnicas de diagnóstico rápido (imunotestes) foram disponibilizadas
para aplicação em áreas remotas e de difícil acesso e as unidades de diagnós-
tico e tratamento foram ampliadas em mais de 350% ao final do ano de 1999.
As ações relacionadas ao controle do vetor passaram a ser orientadas pelas
características epidemiológicas e entomológicas específicas de cada região.
O Programa de Controle Integrado da Malária (PCIM) no Brasil, inclu-
ído com destaque nas ações de ECD, não deve ser entendido como uma atividade
autônoma dentro do SUS, mas, pelo contrário, deve estar integrado às outras
atividades do Sistema. Não só as ações de diagnóstico e tratamento, mas todos
os outros componentes do PCIM estão sendo reformulados dentro da pers-
pectiva do SUS.
Em 2000, entre mais de 2,5 milhões de pessoas suspeitas de malária
atendidas em todo o país, foram confirmados 610.760 casos pelo exame
parasitoscópico da gota espessa. Desse total, 608.932 encontravam-se na Ama-
zônia Legal, com maiores contingentes nos Estados do Pará (278.203), Ama-
zonas (96.026) e Maranhão (78.817), os quais reuniram 74% do total de
casos de malária da região. Com a implantação em junho de 2000 do Plano de
Intensificação das Ações de Controle da Malária na Amazônia Legal (PIACM),
houve uma redução em 3,5% no número absoluto de casos em relação a
1999, o que se traduz como um reflexo positivo do início da tendência de
redução da transmissão da malária na região. Esse Plano tem por objetivo
reverter a tendência de crescimento dos casos e de mortes provocados pela
doença, assim como fazer recuar esta endemia a um nível epidemiológico
sustentável e de controle factível. A principal meta do plano é reduzir em 50%
a incidência da malária nos nove estados da Amazônia Legal, até dezembro de
2003, conforme estabelecido no Programa “Avança Brasil”, do Plano Plurianual
de investimentos do Governo Federal para o quadriênio 2000-2003,
Considerando a alta concentração de malária na Amazônia (99,7% dos
casos em 2000) e as peculiaridades epidemiológicas locais, foram preparadas
propostas em cada Estado da Amazônia Legal, com vistas à elaboração do
Plano, que contou com a participação de todas as Secretarias Estaduais de
Saúde dos nove Estados envolvidos. Para isso, estratificaram-se, previamente,
as respectivas áreas endêmicas, com base na Incidência Parasitária Anual (IPA).
Identificaram-se, em cada unidade federada, as áreas de “alto”, “médio” e
“baixo” riscos, priorizando-se, para fins de intensificação das ações, as de
“alto risco”, mas mantendo-se ações de vigilância nas demais (Figura 1). Ênfase
foi dada à vinculação das ações do PCIM nas atividades dos Programas de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Programas de Saúde da Família (PSF),
objetivando-se ampliar a cobertura do diagnóstico e tratamento dos casos.
A estratégia de distribuição de drogas antimaláricas, os tipos de trata-
mento apropriados e a participação efetiva dos serviços permanentes de saú-
de na assistência ao paciente com malária exigem o estabelecimento de nor-
mas e orientação suficientemente claras e abrangentes para o atendimento de
diferentes situações epidemiológicas e operacionais. Por esta razão, elabo-
rou-se o presente Manual de Terapêutica da Malária, o que se destina ao pes-
soal de todos os níveis de serviços de saúde, públicos e privados, e deverá
contribuir para aprimorar a utilização dos medicamentos antimaláricos, vi-
sando ao tratamento oportuno e apropriado de doentes de malária, à preven-
ção de formas graves e, conseqüentemente, à redução da mortalidade por
malária.
Esta edição compreende os seguintes capítulos:
§ Considerações gerais sobre a malária
§ Terapêutica da malária
§ Esquemas de antimaláricos recomendados pelo Ministério da Saúde
§ A resposta dos plasmódios ao tratamento
§ Profilaxia da malária
§ Glossário
§ Referências bibliográficas
§ Anexos
A nova edição do Manual foi revisada e atualizada por um grupo de
especialistas em terapêutica de malária, que integram o Comitê Técnico-
Consultivo do PCIM no Brasil:
§ Angel Valencia - Organização Pan-Americana da Saúde/OMS
§ Antônio Rafael da Silva - Universidade Federal do Maranhão
§ Carlos José Mangabeira da Silva - Fundação Nacional de Saúde/MS
§ Cor Jesus Fernandes Fontes – Núcleo de Estudos de Doenças Infec-
ciosas e Tropicais de Mato Grosso/UFMT
§ Joaquim Caetano de Almeida Netto - Universidade Federal de Goiás
§ José Maria de Souza - Instituto Evandro Chagas - Fundação Nacio-
nal de Saúde/MS
§ Marcos Boulos - Universidade de São Paulo
§ Maria das Graças Costa Alecrim - Fundação de Medicina Tropical
do Amazonas e UFAM
§ Mauro Shugiro Tada - Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de
Rondônia
§ Pedro Luiz Tauil - Universidade de Brasília
§ Vanize de Oliveira Macedo - Universidade de Brasília
§ Wilson Duarte Alecrim - Fundação de Medicina Tropical do Ama-
zonas e UFAM
Sumário

1. Considerações gerais sobre a malária ................................... 11


1.1. Introdução ...................................................................... 11
1.2. Ciclo biológico dos plasmódios ....................................... 12
1.3. Manifestações clínicas .................................................... 14
1.4. Malária não complicada ................................................. 14
1.5. Malária grave e complicada ........................................... 15
1.6. Diagnóstico da malária .................................................. 16
2. Terapêutica da malária .......................................................... 21
2.1. O papel da quimioterapia no controle da malária.......... 21
2.2. Objetivos da quimioterapia da malária .......................... 22
2.3. As drogas antimaláricas ................................................. 23
2.4. Farmacologia dos antimaláricos ..................................... 24
• Cloroquina .............................................................. 27
• Primaquina .............................................................. 30
• Quinina ................................................................... 34
• Doxiciclina ............................................................... 38
• Mefloquina .............................................................. 40
• Artemisinina e seus derivados ................................. 43
• Clindamicina ........................................................... 48
• Tetraciclina .............................................................. 50
• Amodiaquina .......................................................... 53
• Halofantrina ............................................................ 55
3. Esquemas de tratamento para a malária recomendados pelo
Ministério da Saúde .............................................................. 59
3.1. Esquemas de primeira escolha ....................................... 61
• Tabela 1 .................................................................. 61
• Tabela 2 .................................................................. 62
• Tabela 3 .................................................................. 63
• Tabela 4 .................................................................. 64
3.2. Esquemas alternativos .................................................... 65
• Tabela 5 .................................................................. 65
• Tabela 6 .................................................................. 66
• Tabela 7 .................................................................. 67
• Tabela 8 .................................................................. 68
• Tabela 9 .................................................................. 69
• Tabela 10 ................................................................ 70
3.3. Tratamento da malária grave e complicada .................... 71
4. A resposta dos plasmódios ao tratamento ............................. 72
4.1. Definição ........................................................................ 72
4.2. O espectro da resposta terapêutica ................................ 73
4.3. Avaliação da resposta terapêutica antimalárica .............. 73
5. Profilaxia da malária ............................................................. 76
5.1. Medidas de proteção individual ...................................... 76
5.2. Medidas de proteção coletiva ......................................... 77
5.3. Informações sobre a quimioprofilaxia ............................. 78
5.4. Quimioprofilaxia de recaídas de P. vivax para
gestantes e crianças ..................................................... 78
6. Glossário ............................................................................... 79
7. Referências bibliográficas ...................................................... 89
8. Anexos .................................................................................. 91
• Anexo 1 ........................................................................... 91
• Anexo 2 ........................................................................... 94
• Anexo 3 ........................................................................... 98
1. Considerações gerais sobre a malária

1.1. Introduçã
Introduçãoo

A malária humana, uma doença parasitária que tem como agentes


etiológicos protozoários do gênero Plasmodium, é transmitida ao homem
pela picada de um mosquito do gênero Anopheles. Na América Latina, o mai-
or número de casos é verificado na Amazônia Brasileira, com registro de cer-
ca de 500 mil casos/ano. O desenvolvimento intensificado da Amazônia nas
décadas de 70 e 80 acelerou o processo migratório, atraindo moradores de
outras regiões do país, graças aos projetos de colonização e expansão da fron-
teira agrícola, construção de estradas e hidrelétricas, projetos agropecuários,
extração de madeira e mineração. Nesta região, as precárias condições
socioeconômicas da população migrante determinaram a rápida expansão da
Figura 1 - Classificação das áreas de risco para malária, segundo a incidência
parasitária anual (IPA) e o local provável de infecção. Brasil, 2000

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doença. Em 1999, 632.813 casos da doença foram registrados no Brasil, dos
quais 99,7% na Amazônia Legal (divisão política do território nacional que
engloba nove Estados: Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, Mato
Grosso, Tocantins e Maranhão). Destacaram-se pela intensidade de transmis-
são os Estados do Pará, Amazonas e Rondônia, responsáveis por 76% dos
casos relatados, prevalecendo as infecções pelo Plasmodium vivax (80,8%)
sobre o P. falciparum (19,2%).

1.2. Ciclo biológico dos plasmódios

A infecção inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados no


homem pelo inseto vetor. Estas formas desaparecem da circulação sangüínea
do indivíduo suscetível dentro de 30 a 60 minutos para alcançarem os
hepatócitos, onde evoluem. Após invadir o hepatócito, os esporozoítos se dife-
renciam em trofozoítos pré-eritrocíticos. Estes se multiplicarão por reprodu-
ção assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes teciduais
e posteriormente a milhares de merozoítos que invadirão os eritrócitos. Esta
primeira fase do ciclo é denominada exo-eritrocítica, pré-eritrocítica ou tecidual
e, portanto, precede o ciclo sangüíneo do parasito (Figura 2).
O desenvolvimento nas células do fígado requer aproximadamente uma
semana para o P. falciparum e P. vivax e cerca de duas semanas para o P.
malariae. Nas infecções por P. vivax, o mosquito vetor inocula populações
geneticamente distintas de esporozoítos: algumas se desenvolvem rapidamen-
te, enquanto outras ficam em estado de latência no hepatócito, sendo, por
isso, denominadas hipnozoítos (do grego hypnos, sono). Estes hipnozoítos
são responsáveis pelas recaídas da doença, que ocorrem após períodos variá-
veis de incubação, em geral dentro de seis meses para a maioria das cepas de
P. vivax.
O ciclo eritrocítico inicia-se quando os merozoítos teciduais invadem
os eritrócitos. O desenvolvimento intra-eritrocítico do parasito se dá por
esquizogonia, com conseqüente formação de merozoítos, que se multiplicam
por divisão binária, até que são liberados na circulação após ruptura do

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eritrócito, para em seguida invadirem novos eritrócitos. Depois de algumas
gerações de merozoítos sangüíneos, algumas formas se diferenciam em está-
gios sexuados, os gametócitos, que não mais se dividem e que seguirão o seu
desenvolvimento no mosquito vetor, dando origem aos esporozoítos (Figura
2). O ciclo sangüíneo se repete sucessivas vezes, a cada 48 horas, nas infec-
ções pelo P. falciparum e P. vivax, e a cada 72 horas nas infecções pelo P.
malariae. Como no Brasil o P. falciparum e o P. vivax são os mais importan-
tes, no presente Manual dar-se-á ênfase a essas duas espécies do parasito. A
malária por P. ovale, ocorrente apenas no continente africano, pode ocasio-
nalmente, ser diagnosticada no Brasil, devendo ser tratada da mesma forma
que a malária por P. vivax.

Figura 2 - Ciclo biológico do Plasmodium

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1.3. Manifestações clínicas

O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de


plasmódio, sendo de 8 a 12 dias para P. falciparum, 13 a 17 para P. vivax e
28 a 30 dias para P. malariae.
Uma fase sintomática inicial, caracterizada por mal-estar, cefaléia, can-
saço e mialgia, geralmente precede a clássica febre da malária. O ataque
paroxístico inicia-se com calafrio que dura de 15 minutos a uma hora, sendo
seguido por uma fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir 41oC
ou mais. Após um período de duas a seis horas, ocorre defervescência da
febre e o paciente apresenta sudorese profusa e fraqueza intensa.
Após a fase inicial, a febre assume um caráter intermitente, dependente
do tempo de duração dos ciclos eritrocíticos de cada espécie de plasmódio:
48 horas para P. falciparum e P. vivax (malária terçã) e 72 horas para P.
malariae (malária quartã). Entretanto, a constatação desta regularidade é
pouco comum nos dias atuais, em decorrência de: a) tratamento precoce
realizado ainda na fase de assincronismo das esquizogonias sangüíneas; b)
infecção por populações distintas de plasmódios e 3) infeção em primo-
infectados por retardo da resposta imune específica.

1.4. Malária não complicada


Malária

As manifestações clínicas mais freqüentemente observadas na fase agu-


da são comuns às quatro espécies que parasitam o homem.
Em geral, os acessos maláricos são acompanhados de intensa debilidade
física, náuseas e vômitos. Ao exame físico, o paciente apresenta-se pálido e
com baço palpável. Em áreas de transmissão intensa, como na África, a malária
é considerada a principal causa de febre em crianças, sendo um evento raro
nos adultos. No Brasil, a febre é referida pela grande maioria dos pacientes.
A anemia, apesar de freqüente, apresenta-se em graus variáveis. Esti-
ma-se que cerca de 20% dos pacientes com malária tenham hematócrito infe-
rior a 35% na fase aguda da doença.

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1.5. Malária grave e complicada

Adultos não imunes, bem como crianças e gestantes, podem apresentar


manifestações mais graves da infecção, podendo ser fatal no caso de P.
falciparum e que, em geral, é função do nível de parasitemia. Considera-se
hiperparasitemia quando estão mais de 2% das hemácias parasitadas no
primoinfectado e mais de 5% das hemácias parasitadas naqueles indivíduos
que já tiveram várias malárias no passado. Na prática, consideram-se
hiperparasitados os pacientes que apresentam, na gota espessa, positividade
igual ou superior a três cruzes ou presença de esquizontes com qualquer nível
de parasitemia.
Hipoglicemia, convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia, icterícia e
distúrbio da consciência, são indicadores de pior prognóstico e podem prece-
der às seguintes formas clínicas da malária grave e complicada:
Malária cerebral: estima-se que ocorra em cerca de 2% dos indiví-
duos não imunes, parasitados pelo P. falciparum. Os principais sintomas são
uma forte cefaléia, hipertermia, vômitos e sonolência. Em crianças ocorrem
convulsões. O paciente pode evoluir para um quadro de coma, com pupilas
contraídas e alteração dos reflexos profundos.
Insuficiência renal aguda: caracteriza-se pela redução do volume
urinário a menos de 400 ml ao dia e aumento da uréia e da creatinina
plasmáticas. É mais freqüente em adultos do que em crianças e tem sido des-
crita como a complicação grave mais freqüente de áreas de transmissão instá-
vel, como o Brasil.
Edema pulmonar agudo: é particularmente comum em gestantes e
inicia-se com hiperventilação e febre alta. As formas mais graves caracterizam-
se por intensa transudação alveolar, com grave redução da pressão arterial de
oxigênio (síndrome da angústia respiratória do adulto).
Hipoglicemia: mais freqüente em gestantes e crianças, ocorre geral-
mente em associação com outras complicações da doença, principalmente a
malária cerebral. Os níveis de glicose sangüínea são inferiores a 30 mg/dl e a
sintomatologia pode estar ausente ou ser mascarada pela sintomatologia da
malária. Pacientes em tratamento com quinina podem apresentar acentuação
da hipoglicemia.

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Disfunção hepática: definida instalação de icterícia acentuada, com
aumento maior que três vezes nos níveis séricos de transaminases.
Hemoglobinúria: caracterizada por hemólise intravascular aguda ma-
ciça, acompanhada por hiper-hemoglobinemia e hemoglobinúria, ocorrendo
em alguns casos de malária aguda e também em indivíduos que tiveram repe-
tidas formas de malária grave por P. falciparum. O paciente apresenta urina
cor de coca-cola, vômitos biliosos e icterícia intensa. Necrose tubular aguda
com insuficiência renal é a complicação mais freqüente e que pode causar a
morte.
Para o diagnóstico de malária grave, algumas características clínicas
devem ser observadas atentamente: hiperparasitismo, anemia grave, icterícia,
hipertermia mantida, distúrbios hidroeletrolíticos e do equilíbrio ácido-base,
insuficiência respiratória, insuficiência renal, alteração do nível de consciên-
cia, colapso circulatório, distúrbios hemorrágicos e da coagulação,
hipoglicemia e coma.

1.6. Diagnóstico da malária

Diagnóstico clínico: Por orientação dos programas oficiais de con-


trole, em situações de epidemia e em áreas de difícil acesso da população aos
serviços de saúde, indivíduos com febre são considerados portadores de ma-
lária. Entretanto, os sintomas da malária são extremamente inespecíficos, não
se prestando à distinção entre a malária e outras infecções agudas do homem.
Além disso, indivíduos semi-imunes ao plasmódio podem ter parasitos da
malária sem sintomas da doença. Portanto, o fundamental no diagnóstico clí-
nico da malária, tanto nas áreas endêmicas como nas não endêmicas, é sem-
pre pensar na possibilidade da doença. Como a distribuição geográfica da
malária não é homogênea nem mesmo nos países onde a transmissão é eleva-
da, torna-se importante, durante a elaboração do exame clínico, resgatar in-
formações sobre a área de residência ou relato de viagens indicativas de expo-
sição ao parasito. Além disso, informações sobre transfusão de sangue ou uso
de agulhas contaminadas podem sugerir a possibilidade de malária induzida.

