Memmorias para A Historia Do Exctinto Estado Do Maranhão PDF
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MEMORIAS
DO
MARANHAO
L
/MEMORIAS
PARA A RI TORIA
DO
CDLLlGIDAS E ANNDTADAS
POR
TOMO SEGUNDO
.....
RIO DE JANEIRO
NO"A T'rOCR."PlnA DE J. PAULO HJLDEUItA.!\'D'l'
CDLtlGIDAS E ANNDTADAS
POR
....
RIO DE JANEIRO
n;O"j'-. "l',,'POl:n...:,-rll.IA DE .Y. IJ'-"ULO JU t... DE Ule A i\" O "I'
1.
(1) O DI'. Gonalves Dias partio para a Europa no vapor inglez Severn
em janeiro de 1854, o que consta do . viso do Millisterio do Impe)':'o
de.l0 desse mez, diri~ido ao :Ministro' Brnsileiro em Londres, o finaJo
conselheiro Sergio 'reJxeira de M:acdo.
(2) A commisso da copia dos Illanuscriptos cm Portugal coi, em
1856, confiada \ Joo Francisco Lisba. 6
TV
(1) Vide no to, I desta JJ.Iemmia$ pago 134, "E nenbum Jesuitll. da
America professa olemnemente sem primeiro se examinar nella (a
qzct1mnafica do pad1'e lfitiz F'igllei 'aJ, e ser appl'ovado com jw'a-
mento," 5
i
x
la, e ja. porque, na epocha em que a obra foi es rita
es a linguf\. era a vulga.r no Maranho. Fallava- e mais
a linguagem Tupy lIe a Portuguesa.
Ma' essa benevolencia do illustre censor logo desappa-
rece qualldo se trata do nome elo rio Itapuc~wt, orthogra-
phia que rejeita por entender ser maio exacto -Itapecwr.
As rases, que prevalecero no caso do lbac(Jfnga, cedero o
pa so nova orthographia quanto ao celebrado rio.
"De antes, diz o cel1sor na nota (148), e..crevio Itapy-
cW', seria plctu 'ivel, e no fo . e forado: ita, peora" pe,
caminho, ig, agua, clt1't (abreviatura de Cltl"ll.fcm) abunelall-
cia, muito. Oaminho de :rnwitct } edm 2)01" agoa. I to po lia
dar-se por contracu de pc ir/ em py, e na lngua tupy a
cousa pos uida no fosse poSpoSt'L ao po tluidor, lisenclu-se
yg pe. Portanto a etymoLog-ia Itcvpecwrt he a unica que
me prece admissivel, pur j"80 que ha lop;o na fz do Itape-
C1W tuna longa cachoeua e outra' uo . eu curs , c1abi abwl'/,c
dancia de pedras, muita pedra....
Estas ra es mio no parecem ;'ufticiente para alterar-se
o termo Itapicu/I'z" adoptado desde o prin 'ipio lia lonia.
u;:~is de dusento e cincoenta annos d' uso o rOli.'agntd:u.
Ning uem , seglUJt1.o no.'sa lembralla. o escrevia COIU ,vprillol)
- Itapycl.w. Era uma e"c1.umda innova:o.
A raso et. 'mologi 'a (lU .. e illvoca h mui e'p c'io>"l,
por quanto se io se tal com pretende o d011to critic o
padre Jos de Moraes no e -reveria Ita/p~ICIIJ', mas Itn-
peycul", ou Itapyecwn. l;omo quer que ..eja o iHll 'tre re 'u-
mista. e MOl:aes, que devia couhecer o tup~' melhor qne
ns, escreve ItCUJ.nt enio ItCUJ.Je, he porque a etymologi'L pe,
caminho, e yg, agua no tem para o ca o applicao alguma,
he na verdade forada.
Claudio d'Abbevill (1) e Yvo d'Evreux (2), cal u '1Iiu1lu'
Franceses, chamo ao Tio Tabo~tCou/J'01t, cuja pronullcia Ite
TalJuclw. Elies guiavo- e por Carlos ele' Vaux e David
~:[igan, interprete Francese ,e mlli habeis na prnJica ela tin-
gua Tllpy, Oampos Moreno llL J01"l'wila do lJfantnhdo (3) de-
II.
(1) Vide irifm nota. (1) a pg. 45G e nota (2) pags. 467 e 468.
nome de ArnanaYI1"Ct adquiria o padre Francisco Pinto no sert,ilo
do Rio Grande do :N arte, e o manteve no de J aguaribe ou CeRr por
actos identicos, Por en~no e cliz pago 4GB serto da Bahia, de-
vendo lr-se, sel'Io do .l'io G1"Ctnde do N01te.
(2) S. Thiago. Foi este o primeiro nome da fortaleza do Cear, levan-
tada por Pedro Ooelho de Sonza.
(3) Cear. Vide no fim do prefacio a nota sobre o palavra - Ceal',
e i?ifm a notas (1) a pago '159 e 476.
O rio Cew"l-mirim do Rio Grande do Norte, chamava-se a princi-
pio Baquipc, e pelos Portugnezes Rio pequeno, segnndo Gabriel 'oares
no cap. 9, da Noticia do B?'asil. No mappa de Pedro Coelho de Ollza
xv
(1) Diogo Nunes. Este padre foi, como grande lngua que era, quem
acompanhou Bahia os Petigual'es no tempo da admiuistrao do capi-
to-mr A1Yaro de Carvalho (1603) j e, posteriormente, seguio com o padre
Manoel Gomes ao Maranho, quando para l foi Alexandre de Moura.
(1615).
(2) Gaspm' de S. 1>8'I'es. Parece que o appelido era 8ampere, e
talvez no fosse portuguez este padre, Campos -Moreno por engano cha-
ma-o padre Ped1'o So P8'I'os. Vide infm pag. 162.
No Sanct"al'io Mm'ianno to, 9 liv. 2 tit. 42 pago 351 diz-se, que este
Jesuita se deve a traa ou conselho que tanto servio Manoel de Mas-
carenhas para faser as pazes com os Petiguares, que consistio em man-
dar pr em liberdade um pag cllamado Dha grande (P~tQ1n-assit).
Mas J aboato, que alis he um copista deste escriptor, assevera que
quem deu o conselho foi um religioso de sua ordem chamado Fr. Ber-
nardino das Neves, irmo de FI', ManoeI da Piedade, que, coro J eronymo
de .Albuquerque, foi ao Maranho em 1614,
. O padre Jos de Mornes pelo contrario assevra, e com melhor funda-
mento, que as pazes se devem aos padres Francisco Pinto, e Diogo Nu.
nes, sobretudo ao primeiro, . . .
Vid iI/1m pago 50 o nota (3) e o Lo, 1 destas M8'lnorias pago 84.
3
XVIII
(1) Vide Hist01'a ge7'al do Bmsil to. 1 pag. 362,,, Este Indio cele-
bre era filho do Oear, e fra aali trusido, como todos os bravos da suu
escolta, pelo capito Martim Soares, apenas teve noticia do perigo de
Pernambuco, t
Todas e tas asseres so inexactas.
(2) unca no Brasil houve tal hesitao, como bem o comprova o
proprio illustre censor na HisW1'i geral do Bmsil to, 1 paga, 279 e 280,
naa seguintes palavl'Il.s:'::"'" Era pois ao Brasil absolutamente alheia fi,
questo dynastica," ~ -~ ~
oaso tinha pelo menos sessenta e oito annos; e havia mais
de quarenta que, pela p?''fnei?-a vez, passra Bahia (1)
com outros de sua nao, no tempo do capito-mr A.lvaro
de Carvalho, para alli acudir em uma invaso de AymorB,
da qual encontraro desafogada aquella cidade, pela indus-
tria de Alvaro Rodrigues, da Caxoeira. Prosigamos porem
com a nossa narrao." Liv. 10 pags. 242 e 243.
Entretanto no liv. 8 pags. 213 e 214, exprimese o mesmo-
escritor nestes termos referindo-se ao assalto que fez o
4ere indigena no Rio Grande do Norte;
" Quanto ao Ccumardo devemos disar que eTIe cumpria
o seu mandato muito alem do que se podia esperar. Desde
que se apresentou como vencedor, grande numero de Indios
que etltavo com o inimigo, com essa fidelidade fiuctuante
commuin todo povo barbara, segundo ja reconhecia a
antiguitiltde, o abandonaram, e prestaram obediencia ao
mesmo CQ/lna1'do, que, com o seu auxilio, conseguia do-
minar todo o certo do Norte, chegando at o confins do
Cear (2), onde h(wia;'a estado trinta e tantos annos antes
(1612), acmnpanh{JJndo os padre Diogo Nunes e Gaspar de
Sampere, q~te ahi o havio baptisado e casado (3). "
Para completarmos as citaes necessarias para o e -
clarecimento da questo, ainda encontramos sobre este
personagem historico nO liv. 3 pago 82 o seguinte, refe-
rindo-se ao procedimento de Duarte Gomes da ilveira e
do padre Manoel de Moraes, religioso da companhia de
Jesns, na Parahyba do Norte';
I Foi por esta occa. io que o jesuita Manoel de Mo-
(1) O Camaro foi Bahia em 1640, pela primeira vez, e per terra,
e nunca em 1603. Nenhum chronista o assegura, e demais uenhum Peti-
guar voltou da Bahia ao Rio Grande, i~clusive o cacique mais notavel,
o Jlll'ubab (Z01'obab).
Vide infrCt pag. 511, assim como a Hist01"Ct geral do Bmsil to. 1
pag. 311 nota 2, em vista da calota de D. Diogo de Menezes, de 4 de
Novembro de 1608, escrita da Bahia. .
(2) Confins do Cem. Nunca o Camaro passou do estabelecimento
Portuguez, e das aldas visinhaa, em 1611 on 1612, e em 1614, como sI!
v do que relata o nosso historiador, e Diogo de Campos Moreno na
JO?'nada do MCt1'Ctnho impressa neste to. pug. 176 e nota (1).
Que confins do Cear so esses notados pelo autor?
(3) O nosso historiador, como ja vimos, diz positivamente-c contrario.
A que autoridade pois soccorreu-ae o iIlustre censor para contradictar,
posto que silenciosamente, ao padre Jos de Mornes?
XXI
(1) Vide sttpra nota (2) pago 22, Antonio Knivet diz que esta pala-
vra significa - espinha de p(J':ce. .
(2) Cerobab ou 8Q?'obab, e tambem Zo,'obab, parece-nos ser a cor-
ruptela de Jurubab. Vide Duarte Coelho d'Albuquerque nas MenlQ?'ias
dia"ias pago 146.
(3) Parece que foi este indigena com quem primeiro fez pazes Manoel
de Mascarenhas em 1599, e depois em 1602. Mas como inspirava muita
desconfiana aos vencedores, por isso o levaro para a Bahia na expedi-
o de 1603, de onde nunca mais voltou,
(4) E esta opinio ja havia sido apresentada por Fernandes Pinheiro
na biographia do Camaro. Vide Revista do Inst'ituto to. 32 primeira
parte pago 201.
(5) Gabriel Soares he obscuro quando trata desta materia no cap, 7
da sua Noticia do Bmsil. Do que eIle diz se deduz que o domnio Peti-
guar no passava do rio .l1pody ou Yponi como chamava Marcgrav, na
f de Jacob Rabbi, e no o rio JaO'uarbe.
Ibiapaba era pelos Tapuyas, especialmente Ganas, Ju-
guaruanas e Teremembs, o que facilmente se pode vedficar
consultando as antigas chronicas.
Por tanto no pode ter solido fundamento o assegurar o
padre Ayres do Casal ser, Villa-Viosa, a patria do Camar
?do. E sa povoao, a antiga alda da Thyaya, he fundao
muito nova dos Missionarios Jesuitas do Maranhe, depois
de pazes celebradas com os indigenas Tabayares ou Taba-
jaras daquella erra-lbiapaba.
Ora o aldeamento da Thyaya foi fundado em 1697, e
tomou o nome de Villa Vio a com o predicamento da
villa, em 1759 (1).
Ra em verdade cou as singulares quanto naturalidade
deste celebre indigena. Pereira da Silva nos seus VCllrJes
i"lust'res do Bmst7" apresentar-o como natural da Parahyba
do Norte e nascido em 1598; e Fernandes Pinheiro se-
guindo Southey na sua biogl'aphia f-lo Ca?ii (2), e, com
Ayres do Casal, nascido nas visinhanas de Villa Viosa!
Southey somente por equivoco o fez Oar~i, pois refe-
riar-se a Britto Freire, que diz cousa mui differente. Essa
tribu, a OCllrij6, como se sabe, occupava o litoral do Paran
e de . Catharina at o Rio Grande do Sul (3).
Antonio Potyguass era Peflgu,a?'. Di-lo positivamente
(1) Delle trata com elogio Duarte Ooelho de Albuquerque nas Me-
rnorias dia1'ias etc. pago 216. He designado como irmno do Oamarno.
(2) Vide intm pago 502 e seguintes.
(3) Vide intra pago 455 e seguintes.
XXXI
III
IV
(1) Talvez a carta regil1 SUpl'll citada fosse Ia.vruda, e licnss' sem ex -
euciio, ou em razo do fallecimento 'do nomeauo, ou por outra circums;
tl1lcia, hoje ignorada.
(2) 'fl-tando de Jeronymo de Albuquerque Ma.r[l.nhiio, e dl1ta do
eu governo como capito-mr do Rio Grande do orte, diz o douto
censor o seguinte na Hislm'ia geral 1([0 B1'qsil to. 2 pago 453 110ta (2) :
"As datas das nomeaes dos seguintes (capites m1'e) uuda
tem qno vcr com as pos e. : as veso- ostavo dons e trez com a
nomeaes nu mo. c . bica 01\ (CI1nin'l. '
LIX
Ad vertencia
Os leitores que no tiverem comprado o pl'meil'o vo-
lume desta Me;morias, e no quizerem formar colleco,
podem no ob tante utili 'm'- e do pre ente, ervindo n f'te
caso na encadernao do 1'0 to de sobresalente, que junta-
mos em a numera.
otas additiva
E
Rectillcae .
....
Pa~ina III
linul1 4 - J o. o Semanario etc.: la- e : -.Ja no Selluliliuriu.
lin. 15 -1 54: la-se : -1853.
Pago IV
lin. 3, - Excidio : la-se : - morticinio.
PR;;. Vil
obre 11 respeitabilidade do caracter de Berrdo, como historiador.
alem rIo que fica dito na nota (2) desta pagina, consulte-se o to. 1 destas
-'IIemol'ias, de pa;". 294 1J.Sque 296.
Pago L"X
lin. 2. - ne para lastimar etc. : la-se : - he Pll'ra lastimar.
liu. 17. - Suwn cuique: la-se: - cuique suulIi.
Pago XIII
<rllbriel 'oar tia Noticia do Bmsil, cap. 67 chama tambem Itapo-
CW'l ao rio da provincia de . Oatharina, hoje conhecido pelo nome de
-ItUpIlClI.
Uouvem ainda notar sobre a etymologia da pa)avra- ltapicMr, que
a 1'llso da COlTUpbl1J, em ItapiGU1'h provinha da dilliculdade da. pl'Onlln-
Cill d I/. na IlJO'ua Tupy que muito se assemelhava a do 1~ Francez, e
por iso 08 Je llitas muitas veses o substituiro por y e i.
Pag. XIV
Etymologia da palavra - Ceal.
Ha duas verses sobre a etymologia desta palaYl'a. Outr'ora tauto o
nossos chronistas como os Hollandeses escrevio Sim'ti e Ciar . poste-
riormente tem prevalecido a nova orthographia- Cem/. Qual a raso?
Kinguem poderia dis-lo.
Ayre do 011$0.] na C01'og1"C!pltia Bmsi?'ica to. 2 pago 195 fundado em
LXIV
l\OTA (1).
Convem distinguir a alda elo YrIClP ela epochn elo amaro, da. de
Guagi1', C/'eada pelos JesuiLas depois da guerm Hollandesa, que tall'ez
no fos e no mesmo local da antifTn. Hoje os descendentes desses indios
residem na nlda chamadn dos Veados, nas visinhanas elo 'ear-
mirim.
N01'A (2).
egur;do o que escrevemos na nota (2), pog. 467, e,a nossa conj c-
Lum de que a alda onde foriio sepultados os ossos do padre Francisco
Pinto era Messejana, em raso do nome de Pai-Pina; mas reflectindo
melhor, e ntten lendo cnrtlt do padre !lianoel Gomes, pago 7D do to.
1 destas lJIem01'iCls, Ine fixa a distancia dessa alda da antiga forLalesa
do Uear, mudamos de parecer, e entendemos que outra niio pode ser
seno a antiga alda da Pamngaba (AITonclJes).
Pag.XVIII
, Vulgo Camw'cwn dicitul', qui fusei est coloris, sex cl'uribl1s cum tri-
bus internodiis spinosis et Ilcl1leatis, un!!Uiculis in extremitatem desi-
nentibus. "
~Iarcgrn.v em lugar de diserfltSci coloris, diz nigricans, para dilferen-
o.-Io do Potiatinga, outra especie.
Gabriel Soares, uo cap. 145 t fine, descreve por esta forma o Poty-
gU1SpS:. - - - .- 'd d d .
" ottassu sao \lU5 camaroes que se crl:1o UM concavl a e~ as 1'1-
beira.s, e tem tamanho corpo como o" lagostins, e o p :scoo da mesma
maneira, tem a casca uidia. e ll.5 peruas curtll.5, 1)5 quae" crio comes em
certo tempo, e em outro, tem o casco gordo como lag05t't, que se tam-
bem tomao as mos, e so muito sabor050s, e estes, e os mais no so
nada carregados. , .
Potyguassit - quer diser animal de gl'llnde llIo de pontu j de po, mo,
t ou ty, ponta, e asst ou gltasst, grande, precisamente o crustaceo des-
cripto por Pi50 e Gabriel Boares. Vide infra pago 176 nota (l) e 1 1
nota (2).
Pago XIX
liDo 68. Pctiguar e rio PlUY ou Pif;(qy. O nome de Petyguct1' pare-
ce-nos o verdadeiro de5sa tribu que vivia uo Hio-Grande do orte, que
quer diser senhor do petlln ou l1cti, a herva q\le chamamosflt1no ou ta-
baco.
Pctiltm'a ou Pet(qum significa 'enhor do petun ou tltbuco, titulo
de nobresa, e .no Potigtt1'a, pescador de camares. O Rio-Grn.nde'em
chamado Petttngy ou Peltigy, e por corruptla- Potengy, nome que era
dado pela plantaii:o que elll sua-s margens faz io os iudigena-s da famo. a
herva. Ora essa tribu era que mais usaya e aprcciava o petltlt. Vide
Joo de Laet - Novus O"bis liv. 15 cap. 4, referindo- e viagcm de
Antonio Knivet, navegante ing'lez. .
Gabriel . oares tmtando destes indigena-s no cap. 13 da Noticia do
B,-asil diz o seguinte .-
" Este gentio he de m estatl1l'a, baos na cr, como todo o outro
gentio, n~o dcixo cahir nenhum; cabellos no corpo seuo os da cabea,
porque em elIes na-scendo os arranco logo, fallo a lingua dos TupinaJU-
b e Cayts, tem os mesmos costumes e gentilidades."
E mais adiante:
" So lP'andes laYJ'adores de seu nmntimentos, de que estilo scmpre
Illui providos, e so ca,adores bons e taes frecheiros qne no el'l'iio
I'rechadas que atirem. So grandes pe cadores de linha as 'im no muI'
como no rio" de agua doce. Canto, baililo, comem e bebem pela or-
dem dos Tupinamb8."
al;. "XII
NOTA (2).
Iin.1. I'1imeimspazes. As primeira pases feitas com os Petiguares
devem entender-se, as qUll se elfectuaro em 1599,com os indigenas dessa
tribu, que demornvio ao sul do rio P"lengy ou Peti,qy. As outl'3S, rea-
lisadas cm 1602, dependerio de lutatrll.\Tadacom osindigenas que vivino
ao norte do mesmo rio, de que foi principal intermediario o padre Fran-
cisco Pinto, e que alludem Jos de Momes 110 to. 1 destas 1JlemOJ'ias
pago 84 e 'l1l1lpOS Moreno 110 L-iv'/'o ela Raso ctE'/ndu a.rt. .Rio Gnot-
de do NOJo/e.
LXVll
:O<OTA (3)
Feliciano 'oelho de Uarvnlho na cmtll que dirigiu Philippe
II em 20 de Agosto de 1597 e que foi interceptada pelos Ingleses (lia-
clduyts o. 4 pag, 246), chama cste uautl1 I'raocez Rl!oles, e d uo-
ticia de seu desastre.
Pag. XXIV
liu.14. - Videslt]J1"a pag. LVX o que dissemos sobre a verdadeira data
do baptis~o deste cacique ou priocipal. - 4, de Maro de 1612.
NOTA (5).
Jacob Rabbi. Barlmus chamllro Joo Rabbi, alJemo do principado
de \Valueck. Ja dissemos em outro lugar O que pensamos desse limite
do uomiuio Petiguar, que suppomos no ultrapassava do rio Ass.
Pago L"'CVII.
lin. 2. Jacctma. Seria e te indgena o pai de D. Diogo Pinheiro Ca-
maro, Francisco Plllheiro, ou era outro irmo do Camaro? J" o a
conjectura he contraria, suppomos que Jacaua era Joo de Almeida.
Vide pag. XXX nota (1) pag. XXXVII nota (3) pag.181 nota (3).
Milliet de Raint-Adolphe uo Dico. Geog. do Bl'asil, art. Camm'o,
lIiz que o Jacatna tambem era couhe ido por Japal'anluba, mas nito
inc1icl1 a fonte de onele colheu esta noticia.
Pag'o X-"CXI.
lio. 19. Em Se1gipe. lie inexacto. O Uamaro demorou-se em Sergipe,
em quanto 11 conquistl1 HoUandesa no nlcauou Rio Real. Em 1645
estava ou devilt cstar em territorio dlL Bl1hil, em local que ig-ooramos.
Pag.X-"CXU.
lin.10. O rio IgarltSsll,com a:foz formuda pela ilhl1 de JtamI11'llcl, era o
lim1Lc da capitania lIe Dual' e 'oelho I crcil'll, que chamou sua dou-
o - Nova-Lu.sitania; mltS prevaleceu o nom de Pernambuco, cor-
ruptla de Pct?'anapuc ou PCl1'anapucu., furo ou lingua de mar.
Prevaleceu o nome de Pernambuco porqn o porto de Olinda tam-
bem se chamava- de Pernambuco, cnjo nome vinha ela rz ou lingua
ele mar que sahe uo Oceano, omo um escoadouro do rio 'apibaribe. Ue
o pequeuo e teiro chamaelo mosqueil'o, onde aucoro em Pernambuco
os navios de menos-caluuo, c que he formado pela murnlha de pedra do
Recife e o isthmo que lga essa cidade de Olinda.
:Pelo contrario em Itl1marac o nome do j'io de Pe1"1wmbuco perden-
se, porqne D. Joo lU por carta regia do 1" de Setembro ue 1534, que
pode-se lr no Aaas do I1n}Je1'io do Bn/sil pago 20, onde vem a cou-
cesso ele Pe ]1'0 Lopes ele Souza, mudou o nOIDe desse rio ou esteiro
que cerca ltamarac, em l'io de Santa Orltz.
.Aiudl1 neste ponto o e tudo do territorio uo Ro-Grande do Norte yeio
elar-nos o. explicao do termo- Pe1'nambuco que Gabriel Soares, pre-
tende que seja-maJ'ful'ado, quando outra he a ida,
O desaguadouro da laga Groahil'lls no Rio-Grande do Norte se
chamou - Pe1'nambllquinlio, e porque raso? Porque os iucligenas o
chamavo PaJ'anapuc ou Pal'at1puc, como se pode ver no mappa
desse territorio no. obra de Oampos MOI'eno -UiVl'O da l'aso d'Estado.
Parece que outr'ora na fz desse de, aguadouro havia uma aldca com
o mesmo nome, que depois se mudou mais para o Sul, onde presen-
temente se acha.
Hoje esse desaguauoUl'o chnma-se rio Uamoropim,
LXIX
Pago XI__ I.
NOTA (2).
Fundamo" o nosso jniso acerca do cOllhecimento qne tinha Joo
de Laet da obra do padre Manoel de Momes no Novus 07bi.,
tradnco francesa do mesmo de Laet, publicada em 1640, nos seguintes
trechos:
Liv. 15, cap. 1 : - li {ais.ie ne puis obmettre en ce liell le jugement
d'un nouveau authenr Portug1is, le commentaire du quel a est nouvelle-
meut imprim en Angleterre, en Anglais. "
Cap. 2: - Je rapporte ces choses SUl' la foi d'uu certain religieux
Portugais, que Ies a depuis peu escrites. "
9ap. 3 : ~ Voi~ ce qu'en dit cet autheur Portugais imprim en An-
glal!:!, et qu Oll estIme etre quelqu'un de la Societ. "
Cap. 12 : - Cuja inscripo diz: - Poissons de mer du Bresil selon
cet autheur Portugais et autres. "
Pa~.XLV.
Pag. 251
lin. 10 - Alda dos Pedras- Verdes, vem a ser a alda de Itwby.
Pago 252
(2).
NOTA
Segundo o Qu,a /,'0 eiementa1' do Visconde de Santarem, to. 4
pag. 180 nota (1) da introduco, La Ravardiere fra preso em Lisba
25 de Junho de 1619; por tanto o tempo auterior passara alli como
prisioneiro tendo a cidade por homenagem.
EUe embarcou de Pernambuco para Lisboa ja no fim de 1616. Em
1624, aos 27 de :Tovembro, estando em Pariz, obtinha do governo
francez com Londriers, um privilegio para colonisar o paiz entre o Ama-
Bonas e a ilha da Trindade,
Pago 274
NOTA (2).
CIl1TuzeaQ- lllrse: Ca1"1"azedo.
Pago 423
KOTA (3) '0 mI.
Em lugar de pags. 438, la-se: 437.
Pago 424
NOTA. (3).
Alguns neg1'OS. Os Portugueses assim tlLmbem chamavo aos
indigenas por se pintarem com genipapo, que lhes dava essa cr.
Pago 436
(1).
NOTA
Vide o que dissemos fi respeito de Luiz de Mel10 da Silva a pag.LXIT.
Pago 444
NOTA (3).
lin. 5: mas dentro da meia lua, etc. lllrse: mas/01'a da meia lua, etc.
