A Cultura Da Batata Doce

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M l nlstM1o d. AgrleultullI, do Aba.teclmento, d. Reforme "grin.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria - EMBRAPA
Centro Naclor..l d. P..qulaa d. Horta!!".. . CNPH

Selor de Produao Editorial

Data OiliitJ~

Servio de Produo de Informao - SP I


Brasilia - DF
1995
Coleo Plantar. 30
Coordena o Editorial :
Servio de Produao de Inlormaao - SPI
Editor Resp onsvel :
Carlos M. Andreotli. M Se" Sociologia
Produo Editorial:
Textonovo Edilora e Servios Editoriais LIda
sao Paulo. SP
lIutrao da Capa : lvaro Evandro X. Nunes

I ' edio:
I " impressoo (1995): 5000 e)(emplares
2> impressao (2006)' 1.000 exemplares

Reservados todos os direitos.


Fica e)(pressamente proibido reproduzir esta obra. total ou parcial-
mente. alravs de quaisquer meios, sem aulonzaao expressa da
Embrapa-SPI.

CIP - Brasil. Catalogaao-na-publicaao.


Embrapa. Servio de Produo de Inlormaao.SPL

A cultura da batata-doce f Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-


pecuria. Centro Nacional Pesquisa de Hortalias_ - Brasilia
EMBRAPA-SPI. I995.
94 p. ; 16 em. (CoIeao Plantar; 30).
ISBN 85-85007-60-5

1. Batata-doce - Cultivo. I. EMBRAPA. Cenlre Nacional de Pes-


quisa de Hortalias (Braslia. DF). 11. Srie
CDD635.22

Copyrighl C 1995 - EMBRAPA-SPI


Autores
Joo Eustquio Cabral de Miranda
Eng.Agr., Ph.D., Fitomelhoramento

Flix Humberto Frana


Eng.Agr., M. Sc., Entomologia

Osmar Alves Carrijo /


Eng.Agr., Ph.D., Irrigao

Antonio Francisco Souza /


Eng.Agr., M.Sc., Fertilidade do Solo e Nutrio de
Plantas

WelingtoD Pereira /
Eng.Agr. , Ph.D., Fisiologia Vegetal Aplicada

Carlos Alberto Lopes


Eng.Agr. , Ph.D., Fitopatologia

Joo Bosco C. Silva I


Eng.Agr., M .Sc., Fitotecnia
APRESENTAO
o mercado informaciona/ brasileiro carece de
informaes. objetivas e didticas, sobre a agricultura:
o que, como, quando e onde plantar, dificilmente en
cantram resposta na livraria ou banca de jornal mais
prxima.
A Coleo Plantar veio para redu::ir esta carn
cio, levando apequenos produtores, sitiantes, chacarei
ros, donas-decasa, mdios e grandes produtores, inclu-
sive, informaes precisas sobre como produzir horta-
lias,frutas e gros, seja num pedao d! terra do s/io,
numa rea maior da fazenda , num canto do quintal ou
num espao disponvel do apartamento.
Em linguagem simples, compreensvel at para
aqueles com pouco hbito de leitura, oferece informa-
es c/aras sobre todos os aspectos relacionados com a
cultura em foco: c/ima, principais variedades, poca
de plantio, preparo do solo, calagem e adubao, irri-
gao, controle de pragas e doenas, medidas preven-
tivas, uso correto de agroquimicos, cuidados ps-co-
lheita, comercializao e coeficientes tcnicos.
O Servio de Produo de Informao-SPI, da
EMBRAPA, deseja, honestamente, que a Coleo Plan-
tar sej a o mensageiro esperado com as respostas que
voc procurava.
Lucio Brunale
Gerente-Geral do SPI
~
.
'~"f,'" " .
."I: "

Sumrio
Introduo........... ................................ 9
Clima .................................................. 14
Solo..................................................... 16
Cultivares ................ ............................ 18
Preparo do solo ....... ............................ 23
Adubao ................ ............................ 26
poca de plantio ................................. 30
Formas de propagao........................ 3I
Formao do viveiro .......................... 34
Espaamento....................................... 39
Mtodo de plantio .............................. 42
Tratos culturais ................................... 45
Rotao de culturas ............................ 47
Controle da soque ira .......................... 49
Irrigao .............................................. 50
Doenas .............................................. 52
Pragas ................................................. 69
Colheita .............................................. 80
Classificao e embalagem ................ 84
Coeficientes de produo ................... 86
Introduo

A batata-doce uma hortalia


tuberosa muito popular e cultivada em todo
o territrio brasileiro. A planta rstica, de
ampla adaptao, alta tolerncia seca e de
fcil cultivo.
Nos ltimos anos, a rea plantada, no
Brasil, vem caindo por motivos ainda mal
identificados (Tabela I). Apesar disso, a
batata-doce a quarta hortalia em rea
cultivada no pas, superada apenas pela
batatinha, cebola e melancia. Os maiores
produtores so os estados do Rio Grande
do Sul (quase 30% do total),Paraba,
Pernambuco, Santa Catarina, Bahia, Rio
Grande do Norte e Paran.

9
~ - ,.
- qi"

TABELA I. rea colhida, produo e produ-


tividade mdia de batata-doce no
Brasil.

Ano Area colhida Quantidade Produtividade


(h,) produzida mdia (kg/ha)
(I)
1975 153.413 \.599.906 10.428
1976 137.978 1.377.708 9.984
1977 117.031 1.074.358 9.180
1978 98.230 882.071 8.979
1979 91.577 819.412 8.947
1980 83.545 726.457 8.695
\98\ 84.214 726.481 9.504
1982 82.876 746.781 8.696
1983 76.580 682.252 8.909
1984 80.998 762.603 9.415
1985 79.655 755 .644 9.486
1986 78.633 768.897 9.778
1987 76.054 756.742 9.950
1988 68.284 677.240 9.917
1989 66.979 682.152 10.184
1990 62.629 636.691 10.166
1991 61.321 622.432 15.150
Fonte: IBGE

A produtividade mdia nacional


baixa (em tomo de IOt/ha). No entanto, o
10
potencial de produo da batata-doce enor-
me, por ser uma das plantas com maior ca-
pacidade de produzir energia por unidade
de rea e tempo (kcallha/dia). A produtivi-
dade mdia obtida no CNPHfEMBRAPA,
em Brasl ia, de 25 a 30tlha, em ciclo de 4
a 5 meses.
Fonte de energia, minerai s e vitami-
nas, a composio qumica da batata-doce
(Tabelas 2 e 3) varia com a cultivar, condi-
es climticas, poca de colheita, tratos
cu lturais, cond ies e durao de
armazenamento.
A batata-doce pode ser consumida
diretamente, cozida, assada ou frita, ou na
forma de doces. Os brotos e as ramas (lti-
mos 10 a 15cm, empanados) podem tam-
bm ser utilizados na alimentao humana.
Na indstria, a batata-doce matria-
prima para a produo de doces (marrom-
glac), pes, lcool e um amido de alta qua-
11
TABELA 2. Composio qumica das razes de
batata-doce do tipo seco e de pol-
pa branca, creme ou amarelada.
Dados em relao matria fres-
ca.
[ eor na
Componente Unidade Teor ponta das
na raiz nuro,
Umidade % 59. 1 -77.7 87.10
Amido % 13.4 - 29.2
Aucares redutores % 4,8 - 7,8
Protelna % 2,0 - 2.9
CinZils % 0,6 - 1,7 1.59
Fibra crua % 1,3 - 3,8 1.40
Gorduras % 0.3 -0,8
Energia Calorias I IOa l25
Tiamina mg/ lOOg 0.1 0.0.
RiboOa vina mg/ lOOg 0.06 0,17
cido nicotinico mg/ IOOg 0.90 0.94
cido ascrbico mg/ IOOg 25 a 40 25.00
Beta caroteno mg/ IOOg 1 a 12 3,61
Magnsio mg/ lOO g 24
Potss io mg/ lOO g 27J
Sdio mg/ lOOg 13
Fsforo rng/ IOOg 49 67,30
Enxofre 1T@/ IOOg 2.
Ferro mg/ lOOg 0.8 10,37
CJcio mg/ lOOg 30 81,20

Fonte: Folquer ( 1978) e Ka y (1973).