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Diagnóstico laboratorial: Mesmo após o avanço de técnicas para
o diagnóstico da malária ocorrido nas últimas décadas, o exame da gota es-
pessa de sangue continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e
realizável em qualquer lugar. Sua técnica baseia-se na visualização do parasito
através de microscopia ótica, após coloração com corante vital (azul de metileno
e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos parasitos a partir da
análise da sua morfologia e pelos estágios de desenvolvimento dos parasitos
encontrados no sangue periférico. A determinação da densidade parasitária,
útil para a avaliação prognóstica, deve ser realizada em todo paciente com
malária, especialmente nos portadores de P. falciparum. Para tal, o exame
padrão da gota espessa deve ser de 100 campos microscópicos, examinados
com aumento de 600-700 vezes, o que equivale a 0,25 µl de sangue. Um mé-
todo semiquantitativo de avaliação da parasitemia, expressado em “cruzes”, é
então obtido, conforme quadro abaixo:
Quadro 1 - Avaliação semiquantitativa da densidade parasitária por plasmódio
na gota espessa de sangue
Número de parasitos Parasitemia Parasitemia quantitativa
contados/campo qualitativa (por mm3)

40 a 60 por 100 campos +/2 200-300


1 por campo + 301-500
2-20 por campo ++ 501-10.000
21-200 por campo +++ 10.001-100.000
200 ou mais por campo ++++ > 100.000

Obs.: para exames com menos de 40 parasitos por 100 campos, expressar o resultado pelo número de
parasitos contados.

Uma forma mais precisa de quantificar a parasitemia é feita pela conta-


gem simultânea de parasitos e leucócitos em 200-500 campos da gota espessa.
Se a contagem global de leucócitos do paciente é conhecida, a razão parasitos/
leucócitos da lâmina permitirá a determinação da parasitemia por mm3 de
sangue.
Após o surgimento da resistência do P. falciparum à cloroquina, a dife-
renciação específica dos parasitos tornou-se importante para a orientação do

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tratamento. Uma vez que o P. falciparum completa o seu ciclo eritrocítico,
assexuado, aderido ao endotélio capilar, a sua detecção no exame do sangue
periférico é suspeitada quando apenas trofozoítos e gametócitos são
visualizados. Em contrapartida, a visualização de todos os estágios de desen-
volvimento de ciclo sangüíneo na gota espessa sugere P. vivax ou P. malariae.
O diagnóstico parasitológico da malária pela gota espessa é dependen-
te dos seguintes fatores:
a) habilidade técnica no preparo da lâmina, seu manuseio e coloração;
b) qualidade ótica e iluminação do microscópio;
c) competência e cuidado por parte do microscopista;
d) capacidade de detecção de parasitemia igual ou superior a 10-20
parasitos/microlitro de sangue, quando 100 campos microscópi-
cos são examinados por microscopista devidamente treinado.
Atender a todos esses quesitos é impraticável em muitos locais onde a
malária ocorre, seja pela precariedade das unidades de saúde ou pela
dificuldade de acesso da população aos centros de diagnóstico. Por esta razão,
nos últimos dez anos, métodos rápidos, práticos e sensíveis vêm sendo
desenvolvidos.
O primeiro deles foi o QBC (quantitative buffy coat). É uma técni-
ca que combina a concentração dos parasitos pela centrifugação do sangue
em tubos de micro-hematócrito e a coloração dos ácidos nucléicos (DNA e
RNA) do parasito pelo fluorocromo chamado laranja de acridina. É um teste
sensível e específico, não necessitando de profissional altamente qualificado
para a sua interpretação, útil para bancos de sangue, principalmente de áreas
endêmicas, para a triagem de doadores, já que, nessas circunstâncias, o volu-
me de trabalho e a maior probabilidade de baixas parasitemias tornariam
impraticável o exame da gota espessa. Trata-se de técnica de alto custo finan-
ceiro, já que envolve microscopia epifluorescente e tubos previamente prepa-
rados com anticoagulante e corantes especiais. Embora vários estudos tenham
mostrado a eficiência do QBC para o diagnóstico da malária, análises mais
recentes têm demonstrado que, embora mais rápido e mais objetivo, o QBC
ainda não se mostrou superior à gota espessa no diagnóstico parasitológico
da malária.

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Um grande avanço na metodologia diagnóstica da malária foi consegui-
do a partir de 1993, com o desenvolvimento de ensaios rápidos baseados na
captura qualitativa de um antígeno de P. falciparum, a proteína 2, rica em
histidina (PfHRP2), conhecidos comercialmente como ParaSight-F (Becton
& Dickinson) e ICT Malária Pf (ICT Diagnostics). Fitas de papel de
nitrocelulose contendo anticorpo monoclonal específico contra peptídeos da
PfHRP2 são a base do teste. Uma gota de sangue é lisada com detergente e a
ela aplica-se a fita, sobre a qual o lisado é lentamente absorvido. A reação da
PfHRP2 com o seu anticorpo monoclonal é revelada pela adição de anticorpo
policlonal anti-HRP2 conjugado com liposomas contendo o corante
sulforodamine B. Para controle do teste, PfHRP2 é também fixada à fita, 8 mm
acima do anticorpo monoclonal. Tanto a fita quanto os reagentes são extrema-
mente estáveis, sendo adequados para a realidade de trabalho de campo, onde
a temperatura e a umidade são geralmente elevadas e muito variáveis.
Sensibilidades superiores a 95% têm sido reportadas quando o
ParaSight-F é comparado à gota espessa e com parasitemias superiores a
60 parasitos/µl. Entretanto, com parasitemias menores, a sensibilidade dimi-
nui drasticamente, sendo inferior a 60% nos casos de parasitemia iguais ou
inferiores a 10 parasitos/µl. Pela sua praticidade e facilidade de realização,
tanto o ParaSight-F como o ICT Malária Pf têm sido considerados testes
úteis para a triagem e mesmo para a confirmação diagnóstica, principalmente
em situações onde é complicado processar o exame da gota espessa, como
áreas de difícil acesso, ou em situações de baixa parasitemia. No entanto,
PfHRP2 só é produzida pelo P. falciparum, não sendo possível, portanto, di-
agnosticar outras espécies de plasmódios com esses testes. Isto representa um
inconveniente para a nossa realidade, já que o P. vivax é a espécie mais
prevalente no Brasil.
Mais recentemente, um outro método de diagnóstico rápido foi de-
senvolvido, com a vantagem de poder capturar antígenos de P. falciparum e
P. vivax simultaneamente. Trata-se do OpitMAL, um teste também basea-
do em fitas de detecção por imunocromatografia, o qual utiliza anticorpos
policlonais e monoclonais marcados com ouro e dirigidos contra a enzima
desidrogenase do lactato específica do parasito (pDHL), presente no sangue
total do paciente. Esta é uma enzima intracelular produzida em abundância

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 19


pelos parasitos vivos, o que permite diferenciar entre fase aguda e convales-
cença da infecção. Apesar de promissores, os estudos de campo que foram
feitos até o momento, para determinar a sua efetividade no diagnóstico da
malária, não são suficientes para recomendar a sua utilização no Brasil.

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2. TTerapêutica
erapêutica da malária

2.1. O papel da quimioterapia no controle da malária

A organização e funcionamento do setor saúde no Brasil passa por um


processo de transformação. O princípio da descentralização das ações de
saúde, sob uma única direção em cada nível de governo, trouxe uma perspec-
tiva de transformação dos programas verticais de controle de doenças, em
particular o da malária. Se é verdade que na área de assistência médica,
ambulatorial e hospitalar, grandes passos já foram dados rumo à
descentralização das ações, no que se refere ao controle de endemias, especi-
ficamente aquelas transmitidas por vetores, só agora, com a publicação da
Portaria nº 1.399, de 15/12/1999, este processo poderá ser definitivamente
consolidado.
A inexistência, até o momento, de um único tratamento igualmente
efetivo contra ambas espécies de plasmódio mais prevalentes em nosso país
(P. vivax e P. falciparum) e a grande dificuldade para, na maioria das vezes,
diferenciar clinicamente a infecção por uma ou outra espécie ou por ambas
simultaneamente, levam à necessidade de estabelecimento do diagnóstico
laboratorial específico para o tratamento adequado dos pacientes. A rede de
laboratórios precisa ser estendida por toda a área endêmica e em todas as
unidades de saúde, para fornecer resultados rapidamente, viabilizando trata-
mento adequado precocemente. Por outro lado, fora da área endêmica, é
preciso que técnicos de laboratório e médicos estejam atentos e aptos para
diagnosticar e tratar corretamente os casos importados de malária, uma vez
que o fluxo de pessoas entre as áreas endêmica e não-endêmica é bastante
intenso e crescente a cada ano em nosso território.
Para as regiões fora da Amazônia, a proposta é dotar todas as unidades
de referência (Anexos 2 e 3) das áreas receptíveis e vulneráveis com drogas
antimaláricas e, dependendo da complexidade do serviço, com recursos para
tratamento dos casos graves e complicados.
Em áreas endêmicas, quando não for possível o diagnóstico
parasitológico (áreas especiais como aldeias indígenas, áreas longínquas ou

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 21


de acesso difícil), é recomendado o uso de imunoteste (ParaSight-F), o
qual identifica apenas a malária causada pelo P. falciparum. Os doentes com
sintomatologia compatível com malária e cujo imunoteste fornecer resultado
negativo, serão tratados para a malária vivax.
Quando não disponível o diagnóstico etiológico da malária, seja pelo
exame parasitoscópico ou pelo imunoteste, a presença de sinais e sintomas
sugestivos da doença pode ser suficiente para a indicação do tratamento
antimalárico (tratamento de caso suspeito). Nesse caso, em áreas onde pre-
domina o P. falciparum, o tratamento deverá ser primeiramente dirigido contra
esta espécie. Persistindo a sintomatologia ou agravando-se os sinais clínicos,
o paciente deverá ser encaminhado para uma unidade de saúde de maior
complexidade, onde um profissional experiente deverá atendê-lo.

2.2. Objetivos da quimioterapia da malária

No PCIM, a quimioterapia específica tem um papel fundamental no que


se refere à assistência às pessoas diagnosticadas clínica ou laboratorialmente
como portadoras da infecção pelo plasmódio. O tratamento adequado e opor-
tuno tanto previne a ocorrência de casos graves e, conseqüentemente, a morte
por malária, como elimina fontes de infecção para os mosquitos, contribuin-
do para a redução da transmissão da doença.
Os objetivos da quimioterapia da malária devem abranger situações
bem definidas e estão condicionados aos aspectos clínicos, parasitológicos e
epidemiológicos e às disponibilidades de recursos diagnósticos e terapêuticos.
O tratamento da malária visa à interrupção da esquizogonia sangüínea,
responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção. Entretanto,
pela diversidade do seu ciclo biológico, é também objetivo da terapêutica
proporcionar a erradicação de formas latentes do parasito no ciclo tecidual
(hipnozoítas) da espécie P. vivax, evitando assim as recaídas. Além disso, a
abordagem terapêutica de pacientes residentes em áreas endêmicas deve vi-
sar também à redução de fontes de infecção, pelo uso de drogas que elimi-
nam as formas sexuadas dos parasitos.

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2.3. As drogas antimaláricas

O tratamento adequado e oportuno da malária é hoje o principal ali-


cerce para o controle da doença. Antes do surgimento da resistência do P.
falciparum à cloroquina, esta droga era utilizada para as quatro espécies de
plasmódios que parasitam o homem. Hoje, além da cloroquina, o P. falciparum
apresenta resistência a diversos outros antimaláricos, tornando o seu trata-
mento um dilema para o médico e um desafio para as autoridades de saúde
responsáveis pelo controle da malária.
As principais drogas antimaláricas podem ser assim classificadas:
a) pelo seu grupo químico em arylaminoálcoois (quinina,
mefloquina e halofantrina), 4-aminoquinolinas (cloroquina
e amodiaquina), 8-aminoquinolinas (primaquina), peróxido
de lactona sesquiterpênica (derivados da artemisinina),
naftoquinonas (atovaquona) e antibióticos (tetraciclina,
doxiciclina e clindamicina);
b) pelo seu alvo de ação no ciclo biológico do parasito em
esquizonticidas teciduais ou hipnozoiticidas (cura radical
do P. vivax), esquizonticidas sangüíneos (promovem a cura
clínica), gametocitocidas (bloqueia a transmissão) e
esporonticidas (impede a infecção pelos esporozoítos). Infeliz-
mente, até o momento, nenhuma droga deste último grupo é dis-
ponível para uso em humanos.
A decisão de como tratar o paciente com malária deve ser precedida de
informações sobre os seguintes aspectos:
(a) gravidade da doença: pela necessidade de drogas injetáveis e
com ação mais rápida sobre os parasito, visando reduzir letalidade;
(b) espécie de plasmódio: deve ser diferenciada, em face do perfil
variado de resposta do P. falciparum aos antimaláricos. Caso não
seja possível determinar a espécie do parasito, deve-se optar pelo
tratamento do P. falciparum, pelo risco de evolução grave;
(c) idade do paciente: pelo pior prognóstico da malária na criança
e no idoso;

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 23


(d) história de exposição anterior à infecção: indivíduos não
imunes (primoinfectados) tendem a apresentar formas clínicas mais
graves;
(e) susceptibilidade dos parasitos aos antimaláricos con-
vencionais: para indicar tratamento com drogas sabidamente
eficazes para a área de ocorrência do casa, evitando atraso no
efeito terapêutico e agravamento do quadro clínico.

2.4. Farmacologia dos antimaláricos

Os antimaláricos podem ser classificados de diferentes maneiras de


acordo com suas características químicas, farmacológicas, seu local de ação
no ciclo biológico do parasito, as finalidades com que podem ser utilizadas,
seu modo de obtenção, entre outras.
Entretanto, mais importante que o simples conhecimento classificatório
dos antimaláricos é a necessidade de familiarização com as suas proprieda-
des farmacocinéticas, eficácia, grau de tolerância e sua capacidade de induzir
efeitos tóxicos.
Em termos práticos, é muito útil a classificação dos medicamentos
antimaláricos, segundo suas características químicas e segundo o local de
ação no ciclo biológico do parasito.
De acordo com suas características químicas, os medicamentos
antimaláricos podem ser classificados:
§ 4-aminoquinolinas: cloroquina e amodiaquina;
§ 8 aminoquinolinas: primaquina;
§ Quinolinometanóis naturais: quinina;
§ Quinolinometanóis sintéticos: mefloquina;
§ Fenantrenometanóis: halofantrina;
§ Lactonas sesquiterpênicas: derivados da artemisinina;
§ Naftacenos: tetraciclinas (doxiciclina);
§ Lincosaminas: clindamicina.

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A Figura 3 esquematiza o ciclo biológico do plasmódio, o alvo de ação
das drogas e os tipos de tratamento que podem ser empregados. O Quadro 2
mostra uma classificação dos antimaláricos que atuam como esquizonticidas
sangüíneos, e seu principal mecanismo de ação no plasmódio.

Figura 3 – Representação esquemática do ciclo biológico dos plasmódios e


indicação dos alvos de ação dos antimaláricos

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Quadro 2 - Classificação dos esquizonticidas e seu mecanismo de ação

Categoria Química Composto Mecanismo de Ação

4-aminoquinolinas Cloroquina Digestão de produtos da hemoglobina


Categoria Quím a Amodiaquina
Química Composto “
MecaNISMO DE AÇão
8-aminoquinolinas Primaquina Inibe a respiração mitecondrial do
parasito

Quinolinometanóis Quinina Digestão de produto da hemoglobina


Mefloquina “
Halofantrina “

Lactona sesquiterpênica Artemisinina Metabolismo das proteínas


(qinghaosu)

Éter de lactona Artesunato (derivado Metabolismo das proteínas


sesquiterpênica hemisuccinil de
qinghaosu)

Éter de lactona Artemeter Metabolismo das proteínas


sesquiterpênica

Derivados de naftaceno Tetraciclina Síntese das proteínas


Doxiciclina

Lincosaminas Clindamicina Síntese das proteínas


Lincomicina “

Tem-se, a seguir, uma descrição sucinta dos medicamentos antimaláricos


atualmente em uso para o tratamento da malária.

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Cloroquina

1. Apresentação

Comprimidos contendo 50 mg, 100 mg e 150 mg de base (como


difosfato ou sulfato). Lembrar que a concentração do sal é superior à da base.
Os comprimidos contendo 250 mg de sal, equivalente a 150 mg de base são os
mais usados pelo Ministério da Saúde. Existem apresentações injetáveis da
cloroquina, porém o seu uso não tem sido recomendado, pelo alto risco de
efeitos cardiotóxicos agudos e graves.

2. Eficácia

A cloroquina é uma 4-aminoquilonina com rápida atividade


esquizonticida para todas as espécies e gametocitocida para P. vivax e P.
malariae. Não tem ação contra as formas hepáticas. Além de seu efeito
antimalárico, a cloroquina tem também ação antipirética e anti-inflamatória.
Poucas cepas de P. falciparum são ainda sensíveis à cloroquina.

3. Dosagem

Tanto crianças quanto adultos devem receber uma dose total de 25 mg


de base/kg, administrada no transcorrer de três dias.
Um regime farmacocineticamente adequado consiste em administrar
uma dose inicial de 10 mg de base/kg, seguida de 5 mg/kg seis a oito horas
após e 5 mg/kg em cada um dos dois dias seguintes. Outro regime mais
prático, utilizado em muitas áreas, consiste em 10 mg/kg no primeiro dia,
seguida de 7,5 mg/kg no segundo e terceiro dias. Ambos os regimes
correspondem a uma dose total de 25 mg/kg (v.g., 1.500 mg de base para um
adulto com 60 kg).

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4. Uso na gravidez e infância

A cloroquina é uma droga considerada isenta de riscos quando utiliza-


da para tratamento durante a gravidez, assim como para crianças de qualquer
idade, nas doses recomendadas no item 3.