Pa;;. 450
lin. 34. Ooncebido a esperana que de por mo, etc., la-se: concebido a
esperana de que por mo, etc.
Pago 455
l\'Ol'A (3).
"Vide il//m nota (1) pago 459.
Pago 459
(1).
KO'l'..\.
O rio llIm'ajaitiba onde os HoUandeses projectavo fundar uma
fortale a de cinco pontas, nilo he como suppunhamos a pequena ribeira do
Gear, mas outro rio mais ao sul, talvez o proprio J aguaribe, em cuja fz
tambem os Portugueses tivero um forte chamado S. Loureno. Note-se
que Jaguaribe quer iliser rio de Ona<l, e entre este rio e o Apody havia
pelo litoral um lugar chamado habitao de onas, o equivalente de'
Marajaitiba.
"Varnhagen na Hist. geral do Bl'asil to. 1 pago 401 diz Ma1'ijaitiba,
no que parece houve equivoco, cousa muito natural em nossa historia
to pobre de subsidias.
P::t~... 464 e 46
NOTAS (t) B (4).
Vide I) qne dissemos sobre estes ndios pago LXX destas rectificaes'
LXXII
Pag.495
NOTA (2).
Por esta nota v-se que os Teremembs vivio ao norte do ear e
erilo visinhos do rio 'amucy, pelo litoral. Portanto a. regio que domi-
navo em entre esse rio e a ilha. do Maranho.
Pag.49
lin. 7 - D. J01ge. Era tOO indio filho de um dos principaes da Ibia-
pltba, o mais antigo. O padre ndr de BalTOS, na Viela elo paell'e
e
Antonio Vieim liv. 2 264, chamn.-o D. Jorge da Silva, e tambem Jorge
Gomes Tieuna. Pa.rece ser o ultimo o eu nome indigena.
Pago 507
lin. 16 e 17 - Eis que um padre nosso, etc. Parece que o autor dessa
faanha foi o padre Jeronymo Machaoo, autor d Smnmario elas Al'-
madas, etc., por isso que estando presente na conquista da Pnrahyba,
cala o nome desse heroe.
Vide o mesmo SummCl1'io na Revista do Institttlo to. 36 p. 1, pags.
36 e 37.
NOTA (1).
Os Francezes expulsos do Rio de Janeiro viero primeiro attacar o Re-
ciFe, e depois se estabelecero na Pa.L'Uhybn.
Pago 519
(1).
NOU
Vide sUi.Jm pago XXIII nota (3), assim como pago LXX, o que disse-
mos sobre 11 significao de Pau secco em Tl1py,
Pa.g-. 520
NOTA (2).
lin. 10 - posso sorril', etc., la-se: posso Se1'Vil', etc.
Pago. 5;22
NOTA (3).
Rodelas. Outros chamavo est~s indgenas Rodercts, julgando COI'rup-
tela o primeiro nome.
Pago 54
NOTAS (1) E (2).
-em todos os indgenas do litoral do Bra ilusavo de redes pal'l1 dormir.
Panlmier de Gonneville na sna Relao de 1503 e1504, publicada em
1869 nos Novos Annaes de Viage1!s, snstenta, e Gabriel Som'es na Noti
C'ia do Bl'asil cap. 68 d a entender que os Cm'ijOs dOl'miao em Clunas
de folhas (esteinls) , ou de pelIes, e no em rdes, O mesmo prnti-
cavo os Guayanases e Goytacases.
Destes. testemunhos devemos concluir que as rdes de que aqui se
trata, ou serio de pescal', ou para negocio com os colonos. E talvez
que os mesmos Cm'ijOs tivessem posteriormente adoptado os usos dos
indgena que se servio de rdes.
-----------
D.\.
COL A DO ll.\r..\~no
ESCRIPl'A PELO
CAPlT10 SDI10 E 'TA CIO D.\ 1L HIl\.\.
PORTUGAL
N. B. As nolas desta Retacio !:::o do Edcter.
tICENCAS.
li por mandado do mm r. Inqnl'idor Geral, esta RelufelO
do JJ1C1l'c/'nho, ompo la pelo capi lo imo ;'. lacio da l,;lJ-
"oira, o no tem cousa con lra no sa an ta F ou bons co.-
Lumes, pareceme que se lhe eleve rI dar a liccna que pede,
porqnc bre"ompnle, ,em alrecla [o de oncar clll1.'nlo, ,
que ou Iro: co 11ll1lo, diz a. grandeza de la ConqlJi~la,
'lue e aS'i lIe orno se dr"r r r, uma pc"goa q'laliticaua e
tc~lcml1nha de "Ua e xpcl'iencia, e la lerra Yir a EC'r !lH1i
habilada de Cllri lJos, c com ajuda do Co nella e ver o
nome lc.l sns Chri:lo mni "cnerado e dilatado; pelo que no
pode c~la brnre ]{e(ao deixar d iufluir un <1o,ojo mui
aro lado , e m'azc. de to louya"el ernpreza, no animas
do ollzaclos o illcansaycis Porlllguezc , que n'oulro t mro
empr h nc1 1':10 COlll !TI nos esperana cou.a mais difficul-
to, as, qn outra nnc. parecio lemerarias, e egundo
alg'llls praO'll n'o ou in,ejo::o da gloria POl'lugueza, barba-
ras e impo.~i"ei".
Em ~. Domingos de Li boa, a 8 do maro de 1624.
Enl '.i-llll;l. LrlTn IO(j;3;~ ;l~ li(') 11\:".;- nt:cr:i:'llra"', p~lL' t;'(li'aldo
rfr/ I/rlh I. ,'.111 I. dI' liiiL
REUlo SUMMARU
DEJI.\lH':.\C \0,
muita g\ ll1r, e ellr o alltlo J.S calJ' 'f.'il'a~ do rio ... Flj;:tnt.:i:~('o C
, SOJ'I'o, rerde, perto de tl'czenla~ I-.goa. pelo sel'lo eSCOl)-
1ra o Per, perto ela governao quo l cllamITo Chal'CC/s (t), 11a
qual jornada ,o perdero lnuilo~, e depoi di lo ~e rizero
:tlgnllla~ entradas pelo do llio de Janeiro, olllle tamlJem an-
dario anno' em conscgnil' narla..
At que o goYCm::u]ol' Llaqnelle E. lado D. Diogo de Jlenezo;',
sabendo o calJedal, qne pouco antes elo .:ocu L 1fI[) linha 111 L-
tido no-l L!e:cobrimclllo P 1'0 Coelho de SOllza, f' as guerras
cnl fJue :l.nLlou com o .Jlel U('([ondo n:l.S ,erras de COara",\ (2), C
fino enlro aqn 110 p;enlio ItlYia. noticias do ~laranh:o (I'nlen-
dendo que e.Lo' Llu.::cobl'idor' d Yio andar p 'I'lo dplle)
JI1andon erm~el'Yar a :lmklel S CJ1IC eBe d 'ixon r iLas com o
genLi(l Ll0 CC;ll':t, pelo capit:10 Martim '0\1l'e5 ~lo['('no, qu hil-
,'ia aml:ILlo 111 companhia dq dilo P 1'0 Co l!to uaquella'
gn rra,s: r para isto lhe deu llnl b:Jt'('o, i11'"TUlls cOlnp:\nllei-
1'05, ' nl qlli, l'C.~icliC) tl'OZ allllo" no :.: ar, c aclqnirio pilotos
noras Iloti ia.' do )lal'~\lIll().
][[
nu
DESCOllRDTEYfO Dl~ LUZ DE 1lULO D.\ SILYA.
XJ
],'ranci <;0 Cald ira mandou :J.(}'ni copio as r 'laii ,", IH'al'L'-
cendo 11inilo, as manrilhas. d ,II' ri, na venla.llc 1Jc mlli
famo.o ha n 1] mais d c milha, oul!'(,' gl'anllezas c
exrcll n ia mui nota\' i , e h o maior rio crlIl 11' ('ln toda a
rerlondeza lla t rra, e lem cenlo ,inl I fToa. de h()r~l e mai.
demillgoa d'd ciLadesd o l'cr, a qual 'u::draf"~l;ltl'
pd mandar all!';r uma parla por . le rio. por onu l'OIll
grandc c ml110didad o bl' \'iuadc, ,-onh5 a:: riquezas dclll~
. ne.pnnha, , m o~ inc n" lIielll ,'di' a. tr:Jgiuar pOI' lerra
ao mal' 00 Sul, (' por el'c a Panam;1, c t1'aUi ulr' YCZ l .Yam-
bn de Dias, d'aJli, n:1 ,.1' la ii. fIe, panha, quo Lu .o ll':1-
b;ilhO:1 tlim ill L a ~ra.la.,
XII
OE CRIP.i. DO i\I.\R'\~n.i.o, l:.\S TER lU,: E RIOS.
O itio LIa Maranho hc uma hahia. que olha. pal'<l o ~ol'(e,
e L r;'l como qual' nla duasl ff ll'daponladoP r~-al"
pOnl:1 do Curn,'d !lIra em i encerra. perlo ilc vinil' illHl-, r-
iUI o , A de S, Lniz (ollde alTora c,'lo'o l'orllJfTlleZC8j Icm
yint e dlla, iegoa, 1'1 comprido (' pt UI' l:ll'lTo, o ,a11('. 110,::.1:1
b<lhia como lingoa, com a ponla. d A.1'3SS0:l"y ao ~ ftE': ao
longo I'IL La ha oulra ilha.s d. ineo, . eis. le e mais, . D1e-
no Jegoa , como "5.0 a da GoiaTas, d J\laamc, a de 'anl
Anna., a do la. Tnrhe (flUO ho I rninsul;1 d Ga, par de OGL.l.
quc foi Goyornador dallueJle L'Lado; que t ril cis lCIToa. :
uma que se deu a um Cil'l1rgio, (f'-c ler quatro legoa o
bulra chamada da Paca:-, de SI.II 'lia }la.gc'lad -me fez mt'i'-
(' " que "01';), de al dU:l, Iraoa.: I;. .
, ,
:XlII
E T1DO DAS COu.\ xo )IAr.AXII:\O.
E rara esta lCIT ir' {'ln !!l'and rI' ~dn1l'nl , conYtlM qne:
fiua ~lafTe,ladr, d,5e e la 3lilr':! )(]mini 'li" dores ta~cldos
(' de 'abotlat a 'sim para que l\aja naConCJuisl::l com que pro-
lIIiar o 1J nemerilo" como para os lnclio' Lerem quem acuda
por cne e trale de o fazer chrislos, e o ampare o conser-
YO, os faa .lJTeigar na lerra e clllLiral-. , e 0_ tenha.. cl 051 1'05
{' promplo' para qualquC'l' occtlsi50, r. o taos aclmni lndo-
l'es, dm'ern r sidir n3, a.Jdea" gbrig.ar-s a u,lenlal' Jgreja
l~ Clej'igo om aJgum moderado seni , c[no para ""o r,-cebo
de cada G nLio, cada 111 Z, como s faz tU:t" llldia ; que he (1
principal meio de a poroao dcllasir em lITo grande aug-
111 olo, que por n~ais que dig;Io, quem ,;ti iolero" ado 110$
lndios trala de os eon enar ler contente, pol'qne ,cno
Y;lO pclalCJTa denlro, COulO lem ido pOl e la faJta muilas a]-
d:'as, quo haYii1 no Mamult:Io, mai de Lrinta, quando nellc
culraro o IJortLlguczes, e [oelas [ngiJ'~o de nosso tratos,
eJles sabem o porque, e .u digo, qne ho por n3:o terem dono
proprio (J), quo d oulra maneira no falia quem lhe fa.a ms
praticas contra os POJ'lngllBzes por u mpar para i e,tas ad-
mini tr~les (2), qne pertencem ao qne as a~mb[a om ti>; ar-
ma nas mo , noheemdamnocloGenlio er govenla.do por'
11m CapiLo llCJl1raUO que os ampare e adestre, que lambem os
povo elc Portugal sJo gOY rnados p0l' mirLt~ll'O' de Sua n1;}.- -
~r:'lalh\.
xv
CO}I110DID.\ DE' 00 }1,\i:.\:'iU.\O'.
(r..) !"ttsI ihi fogo: 11;1 flIdt~ pill"a' ii II 1'0 11 iJ'P'1Il n~ (PIP itll) lias 1'\\I{lrll!a."', IJf'C{ilPllllS
(:IHJH.II"'il~(lI:.'~ ctt: '.WU H \lOt) l(lUc:litdtl~1 '1lI 11lllJ L'uli.l0 ~t: Ilil\"('g:\\ U,
-1'-
o P;lr;l ail da ('.'li ~'1l1 lO fI'( nLl'ra, I r:plc lia l11ufn, t', '::r
l111lil:t gt'lllilifla.clc 11 r elll':, r p 'la" illla' liuC ~~o inlillila',
fle ql\(':; no on.Jo li, 1'; r a~i'im no jlO\OlO, S I1JI) . Olll-
J 1':\. da fortaleza, c por i:.o no ha ainda lanlasrnal'ia:'; lll:I'
a Inll0 upprir.i. a. "i<inl1::111C. Ir :\larafll:-f, c1'ondJ t'1lI grand,~
nhHIHlanria ll1 pL>(le l' li ria. a farinhOl:, e Oltlj':lS rOlla,', com
ql\i'~epoc1eml' :galal'tnuila, p(>fas'l~ de que It:rritimalll III.
FilO caplm", cI)JJrorm0 as L'i..; li' ...ua. .Iic gc. lada Iql\(' . Jo a'
qne n/1s r(J~gn.laillos tIO [(Ifler cle, cu. inimia 3-, qnando o~ II m
raptjyos 11:)1';1, S comerem), "0111 POl1 l '.O cabcd:ll $;(' 10Ll III
h:HCi' aqlli 1l111ila;; cl\ .~(:t~, com qu aju lar mUlLo o o.ugmcl110
cl 11:11'<l1l1lo ondr f:lO <11; llluilo enl,1) e 1)1' slilllO.
Da outra parle d 1'0.1'[., sc IlfLm:l o Cabo do _'Ol'll\ <ronc1,)
I'c.'iucl11 IJollamlczt' em. lias (;olollia..
E o <lnl1O jl:l,. ado i11<lntiou 3,Cflli um [('II('s o c:apiL:io Bl"nlr)
j\[atil'l, d~ dOl~: qllC !.'L lomou: (tI)' f]ua('g 5011I)1'\11OS c 1\1(\ !lI)
C'X 'll"ille :1 1[l1r1Ia lerra, o '110: S apl\)"ritilo Illuilo dl'lla, nll)
s C111 esca.lal'cm ali i os n::l rios f[lI c \ o inresLil,r aq Ilcll[ ma,-
r s, mas rn Lranllo por < fi nclle~ rio: a t III 'cllamo Cunl!J(I}J (2).
(ronde ~c diz Illte lirJo ouro da mITo do (ienlio. r oufra' COII-
.. ~ s, r qlln lt\l'11l nmilos r.craY03 e na\'s de Allguia, qne
tomar'lo indo pal'aIHdia,;;. .
.\ 1('1\1 Lk'l'l II: l'i' :'('!' JIlUilO 'xcl'llenlc com o \'Cllln8 dl}
longo da co:la, fll\' ~'o to larg')s 113ra entrar, como para ,,:1-
Ilir il torla a hora, . cmp!" LC.lo;; Clll ppa Jlara o }IaralJli:Lo
r d'alli par:t 11Idia~, "fio em oilo, cl z dia" 'd'cnlro tem uo-
lIi.'~iJllOS porlo , com o ,'cnlu por cima da l0I'1\1, IJara e 'pal-
mar r Yi1.l'ar.
Mui:o i11 areI h pftl'a cali1fc:ar, c almecclTa da terra, om
q:[(' Ilrar CI11 11luil:l qllal1lid:ldc, que paI' ,cr (:t1111rgo~a, llrc-
,en'a do frllZlln , mais que o ureu e as:illl o u.. aro os Fran-
c 'V:, P llojf' U r"zrll1 os no~w: na \'iM qur aqui ro.
T;UllbcIlI f'OIllO Il ' lerra. no\'a n10 "ai Hl1 : mantimenlos
Hi1da, c ]101' lio lJarcr . :lca tI!'ll . (como 110' utrl S p rlos.,
11'1 ~ranL1i~:,ima alluntlant'ia d tudo; de 11loLlo qlle I'0df'lll
i1qni l'f':a7.p1', r fi 1 l'l1Wl'. uas armaiJe:" rom mlli~ r ~alo par:L
o.' J1rgl'03 do rI lte nus ou Iro:' pm'lu' acharo para sua;; pro-
pria ' pf':SIl;l~.
E para qu" :t l 'do:::. ~rja oolori:l a abunda leia elc la terra,
o illo:;il'ar~i liaS capitulas eguilll 3.
x.
'.\J."DiHh.\DI: 110 co.
t'EItTILilHDE D1 TEHIU.
De::.1 c1im::t, C' lh'str trtTl'110 dl'll:tSO (1:1 Z(,na tan ('lia (lle
fJllt.: os altligCls llflo !lc'I'<LO l10li 'ia, c furo L1r. par ceI', qur.
sl'ria inIIOLJiln.vf:'I) d poi' qu' n. e~p 'riencia mo I.I'OU o (le:-:el1-
gano, !lollre :lllClol'C'..;, que imaginaro, qne aqui devia se!' o
l'al'aiZl de deleile:" ollde no '~o prinlciros pais fOl'o gera-
dos.
E o dito pac1re.To.rph ela Cr .Ia o contl'adiz com a Es C? "ljJ-
Im'a. Saq1'(/.dn Slllt'nlp: e no de mais JJ61ll !'cconllece., rrue IIC
J11PT'l'('{'t!nl' (':10 clinl<l daqurilc prl:'dicamenln, <:()mo se pMe
\rl' no r:lp. SI\' do ;::rlfllnt!o li\'l'O da lia llisJ.oJ'ia acil1\:.l!'c-
[(,I'ida. '
"):'i110.
111 Faz-sp { ralll1P!lic ria palnH'irn 13.1[11;'11', n nwis romlllllln, e rujll paJmil'l'
,.jln'l'lllllclll sllI'rol!I':llo iiI', <llllli.II'I'It, ii tlH)I'U~<1, O S{'lI rl'ltdn, I'l'o til) famallh (1&
Hlnn g'1'1lHlp Ial'tlujl nlllonU'n. lrontln qltnln I UUIPlI'lllil __ , 11(\ 1l11li ULlrf'I'indLl.
-lI .\g'lIHl'dl'Hll dI' l .. IIIlt.:1.
- i:!/~-
xxv
G.\n:'\E.
sr. l' ;1;, j1()r([ur 11lC'3 afOrl11o lue C:'I II!i'P lJ: lt:lllidlo: 1l1ai3
jI"I;nllIJClItu:> 'llOeil'()~, til' que li '$(a kl'!':t 160 lil fk.ll' li\!'\,"
~1I1ue!le:>, IjLLe sua bua :0 'te li. guiaI'.
X\\'II
PC 'C.\Oos.
rsll tlizrm ser o Icixc llICII1(JI', rlljlls 0:;:0. 1.:1. Illtli:l 1', 11"111 o
::a.nglH' 110 c.orpo I'lrido: quando :':tCl tl.t fl:'llIt'(L dOllZelLi, '0-
sido L:om coun~s P:lIWC boa \ itt'lla, c como la I faz as. opns, ()
a. :'iuto, c 111 po, 110 c:t:l'lI(lnlL', c 1l11lito l11ai: pal':l 'slil11ar
l'algallo [l'lra. ll1ala[oli1 ITPIL, }orqllf' 10l11a lIUL:O ,ai, c h
llll.i!o gurdo .. saboroso ah" dos 'Ol1ro~ H' pode11l faz 'L'
mllila eou:as de grallclr jllTSlilllO.
Em l'glllldoJugarilc 'xrrilrnlrr usaojlm/l'((l) qura,sim
cb1ll50 itlllll' grande: kagado (Ia :,gl)<! doc'c' CtlIe ~c comrm
lambem !lo" peixe, . (,1l110 elll's mais carn()~O~ ((l11' 11111 por-
co, os lomlJo. a,~'\(los (' dc \ inltadalilos, so dr r<lIllagt'nl,
(' SI' faz (~ II', :'ar:lpall bl'll1 rOl1l0 torn'.ll1 ., c muita 111, nlei-
ga, que exccd ) ~l de r<lct:as: so gnntles, ha Illlllos [(lIlio-
'e fa 'illllclllr, c timo Cll} ra"a sem conl('l' mai.:: tJ' llDl mez,
c p 'Ias prai:ls.e ac!l:o sua. ninl1adas li oros, C outra yczrs
de lal'lill'L1<ras do Il1al' (quI' lanil)('111 !la llluilas, (}IIO [PIl1 CJUil-
Ir l'l'llt ;:: uros mai:' crI 'h uma n iua, pOl'fjll FITO muil
II- ng adio: lamu 'm as cO:icltas do, jU!'al'~l" .o de p1'O-
wil ().
lIa rlllJins (2), :olllo. , ramilI'Ollpin::, pi1':1 uiras, cl!crnrs,
mel'O., (pt' IOc\llS ~o p'ixe' ti' Ullla, n.tl: II'I'Z 'quatro al'l'O-
J il ..
lIa pc, cado.: (lr ll''z til. las, 1,it mlas, (h linha, e oulra: qno
ll'!ll () couro ramo cllalllaltlll' I' s(\ia, !la COl'rilHl' 'illl'o[l'a~,
11:<11'1'0 ,tlollr:ltl ., [l:ll'gl ., h nilos, cal;c., 'UTiI!:lS, Ilngl'es,
JnOl'C'jas, PIIX,UTOCO:-' j,ilmp,lnos, llXal!il:: sal'go", pcixpg pe-
dl'a., rrqueimes rltoll[l:J.g, pcixC'.' reis, lingo:1I1os l;cixe gallo,
aglllll;t:', 1'01 al!o, bnc\i, nglllas cirlls pol\n", (' onlra di-
\prjil:H1p til' pc~ra(los, (III c:'t uJLl ollh crtl1 ,,; e por i '50 ,
lio Ilumcio, e sobt' lodo:' 11'1 inlinitlatlo de falacas, 'tnugrll~
('111 tania copia qlll\ sa l;lo dr Iloilt' nas Call1)aS, de nlallPir:l
qlle IIH'S \( ill I"lluillllo e I;Lllpn lo o [1L'ixc ao 11111', pOI' .e lio
il't'1ll ao fuudo.
~L\ tascos.
Ea mui~os raranguf'jos de llircrs:l" sorl ~, c o. da Icrr3.
fl, Os ,ln III,i_, 11'-,(1 te '111 it gl'i1ull"Zit qUt' inClIk 1 n :mrlol".. '0 Pan\ ,llIl1l1'-,-.';C
~Il"''''l! \ \ .....
'-.! 1-:1111:1\ .. , ~ill '1:-; J1f'i\t'~ \'IJlglll'lIlf'Uft 1'lllIIH'('idIIS pnl' ~1'ltl'nl:\-:,
.:ia n~ mrlhOl'P:;: ostl';"]:; do !L)do P.. le PI cll':\S, ~rl'.'1l1d S C.'lITI1-
r ':,: ll\lzio~ de muilas sor:es, mexilhr:-, lJerl)ige~;, IOllgUpi-
]'c." ameijoas, pcrsens cm j)"dra., e tramlljos, ]le1'll<.L1I1-
llins, 'no Par muita quanlidade d:.ts contha::. de llladrc-pc-
rnl:t: em qll :' a 'ho perolas, c :tljorarc., OUl'il:O: e ontru
muitos lll"1ri. cos cm gl':lll(le copia.
LEcnrr.s E 1I0i1T.\UAS.
TIa mnil() (' bom :11'1'07., mnito milho Z lmrro e oulro h 1'.'1 11-'
c' , mnilos reijf';'; e r;t\"l:; dI' tii"!'I' ii,' ra.las, amendoins 1II11ilo
gm:lo:os pa.ra rf'g~Llo, llluila. balala ti t:urcs por dl,])tro c
por rura, amar lias, roxa.s, ala.ranjada~, lH'l1lcas (' \'('rll1el ha. ,
c lodaf; mclhores que as da Ilha. Ter eiras, c a jun~..'t delhs
se di\. com vanlagem.
1\1('lllor que as uatatas, :o a ma acll 'iras, lambem raizes
mab comprida. no mo{lo de m:.mdioc::J, qll asc:adas c co ida,:;
'ITo I1JllilO hoa' c sadias.
l1il meJI)es xc::lIelllcs, pepino::, mela.ncias e ahobal'a.s de
di\"ersas C:lSLLlS, c bugangos, a qno l~t 'hamiiogcr I\lll (1" na-
hos ralJ:i.', r,Qmcs, coentros, mlros, segure. lia, e ccb ola se
<110 talIl bem lIaque lia tel'ra.
O afamado anan::Jz tem :\qui 1'en lugar, porqn nas (' ('111
llma 11 ry.'l, como alio. sa lJabo'a, do lamanho d . ilIll pepi-
no, e do lavor de um pillho verel, lIegando a s r amarello
I'" rcml , e lle o r'i das rrudas.
Tudo isto se (Jh loelo o a.nno, de m:w ;ra qno se C:l(1;L mez
Io ponelo nH 10e:l'os cm c.ada luacolhel1l ])wl,)Ps, c ji' fiCl dilo
a rcc.undia c1a.s e:lnna de a,sucal', por isso nio traLo mais lIel-
la", ,eno (lizel' (ll1e ha ji. mnitas, c Ijll mlliLo ('. 'do h~1 O :Ml-
ranlla de malld:l1' atllli Jl1uilo naviu' d aSSl1elr.