12
TABELA 3. Valor nutritivo da batata-doce comparado ao valor nu-
tritivo de outras razes e tubrculos. Dados por 100 g de
peso fresco.

"1 ...... 0 Colo, ... 1'10 ...... Gordo, .. C.. bood .. 'o. C.k.. Fi>$fo,o h"o V .. m... V .. m... V... m".. V .. m...
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(+) - Quantidade muito reduzida do nutriente.
Fome: adaptado de tabela preparada pela Faculdade de Sade PUblica da Universidade de SAo Paulo .
Departamento de NulTilo (A composiao.. 1980).
w
lidade, empregado na fabricao de tecidos,
papel, cosmticos, adesivos e glucose.
As batatas e as ramas podem, tambm,
ser destinadas alimentao animal, prin-
cipalmente de bovinos e sunos, seja in
natura, ou como si lagem (apenas as ramas).
Algumas cultivares de crescimento
vegetativo muito vigoroso e com hastes e
folhas arroxeadas so utilizadas como plan-
tas ornamentais, produzindo timo efeito.

Clima

Planta tropical, a batata-doce exige


temperaturas relativamente altas e no to-
lera geadas. cultivada na faixa compreen-
dida entre 40 de latitude Norte e 40 de la-
titude Sul, em altitudes que alcanam at
2.700m acima do nvel do mar. Para seu
desenvolvimento vegetativo adequado, a
14
planta exige temperatura mdia superior a
24C, alta luminosidade, fotoperodo longo
e suficiente umidade do solo. Temperaturas
mdias (20-24C) combinadas com menor
luminosidade, fotoperodo curto e menor
umidade do solo favorecem o desenvolvi-
mento das razes tuberosas.
Em temperaturas inferiores a 10C, o
desenvolvimento vegetat ivo diminui ou
pra e a produtividade decresce. Em regies
temperadas, a batata-doce deve ser planta-
da pelo menos cinco meses antes das pri-
meiras geadas.
A produo de matria seca aumenta
de acordo com a elevao da temperatura
do solo. Para uma mesma cultivar, quanto
mais al tas a temperatura e a luminosidade,
menor o ciclo da cultura. Em regies ou
pocas mais quentes, a batata-doce produz
razes com maior teor de acar e menor
teor de amido. Se a mesma cultivar for plan-
15
tada em poca ou local mais frio, o teor de
acar menor e o de amido, maior.
A batata-doce produz bem em re-
gies com 750 a 1.000mm anuais de chuva,
ou com 500 a 600mm durante o ciclo da
cultura. Entretanto, no tolera encharca-
menta e forma razes tuberosas finas e
alongadas, quando h excesso de umidade
no solo.

Solo

A batata-doce se desenvolve e produz


bem em qualquer tipo de solo, desde os fran-
co-arenosos, at os mai s argilosos
(podzlicos). Entretanto, consideram-se
como ideais os solos mais leves, soltos, bem
estruturados, de mdia ou alta fertilidade,
bem drenados e com boa aerao. Nesses
solos, as razes so mais uniformes e com
16
" "" '''',
~ .. -.
'~'
'

pouca aderncia de terra na superficie, ten-


do melhor aparncia,
A produo muito prejudicada em
solos encharcados ou muito midos, pois a
aerao deficiente retarda a formao das
razes tuberosas,
O excesso de umidade, de matria
orgnica e nitrognio provoca grande mul-
tiplicao das ramas e pouca formao de
razes tuberosas. Solos compactados, mui-
to argilosos e/ou mal preparados causam
alteraes no formato e uniformidade das
razes tuberosas e queda na produtividade.
A batata-doce uma planta muito to-
lerante s variaes de acidez no solo. Pode
crescer e produzir bem em solos com pH de
4,5 a 7,5, mas o nvel ideal est entre 5,6 a
6,5.
No Centro Nacional de Pesquisa de
Hortalias, conseguem-se boas colheitas em
solos de baixa fertilidade, tpicos de cerra-
17
do (Latossolo Vennelho-Amarelo, Di str-
fico , textura argilosa e pH de 5,3 a 5,6).

Cultivares

As cultivares recomendadas esto es-


treitamente relacionadas ao local e poca
de plantio, adubao, fina lidade da pro-
duo e preferncia do mercado consumi -
dor. Geralmente, as batatas comercializadas
nos grandes centros urbanos tm polpa bran-
ca ou creme e pelicul a externa (periderme)
rosa, roxa o u branca (F ig. I). Tambm so
comercializadas batatas com pe lcu la exter-
na amarela ou creme, com polpa amarelo-
clara, sa lmo ou mesmo roxa (como beter-
raba).
So poucos os trabalhos de pesq uisa
v isando selecionar e indicar cu ltivare s para
as di fe rentes regies do pas. Este um dos
principa is problemas enfrentados pelos pro-
18
.

,
Ilra zl nd i3 rOX~. Bn.:d~ nd ia -hranca.
Ika7.l~ndia-rosada e Cuquinho.

dutores de batata-doce. Existe. no Brasil. um


nmero elevado de cultivares de batata-
doce. com enorme diversidade gentica en-
tTe elas. Praticamente. em todos os munic-
pios brasileiros existem cultivares locais.
Algumas instituies de pesquisa ou
ensino m:m tm colees dos mais vil riados
tipos c cultivares. O CN PI-I dispe. alual-
men te. de 500 introdues ~'m sua coleo.
"
comum encontrar uma cultivar com
nomes diferentes, ou diferentes cultivares
com o mesmo nome. Existem, por exem-
plo, dezenas de cultivares com o nome de
Rainha.
Algumas regies tm indicaes pr-
prias de cultivares, tais como: Balo, Trs
Quinas e Jambo (Manaus, AM); Gonalves,
Variedade 14, Arroba e Peanha Branca
(Minas Gerais); Americana e Rama Roxa
(Porto Alegre e regies prximas, RS);
Monalisa, Napoleo e Jacare (So Paulo);
Rosinha do Verdan (Rio de Janero);
Ourinho e Batata-Salsa (Sergipe); Rainha e
Japonesa (Par); Brazlndia Rosada e
Coquinho (Braslia, DF).
As cultivares mencionadas para
Brasla foram selecionadas e liberadas pelo
CNPH. So materiais de excelente qualida-
de agronmica e comercial, com boa adap-
tabilidade s diferentes regies brasileiras,
20
cujas caractersticas so descritas a seguir.
(O CNPH poder fornecer batatas ou ramas
a produtores e tcnicos interessados, medi-
ante pagamento das despesas de remessa).
Coquinho - de pelicula externa ama-
relo-plida e polpa branca. O formato das
razes varia com O tipo de solo, podendo-se
obter batatas alongadas ou arredondadas.
Em solo tpico de cerrado, quando bem pre-
parado, predomina o formato alongado. A
polpa de massa fina (delicada), com bai-
xo teor de fibras. Produz batatas de tama-
nho mdio e, raramente, gradas. E relati-
vamente precoce (110 a 120 dias) e produz
de 25 a 30t/ha, quando plantada de setem-
bro a fevereiro . Quando plantada de maro
a abril, o ciclo maior (de 150 a 160 dias) e
a produtividade menor ( 18 a 20t/ha) . re-
s istente ao s nemat ides Melo idogyne
j avanica e M . incognita.
21
Brazlndia Roxa - de pelicula exter-
na roxa e polpa creme. As batatas so de
formato alongado, muito uniforme e com
timo aspecto comercial. Apresenta boa re-
sistncia a insetos de solo (crisomeldeos)
e aos nematides M. javanica e M .
incognita. de ciclo longo, devendo ser
colhida aos 165 dias. A produtividade est
em tomo de 25t1ha.
Brazlndia Branca - de pelcula ex-
terna branca e polpa creme-clara. O forma-
to alongado. muito un iforme, com exce-
lente aspecto comercial. De alta produtivi-
dade, em solo de cerrado, no CNPH, a pro-
duo varia de 30 a 66 tlha, em ciclo de
quatro a cinco meses.
Brazl ndia Rosada - de pelicula ex-
terna rosa e polpa creme. O formato alon-
gado, bastante uniforme. O ciclo de 120 a
150 dias, com produtividade mdia de 30t/
ha. Quando colhida muito tarde, produz
22
....
~
~~ ~ ~' ." , ;
..
- ,,(
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'. .

batatas gradas, de elevado peso mdio.


tambm resi s tente ao s nematide s M .
j avanica e M . incognita.
Princesa - de pelicula externa branca
e polpa branca. Possui folha estreita e re-
cortada e entrens curtos. O formato alon-
gado e o ciclo, de 120 a 150 dias. resis-
tente ao mal-da-p, doena causada pelo
fungo Plenodomus destruens, embora tam-
bm possa ser atacada se a populao do
fungo, no solo, for muito alta.