5. Eliminação do medicamento

A cloroquina é eficientemente absorvida quando administrada por via


oral, alcançando-se concentrações máximas no plasma dentro de 3 h (varian-
do entre 2 a 12 h). A concentração alcançada no plasma dentro de 30 minu-
tos após a administração de uma única dose de 10 mg/kg é, em geral, bem
maior que o nível terapêutico para os parasitos sensíveis à cloroquina. Tem
elevada capacidade de se ligar aos tecidos, particularmente tecidos dérmicos
e oculares contendo melanina. Concentra-se, preferencialmente, em eritrócitos
e esta concentração aumenta em eritrócitos parasitados.

6. Efeitos colaterais

São raros os efeitos colaterais graves da cloroquina em doses


antimaláricas normais. Porém é comum haver prurido, que pode ser intolerá-
vel. Algumas vezes este pode ser aliviado com loção de calamina. Como o
prurido pode comprometer a aderência ao tratamento, recomenda-se o uso
de um esquizonticida sangüíneo alternativo, que atue com rapidez e eficiên-
cia, no caso de recrudescência.
Após a administração de cloroquina podem ocorrer, temporariamente,
cefaléia, náusea, sintomas gastrointestinais e “visão turva”. Estes sintomas
podem ser evitados administrando-se a dose após a refeição. Em pessoas sus-
ceptíveis, pode haver ataque agudo de porfiria e psoríase. Muito raramente
têm-se observado leucopenia, descoramento do cabelo e, em casos extrema-
mente raros, anemia aplástica e pertubações neurológicas, incluindo
polineurite, ototoxicidade, convulsões e neuromiopatia.

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O enfraquecimento irreversível da visão, resultante do acúmulo de
cloroquina na retina, é uma complicação rara, porém reconhecida, do trata-
mento por tempo prolongado. Entretanto, na dose recomendada para o trata-
mento da malária, esta complicação é extremamente rara.

7. Contra-indicações

§ pessoas com hipersensibilidade conhecida à cloroquina;


§ portadores de psoríase.

8. Superdosagem

A margem de segurança da cloroquina é baixa. O envenenamento agu-


do por cloroquina é extremamente perigoso e a morte pode ocorrer em pou-
cas horas. Esta pode ocorrer após a ingestão, por adultos, de uma única dose
de 1,5-2,0 g, isto é 2-3 vezes a dose diária para o tratamento. Os sintomas de
envenenamento incluem cefaléia, náusea, diarréia, tontura, fraqueza muscu-
lar e visão turva. Entretanto, o principal efeito da superdosagem é a toxicidade
cardiovascular, com hipotensão, arritmias cardíacas e parada cardíaca
irreversível. Por esta razão, quando usada por via endovenosa, a cloroquina
deve ser administrada em diluição adequada e lentamente (gota a gota), por
um tempo mínimo de quatro horas. Se o paciente for examinado poucas ho-
ras depois da administração excessiva por via oral, é necessário induzir o
vômito ou fazer a lavagem gástrica o mais rapidamente possível. Caso contrá-
rio, o tratamento é sintomático e dirigido particularmente para manter as
funções cardiovasculares e respiratórias.

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Primaquina

1. Apresentação

Comprimidos contendo 5,0 mg e 15,0 mg de base como difosfato, equi-


valendo a 8,8 mg e 26,4 mg do sal, respectivamente.

2. Eficácia

A primaquina é uma 8-aminoquinolina altamente ativa contra


gametócitos de todas as espécies de malária humana e contra hipnozoítos do
P. vivax. Este efeito hipnozoiticida da primaquina é função da dose total e não
da duração do tratamento.
A primaquina tem ação profilática causal. Porém, até recentemente,
esta propriedade não tinha sido avaliada sob condições de exposição natural,
devido a sua alta toxicidade em uso prolongado. Existem variações geográfi-
cas quanto à sensibilidade de hipnozoítos de P. vivax à primaquina.
A primaquina atua também contra as fases assexuadas sangüíneas, mas
somente em doses elevadas que, como seria de esperar, poderiam ser tóxicas.

3. Uso terapêutico

§ Como hipnozoiticida
A primaquina deve ser sempre usada nas infecções naturais por P. vivax,
objetivando destruir as formas hipnozoíticas.
§ Como medicamento gametocitocida em infecções por P.
falciparum (bloqueador de transmissão)
O uso da primaquina, como gametocitocida, deve ser reservado para a
esterilização das infecções por P. falciparum em pessoas que se mudam para

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 30


áreas onde o parasito foi eliminado, mas ainda sejam suscetíveis a sua
reintrodução, e para áreas com níveis baixos de transmissão, onde estejam
em andamento medidas para a eliminação dessa transmissão. Pode também
ser empregada em controle de epidemias, porém sempre em simultaneidade
com outras medidas, incluindo o controle de vetores. O tratamento
antigametócitos não tem indicação onde, sabidamente, não exista o inseto
vetor.

4. Dosagem

4.1. Primaquina para tratamento anti-hipnozoíto


em infecções por P. vivax (anti-recaída)

Para a infecção por P. vivax a primaquina deve ser administrada junta-


mente com um esquizonticida sangüíneo ativo, tal como a cloroquina, a partir
do primeiro dia de tratamento, na dose de 0,50 mg de base /kg de peso,
diariamente, durante sete dias. Chegam-se a esses regimes em grande parte
por meios empíricos.
Em pacientes diagnosticados como tendo, ou suspeitos de ter, deficiên-
cia de G-6-PD, pode-se administrar um regime de tratamento intermitente de
0,75 mg de base/kg semanalmente, durante oito semanas, sob supervisão mé-
dica, a fim de reduzir o risco de hemólise. Os pacientes devem ser avisados a
suspender o tratamento e procurar assistência médica se ocorrerem dores
abdominais, astenia, palidez cutâneo/mucosa ou se observarem escurecimento
da urina ou icterícia.

4.2. P rimaquina como medicamento gametocito


Primaquina gametocito--
cida (bloqueador de transmissão)

A dose gametocitocida de primaquina para adultos e crianças é de 0,5-


0,75 mg de base/kg em uma única dose, i.e., 30-45 mg de base para um
adulto. O tratamento pode ser dado juntamente com uma droga esquizonticida

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 31


sangüínea eficaz, porém a primaquina não deve ser empregada enquanto não
se estabilizar a condição do paciente. Assim, recomenda-se que seja adminis-
trada no 5o dia após início do tratamento. O regime é bem tolerado e não exige
testes prévios de deficiência de G-6-PD.

5. Uso na gravidez e infância

A primaquina é contra-indicada durante a gravidez devido ao risco de


hemólise em fetos, que são deficientes de G-6-PD. Também não é indicada em
crianças menores de seis meses, pela mesma razão, e ainda porque pode cau-
sar hipoplasia ou aplasia medular.

6. Eliminação do medicamento

A primaquina é rapidamente absorvida quando tomada por via oral,


mas ocorrem variações individuais no seu perfil farmacocinético. A concen-
tração máxima no plasma ocorre dentro de 1-3 horas, com meia-vida de cer-
ca de cinco horas. É rapidamente metabolizada no fígado, e somente uma
pequena porção é excretada inalterada, indicando extensa reciclagem intra-
hepática. Duas vias metabólicas importantes foram descritas para a primaquina.
Uma leva à formação de 5-hidroxiprimaquina e 5-hidroxidimetilprimaquina
(estas possuem ação antimalárica e ambas causam a formação de meta-
hemoglobina); a segunda via resulta na formação de N-acetilprimaquina e um
ácido desamino-carboxílico. O metabólito do ácido carboxílico é o principal
metabólico em seres humanos e não parece ser ativo contra os plasmódios.

7. Efeitos colaterais

Anorexia, náusea, vômito, dores abdominais e cólicas estão relaciona-


dos com a dose e são relativamente raros com as doses diárias de 0,50 mg de
base/kg. Sintomas inespecíficos, tais como fraqueza e mal-estar, podem tam-
bém ser relatados pelos pacientes.

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As reações adversas mais graves, com doses mais elevadas, estão rela-
cionadas com o efeito da primaquina nos elementos formados no sangue e
medula óssea, resultando em leucopenia, anemia, supressão da atividade
mielóide e meta-hemoglobinemia. Nas doses normalmente empregadas, a
primaquina não costuma causar granulocitopenia. A ação hemolítica da
primaquina aumenta em pessoas com deficiência de G-6-PD. Em geral é leve
e autolimitada.

8. Contra-indicações

§ na gravidez e para crianças com menos de seis meses, em virtude


do risco de hemólise;
§ qualquer afecção que predisponha à granulocitopenia, incluindo
artrite reumatóide ativa e lúpus eritematoso.

9. Superdosagem

Podem ocorrer sintomas gastrointestinais, fraqueza, meta-hemoglobinemia,


cianose, anemia hemolítica, icterícia e depressão da medula óssea. Não existe ne-
nhum antídoto específico e o tratamento é sintomático.

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Quinina

1. Apresentação

Existem muitas apresentações de sais de quinina em comprimidos e


injetáveis. As mais comuns são cloridrato de quinina, dicloridrato de quinina
e sulfato de quinina que contêm, respectivamente, 82%, 82%, e 82,6% de
quinina-base. As apresentações de bissulfato de quinina com 59,2% de quini-
na-base não são tão amplamente disponíveis. Em geral, tanto a apresentação
oral quanto a injetável contêm 500 mg do sal de quinina, equivalendo a 325
mg da base.

2. Eficácia

A quinina é eficaz contra o P. falciparum, sendo usada isoladamente


em áreas onde as cepas dessa espécie ainda não desenvolveram resistência,
ou em associação com antibióticos para aquelas áreas com comprovada resis-
tência a este antimalárico. Quando em uso isolado, associa-se a baixa adesão,
devido à necessidade de medicação por pelo menos sete dias, resultando em
tratamento incompleto.
No Brasil, a quinina continua sendo a droga de escolha para a malária
por P. falciparum não grave ou complicada, em associação com doxiciclina
ou tetraciclina. Para pacientes com vômitos, a quinina injetável pode ser de
grande valia para o tratamento inicial. Uma vez cessado o vômito, institui-se o
tratamento pela via oral.

3. Dosagem

A quinina pode ser administrada por via oral ou endovenosa. Se não for
possível administrar tratamento oral, a primeira dose de quinina deve ser
administrada por via endovenosa, mediante infusão lenta em solução isotônica

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 34


de glicose, durante quatro horas, tal como para malária com complicações.
Sempre que a quinina for administrada por via parenteral, o tratamento oral
deve ser reiniciado assim que o paciente o puder suportar e continuado até o
fim da série.
Quando em uso isolado, a quinina deve ser dada por sete dias. Se asso-
ciada a antibióticos, o tempo de uso pode ser reduzido. Para malária sem
complicações, a quinina deve ser administrada se possível por via oral,
obedecendo a um dos regimes abaixo:
Esquema de quinina isolada:
§ 25 mg do sal de quinina/kg/dia durante sete dias.
Esquema de quinina associada:
§ 30 mg do sal de quinina/kg/dia durante três dias, com:
- 3,3 mg/kg/dia de doxiciclina, de 12 em 12 horas (exceto
para crianças com menos de oito anos de idade, durante a
gravidez e para hepatopatas), durante cinco dias, a partir do
primeiro dia do uso da quinina;
- em caso de não disponibilidade da doxiciclina, usar 250 mg
de tetraciclina três vezes por dia, durante sete dias (exceto
para crianças com menos de oito anos de idade, durante a
gravidez e para hepatopatas), a partir do primeiro dia do uso
da quinina;
- em caso de impossibilidade de uso da doxiciclina ou
tetraciclina (gestantes e crianças menores de oito anos), usar
20 mg/kg/dia de clindamicina, em quatro vezes ao dia, du-
rante cinco dias. É difícil o seu uso para crianças, já que não
existe apresentação líquida disponível em nosso meio.
Recomendam-se doses de ataque de quinina no tratamento da malária
grave e complicada para estabelecer, em poucas horas, o nível ótimo do medi-
camento no sangue. A dose de ataque deve ser de 20 mg/kg (1ª dose).
Em pessoas idosas a quinina deve ser empregada com cuidado, já que
nelas sua metabolização é mais lenta do que em jovens.

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4. Uso na gravidez e infância

A quinina pode ser usada durante a gravidez. Estudos já demonstraram


que doses terapêuticas de quinina não induzem o parto e que a estimulação
das contrações e evidências de sofrimento fetal associados com a quinina po-
dem ser atribuídas à febre e a outros efeitos da malária. Entretanto, o risco de
hipoglicemia induzida por quinina é maior para as gestantes do que para as
não-gestantes, especialmente em casos graves, sendo necessária uma vigilân-
cia especial para essa complicação. A associação recomendada para gestantes
e crianças menores de oito anos é a de quinina + clindamicina.

5. Eliminação do medicamento

A quinina é rapidamente absorvida quando tomada oralmente, e o pico


da concentração plasmática é alcançado dentro de 1-3 horas. Por ter alta
capacidade de ligação às proteínas, distribui-se por todos os fluidos do corpo.
Atravessa facilmente a barreira placentária e é encontrada no líquido
cefalorraquidiano. A quinina é metabolizada no fígado, tem uma meia-vida de
10-12 horas. O volume de distribuição da droga é menor em crianças que em
adultos, e a velocidade de eliminação é mais lenta nos quadros graves da
doença.

6. Efeitos colaterais

A quinina pode causar o “cinchonismo”, que se caracteriza por zumbi-


do, audição abafada, algumas vezes vertigem e tontura. Estes sintomas se ma-
nifestam quando a concentração total de quinina no plasma é de cerca de 5
mg/l, i.e., no ponto mais baixo da escala terapêutica da droga que é de 5-15
mg/l. Em geral, os sintomas se desenvolvem no segundo ou terceiro dia do
tratamento e, quando não muito intensos, não obrigam a suspensão da medi-
cação e são reversíveis.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 36


Os outros efeitos colaterais limitam-se, geralmente, aos sistemas
cardiovascular (hipotensão arterial), gastrointestinal e nervoso central. Apa-
recem como conseqüência de infusão muito rápida e, também, por causa da
acumulação que se segue à administração oral. Sua prescrição deve ser caute-
losa para indivíduos que estejam tomando medicamentos tais como beta-
bloqueadores, digitálicos e bloqueadores de transporte de cálcio, especial-
mente em pessoas com cardiopatias. Pode haver aumento de toxicidade para
indivíduos que tomaram mefloquina recentemente.
A quinina pode causar hipoglicemia por estimulação da secreção de
insulina pelas células beta das ilhotas de Langhans pancreáticas. Há grande
possibilidade da hipoglicemia ocorrer após infusão endovenosa durante a
gravidez porque, nesse período, as células beta também são mais suscetíveis a
uma variedade de estímulos.

7. Contra indicações

- hipersensibilidade à quinina;
- cardiopatias graves com arritmia cardíaca;
- tratamento recente com mefloquina.

8. Superdosagem

Uma única dose de mais que 3 g é capaz de causar intoxicação grave e


potencialmente fatal, precedida por depressão do sistema nervoso central e
convulsões. Arritmias, hipotensão arterial e parada cardíaca podem resultar
da ação cardiotóxica. Perturbações visuais podem ser graves, causando ce-
gueira em casos raros. O vômito deve ser induzido e a lavagem gástrica reali-
zada o mais rapidamente possível.

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Doxiciclina

1. Apresentação

Cápsulas e comprimidos contendo 100 mg de sal de doxiciclina, como


hidrato ou hidrocloridrato. Prefere-se a apresentação em comprimidos pela
facilidade de fracionamento da dose.

2. Eficácia

A doxiciclina é derivada da oxitetraciclina, tendo espectro de atividade


idêntico. Difere das tetraciclinas pelo fato de ser mais completamente absorvi-
da e mais lipossolúvel. Além disso, tem meia vida plasmática mais longa que as
tetraciclinas.
A doxiciclina, como as tetraciclinas, deve ser sempre empregada em
combinação com outro antimalárico.

3. Dosagem

É usada na dose de 3,3 mg/kg por dia, de 12 em 12 horas. Outros


sintomas gastrointestinais podem ser reduzidos se a doxiciclina for tomada
junto com uma refeição. Porém, leite e seus derivados devem de ser evitados,
já que reduzem a sua absorção.

4. Uso terapêutico

É de esperar que a dosagem da doxiciclina em duas tomadas diárias


melhore a adesão, se comparada com a tetraciclina. É sempre usada em asso-
ciação com outro antimalárico (quinina ou derivado da artemisinina), para
tratamento da malária por P. falciparum.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 38


A doxiciclina administrada como uma dose diária de 200 mg de sal,
durante cinco dias, em combinação com quinina, mefloquina ou artesunato,
é eficaz para tratar malária por P. falciparum sem complicações.

5. U so na gravidez, lactação e infância


Uso
A doxiciclina é contra-indicada para gestantes e crianças menores de
oito anos, já que os riscos de seu uso se assemelham aos da tetraciclina.

6. Eliminação do medicamento
A doxiciclina é rápida e quase totalmente absorvida pelo sistema
gastrointestinal e sua absorção não é afetada significativamente pela presença
de alimento no estômago ou no duodeno. A concentração plasmática máxima
é alcançada em cerca de duas horas após a administração oral. Liga-se às
proteínas plasmáticas (80-90%), com uma meia-vida biológica em torno de
15-25 h. É metabolizada no fígado e excretada pela via fecal, sendo mais
lipossolúvel que a tetraciclina e se distribui amplamente pelos tecidos e flui-
dos corpóreos.

7. Efeitos colaterais
É comum a irritação gastrointestinal e ocorrem reações fototóxicas e
maior vulnerabilidade a eritema solar. Como a tetraciclina, a depressão tem-
porária do crescimento ósseo é em grande parte reversível, porém a descolo-
ração dos dentes e a hipoplasia do esmalte são permanentes. O agravamento
de disfunção renal pode ter menos possibilidade de ocorrer que com outras
tetraciclinas.

8. Contra-indicações
- hipersensibilidade conhecida às tetraciclinas;
- crianças com menos de oito anos;
- gestante;
- pessoas com disfunção hepática.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 39


Mefloquina

1. Apresentação

Comprimidos contendo 274 mg de cloridrato de mefloquina, equiva-


lente a 250 mg de mefloquina-base. A mefloquina não é disponível para admi-
nistração parenteral.