ATtGUES E FTtCr.T.\S.
lJo :,(I'OS:"O;; \lO pt" como 11<1 l'OII';l, ,1]11(1' i lodu:, (\:ro 1'I'I:(,'O~j
1111:, gralllll':.-l, Ollll'lk' ('lll radIo:" oulros l'l'dtll1d o:' , flllll'OS
qu,ll'li',lIlo:" filiar:, agro:" outro.- d(lCl~': UI]'; 'Olll 'a:.-l';1 uurt1,
flulrtl3 molll':' COIl1<:ill'l,C:O:l (' pe\'dl'.s, IIns (111 so CIUCI'lIIl d
C:li11';l.: OI!Lru:; aiflorCil.t!I):', Ollll'll" a..':-:aC!c .",
ElIl !lu!' llldo ~' os [ mos!r,llldo a U1ag\li ficcncil. o mara,\,:-
III;,,, (ln Crl';1l1tll',
J~l1ll't' r."l, s annrr:::. ha 111,,11 ira:] yal'ias ('(JI'('S, 1 r:Jl1cas,
PI'r.!:l3, a,d'II1I:J.~('adas, \'rl'l1lpilln:; 1'0:\as, l'ozadas c amal'l'lIas:
1o(1:t:.; f'sla, 'Olll 'IJI'C~: o ill.'lr0 ti' lllllil;'l. llf'l'l'c'i 'iio, UlllaS
1l1l1i~o dlll';t.', oulra' 1l1ol!L'3: ollll'as flllC cllril'fio a alllu. u
fl'L:I;lo Il'm o 111 'sma :-:alJor picante, oulras qu' par(' 'l'11I
calamlJl1CI (I) '0111 sua odurifora ro.'ina, aqlli o pilO d 'roza. u:
('I'dl'l)~, O.i louros, a: I1lllJ'La,', os anjl'ijll.', c oulro' illlillilos
r1f' 1'1I111:H': <.11[,(1111' (1.10 tinias, onll'o: (1:10 lwl;-:'lnlO;,i c olc' '
c!I:'il'030.', r afmC('I'g; ", lacaulca. ;2), o lacarallha, o olllr:\o{
lllil tli\'('r,:;id~ldes dI' ('()Il~;lS 1'111 fJll' lio 11:1 (olllar pt' Illai'
Cpll' lou\'ar a. g!l)\,ia tlt' qlH'1l1 :1.,:; crillll liio lJellas c formut;).'-,
tuuo o al1uo \'t:rds, c '01111'0111<1: l.l fi'l1clo~,
11l\N';.\" ,
COIIl[lIi 'la ~l 1jl!;J! el\via o: a dig la !Ili'l\ tI', 11M pl'iml'iro (;0-
\ ma!!' r, Fl'al\ci~co {:ol'lllo li ' Canalha; fitl: Igo IJo 1jllali-
l!Lill\ cd" limtas I <11':0:'<, c () fez do ~Cll {.;ol\sl'lll0 7 e COIll cl~e
1'111 ia olliraL pes~o,.: d' muita impor[, Ilein COlll um gr: n'lc
s ccm"'o de. ldt\do:, arma r p;Jci<lUicn!Os.
(lrrmiil:l DC'08 fjlll' 11lrJo f<'j:t 1):11\ . rtl falllo SP1'\'J\(l C dO'
Sua ~lagl';,larl(', ' p:ll'<t ang-lIiclIl' di\ Citl'i"la 1fb!ll' II ',;;lc 'tn-
lia, o aproveitamento O' Y' ::aBos dc.l..: UcilllJ,
t ,\ r 5 D E 0<
(I, Clllll'l'I'~';il) rnil'lIIflSil f111(1 ~(\ rl'in nn ::;I0l1li1g11. il111\.lilln~ (' hp\:ga t1ut
ilIlIJlli\('S) il({lH' flull''1 'a .jf.' iltll'i1'u:a :; 'i.uldl'':'' ii tll'!l::-: ll~r:didll~W~.
Pwultyl)(J. dg Sul. - 'l'!JP. de C. II!. de ,1. ~ lluu dos
orlw:iI'O'n. 1.
F -h
DOCU~IEKTOS
CO.YCEll.YE. -rS
no_ --".T.\.RIO
D.\
11 ias..
La primer;" ser la. Tsla do los Juan s (2) s 1:-;]30 do los
Aruans, l\hpu:ls, 'Ioh nga.llj'llas cl Parij, licrra. para gam-
dos, :tl'roz, y alrrullOS <.,' ncare~, y labacn., . upue~lo que s
enfcl'mi,a por '[ar mui delJaxo li la Equinocial.
I.::t sf'gunela . e purd 1I<\cel' ele la :Ia qn e, l en're 1
hrno J al';\, y ri brao }Jacajil, qu Licn y iute J gna' cle an-
cho, y ql1arenla de J.lrgo, y 'omprehC'lld la. Pro\"incias de
los \mlnras, y genlo de l"guap , y l!il';lpz, ('on loela 'la 1~1,'
menucl::t c1 '1 Camnl:'t, quo lo s(.n ';('einas, liel'ra IJucna para
ganaclos, eolon, a~ lIrar, y Lieno ntucllas maelCl'a, , .- llenLiles.
Ia lercera. e pUNJe llncer cn la 1 la qn ao enlre ellmlo
P;lC;lj, :r el brno l'nrnallyb:l (3), qu lell(ll':'l yeillt le un. de
;lIJI'I\O, y quarenta y cinco de l;lJ'gO ('n qll eaen la. Pl'oyin ia
ele 10' l'acajar 5, Goanaps, Caragual.,)" .!Ul'UIIl.llla., liol'l'a
(1' llc I ponlil dil Ti.iociI ruja Illilllde hc l1lili: meridioonl.
/'1) ,\ illlu dI' ~[urnj, l[ue cntilu cru ,I si III clcnOlllilJuLln, srgllnclo ns tl'iuus
11iIhifm":o.
fJIII' l
, , 11\' liuje (, rio Xing.
-';f-
.\I}\ ie\'lc'S\' (ln r~ll} ltq.wr, tplt' aunq\ll' (;1 n(ll\'I11(' iI ~a:-i le~'\p
de '. M. los Judios que :-: m re:::t'alar!o$ de putlrl' tle ,.u~ ell -
lJ)jo-o qu:ttldo lu: lirll n pl'e~o. para cnmel'-lo., .011 wrda-
<1cramcnl(' rautim:: es \1(' 'r~',ari() p.'PYI'llir el granel' daflo, .'
cc<:andalo que ele,; t'igue ti II 'y,u'-Iu' fu I'a de U pLitri;I,
(J'on lo TIlinta l1la~ 1m h n porqu "n :-:al:endo doUa pefecI'n
totlo~, como lo, peze:, fu ra dei agoa: y por ala.,ial' a e, le, y
:lI oIro inconyenicJlto de de.poblal' la Conqlli>:la pOI' hl codi ia.
de II yar o:-;c!ayo$ a \'endcl' ai Brasil, y a la$ Jncli:ls.
Dcre S. M. por lanlo mandar qu' los Jndios quc a. sifuo-
ren re:'calado:-:, :lnnqu \ .ean cauliYo:-: no 1 ti d:m ~el' .acado:,
furra d la Conquisla, ni de~naLlll':lii:-:ados opUa., pe\1,\ de
{Illedar I ihre.: y el Mao Iro que lo~ tl'Uxer lenga oul'gac:on
d \ bolrer-Ios a su patna a su 'u~ta, con todos los daf.o~, y
alimentar I enlrelanLo.
cOPU DE 1..\ I\.E.\L CEnCL.\, Ql"E SE DESP.\CIlO' 1'.\1\..\ EL C.\PITA:'i
M.\ 10ft, llEXITO )L\r.Il.'L P.\llICiTE, 1'.\1\.\ C\)~(Jn~TAI\ E1. GI\.\~
HIO Dt: L.\ A)!.\(.:o:'i.\~, Y I-:CII.\l1 DE ALLI \ LOS E:\Emeos.
que as.im cada anno poder mandar forro, hei por bem que
pos a trazer por marinheiros e grumete cm eu navio
todos o escravos que qui erem e lhe rrem necessarios.
Outrosim me praz de fazer m rc ao di to Bento Jaciel e
seu ucce sore , e a im aos 'yizinhos e moradores da dita
Capitania, que nella no po so em tempo algum !Javer di-
reitos de sizas nem impo ies saboarias, tributos de aI,
nem oulros algun direitos, nem tributos de qualquer quali-
dade que eja, sal\'o aquelle que por bem desta doao e do
Foral ao pre ente so ordenado que haja.
Esta Capitania e Governana, e reod:ls e bens dena hei por
bem, e me praz que se herdem e succedo, de juro e her-
dade para todo o sempre, pelo dito Capito e Governador,
seu descendentes, filbos e lhas I gilimos, com tal declara-
o qu , emquanto houver filho legitimo varo no me.mo
gro, no succeoor filha, po toque seja de maior idade que
o filho j e, no havendo filho macho, ou havendo-o, e no
endo m to proximo gro ao ultimo possuidor, como a
Cemea, que ento ucceda a remea. .
E emqnanto houver de cendentes legitimos machos ou re-
mcas que no ucceda na dita Capitania bastardo algum j e
no havendo d scendente macho nem remea legitimos,
ento ucceder o ba tardo machos e remeas, no sendo,
pOl'm, de damnado oito j e ucceder pela me ma ordem
dos legitimof\, primeiro o ma.chos e depois as femea , em
igual gr.o, com tal condio que se o po suidor da tal
CapiUlnia a qui er antes deixar a um eu parente lran -
versaI que ao descendentes ba tardo, quando no tiver le-
gitimo , o po.sa fazer j e no haycndo de~cendentes machos,
nem remeas legitimo , nem ba tardos de maneira que o
dilo be, em tal ca o succeder aos descendentes (os ascen-
dentes) machos e femeas, primeiro o machos, e, em falta
,\L E:tCBLE'TISSruO
A-'o DE 1641
6
- 5!)-
.\L E:CELE:'\Tl mo
De V. Excelencia criado,
CrrnlsToVAL DE Ac NA.
- 61 -
AL LECTR
CERTIFICAClON
DEL CAl'ITAN-!lIAYOIl DESTE DESCUllRUUENTO PEDRO TEXEYRA.
CERTIFICACION
DEL REVERENDO PADRE COillnllSSARIO DE LAS MERCEDES.
7
RELACION
NUIrIERO I.
NUlIIERO II.
NU1\IERO VI.
NUMERO Ym.
NUMERO XIV.
NUMERO XV.
~ ')IERO xx.
Stt curso, lCbtittuZ, '!J longitud.
Raze u cU\' o este Rio, de Oe le, a Le te, como dize el
naycaanle, e to es de Poniente a Oriente, vezino iempre a
la Equinocial a la yanda cle el SUI', por dos gl'ados, Ire,
qnatro, cinco, y dos tercio en la mayor altura.
Tiene de largo de de una imieuto, hasta que de agua en
aI mar mil y Ir cientas y cinquenta y seis leguas ca Lell:ll1ls,
bicn medida j y egun OreUana, mil y ochocientas.
Camina i mpre culebreando en .bueHas muy dilaladas: y
como eiior ab oluLo de todos los OLTOS Rio que ell el en-
Jl'an, liene l'epartidos Pous braos, que san como freIes ex.e-
cutore .uyo , por media de los quale sale aI encuenLro,
y cobrando dclLos el debido lributo de sus aguas, los buehe
a 11 incorporar eu la Canal principal.
Y e cosa digna de nolar, que qual e el guc"ped que
recibe, lale ~on lo apos ntadore , qU) le despacha; do
.nerte, queon oruinario bl':to, recibe lo ma comunes
Rio ; acr cenlando outro mayore , para los de ma quenta:
y a algnnos que san tale., que ca i se 1e pueden paneI'
homl)ro con hombl'o, el me'mo n per ona con toda u cor-
ricol ,1 sale a Orl' ceI' e1 ho pedag .
De lalitud y anchura, e mu vario, porque por unas par-
les, .e e. playa una 1 gua, por olra do, por olras tI' s, y
)lar otra' nhl 110 ma ; guardando lanta e:;trechura en tantas
legua , para con ma licencia, dilaLado en ochcnla y quatro
t.le !Joc::!, paneI' e bal'ba a bal'ba con el mar Occeano.
NUi\IERO xx.I.
Esl'l'eclllLl1'a, y (onda deZ Rio.
"'DIEnO XXTl.
NUMERO XXIV.
NU~IEIlO xxv.
Pescados deste Rio, y deZ Pegcuey.
1} llnonnas.
?) 1'i Il.!ws ou atlas.
\.~J Ablo..
(l) Ca. lanhas, denominadas elo MaranhflO ou elo Pani, e lambem as amen
doas tia Sapucoin.
(G) Tuwaras ou fruelos ele ralmeil'a '.
- Si)-
NU?\l1mO XXYI1l.
(ll
(,2
Anta: om oulros paizes lambem se chama T.pi,. "
lIe o lagarto das margens dos rios, que ho Yulgm"1llenle conhecido por
Camclao.
(3) Jll{'oty, ou kgarJo na.s matta.s, dilTcrontc do , l'
JIl?'a,'''' aang"para, e '1'ar t.all'lgO""
que vil' III nos lllgo e TIOS.
- 89-
yaquelIos con caa suficiente, para que todos quedassemos
sati 'fechos.
Lo qual no era 11n dia, o oLro siDO todos quantos dur
el viage, que foe tan cumplido, como ya dixe.
Maravil1a digna de admiracion, y que solo se puede atri-
buir, a la Paternal Providencia de aquel Sefior, que con solos
cinco pane, y pocos pezes su,tent cinco mil hombres,
quedandole el brao sano, y las manos lIenas, para mayores
liberalidades.
NUMERO XXIX.
!\.\fEno xxx.
NLMERO XXXII.
NmlEnO xxxv.
NUMERO XXXVI.
una' t:U1J utras, que (luuque san mas Jige[':l~, IJU 'COlJ lal: fil 1'-
te' 'om la' olra II ue la di)"e, de cu l'O e l'eaeLu'y.
Alguna de la llacione" li an de ar '0, y lleclta, arma que
entre loda la dem::ls es selllpl'e l' spetada, por la [nerva, y
prc' le.za 'on qn 'llieJ'e. Altuntlan d YCl'bas \"enpuosas, de que
I
Ln,. rijos dto 10d,1 f'.t.a. t; 'lllilidad ' srm casi cn gcnel"(J1
nnor- n1(' mo. : adol'al1 Idulus, quo fallrican con l1S mano I
:\L\iJmo XLII
1'?'ala-se CI/. cS)lcci((t de /((S cnSLls (te/. lfio, y d' sus I'ulnn[a ..
l'l\:l llLliC'1l !:I.' ~iglliL'l'(' llU' \f'nga a dar r', ('Sll jJl"illLiI l:
'ro orno de cie\'lo, \](j. e ~abc d ' que Cillclade~, o l'roYn ia'
ra!at1 "u~ pl'illlcro jJrincipio: nu:::c lJllcdc lan poco (ralar
I.a fija ueo .ns f'nlradas.
P 1'0 potlrl'J'o hazer d ;:J1gun:l ocl1o, L'II que ningull Ycr-
sado 1'11 aqllrlla. liC'ITa~, jJoL1l' dificulta\': Ires de eslas raen
flzia la \anda rl llHIL'\'() !tl'YIIO di' (~ranada, qllc c.l rn e le
Hio I la parll dc1 \1)1'11'; a jn 11e\ :lI\' \ 'remo olra;; qnall'O;
unl1 dr lIa\ ) tiro 1;1 m :'111. lillP:l Eql1illrll'i:lI.
:-;D1CIU1 XLV
Oll'as e/llrue/tls.
Por la parl ' de la Pl'Orill 'ia tle .Uans, llu' cae debax.o de
la mesma juridieion y GoY mu; d cup' sicrJ'tls baxa el Rio
Curaray; 'iguiendo u l'autlal, se puede tambien ~alir ai de.
las Amazona, Oll allul'a d dos grados, cienlo " cinquenta
Icrrna de apo: c1islan ia que esl~l bi II [loblatla ele diferente:
rt<tciunacs.
Yesl3. 'Ia 'elliu1:l eltlrada tle 'sl Hiu.
La oelava y ullima, e jJor 8::1l1Iiago L1c' las .\1011lanas, )'
Provin 'ia ele los Maynas; tierras que nhan uno de los ma~
caudalosus rios, qu > all1e la' Amazonas IribuLall, en ena';
COIl 1l0mb1't~ cl' ~Iara'\on; 'eu su boca, ) Illuellas legu3~
:Illtes, de TUl11buragua.
E.. ,I rio Lal, qu ma' LI II'cei '1I1a' leguas, de uunde ell
quaLru grado' ue agua. cn el Pl'l('ipal SI' rCzdll SLl llJ.rega-
l:ion, a i por ~'U pl'ofunwdacl, rUll10 pur ,U5 prec.ipiLaLla;;
cOITieule ; ma eon la grand nuliL:ias d ' lo' 1I1uchu En r-
J aros qLle su 'tonla ; mayore' uificulLacles allanan los "10S05
d la honra ele Dios, y deI bien el las alma , en busca de la::;
llnales enLr:ll'OJI n el a los principias deI ano d m y si' ian-
lOS)' lr'inla y o 110 elos Heligio,~o:, ele mi l\.eligioll 111 r lo.'
l~
- lOG-
)faynas; (le (luit'nL's lur . IIlUdlllc' ',u'la n que no acaban de
de Clicar" I' cU gl'llndcza, y las illulllerable' Prorin 'ia de
que cada di,) iran leniundo ma 'ore nOlicias. Iunlas e le
Hiu COl1 pj principal de lasj.. mazuna ala duci nla y lreinta
lcgua" tll'l Jlu 'rlo dc Napo.
); ,.\IEHO XL" 11 I.
~li~lEr.O XLiX.
ruo Tllmbu7'agua.
.'iDIT:no LI
LabIa peqnena, .r por la parlo dei ccl 'bl'O '1l1I ull'a lall gr:~II
rI ,clu sil'riendo de cui'ta, i' eib' lall ) 'i c!lel'po deI 1'01'1011
na. io '-el f[ml pue lo li espalda, ollro psla, y apreLado
1
i\:C~IEI\O LIli
Pel'O \'0 auu 110 bi~ll sali 'I'edw de 'U dit:llU, Llui 'e CUIl
lllas [ulldameuto hazcr inquisicion <le la cau 'a de Urio
tan penetrante; y baIle qu~ ~o era Wla grau 'ie~'J'a" o lHlraInO,
que a la vanda dei SUl' la tICl'l'LL adentro \st~ SI lua la por
la lual pas~an todos aquello Irc me o',los YI~lltos, y hoLa-
dos con Ia fuerca de la llieve <le que la culJlcrla, causan
tales 'feto' en la licrl'a CirCLlil\'czin~l.
Y sicn<lo e to a i, no ay uuda. sino qne ell C3le siLio
,e darilUu)" bncll trigo, y loda la dema' s Imi~la " " frulas
que produze la comar 'a de Quito, quc aunque sItuada deba-
xo ele la liuoa, semejautes 'l)'i' 's, passados por 11o\'ados cer-
ras, la !labi!ilan ~L lales mara,yiLlas.
,,')IEI\O UI'.
XDlETIO LV.
.\l'}lEnO 1.r1.
Jfillus de 0)'0.
NU1\IERO LVl11.
La.[JO dO/,(l,do.
P"OlJirt~'ia de YtJl'illl~11l : I .
(I) Desto nomn t1zoriio os Porlll~IICWS Sori...o C fieI' i~ So/im').. , '.'0111 fllll' 11"
r"'nh~ollo o rio Al1loz-nI1U< ent/'(' Mani.Os ~ Tabalin>(u.
(:', TAII''''l F:gou,
-~ 110-
:-;DfEIW LXII.
Rio rvegl'o.
Aun no trelnta leguas cabale mas abajo de Basurur en
la misma vanda dei norte, en al~ura de quatro grados,
sale ai encuentro de las Amazonas el ma '01', mas ber-
ma o rio, que en mas de mil y trecientas lcguas le rinde
jempre por la mesma yanda deI UI', esLa una hermo a i~la,
que tiene se 'enta de largo, y consjguientemente mas de
cienLo de il'cuyto, poblada toda de lo valienLes Tupinam-
b~, gente que de la' conqui ta~ deI Brazi[, en Lierra de Pel'-
nambuco, alieron derroLado muchos anos ba., buyendo dei
rigor con que los Portugue e [e ivall sugetando. Salieron tan
gran numer'O dello., que despoblando a un mesmo Liempo,
ochenLa y quaLro aldeas donde estavan uiLuado , no quedo de
lodo ello:, l1i una criatura que no troxe eo en su compaiiia.
Cogieron sieropre a mano izquierda la ralda de la Cor-
dillera, que viniendo desde el c~Lrecho de i\laga[anes, cinell
toda la America; y dcscabeando quanto rios tribuLan della
eo el Occeano: llegaron a[gunos a entrar- e coo Espnaoles dei
Peru, que habiLlvao en las cabeas dei rio de la iHadera. E -
tuierou coo ellos algun Licmpo, y porque uo E- panal a.ot a
uno, p r avcr[e muerto una baca; aproyechantlo-se de la oca-
ioo elel rio, ~e arrojaron Lodos por su corrientes, yiniendo
a dar n la i la que aI presenLe babitaD.
lla.bIan esLes Indios b lengua general deI Brasil, que tam-
bieo corre ca i entre Lodo lo de [as-conquistas dei i'I1aranon,
y dei I'ar. Di7.en Lambien que como alieron tantos. que no
pudielldo por aqu 1I0s de ierto~ u LenLar e todos junLos, e
fueron diyidiedo en tan dilatado camino, que por lo menos
seri\. de mas de novecientas 1 guas, quedando unos a poblar
una ticl'I'as, y otros otra j de qUlenes sin duda e taran
bicn lIenas toda' aquellas Cordill raso Son gente de grande
brio en la guerra, y bien lo mO,traron los que lIe(]aron a
e tos paraj ;" donde aI pre ente babitan j pue siendo ello ,
sill comparacion, mucho meno que lo naturales de te rio,
ele Lal suertc lo :1ssolaron, y sugetal'on a todos aquelas eOIl
quienes tuvieron guerra j que consumiendo nae.iooes inte-
ras j a otea obli(]aron a dexar ele miedo su natural, y irse
peregrinos a tierras estranas.
Usan estas Indios de arco, y flecba. que cou destreza dis-
paran. San de coraooes nobles y abidalgados j i bieo, como
ya casi todos los que aI presente ay, san bj.ios, y niel.os de
los primero poblaclores, ya se van acomodando a las baxe-
zas y manas de los de la tierra eon cUj'a sangre estan mes-
clados. l'Ilostraron nos todos grande agasajo, dando muestras
de que en breve se avin de reduzir a ,ivir entre los Jndios
amigos deI Par; cosa que ser sin duda de mucbo util para
eonquistar todas las demas naciones deste rio, si se huviere
i5
-- 130 -
,U1lrmO LXXl1I.
l'\OlEllO LXXV.
(I) ForlaleSi' kiL1l3rlo1 jUlIlo ii rl,z rio ,'io o1CUl'iI]l)", lli' milrg-rrn direita. Depois
lllullnll-~c pUl'n o.lugal' do l'il1'l1.
- 1:3 -
C\ -~IERO . LXX.\!.
Clwu]Jntl~ba.
'
(I .\clualmento cllllma-se- GuoU/J.
\2 H o nome anti"'O do rio Xing, a que o paure Si\muel Fritz em sua carta
II.enOmInil AOrl!,.u., gunuo assegurei )11'. de la Coudamine, ua ua viagem pelo
1'10 t1 s Amazona .
Kiug,;, diz mesmo oIe la CondlJmine, lIe () 110111(' inrlio de ullla alda onde se
nrlla uma MissilO, ii al"'ul11i1s leguas sl<uil1(lo o rio, o qu no lIe confirmado Pll!'
Jl ncl1a, Acrioli, e oulro aullloJ'es,
(3) Ail101a eOl1s rvu o 110ml1 dr Pacaj.
(;) (H Porlugul'7.es cliziito-Nhru9olba"
- 140-
que sale ochen ta. leguas deI Paranaba, a la me. ma. vanda,
tienen su habitacion, y en tanto numero, as i ue aldeas,
como de moradores, segun aurman los Portugueses que
all e tuviel'oo, como qualquiera otra de las mas pobla-
das de nllestro rio..
NUMERO LXXX.
NU~IERO LX xx lT
El PeLI'.
:\"C~lERO LXXXlJl,
PH c~E:'I'A Ill)
PORT"cCT. r ..
(J) No lempo (lo dominio llespanhoJ n. Pl1rlll~U zos el11 grande nnlTIPTO sn
Ilstabelecer~o no per, onelo SP lornaro relcbros [101' lla ff'liridaelo na des-
coberta ele minas.
- 1411 -
MARANHA
1'0/1
-
DIOGO DE CAMPOS MORENO
AnOENTO-;IIn DO [.TADO DO
BRAZIL
A JOl'luLda do ~fQ!l'anho feita por Jeronymo de Albuquer-
que em 1614, e que a Academia Real das Sciencias manda
publicar, como fazendo parte dos Documentos para a His-
toria do Dominios Ultramarinos Portuguezes: foi tirada
de hum Manuscrito, qne pela sua letra e frma parecia
no s datar da mesma epoca dos acontecimentos que
refere, mas at ser o proprio autographo do Auctor, que
quiz occultar o seu nome.
Bernardo Pereira de Berredo, Auctor bem conhecido
pelos seus Annaes Histo?'icos do Estado do Dfamnho, teve
j hum bem cabal conhecimento deste mesmo Manuscrito;
poi alm de o citar em o catalogo dos Livro e Relaes
manuscritas, que vem no principio da sua Obra, se erve
muito delte em o seu segundo livro, quando trata das
primeira tentativas' dos Portuguezes, para recobrar aquelle
Paiz; e sobre tudo em o terceiro e quarto, em que tran -
creve quazi pela mesmas palavras a maior parte deUe :
o mesmo Berredo confessa esse plagiato em as seguintes
xpresses tirada do 217.
PO?'q'ue tive a felicidade de que a univel'sal vivante
bibliotheca das nossas idades D. F?'Glncisco Xavier de Dfe-
nezes, 3 Conde da Ericeira, me c01nmunicasse gene?'osa-
mente h'l.Lm Manuscrito, sem nome de Aucto?', pO?'?n do
'mesmo tempo desta expedio, que confe?'ido com as minhas
'Temorias, acho qu,e he exactissimo Dia?'io dos successos
clella; me pa?'eceo fazello pblico insaciavel ambio dos
estudiosos pl'ocurando com tudo na ?'estrico formal das
suas noticias inclina?' a benevolencia dos mais severos
inspectol'es dos preceitos da HislO?'ia, 11a ?'ig01'osa c?'itic((,
rla ?'e{le es mode'l'nas.
.Tulgamo bastante e la pas agem a acreditar este Opu -
rulo; visto. er eH o mais antigo, ou paril melhor dizer
o unLC,O monumento, donde Ilo tirad tudo o que acLual-
mente e sabe are ,eito d::lllucll:l .rornada d .1 ronymo
de AllJuqne rqu .