Preparo do solo

O preparo do solo essencial para o


bom desenvolvimento da batata-doce. Es-
colhido o terreno para o plantio, impor-
tante faze r a anlise qumica do solo. As
amostras devem ser co letadas e enviadas a
laboratrio especializado, no mnimo, qua-
tro a ci nco meses antes do plantio.
23
A calagem ou aplicao de calcrio
deve ser feita noventa dias antes do plantio,
com base na anlise do solo. Deve-se apli-
car, de preferncia, o calcrio dolomtico,
que alm de neutralizar o alumnio, fornece
tambm clcio e magnsio s plantas.
Mesmo considerando o grande desen-
volvimento vegetativo da batata-doce, cujas
ramas cobrem, rapidamente, todo o solo,
evitando a eroso, recomendvel e neces-
srio adotar prticas de conservao de solo.
O preparo do solo compreende as se-
guintes prticas:
marcao e preparo de curvas de nvel e
cordo em contorno;
limpeza do terreno;
distribuio de metade da quantidade de
calcrio recomendada;
arao a 30-35cm de profundidade;
distribuio da outra metade da quanti-
dade do calcrio recomendada;
24
incorporao do calcrio com grade;
outra arao e gradagem, uma semana
antes do plantio;
sulcamento a 15cm de profundidade no
espao entre leiras (se o espaamento for
de 80cm entre leiras, fazer sulcos com
15cm de profundidade a cada 80cm);
distribuio e incorporao do adubo no
sulco;
levantamento de leiras com 20 a 30cm
de altura, usando o sulcador com asas
bem abertas. Passar o sulcador entre os
sulcos de adubao, de modo a formar as
leiras sobre eles (Fig. 2).

25
FIG. 2. Tnrtno pronlo p~nI o planlio. As ra-
mas dtve m ser pla nladn 110 ~llo d~
leinl.

Adubao

As exigncias minerais da cultura da


batata-doce so em ordem decrescente: po-
tssi o, nitrognio, fsforo, c lc io e
magnsio.
Pesquisas realizadas no Brasil e exte-
rior indicam que para uma produo de 13

"
~
~
a 15t1ha de raizes, a batata-doce extrai do
solo 60 a 1 J3kg de nitrognio; 20 a 45,7kg
de fsforo (P20S); 100 a 236kg de potssio
(K 20); 3 1 a 35kg de clcio (CaO) e 11 a
13kg de magnsio (MgO). Para a produo
de 30t/ha de razes, extrai 129kg.lha de N;
50kg/ha de P20S e 257kglha de K20 .
As quantidades de nutrientes extrai-
das do solo variam segundo as cultivares,
solo, clima, ciclo da cultura e principalmente
produo (considerando a parte area mais
as raizes).
Na falta de dados de pesquisa e tendo
em visla as quantidades de nutrientes ex-
tradas do solo pelas plantas. a adubao
pode ser baseada na anlise de solo, con-
forme a Tabela 4.
Pesquisas real izadas nos EUA indi-
cam Que a batata-doce bastante eficiente
na absoro de fs foro. Os solos brasileiros
so deficientes em fsfo ro, por isso ne-

"
~ TABELA 4. Recomendaes de adubaio para batata-doce com base
em resultados de anlise qumica do solo.

Nutrientes Nivel de fertilidade Modo de aplicalo

baixo ml!dio muito alto

N (kflha)" 100 60
."
30 1/3 a In no plantio ; restante em cobertura
_.,
I .,; ",
.'- ,
, '

Pz<), (kflha) 200 100 No plantio


'"
~
KzO (kg/ha) 200 100 No plantio

Sulfato de zinco (kt/ha) No plantio


'",
10

De acordo com o teor de matria orgnica do solo .


Para cultivar precoce, aos 30 dias; e para cultivar tardia, aos 45 dias aps o plantio.
cessrio aplicar maiores quantidades do ele-
mento em forma prontamente disponvel e
em poca adequada.
Em solos fracos recomenda-se a apli-
cao de 5 a 10kg/ha de brax. Se houver
disponibilidade de matria orgnica, pode-
se adicionar 20 a 30t/ha de esterco de gado
bem curtido e reduzir metade a adubao
com nitrognio mineral. As necessidades de
clcio e magnsio so supridas atravs da
calagem com calcrio dolomtico. Em so-
los com alto teor de matria orgnica dis-
pensvel a adubao nitrogenada.
Na falta dos elementos simples, po-
dem-se aplicar adubos formulados. Nos
plantios de batata-doce do Centro Nacional
de Pesquisas de Hortalias-CNPH, adota-
se o seguinte esquema de adubao com
bons resultados prticos:
em solos frteis: 500kg/ha da frmula
4-14-8;
29
.' "''' '''
~ ,'
~ ' ~'; ".

em solos de baixa fertilidade, como os do


cerrado: I.OOOkg!ha da frmula 4-14-8
mais 20t/ha de esterco de gado bem cur-
tido;
em qualquer tipo de solo j cultivado com
hortalias, no preciso adubar, pois o
sistema radicular da batata-doce amplo,
bastante profundo e difuso, aproveitan-
do melhor os fertilizantes incorporados
em todo o solo, principalmente o adubo
residual de lavouras de tomate, batata,
cenoura e couve-flor.

poca de plantio

A poca de plantio varia em funo


das condies locais (temperatura, chuvas,
luminosidade, foto perodo ) e da cultivar
(precocidade, vigor e tipo de planta). Deve-
se considerar ainda a disponibilidade ou no
de equipamento de irrigao.
30
...
~
,
'.:.
~ "'-
t( . ~; '.

Levando em considerao as condi-


es climticas, podem ser recomendados
os meses de novembro, dezembro e janei-
ro, como melhor poca de plantio, nos esta-
dos do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Bra-
sil. No Nordeste, aconselha-se plantar no
incio da estao chuvosa.
Dispondo-se de irrigao, pode-se
plantar em qualquer poca, em todo o pas,
exceto nos locais onde ocorrem geadas.

Formas de propagao

A batata-doce planta perene, mas


cultivada como anual. Pode ser multiplica-
da por meio de semente botnica, de bata-
tas, ramas, mudas, enraizamento de folhas
destacadas e cultivo de meristemas apicais
ou outros tecidos vegetais.
A semente botnica empregada ape-
nas nos programas de pesqui sa de melho-
31
ramento gentico, para a obteno de no-
vas cultivares. O enraizamento de folhas
destacadas utilizado em pesquisas sobre a
fisiologia da planta. E o cultivo de
meristemas apicais j usado para fins co-
merciais, com a obteno de plantas livres
de vrus. A cultura de meristemas e outros
tecidos vegetais tambm empregada na
obteno de plantas para estudos genticos
ou induo de mutaes.
A propagao por meio de pequenas
batatas ou pedaos de batata no recomen-
dada para fins comerciais, porque reduz a
produtividade, aumenta o ciclo da cultura,
produz batatas pequenas e de m qualida-
de, encarece o custo de produo e ainda
facilita a transmisso de doenas e pragas.
Mas o emprego de batatas de grande utili-
dade na formao de viveiro para a produ-
o de mudas ou ramas de boa qualidade.
32
Mudas so brotos de 20 a 25cm de
comprimento e com quatro a seis folhas,
obtidos de batatas plantadas em viveiro. As
mudas so recomendveis quando se dese-
ja antecipar o plantio ou quando a estao
de produo curta. Apresenta a desvanta-
gem de aumentar o custo de produo e a
possibilidade de transmitir nematides e
outras doenas de solo.
Ramas so pedaos de hastes ou ra-
mas de batata-doce com oito a dez entrens,
obtidos em viveiros feitos com batatas ou
em lavouras novas (at 90 dias). O uso de
ramas retiradas de lavouras velhas (com
mais de 90 dias) para o plantio de nova la-
voura comercial condenado e deve ser
evitado. No caso de no se dispor de bata-
tas selecionadas, aproveitam-se ramas reti-
radas de lavouras jovens, para fazer o vi-
veiro, desde que sejam vigorosas e sem ata-
que de pragas ou doenas (Fig. 3).
33
FIG.3. Ramas adequadas para o plantio, com
oito entrens. O comprimento do
entren varia com a cultivar e a poca
do ano.