2. Eficácia

A mefloquina é um 4-quinolinometanol quimicamente relacionado com


a quinina. É um potente esquizonticida sangüíneo, de ação prolongada contra
o P. falciparum resistente às 4-aminoquinolinas. E também altamente ativa
contra o P. vivax e P. malariae. Não tem ação contra as fases hepáticas dos
parasitos e é eficaz contra os gametócitos de P. vivax.

3. Dosagem

A dose de mefloquina recomendada para tratamento de malária não


complicada em adultos é de 15-20 mg/kg. A melhor solubilidade e a maior
biodisponibilidade podem ser alcançadas com a ingestão de água antes da
administração do medicamento. Sua biodisponibilidade também aumenta se
for tomada depois das refeições. Existem algumas provas de que o risco de
vômitos associados com o medicamento pode ser diminuído mediante o trata-
mento sintomático da febre e uso de antieméticos.
Se ocorrer vômito na primeira hora da ingestão do medicamento, é
necessário repetir a dose inteira. O vômito ocorrendo após uma hora da refei-
ção não parece requerer repetição da dose. A administração do medicamento
em doses divididas, em intervalos de 6-24 h, melhora substancialmente a tole-
rância ao medicamento. Há relatos de esofagite após a ingestão de mefloquina,

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 40


o que realça a importância de se ingerir a mefloquina com abundante quanti-
dade de água e, de preferência, não imediatamente antes de dormir.

4. Uso na gravidez e infância

A mefloquina pode ser administrada com segurança durante o segundo


e o terceiro trimestres de gestação. Os dados sobre seu uso durante o primei-
ro trimestre de gestação são limitados. Porém a prudência e as recomenda-
ções do fabricante indicam que se deve evitar seu uso nesse período.
É eliminada em pequenas quantidades pelo leite materno e sua
toxicidade por esta via é desconhecida. Alguns estudos mostram que não
ocorrem efeitos colaterais em lactentes de mães que estejam tomando o
medicamento.

5. Eliminação do medicamento

A mefloquina tem alta capacidade de ligação a proteínas (98% em plas-


ma) e sua meia vida de eliminação é demorada, variando entre 10 a 40 dias
(média de 21 dias) em adultos, porém tendendo a ser mais curta em crianças
e gestantes. Verificou-se que a meia vida de eliminação é mais demorada em
pessoas caucasianas que em africanas ou tailandesas, sendo a droga extensa-
mente metabolizada no fígado e eliminada principalmente pelas fezes.
Considerando que a meia vida da mefloquina é muito longa, o seu uso
em área endêmica deve ser bastante cauteloso, pois o indivíduo pode reinfectar-
se e estar com níveis de mefloquina no sangue muito baixos, subterapêuticos,
podendo favorecer o aparecimento de cepas resistentes à droga.

6. Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais freqüentes são: tontura, náusea, vômito, diar-


réia e dor abdominal. Em geral, estes efeitos são leves ou moderados,

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 41


autolimitados e não requerem tratamento específico. O vômito e a diarréia
são, provavelmente, dependentes da dose e podem interferir com o resultado
do tratamento, especialmente em crianças.
O principal temor com relação ao uso da mefloquina, entretanto,
relaciona-se ao seu potencial para induzir manifestações neuropsiquiátricas
graves.

7. Contra-indicações

A mefloquina é contra-indicada para pessoas que tenham:


- antecedentes de convulsão;
- história de alergia à mefloquina;
- antecedentes de doenças neurológicas ou psiquiátricas;
- recebido tratamento recente com quinina ou halofantrina;
- recebido tratamento com mefloquina nos últimos 21 dias;
- arritmias cardíacas;
- tarefas que exigem boa coordenação e discriminação espacial (tri-
pulantes de aeronaves, operadores de máquinas, motoristas de pas-
sageiros e outras).

8. Superdosagem

A indução do vômito e a lavagem gástrica são úteis se efetuadas duas


horas depois da ingestão. As funções cardíaca e neuropsiquiátrica devem ser
monitoradas nos três primeiros dias de uso.

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Artemisinina e seus derivados

1. Apresentação

As apresentações indicadas no Quadro 3 acham-se disponíveis para o


tratamento de malária:
Quadro 3 - Apresentação dos derivados de artemisinina

Produto Apresentação Concentração


Artesunato Comprimidos 50 mg
Cápsula retal 50 mg e 200 mg
Frascos com pó para injeção 60 mg

Artemeter Comprimidos 50 mg
Ampolas de 1 ml 80 mg

Diidroartemisinina Comprimidos 20 mg

2. Eficácia

A artemisinina (qinghaosu) é o princípio antimalárico isolado da


Artemisia annua L por cientistas chineses. Trata-se de uma lactona de
sesquiterpeno com um peróxido como ponte de ligação. A porção ligada ao
peróxido parece ser responsável pela atividade antimalárica. A artemisinina e
seus derivados são esquizonticidas sangüíneos potentes e de ação rápida, pro-
vocando a eliminação do parasito e melhora dos sintomas em menos tempo
que a cloroquina ou a quinina. Não têm ação hipnozoitocida.
A artemisinina é pouco solúvel em óleos ou água e, após derivação do
composto precursor, foi possível produzir a diidroartemisinina, os derivados
solúveis em óleo (artemeter) e os derivados mais solúveis em água (artesunato
de sódio e ácido artelínico). Esses derivados têm ação esquizonticida sangüínea
mais potente que o composto precursor e são eficazes contra parasitos resis-
tentes a todos os demais medicamentos antimaláricos.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 43


Sua atividade antimalárica é rápida e a maioria dos pacientes apresenta
melhora clínica dentro de 1-3 dias após o início do tratamento. Entretanto, a
taxa de recrudescência é alta quando os medicamentos são empregados em
monoterapia.

3. Uso terapêutico

Há uma preocupação geral de que o uso abusivo de apresentações


orais de artemisinina e seus derivados poderia acarretar um declínio rápido
em sua eficácia. A fim de preservar sua potente ação antimalárica, o uso de
artemisinina e seus derivados deve restringir-se principalmente ao tratamento
de malária grave em áreas de multirresistência do P. falciparum.
O uso desses compostos não é recomendado para o tratamento de
malária devido às outras espécies de parasitos humanos.
As apresentações de uso retal têm um papel potencialmente importan-
te no tratamento de infecções por P. falciparum sem complicações, sendo
indicadas para crianças que estejam apresentando vômitos.

4. Dosagem e administração

Quando empregadas como monoterapia, uma série de no mínimo cinco


dias é necessária. Entretanto, a monoterapia não é recomendada, devendo-se
associar sempre um outro antimalárico tal como a mefloquina, doxiciclina,
tetraciclina ou clindamicina. Assim, os seguintes esquemas podem ser
administrados:
Para malária não grave:
Enfatiza-se que estas drogas só deverão ser usadas para malária não
grave causada pelo P. falciparum, em casos de impossibilidade da adminis-
tração de outros antimaláricos.
Artesunato oral: dose de 2,4 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, no
primeiro dia, seguida de 1,2 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, do 2º ao 5º dias.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 44


Associar doxiciclina (3,3 mg/kg de peso), de 12 em 12 horas durante cinco
dias. No sexto dia administrar dose única de primaquina (0,75mg/kg), que
não é necessária onde, sabidamente, não exista o inseto vetor.
Artemeter intramuscular: dose de 2,4 mg/kg de peso em dose única
no primeiro dia. Após 24 horas, aplicar 1,2 mg/kg de peso a cada 24 horas,
por quatro dias, totalizando cinco dias de tratamento. Associar doxiciclina
(3,3 mg/kg de peso), de 12 em 12 horas, durante 5 dias, com dose única de
primaquina no quinto dia. O uso da primaquina não está indicado onde,
sabidamente, não exista o inseto vetor.
A doxiciclina pode ser substituída pela clindamicina endovenosa, na
dose de 20 mg/kg/dia, durante cinco dias.
Para malária grave:
Artesunato endovenoso: dose de 2,4 mg/kg na dose inicial, seguida de
1,2 mg/kg, sempre diluída em solução glicosada isotônica a 5% ou 10% (1 ml/kg,
máximo de 50 ml), infundida lentamente em dois a cinco minutos por dose. Esta
dose deve ser repetida quatro horas, 24 horas e 48 horas após a dose inicial. A
partir do 3º dia, iniciar clindamicina EV na dose de 20mg/kg de peso por dia,
durante cinco dias, dividida em duas tomadas de 12 em 12 horas, ou mefloquina
15-20 mg/kg de peso, em dose única, via oral.
Há experiências, na região amazônica, com o uso de doses superiores
(2 mg/kg de peso) do artesunato endovenoso para a negativação rápida da
parasitemia.
Artemeter intramuscular: dose de 3,2 mg/kg de peso em dose única
no primeiro dia. Após 24 horas, aplicar 1,6 mg/kg de peso a cada 24 horas,
por quatro dias, totalizando cinco dias de tratamento. A partir do 5º dia iniciar
clindamicina na dose de 20mg/kg de peso por dia, durante cinco dias, divi-
dida em duas tomadas de 12 em 12 horas, ou mefloquina 15-20 mg/kg de
peso, em dose única, via oral.
O uso da primaquina não está indicado onde, sabidamente, não exista
o inseto vetor.
Quando houver dúvidas quanto à aderência dos pacientes, especial-
mente pacientes de ambulatório, é indicada a associação com mefloquina (15
mg de base/kg).

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 45


A razão de se administrar o segundo antimalárico após o término do
derivado da artemisinina é por se considerar haver menos risco de vômito, já
que o quadro clínico nesse dia é provavelmente melhor.

5. Uso na gravidez e infância

A malária por P. falciparum pode ser particularmente grave durante a


gravidez. Por esta razão, a artemisinina e seus derivados podem ser emprega-
dos durante o 2o e 3o trimestres da gravidez, em áreas de resistência a múlti-
plas drogas. Não se recomenda seu uso no primeiro trimestre da gravidez,
exceto quando é iminente o risco de vida.

6. Eliminação do medicamento

Tanto a artemisinina quanto seus derivados são rapidamente


metabolizados em diidroartemisinina. O artesunato oral é rapidamente
absorvido, alcançando nível máximo, tanto do composto precursor como da
diidroartemisinina em cerca de 60 min. Farmacocinética semelhante foi relatada
após a administração oral de artemeter, com concentrações plasmáticas médias
e meias vidas plasmáticas médias de 3 h e 6 h, e 3,1 h e 10,6 h, respectivamente,
para o composto precursor e para a diidroartemisinina. As concentrações
plasmáticas de artemeter e da diidroartemisinina foram semelhantes tanto em
pessoas sadias como naquelas com malária aguda sem complicações.

7. Efeitos colaterais

Estudos de toxicidade realizados com cães e roedores indicam que pode


ocorrer neurotoxicidade dose/dependente, potencialmente fatal, após injeção
intramuscular de artemeter em doses superiores às empregadas para o trata-
mento da malária. Esse efeito pode ser generalizado, mas afeta principalmente
as áreas associadas com funções vestibular, motora e auditiva. Tais efeitos não

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 46


têm sido observados nem com a administração endovenosa de artesunato,
nem com a administração oral de nenhum dos derivados de artemisinina, o
que leva a crer que o efeito se relaciona com moléculas específicas e sua via
de administração. Entretanto, a causa parece dever-se mais à manutenção de
altos níveis plasmáticos do medicamento e seus metabólitos (pelo depósito
intramuscular) do que pela via de administração em si.
Em mais de 2 milhões de pessoas fazendo uso desses medicamentos,
não há nenhuma documentação de eventos neurológicos graves. Mesmo as-
sim, o tratamento prolongado com artemisinina e seus derivados deve ser
feito com cautela.

8. Contra-indicações

- história de alergia a derivados da artemisinina;


- primeiro trimestre de gestação.

9. Superdosagem

Não se tem experiência com superdosagem da artemisinina e seus


derivados.

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Clindamicina
1. Apresentação

Cápsulas ou comprimidos com 75 mg, 150 mg e 300 mg de base como


cloridrato. Ampolas com 300mg ou 600 mg de fosfato de clindamicina.

2. Eficácia

A clindamicina é um antibiótico semi-sintético derivado do grupo da


lincosamina. Como a tetraciclina, é um esquizonticida sangüíneo eficiente,
com ação relativamente lenta e espectro de atividade semelhante. Como com a
doxiciclina e a tetraciclina, é uma opção para ser empregada em combinação
com a quinina ou derivados da artemisinina para o tratamento da malária por
P. falciparum. Entretanto, é mais tóxica e mais cara que a doxiciclina e a
tetraciclina e, portanto, só deve ser empregada quando as outras forem con-
tra-indicadas ou não estiverem disponíveis.

3. Dosagem

- 20 mg/kg/dia, a cada 12 horas, durante cinco dias. No caso de fosfato


de clindamicina, a dose pode ser empregada a cada 8-12 horas.
Deve ser administrada com alimentos e com grande quantidade consi-
derável de água, quando administrada pela via oral.

4. Uso na gravidez e infância

Diferentemente da tetraciclina e da doxiciclina, não há relato da


clindamicina causar efeitos colaterais durante a gravidez, embora atravesse a
barreira placentária e possa acumular-se no fígado do feto. Também é excretada
pelo leite materno, porém sem nenhum efeito negativo aparente. A clindamicina

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 48


não é, portanto, contra-indicada para o tratamento da malária durante a gra-
videz e infância.

5. Eliminação do medicamento

Cerca de 90% da clindamicina administrada por via oral é absorvida


pelo tubo gastrointestinal, alcançando concentração plasmática máxima em
cerca de uma hora depois da administração. É rapidamente hidrolisada à base
livre e extensamente distribuída pelos tecidos e fluidos do corpo. Mais de 90%
da clindamicina circulante se ligam às proteínas plasmáticas. A meia vida no
plasma é de 2-3 horas, embora possa ser mais longa em neonatos e em pessoas
com deterioração renal. Só é metabolizada em parte, provavelmente no fígado.
Há metabólitos ativos e inativos, sendo a droga eliminada pela via fecal, em
grande parte inalterada. A eliminação de metabólitos é lenta e dura vários dias.

6. Efeitos colaterais

Sintomas gastrointestinais incluindo náusea, vômito e dores ou cólicas


abdominais são freqüentes. A clindamicina não deve ser administrada em pa-
cientes com diarréia ou quando, durante o uso, esta complicação surgir, deve-
se suspender a droga.
Reações de hipersensibilidade, incluindo erupções cutâneas e urticá-
ria, bem como neutropenia e trombocitopenia são menos freqüentes.

7. Contra-indicações

- hipersensibilidade à clindamicina ou à lincomicina;


- diarréia.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 49


Tetraciclina

1. Apresentação

Cápsulas ou comprimidos contendo 250 mg de cloridrato de tetraciclina,


equivalente a 231 mg de tetraciclina-base.

2. Eficácia

A tetraciclina é um antimicrobiano de amplo espectro com ação poten-


te, porém lenta, contra as fases sangüíneas assexuadas dos plasmódios. Tem,
também, ação contra as fases intra-hepáticas primárias do P. falciparum. A
combinação de quinina com tetraciclina, administrada durante 5-7 dias, ain-
da é altamente eficaz para tratamento desta espécie no Brasil, onde já existe
resistência a múltiplos medicamentos. O único inconveniente com essa asso-
ciação é o tempo prolongado de tratamento, dificultando a adesão.

3. Uso terapêutico

A tetraciclina só deve ser empregada em combinação com a quinina ou


derivados da artemisinina no tratamento da malária por P. falciparum, para
reduzir o risco de recrudescência. Sua absorção é prejudicada se administra-
da próximo das refeições ou com leite e seus derivados.

4. Dosagem

Em combinação com a quinina, a tetraciclina deve ser usada na dosa-


gem abaixo:
- 30 mg de quinina/kg/dia, de 12 em 12 horas, durante 3 dias;
- 250 mg de tetraciclina três vezes por dia, durante sete dias (não

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 50


usar em crianças com menos de oito anos de idade, durante a
gravidez, pacientes com hepatopatias ou insuficiência renal.
Em combinação com o artesunato oral, na seguinte dose:
- Artesunato oral: dose de 4 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, no
primeiro dia, seguida de 2 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, do 2º
ao 5º dias, com dose única de primaquina no quinto dia. O uso
da primaquina não está indicado onde, sabidamente, não exista o
inseto vetor;
- Tetraciclina: 250 mg três vezes por dia, durante sete dias (não
usar em crianças com menos de oito anos de idade, durante a
gravidez, pacientes com hepatopatias ou insuficiência renal.

5. Uso na gravidez, lactação e infância

A tetraciclina é contra-indicada na gravidez e em crianças menores de


oito anos. Prejudica a calcificação óssea no feto e pode resultar em osteogênese
anormal e hipoplasia do esmalte dentário. As tetraciclinas atravessam a bar-
reira placentária e são encontradas no leite materno. Portanto, não devem ser
usadas por mulheres durante o período de amamentação.

6. Eliminação do medicamento

A absorção da tetraciclina pelos intestinos é sempre incompleta e pode


ser ainda prejudicada por substâncias alcalinas, agentes de quelação e, em
particular, por leite e produtos lácteos, bem como alumínio, cálcio, magnésio
e sais férricos. A concentração máxima no plasma ocorre dentro de quatro
horas, com uma meia vida de eliminação de cerca de oito horas. A eliminação
dá-se especialmente pela urina, e a circulação entero-hepática origina altas
concentrações da droga na bile e no fígado.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 51


7. Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais comuns com a administração de tetraciclina


são gastrointestinais, incluindo dor epigástrica, mal-estar abdominal, náusea,
vômito e diarréia. Esses sintomas relacionam-se, em geral, com a dosagem e
podem ser aliviados com a administração de doses menores e mais freqüentes.
As tetraciclinas podem produzir distúrbios na ossificação e, em geral,
são contra-indicadas durante a gravidez e para crianças com menos de oito
anos. A depressão passageira do crescimento ósseo é em grande parte reversí-
vel. A descoloração dos dentes e a displasia do esmalte é permanente em
crianças, inclusive àquelas expostas in útero.
São raras as reações de hipersensibilidade. Há relatos de erupções
morbiliformes, urticária, erupções medicamentosas fixas, dermatite esfoliativa,
quilose, glossite e vaginite, bem como angioedema, anafilaxia e
“pseudotumour-cerebri”.