Em quanto a .\uctor, ql e a e creveo: nio lemo,
duvida cm affirmar, que foi Diogo de Campos Moreno (01),
Capito e Sargento Mr do Estado do Brazil, o qual acom-
panhou Jeronymo de Albuquerque naquella Conquista,
no s em o seu posto de Sargento Mr do Estado, ma
Gomo seu Adjunto e Collateral ; expresses, de que se serve
o Governador Gaspar de Souza em a patente, que lhe pa ou
cm Olil1ua aos 30 de Julho de t61lL
Os motivos, que nos moy m a esta persuaso, [o bem
faceis de verificar pela leitura da mesma Obra, Mostra-
se pelo contexto deBa, que o seu Auctor presenciou os
factos, que refere to miudamente, e que linha huma
instruco sufficiente da Sciencia aval e Ar 'hitectura Mi-
litar; alm dis<::o conta por duas vezes, e com muita
miudeza factos, em que elle se achou s dentre o Portu-
guezes, ou com hum unico companheiro; , endo () primeiro
fi. entrevista que teye com Jb'. de la RavOII'diel'e, e que
vem a pago 78, e 79; e o egunclo a ontL'a entr vi La
com o mesmo Governador, que vem a pago 99, e egnin-
tes: em ambas as quaes relata com lanLa miudeza a,
palavras que disse, elhe responclro, e at s r'i os e ge -
tos dos Francezes na sua presena, que hUllla tesLe-
munha ocular era capaz cl fazer aquella nillTao Lo
circumsta nciada.
Outro motivo que n!), induz a e ta crena, 110 qUI'
a historia he escrita com lal <1.1' te , que toda a gloria
flaquelle succe so se atlribuc no a Jeronymo de Albu-
querque, mas sim ao mesmo Diouo de Campo' Moreoo;
sem que por isso o Auctor diga huma uni a palavra cm
seu elogio, orno era de esperar; pelo contrario eJle e
conLentou de fazer fallar o factos, ,em pa . ar pelo d -
douro de se gabar a si mesmo.
Rm quanlo s razes, qn fizcro com Cjue ])iogo de
tI) lIc lu1l1cm l'cconhcrido ('omo 1\ulhor (la ohrn nenominlltla-Rn,o d'Estndo
('onlcl1(!o um ml1pa rio flrilziJ.
Campos no a igna e o seu nome, ficaro 'onlwcielas,
quando depois de lid:1 a sua Obra, ,e Ylr a liberdade
com que he escrita, c a expres e com que se explica
a rc peito de algun individuas, principalmente do Capi-
Io ~Ir la Expedi o J eronymo ele Albuquerque; do
qual a apezar de tudo elle sempre se ficou dand por
amigo como diz expressamente a pago 48,
Finalmente deve- e notar, que e te Diogo de Cam-
po foi quem trouxe a Li boa o Aju te de uspenso
de aI'mas, entre os dou Commandantes Fral ez e Por-
tuguez; e que com a ua sahida do 'Iaranho para Por-
tugal e d fim queLla historia, que acompanha seu
Anctor at o apre entar diante do Arcebispo Vice-Rei de
Portuaal em 5 de Maro de 1615, epoca em que pouco
mais ou menos este Opusculo teri':\. ido e crito; no sendo
as im para admirar, que () Conde da Eri eira vie e a
ficar de po e delle.
O Manuscrito foi communicado Academia pelo seu
Corre ponden te J oaq uim .10 da Co ta e S, pe soa to
conhecida pelo seus muitos trabalhos philologicos. Asua
:u'I'ebatada morte privou ::t Academia, de que elle acaba~se
hnma erudita prefao a e te Livro: o qual elle
propunha dedicar ao Principe Regente Nosso Senhor, magna-
nimu e augu to protector de todas a empresas Acadcmicas.
JORNADA DO MARANHO
PO({ ORDE~( UE . ~IAt;E TADE FEITA O A 'NO DE Wl4.
I(3)2)I) Vide
Duapaua, i, e., Ybiapaba
nota 2 pg.
150.
Suppe-se ser o lugar anue est
hoje eclificauu a ciclaL1e do Arne"ly,
outr'or denomindo-Cr... das Almas, para onde os Indi0s Potyguftms trans-
parlaro os ossos do celebre Missionilrio Jesuitil, Padre' Franc1 co Pinto, por
clles denominado-AmaJlayra, senhor da rhUl'a,
- HH-
(1) Vide sohre o fim desJe Missionario o tomo 1 destas Memorias. pago 4.0 O 4! ..
(2) Vide SObfC esta em]1reZa o fomo I desta M"llorias ' pog. 4~.
- 1'63-
diligenct e tornasse a informar da cou as rlaquel1a con-
quista, e do modo melhor em que podio fazer-se.
Em virtude de ta carla de Sua Magestade, logo o Go-
vernador o anno de 611 mandou ao Sargento Mr Diogo
de Campo ao Rio Grande, para que como parte mai
proxima ao Jaguaribe de novo se informasse do que
convinha ao comprimento da ordem do dito Senhor.
Tinha odito Diogo de Campos hum parente seu, o qual
de mui pequeno havia mandado com Pero Coelho de
Souza, para que servindo naquella .entrada aprende se
a lingoa do Indios, e seus costumes, dando-se com
elie, e fazendo-se seu mui familiar, e parente', ou com-
pad1'e como elies dizem. Succedeu jsto tanto medida
do desejo, .que havendo- e Pel'o Coelho de Souza retirado
em descredito dos Indios, e os Padres da Companhia
com pouca dita, o moo chamado Martim Soares ,Mo-
reno sustentou o credito, e amizade destas gentes do
Jaguaribe.
Pela qual opinJo o dito Governador D. Diogo de Me-
nezes o fez Tenente da fortaleza do Rio Grande, donde o
achou servindo Loureno Peixoto Sirne ("), qnando foi ser
Capito de aquella Capitania, fazendo que em seu tempo
[) dito Martim oares fo e como foi trez vezes ao
Jaguarib , cada vez confirmando mais a paz, e amizade
com Jacauna, Principal (2) de aquellas gente, o qual lhe
chamava filho: de que succedeu, que chegando o dito
Sargento Maior ao Rio Grande, fez huma mui conve-
niente, e nova relao da cou as de aquella conqui ta,
de modo assim guizada narrao de seus fundamento,
que foi assignada por todos os Cap i tes de aquellas Capi-
tanias do Norte at do de Paranambuco, assegurando ser
convenienlissimo fazer-se a conquista, e irem-se as egu-
rando, e povoando primeiro alguns portos de a'luelia costa
com pequenos presidias.
Com estes pareceres se resolveu o dito Governador,
no s de avizar a Sua Magestade, como fez compl'imen-
to da ordem que tinha: mas de dar como deu principio
(1) G!mpapo, I. c" gcnipapo, fruelo quc produz uma tinla prcla dc que USlI\'M
os IndlO~. ,
- 16tl ._~
(I) Camaro. TraducO do nome de PO/y. Por aqui se v que este Indio, que
depois foi to celebrado na luta com os Hollandezes era Polyguara, e do Rio Grande
do Norle.
(21. Aujyaj.. Re o rio ou rz l/ue hoje se chama Abi. ou Abiahy.
(31 Bahia da Traio, ou Accjutjbi"d.
(4) Se era este ponto, o limite da Capitania da Parahyba, a preleno mar
gem direita do rio Guoj, no tcm fundamento.
- O-
(1) Que no. tll bem. Pllrece que houve erro de copia; e quo o aulhor redigira
a frase da seguinte frma: - que II'B' m bom.
(2) l'ara",;r1/. He hnj (l Il1gar chamarIa - l'aras,,,"o, tra 11Izinlto- c a 1l11 1(l'
Vl'1I mi""j.
- I :\-
IIU lUar no havia lugar nem para irem deitados, aqui se or-
denou o que convinha, e e aguardou com turto mui a ponto
a yinda do Capito rI', que begou ao 24 de Setembro j e
logo aos 25 o 'argento }]!' do Klado foi pelo rio Cur (1)
acima em hum balei armado, mais de cinco legoas por reco-
nheceI' aquellas lerra ,e agoas, na quaes no achou coisa de
con ider<.Lo, ao longo do rio, ma achou infinita caa, e
pescaria, de que ludo aquillo abunda maravilho amente, e
a im nesle lugar menle se pode dizer, que aquella gente
010 teve fome.
Em 28 do dilo (,;0111 a vinda dos Indios, se tornou a tomar
mostra para aber o que o iar havia rendido de ajudas, e
parecero em lodo 220 frecbeiros com a genle tlo Camaro
e Jacan (2) ,de arte, que do embarcado, no Hio Grande
ficaro mai de 50: o que vio, e senlio esta coi as
enlregue a paciellcia, no fazio mai qu encommendar o
oegocio i De ~, e boas oraes do Capucho, O quaes
e les dias di eriio ~Ii sas solemnes, que faro as primeiras
que ne la pal'ag III se dis, ero, em que comnlungou muita
gole.
A.qui ue la parledo Paramiri (3) e acharo no mato perto
do mar a' arvore, de que .e di tilla, e nasce o incenso cha-
m~d JalrHbi, c e achou neHa., e no cho muito de muito
bom cheiro, e Lambem e acllou muilo anime, e outra go-
ma aromLica de divel' a arvores, e muita almecega, e
huo bu 'ia no mar como botija, com muito que omer den-
tro, de modo, que como dito lIe, o Paramiri pelo seu porto,
terra, e boas agoas para beber, he o melhor de boda aquel-
la co ta.
. Em 29, dia de S. Miguel e tando lodos embal'cados, par-
tIO a Armada na volta da Tartaruga . s duas horas depois
do meio dia, com vento Le, nordeste, que tal entrou a virao
aqllelle dia, havendo em toda aquella noite ventado o ter-
ral, e qua i todas as parada de aquella minguante de Lua.
No qual tempo melhor, que na crescente, e mo.tra aquelle
mar navegavel para balrav nto ao longo da Co ta.
Todo o resto do dia caminhou a Armada ao Noroeste
quarta de Loeste cOl'rendo francamente a Costa, sem haver
(I) Pato CUliar, madeira coutendo manchas, que lhe do certa belleza, e a
lQrnll.o importante para a marcineria.
(2) Jeruguaguar, he a mesma enseada ou ballia do buraco das Tartarugas, qu
hoje chamamos-Jiri,o,ora.
(3) Juruparvgua.. ou ou,!.
- 186-
Em 3 de Outubro foi Lua nova exta feira, muito ven-
tosa do ,ento Loeste na crescena do 01, como fica dito
de noite houve terral do Su udoest ,que dura'va at 7,
e oito do dia: ao quinto da Lua se mostrou o tempo nu-
bloso, e o vento foi mais sobre a terra com alguns chu-
veiros, e o mar andou mais brando nesta quehrana das
agoas.
S.abbado dia do beato PadreS. Fl'ancisco 4, de Outuhro, houv
Missa solemne de canto de orgilo, e 1'rautas naquelle deser-
tos de J eruguaguar com summa devoo, e grande alegria,
em que commungou mui ta gente: este mesmo dia ~ardc
chegaro dois Indios da Buapav com embaix.ada do D'iabo
G1'an~de (1), o qual por elles se desculpava dizendo 131' impo -
ivel de presente vir ouvir a fana do d'Albuquerque, nem
dar-lhe gente para a Jm'nada por falta da aude, que todos
os seus, e ene tinho tal, que bavio queimado as casas, e
Alda , e vivio no campo at se passar a contagio de aquelle
mal que os affiigia.
Isto dizio os Iudio , os quaes tambem tl'azio huma carta
de hum de dois soldados, que o Capito Manoel de Sousa
mandra dita erra: para que avisa sem da vinda da Ar-
mada, e elles pedio nena barbeiro, e mesinba para se
curarem, que tambem o maIos tinha apalpad.o.
Com e ta nova verdadeira, ou fingida, que 1'os e, ficou
desenganado o Capito Mr, e bem enganado os que se vio
mettidos entre taes ajudas, e palavras de egros para darem
flm a huma J omacla to arriscada, e de tanta 'importancia.
Dei.xemos o que tinha custado de dinheiro, e resgates e te
pensamento, e tratemo como ao Domingo dia de nossa
Senhora elo Rosario se celebeou sua festa com Missa solemne,
e pregao, que foi a primeira que fez, que se pregou nesta
Costa, e a prime,ira que fez dos seus estudos o P. FI'. Manoel
da Piedade, filho de aquella Provincia: na tarde deste (lia
houve alardo geral, esquadl'o, e escaramua por honra da
Festa daquella Senhora nossa. No qual se acl1al'o 220 sol-
dados e.ffectivos das companblas, e da gente do mr 60, de
que se fez outro, de sorte, que com os enfermos chegou o
numerl do Portuguezes a 300, e com os Indios no pas-
saro de 200 Frecheiros, de modo que todas as foras com
os desenganos do Siar, e da Buapav se rematro nisto,
(1) Vide nota (1) pago 166.
- 187-
e as de todo o campo em DOO homen de mal' e guerra.
A e tas Festa a sistiro os Embaixadore da Buapav, por
amor dos quae foi necessario juntarem- e a conselho,
as im para re ponder ao Diabo, como para fazerem viagem..
obre o qual houve grande altercaes e debates, a sim
pelo desengano , e faltas de tudo, como pela pouca con-
fiana, que e podia ter Das ajudas do 1aranho, pai estas
to de casa, to obrigadas aos favores Portuguezes to mal
acudio a eu fiador. n
Todo vio e te damno, e outros que se derivavo delle
quanto mai se chegavo ao Maranho, sem deixarem atraz
coLa alguma que asseguradamente fos e amiga; ma como
doutra parte o ficarem aUi, no era honroso, e pa ar ao
Camul'Y era impo sivel; chamaro esta junta o Mestre, e
"Piloto' da Armada para que disse em o que abio da en-
lI'ada do Par, Otl do Ototo)', donde tratava o Reg.imento,
que e melhora em para e irem assim chegando ao Mara-
nho, ou Perej sem risco notavel da Jornada" A isto re -
pouder'i:o todo , que no abio naquella Costa porto algum,
mai que o Perej, donde o Poto Sebastio Martin, que
alli e tava pr enle, a egurava, que metteria toda a Armada:
mandando- e de tudo fazer um assento, lJara que con tas e
a todo tempo, que mai por neces idade, que por razo de
guerra e parLio ao Perej, donde no tinho 1'e onhecido
o que convinha ao total empenho: e i to feito trataro de
e partir mandando que erra de Buapav e avLa em
o 'oldado ,qu tanto que a aude lhe d e lugar e 10s-
ao pre idi tl \ Sia1', para que no prime' barco, que
vie 'e de (jCCOI'l'O podCssem juntar-se com o campo, de-
pedir o Jndio .
Ga tau-se o dia de segunda, e tera feira, em accommodar
o' repro do falconetes, e das peas de ferro, que vinho
/10 poro do Pataxo abatida ' por que as mbarcaes no
ero capaze de as soffrer, fizero agoa, e lenha: e a im
aquinta feira, sendo a Lua mai crescida e a agoas morta,
que em tal conjuno empre naquella parte o vento h
mais bonana, dando- e ignal rle r colh r ga tando- e o
tempo de exta feira, e Sabbado em embar ar e repartir a
gente com infinito LrabaUlo, porqu om os de Jeruguairuar
ere cia a impo sibilidade, e faltavo lugares nos navios:
mas roi coi n, maravilhosa, que, em e dar de queixa hum(l
, palavra, tocl s ~e eml al'cal'.o, donel era impo .ivel irem
- ,188 -
(I) Balsoll,o$, i. c., com pouro punno por causa do gl'unl1e venlo, ou para lIU-
vogar pout:o.
- '189 -
a paravo sem se ouvir huma pala ra de rumor, que tur-
bas e a viagem e assim com o prumo na mo faro todo
.urgir a salvamento s dez hora da noite dentro do rio
Parej, trez legoas pOI' eHe acima da banda de Le te,
donde em hum pensamento saltando em terra o Capito-
Mr, e o argento Mr do E tado com a mr parte da gente
fazendo fronte de armas, ate que se reconhecesse, e as-
segw'a e o ampo; succedeu, que em quanto se reconhecia
e o Capito Francisco ele Fria , e os demais buscavo sitio
para a fortificao conveniente, que o Alfere Pestana da
bandeira de Martim Calado e quecido da ordem, que se
havia dado a todos e no sahirem a terra a bandeiras,
eno j de dia, elIe com a sua co tas em que e tava
figurado o glorio o Patro de He panna, foi o primeiro que
aUou em terra, o que vendo os soldado tendo-o por bom
proanostico, acclamro Viva SCtnt-fago, e este nome e deu
a e te primeiro quartel, de que se tomou pos e ao outro
dia com acto olemne em nome d'EI-Rey de Hespanha no so
Senhor Emperador de aqueHe ovo Mundo, e se plantou
huma grandi sima Cruz de forte madeira, por padro, e
po e tomada desta I rimeira barra do Perej.
Ao 13 do dito havendo- e bu cado itio para a fortifica-
<;o, para em tudo se dar cumprimento ao que ominha,
toda a aaoa para beber e achavo di tantes do itio
conveniente . verdade seja, que abrindo poos na areia
tiravo agoa doce que podia servir em nece idade' mas
os Soldados escarmentados das cacimba, ou poos de Je-
ruguaguar, de ejavo boa agoa, pois s is o, e farinha
tinho, e sobre i to j tratavo mal do Perej, e fazio cor-
['ilho ,e e descompunbo em ab encia dos uperioreu, de
que o argento-M'r do Estaclo mandou tirar devaa para
e ca tigar algun dos callsadores.
O Capito-Mr em lugar de acudir a i to lanou- e de
r ['a, ee quecido do pouco que havia medrado om o In-
dio do Siar, e da Buapav, em lbe yalerem dadiva , nem
lingoa e per uadia, que em chegando outTa barra
Llentro do Maranho defconte da Ilha dos Topinambds (i), que
em duvida em fallando com hum deHes, todos e havio
(I) Este inctigonii5 o~cllpv a CI ta tle do a rfn; tln .1aguill'ibc ill <I iltH! tll1
llaranhil .
- 19,1
(I) o aulhor confunde a ilha ue S. Anna com a das Goyclba" que Simiio Es-
11l'io do Silveira distingue na sua Relao Smnmario, ii pago 13 deste tom.o.
(2) a.,"""mdubcl, hoje clizemos Guaa;ellduba. .
He o lug~.r de Villa .velha, o primeiro estabelecimento 'ol'Luf\'uez na provincln
do ~'farnnhilll, na bahln, hOJB denommada de S. Jos.
- 195-
occuparo dentl'O ne ta grande barra do Maranho: as em-
barcae ero oito, como e t dito, e tanto que ahiro ao
mar, posta em ala com todas sua bandeiras tendida iizero
tal apparato, que ubHamente em toda a Ilha grande, a qual
a dua legoas e meia estava defronte, se fizero fumaa por
loda a co la dando avi o, que durou e pao grande, pelo que
o Sargenlo-mr do Estado di e ao Capito Mr: Cuido,
Senhor, que ganhei as meia, e que no smente no tera
Y. m. Indio de paz ma que ter Francezes de guerra; por
crue aquelle fogo no so feitos acaso nem por barbaras
pelo que er bem, que em dilao no fortifiquemo, e le-
arreauemo os navio que este porto no he para se con er-
varem muito nelie.
Era aquelLe itio vaza d lama com alguma pedra, e a
parte ar ia, e todo esparcelado ao mar mais de meia legoa,
que de mar vazia ficava sem gota de agoa, e to de abri-
gad , que entrando a Yira o no hayia remedia de e chegar
ao~ navio , nem de desembarcar nada delles. Alm di to he
e te I orto desviado da barra mais de quatro legoas, de arte
crue com arande facilidade lhe podem tirar o favor, e erven-
tia da Co ta quae quer navio de modo que lirando ter agoa
para beber e boa terras, e madeiras ao redor de si, tudo o
clemai que se bu ca em razo de guerra lhe falta masj
chegado alli, e de cubertos, no havia outro remedia.
Ga. tou,..se o dia em reconhecer o itio, em amarrar o~
navios, e pr a gente em terra com fronte de armas; ada
qual ao p da ua, que a sim convinha.
Lacro obre a eleio do itio, e forma ela fortificao teve
Jeronymo (1' _ lbuqnerque algun debates com o Enge-
nheiro I~rancisco de Fria, querendo que e fizesse entre o
malo huma ca a, como faz m os Indjo~ no erto, que 11e
huma cerca de mato cortado com a rama para fra com
folha, e ludo como quem cerca o gado, dizendo, que ba -
lava aquillo, que c nestas partes no se usavo ontra
fortalezas: alm di lo, que determina\a de e pa ar dalli
ao jJ[Lbny, rio quatro legoas avante daquelle posto, junto
clonde desemboca o TaptlCl/.?'U chamado l11aranho(1) , le que
ludo alli toma o nome; porque lhe cljzio o. Jndios, que l
(l) Luiz de MelJo ela Silva foi o que dClI causa ti e la llenominal(o. no teudo
Ionse~lliuoir ao Amazonus. llliO ob 'lanle as informucs recebidas dos com
panhelros de OrelJanu, nu ilha Murgarila.
- 19'6 -
havia melhores terras, e agoas para engenhos; porm nesta"
praticas chegou ,o Sargento-Mr do Estado, e tomand com-
sigo ao Capito-Mr, se foi a lhe mostrar o itio, que atli
melhor havia para se fazer a povoao com as qualidades
terra necessarias, j que as do mar lhe faltavo, e dis e,
quo fra do sentido estava, quem em tal tempo falIava de
e metter a dentro dos perigos, que ainda no abio, pois
naquelIe lugar se houvesse inimigos, como cuidava, que
havia, nem alll havio de ser senhores de tomar hum
caranguejo; pelo que deixasse ao Frias fazer seu officio, e
qUe todos ajudassem sua traa, que assim co~vjnba.
Finalmente depois gue bem viro, e reconhecero tudo,
dando parte ao Frias do que estava assentado, logo traou
destramente hum sexagono perfeito, capaz de alojar em i
todi;t aquelIa gente, e se defender com mui pouca, accm-
rnodando-se com o terreno, e a sim aos 28 do dito e di se
Missa; e nelIa os Padres Capuchos lanro sorte ao nome
da fortaleza, e sahio o Nascimento de Nossa Senhora, e assim
s ohamou o forte Scuntarllfaria, o qual este dia se oomeou
com todos os soldados, cada companhia seu lano, e na
descarga dos navios andava a gente do mar, e de ervio,
quando viro vir correndo ribeira huma cana grande
com muitos Jndios, a; qual chegada terra foro recebido
de J eronymo d' Albuquerque, e de todos com alegria .
porm alIes mostrando mui pouoa, estavo com tanta tur-
bao, que ao P1'vnciJpallhe tremio quantos ossos tinha
descompostamente, e no de frio.
Dero-lhes dadivas, vestidos, e coisas de resgate; ma
com o receio de er e ta ~inda movida de outra causa mais
que de sna vontade: nas pergunta tambem variavo, hom e
delles que dissero, que na Ilha havia muitos Franceze .
outros dissero que j ero ido " e que no havia ninguem:
pelo que elIes havio vind\) a saber, que gente era esta,
que havia chegado para serem seus convpadres: em fim o
Capito-Mr levado de suas imaginae , e credito, que se
per uadia ter com todos os Judios do Brazil, em lugar de
reter a este, at saber pontualmente a verdade, os largou
pedindo-lhes, que o vies em ver a miude, e que dissessem
a seu parentes de sua vinda; e mandou, que com elIes
fossem dos nossos cinco, para fazerem uas fallas ao da ilha;
e em lugar deste ,fez que lh,e ficassem dois da cara, filhos
de um Principal da' Ilha, chamado HiJrampitangu., moas
- 1197 -
de hoa feio: o mais velho se chamava Ipecutmg, o outro
6uin'aytapav, do nossos que faro, o Principal e chamava
nructllrapvrd, Indio velho, e de importanciaJi).
e ta obra do Indios no se qluz melter ninguem; por-
que o Capito-Mr no toma e achaque a dizer, que lhe
e torvavo as pazes, que elle tanto assegurava, em fal-
lando com um Inclio do Maranho.
Partida a cana logo e assentro a trez peas de arti-
lheria em huma esplanada, que para i o fizero com eu
ce We em quanto o baluarte, e cortinas da obra se for-
mavo de gros as vigas, a ventados obre grade, e cruzado'
de per alto com fortes travessas, e logo at o meio altura
de hum.
E tando feita buma trincheira com eu entulho de oito
palmos de largo por dentro todo a roda; e cada ballJ.arte
duas guarita no alto da ceI' a para as sentinellas, de modo
que com i 2 soldado e vigiava, e escortinava tudo, porm
o trabalha ota grande, e o terreno mui duro, e ecco. A
coIllida mento agoa, e farinha, porque do mar, nem da
terra inda no podio valer- e, e assim cada dia do olda-
do de 'Jeruguaguar. morrio, e dos demais adoecio em
nenhum humano remedia, ou consolao alguma.
Andando pai todo occupados na obra dita ao 30 de
Outubro ao amanhecer, dero o Indios da Ilha em huma
Iudia , e moos, qlle desviados do Quartel andavo mari -
cando, e com terrivel brutalidade de pedaro quatro
moa, e mataro hum Indio, que aca o acumo ao grito,
e captivro alguma outras India , e meninos, o quae'
recolhio na cana, em que havio vindo.
Tocou- e arma, e acudia a gente com tal presteza, que
no mente lhe tiraro o que tomado tinho ma pel
valaI' de lmm Principal de nao Tabajar, hamaclo o ~[(Ln
diocap,a (2j, o qual entindo, qLle lhe levavo sua mulher,
e hum filho captivos, correu com tal ligeireza, que foi for-
o o arremetter a todo o contrario, elo quaes ma-
tando dois, pz os dem.ais em tal de ordem, que quando
chegaro o que vinho com elle a jm Portuguezes, como
Jndios, j tinha rendido a cana, c preso o Capito delI a,
e Sua mulher, e filho livres, a qual abraanclo- e com o ma-
(1) Tapitor. QUITO eliz m Tal",ytalJ!Ya. aclualrn nle ii rielaelc ele Alcanlnra.