Em termos de produtividade, no h
diferena significativa entre mudas e ramas.

Formao do viveiro

Escol ba das batatas - Para fazer o


viveiro, recomenda-se escolher batatas de
34
plantas produtivas e sadias, caractersticas
da cultivar, isentas de pragas e doenas, sem
rachaduras, com o peso variando entre 80 a
l50g. As batatas menores fornecem menor
nmero de ramas e as batatas maiores pro-
duzem menor nmero de mudas por quilo-
grama de batata enviveirada. No se deve
lavar as batatas destinadas ao viveiro. Aps
a colheita, as batatas devem ser armaze-
nadas em lugar fresco, bem arejado e com
alta umidade relativa do ar (85%), por
duas a seis semanas antes do plantio. A
tinalidade apressar a brotao das ba-
tatas.
Escolha do local - O local deve ser
de fcil acesso, com condies favorve is
de irrigao, solo solto, leve, frtil, com boa
drenagem, rico em matria orgnica e, de
preferncia, que no tenha sido cultivado
com batata-doce. Pode-se adotar a mesma
adubao recomendada para a lavoura co-
35
mercial. o terreno deve ser arado e gradea-
do . No necessrio fazer o plantio em
leiras para a produo de mudas ou ramas.
Mas o plantio em leiras favorece a conser-
vao do solo e facilita a eliminao do vi-
veiro, aps a segunda ou terceira retirada
de mudas ou ramas.
Obteno de mudas - Plantar as ba-
tatas no espaamento de 80cm entre linhas
por 10cm entre batatas. Podem ser adotados
espaamentos menores. O plantio das bata-
tas deve ser feito 90 dias antes do plantio
comercial. De cada viveiro, podem ser reti-
radas mudas por trs vezes, a cada 30 dias,
sucessivamente. Aps a terceira retirada das
ramas ou mudas, o vive iro deve ser elimi-
nado, a fim de evitar infestao de pragas e
doenas. Em geral, 180 a 220kg de batatas
so suficientes para fornecer mudas para o
plantio de I ha, em duas ou trs retiradas.
36
Obteno de ramas - Para a produ-
o de ramas, podem ser plantadas batatas
ou ramas, obtidas em lavouras comerciais.
O plantio de ramas mais econmico e r-
pido, porm o plantio de batatas mais re-
comendvel, porque permite selecionar e
evitar a propagao de doenas e pragas,
mantendo a pureza varietal. Plantam-se as
batatas no espaamento de 80cm entre leiras
ou linhas por 30 a 40cm entre plantas, para
facilitar a retirada das ramas novas. A reti-
rada das ramas pode ser feita aps 60 a 90
dias do plantio, quando atingem o compri-
mento aproximado de I m. Pode-se repetir
a operao a cada 60 dias. Uma batata for-
nece de vinte a 25 ramas por corte. Para o
plantio de I ha, suficiente enviveirar de 70
a I OOkg de batatas.
Pode-se tambm fazer o viveiro a par-
tir de ramas obtidas de outras lavouras (ra-
mas jovens), plantadas no mesmo espaa-
37
mento. Cerca de 2.000 a 2.500 ramas jo-
vens, 70 a 90 dias aps o plantio, produzem
ramas novas suficientes para o replantio de
lha.
Ao retirar ramas, seja para o plantio
comercial ou para a formao de viveiro,
selecionar lavouras de at6 90 dias de plan-
tio com plantas vigorosas e, sem sintomas
de ataque de pragas e doenas. Retirar uma
ou duas ramas novas de cada rama-me, a
partir da ponta. No necessrio retirar as
folhas e nem a gema terminal (ponta).
O plantio de ramas se faz com o solo
mido. Aps o plantio, fazer nova irriga-
o, para promover maior contato entre as
ramas e o solo.
Cuidados DO viveiro - Duas sema-
nas aps a emergncia dos brotos das bata-
tas ou do plantio das ramas, pulverizar a
cada dez dias com inseticidas de contato,
para evitar infestao por pragas, principaI-
38
mente a broca-do-coleto (broca-das-hastes).
Vrios produtos so tecnicamente viveis,
mas no existe nenhum inseticida registra-
do para uso na cultura da batata-doce. Um
tcnico especializado deve ser consultado
sobre o produto mais apropriado.
Caso no ocorram chuvas, irrigar o
viveiro urna vez por semana, quando o plan-
tio for de batatas, e duas vezes por semana,
quando de ramas. Aps a retirada das ra-
mas ou mudas, ou se for necessrio, apres-
sar seu crescimento antes da retirada, apli-
car nitrognio em cobertura (20g de sulfato
de amnio, por metro linear). Manter o vi-
veiro sempre limpo, fazendo tantas capinas
quantas forem necessrias.

Espaamento

o espaamento varia em funo da


cultivar (hbito de crescimento, rea foliar,
39
ciclo, profundidade do sistema radicular e
sua extenso e ramificao), da finalidade
da produo, do tipo de fertilidade natural
do solo, da adubao que se pretende fazer
(quantidade de adubo por hectare), do local
e poca de plantio, dos equipamentos dis-
ponveis para o plantio, colheita e tratos
culturais. Deve-se ainda considerar o custo
de produo de mudas ou ramas.
Os espaamentos mais utilizados va-
riam de 80 a lOOcm entre leiras e de 25 a
40cm entre plantas.
Em geral, o espaamento entre plan-
tas (dentro da leira) exerce maior efeito na
produo e peso mdio das batatas do que o
espaamento entre leiras ou camalhes.
Espaamentos maiores aumentam a produ-
o por planta, com batatas de maior peso
mdio e com menor gasto de ramas para o
plantio. Espaamentos menores aumentam
a produo por unidade de rea e diminu-
40
...
~
. ,
.~ ~. "

I( ' ~: ".

em o peso mdio das batatas. Espaamentos


menores entre leiras implicam maiores cus-
tos com o preparo de leiras e prticas cultu-
rais, maior nmero de mudas ou ramas para
o plantio e maiores gastos para plantar e
colher.
Em locais e pocas de menor tempe-
ratura mdia ou quando a estao de produ-
o for curta, recomendam-se espaamentos
maiores. Quando a cultivar for tardia,
melhor tambm adotar espaamentos mai-
ores.
Se a produo for destinada ao con-
sumo direto, in natura, as batatas devem ser
de tamanho mdio. Nesse caso, as cultiva-
res que tenham tendncia a produzir bata-
tas gradas, de elevado peso mdio (maior
que 800g), devem ser plantadas em
espaamentos menores dentro da leira. Se a
produo for destinada indstria ou para
forragem, pode-se plantar em espaamentos
41
maiores, porque, nesse caso, o que interes-
sa a produo total.
Para solos muito frtei s, recomen-
dam-se espaamentos menores, Para solos
mais fracos, deve-se adotar espaamentos
maiores, Em solos argi losos ou compacta-
dos, recomendam-se maiores distncias en-
tre leiras, A Tabela 5 apresenta a quantida-
de de mudas ou ramas necessria para plan-
tar I ha de batata-doce, em diverso s
espaamentos,