8. Contra-indicações

- hipersensibilidade conhecida às tetraciclinas;


- pessoas com disfunção renal ou hepática pré-existente;
- crianças com menos de oito anos;
- gestantes.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 52


Amodiaquina

1. Apresentação

Comprimidos com 200 mg e 600 mg de base (como dicloridrato) ou


153,1 mg de base (como cloridrato). Deve-se lembrar que a concentração do
sal é superior à da base.

2. Eficácia

A amodiaquina é uma 4-aminoquilonina com estrutura química seme-


lhante à cloroquina. Alguns estudos mostraram que seu efeito esquizonticida
para todas as espécies e gametocitocida para P. vivax e P. malariae é levemente
superior ao da cloroquina, eliminando mais rapidamente a parasitemia e a fe-
bre. Porém, na maior parte das áreas endêmicas do mundo, o P. falciparum já
é resistente a amodiaquina. Não tem ação contra as formas hepáticas. Também
tem também ação antipirética e anti-inflamatória.

3. Dosagem

Tanto crianças quanto adultos devem receber uma dose total de 25 mg


de base/kg, administrada no transcorrer de três dias.
Um regime farmacocineticamente adequado consiste em administrar
uma dose inicial de 10 mg de base/kg, seguida de 5 mg/kg seis a oito horas
após e 5 mg/kg em cada um dos dois dias seguintes. Outro regime mais
prático, utilizado em muitas áreas, consiste em 10 mg/kg no primeiro e segun-
do dias, e de 5 mg/kg no terceiro dia. Ambos os regimes correspondem a uma
dose total de aproximadamente 25 mg/kg (v.g., 1.530 mg de base para um
adulto com 60 kg).

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 53


4. Uso na gravidez e infância

A amodiaquina é considerada segura para tratamento da malária du-


rante a gravidez, assim como para crianças de qualquer idade.

5. Eliminação do medicamento

A amodiaquina é eficientemente absorvida quando administrada por


via oral. Rapidamente sofre metabolismo no fígado, formando um metabólito
ativo, a desetilamodiaquina. Este metabólito é concentrado nos eritrócitos e
lentamente eliminado, com meia vida plasmática de até 18 dias.

6. Efeitos colaterais

São, em geral, semelhantes aos da cloroquina, sendo os mais comuns:


náusea, vômitos, dor abdominal, diarréia e prurido. A amodiaquina pode in-
duzir, mesmo que raramente, hepatite tóxica e agranulocitose.

7. Contra-indicações

- pessoas com hipersensibilidade conhecida a amodiaquina;


- portadores de insuficiência hepática.

8. Superdosagem

Há relatos de que doses elevadas de amodiaquina podem provocar


síncope, espasticidade, convulsões e movimentos involuntários. Não existem
relatos de complicações cardiovasculares. Após administração excessiva por
via oral, é necessário induzir o vômito ou fazer a lavagem gástrica o mais
rapidamente possível.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 54


Halofantrina

1. Apresentação

Comprimidos contendo 250 mg de cloridrato de halofantrina (233 mg


de base). A suspensão pediátrica contém 100 mg de cloridrato de halofantrina
(93,2 mg de base) em 5 ml, i.e., 20 mg de sal/ml. Ainda não é utilizada no
Brasil.

2. Eficácia

A halofantrina é um metanol de fenantreno com ação esquizonticida


sangüínea sobre todas as espécies de plasmódio. É fácil induzir resistência à
halofantrina em modelos animais. Em condições naturais, é possível o desen-
volvimento de resistência cruzada mefloquina e quinina. A halofantrina não
atua contra gametócitos ou sobre as fases hepáticas dos parasitos da malária.

3. Uso terapêutico
terapêutico

A halofantrina tem sido pouco utilizada em programas de controle da


malária devido ao seu custo elevado, à variabilidade de sua biodisponibilidade,
sua resistência cruzada com a mefloquina e ao fato de haver relatos de
cardiotoxicidade em certos grupos de risco após a dosagem padrão. Pode-se,
porém, empregá-la, em base individual, a pacientes que se saiba não terem
cardiopatias, em áreas onde seja prevalente a resistência a múltiplas drogas e
onde não se disponha de nenhum outro anti-malárico eficaz. Conseqüente-
mente, a halofantrina só deve ser usada por orientação médica.

4. Dosagem e administração

A dose padrão, tanto para adultos quanto para crianças, é de 8 mg de


base/kg, em três doses de seis em seis horas, i.e., uma dose total de 24 mg de

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 55


base/kg, o equivalente em adultos a 1.500 mg de base. Recomenda-se uma
segunda série terapêutica uma semana depois do tratamento inicial, para
pacientes não imunes, a fim de assegurar a cura completa.
A absorção da halofantrina aumenta em cerca de seis vezes em pessoas
que estejam ingerindo refeições ricas em gorduras, em comparação com ou-
tras pessoas sem o consumo recente de alimentos. Níveis séricos mais eleva-
dos se correlacionam com intervalos QTc mais longos. Assim, não se reco-
menda a administração do medicamento junto com as refeições.

5. Uso na gravidez e infância

A halofantrina não deve ser usada por gestantes ou lactentes, a não ser
que o benefício supere o risco potencial para a mãe, o feto ou o recém-nasci-
do. Não existem informações circunstanciadas sobre a toxicidade da
halofantrina em crianças.

6. Eliminação do medicamento

A halofantrina é uma base lipofílica fraca, altamente insolúvel na água.


A absorção sistêmica das atuais apresentações, é imprevisivelmente variável,
porém aumenta até seis vezes com a ingestão de alimentos ricos em gordura.
A meia vida de eliminação varia de acordo com o indivíduo, mas em geral é de
24-48 horas para a droga precursora e o dobro desse tempo para o metabólito
biologicamente ativo. A meia vida de eliminação funcional é, portanto, de 4-5
dias. A principal via de eliminação é a fecal.

7. Efeitos colaterais

Em geral são leves e reversíveis, tais como náusea, dores abdominais,


diarréia, prurido e erupções cutâneas. Entretanto, em estudos realizados em
outros países, foi demonstrado prolongamento do intervalo QT na dose pa-

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 56


drão recomendada, havendo raros relatos de arritmias ventriculares graves,
algumas vezes fatais.

8. Contra-indicações

- história de alergia à halofantrina;


- cardiopatia;
- uso de outras drogas (antimoniais por exemplo), ou presença de
qualquer condição associada a aumento do intervalo QTc no
eletrocardiograma ;
- tratamento com mefloquina nos últimos 21 dias;
- gestantes e crianças com menos de um ano de idade.

9. Superdosagem

Não se tem experiência com superdosagem aguda com a halofantrina.


Aconselha-se a indução do vômito ou a lavagem gástrica imediata. As medidas
de apoio devem incluir monitoração com ECG.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 57


3. Esquemas de tratamento para a malária
recomendados pelo Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde, por intermédio da FUNASA, apresenta nas Tabe-


las de 1 a 11 todos os esquemas terapêuticos antimaláricos preconizados no
Brasil, de acordo com o grupo etário dos pacientes. Embora as dosagens cons-
tantes nas tabelas levem em consideração o peso pela idade do paciente, é
recomendável que, sempre que possível e para garantir boa eficácia e baixa
toxicidade no tratamento da malária, as doses dos medicamentos sejam fun-
damentalmente ajustadas ao peso do paciente. Entretanto, como nem sempre
é possível dispor de uma balança para verificação do peso, apresenta-se no
Quadro 4 abaixo a relação do peso segundo a idade dos pacientes. Chama-se
a atenção para a necessidade de, sempre que surgirem dúvidas, recorrer-se
ao texto deste manual e de outras fontes de consulta (vide tópico Referências
Bibliográficas), para melhor esclarecimento.
Quadro 4 - Equivalência entre Grupo Etário e Peso Corporal Aproximado

Grupos Etários Peso Corporal


Menor de 6 meses Menos de 5 Kg
6 a 11 meses 5 a 9 Kg
1 a 2 anos 10 a 14 Kg
3 a 6 anos 15 a 19 Kg
7 a 11 anos 20 a 29 Kg
12 a 14 anos 30 a 49 Kg
15 ou mais anos 50 Kg ou mais

Observação importante:
É da maior importância que todos os profissionais de saúde
envolvidos no tratamento da malária, desde o auxiliar de saúde da
comunidade até o médico, orientem adequadamente, com uma lin-
guagem compreensível, os pacientes quanto ao tipo de medicamen-

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 59


to que está sendo oferecido, a forma de ingeri-lo e os respectivos
horários. Muitas vezes, os pacientes são pessoas humildes que não
dispõem nem mesmo de relógio para verificar as horas.
O uso de expressões locais para a indicação do momento da
ingestão do remédio é recomendável. A expressão de 8 em 8 horas ou
de 12 em 12 horas, muitas vezes não ajuda os pacientes a saber quando
devem ingerir os medicamentos. Por outro lado, sempre que possível
deve-se orientar os acompanhantes ou responsáveis, além dos próprios
pacientes, pois geralmente estes, além de humildes, encontram-se
desatentos como conseqüência da febre, das dores e do mal-estar
causados pela doença.
O tratamento da malária, mesmo em nível periférico, é muito
complexo. Dificilmente, apenas um medicamento é utilizado. Em
geral são dois ou três diferentes drogas associadas. É muito fácil
haver confusão e troca de medicamentos. Em vários lugares, as pes-
soas que distribuem os remédios e orientam o seu uso utilizam-se de
envelopes de cores diferentes para cada medicamento. O importante
é que se evite ingestão incorreta dos remédios, pois as conseqüênci-
as podem ser graves.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 60


3.1. Esquemas de primeira escolha
Tabela 1 - Esquema recomendado para tratamento das infecções por Plasmodium vivax com cloroquina em 3
dias e primaquina em 7 dias
Drog a s e Doses

1 º d ia 2 º e 3 º d ia s 4 º a o 7 º d ia s

Grup os Prima q uina Prima q uina Prima q uina


Etá rios comp rimid o comp rimid o comp rimid o
Cloroq uina Cloroq uina
comp rimid o comp rimid o
A d ult o Inf a ntil A d ult o Inf a ntil A d ult o Inf a ntil

Menor de 6 meses 1/4 - - 1/4 - - - -


FUNASA - dezembro/2001 - pág. 61

6 a 11 meses 1/2 - 1 1/2 - 1 - 1

1 a 2 anos 1 - 1 1/2 - 1 - 1

3 a 6 anos 1 - 2 1 - 2 - 2

7 a 11 anos 2 1 1 1 e 1/2 1 1 1 1

12 a 14 anos 3 1 e 1/2 - 2 1 e 1/2 - 1 e 1/2 -

15 ou mais 4 2 - 3 2 - 2 -

Primaquina: comprimidos para adultos com 15mg da base e para crianças com 5mg da base. A cloroquina e a primaquina deverão ser ingeridas preferencial-
mente às refeições. Não administrar primaquina para gestantes e crianças até 6 meses de idade. Ver Tabela 10. Se surgir icterícia, suspender a primaquina.
FUNASA - dezembro/2001 - pág. 62

Tabela 2 -Esquema recomendado para tratamento das infecções por Plasmodium falciparum com quinina
em três dias + doxiciclina em cinco dias + Primaquina no 6º dia

Drog a s e Doses

Grup os 1 º , 2 º e 3 º d ia s 4 º e 5 º d ia s 6 º d ia
E t á ri o s
Q uinina Doxiciclina Doxiciclina Prima q uina
comp rimid o comp rimid o comp rimid o comp rimid o

8 a 11 anos 1 e 1/2 1 1 1

12 a 14 anos 2 e 1/2 1 e 1/2 1 e 1/2 2

15 ou mais anos 4 2 2 3

A dose diária da quinina e da doxiciclina devem ser divididas em duas tomadas, de 12/12 horas.
A doxiciclina e a primaquina não devem ser dadas a gestantes. Neste caso, usar Tabela 7.
Para menores de 8 anos e maiores de 6 meses de idade, usar a Tabela 6.
Tabela 3 - Esquema recomendado para tratamento das infecções mistas por
Plasmodium vivax + Plasmodium falciparum com
mefloquina em dose única e primaquina em 7 dias

Drog a s e Doses

1 º d ia 2 º a o 7 º d ia s

Grup os Et á rios Prima q uina Prima q uina


comp rimid o comp rimid o
M ef loq uina
comp rimid o
A d ult o Inf a nt il A d ult o Inf a nt il

Menor de 6 meses * - - - -

6 a 11 meses 1/4 - 1/4 - 1

1 a 2 anos 1/2 - 1/4 - 1

3 a 4 anos 1 - 1/2 - 2

5 a 6 anos 1 e 1/4 - 1/2 - 2

7 a 8 anos 1 e 1/2 - 1 1 1

9 a 10 anos 2 - 1 1 1

11 a 12 anos 2 e 1/2 - 2 1 e 1/2 -

13 a 14 anos 3 - 2 1 e 1/2 -

15 ou mais 4 2 - 2 -

* Calcular 15 a 20 mg/kg de peso.


A dose diária de mefloquina pode ser dividida em duas tomadas com intervalo de até 12 horas.
Não usar primaquina em gestantes e menores de 6 meses. Ver Tabela 10.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 63


Tabela 4 - Esquema recomendado para tratamento das infecções por
Plasmodium malariae com cloroquina em 3 dias

Drog a s e Doses

Cloroq uina
Grup os Etá rios comp rimid o

1 º d ia 2 º d ia 3 º d ia

Menor de 6 meses 1/4 1/4 1/4

6 a 11 meses 1/2 1/2 1/2

1 a 2 anos 1 1/2 1/2

3 a 6 anos 1 1 1

7 a 11 anos 2 1 e 1/2 1 e 1/2

12 a 14 anos 3 2 2

15 ou mais anos 4 3 3

Obs. Diferente do P. vivax, não se usa primaquina para o P. malariae.

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3.2. Esquemas alternativos
Tabela 5 - Esquema alternativo para tratamento das infecções por
Plasmodium vivax em crianças apresentando vômitos, com
cápsulas retais de artesunato em 4 dias, e primaquina em 7
dias

Drog a s e Doses

1º, 2º e 3º d ia s 4 º d ia 5 º a o 1 1 º d ia s
Grup os Etá rios
Prima q uina
A rtesuna to A rtesuna to comp rimid o
cá p sula reta l cá p sula reta l
A d ult o Inf a ntil

1 a 2 anos 1 1 - 1

3 a 5 anos 2 (A) 1 1/2 -

6 a 9 anos 3 (B) 1 - 2

10 a 12 anos 3 (B) 3 (B) 1 -


Cápsula retal com 50 mg. A cápsula retal pode ser conservada à temperatura ambiente.
Primaquina infantil e adulto com 5mg e 15 mg de primaquina-base, respectivamente.
A dose de primaquina é de 0,50 mg/kg de peso e deve ser ingerida, preferencialmente, às refeições.
(A) Administrar uma cápsula retal de 12 em 12 horas;
(B) Administrar uma cápsula retal de 8 em 8 horas.
Para menores de um ano e maiores de 12 anos, usar a Tabela 1 deste manual.
Obs. Não usar este esquema para crianças com diarréia.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 65


Tabela 6 - Esquema alternativo para tratamento das infecções por
Plasmodium falciparum com mefloquina em dose única,
e primaquina no 2º dia

Drog a s e Doses

1 º d ia 2 º d ia
Grup os Et á rios
Prima q uina
M ef loq uina comp rimid o
comp rimid o
A d ult o Inf a nt il

Menor de 6 meses * - -

6 a 11 meses 1/4 - 1

1 a 2 anos 1/2 1/2 -

3 a 4 anos 1 1 -

5 a 6 anos 1 e 1/4 1 -

7 a 8 anos 1 e 1/2 1 e 1/2 -

9 a 10 anos 2 1 e 1/2 -

11 a 12 anos 2 e 1/2 1 e 1/2 -

13 a 14 anos 3 2 -

15 ou mais 4 3 -

* Calcular 15 a 20 mg/kg de peso.


A dose diária da mefloquina pode ser dada em duas tomadas com intervalo máximo de 12 horas.
Não usar mefloquina se tiver usado quinina nas últimas 24 horas.
Não se deve usar mefloquina em gestantes do primeiro trimestre.
Não usar primaquina em gestantes e menores de 6 meses.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 66


Tabela 7 - Tratamento alternativo das infecções por Plasmodium
falciparum com quinina em 7 dias

Drog a s e Doses

Grup os Etá rios Q uinina


comp rimid o
(Dose d iá ria d ura nte 7 d ia s)

Menor de 6 meses 1/4

6 a 11 meses 1/2

1 a 2 anos 3/4

3 a 6 anos 1

7 a 11 anos 1 e 1/2

12 a 14 anos 2

15 ou mais anos 3
A dose diária de quinina deve ser fracionada em 3 tomadas de 8/8 h.

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Tabela 8 - Esquema alternativo para tratamento das infecções por Plasmodium falciparum de crianças, com
cápsulas retais de artesunato em 4 dias, e dose única de mefloquina no 3º dia e primaquina no 5o dia

Drog a s e Doses

Grup os Et á rios
1 º e 2 º d ia s 3 º d ia 4 º d ia 5 º d ia

A rt esuna t o A rt esuna t o M ef loq uina A rt esuna t o Prima q uina


cá p sula ret a l cá p sula ret a l comp rimid o cá p sula ret a l ( A d ult o )

1 a 2 anos 1 1 1/2 1 1/2

3 a 5 anos 2 (A) 2 (A) 1 1 1

6 a 9 anos 3 (B) 3 (B) 1 e 1/2 1 1 e 1/2

10 a 12 anos 3 (B) 3 (B) 2 e 1/2 3 (B) 2

A cápsula retal pode ser conservada à temperatura ambiente.