- 208-
dellas d'ao, morries, e 'ollallas ('1); e mnilos, e bons lU s-
queles, algwl d noya inveno que sendo curlos, jiravo
500 pa os aos Indio , alm de suas coslumadas rodelas, c
espadas, arco , e frechas : trazio cada qual eu feixe de
vara aladas a modo de faxina, com que os que yinh0 de-
linaclos a este effeito em hum momenlo, como ero tanlos,
fizero huma cerca no alto do monte, a qual e guarneceu
demo queleiros ordem de MI'. de laFo Benart, com mai
400 Indios Topinambs, com o lingoa Tmcou, ao ql1aes deu
ordem Mr. de Pi iau, que ainda que senli em to ar arma,
e revolver-se ludo, que n lal'ga em o posto, antes mai
cada vez o forlifica sem, cerrando- e neUe.
Logo mais abaixo desla cora, ou cerca fizero oulra aju-
dando-se do itio e do mato a qual como barbacan da
outra lhe dava re~guardo, por ser levantada dua braa,
do telTeno da praia. E la bal'bacan com soldados Franceze:,
. Indio e deu a cargo de i'fr. de Canonvilha, ,oldado
velho, e de muilo nome, assegnrando o monle nesla forma:
Alulharo lodo o eSI ao de lerra,que havia entre a mar,e
o monte com ele lrincheiras de pedra em o 0(2) alla ,e
gmssas, que fazio roslo ao Jort Sanla Maria, e esta se re-
tiraro os Francezes, quando a escaramua do Sargenlo-mr
porque eslavo guamecidas da ua melhor genle, al donde
balia o mar com suas senlinellas . e as canoa toda e lavo
abicadas ao p da montanha', e coberlas das dila trinchei-
ras, e todos os mais Indios occupavo tudo o qne o mar
vasava, guamecendo a ilharga da trincheiras; em lodo
os navios daquelle campo serio mil e quinhenlos frecueiro ,
que lodos fazendo os seus mOlins, e mamo' e vinho chc-
gando para a praia {lo forle SQ/l~ta Ma1'ia, que era a parle
smente, donde temer se podio.
O Capilo-Geral, Monsieur de la Ravardiere e lava no mar
com outro 200 soldados Francezes, ordem do Cavalheiro
de Ra eli da Ordem de S. Joo, e do Capilo iathicu
f'Ialharte, que com outro 100 freclteiro de Comal (3), LH1Vi~o
de sahir com a arlilheria em se as eg.urando o itio,
J havia marchado oCapilo-Mr por lmma vereda ecrela
(1) Collada, i. '., garganta larga entre outeiro (), !TIIS. ~Ja a coitada. de que
aqui se trata el'~o guarnie cle ao para defender a garganta dos guerreiro.
(2) Pedra em '0110, ou em .o..a, i. e., solta, em cal, lIem outro liame.
(3) Comat,.i. e., Cu",,, o nome do tenilorio onue se aclw a villn cle Guirnaruc'.
-209 -
(1) Parece que jli nesta oerasiiio Jeronimo de Albuquerque e app lIiMn'lt-
i1faranli.o.
- 235-
Com iSlo 'e tornou o Capito Matlheo MallJarte . bordo, B
lia madrugada d'aquella note houve fogos de alegria, e
cargas ele mosqueteria, que durro ml1iLo em que pareceu,
que se solemnizava a pas ada victoria.
Aos 2~ do dito, egundo estava acordado, veio terra o
'r. de la Ravardiere, e o Sr. elu P rat, e o Sr. de Pelresi bem
ve Lidos todos, e acompanhados, em sua companhia trazio
ao Padre Commissario FI'ei Archangelo de Pembr com dou
Religio os da sua Ordem dos Capuchos to venerados, e de
tae mo tras, que realmente parecio Santos, e como tae.
faro recebidos dos Religiosos Portuguezes, entre os quaes
.obre a heno houve ceremonias, e entre os Capite corte-
zias, em que for[o at chegar a Infanlaria, que bem concer-
tada, e armada eslava desde muilu fra tio forle em duas
alas, que heO'avo at o lugar do alojamento, que eslava
feito aos Srs. Francezes de palmas e ramo, e assenlos do
campo; a' bandeira por e no abalerem, eslavo pelos
baluartes arvorada. : e entrando o Sr. de la Ravardire da
parla do forle para dentro, se lhe fizero com muita lealdaue
as honras militares, que laes cargos se costumo al enlrar
no lugar, que lbe estava prevenido, em que sempre e11e, e
os demais tratro com admirao do muito que havia tra-
balhado a gente na fortificao; e havendo descanado, e
comido com mais musica, que manjares, porque os no
havia, tratro de a signar os Acrdos, e assim se moslr-
!'lIa as Patentes, e se clero os traslados a1.!thenLcos lmns aos
oulros para mais ftrmeza do que boa f fazio ; pois sBlIllrB
a vonlade, e honra dos Reys, e seu melhor entendimento
li ava reservado, e elles toelos sujeitos ordem, que se lhes
dsse. -
AProvj [o, que se leu primeiro era do Christianissimo Rey
de Frana, do theol' eguinte:
Luiz, pela graf1. de Deus, ReS de Frana e de Navarra, :1
toclo aqu lles, que as presentes letras virem, sande.
]i'azemos saber, que pelo aviso, que nos deu o no o
Christiani simo, e bem amado Primo o Sr. Dampui'lle, Almi-
rante de Frana, e ele Bretanha, das mui las Costas epart~s
siluada. alm da linha equinoccial, q.l'l.e ai nela no so habI-
tadas ele Cbrislos alguns, nem de povos civilisados ou dou-
trinados, B lue toda'via so bem temperaclas e.de muita fer-
li liua.L1e, as quaes se poder povoar em pouco tempo, e
- 236-
trazer os lJaturaes dellas a recebeI' o Chl'istianismo e bon
costumes, usando com elles toda a brandura ordinaria em
nosso tratamento, a sim como usamos com nossos sujeitos, e
assim havendo tambem ouvido a advertencia sobre isto a n
feita por nosso carissimo, e bem amado Daniel de la Tousche
Sr. de la Ravardire, o qual tendo por prtica expressa, e
navegao alcanado o conhecimento das ditas carreira
navegadas por e11e, e juntamente pela digna relao a ns
feita por nosso dito Primo de seus merecimentos e coraje,
virtude, sufficiencia, experiencia, inteireza e predominao
em o efIeito das armas do mar, e boa diligencia alm da
provas singulares j por elle feitas de sua fidelidade e devo-
o; e alm disto vista a Commisso do nosso dito Primo
segundo o poder que tem no dito cargo, e depois de ter sa-
bido nossa inteno, e vontade sobre este caso, e que o tinha
feito seu Vice-Almirante nas Costas e Terras, que podesse
habitar:
Confirmando ns a dita Nomeaco havemos de nos o
abundante, e -pleno poder, fora e athoridade Real dado
ao dito Sr. de la Ravardire todo o poder, e permis o
de podeI' armar, e provr tal numero de navios ele tal gran-
deza, e em taes de nossos portos, e tantas vezes quantas bem
lhe parecer debaixo da licena particular do nOS50 dilo
rrimo, e os poder frnecer de todas as sortes de pe soa de
guerra, de mar e de mecanjca, e outras cousas neces al'a
ao dito descobrimento, e estabelecimento de Colonias, como
tambem de artilharia, polvora, armas e munies de co-
mida, proviso e cousas necessarias fazendo seu caminho
alm da dita Linha em taes pa.rtes, quaes acbar a seu com-
modo, e que julgar expedientes para o accrescimento da
Christandade, e bem do nosso servio:
E assim far naquellas, que no so ainda descoberta
huma diligente reconbecena de todas as suas avenidas ou
barras, epraticar todos os lugares, e entradas donde houver
alguns habitantes, bu cando por todos os modos de brandura
e bomtratamento de os reduzir, e chegar ao conhecimento de
Deus debaixo da nossa autoridade, e no querendo, lhes po-
der fazer toda instancia por todas as vias de armas, e de hos-
pedage, para tudo reger e governar, conforme as Ordenanas
de nossos Reinos: ou outros menos difIerentes, que servir
posso parai:> commoclo das pessoas e das cousas, e lugares, e
essas podel'.o fazer e publicar em nosso Nome: e de nosso dilo
- 237-
Primo, e guardar, observar e su tentar ditigentemente, e
assim punir, e castigar os contravenientes, ou lhes fazer
perdo, como melhor lhe parecer bom enecessario,e para. 1'e-
'ompencar aque11e , que 11le ha, el'o dado ajuda, ou que e
hayerilo ajuntado com elle para effeito desta empreza, ac-
eres 'entando-Ibes a vontade de per everar, e dar exemplo
ao outros de o seguir, e de segundarem.
{( Pelo que damos, ehavemos desde a presente <.lado ao dito
'I'. de la Ravardire todo o poder para lhes dar, e repartir
toda as Co la , que poder conquistar cineoenta legua de
buma e de outra parte, de eu primeiro forte e morada, c
lanto avante nas lHas terra quanto poder reduzir debaixo
de no a obediencia, em que far as reparties, don e bem-
feitoria" que poder gozar, e gozaro cllev, e sen descen-
dente para sempre em todos os direitos e propriedade , a
'aber ao Fidalgos, e gente de merecimento as dar em
'enhoria, e Feudo, e em todo o titulas, e dignidade a con-
dio, e cargo conveniente nossa honra, e servio con-
forme suas obrigaes, para a defensa das ditas terras
debaixo de no sa authoridade j e ao trabalhadore em tal
obriga.o annaes, que elle os avi ar j como tornando assim
da dita viagens por elle sero partidos todos os ganhos, e
pl'oveito por aquelles, que o havero, assi tindo a cada hum
egundo sen dever, qualidade, e merecimentos e nas aven-
a j ditas se reservl'o :
P,'neil'amente nos os direitos, e o do no so dito Primo,
e os outros devidos, e costumados j e reconhecendo alm
disto que no effeito uso di to poder occorrer diver as
ocea ie de pa sal' Cartas, Convenes, Artigos, Acrdo ,
Titulas, e Provi e , ns havemos validas, e confirmada
validamos, e confirmamos todas as que sero feitas, e pas-
adas debaixo do gnal e e110 do dito Sr. de la Ravarclire,
e dos de agora con ideranclo, e provendo os dh er o , e no
e perados acontecimentos, que podem acontecer em mar, e
em terra na expedio do tal de anbo, ns lhe damos todo
o poder de se ajuntar, ou melter com outl'OS, eja por Com-
panhia, commisso, ou por tenencia com igual poder, que
aquelle por ns a elle outorgado, ou da parte delte, que
querer~ igualmente dar, ordenar, e dispr em todas a cousa
suso ditas, e suas cirwmstancias, e dependencias, tudo
aqL1illo fazendo, que ns fadamo, ou fazer poderiamo e
- 23
dendo ficar ua Mage tade melhor ervido, hei por bem que
exercitando elle o dito Oillcio de Sargento-Mr na frma
obredita, v juntamente por Adjunto, e Collateral de Jero-
nymo d'Albuquerque, Capito, que he da dita Conquista.
com igual voto na cou as com declarao, que as Ordens, e
lle olues e publicaro em nome do dito Jeronymo d'AI-
buquerque, como Capito que he da dita Conqui ta: e es-
taudo encontrado nos pareceres, e poro o negocio em
Coo elho, eguilldo- e o mai voto, e e tao]o iguaes, se
eguir a parte, onde o dito Jeronymo d'Albuquerque
acostar.
Notifico -o as im ao dito Capito, Oillciaes, e Soldados da
dita Conquista, e lhes mando, que guardem e ta minha Pro-
vi o, 'omo se nella contm, e ao dito Diogo de Campo dei
juramento, que bem verdadeiramente ervir o dilo Cargo,
fazendo, e acon elhando em re peitos tudo o que entender
ser mai servio de Sua Magestade, e bem da dita Con-
qui ta,
Dada em Olinda, soh meu ignal, e se110 de minhas
armas, em 30 de Julho. Francisco Fragozo, meu Secretario,
a fez de 16'14,.-0 Govemador, Gaspa1' de Olbza.
Fica registrada no Livro do Registros desta Conqui La
a fi . Mi, por mim Luiz n10niz, Escrivo da Fazenda de ua
Mage tade da dita Conqui ta.-Luiz iJIoniz.
Da vi ta destes Papeis entendeu o Sr. de la Ravardire as
veras, com que Sua '[age lade tomava as cousas do Mara-'
nho; e como o dilo Senhor premiava as Pe soas, que nella
o ervio, e como eslava fundado o linheiro da de peza em
parle, que no podia faltar; e faUando muito nesta cousa
e foi para a ua embarcae, sendo de todo o pre idio
acompanhado al os bateis, que ao de pedir foro festejado
com Salvas Militares.
, Ao outro dia, que foro 29, com toda L sua Armada se fez
a vela, salvando prime'o a Capitania, e logo todos os demais
navios ao forte anta Maria, do qual tamhem lhes fizero a
devida 1'e posta: e assim se desoccupou o mar, e a terra, e os
Francezes se recolhro na llha, e nos seu fortes' e os P01'-
tuguezes entendro em fazer a ua Igreja, e azas do aloja-
mento, e os Indio fra do Forte, tomando sitio conveniente,
se alargro fazendo sua Aldas, e roando para manti-
meDto, e comero huns, e outros a sahir buscar lle comer;
e finalmente a gentes at ento opprimida louvro a Deos
- 246-
de :Mizericonlia com Procisso solemne, lodos com as arma
na mo, que bem podesse a devoo militai' parecerem toda
a parte I
O altar da nova Igreja de Nossa Senhora d'Ajuda se guar-
neceu de hum frontal, e cazula, que mandou ao Padres
Portuguezes o Padre Fl'. Archangelo, certificando ser lavrado
o dito ornamento pelas mos da Dl.1queza de Guisa.
Era todo broslado (i), e lavrado de seda de cres sobre
branco, fazendo cruzes de Jerusalm, contrapostas todas de
fruc tas, e rosas, e ramos.
Obra bem v-istosa, e curiosa, e mais de estimar por vir
donde vinha.
Juntamente mandou o dito Padre com o ornamento trez
Retabolos pequenos de excellente illuminao, guarnecido'
de setim carmezim, tudo broslado de carchado de ouro
fino (2), portas e pavimento.
D'alli a dous dias mandou o Sr. de la Ravardire ao Capi-
to Mattheu MaIharte, com o seu Cirurgio, e mezinha para
curar os feridos, que se perdio falta de remedio; e assim
mais mandou avisar aos Capites Portuguezes, que era tempo
de se embarcar a Pessoa, que havia de ir a Frana, porque
se partia a no Regente; e assim o que se havio de ir a
Portugal, que se fizes em preste: Lambem mandou adv rlir
que todos os Indio da llha andavo <.le ejosos de fugir ii
terra firme, porque havia passado a palavra entre elles, que
os concertos dos brancos ero para os captivarem a todos, e
partirem entre si para o venderem, como havia feito Pedro
Coelho na Serra de Buapav, quando teve a guerra com o
Jl1el Redondo, e fez a paz com os Francezes. que alli se ach-
ro ; e que para aquietar esta novella, pedia ao Sargenlo-
Mr do Estado, que passasse outra banda, e levasse ao
Padre FI'. ManoeI comsigo para fanar aos Indio , e para que
vissem, que os Acrdos ero firme , e por outro respeitos
de maior considerao feitos.
Neste tempo com toda a diligencia estavo acabando de
apresentar hum Caravelo os 'Portuguezes, para mandar a
Pernambuco com trez Avisas ao Governador Gaspar de ouza,
para que com as novas da victoria recuperasse a falta de
gosto, que havia de ter de no saber da gente, e da Jornada,
(J) Bros!ado, i. e., bOl'dudo.
(II) nesca"chada d. atiro {I.no, Provavelmonte cnlreJUeja~lo, Oll(rlluado cle ouro
fino. lIe expressflo 'lue nflO enconlramos nos Diccioltario. de nossalingua.
- 24.' -
e para que mandasse com melhor aviso, e animo o conve-
niente soccorro.
Elegeo-se para esta ida o Capito 1\lanoel de Souza d'Ea,
para que como testemunha de vista dsse conta do que
passava.
Tambem o Capito Francisco de Frias havendo acabado
com a obrigao do forte, que desenhado, e em defensa
deixava, se embarcou para dar conta ao Governador destes,
e de outros particulares, que todos realmente se poilio fiar
de ua pessoa: emfim sendo prestes tudo o que convinha
partida desta embarcao, o Sargento-Mr do Estado, e o
Padre FI'. 1anoel Tavares (1) e partiro para a ilha, e o Aju-
dante Simo unes Corra, e entrro nella a 3 de Dezembro,
pela banda do forte de !tampari (2), que est Leste-Oeste com
oforte anta Mal'ia: nesta parte estava o LingoCtrrnl' dos
Indio , Francez, por nome Ifibc~con, pelo qual faro agaza-
lhados os hospede aquella noite, que com parte do dia e
ga tau em fazer o Padre FI'. Manoel da Piedade (3) faUar aos
[ndios em seus ajustamento, e assim faro at o forte
S. Luiz, que so nove leguas deste Posto, sempre por Aldas
de Inclios to povoadas (3), que a cada passo havia milhares
delles daquelIa Costa Tupinamb ; e em cada Alda as i tia
hum Francez obre com quatro, e ei Soldados, como por
alva-guarda dos lndia , ou seu Encommendarios; e e te
Linho obrigao de se ajuntarem, havendo rebate, com
todos os Principaes, e Frecheiro da ua Alda ; e elIes com
suas armas no forte . Luiz ou donde se lhes assinalava a
praa d'arma .
Passadas e tas Aldas, navegaro por hum brao d'agoa sal-
gada (o) em huma chalupa () at chegarem ao dito Forte de
S. Luiz, donde faro recebidos dos Srs. Francezes com toda
a demonstrao de alegria, e bOI1l'a, que foi pos ivel fazer-se;
e tando toda a gente, at fra da ponte levadia do dito
Forte, com as armas na mo at porta da caza do Sr. de la
(I) Fr. Manoel Tavar.., i. e., Fr. Manoel da Piedade.
Deve ser t>rro de cpia ou t 'pographico por isso que na expedilio de Perl~am
bueo smcHle vlero dous sacerdote FranCl cano, Fr. Co me de . Damlllo, e
Fr. Manoel da Piedade.
(21 It~mparl, i. e. Ilapary.
(3 Vide supra nota (I).
(4 .4ldas de Indios lao I,ovoadas.
Isto durou pouco tempo, apz o domnio dos Colonos Porluguezes.
(5) lIum brao d'"gua salgada. Provavelmente o rio .4llil, ou Colg. O COlim como vnl-
garmente se diz.
(8) Chalupa, i. e., bote, ou casco como vulgarmente se chama os pequenos ba-
teis que servem nos rios.
- 248-
Ravarclil'e, donde c.om appal'ato esLava adereado o aposento
do Sargento-Mr do ]~stado, ao qual por mostrar o Sr. de la.
Ravardire, que no ficava alraz nos modos de cortezia,
mandou, que em Nome de Sua Magestade d'EI-Rey Catholico
de Hespanha, cuja Pessoa em aquelle acto o dito Diogo de
Campos representava, e como a tal se recebia, e homava
naqueUe Forte, que nelle dsse a Ordem, e o orne, pOl'que
seno havia de dar outro.
Sobl'e isto houve muitas escu asju tas, e cortezes ; pOl'm
dellas passando a porfias, foi foro o obedecer o Sargento-
Mr, por ser cousa mandada em Nome do seu Rey, e SenhOl',
e dedicada em sua absencia a seu Real Culto: e assim deu
]JOl' Nome D. Felippe.
Com isto se fOl'o ao aposento do Sr. de la Ravardil'e,
donde no 'faltro globos, livros, e planisferios, quadrantes,
e muitas armas, com que pal'ecia estaI' naquelle deserto
gente de valor, e de sciencia ('1).
Ao outro dia se foi o dito Capito Sargento- lr a ver o
novo Convento dos Capuchos, e nelle ao Rev. Padre Archan-
gelo, e seus Companheiros; o qual depois de dizer Missa, lhe
mostrou o sitio do seu Mosteiro, refectorio, e cenas, e huma
fonte d'a,goa viva (2), que tinho descoberto, a qual ante de
sua vinda no tinha aquelle ctio; e assim mais lhe mo trl'o
o SeminariO dos Moo Francezes, e Indios da terra, donde e
aprendio as lingoas buns dos outros, para o qual dissel'o,
que o Cardeal de la JO)Teuse tinha offerecido huma grande
cpia de dinheiro, e a Rainha Regente huma grande ajuda:
assim mais lhe mostrro ao diLo Sargento-Mr gl'ande cpia
de ornamentos, calices, e cousa de Igreja, das quaes o
egurou o diLo Padre Archangelo, que linha mais de 20:000
cruzados alli, e em Pariz em cofres, que estavo para vir,
quando se ordenasse a volta destas cousas.
Tratou o dito Padre lal'gamente da gl'ande diligencia, que
ene, e os mais Raligiosos fizero pal'a que os Francezes no
fossem a fazer guel'ra aos PorLuguezes outra parte, e que
elle em pessoa estivera em Itampari trez dias para estorvar
a Jornada; mas que no podendo mais, se tornra para o
eu Convento to descon olado, que logo dissera aos seus
Religiosos:
(I) Vide sobre este Cirurgio a obm cle Yves cI'Evreux ii pU". an2 e notas flr
~Ir. Fel'llinal'cI Denis, alpm ao Ternou: ComPUnS-A1'clli"es <1.. "%!Juges pllblies.
-= 259 -
farinha, e agoa para o Sargento-Mr, a quem seu compa-
nheiro Jeronymo d' ALbuquerque dava huma notavel pressa,
a que se partisse; ou por se vr sem quem 1l1e podesse ir
mo, ou porque esperasse desta ida mais remedio, que de
toda. a dos outros, de que tinha pouco conceito.
Finalmente sendo j todas as cousas reduzidas ao estado
melhor, que o tempo dava lugar, e feitos todos os Assentos,
ePapeisnecessarios em...como Jeronymo d'Albuquerqueficava
quieto de posse de sna Fortaleza acabada sobre o Mal'anho,
com Religiosos, Igreja, cazas de vivenda, roas, plantas, dons
barcos, e dou bateis, que hum dos barcos se havia com-
prado aos Franceze por haver na Fortaleza mais servio, e
assim eedes para pescar, e mais de quarenta jangadas feita
para a pescarias, e mantimentos dos Indios ; veio o Capito
MaiLlarte (1), ao qual se dero pela caravla OO cruzados, a
saber em cousas ele resgate 130~, e em hum Escrlpto a pagar
em Li boa o resto, com o mai , que custou o mantimento
para a viagem, de que se fez Assento ser tudo por conta da
fazenda de Sua Magestade; pois a caravla no se tomava
para mais, que para seu servio, e assim feitas e ta cousas,
se despedio o Sargento-Mr do ]~stado dos SoLdados, e seu
companlleiro, e com a beno dos l\.evs. Padres Capuchos,
partio do Forte Santa Maria tera-feira, depois da derra-
deira Oitava do Natal, e se veio por mar reconhecendo os
baixos, e barras at o Forte . Luiz, pela bana geande de
Arasaj (2).
Depois de embarcado o Sargento-l'I'lr na caravla se deteve
dou dias a respeito das vazilhas para agoa, que se no
achava ordem de as accommodar; e porque nesta parte
havia mais commoclo ue mantimentos, que 110 'Forte do
POrLuguezes.
Neste tempo houve ordem de se trataeem alguma cou a
do servio de Sua Magestade com alguns daquelles Paeti-
culares; os quaes dero ao dito Sargento-Mr as mosLraE de
todas as cousas, que achado tinho naquellas partes, e o
SI'. de la Ravardire lhe deu hum teaslado da Relao, que
mandava a Frana de seus sucGessos com os Jndios, a qual
traduzida diz desta sorte:
(I) J!faillarte. Yves (j'Evreux na sua l'iagclII chama jlfail/ar, pago 13h
(~) .4..rasajti.
Ac[ualmco[c Ch.llUu-sc>lragy. .
- 260-
SUM~IARIO DO QUE FIZ NESTAS TERRAS no BIUZIL.
Primeiramente tenho assegurado aos povos dos Geu-
tios, tanto da Ilha, como da terra firme, ajuntando-os, e
unindo huns com o outros debaixo da obediellcia do meu
Rey ; e torvando-os, que no fujo de medo dos Portugue-
zes, e rec] uzindo-os tal obediencia dos Francezes, qual cle-
sejar se pode.
c( Porque alm de que j no comem mais carne lmmana
(I) Parece que ero estes lndios chamados da Per/,'as Verdes, de quejt se tralOu
ii pllg. 251. 'l'illho vindo elo Inclo do ~learill1, C'lJamaro-o o Fr1l1lcczes POliras
Verdes, porque (razio pedras des a cr no lahios, e 11 . exlrahio de urna monlil-
nha MIO llIui longe da sua AllIa; segundo refere Yve cl'Evreux na sua Viagem ii
]Jag, 39. Assegura o me mo escriplor que havia esmeraldas mui filla ne sas mon-
lauhas, que suppomos ser as de onde nascem os rios l\[earim e Grajab. .
(2) l'arijap. Refere-se Alcla do Porej, ou l'arij, uma legoa abaixo de Camula.
na mesma margem lo Tocantins, no local hoje denomllluclo A;euedo (Baena"",:
Ellsaio Corographico sobre o Par,i, pag, 2U iII {",c}. Yves d'Evreux cl em 'ua Viagem a
pago 21 e 10\ o lIome de l'orisop ao rio TocaJltills,
(3) obre a viagem ou explorao ele lIlartim Soares Moreno, cOllsulte se a
Viage.. de Yl'es Ll'Evreux Cilp. 10 pago 33.
- 263-
descobrir estas terras, e babias do Maranho no mez de,
Ago to de 6'13 de parle de Jeronymo d'Albuquerque, que em
ella e l pre ente, como parece em nossos ?'tigos de paz.
De mai dislo tenbo mandado fazer quatro Fortes obre
as principae partes, e pOl'tos desta Ilha, donde em todos
tenho artilheria, principalmente em e le de S. Luiz, donde
tenho muita quanlidade: no ponho aqui minbas penas,
e ll'abalhos, e perdas, que tenho corrido indo, e vindo
300 legoas de la Co la dentro em hurna cana, alraves-
ando as barras, e babias, e dobrando as ponla de loda
ellas no lempo ua briga (1), nem falia em trez rueis, e
compl'idas enfermiua les, que me causro estes traba-
lhos; poi'que quem quizer con.. iderar tudo i to, ejulgar
com igualUade, rogar a Deos, que o gralifique, e nos
.Irlenle em paz dentl'o no nos o Mundo arclico.