Mtodo de plantio

As ramas ou mudas de batata-doce


devem ser plantadas sobre leiras ou
camalhes, que facilitam a drenagem, a
aerao do solo, os tratos culturais e a co-
lheita e ajudam a conservar o solo, A leira
deve ter de 20 a 30cm de altura, Em solos
mais pesados (tipo argiloso e solos midos l,
42
TABELAS. Quantidade necessria de mudas
ou ramas para o plantio de um
hectare de batata-doce, para di-
versos espaamentos.
Distncias entre Distncias entre leiras (em)

plantas (em) 75 80 90 100 120

20 66.600 62.500 55.500 50.000 41.600


25 53.300 50.000 44.400 40.000 33.300
lO 44.400 41.600 37.000 33.300 21 .700
II 38.000 35.700 31.700 28.500 23 .800
40 33.300 32.500 27.700 25.000 20.800
29.600 21.700 24.600 22.200 18.500
"lO 26.600 25.000 22.200 20.000 16.600

as leiras devem ser mais altas. Em solos mais


leves (tipo arenoso), as leiras devem ser
mais baixas. A leira feita em nvel, usan-
do o sulcador com as asas bem abertas ou
com o arado de aiveca.
O plantio pode ser feito mecanica-
mente, com uma transplantadora de fumo
adaptada.
43
o plantio manual feito com o em-
prego de uma bengala com a ponta em U
invertido. Colocam-se as ramas ou as mu-
das atravessadas sobre a leira e com o U da
bengala enterra-se uma das pontas das ra-
mas. o mtodo tradicional utilizado por
pequenos e mdios produtores, no Brasil.
As ramas devem ter de oito a dez
entrens (cada folha corresponde a um
entren). Recomenda-se deixar as ramas
murcharem sombra por um a dois dias
antes do plantio, para evitar que se quebrem
ao serem enterradas. As mudas podem ser
plantadas no mesmo dia ou no dia seguinte,
j que so mais tenras. Devem ser enterra-
dos trs a quatro entrens. Se forem enter-
rados muitos entrens, ocorrer produo
de grande nmero de batatas pequenas. E
se for enterrado apenas um entren, a ten-
dncia produzir poucas batatas gradas.
No plantio de mudas, estas devem ser en-
terradas a uma profundidade de 10 a 12cm.
44
Melhores resultados so alcanados,
quando se planta a rama horizontalmente,
semelhana da cana-de-acar e mandioca.
Nesse mtodo, o gasto com rama menor,
mas o plantio mais dificil e caro, pois re-
quer abrir o topo da leira, colocar a rama e
cobrir com terra.

Tratos culturais

Quando ocorrer mais de 12 a 15% de


falhas, recomenda-se o replantio, que deve
ser feito at quinze dias aps o plantio.
Para produzir bem, a lavoura de bata-
ta-doce no deve ter interferncia de plan-
tas daninhas. A maior competio ocorre at
os 45 dias aps o plantio, quando as ramas
da batata-doce passam a cobrir a maior par-
te do solo. A partir dai, torna-se dificil tra-
balhar dentro da lavoura, devido ao entre-
laamento das ramas.
45
o preparo antecipado do solo, duas a
trs semanas antes do plantio, em reas in-
tensamente infestadas, permite a emergn-
cia das plantas daninhas e sua eliminao
antes do plantio das ramas, com a aplicao
de herbicidas no residuais de ao de con-
tato ou sistmicos.
A completa eliminao das plantas
daninhas muito dificil, principalmente por
seu alto custo.
O controle qumico um mtodo efi-
ciente. No entanto, no existe nenhum
herbicida registrado no Ministrio da Agri-
cultura, do Abastecimento e da Reforma
Agrria para utilizao na cultura de bata-
ta-doce.
Tratos culturais tambm so necess-
rios aps a colheita, quando o manejo deve
contribuir para reduzir a reserva de semen-
tes e/ou propgulos de espcies invasoras
no solo. Assim, em novos plantios haver
46
menor incidncia delas, diminuindo a com-
petio com a planta cultivada.
Por ocasio do primeiro cultivO', re-
comenda-se refazer as leiras, chegando ter-
ra s plantas. Isso permite manter as leiras
altas e bem formadas, facilitando a forma-
o de raizes tuberosas. A operao tam-
bm evita rachaduras no solo, que ocorrem
com o crescimento das razes, diminuindo
assim a entrada de insetos e a formao de
manchas nas razes, devido insolao. A
amontoa pode ser feita manual ou mecani-
camente, com sulcadores.

Rotao de culturas

Plantios sucessivos de batata-doce em


um mesmo local aumentam a ocorrncia de
pragas e doenas e provocam queda na pro-
dutividade, devido ao desbalanceamento de
minerais no solo. Por isso, a rotao de cu 1-
47
turas uma das prticas agrcolas mais re-
comendadas e teis em programas de ma-
nejo e conservao do solo e em controle
integrado de pragas, doenas e ervas dani-
nhas.
A rotao deve ser feita por dois a trs
anos, dando preferncia ao plantio de ou-
tras hortalias, como tomate, cenoura, ce-
bola e brssicas, ou de trigo e arroz. Assim,
possvel conseguir altas produtividades de
batata-doce sem o emprego de fertilizantes
qumicos, aproveitando apenas o residual
das outras culturas.
Deve-se evitar o plantio de batata-
doce logo aps uma leguminosa, porque o
excesso de nitrognio provoca grande de-
senvolvimento vegetativo e pouca produ-
o de batatas. Quando a rotao for com
leguminosa, esta deve ser plantada logo aps
a batata-doce e no antes.
46
Controle da soqueira

Aps a colheita, permanecem no solo


pedaos de razes tuberosas, ramas e bata-
tas (restos culturais), que podem originar
novas plantas, constituindo o que se deno-
mina de soqueira da batata-doce. A soqueira
geralmente hospeda pragas e doenas e di-
ficulta a explorao da rea com outros cul-
tivos.
O controle da soqueira dificil, por-
que os restos de batata, razes e ramas bro-
tam rapidamente e a emergncia das novas
plantas desuni forme e prolongada. Assim,
O estgio de desenvolvimento correspon-
dente ao incio da tuberizao das razes o
mais apropriado para a eliminao da
saque Ira
A aplicao de 2kg/ha do ingrediente
ativo de glifosato (registrado para aplica-
o em reas no cultivadas) promove bom
49
controle, variando a fitotoxicidade confor-
me as cultivares plantadas. A adio de uria
a 0,5% calda melhora a atividade do
herbicida. Aps trs ou quatro semanas da
aplicao do herbicida, o terreno deve ser
arado e gradeado, procedendo-se catao
manual das batatas e ramas remanescentes.
Em cultivos sucessivos, os escapes da
soqueira podem ser eliminados manualmen-
te ou com aplicaes dirigidas de herbicida.
Aps dois anos com esse manejo na mesma
rea,j ser possvel, em geral, retornar com
novos plantios de batata-doce.

Irrigao

A batata-doce tem boa resistncia


seca. Entretanto, recomendvel a irriga-
o, quando os plantios forem feitos em
poca seca ou quando ocorrerem longos
perodos sem chuvas. A planta possui um
50
sistema radicular profundo (75-90cm), o que
lhe possibilita explorar maior volume de
solo e absorver gua em maiores profundi-
dades do que a maioria das hortalias. En-
tretanto, possui tambm uma superfcie
foliar relativamente abundante, que lhe im-
pe maior perda de gua (transpirao).
O perodo crtico da cultura so os
primeiros 40 dias, quando a superticie do
solo deve estar com bom teor de umidade
para promover um bom pegamento das ra-
mas e um bom desenvolvimento vegetativo.
Tambm nos ltimos quarenta dias, antes
da colheita, no deve faltar gua, para a boa
formao das razes tuberosas. Em termos
prticos, recomenda-se irrigar duas vezes
por semana, at os vinte dias; uma vez por
semana, dos 20 aos 40 dias; e a cada duas
semanas, aps os 40 dias at a colheita.
Dados preliminares obtidos no CNPH
indicam que 4mm de gua por dia so suti-
51
cientes. Esse valor, porm, varia, de acordo
com o tipo de solo, a cultivar, a velocidade
do vento, a umidade relati va e a temperatu-
ra do ar.
A irrigao poder ser feita tanto pelo
sistema de asperso como por sulcos. O sis-
te ma de asperso provoca menor
acamamento (compactao) da leira e faci-
lita os trabalhos na colheita. A adoo da
irrigao por sulcos requer cu idados na po-
ca de plantio, para que a gua umedea o
alto da leira. Para tanto, fazem-se leiras mais
baixa s (25cm) e sulcos com menor
declividade (0,2 a 0,3%) e de menor com-
primento (at SOm). Por ocasio do primei-
ro cultivo faz-se a amontoa, levantando-se
a leira at 30 a 40cm.

