Sistema Trifásico e Corr. Fator de Potência
Sistema Trifásico e Corr. Fator de Potência
Sistema Trifásico e Corr. Fator de Potência
2007.2 - Noite
Estas notas de aula, relativas aos sistemas trifásicos e correção de fator de potência, são um
complemento do conteúdo apresentado em sala e não devem ser utilizadas isoladamente como
referência para estudos para nossas avaliações
c’
a’
S
c
N
neutro
b’ b
-100
-150
-200
150
100
50
0
-50 0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
-100
-150
-200
Como apresentado acima, o gerador trifásico elementar apresenta 6 terminais, que são as
pontas das bobinas. Ao se conectar os terminais a’, b’, e c’ para formar o neutro, é constituído um
tipo de ligação denominada conexão estrela. Para efeito de simplificação, pode-se representar esta
conexão de acordo com a figura 4, onde se percebe que obtemos 6 tensões, quais sejam:
b
c
c’ b’
a’
neutro
As tensões entre a fase e o neutro são denominadas tensões de fase, sendo iguais em módulo
para as três fases. Aqui denotaremos por VF . As tensões entre duas das três fases são denominadas
de tensões de linha, aqui denotadas or VL. De qualquer forma torna-se mais fácil compreender as
diferenças entre as tensões de fase e de linha através de uma representação vetorial ou fasorial.
2 - Representação vetorial
Considere a figura 5, onde os vetores Van, Vbn e Vcn são os módulos das tensões induzidas
nas fases a,b e c, respectivamente. A diferença de potencial entre as fases é dada pelas somas
vetoriais de acordo com:
____ ___ ___
VAB = Van - Vbn
____ ___ ___
VBC = Vbn - Vcn
____ ___ ___
VCA = Vcn - Van
VBC
Vbn
120o
120o
Vcn
120o
Van
VBC
Vbn
120o
VCA
120o
Vcn
120o
Van
VAB
Ex: Seja um sistema onde a tensão de linha vale 220 Volts. Determine a tensão de fase.
Existem três tipos de cargas nos sistemas de corrente alternada, as resistivas, as indutivas e as
capacitivas. As capacitivas não realizam trabalho e são utilizadas normalmente como filtros, como
elementos auxiliares de partida de motores monofásicos e como compensadores de reações
indutivas.
Uma carga resistiva funciona como um dissipador de energia, consumindo toda a energia
fornecida pela rede elétrica. A potência fornecida pela rede é dada pelo produto da tensão e da
corrente, denominada potência aparente, dada por:
S = V. I
Onde:
S – potência aparente [kVA]
V – tensão [V]
I – corrente [A]
De acordo com a Lei de Ohm, a carga resistiva, funciona como um limitador de corrente, não
provocando qualquer outro tipo de reação, ou seja,
I = V/R
em que
I – corrente [A]
V – tensão [V]
R – resistência em [Ω]
Graficamente, pode-se observar que a corrente em uma carga puramente resistiva se mantém em
fase com a tensão aplicada em seus terminais, como apresentado na figura 6.
200
150
100
50
0
-50 0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
-100
-150
Ir V
-200
A potência útil dissipada por uma carga resistiva é dada pelo valor médio do produto da
tensão e da corrente, ou seja, o valor médio da potência aparente. Graficamente, se observa na figura
7 que toda a potência fornecida pela fonte é dissipada na forma de calor, ou em outras palavras, a
área sob a curva do produto tensão corrente é positiva, indicando que a carga está consumindo
energia.
1000
800
600
400
200
0
-200 0 40 80 120 160 200 240 280 320 360
-400
-600
-800
-1000
As cargas indutivas são aquelas que na presença de tensão alternada armazenam energia sob
a forma de campo eletromagnético, como é o caso de reatores e motores, dentre outras. A carga
puramente indutiva produz uma reação na corrente elétrica como limitação de seu valor e ainda
provoca um atraso de 90 graus em relação à tensão induzida em seus terminais. Essa reação é
denominada reatância indutiva, representada de acordo com a equação 3.