Filo no Forle de S. Luiz no Maranho, a 29 de De-
Dezembro de 'l6'l4.-La BavaTdiel'e.
Alm uestas Informaes, e 'Papeis, via o dito Sargenlo
~Ir a" lerras da .LI ha, e roa de algodo, de que os
Fl'anceze lil'o algum proveilo, e o labaco, ou herva sanla,
do qual fazem quanlidade com lo boa lempera (2), que vaI
huma livra em FI'ana hum escudo de ouro.
Tambem via a canafislola do I'io Meari (3), da quallevo
a Fran a (IUanlidade em con erva, e secca.
Tambem vio a perolas, que Mons. de Pi iaus lrouxe
do rio Zoual'p (4), que o maiores, que gro, e da
feio de cabacinha alguma, em que via huma mui
gros a.
Tambem trouxe Mons. de Pisiaus de ta ua .Tornada
enxofl'e min'eral, o qual asseguro qne e no acha, seno
(I) No tempo dll$ hri!JIl$,
~'"r ce que h CITO de copia ou typograpltico, e que O author referia- c s
brisas.
('2) Tabaco, com to /)OU I.''''per
AIO(la hoje assim he; ma O cullil'o pouco, e niio o fazem b m conhecido
nn EXilO 'Jes,
(3) l':" ~Rlola do ,'io Meo .....
A CUIl'fi'IOI. he uma especie (\e cana de cr prela cheia rle polpa, e me
IIJClllal. .
'"O he hoje artigo de exporlaflo, e nem de cullil'o.
(';) ZOllarpi. ,
Parece ser a me ma denominaiio do rio CI/rl/py, que acima era cllamada-
I'u.rpi,
Qual ra a veJ'(ladeil'a denominoi1o deste rio, ignommos; mas julgamos que
CI1II'~ todos se deve preferir o de Yves d'F.vl'eux-Ol/"rpy, que parerr ler, ido
ascrlpla com mais cuidaclo, p approximol',se dr C'U'I/PY,
PRIMEIRA EXPLORAO
DOS
JO GONALVES DA FONSECA
EM i74.9
a,l a boca do R ia da Jll aei'/'a pela escolta que por este Rio 5tlbiu s
Afinas do AJalo-Crosso (i),pol' ordem mui 1'ecommendada de Sua
iIJ agestade Fidel'issi1lta no anno de 1749, escripta pOI' Jos Gonalves
da FOllseca no mesmo anno.
l
(I Banu tliz CallMau", cujo nome Illudou- o para l'illarill1lo do Monle.
(~ Buna diz MaIIlTlI, hoje viII, elo 1'OflO d. M>.
,,(3 Craoo. E !tI droga (lssullleJhu-sc ti conclla, mo tcm o porfume elo tl'l\ \'0 elus
,uo)u\Jus.
- 276-
entr a..: fonte do rio Tocantin e Tapajs, que lhe o pa-
rallelos, nascem os rio chamados Bacars e da Morte, que
ambos unidos formo hum tronco, que promette grande ap-
parato de agoa na ua barra; e entre os dous mencionado
paraUelo no 11a outra maior que a do Xing ser provavel
que o Bacaris e )Iortes tenho a uas origens da meSIUtl
sorte, que o Tocantin e Tapajs o tem ao Norte da cordi-
lheira geral, que tudo o vertentes ao Amazona .
A agoa ele te rio Xing mostro na uperficie cr preta:
feridas com o remo represento finssimos cr) stae , que e
quebro.
A sua eliafaneiclade he tal, que nas margen em huma
JJraa de funelo se percebe o que est nelle.
. Pelo deduzido nesta narrao at este lugar bem se mo -
tra no ~e l1ayer navegado legitimamente o Amazona em
razo do grande numero ele Ilhas, que separo as suas agoa.
da' do Xing, em cujos termos para deste se passar ao Ama-
zonas e fez a viagem seguinte.
Da dita aldea do jJJiLbt'/,61'/, sahito as canas fazendo cami-
nho ao Snl, e logo no ele Oeste se foi atrave sando a huscar a
margem occielental, aoode vem sahir hum Tio chamado
Alreky(1), que he brao do Amazona ,o qual introduzido peja
terra firme por duas entradas vai receber logo na bOta do
Xing o fudo das suas agoas.
avegon-se o Akeky nos' rumos de Oe te, Oesnoroe te, e
oro~ste, e quatro llOra de caminho desagoa Heste brao
t;lm ri,o chamado J a;),(Hblc, que corre emparelhado com o
/ing6, porm de muito menor grandeza: des.ce por entre
serranias de de a sua origem, e contina com alguma ca-
choeira.. at se dilatar por campinas, que finalizo quando
de agoa.
. He fertilssimo de peixe, e nas suas margens aon le tem
cachoeiras ha sufficiente poro de cravo.
Passada a boca deste rio se continuou viagem nos rUlllO.
referidos, e pernoitando-se j vencida a maior parte de te
caminho, se experimentou na pausa a primeira avanada de
innumera.vel praga de mosquitos, que como chuva miuda
cahia sobre o navegantes, que sem embargo de os no mo-
lestar tanto como aos Egypcios em tempo de Fara obsti-
nado, dava comtu,do bastante exer icio paciencia, de sorte
(3) .4koky. Outros o crevel1J llaglliqllY.
- .77 -
que lIu podendo O' I'emeiro offl' r parados aquella impor-
luu(\, bateria se re ol\'el'o a continuaI' viagem, pai !le em
perigo, e s ete hora ela manll seguinte com vinte e huma
hura de caminho ao todo Ghegmo -no l'l1mo do Norte a lIuma
das eJltrada , que faz o Amazona~ no todo do eu e paoso
enborio.
Defronte de ta boca parte elo 'orte e a lJo e avistao
i1umas eITa em di po i de Cordilheira, em qlle na falda
de llllma dellas e t iluada a fortaleza chamada do Pa1''{I),
tia qual toda aquella errania e co ta toma o nome at o
pel'del' na de ilfaccvp, caminl1ando j para o Caho uo Norte,
cujo cOlJlinente bu o a dita erras no rumo tle Oe: u-
doe~te, no mai at olhar ao Norte.
E'la' el'ra, que pela margem occidenLal do Amazonas
~e a\'i to de J'ormidavel grandeza, fazem lambem 'ua ex-
ten o para o celJtro com algun inLervallos de valle mais
n L'I'ei' do que a CITa j porque ne La !la ba talJL' pro-
t1uco de sal a e caco, e naquella . nem agoa lIa 110 vel'o,
para l'efl'igerio do moradores do Par, que vo a colheita
daquelle generoso
COITe huma o-rande mUl'mnrao de que lle ta erl'as lia
ou/'o porm no e tem feito exam l'eglllar que o er-
lique.
De La erra nascem o I'io que de agoo na Co, ta ele
~la(jLp,que o ,I ary, Tuer (2), Uramuc,Cutipur, Arauary,
eouLros do Cabo do Norte para dentro; como tambem do o
na cimento ao que de agoo do me mo Cabo para fra, que
so' i 'enle Pio on,Japoco(3) ,e outro de meno conta a Le te
e Oe Le do Ca.bo de Orange na costa de Ca 'ena.
abjouo om etreito ela boca do Akeky ao Amazona (qll
no 'enl injuria da ua grandeza se lhe chama 1'io) , se co -
teou pa.rte oriental, que l1e a esqnel'ela seguindo o rumo de
Oessudoesl.e, e, levanelo empr na vj ta as erras da parte
appo La, se chegou com oito horas de caminho a hum sitio, a
que o oaturaes chamo 11Iaual'y-ctjn'I"Grpm, que be hum
canal que faz o rio entre a terra firme e huma Ilha que corre
ao Sul; e d navegao por denlroao me mo rumo. ,
(I) Palli.
,\cluall1loll!u ohama o a povoa<io ou antigu aJdn tio Pal', .4lmcirill' outr'ora
COIU o pl'odioilClo do illa.
(2) lIo o rio Tocr.
cal lio o rio Oyapocl;.
- 278-
Deste canal lana o Amazonas pela terra dentro aquella
poro:d'agoa, que junta com a referida do Akel< " frma o
rio deste nome, que d entrada para o Amazonas peja boca
do Xing.
Desde a sahida, que e fez ao Amazonas at bo a do
Mauary, se ga tro quatorze bora de caminho, em que
vla e remo, se andaria por estimativa dez legoas dando des-
conto correnteza.
Deste sitio Mauary para se continuar viagem 11e preci o
aproveitar a madrngada, que ele ordinario costuma er de
erenidade mui imporLante nesta passagem em razo de t'i/(i'tt-
caes ('1) baixios que tem,aonde com cfualquer mediana poro
de vento e levanto grandes mare ; ainda crue este pre-
judico mais aos que navego para baixo por lhes ser o vento
ponteiro.
Nestes termos para se evitar algum mo acontecimento e
navegou logo depois tia meia noite correndo a co ta ao
mesmo rumo de Oessudoeste a remo aL amanhecer, e de-
pois tL vela: com oito horas de caminho se buscou a ponta
de buma Tlba, que corre com o me mo rumo, e e prolonga
ao Noroe te, para o qual se foi navegando co teanuo a me rua
Llha em ordem a a.travessar o Amazonas outra parte, o que
se executou com quatro hora de demora.
l'ortro as ca,noas ua outra parte do Amazona', e <1epoi
e enLrou pelo rio ele U1'ltb;-qltGlI'(t a buscar a alda deste
Ilome (2),onde com Lrez horas de caminho se foi tomar poeto.
Este rio he hum brao que o Amazonas lana pela tena
dentro ao Noroeste, at que em di tancia de sei hora de
'aminho se derrama em varios Lagos em huma (lilataua pla-
uicie, que ha nas faldas de humas serra, as qllaes sao da
mesma cordillleira do PCM't" que desviando-se ela margem
caminho em partes paea o cen Lro.
Os referidos Lagos em Lempo de cheia e red uzem a hum
s Lo extenso e profundo, que tem capaliidade para em-
uarcae majores que canoas; neUe ha infinidade ele .ialia-
rs e cobras de desmedida granueza, a que chamo Sucuru-
.i s, Giboias e Boia-ass.
Tem muita abundancia de peixe,e de toda a variedade, que
produz o Amazonas.
(I) Cuieir". EU1 oulra' PrOl'incias e chama e'la ai'l"ore Cujub.il'a,. ail
Sl'uclo Cujllba.
(2) llaaJla referindo- e ii Camu!,; diz o eguinl :
AS Jllll1hereti pinl1io mui 110m cuia.<e !aquari$, e fazem IHlcias e g01ni ue "rgilla
branca pinladas lle um modo LUo peculiar, fJllC n1io cleixa cle "gorarlar ; vista; c'
da mesma argila lambem fOl'luiiOJilbllt.,s, Pnmba', Tarwrugn' c Tal', IlIlln
ll1i1l1 'aelo no me mo goslo ria lJarHlS.
- 281 -
navegao da costa chamada das C'u.iei1'as( t), que he bas-
tantemente perigosa, por ser sem abrigo para as trovoadas,
e qualquer vento encosta as canas terra, e failmente se
alago e perdem.
Pelas li horas da manh se entrou a costear correndo a
1'l1lnO de Sudoeste e Sul, e com oito horas de caminh.o a
,'emo se descapou por tempo de huma hora; depois do que"
continnanclo .a navegar nos mesmos rumos o e<:pao de sete
horas portaro as canas na boca de hum Igarap ou valla,
nnico abrigo que ha em toda aquella ilistancia, e se chama o
Jgcwap dcts Cueiras(2), havendo-se caminhado neste dia
doze leguas.
o dia seguinte ao amanhecer se partia deste sitio, e ca-
minhando ao Sudoeste se chegou com seis horas de caminho
vela e remo s llbas que atravesso o rio, e do lllga.l'
pa ando de humas s outras a transportar 'outra parte
em I el'igo, com designio ele entrar na boca do rio dos Ta,-
PCtj , qnal se chegou pelas cinco horas ela tarde, e port-
I'o as canas jnnto ela Fortaleza, que ahi ha: com onze horas
de caminho se andario nove legoas ao todo computando
quatro de travessia.
Da fortaleza do Gurup at a do l'apajs (3) em oiLo dias
de viagem se faria por estimativa setenta e cinco legoas de
'aminho.
Re o 1"io chamado dos Tapajs bastantemente caudaloso,
e ter de embocadura huma legoa (le largo: a c1il'eco
desde a sua origem he do Sul para o Norte, e assenLo
seI' parallelo com o Xing.
Tem a cinco dias de 'viagem da sna foz cachoeiras em
grande numero, e mui di1:Iicei's de vadear para cima.
Por esta altura dizem ser bastantemente nocivo saude
o seu clima, ou as nas agoas, pois ainda no est bem
averiguado, se a causa das muitas doenas, que ordinaria-
mente costumo contrahir os que alli vo colbeita dos
generos, procede da infeco dos ares ou das correntes.
Nas suas cabeceiras se" sabe haver huns dilatados cam-
(I) Esta costa chama. Baeua, de Cua ..y, onde e lfto as lJarreiras do mesmo
nOI~,e. A lodias que halJito ncsl.Cs Jugarcs, diz llana, .80 dotadas ele I11UI
curiOso engenho como a da Villa (Mo,,'e Aleg ..e) para fabricaI' c pilHar loua,
cUlas, e tacuarys (canudos p:1'a ( u m M ) . . . . _
(2) Igal'ap das Cuiei,"as.AsSIJ11 se chamava 01"10 cu,.ud em cUJa foz lermlOllO a~
ban',iras de Cuary. ~
(3) Tapajs. Re hoj e a cidade de San/are.".
34
- ~82-
(I) Pafaci:Cl. Os campo ds Paricys jasem na gl'aude chapada dos monles Que
formo o divofti"m oquofum do rios Amazol1as e dI! Prn11!.
21 18'''8ua. Boje diz-se JUfU8UO.
3 Apo,/!. lfoje elUiD1a-se Guapofl!.
14l 10/llmi, Hoje e creve-se Jall"'.
- 2 3-
Est a embocadura, do Tapajs em allul'a de 3 gros e
~ minutos ao Sul lia equinocial.
Do Tapajs abindo em 9 de etembro 110 rumo ue
Nome te e atraves ou por entre IIbas para o Amazona ,
e, cheaando a este, se foi navegando a costa a parte esquerda
nos rumo. de Oeste e Oe udoeste, e com quatorze hora de
camiuho, em que e andario oiLo legoas, anoiteceu na ponta
de buma I1ba, aonde se esperou a madrugada para na-
vegar.
Na margem occidental lo Amazonas oppo ta oriental,
que e ia navegando nestes ultimo rumo, ba bum lago
mui emelhante ao j mencionado de Gurupatuba e
Ul'l1b-quara chamado do SU1''L~b1Jt, (1).
Por dua bocas de agoa no Amazonas, ou e te por um
bl'aco vai receber a agoa que descem da erras quella
planicie e por outro a recolbe, para om e te e outro e-
Jllelhante tributo se augmentar formida elmente aquelle
grande rio.
I o referido lago ha bastantes Ilha, muita abundancia de
peixe, e na na margem oriental e t fundada huma lda
hamada da me ma orte que o lago (2), e he admini trada
por Padre Capucho da Provincia da Piedade.
O Inclio desta Alda vivem com ba tante fertilidade no
6 pela que lhe resulta do lago, mas pela que ha na cam-
pina em criao de gado vaccum, de que ha pouco anno
.e utilizo.
Chegou a hora de navegar vela muito de madrugada,
e foi a escolta costeando i esquerda . vela a beneficio de
hnma trovoada de vento secco, qn6 durou por e pao de
clna hora' com demasiada furia, donde resulLou levantar
o Amazonas enLume cida ondas de mais formidavel COll~
(liO que a do Oceano, porque estas correm direita com
a primeira bOl'l'a ca, e aqueUas encapello- e contra a cor-
renteza cau ando entre i hum Lal combate, que 11e de fatal
conseqnencia s canas que descem, porem s que sobem
co tuma ser favoravel, se tem a preveno de desviar-se da,
lerra buscando o largo pois ii,o ordinariamente ppa
semelhante furaces, e mui freqnente da parte de Leste; e
a J'azo de fugir da ribanceira he por livrar a canoa de -
(1) S"rllbi. Actualmente lIe a villa cle A/smqlll',
(2) Vi lo nota pro ciente. .
- 284-
pedida de topar nos grandes e amontoados madeiros, que e
acbo encostados e detidos nas enseadas, aonde os represa
a correnteza que os traz dos rios Madeira e caiale, do qual
de emboco mui a miudo cedros de incrivel grandeza.
Com a mencionada trovoada se navegou a Oesnoroeste, e
depois a Noroe te, e com dez horas de caminho, em que e
andario sete legoas, se fez e pera j noite na mesma co la
vista da fortaleza dos Pat({lJiz ('1), para no dia seguinte atra-
vessar para ella.
Desde que o Amazonas se faz navegavel a canoa po-
'antes, que he desde Jaen de Bracamoros at ao Cabo do
arte, tem unicamente dous passos estreitos.
O primeiro he quando depois de receber, o rio chamado
de S. Tiago passando pela cidade de Borja atravessa hum
serro de penhascosa construco, que lhe d transito na
largUl'a somente de vinte e cinco varas Castelhanas por
espao de trez legoas, as quaes por virtude da fmio a
rapidez das agoas se navego em hum quarto de hora
com bastante horror e perigo.
A este estreito chamo os Hespanhoes Pongo, que no
idioma dos Indios Mainas habitantes daquelle districto quer
dizer-Porta; e este he o pa~so de maior perigo que ba
em toda a navegao deste grande rio.
Ooutro estreito be no lugar de que agora se trata, em que
est fundada a Fortaleza dos PCl/Ul,J;iz, aonde o Amazona
depois de constitudo em pasmosa grandeza pela confiuencia
de muitos e grandes rios, que lhe so collateraes por huma
e outra margem, chegando a encontrar-se com as erra do.
Pauxiz he tal a disposio daquelle terreno, que a distancia
em que se havia de espraiar converteu em profundidade,
de sorte que esta em trezentas e mais braas de sonda no
se acha por espao de qUclsi huma legoa de~corl'enteza, que
nesta passagem he bastantemente forte, e de huma a outra
margem occupar mil braas de distancia, que a respeito
da largura anteceuente, e posterior na sua longitude mai
parece Bosphoro, porque se communico dous marbs, do
que lugar em que se estreita hum rio.
Chegou a hora de atravessar a Fortaleza sendo ja dia cla-
ro, e avanando a navegao da costa oriental aquella dis-
tancia que bastava para se abater na que se havia des-
(I) Pau,,;,. lIe hoje" fOl'lalCZll e cidac[e ele Obidos.
- 285 -
(I) Ja!llUl.dd. CorrulJiio do nomo NhamuJldri, que toma o lago o o rio i Iimi lo
lia Provineia do Amazonas.
2j Jamundd Be hoje a Villa de Faro.
a Caldeiriio. Baona chama rilheiro, rodomoinho da~ua.
1 I, Ue II sorrll dos Parinli"', IlllUbem limito da Provllleill do Amazonas .. FOi
na garganla deste Jago que lllulheres Indias alta 'aruo a fiolilha de FrUllCisco
Orellnna, de onde veIo a tomar o rio o nome de Ama,."a
- 288-
tas de serras que fazio ribanceira ao rio por aquella parle,
chegou a escolta com sete horas e meia de caminho, em
que se venceria delle cinco legoas boca chamada dos Aba-
CCWYbS (1), aonde prtou a escolta.
Esta boca dos Abacaxis he mais propriamente embocadu-
ra menor do rio da Madeira (2), pois he bl'ao que este lana
(J. reoeber a contribuio de varias rios, riachos, e grande
numero de lagos para hir entregar ao Amazonas, em que
desagoa com 400 braas de boca; pela qual no fe? ca-
minho a escolta, em razo de que a alda chamada dos
Abacaxis (3) que havia neste brao se mudou para o tronco
principal do Madeira, qual era preciso ir, e pal'a e le
effeito de necessidade.se havia de continuar a navegao do
Amazonas a buscar a embocadura maior do mesmo Ma-
deira.
Nestes teml0S no dia 20, fazendo viagem costeanuo
esquerda no nuno de Oe sudoeste e Oesnorde te at /f
horas da tarde, foi preciso neste tempo atravessar margem
occidental para evitar a navegao de mui dilatadas ensea-
das que se seguio pela oriental.
Por entre Ilhas se fez a passagem de huma para outra
parte, e a no ter aquelles favoraveis canaes qne faz o rio
por entre as mesmas \luas, com grande difficuldade se fa-
do semelhantes transportes, pela grande largura em que
por aquelle lugar se dilata o' rio.
Com huma hora de travessia no rumo do Norte se chegou iL
primeira Ilha, e passando o canal para a segunda ne11a se
fez pausa por ser j de noite: e neste dia com 13 lJoras de
caminho se vencel'o sete legoas.
Na madrugada do dia 21 se continuou viagem de Ilba em
Ilha at s nove hOl'as da manh, em que se principiou a
costeai' a parte occidental nos rumos de Nornoroesle, Oes-
sudoeste, e ultimamente Sul; e com dez horas de caminho,
em que se andario 6 legoas porlou a escoHa em huma
enseada, que se formava na boca de hum riacho, que
(I/ Abaca",'s. Esla Alda tel'e cinco assenlos, al que parou dcJlnitivamenlo
no ugar Itacoat.ra. (pedras pintadas) no Amazonas, e 11<:' hoje a villa de Se rl'"'
Quando passou esta expedio eslava no quarlo assento, na margem direi.ln
do Macieira, 12 leguas abaixo' do FlUO de Urari (Ilaena-Ellsa'o Corograp!lI'O
pago /oJ.7).
i'.este lugar onde aportou a e},-pedio se acha funllalla a villa Uel/n do rm
peratrir:.
(2) Cbama-se a esle brao o l~uro de Urar'.
(3) Vide supra nota (1).
- 289-
.e ia a Amazonas por entre duas pontas de pecl'cts,
em que havia buma mui de ordenada correnteza.
A 22, continuando a navegao no mesmo rumo do
Sul, passou logo a Sudoeste e Susudoeste at .chegar entre
Ilhas, aonde se fez pauza com doze horas de caminho,
em que venoerio sete'legoa.s.
No dia 23 foi preciso esperar huma cana que e
havia atrazado, e por se no perder tempo sem utilidade
"e mandou fazer pe caria no muito e grande lagc,
que havio nas mesmas Uhas, de que resultou copiosa
abundancia de peixe, com que. e abasteceu toda a escolta,
a qual mente ne te dia depoi de incorporada a men-
ei nada cana fez viagem 4 hora nos rumo de Oe te e
O noroe te, em que e andaria legoa e meia.
!\. 24 se fez viagem costeando esquerda de de a ma-
urugada at meio dia; logo depoi delle se principiou a
atrave ar por entre Ilha a busear na mal'gem oriental
:t ~)oca principal ~o fio Madeim (1), e navegando at de
nOIte nos rumos do Sul e Sudoe::;te portou a escolta em
huma grande Ilha fronteira entrada lo dito rio em
mai ue huma legoa de di tancia j e ne te dia com II,.
hora de caminbo se andario oito legoas
25 de madrugada se dobrou a ponta da I1ba para o
.'ul, e logo ao romper do dia e avi tou a entrada do rio da
:lil/dei/'a, para o qual e navegou a remo no rumo ele u-
doe te, e neste mesmo e fez a entrada, e continuou a nave-
gao.
,
!l'avegcbo (lo ?'io da Jlfadeira pl'incipiai/.rt em 25 rie
Setemb?'o de 1749.
Antes de e entrar pelo rio da Jlfadei/'a e fez 11.110
pela madrugada do dia 25 de Setembro em huma praia
mui dilatada, que procede Lle huma Jlha, da. muitas
qne ha no rio da Amazona, fronteiras ii. boea (10 dito
}ladeira.
Com a luz da manM e deixou perceber todo o hori onte,
que e terminava pela parte de Oeste e Leste com as immen-
sa. agoas do Amazona, e pela do Sudoeste com a do ~Ja
clei1'a na barra que faz no mesmo Amazonas, que ter de
(1\ Madaira.. o nome indig na rtcste rio !te Coyaru. Foi o Cllpiliio Fl'uori ro
<lo ilollo Palllrln, qll m em 1~_3 lhe dilo n nnlTIP!lr .11"dtira.
35
- 29a-
boca 800 braa, de agoando entl'c duas pontas de lena
baixa, em qne 11a, :lrvoredo orclinario 'em Jifferena do
das Amazonas.
Entrou-se a atravessar da referida praia a buscar o ilfa-
deim pelas sete horas da manh, e com buma hora de
caminho no rumo de Sudoeste a remo se entrou na ua
barra, sem nella se perceber correnleza maior que a do
Amazonas at aquelle lugar.
Antes de se cbegar a primeira volta que faz o rio, foi
preciso esperar a hora do meio dia para se fazer observao,
a qual com effeito se executou, e por eBa con tou eslal'
aquella enlrada em 4 14' de latitude auslral.
0
(I) A/dIa de Gentio. Parece que esl Ingllr denominado Pa'Ua (1e Pedras ainda
hoje nilo ha hahilado. "
- 29i -
que d principio grande quantidade delJe que ha neste do.
Neste stio fazem assento alguns moradores, que vo
fazer salgas de peixe.
Continuando viagem vela (ainda oeste dia e no seguinte
se alcanou vento geral) nos rumos referidos chegmos s
7 horas da noite a portar entre hllma ilha e a terra da parte
r1ireita.,aonde chamo PCbrand,-mi?'n (quer dizer no idioma
da terra 'J'io pequeno, Do que o baja alli pela terra dentro,
mas por cbamarem 'assim os Indios quella poro d'agoa,
que medeia entre a terra e a Ilha).
esta e pera se fez experierrcia de pe caria, e em breve
lempo mostrou a ua fertilidade o rio em peixe de linha, que
!la tau para aquella occasio.