Doenas
A planta da batata-doce conhecida
pela rusticidade e possvel cultiv-la sem
52
a aplicao de agrotxicos, Mas fungos, v-
rus, nematides, micoplasmas e bactrias
utilizam-se da planta como hospedeira, Em
condies favorveis, os danos causados por
um ou mais desses patgenos podem atin-
gir nveis prejudiciais. Por isso, recomen-
da-se inspecionar periodicamente as plan-
tas no viveiro e na lavoura, para verificar a
ocorrncia de pragas e doenas e proceder
ao devido controle,
muito importante tambm conhe-
cer a origem do material de propagao (ra-
mas ou batatas) e fazer o tratamento desses
materiais antes de coloc-los no viveiro,
para evitar a introduo de pragas e doen-
as na nova rea a ser cultivada.
Doenas provocadas por fungos:
Mal-do-p (Plenodomus destruens) -
Pode causar grandes perdas e at inviabilizar
o cultivo na mesma rea por vrios anos.
53
Os sintomas aparecem inicialmente no cau-
le, ao nvel do solo (Fig. 4), como peque-
nos pontos escuros, que vo aumentando de
tamanho at tomar toda a base da planta,
que fica enegrecida. Como conseqncia, a
planta mu rcha e morre, caso no haja
brotao secundria das ramas. A infeco
pode atingir as razes tuberosas, que apo-
drecem a partir do ponto de unio do caule
com a raiz (Fig. S).

Maldo-pf. A do~na p rO\'ota a ;;;;;rt.


d. ptanta.
cimento dlls rans.

A doena geralmente tem origem em


mudas contaminadas ou no solo infestl1do.
O controle feito com rotao de culturas,
plantio de ramas novas e sadias e tratamen-
to de mudas por imerso em thiabendazole,
recomendado somente para a fonnao de
viveiros, j que nenhum fungicida regis-
trado para plantios comerciais de batata-
doce.
A culti var Princesa, seleci onada no
CNPHlEMBRAP A, apresenta resistncia ao
mal-da-p.

Ferrugem-branca (Albugo ipomoea


- pandurarae) - De ocorrncia generaliza-
da, esta doena raramente provoca danos
que justifiquem medidas especiais de con-
trole. A ferrugem-branca se manifesta com
pequenas manchas amareladas na parte su-
perior das folhas e com pstulas esbran-
quiadas na parte inferior (Fig. 6). Com o
desenvolvimento da doena, as reas afeta-
das fi cam deformadas, como se fossem bo-
lhas. Pstulas esbranquiadas podem tam-
bm aparecer no caule. No vive iro de mu-
das, o controle pode ser feito com a ap lica-
o de fungicidas base de Mancozeb ou
Clorotalonil.

Sarna (Monilochaeres infuscans ) - A


sarn a ataca somente as razes, provocando
56
manchas escuras e difusas, que afelam a
pelcula das ba!alas, desvalorizando-as co-
mercialmente, embora a polpa no seja afe-
tada (Fig. 7). Para controlar a doena, a
medida mais eficiente ea colheita na epoca
certa, evitando que as razes j desenvolvi-
das fiquem expostas ao patgeno. presente
no solo.

Maneha-de-a llernria (Alternaria


spp.) - Mais de uma espcie de AI/ernaria
nuindo o va lor ~omtrdal d a batata.

ataca a batata-doce, embora no Brasil a Af-


lermlria balolico/a parea ser a espcie pre-
dominante.
O s intoma principal o amare-
leeimento das folhas, ocasionado pela toxi-
na liberada pelo fungo em desenvolvimen-

..
to, em leses no limbo e pedolos foliares .
Essa doena s tem importncia eco-
nmica quando cultivares suscetveis, como
a Brazlndia Roxa, so plantadas sob con-
dies de temperatura e um idade altas.
Mesmo assim , a cu ltura, quando bem
conduzida, produz excesso de folhagem ,
que normalmente compensa a queda e o
amarelecimento de parte das fo lhas. Em vi-
veiro, a doena pode ser controlada com
pulverizaes semanai s , alternadas. de
Iprodione, Clorotalonil e Mancozeb.
Mancha-parda (Phy/losticta bata-
tas) - De ocorrncia pouco freqente, essa
doena ataca somente as folhas , formando
manchas arredondadas com bordas marrons
e centro cor de palha, onde podem ser ob-
servados pequenos pontos negros, que so
estruturas do fun go. s vezes, as leses fi-
cam rasgadas ou se desprendem, deixando
a fo lha furada .
59
~
; ' '''''''''
,
- (,(",

Quando necessrio, o controle em vi-


veiros de produo de ramas pode ser obti-
do pela pulverizao das plantas com
fungicidas base de Mancozeb ou
ClorotaloniL

Podrido-mole (Rhizopus sp.) - A


podrido-mole ocorre principalmente aps
a colheita, mas pode ocorrer no campo se a
colheita estiver atrasada ou o solo estiver
muito mido, As batatas atacadas apresen-
tam uma podrido mole, porm no muito
mida (Fig, 8), A raiz afetada pode ser fa-
cilmente quebrada e no apresenta mau chei-
ro. No armazm, razes atacadas apresen-
tam rapidamente a formao de um mofo
preto, que se propaga facilmente para ou-
tras razes.
O controle da podrido-mole obti-
do com a colheita cuidadosa, evitando-se
ferimentos das ra zes, e pelo arma-
60
mazenada.

zenamento das batatas em local ventilado e


seco.
Vrias outras doenas fungicas. de
ocorrncia pouco freqente ou de importn-
cia secundria, so registradas no Brasil,
causadas por: flsinoe bata/as, Fusoriu m
oxysporum, Cercospora ipomoea ,

"
Ceratocystisfimbriata, Diplodia gossypina
e Colletrotrichum spp.

Doenas causadas por vrus

Muitos vrus foram isolados de plan-


tas de batata-doce e en tre e le s ocorrem
interaes. O vrus identificado como o mais
prejud icial o Feathery motlle ou vrus do
mosqueado, cujo s intom a um mosaico
suave. As plantas muito atacadas apresen-
tam pequeno crescimento, as folhas se tor-
nam estreitas e amareladas. A principal fonte
de contaminao da lavoura o plantio de
ramas infectadas e a disseminao se d,
principalmente, por pulges.
Na prtica de campo, no h como
identificar se a planta est contaminada, poi s
os sintomas dependem da concentrao 'de
v ru s na planta, da variedade e das condi-
es climticas. Portanto, possvel que
62
plantas aparentemente sadi as apresentem
sintomas nas fases posteriores de cresci-
mento.
Como medida eficiente de controle,
recomenda-se o plantio de ramas sadias
obtidas pelo mtodo de limpeza clonal, que
combina os processos de termoterapia e
cultura de meristema. No CN PH, ou em
outros rgos de pesquisa, podem-se obter
pequenas quantidades dessas plantas, que
devem ser cultivadas em telados prova de
insetos, tomando-se matri zes para reposi-
o de plantas nos viveiros.

Micoplasmose - Tambm conhecida


como doena do enraizamento, caracteri-
za-se pela superbrotao e deformao do
limbo foliar, formando um aglomerado de
pequenos brotos afilados (Fig. 9).
Embora se recomende o uso de anti-
bitico para o tratamento de micoplasmose
63
F'IG. 9. S up e rbrola men lo pro voca do por
micoplasma.

em outras culturas. para a batata-doce no


se dispe de estudos para tal indicao. Re-
comenda-se eliminar as plantas do viveiro.
Doenall provocadas por nemafidcll
Rachaduras longitudinais em raizes
de batata-doce so. normalmente, relacio-
nadas ao ataque de nemat6ides do gnero

"
..~
~r:

Meloidogyne, embora no sejam os unicos


causadores dessas deformaes (Fig. 10). O
problema pode ser parcialmente evitado,
plantando-se cultivares resistentes como a
Coquinho, a Brazlndia Rosada c a
Brazlndia Roxa.

Medidas gerais de controle de doenas:


Plantar apenas ramas ou mudas sadias;

FIG. 10. Rachaduras prO\'ocadu (Mlrnemalides


~ou condies fis iol g icas adnrsas.

"
Fazer viveiro para produo de mudas, a
partir de mudas sadias, selecionadas;
Eliminar as plantas que possam ainda apa-
recer doentes no viveiro;
Plantar cultivares resistentes e bem adap-
tadas regio;
Retirar as ramas a partir do meio em di-
reo ponta das ramas, evitando aque-
las prximas ao colo da planta-me;
Tratar as ramas com thiabendazole a 1%
do princpio ativo por litro de gua,
imergindo-as durante cinco minutos,
quando o viveiro for feito com mudas
oriundas de campo comercial;
Fazer tratamento sanitrio do viveiro com
fungicidas e inseticidas, para controlar os
insetos e patgenos causadores de doen-
as e evitar a contaminao do material
de plantio;
Evitar o plantio em local muito mido ou
mal drenado;
66
Adubar as plantas de fonna balanceada,
evitando principalmente o excesso de ni-
trognio.