A mefloquina pode ser administrada na dose de 15-20 mg/kg, dividida em duas tomadas, com intervalo de 12 horas.
(A) Administrar uma cápsula retal de 12 em 12 horas;
(B) Administrar uma cápsula retal de 8 em 8 horas.
Para menores de um ano usar a Tabela 7, e maiores de 12 anos, usar as Tabelas 2 ou 6 deste manual.
Obs. Não usar este esquema para crianças com diarréia.
Tabela 9 - Esquema alternativo para tratamento das infecções mistas por Plasmodium vivax + Plasmodium
falciparum com quinina em 3 dias, doxiciclina em 5 dias e primaquina em 7 dias

Drog a s e Doses

1º, 2º e 3º d ia s 4 º d ia 5 º d ia 6 º a o 1 1 º d ia s
Grup os Etá rios
Prima q uina Prima q uina
Q uinina Doxiciclina Doxiciclina Doxiciclina
comp rimid o comp rimid o
comp rimid o comp rimid o comp rimid o comp rimid o
( A d ult o ) ( A d ult o )

8 a 11 anos 1 e 1/2 1 1 1 1 1

12 a 14 anos 2 e 1/2 1 e 1/2 1 e 1/2 1 e 1/2 1 e 1/2 1 e 1/2


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15 ou mais anos 4 2 2 2 2 2

A dose diária de quinina e de doxiciclina deve ser fracionada em duas tomadas de 12/12 horas.
Não usar doxiciclina e primaquina em gestantes. Nesses casos, usar a Tabela 7 e ver a Tabela 10.
Para menores de 8 anos usar as Tabelas 2 ou 6 deste manual.
Tabela 10 - Esquema de prevenção de recaída da malária por Plasmodium
vivax, com cloroquina em dose única semanal, durante 3
meses*
Pe s o Id a d e N úmero d e comp rimid os (150
(kg ) mg /b a se) p or sema na

5-6 < 4 meses 1/4

7-14 4 meses a 2 anos 1/2

15-18 3-4 anos 3/4

19-35 5-10 anos 1

36 e mais 11 e + anos 2

* Esquema recomendado para pacientes que apresentam recaídas após tratamento correto, e para gestantes
e crianças menores de 1 ano. Só deve ser iniciado após o término do tratamento com cloroquina em 3 dias.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 70


3.3. TTratamento
ratamento da malária grave e complicada
Quadro 5 - Esquema recomendado para malária grave por P. falciparum

Droga Observações Importantes


1. Primeira Escolha Completar o tratamento com: Clindamicina, 20
Derivados da Artemisinina mg/kg de peso/dia, por 5 dias, dividida em duas
A Artesunato endovenoso: 2,4 mg/kg como tomadas (12 em 12 horas), via oral; ou
dose de ataque e 1,2 mg/kg nos momentos 4, Doxiciclina, 3,3 mg/kg de peso/dia, dividida em
24 e 48 horas. Diluir cada dose em 50 ml de duas tomadas (12 em 12 horas), por 5 dias, via
solução isotônica (de preferência glicosada a oral; ou Mefloquina, 15-20 mg/kg de peso, em
5 ou 10%), EV em uma hora ou, dose única, via oral. Estes medicamentos devem
B Artemeter intramuscular: aplicar 3,2 mg/ ser administrados ao final do tratamento com os
kg de peso, em dose única no 1º dia. Após 24 derivados da artemisinina. A doxiciclina não deve
horas, aplicar 1,6 mg/kg de peso, a cada 24 ser administrada a gestantes e menores de 8 anos.
horas, por 4 dias, totalizando 5 dias de trata- A mefloquina não deve ser usada em gestantes
mento. do primeiro trimestre.

2. Segunda Escolha
Quinina Endovenosa Quando o paciente estiver em condições de
ingestão oral e a parasitemia estiver em declínio,
Infusão de 20-30 mg do sal de dicloridrato utiliza-se a apresentação oral de sulfato de qui-
de quinina/kg/dia, diluída em solução nina, na mesma dosagem, a cada 8 horas, Man-
isotônica (de preferência glicosada, a 5 ou ter o tratamento até 48 horas após a negativação
10%) (máximo de 500 ml), durante 4 horas, da gota espessa (em geral 7 dias).
a cada 8 horas, tendo-se o cuidado para a
infusão correr em 4 horas.

3. Terceira Escolha
Quinina endovenosa associada à
Clindamicina endovenosa
A quinina na mesma dose do item anterior Esquema indicado para gestantes.
até 3 dias. Simultaneamente, administrar a
clindamicina, 20 mg/kg de peso, dividida em 2
doses, uma a cada 12 horas, diluída em solução
glicosada a 5 ou 10% (15 ml/kg de peso),
infundida, gota a gota, em uma hora, por 7 dias.

Observação: Os derivados da artemisinina têm se mostrado muito eficazes e de ação muito rápida na
redução e eliminação da parasitemia. Assim, é necessário que estes medicamentos sejam protegidos de
seu uso abusivo e indicados fundamentalmente para casos graves e complicados. Em gestantes, o
esquema terapêutico específico preferencial é a associação quinina e clindamicina endovenosa (item
3), pela sua eficácia e inocuidade para a mãe e para o feto.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 71


4. A resposta dos plasmódios ao tratamento

4.1. Definição

Em 1964, peritos da OMS, reunidos para discutir a resistência dos pa-


rasitos maláricos às drogas, sugeriu que ela fosse definida como “a capacida-
de dos parasitos de uma cepa para sobreviver ou multiplicar-se, apesar da
administração e a absorção de uma droga, dada em doses iguais ou mesmo
maiores àquelas usualmente recomendadas, porém dentro dos limites de to-
lerância do paciente”.
De maneira geral, a definição envolve todas as espécies de plasmódios
e todas as drogas úteis que atuam como esquizonticidas sangüíneos ou hepá-
ticos e gametocitocidas. Relaciona-se particularmente com os esquizonticidas
sangüíneos e, de modo especial, com a atividade esquizonticida das 4-
aminoquinolinas nas infecções produzidas pelo P. falciparum.
Das quatro espécies de plasmódios que parasitam o homem, apenas o
P. falciparum, ao que parece, mostra realmente diferentes graus de resistên-
cia aos medicamentos utilizados.
Embora níveis importantes de resistência do P. vivax à cloroquina
tenham sido descritos na Oceania, o mesmo não tem sido observado nas de-
mais áreas endêmicas do mundo. Recentemente, pesquisadores de Manaus
(AM) relataram, pela primeira vez no Brasil, um paciente com malária causa-
da pelo P.vivax que mostrou resistência à cloroquina.
Infecções por P. malariae permanecem sensíveis às drogas e assim não
vem causando problemas ao controle desta endemia.
Tem sido registrada resistência do P. falciparum à quinina, o que foi
evidenciado em nosso país já no início deste século. Entretanto, estudos re-
centes realizados na Amazônia mostraram que, em associação com antibióti-
cos, a eficácia da combinação ainda está próxima dos 100%.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 72


4.2. O espectro da resposta terapêutica

A resistência e a sensibilidade do P. falciparum aos antimaláricos não


são absolutas. Entre sensibilidade total e resistência completa existem
gradações, que vão desde a diminuição do efeito - somente demonstrável pela
recrudescência ocasional -, até a resistência tão acentuada em que a droga
parece não ter aparentemente nenhum efeito. Esta gradação, aplicável em
resposta às doses recomendadas de cloroquina, apresenta-se na Quadro 6.
Quadro 6 - Perfil de resposta dos parasitos assexuados do P. falciparum às
drogas esquizonticidas sangüíneas
P erfil Símbolo R esposta
Sensibilidade S Negativação da parasitemia assexuada
dentro de sete dias após o 1º dia de tra-
tamento, sem recrudescência.
R I Negativação da parasitemia assexuada
como na sensibilidade, porém seguida da
recrudescência.
R esistência R II Redução acentuada da parasitemia
assexuada, porém sem negativação.
R III Não apresenta redução acentuada da
parasitemia assexuada.

4.3. Avaliação da resposta terapêutica antimalárica

Para que se tenha uma idéia bem segura da eficácia, tolerância e toxicidade
de qualquer medicamento, é necessário que todo profissional de saúde esteja
conscientizado do seu verdadeiro papel no atendimento ao paciente para o
restabelecimento e manutenção da saúde, bem como para enfrentar eventual
reaparecimento da doença. Caso se observe qualquer anormalidade na resposta
terapêutica aos antimaláricos, recomenda-se entrar em contato com os Centros
de Referência para Tratamento de Malária, listados no Anexos 2 e 3.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 73


É preciso que se tenha um modelo, mesmo sendo simples, que possa
atender ao esclarecimento de uma série de informações importantes para o
controle terapêutico da malária, tais como a origem da infecção, o número de
vezes que o paciente contraiu malária, a gravidade do caso, o tipo de parasito
que o acomete, que medicações já usou e qual ou quais efeitos indesejáveis a
medicação produziu.
Além do mais, é necessário acompanhar o paciente porque a cura clí-
nica e mesmo o desaparecimento total dos parasitos do sangue não significam
necessariamente uma verdadeira cura, pois, como se sabe, se não houver a
eliminação dos hipnozoítos do P. vivax ou ainda se o paciente portar parasi-
tos de malária falciparum resistentes ao medicamento, poderá ocorrer o im-
previsto de um novo episódio, sem que o paciente tenha voltado para área de
transmissão. Nos casos de malária falciparum, este acompanhamento deve ser
semanal e pode variar de 28 a 42 dias, dependendo da meia vida de elimina-
ção da droga utilizada para o tratamento, e, no caso de malária vivax, o acom-
panhamento deve ser mensal e se possível por seis a 12 meses.
A seguir, apresentamos um modelo de formulário que pode ser útil
para o acompanhamento de pacientes em tratamento de malária (Quadro 7).

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 74


Quadro 7 - Formulário de acompanhamento de pacientes em tratamento de
malária

Nome: Registro

Sexo: Idade: Estado civil: Se mulher, está gestante?

Endereço completo:

Local de nascimento: Local de procedência:

Quantas malárias já teve? Quando foi a última malária?

Medicamentos usados na última malária:


Há quantos dias se iniciaram os sintomas?

Síntomas antes do tratamento desta malária:

( ) febre ( ) dor de cabeça ( ) calafrio ( ) vômitos

( ) urina escura ( ) diarréia ou disenteria ( ) olhos amarelados

Resultado do exame: Parasitemia:


( ) Plasmodium falciparum ( ) P. falciparum + P. vivax
( ) Plasmodium vivax ( ) Outro:

Medicamentos prescritos:
Data do início do tratamento: / /

Acompanhamento do Tratamento

Tomou
Algum sintoma
Dia Data Parasitemia corretamento o Qual?
novo?
medicamento?

14

21

28

35

42

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 75


5. Profilaxia da malária

Como não é disponível uma droga profilática causal para a malária, a


ação esquizonticida sangüínea de alguns antimaláricos tem sido usada como
forma de prevenir as suas manifestações clínicas. A cloroquina, por exemplo,
foi utilizada em tão larga escala com este objetivo que até mesmo o sal de
cozinha serviu de veículo para a sua utilização. Entretanto, a progressiva ex-
pansão do P. falciparum cloroquina-resistente e o maior potencial tóxico dos
antimaláricos disponíveis fizeram com que a quimioprofilaxia da malária pas-
sasse a representar um tema polêmico nos últimos anos.
Até há pouco tempo, supunha-se que a quimioprofilaxia contra a malá-
ria fosse benéfica e que não apresentava complicações sérias. Por isso, era
recomendada a todos os viajantes sob o risco de contrair a doença.
A política adotada atualmente na aplicação de medidas profiláticas ba-
seia-se no seguinte princípio:
☞ As medidas mais importantes para reduzir o risco de contrair a in-
fecção malárica e outras infecções transmitidas por vetores são as
de proteção individual e coletiva para prevenir, reduzir ou evitar o
contato com mosquitos e outros artrópodes (mosquiteiro, repelen-
te, casas teladas, etc.).

5.1. Medid as de proteção individual


Medidas

Como medida de proteção individual pode-se citar a chamada profilaxia


de contato, que consiste em evitar o contato do mosquito com a pele do ho-
mem. Como o anofelino tem, em geral, hábitos noturnos de alimentação, re-
comenda-se evitar a aproximação às áreas de risco após o entardecer e logo
ao amanhecer. Usar repelentes nas áreas expostas do corpo, telar portas e
janelas e dormir com mosquiteiros, também são medidas que têm este objetivo.
Medicamentos ou alimentos que promovem sudorese com odor forte, tais
como a tiamina e o alho têm também sido usados para repelir o mosquito.
Entretanto, estas estratégias só se aplicam a situações especiais, como para

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 76


pessoas que eventualmente visitam as áreas endêmicas. O grande contingente
de indivíduos que vivem nas áreas transmissão não consegue, por razões óbvi-
as, adotar constantemente tais medidas.

5.2. Medidas de proteção coletiva

Como medidas coletivas, algumas estratégias têm sido consideradas


atualmente para reduzir os níveis de transmissão nas áreas endêmicas. Entre
elas destacam-se:
➧ medidas de combate ao vetor adulto, através da borrifação das
paredes dos domicílios com inseticidas de ação residual. Esta medi-
da baseia-se no conhecimento de que os anofelinos costumam pou-
sar nas paredes após o repasto sangüíneo, nos casos de contato
endofílico. No entanto, já foi demonstrado o hábito exofílico dos
vetores, principalmente nas áreas de garimpo da Amazônia. Além dis-
so, nessas áreas, as pessoas costumam morar em barracos cobertos
com lonas plásticas e sem paredes. Assim, em vez de borrifação de
paredes, tem sido praticada a nebulização espacial com inseticidas
no peridomicílio;
➧ medidas de combate às larvas, através de larvicidas. Devido à
extensão das bacias hidrográficas existentes nas áreas endêmicas e
ao risco de contaminação ambiental com larvicidas químicos, esta
estratégia tem sido pouco aplicada. Mais recentemente, o controle
biológico de larvas, utilizando o Bacillus turigiensis e o B. sphaericus
tem sido proposto, não se prestando, no entanto, para grandes exten-
sões de água;
➧ medidas de saneamento básico para evitar a formação de
criadouros de mosquitos, surgidos principalmente a partir das águas
pluviais e das modificações ambientais provocadas pela garimpagem
do ouro;
➧ medidas para melhorar as condições de vida, através da in-
formação, educação e comunicação, a fim de provocar mudanças de
atitude da população em relação aos fatores que facilitam a exposi-
ção à transmissão.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 77


5.3. Informações sobre a quimioprofilaxia

A atual situação epidemiológica da malária no mundo caracteriza-se


por um padrão heterogêneo de resistência do P. falciparum à cloroquina e a
outros antimaláricos. Além disso, os novos medicamentos antimaláricos apre-
sentam maior toxicidade e custo mais elevado. Por essa razão, programas
coletivos de quimioprofilaxia não têm sido adotados nas áreas
endêmicas do mundo. Em geral, as pessoas que atualmente fazem uso da
quimioprofilaxia antimalárica são aquelas que residem em áreas não endêmicas
e que, eventualmente, necessitam se deslocar para áreas de transmissão da
doença. Exemplo disso são os militares, os missionários, os diplo-
matas ou qualquer outro trabalhador vinculado a projetos de longa
duração nas áreas endêmicas.
No Brasil, onde o P. falciparum e o P. vivax se distribuem de maneira
quase homogênea nas diferentes áreas endêmicas, a política adotada atualmente
com relação à profilaxia da malária é centrada apenas nas medidas de proteção
individual. Em situações especiais, recomenda-se entrar em contato
com os Centros de Referência para Informações sobre Tratamento
da Malária Grave e Complicada no Brasil ou com as Instituições Pú-
blicas com experiência em controle da malária no Brasil, listados
nos Anexos 2 e 3, respectivamente.

5.4. Quimioprofilaxia de recaídas de P. vivax


para gestantes e crianças

Embora considerado inadequado, o termo quimioprofilaxia tem se apli-


cado também ao procedimento terapêutico utilizado para gestantes e crianças
que, impossibilitados de usarem primaquina, recebem cloroquina em doses
semanais de 5 mg/kg, para abortar possíveis recaídas da malária causada pelo
P. vivax.
Adotam-se as doses recomendadas na Tabela 10.