XL = 2 πf L (3)
Onde:
XL – reatância indutiva [Ω]
F – frequência da tensão da rede [V]
L – indutância [Henry]
200
150
100
50
IL
0
-50 0 45 90 135 180 225 270 315 360
-100
-150 V
-200
1000
800
600
400
200
0
-200 0 45 90 135 180 225 270 315 360
-400
-600
-800
-1000
As cargas capacitivas são aquelas que na presença de tensão alternada armazenam energia
sob a forma de campo elétrico, como é o caso de condensadores, filtros, dentre outras. A carga
puramente capacitiva produz uma reação na corrente elétrica como limitação de seu valor e ainda
provoca um atraso de 90 graus na tensão em relação a corrente. Essa reação é denominada reatância
capacitiva, representada de acordo com a equação 4.
XC = 1/2 πf L (4)
Onde:
XC – reatância capacitiva [Ω]
F – freqüência da tensão da rede [V]
C – capacitância [Faraday]
A figura 10 apresenta graficamente o defasamento angular entre a tensão e a corrente para
uma carga puramente capacitiva.
200
150
100
50
0
V
-50 0 45 90 135 180 225 270 315 360
IC
-100
-150
-200
Uma carga puramente capacitiva não realiza trabalho, ou seja, durante meio ciclo da tensão
da fonte, o capacitor armazena energia sob a forma de campo elétrico e durante o segundo meio
ciclo da tensão ele devolve a energia para a fonte, o que pode ser melhor compreendido ao se
observar a figura 11.
1000
800
600
400
200
0
-200 0 45 90 135 180 225 270 315 360
-400
-600
-800
-1000
Em termos de potência, o sistema elétrico ou a fonte de energia enxerga as cargas como uma
composição de cargas resistivas, indutivas e capacitivas. Observando o circuito representado pela
figura 12, nota-se que a corrente I, drenada da fonte, é a composição das correntes IR, IL . Entretanto,
essa composição não é algébrica, pois existe um defasamento de 90 graus entre IR e IL .
I
IR IL
R L
V
IL
I
IR V
Em termos de potência, parte da potência aparente fornecida pela rede, será transformada em
trabalho pela resistência e parte será armazenada durante meio ciclo no campo eletromagnético
devido à reatância indutiva. Essa energia, conforme visto anteriormente ocupa a linha da
concessionária, porém não realiza trabalho, o que não é interessante para a concessionária de
energia, tampouco para o consumidor. A potência pode ser representada através do triângulo de
potência, constituído pela potência ativa (P), potência reativa (QL) e potência aparente (S), como
representado na figura 14.
S [kVA]
QL [kVAR]
ϕ
P [kW]
Note-se que o coseno do ângulo ϕ é, em realidade uma relação entre a potência ativa P e a
potência aparente S, por essa razão ele é um parâmetro denominado fator de potência. O fator de
potência mostra como um instalação ocupa a linha da concessionária para a realização do trabalho
pelas cargas elétricas. A Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, determina que o menor
fator de potência permitido é de 0,92, ou em outras palavras, o defasamento entre a corrente e a
tesão para consumidores industriais é de aproximadamente 23 graus. Caso uma instalação apresente
um fator de potência inferior a 0,92, a concessionária aplica uma multa por baixo fator de potência.
Para se evitar essa multa é necessário proceder a correção do fator de potência, o que pode ser
conseguido através da instalação de banco de capacitores em paralelo com as cargas.
R L C
V
IL
I
IL- IC I’
ϕ’
IC IR V
Essa operação é denominada correção do fator de potência, que resulta em uma redução da
corrente drenada da fonte, para um mesmo valor do trabalho realizado, ou em outras palavras, a
ligação de capacitores não interfere na potência ativa. Através da redução da corrente, libera-se
capacidade de fornecimento da linha de distribuição de forma que a concessionária possa atender a
outros consumidores sem investimento em novas linhas de alimentação. Do contrário, para se
atender novos consumidores, seria necessário a recapacitação das linhas existentes, através da
substituição dos condutores atuais por condutores de bitolas maiores.
A figura 17 apresenta o novo triângulo de potência após a correção do FP, onde se pode
notar a redução da potência aparente fornecida pela fonte e a importância de se manter um fator de
potência elevado.
S [kVA]
QL [kVAR]
S’ QL – QC
ϕ’
QC [kVAR]
P [kW]