Distrbios fisiolgicos
Rachaduras - so causadas por alta
umidade do solo, seguida por longos pero-
dos de seca; temperatura baixa na fase de
fonnao e crescimento de razes tuberosas;
cultivares suscetveis; espaamento muito
largo; e aplicao de adubo qumico em
excesso (sais solveis em excesso provo-
cam alta presso osmtica, provocando r-
pida dessecao dos tecidos superficiais da
raiz e conseqentes rachaduras).
O controle feito evitando mudanas
bruscas na umidade do solo, fazendo adu-
bao equilibrada e adotando espaamentos
adequados para cada cultivar e situao.
Cultivares suscetveis no devem ser plan-
tadas.
67
Escaldadura - provocada por ex-
posio das raizes ao solou geadas. As ba-
tatas com escaldadura devem ser
consumidas logo aps a colheita, porque no
suportam armazenamento.
Corao-duro - a polpa permane-
ce dura aps o cozimento. Ocorre quando
as razes ficam expostas a temperaturas in-
feriores a IO'C.
Decomposio interna - a polpa
fica esponjosa e decompe-se. Ocorre quan-
do as batatas ficam expostas a temperaturas
do solo inferiores a IO' C.
Fasciao - achatamento do caule,
provocado por fatores desconhecidos. O
controle feito com a eliminao de plan-
tas com esse distrbio.

68
.'''''''',
~ .. ".
' ~'
'

Pragas

Broca-da-raiz Euscepes
postfasciatus (Coleoptera, Curculionidae):
os adultos medem de 3 a 5mm de compri-
mento, tm colorao geral marrom ou cas-
tanha, apresentam mancha clara e transver-
sal sobre os litros ou asas e lembram ca-
runchos ou gorgulhos com tromba curta. O
inseto pode aparecer durante todo o ciclo
da cultura. Aps o acasalamento, as fmeas
fazem a postura em pequenos orifcios lo-
calizados na base do caule da planta ou di-
retamente sobre as razes. Os ovos so bran-
cos e colocados individualmente, Aps sete
a dez dias, as larvas eclodem (Fig. 11), So
de cor branca, ligeiramente encurvadas e
podas (sem patas), danificam as razes in-
terna e externamente, no campo e durante o
armazenamento, desvalorizando-as para o
comrcio, As galerias causadas pelas larvas
69
..~
~

alteram o aspecto fisico, o odor e o sabor


das raizes, lomando-as imprestveis para o
consumo humano e animal ( Fig. 12).
Recomendam-se as seguintes medi-
das de controle: plantar material de propa-
gao sadio. evitar o plantio em rea j cul
tivada com batata-doce. fazer amontoa, co-
lher mais cedo ( 120- 130 dias) e no anno-
zenar 35 batatas aps a colheita.
Vaquinha o u bi c ho- alfinete -
Diabro/ica spec i osa (Co!eOfJfUa.

"
FlG. 12. Danos causados pela broca-da-raz.

Chrysomelidae): O adu lto um besou-


rinho de colorao verde, com 5 a 8mm de
comprimento, que se caracteriza pe las man-
chas amarelas localizadas nos l itros. A
remea pe ovos no solo ou na base do caule
da planta. As larvas, geralmente brancas,
chegam a alcanar at IOmm de comprimen-
to, fazem pequenos furos superficiais na raiz
tuberosa da batata-doce, depreciando-a co-
7'
..~
o..
mercialmente. alm de fac ili tar a enlrada de
fungos e bactrias (Fig. 13). O adulto, even
tualmente, pode danificar as fo lhas pela
destruio do limbo [oliar.

~ I G. 11. Luva, pupa r ad ulto dr


vaquinh a.

A melhor forma de controle o plan-


tio de c ultivares re sistentes, como a
Brazlndia Roxa.
Vaquinha ou bicho-a lfin e le
Diabrotica bivilula (Coleoptera.
Chrysomelidae): o adulto um besourinho

"
preto-brilhante, com listras brancas e escu-
ras nos litros. Os danos causados pelo adul-
to e pela larva dessa espcie so semelhan-
tes queles causados pela D. speciosa.
O controle obtido com o plantio de
cultivares resistentes, como a Brazlndia
Roxa.
Vaquinha ou bicho-alfinete -
Sternocolaspis quatuordecimcostata
(Coleoptera, Chrysolimedae): um besou-
ro de cor verde-metlica, medindo de 7 a
1Omm de comprimento. O adulto se alimen-
ta das folhas, deixando-as rendilhadas. A
fmea faz a postura dos ovos no solo e as
larvas fazem pequenos furos superficiais nas
raizes da batata-doce.
Para o controle, recomenda-se o plan-
tio de cultivares re s istentes , como a
Brazlndia Roxa.
Besouro ou larva-arame
Conoderus sp. (Coleoptera, Elateridae): os
73
besouros tem colorao castanha o u mar-
rom, corpo alongado e achatado e medem
de 15 a 25mm. As larvas so de cor mar-
rom-clara o u escura. cilndricas. fonemen-
te quitinizadas (duras, parecendo couraa).
pouco flex veis. medindo ate 20mm de com-
primento (Fig. 14). Fazem furos de at 5mm
de dimetro. relati vamente profundos. di-
minuindo o valor comercial das razes e fa-
cil itando a entrada de fungos e bactrias .

. . -...1
f
FIG. 14. urva-anmt: pro\'ou furos nl balala.

"
Essa praga pode ser controlada com
o plantio de cultivares resistentes, como a
Brazlndia Roxa.
Broca-do-coleto - Megastes pusialis
(Lepidoptera, Pyralidae): os adultos so
mariposas pardo-escuras e medem at
45mm de envergadura. As temeas deposi-
tam os ovos no caule e hastes da planta, pr-
ximo rea de insero das razes. As lar-
vas eclodem e penetram no interior das ra-
mas, escavando galerias que podem abrigar
mai s de uma lagarta. As larvas alcanam 40
a 50mm de comprimento e tm colorao
predominantemente rosada, com pontua-
es dorsais negras. Geralmente, as larvas
empupam dentro das hastes (Figs. 15 e 16).
Quando a infestao da broca do co-
leto ocorre no incio da cultura, em nvei s
populacionais elevados, pode haver uma
reduo no nmero de plantas. Se o ataque
75
f~
~

"
for grande, os danos sero facilmente reco-
nhecidos devido ao murchamento e
secamento das ramas, que se partem e se
destacam facilmente quando examinadas.
Eventualmente, a lagarta danifica as razes
da batata-doce.
O plantio de mudas ou ramas produ-
zidas em viveiros a forma mais eficiente
de controle.
Outros insetos como besourinhos,
pulges , bicho-bolo (Dyscinetus sp.) ,
cigarrinhas, lagarta-rosca e outras lagartas
da folhagem causam danos eventuais, de
importncia econmica secundria. caros
tambm podem ocorrer, mas os prejuzos
causados so pequenos. As formigas
cortadeiras (savas) cortam a rama da bata-
ta-doce nos primeiros dias aps o plantio,
provocando falhas no pegamento das ramas
)U mudas. Estas formigas so controladas

77
{~
-~....1:

com iscas granuladas ou outros inseticidas


espeei ficos.
As medidas de manejo e controle de
pragas aqui sugeridas visam, especi ficamen-
te, os insetos de solo e da broca-do-coleto,
pragas mais comuns da cultura da batata-
doce, mas so eficientes tambm para ou-
tras espcies de insetos de menor importn-
cia econmica.

Medidas gerais de controle de pragas

Plantar cu ltivares resistentes a insetos de


solo. A cultivar Brazlndia Roxa mais
resistente aos danos causados por larvas
de crisomeldeos;
Fazer rotao de culturas com tomate, ce-
bola, cenoura, brssicas, trigo ou arroz,
por dois ou trs anos;
Plantar mudas ou ramas produzidas em
Viveiro;
78
Fazer amontoa adequada a fim de reduzir
consideravelmente os danos causados por
insetos de solo;
Colher as batatas antes de 130 dias aps
o plantio, para evitar danos causados por
insetos de solo e roedores;
Evitar o armazenamento de batatas por
perodo superior a 30 dias. Para perodos
maiores, necessrio o tratamento pr-
vio das batatas (ver Colheita);
Eliminar ou queimar os restos culturais
(caso no venham a ser utilizados para
alimentao animal), para evitar a proli-
ferao dos insetos.