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6. Glossário

Este glossário define alguns dos termos técnicos empregados no texto e


cuja definição não foi nele incluída, e se baseia em parte na publicação Ter-
minologia del Paludismo y de la Erradicación del Paludismo. Limita-se aos
termos diretamente relacionados com a malária. As definições correspondem
aos significados dados aos termos neste Manual e não são necessariamente
válidas para outros propósitos.
Acesso palúdico – Manifestação cíclica de infecção aguda, caracterizada
por aumento de temperatura e outros sintomas, como calafrio e sudorese.
Adesão - Obediência por parte do paciente às instruções do médico, com
respeito ao método, dose e normas para a administração do medicamento.
Associação medicamentosa – Administração simultânea de dois ou mais
medicamentos, seja em preparações separadas, seja em uma mesma
preparação.
Ataque – Fase aguda da infecção malárica, que pode se apresentar com um
ou mais períodos febris, muitas vezes acompanhados de outros sintomas.
Denomina-se “ataque primário” o primeiro ataque que ocorre depois do
período de incubação.
Biodisponibilidade – Ver disponibilidade biológica.
Caso de malária – Qualquer caso de infecção malárica com presença do
parasito no sangue, confirmada laboratorialmente, com ou sem sintomas
clínicos.
Caso autóctone – Caso de malária contraído pelo enfermo na área de sua
procedência.
Caso críptico – Caso de malária cuja investigação epidemiológica não con-
seguiu esclarecer se é autóctone ou importado.
Caso importado – Caso de malária contraído fora da zona onde se fez o
diagnóstico. O emprego dessa expressão dá a idéia de que é possível situar,
com certeza, a origem da infecção numa zona malárica conhecida.
Caso induzido – Caso de malária que pode ser atribuído a uma transfusão
de sangue ou a outra forma de inoculação parenteral, porém não à transmis-

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são natural pelo mosquito. A inoculação pode ser acidental ou deliberada e,
neste caso, pode ter objetivos terapêuticos ou de pesquisa.
Caso introduzido – Na terminologia comum, esse nome é dado aos casos se-
cundários diretos, quando se pode provar que eles constituem o primeiro elo da
transmissão local após um caso importado conhecido.
Cepa – População de uma mesma espécie descendente de um único antepassado
ou que tenha a mesma origem, conservada mediante uma série de passagens por
hospedeiros ou subculturas adequadas. As cepas de comportamento semelhante
chamam-se “homólogas” e as de comportamento diferente “heterólogas”. Anti-
gamente empregava-se o termo “cepa” de maneira imprecisa, para aludir a um
grupo de organismos estreitamente relacionados entre si, que perpetuavam suas
características em gerações sucessivas. Ver também cultura isolada.
Congênere – Na terminologia química, qualquer substância de um grupo quími-
co, cujos componentes sejam derivados da mesma substância-mãe; por exemplo,
as 4-aminoquinolinas são congêneres uma das outras.
Cura clínica – Supressão dos sintomas da malária, com ou sem eliminação com-
pleta da infecção.
Cura radical – Eliminação completa dos parasitos que se encontram no organis-
mo, de tal maneira que fique excluída qualquer possibilidade de recidivas.
Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) – Carência genéti-
ca de uma enzima normalmente presente nos eritrócitos que intervêm no metabo-
lismo da glucose, que se realiza nos glóbulos vermelhos. A carência dessa enzima
relaciona-se com o cromossoma X. Expressa-se de forma completa nos homens
homozigóticos e se manifesta de maneira variável nas mulheres heterozigóticas.
Existem dois tipos de carência de G6PD: o tipo A, observado principalmente em
pessoas negróides; e o tipo B, somente encontrado em pessoas caucasóides, origi-
nárias da região do Mediterrâneo. Sob a influência de certos medicamentos, as
células que carecem de G6PD sofrem um grau de hemólise, que resulta em
hemoglobinemia e hemoglobinúria. Entre as drogas que produzem esse efeito fi-
guram a quinina, a primaquina, as sulfonas, muitas sulfamidas, o cloranfenicol,
diversos antitérmicos e analgésicos. O grau de hemólise depende do tipo e da dose
do medicamento empregado. Os pacientes com deterioração das funções hepática
e renal são mais propensos à hemólise.

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Denominações internacionais genéricas – Nomes genéricos de medicamen-
tos aceitos pela Organização Mundial da Saúde e incluídos na lista oficial publicada
por esse organismo.
Disponibilidade biológica (biodisponibilidade) – Velocidade e grau de ab-
sorção de um medicamento, a partir de um preparado farmacêutico, determina-
dos por sua curva de concentração/tempo na circulação geral ou por sua excreção
na urina. Refere-se à quantidade ou percentagem de droga ativa, que é absorvida
quando administrada numa certa dose e numa dada apresentação, e que se torna
disponível no local de ação da droga.
Dose – Quantidade de medicamento que se receita para cada porção a ser tomada
ou para determinado período de tempo. As doses de medicamentos antimaláricos
devem ser expressas em unidades do sistema métrico decimal, como miligramas
ou frações decimais do grama, ou em unidades de volume apropriadas (por
exemplo, ml).
Dose total – Quantidade total de medicamento que se receita para o tratamento
de uma determinada enfermidade. Em geral, gradua-se de conformidade com a
idade e o peso do paciente. As normas de administração da dose determinam a
quantidade do medicamento e o intervalo entre cada administração.
Dose única – Quantidade de um medicamento que, administrado em uma única
porção, é suficiente para alcançar o efeito desejado.
Efeitos colaterais dos medicamentos – Termo que inclui todos os efeitos não
desejados que se apresentam nos seres humanos, como resultado da administra-
ção de um medicamento.
Equivalência terapêutica – Característica de diferentes produtos farmacêuticos
que, quando administrados em um mesmo regime, apresentam resultados com o
mesmo grau de eficácia e/ou toxicidade.
Esporogonia – Processo de divisão celular pelo qual os plasmódios se desenvol-
vem no inseto vetor.
Esporonticida – Inibe a fase esporogônica do desenvolvimento do parasito no
anofelino.
Esporozoítos – Formas infectantes dos plasmódios que se acumulam nas glân-
dulas salivares do inseto vetor ao final da esporogonia e são inoculadas no homem,
durante o repasto sangüíneo da fêmea.

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Esquizogonia – Processo de divisão celular assexuada pelo qual os plasmódios
se desenvolvem nos hepatócitos (esquizogonia tecidual) e eritrócitos (esquizogonia
sangüínea).
Esquizontes – Estágio de desenvolvimento dos plasmódios durante as
esquizogonias tecidual e sangüínea, representado por formas parasitárias
intracelulares maduras e multinucleadas, as quais darão origem a vários no-
vos parasitos (merozoítos). Sua presença no sangue periférico não é
comumente observada com o P. falciparum, já que esta espécie completa o
seu desenvolvimento eritrocítico em hemácias aderidas ao endotélio capilar.
Sua detecção em exame hemoscópico de pacientes com malária falciparum
está associada à maior gravidade da doença.
Esquizonticida – Substância que destrói as formas assexuadas dos parasitos
da malária. Os esquizonticidas podem ser hemáticos ou hepáticos. Quando
se emprega a palavra sem uma especificação, trata-se, em geral, de um
esquizonticida hemático, isto é, que atua sobre as formas eritrocíticas
assexuadas do parasito. Os esquizonticidas hepáticos são os que destroem as
formas exoeritrocíticas; são primários (“medicamentos etioprofiláticos”), se
atuam sobre as formas exoeritrocíticas primárias, e secundários, quando sua
ação se dá sobre as formas latentes (hipnozoítos). O termo esquizonticida
hepático secundário é empregado muito raramente e, em sentido estrito, refe-
re-se aos medicamentos para o tratamento radical.
Falha da medicação – Ineficácia ou efeito insuficiente de uma dose de me-
dicamento teoricamente eficaz. Há que se distinguir entre aspectos relaciona-
dos à medicação, causado por uma absorção insuficiente, ou por degradação
ou liberação anormalmente rápidas, e o motivado pela resistência do parasito
ao remédio.
Farmacocinética – Ramo da ciência que estuda a absorção, distribuição,
metabolismo e excreção dos medicamentos.
Farmacodinâmica – Estudo da variação individual e coletiva – isto é, étnica
-, relacionada com fatores genéticos, da absorção e metabolismo dos medica-
mentos e da resposta do organismo.
Febre – Síndrome clínica caracterizada pela elevação da temperatura corpo-
ral. Pode ser: a) contínua; b) remitente (quando há subidas e descidas da

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temperatura sem chegar à apirexia); e c) intermitente (quando existem perí-
odos de apirexia, isto é, sem febre).
Febre hemoglobinúrica – Síndrome caracterizada por hemólise intravascular
aguda e hemoglobinúria, muitas vezes acompanhada de insuficiência renal,
podendo ser desencadeada na infecção por P. falciparum e pela quinina.
Formas eritrocíticas – Estágios do parasito que se desenvolvem nos
eritrócitos, durante a esquizogonia sangüínea (trofozoítos, esquizonte e
gametócitos).
Formas exoeritrocíticas – estágios do parasito que se desenvolvem no hepatócito,
durante a esquizogonia tecidual (trofozoítos, esquizontes e hipnozoítos).
Formulação medicamentosa – Apresentação final do produto farmacêuti-
co, por exemplo, comprimido, drágea, cápsula, elixir, xarope, injeção, supo-
sitório; também a composição do preparado em questão, que inclui as carac-
terísticas das matérias-primas e a operação necessária à sua preparação.
Gametócito – Célula progenitora de um gameta. Os gametócitos femininos
(macrogametócitos) e os masculinos (microgametócitos) dos parasitos da
malária desenvolvem-se nas hemácias.
Gametocitocida – Medicamento que age sobre as formas sexuadas dos para-
sitos da malária. Usa-se comumente o termo com referência aos compostos
que atuam de maneira seletiva sobre os gametócitos de Plasmodium
falciparum, por não serem estes afetados, imediatamente, pelos medicamen-
tos esquizonticidas eritrocíticos habituais que destroem as formas sexuadas e
assexuadas do P. vivax, P. malariae e P. ovale.
Gametóforo – Refere-se ao indivíduo que é portador das formas sexuadas do
parasito (gametas).
Gametogênese – No caso do plasmódio, é o processo de diferenciação de
alguns merozoítos para formar gametas masculino e feminino, os quais, após
fecundação no intestino médio do inseto vetor, irão perpetuar o ciclo
esporogônico sexuado do parasito.
Hipnozoítos – Estágio do P. vivax que durante a esquizogonia tecidual he-
pática apresenta desenvolvimento lento, podendo durar meses ou anos, sendo
responsável pelas recaídas observadas nessa espécie causadora de malária.

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Infecção – Penetração, desenvolvimento e/ou multiplicação de um
microorganismo no hospedeiro.
Infectante – Que pode causar uma infecção; aplica-se, geralmente, ao para-
sito (por exemplo, o gametócito, o esporozoíto).
Imunidade – Na malária, é o conjunto de processos naturais que visam pro-
teger contra a infecção e que contribuem para a destruição dos parasitos ou
para a limitação de sua multiplicação.
Interação farmacológica - Alteração do efeito farmacológico de um medi-
camento administrado simultaneamente com outro.
Malária cerebral – Forma de malária (paludismo) perniciosa causada por
infecção pelo Plasmodium falciparum, que se faz acompanhar de manifesta-
ções neurológicas variadas.
Malária crônica – Termo vulgarmente empregado, mas que não se reco-
menda, para denominar o estado mórbido resultante da infecção malárica
prolongada ou repetida.
Malária importada – Ver caso importado.
Malária induzida – Ver caso induzido.
Malária introduzida – Ver caso introduzido.
Malária perniciosa – Infecção malárica de sintomatologia grave, geralmen-
te causada por Plasmodium falciparum.
Malária falciparum – Infecção provocada por Plasmodium falciparum.
Malária malariae – Infecção produzida por Plasmodium malariae. O ter-
mo “quartã” é preferível.
Malária ovale – Infecção produzida por Plasmodium ovale.
Malária vivax – Infecção produzida por Plasmodium vivax.
Malária mista – Infecção concomitante por mais de uma espécie de
plasmódio.
Meia-vida – Muitas vezes abreviado como T/2 ou T ½, tempo necessário para
se reduzir a concentração ou o efeito de um medicamento à metade. Pode-se
medi-la de três maneiras: a) meia-vida no plasma; b) meia-vida de elimina-
ção; e c) meia-vida do efeito biológico.

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Medicamento – 1) Substância, ou mistura de substâncias, empregada para
evitar, aliviar ou curar uma enfermidade ou um estado físico anormal ou os
sintomas correspondentes, no homem ou nos animais. 2) Qualquer substân-
cia ou produto utilizado, ou destinado a ser utilizado, para modificar ou ex-
plorar um sistema fisiológico ou um estado patológico em benefício do indiví-
duo que o recebe.
Merozoíto – Estágio final do desenvolvimento intracelular dos plasmódios, os
quais são liberados na corrente sangüínea para infectar novos eritrócitos. Inde-
pendente da sua origem, se pré-eritrocítica ou eritrocítica, os merozoítos são célu-
las similares e só invadem hemácias.
Normas para o tratamento – Plano que se deve seguir na administração de um
medicamento para obter o efeito desejado.
Oocinetos – Estágio do ciclo esporogônico dos plasmódios que surgem no intes-
tino médio do inseto vetor logo após a fecundação. Por serem móveis essas formas
atingem a parede do intestino médio, formando os oocistos.
Oocistos – Estágio do ciclo esporogônico dos plasmódios que se encontram ade-
ridos à parede do intestino médio do inseto vetor, onde se processa a divisão celu-
lar que dará origem às formas infectantes do parasito (esporozoítos).
Parasitemia – Presença de parasitos da malária no sangue.
Período de incubação – 1) Tempo que transcorre entre a infecção malárica
inicial no homem e as primeiras manifestações clínicas. O período de incubação
pode ser prolongado, quando sua duração é muitas vezes superior à normal (como
pode acontecer em climas temperados com as infecções outonais por Plasmodium
vivax, freqüentemente sem manifestações clínicas até a primavera seguinte); 2)
Tempo necessário para que se verifique a esporogonia no mosquito até a fase
infectante (também chamado de “período de incubação extrínseca”).
Período de latência – Período de infecção malárica, sem manifestações e sem
sintomas clínicos, da enfermidade nos vertebrados; às vezes, período durante o
qual não se observam (ou que só através de exames microscópicos se detectam)
os parasitos. Antes do ataque primário, geralmente há um período de latência
(“latência de incubação”) e um ou mais nos intervalos entre os ataques posterio-
res, durante os quais as formas eritrocíticas desaparecem do sangue mas a infec-
ção persiste.

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Período patente – Tempo durante o qual se evidencia a infecção malárica em
um vertebrado pela presença do parasito no sangue. Algumas vezes também
se nota um período “subpatente” durante o qual, no exame microscópico
normal, não se observam parasitos no sangue, conquanto possam estar pre-
sentes, mas em número muito pequeno.
Período pré-patente – Fase inicial da infecção malárica no vertebrado, do
momento da penetração dos esporozoítos no organismo até o aparecimento
dos parasitos no sangue periférico. Deve-se fazer a distinção entre o período
pré-patente e o período de incubação (este relacionado com as primeiras
manifestações clínicas da enfermidade).
Portador – Qualquer pessoa que albergue parasitos da malária, com ou sem
sinais clínicos de infecção.
Profilaxia – Proteção contra a enfermidade; prevenção da enfermidade.
Quartã – Diz-se da infecção malárica cujos acessos febris ocorrem de três
em três dias (72 horas), associada à presença do P. malariae.
Quimioprofilaxia – é a administração de um medicamento antimalárico
com fins preventivos ou de proteção contra a doença.
Recaída – Reaparecimento das manifestações clínicas de uma infecção
malárica, provavelmente causada por uma nova invasão dos eritrócitos por
formas de origem hepática (hipnozoítos). É o que ocorre nas malárias por P.
vivax.
Recidiva – Reaparecimento de manifestações (sintomas clínicos, parasitemia,
ou ambos) de uma infecção malárica, depois de transcorrido um lapso de
tempo superior ao da periodicidade normal dos acessos. Podem empregar-
se os qualificativos “precoce” e “tardia” para as recidivas que ocorrem, res-
pectivamente, antes ou depois de passados dois meses do ataque primário. O
termo “recidiva” deve ser reservado para as novas manifestações de uma in-
fecção provocada pelas formas exoeritrocíticas do parasito. Emprega-se a
expressão “padrão de recidiva” para indicar uma seqüência particular das
recidivas em um determinado indivíduo.
Recrudescência – Reaparecimento, a curto prazo, das manifestações clíni-
cas de uma infecção malárica, causada pela sobrevivência de formas
eritrocíticas.

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Resistência – Aptidão dos parasitos de uma cepa a sobreviverem e a se mul-
tiplicarem em presença de um medicamento em concentrações que normal-
mente destroem os organismos da mesma espécie ou que impedem sua mul-
tiplicação. A resistência pode ser relativa, quando cede à administração de
doses mais elevadas do medicamento, ou completa, quando não cede às do-
ses máximas toleradas pelo hospedeiro.
Seleção de medicamentos – avaliação da ação antimalárica de compostos
químicos provavelmente úteis. A seleção primária, geralmente efetuada em
relação com a malária das aves, ou dos murídeos, determina se um preparado
produz algum efeito sobre os parasitos. A seleção secundária determina, em
forma qualitativa e quantitativa, a atividade e a toxicidade preliminar dos com-
postos aprovados na seleção primária. A seleção terciária, realizada normal-
mente com primatas inferiores, define a ação dos compostos antes de seu
emprego no homem.
Sinergismo – Ação combinada de dois ou mais medicamentos que produ-
zem um efeito biológico, cujo resultado é superior à soma dos efeitos de cada
composto. Quando um medicamento aumenta a ação de outro, diz-se que
existe potencialização.
Terçã benigna – Diz-se da infecção malárica por P. vivax cujos acessos fe-
bris ocorrem com intervalo de dois dias (48 horas).
Terçã maligna – Diz-se da infecção malárica por P. falciparum cujos aces-
sos febris ocorrem com intervalo de dois dias (48 horas).
Tolerância ao medicamento – Condição que requer o aumento da dose do
medicamento para conseguir o efeito que se conseguia antes com doses me-
nores. Esse termo refere-se ao paciente e não equivale ao desenvolvimento de
resistência específica ao medicamento no agente patogênico.
Tratamento anti-recidivante – Tratamento destinado a prevenir as recidi-
vas, particularmente as que incidem a longo prazo.
Trofozoíto – Estágio inicial do desenvolvimento intracelular dos plasmódios,
seja no ciclo esquizogônico tecidual ou hemático.

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7. R eferências bibliográficas
Referências

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chloroquine (R2) and mefloquine (R3) in Brazilian Amazon region. Rev.
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World Health Organization. Practical Chemotherapy of Malaria. Report
of a WHO Study Group. Geneva; 1990. Technical Report Series nº 805.
World Health Organization. Technical Report Series Nº 296. Geneva;
1965.
World Health Organization. Technical Report Series Nº 375. Geneva;
1967.
World Health Organization. WHO Expert Committee in Malaria, Fifteenth
Report. Geneva; 1986. Technical Report Series nº 735.