I~m sete horas de caminho, que e andou este dia, se
vencerio quatro legoas,
o dia 26, 6 hOl'as da manh, se prin(;ipiou a l1ivegar
ii remo no rumo de udoeste at Susueste, ~ a pouco mais de
Inum hora' de caminho se atravessou a parte e querda a
pa ar por Imm canal, que ha entre a terra firme e a outra
Ilha, que atravessa o rio quasi de huma a outra parte.
a ela parte direita fronteira a esta mesma Ilha est hum
lago chamado do PaCir'B S. I aio (i) : nelle ba immensa qUj,n-
tidade de Tartarugas,e outros peixes de alga em abundancia.
Con tinuanc10 a viagem da, parte direita e foi costeando
Iiuma dilatada enseada.: na qual ha outro la.go, ma de menor
granlleza e utilidade que o antecedLnte, e delle vo orrendo
hnma barreiras no muito alta, que em parte tem pedra
at olugar em que se 'lcha a Alda chamada dos Abacaxis (2),
aonde se chegou s W hora ela manh; e em quatro de
'aminllO se andario duas legoas, que com as quatro do dia
antecedente faro seis legoas; e be a distancia que ba da
boca do rio at e ta primeira Alcla.
Acha-se situada sobre a ribanceira da en, eada referida,
t'ronLeir'a a huma Ilba que Gorl'e ao comprimento do rio; a
qual he alagadia da mesma sorte que as antecedentes.
Esta alda se achava estabelecida no brao do rio Madeira,
(I) Foi o Padre Joo de S. Paio,Jesuita (nota do'author). "
(~I Este foi o penultimo ponto em que se eSlabeleceriio os IudlOs Aba-
cox" e onde seguiro para o lugar das Per"ras pintadas (ltacoatt<lra), na mar-
gem esquerda do Amazonas, hOJe viII a de Serpa.. , ,
AII1~zol1as, no seu Dicc., assegura que o estabeleCImento namargem direita do
'ladeira.. leve lugtil' 'III 1i16 qnando se reunil'iio ao Abacaxis o Indgena
IOJl"as! sublllellidos pelo Capito-mr Joo lIa narros Gnerra naquelle anDO.
ileuil G/IUl1111 ti eSses IDtIiOS-Ttlra..s.
- 292-
que saiJe s Amazonas com nome dos Abacami,s ou 1wp'marn-
heilS, e daqui se mudou para a parte mencionada, em razo
de que o sitio antigo era rodeado de varios lagos, t10nde
resultava muita doena e mortandade nos Aldeanos, os
quaes no sitio em que de presente se acho, ainda no esto
ele todo remediados de semelhante calamidade j porque o
presente sitio est fundado em huma pequena poro de
terra, que medeia entre o rio e hum lago, que no tempo
da secca lhes occasiona doena; por cuja razo habito
poucos na Alda, e a maior parte se acha espalhada pelas
I'ocas que fabricro nas terras firmes daquella vizinbana.
.Pelas mortandades que tem experimentado no s pel~l
malignidade do clima, mas pelos dous contagios de bexiga.
e sarampo, que IDigiro o Estado desde o anno de 17q3 at
o presente de q.9, se acha com menos da tera parte do
habitadores, os quaes s de Indios de guerra e servio pas-
svo ele mil (1) em tempo que os administrava oPadre Joo
de S. Paio da Companhia,_ antes das epidemias mencionadas.
Tem sujliciente Jel'tilidade, pescarias de Tartarugas, e de
uutros varios peixes; porm de farinha havia tanta penuria,
que aos Revs. II'Iissionarios era preciso mandar ir da cidade,
a le que necessitavo para o seu sustento, e Lambem de
alguns Indio' que no tem lavouras.
Foi precislssimo fazer demora nesta Alda dous dias para
della se receberem quinze 'Indios destinados a conduzir as
~anas grandes para baixo, depois de se embarcar a comi-
tiva nas pequenas, que antes das cachoeiras e havio de
[abricar; o que com effeito se executou na frma que adiante
se dir. .
Entregnes os referiLos Indios no dia 28, s ii horas du
tlia, se continuou viagem s quatro -da tal'de, no rulpo de
Sudoeste costeando parte esquerda, e depois ao voltar da
ponta da enseada em qe estiL a Alda referida se seguiu a
ue Susudoeste e Oessudoeste; e ultimamente ao Sul buscar
a boca Abacaxis (2) donde o Madeira entra por a:quella parte
l
a buscar o Amazonas. .
Pelas 8 horas da noite portro as canoas com seis hOl'a~
de caminho, em que se andaria duas legoas, na entrada ela
(!) Passavlio d. mil.
'Este "esultado quasi sempre se observou na Amarica. O cOlllaelo elos Euro
pos era fala! aos Indegenas. .
(I) il bOGa .4bacazis _ -
Ue uma das entrau" do furo l'ari, que cerca a ilha (te TUfJimlmbarall~S-
- 293-
parte do Norte a que chamo boca dos TupI'Jambas (-1); por-
quanto o !'io da :\1adeira rrma o brao dos Abacaxi intro-
duzindo-o por dua paltc , deixando buma lIba em meio, e
'orlano a terra al sahir ao Amazonas.
Oesagoa no referido bra o, alm de 23 lago de huma e
uulra pal'le, bum rio chamado Canomci(2), que corre ela tena
firme ba lantemnle cauGalo o, e aeHe babito val'ias nae'
de (;entio, que no he do mais femz j ma no admitte
pl'lic.a de civilidade, sem embargo de alguma.cUligencia
qne se l~m feito amigavelmenle a este fim.
'e le termo e mo tra com evidencia aue o rio da Ma-
deira 'nlra no Amazonas por dua. boca: fazendo barra
prillcipal a mi do rio, e inferior do Abacaxis, que receb,
a agoas llo Canom, deixando aquella Ilha grande poro
de t 1'1':1, que e custa pelo Amazonas, pelo me mo Ma-
deira, e p lo Abacaxi ; de sorte que no temIa prtica e
experi ncill vario Aulore de carlas Geografica., iluo e 'la
gl'ande Ilha em meio elo mazona fronteira; boea do
.'ladeira dando-lhe o nome de T'Upvnambc (3): e o que ulti-
Illamenl a ele I'even, como na verdade he, foi Monjem
Lacondamine na carta, em qne ele creveu o rio da Amazo-
na e 11 conlluenle, impre a em Am.lerdam no allnu
rle l7ft.u qne explicou no D'icbr'io, que com a me ma carla
imprimlo quando navegou o Amazonas de 'de a Provilleia d'
Quilo ao Par i e em embargo le que e le Mathematico no
entra e no .~fadeha, n m ex.amina,.e praticamente a frma
da ua coml'nunicao com o Amazonas pelos Abacaxi, e
valeu de nolicia~ verlladeira , que lhe dero pe soa de ex-
perieucia a i lentes no 'Par, que ba.vio navegado por buma
e ontra parte o mesmo iJi!cLdei?'Cb.
E a nao fazer e la indagao cabiria no erro COl1l-
IllLlll1 'lo mais Gengraphos nesla pa.rte, assim comu
por meno' exa o no descreveu o me mo Conuamine
LIa I'el' rida carta em termo proprio. a grande IIba
de ./ownnes na boca do Amazonas, nem a immen idade
ele Hha do Tajupur, per uaclindo-se talvez que no
mediava mais agoa entre a terra finne ol'iental e a dita,
,
(I) Boca de TlIplflambs.
Vlue a nota precedente. . '
(2) CUlIom, hoje Canllm. Em fronlo a emhocadura do 1'10 deste nome eXI te
/lre enlell1elll.e o Jl voado da l'arochia Lie CII"."mo.. ,. . o.
ra) Chama-se hOJe 1'lIp'Mmbaranas, a "'altde ilh.a formada pelo .\I!ltlZOna ,e
brao do 1alll'ira (o (lIro Ururi), que dusaguu 111al aba ISO de sua foz.
Ilha do que aquella, que fazia o canal POl' onde eUe transitou,
quando passou ao Par e depois a co ta do Cabo do Norte.
No dia 29, 3 horas da manh, se principiou iagem a
buscar itio accommodado para se dizel' Mi.ssa, e ao ama-
nhecer portro a canoa em outl'a Ilha menor que a ante-
cedente, fl'onteira outra boca do Tnpillwmbs (1), emque
havia boa praia para se armar o altar portatil, e e appellidou
aquella Ilha com o nome de S. I\'Jiguel, por el' dia de te glo-
rioso Archanjo. o em que alli se celebroll ilf'issCb (2).
Haver huma legoa de di tancia da boca da parte do
Norte, donde e ahiu de madrugada at a da parte do ui,
aonde amanheceu; tanto a ilha de S. iJ!liguel (3), como a al1-
tecedente, e a terra firme que faz a boca dos Tupinambs
he tudo alagadio em tempo de cheia.
Depois de celebrado o santo sacrificio da A-J.issa c conti-
nuou viagem vela e remo no rumo de udoe te ' lepoi,
Oessudoeste; co teando parte e querda terra alagad,a
ue huma e outra margem, e peja oriental trez lago~, e porto II
'om , eis boras de caminho em que e andario cinco legoa, .
Pelo meio do rio, na jornada de te dia, e notl',o traz
Ilhas em pouca distancia bumas das outras, que alago 110
tempo da cheia; e ltuma cor)'enleza gmnde da me 'ma parte
e~querda 00 remate de buma en e;tda em que havia pedra
arrimadas a ribanceira.
Portr:o as canoas na 1nrgem elo rio I U o acima da
referida correnteza, pa ,ada a ponta ela en eada.
A 30 se principiou viagem s (j horas da manh' nu rUlUO
de Sudoeste, e logo a Oessudoeste e u udoe te, e outm vez
a Sudoeste, em cuja volta no meio de huma en eada acha.mo'
situada a AJda chamada do l'?'ocano (4,) ,fron teira a buma Ilha
(1) A explorao de Palheta 0[10 era l'egular, como a presente, poi lhe fal-
lavo os conhecimentos que linilll Jo Gonalve ela Fon eca, o direclor
~esl~.
Yi,le supra nota (3) a Plt, 293.
- 296-
hama Ilha que corre rio acima da parte direita, e se termina
ainda ~L vista da Alda em mais de meia.legoa de distancia, e
em cana ligeira e ia tratar do que era conveniente para
o ervico da escolta.
Amenos de hum dia de viagem desta Alcla pelo rio acima
ha varias habitaes de Gentio, o qual j tem tido o atrevi-
mento de investir a dita povoao, e par'a cautela de seme-
Illantes insultos vive o Missionario em huma caza entrin-
cheirada de e tacada, para della se defender melhor d
alguma nva o soccorrido de dou eculares, que lhe a i-
tem, e estavo administrando a A.lda na au eucia do Pac1l'p,
no tempo que alli cllegro a canas, e e houvero com to
pouca pontualidade em executar as insinnaes do me mo
.VIissionario para darem soccorro de Indios escolta., que
bum delles e e condeu no mato com a maior parte do.
lndios, e algun que tLahi e tirro para \'olLarem 'OIU a~
~ana grandes foi por entrepreza.
Da ..mesma sorte se no pde alli fazer fomecimento de
viveres, porque supposto bouvesse bastante criao, no
Ilavia quem a vendesse: o que succedeu tambem om a
farinha, que era occorro mais essencial.
A2 de Outubro, pelas j horas da inan Il, deixando na alda
hama cana ligeil'a com hum amcial e don oIdado na diLi-
gencia de fazerem alguma compra de farinha, partiro~.
canas com vento fresco nb rumo de Nornoroeste, e clepoi
de passar:.. huma ponta da pa.rte direita em que bavia huma
grande praia, e navegou ao Su udoe te ; e om trez hora
de caminho, ellL que se andario trez legoa , portro na
pl'aia de hUl11a Ilha situada parte direita, onde espermo.
pela dita canoinha o resto do dia referido, e o seguinte que
foro trez.
Quando e navegou ao SucIoe te buscando a parte direila
do Madeira se passou junto boca de hum rio que de aga
em huma pequena enseada chamado GoctoLc ('l) : no hp cau-
daloso, as terras donde desembo a so alagadias, e como se
lio enLrou neILe, no se pde examinar a direco c1' u~
corrente, e costeando a mesma parte occic1eu tal na ell: t:Jada
que se seguia, se achou huma Ilha com praia mui c1illlllclcl
at chegar ponta de outra enseada, 00 meio da qu I 11m
(i) Goaold. Roje se chama Uall/ris, lago que se I)ommunicn rllm os I'io~ a
(Irim r Amazonn. por hl'no ,QUI) e pOllcllI denolllinar rios,
-- 297 -
(I) Ar...."s. .
A. ilha laincla conserva o nome, assim como aincla se acha selvagem a Inbu
tios ArTos.
(2) ~a JDar~elU tia plIl'le direita, defronte. tia ponla d~sla ~Ula, l:ls~auclo hUIlJ
AntoniO Correu, Illoradordo Par, em sua feltoI'lu ue caCllO o IDvesllrao nella de
noite os Muras, e o illa.tTo a Oexas, e 11 oinco Inclios clomesljcoS. (nota do author)
- 30!-
e foi preci o arrimar as canas Ilha, e puxa-Ias cOI'da at
horas de jantar em que se de canou.
Continuando logo viagem no rumo de Susudoeste com o
me mo impul o da corda junto praia da Ilha, uccedeu
aparLar- e da cana grandes huma ligeira de exploradore',
e pa ando parte esquerda da margem sahiro de repente
ii. ribanceira CDU a de dez ou doze gentios jthlll'aS, e largro
obre a canoinba IlUma de carga de Jloxas, da qoaes no
perjgou pe oa alguma, e tenc1o- e da cl.lloinba o acrdo de
uzar da ua e pingarc1a , ve retirrio logo o aggre ore,
e no (oro mais vi to em todo o I'e 1.0 da tarde, que foi
preciso gastar na conduco da canas corda em quanto
'e CD. teava a referida Ilha, na qllal se pernoitou aquella noite
l:OIll grande vigilancia e cautela.
Ne te dia em oiLo 1l01'aE. de caminho e venceria trez legoa .
em razo do embarao da orreuleza, a qual fi ou vencida
al o lugar mencionado em que e pel'Ooiton.
No tlia 9 endo j dia claro e deu prillcipio viagem bu -
rando a margem e~querc1a continente em que appareceu o
Geutio, co teando no filmo de u udoe te abeirando hUID<l
pI'aia, que bavia daquella parte se acllou na ara tia mesma
hwncL (leJiCL G}'cLvacla, que ili ero o l)ratico era ignal que
o ftentio fazia de desalio, e entendendo-o e que o barbaro
110' e 'lal'io esperando na ponta da eH eada, onde havia cor-
renteza, 'e aminhou por ella com o cuidado neces ario.
No !lome novidade ue ta passagem, pOl'm indo a
dobrar outra ponta que e eguia descobriro a dua
canoiuhas da vanguarda c'inco canolas (1) de Gentio, na-
vegando para baixo mui j unto da ribanceira, e sem mos-
Irar receio se empenha vo llO ellcontro; porm apenaw
a\'i trflo a primein cana grande com incrivel ligeireza
altaro em terra e umiro a ca cas de po em que na-
vegavo, de orte que nem ra to e achoulle nada.
Do meio da en eada, passada a referida ponta se atra-
\Te sou parte direita em que bavia ribanceira mais alta,
e ha no seu ioterior ba tante Cacoae, e e foi co-
teando 110 rumo tle Su udoeste, e Oesudoeste, e ultima-
mente a Sudoeste, at chegar Ilha chamada ~falCLU1'(2)
(I) 1!:1'f10 eslas caua lia qualillutlc da que acil1liJ se dei nollCia (/lota do
aUlhor).
(2) ftfata",<,
Tanto a i Iba COlllO o rio ainda hoje consel'vo o nome.
- 302-
deh'onte da qual portaro a canoa em buma ponta ue
terra baixa, aonde no havia I'eceio de ataque, sem
embargo de que empre se pa ou a noite 'om a cau-
telas co tumadas.
Quasi defronte de ta [lha desagoa pela parte e'querda
IlUm riacho, de que a [lha tOffiL o nome, de rte
que huma e outra cousa se chama iJ'IalcL'I.ml.
o houve occa io de se lhe examinar a bal'l'a pur
e chegar de noite i ua vizinhana; ma' tlizem o
Praticos ser de menor grandeza que o rio ripoau{l Cl) jit
mencionado no dia 7, e qlle neste ~[atcLw' habito varia~
nae ele Gentio.
enseaela em qu desagoa, que he at' a pOllLa
donde ahio a canoinha, lIe uperior a enchente do
rio, e mo trava ser de boa qualidade para lavrar, por-
que o al'voredo alm de el' alto e frondo, o era limpo
da espes ura ordinaria, fIne ha na parte que alaga
o rio.
a viagem ele te dia em ete horas e meia de c:Ll1li-
nbo se andaria trez legoas.
A 10 de madrugada atl'ave' sando a. J ar'te direita 'e
navegou no rumo do Sul, l;l logo no Sudoe te CDIl! ba-
tante correllteza e depoi ele trez horas le camillbo
e avistou da part e querda huma barreira vermelha,
a que no idioma geral elo Jlldio se chama Gnarapi-
Tanga, e dilatanuo- e por hum quarto de Jegoa 'om eu
arvoredo de m:.tlavirgem de el1lboca no fim de ta ribanceira
ULU riacho cllamado ~{alcltpy, no mui audalo o, que tem
uel'ronte ela boca hnma Illla com ua praia em 11llll1a e
outra ponta, que correm ao I~s:;ueloeste. I. a. sal1a e ta Ilhn
e encoll tra na margem tlirei ta CliITW'Clt vel'melhrt seme-
lltaute la parte esquerda ma de menor extenso no
comprimento.
Continuou-se viagem at ' eis hora da tarde, e POI'-
tro a cana em huma ponta da ribanceira da parle
esquerda, e em nove noras ele caminho se andarja trez
legoas e meia, a maiOl' parte no rumo de Sudoeste.
No dia onze ao romper da manh e continuou vigem
no rumo 10 Sul e Susueste costeando a parte e, qllerda
(I) Parece que o aulllor refere-se aos lndios da sua comitiva. que eriio cm
pade do Para, os qunes conheci.io as oslras, e pOIJii\o l"llf'I' npplirniio rlll
nome que deriO ii c le rio.
- 313-
Observou-se a altUl'a, e se achou estar a sua desemboca-
dura em 9 geos de latitude austral. Sobre a origem deste
"io se far algum discurso quando se tratar do rio J amary
que se segue.
l)elas 3 horas da tarde do mesmo dia se deixou a boca do
Gi-pal'and, e continuando derrota no rumo de Sudoeste cos-
teando a ribanceira esquerda de bGJI'1'ei1'as vermelhas as mais
altas que at este passo se havio encontrado, e sendo pre-
ciso atrave~sar o rio para buscar i praia de huma Illia en-
costaea parte occidental, se avistaro no meio do rio no
referido romo humas Serms, que representavo estar em
ba tante distancia daquelle lugar, e se averiguou serem
aqnellas, donde principiavo as Cachoeiras que de necessi-
dade, haviamos de encontrar.
PorLou-se com effeito na dita praia j de noite, e com 'I.
horas de caminho no dito rumo se andariio dua legoa .
A '11 do mesmo mez de Dezembro sahindo da referida
praia de madrugada no rumo de Sudoe te, se navegou
dil'eita, e ii. 3 horas de caminho se acllou a ribanceira que "e
costeava ser de pedrcb talhada, e logo no fim de della des-
embocava hum riacho pequeno, que foi habitao dos Gen-
tios TOl'azes, que passaro a vizinhaI' com os tlw'us, onde se
lhes deu a guel'l'a, de que j se fez meno ('I),
Defl'onte da rihanceira de pedra na margem oriental de-
sagoava hum lago de pouoa considerao.
Fazendo-se no resto do dia caminho a Oessudoeste e Oest ~
portaro as canas na ribanceira occidentaL com ,12 horas de
viagem, em que se a,ndado 4 leguas, pOl' se haverem en-
contrado neste dia {01'midaveis C01'1'entezc~s.
Dia 12. Principiou-se a navegaI' a Oeste a parte <.li rei ta,
e a huma hora de caminho se chegou a huma ribanceira de
pedl'a em que havia gl'ande con'enteza, e foi preciso retirar
e buscar a margem esquerda, que se llavegou com menos
trabalho, e seguindo ao rLlmo do Sul se achou desagoal' por
aqnella parte hum riacho de pouca entidade, e fronteira a
boca huma grande praia, que j se hia povoando de arvo-
I'edo, que em breves annos a constituir Ilha: pai' entl'e
ella e j a terra ela parte direita se pl'oseguio derl'().ta no
mesmo rumo do Sul, e antes de saiJir do canal se observou
desagoar hum riacho, no qual esteve situada a alda de
(I) Parece ser hoje o Tiacho-lar.ro'.
3R
3111 -
emto Antonio ('l),e hoj f< hamrl. al<lt\a <lr Trorano, r11~ rJne
j se fez meno.
Este riacho chama-~e Ap01viuo, e pOI' elie dizem hal'cr
boas terras para lavouras: no he camlalo 0, e a sua direco
!le para Oeste.
Logo se eguio a pa sagem de 4. illltas com uas praia (2),
por entre as quaes se dividia o rio em varios bra" os, e pelo
maior que era a partp. direita ahiro as 'anas ,'l enseada,
e rando a ponta della j noite pOrk1.r:o a cana com
onze horas de caminho, em que e andaria IJ. 1 goa. no.
di tos rumos de Oeste e Sul. '
No dia 13 ao rumo de Oe te e prinCII)IOU viagem por
entre a terra ela parte direita e huma Dha hamacla do Tll-
i'l.ma1' (3),fronteira a ella era a ribanceira da parle quertla
ele barreira vermelha, e no um dellrl. desagorl o lflgo <:l1a-
maelo tambem Tl.LWnar: passada a Ilha rleste liame, e-
gnio logo outl'a, que principia a fOl'mar em !luma I raia no
meio cio rio, por onde na, egando ao ul se a\'i tOIl ;t boca
do rio Jamary(4,),paraa qual se al.rave sauna rumol1eSllsn-
doe te, e pelas dez horas da manh e portou nella com
r,inco hora de caminho, em que e anelarF'o 3 I goas em
eorren teza.
Este rio .Tnma1'y he de maior nome no Par, elo que Ollll'O
qualquer elos qne desagoo no Madeira, e a razo ho por
qne este rio tem grande abuodancia d cacilO s:lve Irc,
.que o moradores do 1:'ar vem colher no tempo de .tal'
sasooado, jnntan 10- e para e te effeito quatro e cil co ca-
nas para encorporada re istirem a. invll e dos JhLI'ClS: e
quando no pcl hav l' e La 50 iodade, tal1a aquella colheita
se perde, exposta ao uso elos barbaras e desperd 'io dos
an i maes.
(i;ntra-se ne. te rio no rnmo ele Sue te, e depois a te.le
atr. chegar ao Nane, encami.nha-se outra '\ ez ao Su sl.e, ql10
ser provavel ter este por legitimo rumo.
Esta conjectma se fez em duas horas le aminho, em que
se (ai por elle acima logo tIue porLaro as canas.
(I) Foi o segundo Iuga.1', em ([ue esleve altlealln n populao il1dig 11~ rle
Borba.
2l f'o as ilhas Puucas. Oull'o' disem Puncam.
a Tueunar . Ainda cons l'\'lL o nOClle. Outl'OS chamo Puinarl!,
fI,iNa foz de te rio funou-se m l1!li tom de'"'r8daclos cle pOl'lngal e mo
mrlores do Rio Negro a alcta ou fI' guezia cle S. IOiio Bapli ln rlo CrAto
(Amazona -mee. ar!. Cmlo).
Virle ,'''pra nota (I) i1 pa". 310.
- 3J5 -
~
2! Vide ."pra nota (I) par;;. 314.
3 Parece que se devera dizer primeira cachoeira.
~ Laranja. bica.., i. e., laralljas ugridoces.
(5 Purece que se lrula da ilhu e praia L10 1'am(lIL((" 'I
(6 Vicie Dota precedente.
- 317 -
Como Ila ele seI' mui preciso neste DicbI"io o fallar l' petidas
ezes na Cordilbeira d nde 1'6 ulto as Cachoeil'ClS tlo no '50
rio, pareceu conveniente antes de ntl'ar a c1 S l' veJ-as oU'e-
re ceI' neste lugar hnmaidada ex.tenso aqu lla~ SGI'I'wias,
assim pelo que constou ocularmenle no pl'ogre .0 da via-
gem nas parles, em que ou peb ua vi inban a pelo rio,
ou pela sua grande elevao mais ao entro se deixav
avistar como taml em pela inclaga;Io que se (ez do' rumu:
que traz desd a sua origem, se G unt10 noticiaro p s as
lielecUgnas,que viajaro grande parle do dilatado teneno lJue
ellas o cu po,
Ainda que en'l'e o Expo itol'es sagrados e ofTel'e:a a
fi uesto, se ex isLil'o j ou no no Mundo a Serra mon-
les, que por lodas as ql1atl'O partes cing m 'l 'ua graude
ruachina, ante do Diluvio universal; com Ludo, ou 1'0 'e
obra da creao (que ser o mais provavel), ou ele arogo d~
natureza, quando se vio opprimido o Globo com aquelh
inundao geral das aguas, empre estes giganles da terra,
que muitos chegam a compeLil' Gom tl" nU\'en , s1 objectos
digno de se at1mirar nellas a grandeza le Deus, Arti . Su-
premo das maravilllas crcadas; e a. im Lodo. 'abem pela~
hi torias antiga e moerna , sacras e profanas, o quanto o
i\!undo est povoado deste prodgios da nalur za.
E passando dos termos e:pre . i vos aos figurados, em
todas as carta Geographica, ou sejo uoiversae ou parti-
ulare , (azem os seus Autore uniformes demonstnes da
serras e montes mais celebres, que em diversas positura8
e LlilaLo pelo antigo e !lOVO Mundo.
Nesta certeza :e traLar aqui 'uruenLe das que fa.zem COll-
gruencia ao intelll.u acima e-xpressado.
- 319 -
(I) Seni 11llrVOre que llii o Tucary ou Caslanha do Parl'? Pizarro l1a nota np!"a ci-
lada diz, que ela ca cu rle 'In arvore e exlruhe eslopn para ralaJeto lia c!lnua~, o
lambem o confil"ma Banu no /Susaio CorogroviLico, pllg. 3Q, que ali 11ao diZ IJ
Homo indgena do Caslauh.iro.