A aplicao de inseticidas de solo no


plantio antieconmica e ineficiente no
controle das pragas da batata-doce, portan-
to, no recomendvel.

79
Colheita

Existem vrias maneiras para se de-


terminar o ponto de colheita ou maturao
da batata-doce, que, por ser uma raiz, no
atinge a maturao no verdadeiro sentido
do termo. A finalidade da produo e a de-
manda do produto pelo mercado so duas
maneiras de definir esse momento. Para
consumo humano, a colheita deve ser feita
to logo as razes atinjam o tamanho ideal
exigido ou aceito pelo mercado. Normal-
mente, isso ocorre dos 110 aos 165 dias aps
o plantio, variando em funo do local, po-
ca de plantio, cultivar, espaamento e adu-
bao.
Para a indstria, a batata pode ser co-
lhida mais tarde, com as razes atingindo
maior peso mdio. Para forragem animal,
tambm deve ser colhida mais tarde, pois,
nesse caso, o que interessa a produo de
matria seca por unidade de rea.
80
A colheita pode ser manual ou meca-
nizada. Existem diversos implementos uti-
lizados na colheita, como o arado de aiveca,
o arado de disco e o sulcador. As mquinas
utilizadas na colheita de batatinha podem
ser usadas com sucesso.
Antes da colheita, deve-se cortar a
ramagem. tarefa que pode ser feita com
enxada ou mecanicamente, adaptando-se
discos ou ganchos frente do trator, para o
corte e retirada das ramas. Aps o corte das
ramas, as batatas devem ser colhidas rapi-
damente, pois as razes e o que ficou de ra-
mas comeam a brotar e o produto perde o
sabor.
Aps a colheita, as batatas ficam ex-
postas ao sol para secar, por um periodo de
30 minutos at trs horas. Quanto maior a
temperatura, menor deve ser o tempo de
exposio ao sol. Depois levam-se as bata-
tas para um galpo.
.,
Se houver necessidade de armaze-
namento para comercializao em merca-
dos mais exigentes, deve-se proceder cura.
Primeiramente, classificam-se as batatas e
embalam-se em caixas, para evitar manu-
seio durante e aps a cura. Depois colocam-
se as caixas em ambiente de alta temperatu-
ra (28 a 30'C) e alta umidade relativa do ar
(85 a 90%), por quatro a sete dias. Aps esse
perodo, as batatas podem ser armazenadas
em ambiente com temperatura mais amena
(13-16' C), alta umidade relativa do ar
(85-90%) e boa aerao. Desse modo, a ba-
tata pode ser conservada por perodo de 100
dias ou mais. Deve-se tomar cuidado para
que a temperatura no caia abaixo de 12' C,
o que poder provocar defeitos na polpa.
A batata-doce curada perde menos
peso durante o armazenamento e a
comercializao, sendo tambm menos ata-
cada por doenas. Deve-se evitar ao mxi-
82
mo o manuseIO das batatas durante o
armazenamento. A batata-doce armazena-
da transforma amido em acar, com peque-
na perda de matria seca, melhorando o sa-
bor. Se houver brotao durante o
armazenamento, as batatas ficam inspidas,
sem aquela doura usual, fibrosas e
imprestveis para o consumo.
Nos principais mercados brasileiros,
a batata-doce comercializada lavada. Tal
prtica deve ser evitada, porque prejudica a
conservao e aumenta as perdas por ata-
que de patgenos. O ideal escovar as ba-
tatas para retirar a terra aderida. Entretanto,
se as batatas forem lavadas, deve-se proce-
der cura imediatamente, para minimizar
as perdas por ataque de patgenos e melho-
rar a aparncia para a comercializao. Se
houver necessidade de armazenamento, as
batatas no devem ser lavadas.
83
Classificao e em balagem

A padronizao de grande impor-


tncia na comercializao dos produtos
hortigranjeiros. Infelizmente, no Brasil, no
existe ainda uma norma oficial para a pa-
dronizao da batata-doce. Entretanto, nos
principais mercados brasileiros (Rio de Ja-
neiro e So Paulol, vigoram normas no
oficiais de padronizao. Aceita pelos pro-
dutores e atacadistas, a padronizao inclui
estas classes de produto:
Extra A - 30 I a 400g;
Extra - 201 a 300g;
Especial - 151 a 200g; e
Diversos - 80 a 150g ou maiores que
400g.
As batatas devem ser lisas, bem con-
formadas, de formato alongado e uniforme
(dimetro entre 5 a 8cm, comprimento va-
riando entre 12 e 16cm para classificao
84
extra A), pelcula branca, roxa ou rosada,
embaladas em caixas tipo K, com capaci-
dade para 24 a 26kg. Em So Paulo, 90%
da batata-doce comercializada lavada. Os
defeitos considerados so: danos de inse-
tos, rachaduras, veias, defonnaes, danos
mecnicos e esverdeamento.
Considerando as condies brasilei-
ras e mercados menos exigentes, pode-se
adotar uma classificao mais ampla:
Extra A - 251 a 500g;
Extra - 151 a 250g;
Grada - 50 I a 800g; e
Diversos - 80 a 150g ou maiores que
800g.
Essa classificao favorece mais o
agricultor, que pode aumentar a sua produ-
o e oferecer batata a preos mais acess-
veis populao de baixa renda, que o
melhor consumidor dessa hortalia.
85
A poca de melhores preos varia de
acordo com as regies. No Sul, Sudeste e
Centro-Oeste (Brasilia, Goinia), os maio-
res preos pagos aos produtores ocorrem de
outubro a fevereiro, poca de entressafra no
Sul, devido ocorrncia de geadas e baixas
temperaturas, no inverno e devido poca
seca, em algumas regies do Sudeste. No
Nordeste, os preos mais altos geralmente
ocorrem de fevereiro a agosto.

Coeficientes de Produo

A Tabela 6 apresenta as quantidades


de mo-de-obra, horas de trabalho de m-
quina e insumos, necessrios para o cultivo
de I ha de batata-doce.
A partir destes dados cada produtor
dever fazer sua previso de custo de pro-
duo, tomando por base os preos unitri-
86

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87
os de cada fator em sua regio, na poca de
plantio.
A unidade de mo-de-obra dias/ho-
mem (d/h), isto , quantos dias um homem
levaria para realizar o trabalho. Dessa for-
ma pode-se calcular quantas dirias deve-
ro ser pagas para realizar o servio.
A unidade de trabalho de mquinas
hora/trator (h/tr).
As quantidades das unidades de tra-
balho e insumos (adubos, corretivos,
pesticidas, batata-semente, ramas, embala-
gens), apresentadas nas tabelas so basea-
das no sistema recomendado nesta publica-
o. Entretanto, h fatores que podem vari-
ar conforme a regio, sistema de produo
adotado por cada produtor e condies de
clima de cada ano agrcola. Por isso, sem-
pre necessrio adaptar a tabela a cada situa-
o.
88
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A unidade de trabalho de animal


corresponde ao trabalho de dois operrios,
e uma junta de bois ou um cavalo (dia).
Feito o clculo do custo de I ha, o
produtor multiplicar o resultado pelo n-
mero de hectares que pretende plantar e ter
a previso de custo total (despesas opera-
cionais apenas).

89
Endereos atualizados

[mbrapa Hortalias
Rodov ia BR-60, Km 9
Fazenda Tamandu
Ca ixa Posta l 2 18
CE P 70359-970 Brasilia, DF
Fone: (6 1) 3385-9000
Fax: (6 1) 3556-5744
[email protected]
www.c nph .cmbrapa .br

Embrapa Informao Tecnolgica


Parquc Estao Biolgica - PqEB ,
Av. W3 Nortc (final)
CEP 70770-90 I Bras lia, DF
Fone: (6 1) 3448-4236
Fax: (6 1) 3340-2753
ve [email protected]
w\Vw.scl. cmbrapa.br

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