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 90


8. Anexos
8.1. Anexo 1

Denominações Genéricas Internacionais de Antimaláricos Utilizados pelo


Ministério da Saúde

4-aminoquinolinas

Cloroquina:
⇒ comprimidos contendo 250 mg de difosfato, sulfato, dicloridrato
ou cloridrato de cloroquina, equivalente a 150 mg de cloroquina
base;
⇒ ampolas contendo 5 ml de uma solução de cloridrato, difosfato
ou sulfato de cloroquina, com um conteúdo de 40 mg de
cloroquina base por ml. Esta apresentação injetável não tem sido
recomendada, pelo alto risco de efeitos cardiotóxicos agudos e
graves.

8-aminoquinolinas

Primaquina:
⇒ comprimidos contendo 8,8 mg de fosfato ou difosfato de
primaquina, equivalente a 5 mg de primaquina base;
⇒ comprimidos contendo 26,4 mg de fosfato ou difosfato de
primaquina, equivalente a 15 mg de primaquina base.

Quinolinometanóis

Quinina:
⇒ comprimidos contendo 500 mg de dicloridrato, cloridrato,
bissulfato ou sulfato de quinina;
⇒ ampolas contendo 500 mg de dicloridrato de quinina em 5 ml de
água bi-destilada.

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Mefloquina:
⇒ comprimidos contendo 274 mg de cloridrato, equivalente a 250
mg de mefloquina base.

Fenantrenometanóis

Halofantrina:
⇒ comprimidos de 250 mg de cloridrato de halofantrina, equiva-
lente a 233 mg de halofantrina base;
⇒ suspensão oral contendo 100 mg de cloridrato de halofantrina,
equivalente a 93,2 mg de halofantrina base, em 5 ml (correspon-
dente a 20 mg de sal por ml).

Tetraciclinas

Tetraciclina:
⇒ cápsulas contendo 250 mg de cloridrato de tetraciclina (primei-
ra opção);
⇒ cápsulas contendo 500 mg de cloridrato de tetraciclina.

Doxiciclina:
⇒ comprimidos de hidrato ou hidrocloridrato de doxiciclina, con-
tendo 100 mg de substância base.

Lincosamidas

Clindamicina:
⇒ cápsulas contendo 150 mg de clindamicina base sob a forma de
cloridrato ou hidrocloridrato;
⇒ comprimidos contendo 300 mg de clindamicina base sob a for-
ma de cloridrato ou hidrocloridrato;
⇒ ampolas de 2 ml com 150 mg/ml.

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Derivados da Artemisinina
Artemeter:
⇒ solução oleosa injetável com 80 mg em ampola de 1 ml, para
aplicação intramuscular.
Artesunato:
⇒ comprimidos de 50 mg de artesunato;
⇒ pó para injeção com 60 mg de artesunato anidro em ampola de 1
ml + bicarbonato de sódio em ampola de 0,6 ml, para injeção
endovenosa ou intramuscular;
⇒ cápsula retal com 50 mg de artesunato (Retocaps infantil).

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8.2. Anexo 2

Centros de Referência para informações sobre tratamento da


Malária grave e complicada do Brasil
Colaboradores da Fundação Nacional de Saúde

Manaus - AM
Nome da Instituição: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas
Setor Responsável: Gerência de Malária
Endereço: Av. Pedro Teixeira, 25 - Bairro Dom Pedro
CEP: 69040-000 - Manaus – AM
Médico Responsável: Dra. Graça Alecrim
Telefones: (0XX-92) 238.1711/238.5364/238.1146
Equipe médica: Dra. Graça Alecrim
Dr. Wilson Alecrim
Dr. Eucides Batista
Dr. Ana Luisa Guerra
Dr. Bernardino Albuquerque
Dra. Vera M Silva
Brasília - DF
Nome da Instituição: Universidade de Brasília
Setor Responsável: Núcleo de Medicina Tropical
Endereço: Campus Universitário - Asa Norte
CEP: 70919-970 - Brasília – DF
Médico Responsável: Dr. João Barberino Santos
Telefones: (0XX-61) 273.5008/272.2824/273.6758/273.4771/273.2811/
347.4979
Equipe médica: Dra. Vanize Macêdo
Dr. Cleudson Castro
Dr. João Barberino
Dr. Gustavo Romero
Dra. Elza Noronha
Dra. Celeste Silveira

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Goiânia - GO
Nome da Instituição: Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública
Setor Responsável: Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia
Endereço: Rua Delenda Rezende de Melo, s/n – Setor Universitário
CEP: 74605-050 – Goiânia - GO
Médico Responsável: Dr. Joaquim Caetano Almeida Netto
Telefones: (0XX-62) 261.6497
Equipe médica: Dr. João Guimarães Andrade
Dra. Ledice I. Araujo Pereira
Dr. Joaquim Caetano Netto
São Luís - MA
Nome da Instituição: Universidade Federal do Maranhão
Setor Responsável: Núcleo de Patologia e Medicina Tropical
Endereço: Praça Madre Deus, 2 - São Luís – MA
CEP: 65025-560 - São Luís - MA
Médico Responsável: Dr. Antonio Rafael da Silva
Telefones: (0XX-98) 221.0365/232.3837/222.5135
Equipe médica: Dr. Antonio Rafael
Dr. José Manoel Rabelo
Belo Horizonte – MG
Nome da Instituição: Hospital das Clínicas (Pronto Atendimento) UFMG
Setor Responsável: Centro de Referência em Malária – Departamento de
Doen-ças Infecciosas e Parasitárias
Endereço: Av. Alfredo Balena, 110 – Belo Horizonte - MG
CEP: 31270-901 - Belo Horizonte - MG
Médico Responsável: Dr. José Francisco Zumpano
Telefones: (0xx31) 248.9327/248.9330/222.0629
Equipe médica: Dr. José Francisco Zumpano
Dr. Ricardo A. D. Heneine
Dr. Manoel Otávio C. Rocha

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 95


Cuiabá - MT
Nome da Instituição: Hospital Universitário Júlio Müller
Setor Responsável: Departamento de Clínica Médica
Endereço: Rua L s/n – Bairro Alvorada
CEP: 78070-150 – Cuiabá – MT
Médico Responsável: Dr. Cor Jésus F. Fontes
Telefones: (0XX-65) 615.7340/615.7342/615.7302
Equipe médica: Dr. Cor Jésus
Dra. Márcia Hueb
Dr. Francisco Souto
Dra. Yvelise Terezinha
Belém - PA
Nome da Instituição: Instituto Evandro Chagas
Setor Responsável: Laboratório de Malária
Endereço: Av. Almirante Barroso, 492
CEP: 66090-000 - Belém – PA
Médico Responsável: Dr. José Maria de Souza
Telefones: (0XX-91) 211.4432/211.4457/211.4466
Equipe médica: Dr. José Maria de Souza
Dra. Vanja Calvosa
Dr. Alvaro Couto
Rondônia - RO
Nome da Instituição: Secretaria de Estado da Saúde
Setor Responsável: Centro de Pesquisas em Medicina Tropical de Rondônia
– CEPEM
Endereço: BR 364 – Km 4,5
CEP: 78970-000 - Porto Velho – RO
Médico Responsável: Dr. Mauro Shugiro Tada
Telefones: (0XX-69) 225.3304/225.2279
Equipe médica: Dr. Juan Miguel
Dr. George Skrobot
Dr. Gaspar Bonancin
Dr. André Luiz

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 96


Dr. Rui Durlarcher
Dr. Mauro Tada
Porto Alegre - RS
Nome da Instituição: Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre
Setor Responsável: Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias
Endereço: Irmandade da Santa Casa de Miseericórdia Praça D. Feliciano s/n
– 2o andar
CEP: 90020-090 - Porto Alegre-RS
Médico Responsável: Dra. Marília Santos Severo
Telefones: (0xx-51) 9968.6076/214.8018
Equipe médica: Dra. Maria Beatriz Targa
Dra. Ana Sandri
Dr. Paulo Bear
Dr. César Audabi
São Paulo - SP
Nome da Instituição Hospital das Clínicas USP:
Setor Responsável: Clínica de Doenças Infeciosas e Parasitárias
Endereço: Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 255 – Bairro Cerqueira César
CEP: 09403-000 - São Paulo - SP
Médico Responsável: Dr. Marcos Boulos
Telefones: (0XX-11) 262.5647/881.3451/881.8144/3069.6135 (plantão)
3069-6413
Equipe médica: Dr. Aluizio Segurado
Dr. Ricardo Tapajós
Dr. Luiz Henrique
Dr. Eduardo Medeiros

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 97


8.3. Anexo 3

Endereços das instituições públicas com experiência em controle


de malária no Brasil

Coordenações Regionais da FUNASA por Unidade Federativa

Sede: FUNASA/CENEPI/CCDTV/Gerência Técnica de MALÁRIA


Telefones: 0(XX).61.321-27021/321-2203/314-6481/314-6355
Fax: 0(XX).61.321-1410
Endereço: SAS - Quadra 4 - Bloco “N” - 7º andar – Sala 711
CEP: 70.070 - 040 - Brasília - DF
Coordenação: Acre - AC
Telefone: 0(XX).68.223 2040 / 223 1170 / 223 1172
Fax: 0(XX).68.223 2030
Endereço: Rua Antônio da Rocha Viana, s/n - Vila Ivonete
CEP: 69914-610 - Rio Branco - AC
Coordenação: Alagoas - AL
Telefone: 0(XX).82.241 8332 / 241 6155
Fax: 0(XX).82.241 6722
Endereço: Av. Durval de Góes Monteiro, 6122 - Tabuleiro dos Martins
CEP: 57080-000 - Maceió - AL
Coordenação: Amapá - AP
Telefone: 0(XX).96.214 2005 / 214 1010
Fax: 0(XX).96.214 2012
Endereço: Avenida Antônio Coelho de Carvalho, 2668 - Santa Rita
CEP: 68900-260 - Macapá - AP
Coordenação: Amazonas - AM
elefone: 0(XX).92.672 12 04 / 672 1331 / 672 1020
Fax: 0(XX).92.672 1149
Endereço: Rua Oswaldo Cruz, s/n - Bairro da Glória
CEP: 69027-000 - Manaus - AM

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 98


Coordenação: Bahia - BA
Telefone: 0(XX).71.243 2222 / 2702 / 2174
Fax: 0(XX).71.241 1243
Endereço: Rua do Tesouro, 21/23 - Ajuda
CEP: 40020-050 - Salvador - BA
Coordenação: Ceará - CE
Telefone: 0(XX).85.224 9272 / 244 9888
Fax: 0(XX).85.224 5581
Endereço: Avenida Santos Dumont, 1980 - Aldeota
CEP: 60150-160 - Fortaleza - CE
Coordenação: Espírito Santo - ES
Telefone: 0(XX).27.335 8149 / 335 8100
Fax: 0(XX).27.335 8146
Endereço: Rua Moacyr Strauch, 85 - Praia do Canto
CEP: 29055-630 - Vitória - ES
Coordenação: Goiás - GO
Telefone: 0(XX).62.229 4642
Fax: 0(XX).62.225 6022
Endereço: Rua 83, n.º 41 - Setor Sul
CEP: 74083-020 - Goiás - GO
Coordenação: Maranhão - MA
Telefone: 0(XX).98.232 3304
Fax: 0(XX).98.232 7527
Endereço: Rua Apicum, 243 - Centro
CEP: 65025-070 - São Luís - MA
Coordenação: Mato Grosso - MT
Telefone: 0(XX).65.623 6842 / 624 3836 / 623 2200
Fax: 0(XX).65.623 6393
Endereço: Avenida Getúlio Vargas, 867 - Centro
CEP: 78045-720 - Cuiabá - MT
Coordenação: Mato Grosso do Sul - MS
Telefone: 0(XX).67.783 5181 / 725 1499
Fax: 0(XX).67.725 4313
Endereço: Rua Jornalista Belizário de Lima, 263 - Centro
CEP: 79004-270 - Campo Grande - MS

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 99


Coordenação: Minas Gerais - MG
Telefone: 0(XX).31.248 2802 / 222 0710
Fax: 0(XX).31.261 8999 / 222 0710
Endereço: Rua Espírito Santo, 500, sala 1004 - Centro
CEP: 30160-030 - Belo Horizonte - MG
Coordenação: Pará - PA
Telefone: 0(XX).91.222 6646 / 242 2433 / 242 0016 / 242 1247
Fax: 0(XX).91.222 0195
Endereço: Avenida Visconde de Souza Franco, 616 - Redutor
CEP: 66063-000 - Belém - PA
Coordenação: Paraíba - PB
Telefone: 0(XX).83.241 1243 / 241 4443
Fax: 0(XX).83.221 1664
Endereço: Rua Prof. Geraldo Von Shosten, 285 - Jaguaribe
CEP: 58015-190 - João Pessoa - PB
Coordenação: Paraná - PR
Telefone: 0(XX).41.322 0197 / 322 8699
Fax: 0(XX).41.232 0935
Endereço: Rua Cândido Lopes, 208, sala 807 - Centro
CEP: 80020-060 - Curitiba - PR
Coordenação: Pernambuco - PE
Telefone: 0(XX).81.241 9710 / 241 8000
Fax: 0(XX).81.241 8511
Endereço: Avenida Cons. Rosa e Silva, 1489 - Aflitos
CEP: 52050-020 - Recife - PE
Coordenação: Piauí - PI
Telefone: 0(XX).86.232 3995 / 232 3520 / 232 3857
Fax: 0(XX).86.232 3047
Endereço: Avenida João XXIII, 1317 - Jockey Club
CEP: 64049-010 - Teresina - PI
Coordenação: Rio de Janeiro - RJ
Telefone: 0(XX).21.263 6263 / 233 3264 / 296 1860
Fax: 0(XX).21.263 6149
Endereço: Rua Coelho e Castro, 06, 10º andar - Saúde - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 20081-060 - Rio de Janeiro - RJ

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 100


Coordenação: Rio Grande do Norte - RN
Telefone: 0(XX).84.221 2932 / 221 5002
Fax: 0(XX).84.221 2632
Endereço: Avenida Alexandrino de Alencar, 1402 - Tirol
CEP: 59015 - 350 - Natal - RN
Coordenação: Rio Grande do Sul - RS
Telefone: 0(XX).51.224 0194 / 225 8300 / 225 9298 / 224 5822
Fax: 0(XX).51.226 2244 / 224 2256
Endereço: Rua Borges de Medeiros. n.º 536, 11º andar
CEP: 90020-022 - Porto Alegre - RS
Coordenação: Rondônia - RO
Telefone: 0(XX).69.229 2684 / 229 2106 / 229 6441
Fax: 0(XX).69.229 1296
Endereço: Rua 5, n.º 167 B - Costa e Silva
CEP: 78900-970 - Porto Velho - RO
Coordenação: Roraima - RR
Telefone: 0(XX).95.623 9643 / 623 9638
Fax: 0(XX).95.623 9421
Endereço: Avenida Ene Gacês, 1636 - São Francisco - Boa Vista - RR
CEP: 69304-000 - Boa Vista - RR
Coordenação: Santa Catarina - SC
Telefone: 0(XX).48.244 7835 / 244 7788
Fax: 0(XX).48.281 7700
Endereço: Avenida Max Schramm, 2179 - Estreito
CEP: 88095-001- Florianópolis - SC
Núcleo Estadual São Paulo - SP
Telefone: 0(XX).11.223 1853 / 220 2382
Fax: 0(XX).11.220 4670
Endereço: Rua Bento Freitas, 46 - Vila Buarque
CEP: 01220-000 - São Paulo - SP
Coordenação: Sergipe - SE
Telefone: 0(XX).79.259 2383
Fax: 0(XX).79.259 1419
Endereço: Avenida Tancredo Neves, s/n - América
CEP: 49080-470 - Aracaju - SE

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 101


Coordenação: Tocantins - TO
Telefone: 0(XX).63.218 6302
Fax: 0(XX).63.215 1924
Endereço: ACNO - 02 Conjunto 02 Lotes 3 e 4
CEP: 77013-030 - Palmas - TO
Outras instituições:
São Paulo:
Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN)
Malária
Rua Paula Souza, 166- Bairro Luz
CEP: 01 027-000 – São Paulo - SP
Dr. Araripe P Dutra e Dr. Luiz Carlos B. Barata
(0xx) 11 227-0622

Minas Gerais:
Centro de Pesquisas René Rachou
Laboratório de Malária
Av. Augusto de Lima 1715 – Barro Preto
CEP: 30.150-002 – Belo Horizonte – MG
Dra. Antoniana U. Krettli e Dra. Luzia H. Carvalho
(0xx) 31 295-3566 Ramal 170 e 171

FUNASA - dezembro/2001 - pág. 102


Revisores técnicos:
• Agostinho Cruz Marques - In memoriam
• Angel Valencia - Organização Pan-Americana da Saúde/OMS
• Antônio Rafael da Silva - Universidade Federal do Maranhão
• Carlos José Mangabeira da Silva - Fundação Nacional de Saúde/
MS
• Cor Jesus Fernandes Fontes - Núcleo de Estudos de Doenças Infec-
ciosas e Tropicais de Mato Grosso/Universidade Federal de Mato
Grosso
• Joaquim Caetano de Almeida Netto - Universidade Federal de Goiás
• José Maria de Souza - Instituto Evandro Chagas - Fundação Nacio-
nal de Saúde/MS
• Marcos Boulos - Universidade de São Paulo
• Maria das Graças Costa Alecrim - Fundação de Medicina Tropical
do Amazonas e Universidade Federal do Amazonas
• Mauro Shugiro Tada - Centro de Pesquisas em Medicina Tropical de
Rondônia
• Pedro Luiz Tauil - Universidade de Brasília
• Vanize de Oliveira Macedo - Universidade de Brasília
• Wilson Duarte Alecrim - Fundação de Medicina Tropical do Amazo-
nas e Universidade Federal do Amazonas.

Copidesque:
Waldir Rodrigues Pereira - Projeto Vigisus

Diagramação, Normalização Bibliográfica e Capa:


Ascom/Pre/FUNASA

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