Enlrc!a.l1lo, ii pag ~G <lo me mo Eusaio, clrama II Ilrvore' ete que l~atu o lc.\lo
IlJ.lsapocaia, expressundo-se nestc lermos:
Arvore do I"io Mndcira entre cujll ceme en cu e lhe exlrah uma como
Illembrnnn, aluai lIesflalh e enxuta he uma e lopa, boa pllra calafelar. Ser v
IllmlJem partI fazer lixa a l'r ele anil.
~~ sell1ellll~na do nomo tle tuan'ore e com o lia e S~pufJOJa, 1;0111 as. outra' pro~
Illlellalles, laz-nos c.rcrquo he olla o Casla"''''ro do Para. Vide .s"pra II lIota (I) ii
pago 32'1.
- 326-
xugar o desfiado fica capaz do ministerio a que se applica,
e de outro po chamado Cuma( 1) e tirou osueco que ervio
para brear, he ainda melhor material que o mesmo breu
para estancar as costuras, que se calafetaro com a referida
estopa,
A terra contigua ao morro da parte direita que lana a
penedia de que se frma a Cachoeira, 11e de elevao de
serra, e assim vai correndo para o centro, e a extremidlda
della acaba na ponta do oroeste em qne fecha a Ca-
choeira.
Na ribanceira da enseada da parte direita ante~ e depoi
de passada a Cachoeira ha Iluma qucLtidcLcle de te/'ra de to
extravagante qualidade (2),que della unicamente se ustento
os animaes quadrupedes e volateis que habito pOl' aquel-
les bosques, de sorte que as Anta, Javalis, Veados, e ou-
tros animaes deste genero, e os Papagaio., Arras, lutuo,
e outros desta especie, que se apanho para sustento do'
viajantes, no se lhe acha nos buxos e papos outra couza
que manifeste a sua nutrio mais do que a referida terra,
e nella se acho Gomendo muita vezes os animaes, e j he
conhecida esta qualidade de te 1'1' a pelas cova que deixo
os que della se mantem.
O gosto desta qualidade de caa he mais insipido tlo que
ordinariamente tem,a que se sustenta de plantas e fructa do
mato.
O peixe desde que se entrou nas Cachoeiras he de muito
melhor sabor do que aquelle, que se pesc.ava antes de che-
ga r a este clistricto.
Smente a agoa he ainda mais barrenta pelas Cachoeira
do que antes de chegar a ellas; e para se beber em e -
crupulo de que os intestinos se reformem de barro, he
preciso nas vasilhas em que se toma agoa lanar-lhe huma
poro de pedra bume, a qual tem a virtnde de fazer pre-
cipitar todo o lodo por subtilissimo que seja, e deixa a agoa
clara, a qual assim bebida he de muito bom go to; porm
sempre lhe fica a qualidade de pouco diuretica.
Acba-se esta Cachoeira na altura de 9 gros e 1.0 minuto
ao Sul da equinocial(3), e no se tomou a altura nap1'inneil'a
(I) Cuma. :r;iio sabemo e he e la a me ma arvore que d o bren em outra
parle do Amazonas. Vide llana-Ens. Cor. pago 42. .
(2) lleesle Ounico aulhol' tiO nosso conh l:lInenlo que d noticia de Wo sin-
gular alimentao, que bemluerecia um l\clu'l\clO exame.
(3) Pizarro na no la supra cilada diz que esl em 80 52!
- 327-
Cachoeira por no haver horisonte capaz para se fazer ob-
senaes com o quadrante.
A23 se principiou viagem costeando a parte esquerda no
rumo de Sudoeste, e nelle com pouco mais de huma hora
de caminho se achou haver huma Cachoeira j quasi co-
bertas as pedras de que se compe; razo porque foi facil o
vadeal-a, e se acbaro canaes parte direita e esquerda,
por onde com pouco trabalho se puxaro as canas corda.
Da margem esquerda do rio sahe neste lugar huma ponta
de pedra, que se dilata formando varios morros at atra-
vessar o rio parte direil~, que tem trez ilbas formadas
da me ma pedra, que tem bastante arvoredo sylve tre, e
por entre e ta ilba' e a terra firme se navegou na frma
referida por espao de meia hora no rumo do Sul e Su ueste:
e indo j remo costeando a enseada se tomou ao Sul e
u udoe tej e no fim da enseada se acba huma illla cercada
de pedra em partes de figura quasi redonda no meio do rio,
e offerece pas agem por entre ella e a terra firme de buma
e outra parte sem correnteza nem trabalho.
Pa ada a ilha e continuou viagem virando a ponta da
enseada ao rumo de Oe sudoe te, e costeando a Oeste se
achou ser a ribanceira, que principiava na referida ponta,
huma pa?'ede de pedra talhacla pmmo de bastante altu-
ra, e logo buma correnteza grande procedida de humas
pedl'as, que da me ma margem ahio at o meio do rio,
e se passou sirgando corda com pouco trabalho.
Seguindo o me mo rumo de Oeste, e passando a Sudoeste
costeando a mesma parte direita se topou com huma Ca-
choeil'a emelhante a antecedente compo ta de varias ilh-
tas l'Odeadas de pedras, que e dilatavo de huma a outra
parte do rio quasi oroeste e Suestej e como a agoa cobria
j. grande parte das pedras, nos deu pa.sagem entre a terra
firme da parte direita de huma ilhta sirgando com pouco
trabalho, e o mesmo succedeu s ontras canas da conserva
que tomaro a parte esquerda; com que se veio no conhe-
cimento de que tanto a pre ente Cachoeira e a antecedente,
t~m pa sagem com facilidade por buma e outra parte do
1'10 entre a sua ribanceira e os pendos. .
Daqui se foi costeando no me mo rumo at huma en-
seada pequena, em que j noite portaro a canas da
mesma parte direita, e em 9 horas de caminho se andario
trez legoa .
- 328-
Tereel.-",Caeltoeira.
(I) ChilIJ10U'S' ii '8tH c.aehoci\'(\ clll prilH'ipio 'I'''pioca, C [lO 'leri Ol'lllcntc-.l/,,
dt.:~ra .
- 34~-
fica expressado,
Das erra do Peru pal'alello cidade ele Paz em altura de
(I) Cacique. FIe o nome que se d. ao Indio, de quem 05 da sua nao se consi<1ero
.assallos,
- :J'! -
(1) o pob?'e, i. " Jos Gonalves ela Fonseca, autor desta narrao.
4.7
ga taro duas horas, e logo se seguio huma volta, em que
no principio dena -parte direita de agoa hum sangradouro
basta:ntemente caudaloso, e iogo se seguio a este huma
campina, que foi acompanhando o rio pela mesma margem,
'e -passada huma pequena Ilha se achou tambem campina
parte direita, da qual c1esagoa hum angradouro procedido
de pantanal, que alli hayia: e esta campina he a que se
'mette em meio da alda de S. Miguel e da de S. Simo, que
ainda ficava rio acima. Na mesma campina, que e dilata ao
centro at a Cordilheira, se apa centa o gado, de que e soc-
correm aquellas duas aleas, sendo mudado para este di -
lricto do muito que havia na primeira fundao de S. jJligueZ,
onde se conserva ainda em muita quantidade amou-
tao.
Com as referidas campinas vista de huma e outl'a
'parte do rio se continuou viagem no mesmo dia, e de-
pois ele passar a de embocadura de hum mui grande pan-
1anaI, que ha parte esquerda, se seguio buma lUlela
parte direita, fronteira qual est a bca do sangradouro
vulgarmente chamado rio de S. Miguel, de que no dia 23
se fez meno; por e ta Mca se no pode navegar
na occasio de secca em cana que no eja mui pequena,
p0rque tem cora de areia, que embarao e totalmente
'impedem a navegao a canas maiores. Fronteiro
esta Ilha da parte esquerda de~agoa hum lago mui
ilatado, que se forma em campina, e d lugar navegao
de qualquer cana. A' parte direita havio roas dos aldee
de S. Miguel. Seguio-se logo um estiro bastantemente
dilatado, e no fim quasi da volta que se lhe seguia por-
tro as canas com 13 horas de caminho, em que' se anda-
rio dez leguas.
A 26 se principiou viagem no rumo de nordeste a con
cluir a volta do rio, em que se havia portado a noite
antecedente, e depoi nos rumos de leste e sueste, que
foro os mais frequentes, se continuou a derrota por e-
pao de trez horas, povoadas as margens do rio de ar
vordo, e depeis se descobriro as campinas de huma e
outra parte, as quaes so continuadas desde as que j e
mencionaro nos dias antecedentes; e a razo de se no
.avista-I~em sempre he pelo impedimento das a.rvores, que na
n,a,rnaipr par~e da ribanceira.
Quatro Mcas de lagos se avistaro parte -esqt1erda,
-:::: 387 ::-
cujas agoas se communico com as do rio, e os mesmos
lago buns com os outros em termos, que parece huma
bahia capaz de navegao qualquer cana, e tanto
por buma como por outra margem se derrama o rio de
orle, que j se no achava com facilidade pequena
poro de terra capaz de dar lugar a guisar-se o comer,
llem de se poder a noite dorm.ir, e se via a gente precisada
ao gl'andi simo incommodo de usar da mesma cana para
hum e outro mini terio. .
J por e te lugar se experimentavo doenas nos lumos
com grande vigor, porque mudana ds agoa,s accresceu
a dos ares e mantimento, que tudo junto fez uma tal des-
ordem na debil coo tiluio do lndios, que quasi todos
ao me mo tempo se achro accommetLido de huma
queixa (1), que obre er asquerosa e os reduzir em m1,1i
breve tempo ultima prostrao de foras, he para aquella
mi eravel gente mal contagioso .
.A este primeiro rebate e acudio com os remedi os pro-
porcionados ao achaque, no modo que foi pos ivel, segundo
a providencia dos mantimento da botica e os que minis-
traro os matos, que era de melhor eIIeito, com os quae
e com e lhe reparar a debilidade com algum mantimento
de mai ub taneia e io re tabeleceoelo aquelles, que por
mai robu tos no lhe fazia tanta impre so o mal, que ne ta
primeira avanada tirou a vida a dou, que pela summa fra-
queza lhe no podero resi til'.
Neste mesmo dia endo j de noite portro as canas
margem esquerda, onde ele agoava um pantanal por desem-
bocadura de igual largura e correnteza mi do r.io: e neste
dia com onze hora de caminho se andario nove legoa .
No dia 27 se deu prin ipio ii viagem muito de madru-
gada eguiudo ii parte esquerda; e depois de haver
navegado bora e meia de caminho, e seudo dia j claro se
conheceu ir errado o rumo, e no era aquelLe o rio, por
que a agoa e a correnteza ia ameno , e se dividia em varIaS
braos pela campina. Desandou-se o que e havia cami-
nhado, e se pro eguio parte direita no rumo do sul, e
depois a leste e sue te, que faro. os principae .
Em hum dos braos, em que terminava o rio que se
navegou por equivocao, est situada a alela ele S. Simo,
(1) Queixa, i. ., doena, achaqne.
- 388-
que por tena dista da ele S. Miguel elia e meio de viagem,
e um em cana rio baixo. A sua fundao foi no anno
de 1746 pelo Padre Felippe, de nao Hespanhol, para o
que catequiwu os Indios chamados Causinos, e depois
alguns casaes de Cagece?'s, e MO?'ls, que todos so ha
bitantes desde a margem oriental do Apor at s serras
geraes.
Presentemente he Missionaria desta alda o Padre Ray-
mundo Layns, natural de Navarra, ehaver nella trezentos
Indios de servio. Desta alda ao sitio chamado C01'um-
bidra, de cujo descobrimento adiante se far meno, Ila
vinte dias de viagem por terra abeirando o Apor e atra-
vessando as habitaes dos gentios chamados Ja.guQll'ots,
lIfequens, Gtwta?'s, e os j nomeados Cagece'I'Bs, e Jlf01'~S,
e na converso de alguns destes andava de presente tra-
balhando o mesmo Missionaria Raymnndo Layns pe soal-
mente.
Nos ramos referidos se proseguio viagem avistando cam-
pina parte direita, por onde desagoavo bcas de granele-
lagos, e depois de se passar Imma pequena Ilha fazia o rio
trez braos, hum que se encaminha a le te, e era o ca-
minho, outro a sul, que se no sabia averigllar se era resulta
de algum grande lago, ou canal do mesmo rio, que desem-
bocava naCLuelle lucrar, e o terceiro ele menor poro
de agoa que se inclinava ao sul, porm navegando-se ii
parte esquerda a hum quarto de hora de caminho se acllou
que o rio pela mesma margem direita se introduzia
por dous canaes ao centro, e se assentou que nelle rece-
bendo as agoas da campina lhe dava sahida pelas duas bca'
antecedentes, fazendo IlUma grande Ilha em meio da com-
municao destas agoas.
Com pouco mais de meia legoa de distancia do lugar
mencionado ee achou parte esquerda o melhor sitio para
povoao que at quelle lugar se havia encontrado de
pois do de Santa lloza, lJorque era uma campina de boa
disposio para fazendas de gado; e della se passou a
huma terra firme alta de arvoredo mui frondoso, no s
boa para retiro elos gados em occasies de grandes cheias,
mas tambem para nella se fazerem as lavouras necessa-
rias para sustento dos habitantes; accrescendo esta boa
disposio de terreno huma particular alegria dos are., qne
fazia todo aquelle districto mui aprazivel.
- 389-
Fronteiro a esta campina, donde j e encobria com os
matos, portro a canas com eis horas de caminho, em
que se andano CJuatro legoas.
A28 e ultimo ele Fevereiro e proseguio viagem no rumo
de le sue te por entre hnma Ilha pequena e a terra firme da
parte direita, que era ribanceil'a alta, e com bom terreno
para povoao e lavoura, e aqui estreitou o rio mai elo 01'-
dinario, e logo nos rumo de leste e ue te alaraou em hum
pequeno e tirITo, em que havia !lua ele baslante compri-
mento chegada margem esquerda, continuando pela direi-
la a mesma terra alta, que finalizou em mais de meia legoa
ele di tancia.
SelTuio-se logo huma Ilha parte direita, e acahada se
achou outra esquerda, onde elesagoa,'a hum ~angradouro,
que dahi a hum quarto de legoa ce lhe achou a embocadura,
e rnai acima parte direita hum grande lago qne desagoava
no rumo de sudoeste, e contilluando a direita no de le te
mll voltas que no pas avo do sul, se de cobriro campinas
ii parte direita, defronte ela quaes em [mma I1ha chegada
margem e querda portaro as canas com eis hora de ca-
minho, em que e andario quatro leaoa .
Fazio- e e ta marcha mai diminuta em razo de e
acllarem o Indio com a oppre o da doena mui attenua-
do , e como a maior parte delle convale cio com o trabalho
do I'emo, ao mesmo passo que calJio antro enfermos,
em preciso moderar o trabalho para no encalhar (le todo
a navegao, que ~o ii fora de bra os se havia de con-
cluil'.
~o prin ipio de i\far.o s prosegllio viagem no rumo de
le te, les ue t , e sul, e logo e seguia huma ,olta para
le te, que passou huma 4" ao nort , e n ta qualidade de
voltas buma sobre outras, em que mui pou a e augmen-
l~va q caminho do rumo, qu era lessu st , fazia o rio a sua
dIreco. .
No fim de quatro volta, que se navegro com os referi-
do rumo., principiou caminho de sue te blilll mui dilatado
e tiro, e indo a concluil so a hou o sitio hamado da
Ped?'as, por vir finalizar naquellelugar buma ponlade erra,
qne do centro oriental busca o rio, no qual forma dLl:l n-
eada , cujas pontas se rema to em penedos grandes, em
que 1avia hum de traz faces que se le,'antava ele huma como
base, e sobre ella formava figura quasi p ramidal; que, sendo
- 39~-
I
huma casa a modo de amphiteatro, e por ella appellidro
aquelle sitio o da Casa Redonda.
(I) Vide supra a nota (3) pago 282. ,
{
- 398 -
o Conde de Nassau (1), tanto que teve aviso dos bons suc-
ce sos conseguidos em Angola, e S. Tbom, despedio outra
armada qu con Lava de 18 navio (2) s ordens de Joo Cor-
neIes (3), que levava neUa dou mil infantes, a interprender
a cidade ele S. Luiz, da ilha do Maranho.
Cbegou e La armada vi ta da cidade a 24 de O1'embro
(164'l). A ilha do Maranbo llca na co ta do Brazil; corre
para o C ar de oe te a lo Le, e para o Par a oesnor0este
em dous grilos e meyo da banda do sul: tem 12 leguas
de comprido, e cinco de largo, e em alguma partes eis;
fica em huma grande babia que alli faz a terra firme, de
que di ta duas legu3s da parte do le Le, e do oeste trez, e
por buma e outra entro naYios: pela parte do uI a divide
da terra firme hum rio(4), que ter de largura hum tiro de
arcabuz.
O Francezes a descobriro (5) e senl1orero at o anno de
'16t4., que Jel'onimo de Albuquerque os lanou della, go-
yernando o Brazil Ga par de Souza: a ilha no dava mais
que tabaco e mandioca; na terra firme havia engenhos de
a sucar, boje e tem d coberto outras drogas quasi to
precio as como a da India.
Governava a ilha Bento Maciel ])arente; reconheceu a
armada, e vendo que era ele HoUanda a mandou salvar,
por Ler re 8bido ordem d'El-Rey para no tratar como ini-
(1) Conde de Nassat~. O texto diz N{(~au: refere-se ao Conde Joo
lauricio, Governanor gerul do Brazil Hollandez. He o verdadeiro fun-
dador da cidade do Recife.
(2) etscher na. sua obra - Os Hollandezes no Bl:azil-diz que os
Ila\'ios ero quatorze.
(3) Joo Cm'neles. Refere-se ao almirante Lichthaldt. O seu nome,
segundo Jetscber, era Jan COl'?telis;;oon Lichthaldt.
(4.) lie 0 rio Mosquito. Melhor fOra denominul-o estreito.
(5) He equivoco, seno erro do author. A ilha de ha muito Cra les-
coberta pelos Portugnezes.
- 4,22 -
(1) Berrdo, nos Artna~s n. 413, substitue estes Jesutas por outros que
viero depois, Lopo do outo e Benedicto Amod i. para logo mais esqne-
cer'stl destes nos acontecimentos da lutA.Hoilandeza em qlle tanto ti!(urn-
To. Sabendose hoje do caracter desleal deste escriptor.essa troca de no-
J)les,e o sin~lllur ilencio em pontos to imporlantes, no se podem repu~ar
casune , e aevidos ao descuido. Viole Timon tom. 2 nota F no appendlce
pa IY 409.
(~) Os Jesuita tinho umrt alda principal que chamavio de doutril~a,
]Jara onde era conduzida aju\'entude indigena, e in trnida. Ero os lU-
dl~enas, ahi preparados, l)restimosos A.llxilial'e de catheqnese.
13) Vide no tom. 1 dest,\s .II emol'ias a pago 70 e 71. Ue um documento
muito honroso aos Jesuitas.
(4) A obra impol Lanta (lue escrevo este apuchiub.o intitula- e-His-
tOl1'e ele la J[iss'ion des Peres'Capucins en l'isle de. MaIagnan. et lerl"es
CI?'CO'/1voisi'/les, etc.
O que este Capuchinho diz, no fim do cap. ,13 de sua obra resp~ito do
nome de S. Luiz imposto ao e "tabelecimento Francez no Maranhao, he
confirmado por Diogo de Campos na sua-Jon~ada do 111 a7anho. a
Pago 247 destas .lIlImodas, por Berrdo e o Padre Jose de MOlaes.
- 436-
fidalgos Portugueze ) fizera aquelle descobrimento (1), e
dra o nome cidade de S. Luiz, na Ilha do Maranho (2).
Dos Tratados porm com os Iudio., que imprimia o mesmo
padre Claudio (fosse involuntaria incol1ereocia, ou fosse res-
tituio da verdade), se collige, que o Portugueze, a quem
os Indios cllamavo Perz (3), faro os que os descobriro e
dominro.
1 n. Ultimamente mandou pelos annos de 1701 o Senl10r
Rey D. Pedro II, ao Conde da Ericeira D. Francisco Xavier
de :iUenezes, que fizesse o Manifesto do nosso direito quella
conquista: elle o executou com siogular erudio e felici-
dade; porque achou no precioso lhe ouro da sua copio a
livraria as cesses origioaes dos Tratado da Fmna Equi-
nocial ou Caena (4), feitos pelo Cardeal Richelieu no tempo
Del-Rey Francisco I (t:), sendo Embaixador em Pari Del-Rey
D. Joo III de Portugal {6) D. Francisco de xoronha, Coode
de Linhares.
Daquelles Tratados resultou o Tratado Provisional, que
naquella Crte se fez. Alm disto no Tratado de Utrecbt do
anno de 17'13 fez desistenca a Frana dos taes pr tendidos
direitos: negocio importante, a que contribuiro com grande
zelo ela verdade e da patria, o Conde de Tarouca D. Luiz da
Cunba, Embaixadore e Plenipotenciarios naquelle Con-
gresso, e o Conde da Ribeira D. Luiz Manoel da Camara, que
o era na Cr.te de Paris; todos trez 'Ministro de grande up-
posio, e intelligeocia. Devemos e ta notic.ia ao Conde que
quiz com o muito que tinia visto, elevar o' no o olhos,
aonde no podo cbegar.
174. Contra os Hollandezes foi igual a gloria, e os instru-
mentos os mesmos. No anoo de 1M2, quando j Portugal
respirava em liberdade, tinha ainda occupada a cidade de
S. Luiz aquella Nao, com cujo trato vivio pouco catboli-
(1) Descobrimento. Com qURnto pago 11 nota (I) sllstentassemos
doutrinas contrarias prioridade de Luiz de Mello na de coberta do Ma
ranlJo. e-tamo hoje persuadidos do contrario, no obstante o qne diz
JaboRto na sua obra-Orbe Se"aphico.
(2) Vide supra nota (5), a pag,437, e o Padre Jos de Mo me no tom.1
destas JIl emo?-jas. a pago 52.
(3) Pel-z. Vide supra pago 11.
(4) F?'ana Equinocial ou Caena. O I rimeLro estabelecimento :Francez
Dessa ilha data de 1626, no reinado de LlIiz XIII.
(5) Equivoco. Que importa a differena de um scculo. Bic1Jelieu servio
C0m Luiz XIIl, muito depoi~ de Francisco 1.
(6) Olll,ro eqnivoco. O Principe qLte reinava em Portugal era D. PLi
lippe II, mas III da Hespanha.
- 437-
cameote o moradores. Crescia com isto a dilJiculdade de
vir aquella praa a obediencia Del-Rey ; e lavrando como
contagio o mdo, j no Par havia parecere para aceitarem
lambem a sujeio de Hollanda. Estimulavo e te golpes o
animo ao valor (que pMe nos Portuguezes dissimlar- e,
nunca extinguir-se); e o paelreLopo do Couto (i), ela Compa-
nhia de Jesus, ugeito de alto corao e em quem ardia com
o zeln da F o genero o ele nobre, determinou alentar O' es-
pirito supprimiclos, efazer dar huma volta roda ela fortuna.
175. Era de mUlta authoridade para com o Portuguezes,
e Indio , e communicando pe soas de mayor confiana os
pen amento , com que lidava de acodirem o t-yrannico jugo
do UolJandeze , declarou-lhe a traa e indu tria, que para
Lso tinba. Faltava pes oa a quem competL,e cr Capito
de ta empreza; porque o Governador do Estado, qoe ento
era Bento Maciel Parente, fra manda 10 preso para Pernam-
buco pelos me mos llollandeze , quando usurpro aquella
conquista (-z). No ga,tou porm muito tempo em buscar outro,
qu !TI tinha tudo em si me mo. Seu sobrinho Antonio Moniz
l3arreiros, que tinba 'ido Capito-mr do Maranho, e em
cujo peito vivia a fitleUdade, e o valor, foi a quem per uadio
o animo o tio que toma e oa conta coroar o pa sados
merecimento om fq o to illustre.
176. Aceitou o e for.ado ntonio Moniz, em quem os e -
pirito de leal l'ortuguez ,ivio occulto ~im, ma no que-
brado j e como no podia sem temeridade intentar- e a
empreza m o occorro dos Jndios, cuja aldas e tavo
obedien ia dos inimigo, falloLl com cautelQ o egredo ao
principal dos Indio Joacaba Jlitagay, Henrique de Alb'Ur
gU6?'qtte,e outro experimentados, evalentes (3):exhortou-os
a que qn izes em tomar a armas, e sacodir to tyranno
jugo; porque elle lhes prometta fazer com o Serenssimo
Rey D. Joo IV, eu leatimo Re) e Senhor, lhes manda e
(1) Lopo do ou-to. o que assegura o texto e t de harmonia com o que
~uslent~ o padre Jos de {oraes no tom. lo destas J1[emol'ias.
12) ~rgundo FI'. Domingos Teixeira na Vida de Gomes F"re de An,
dl'ade tom. 20 Jiv. 20 n. 9 , Benlu Maciel Parente acabou a sua vida nas
mos dos Tapuyas (o talvez por elles devorado) no caminho do Cear
pa1'll I)l1de ,eguira, alim de. l'r con en1 ado preso na re pectiva fortaleza.
K t'l vcrsiio p~rece-no mais fundamenlada que a de Ericeira, e de Frei
Manorl l'alado no T't!le}'oso Lucideno pelas difficuldades da navegao
elo j\'I~r::tn1Jo para o sul. Vide supra notlt ,31 pago 423.
13) Nem Ericeira, Il lU Berrdo, e nem o Padre Jos deMQl'aes nomeo
estes MOI'obixabas; osqnccilllt::nto que o texto repara.
- 438-
tantos padres da Companhia de Je us, que pudessem assistir
com elle nas sua alda, en inar e doutrinar seus filhos.
Tanto amor abem aquelle Inclio lbe tem o Padres, que
esta s promessa bastava para os render.
i77. razes do r.apito e eguiro as do zelo a e ani-
moso padre Lopo do Couto; e aceitada pelo Indios a pro-
posta, comeou-se a guerra,e foi correndo j com pro pera,
j com adversos succe o querendo talvez Deo com a de-
moras da ultima victoria, ou castigar ainda peceado , ou
provar, ou refinar nossa con tancia.
He certo que no liouve no Maranho, quem no confes-
sas e, que a re taurao daquelle E tado e devia a dou ge-
nerosos Filhos de Santo Ignacio, industria do padre Lopo
do Couto, e s oraes e penitencia do pa<1re Benedicto Amo
dey (I), conhecido e venerado por santo. E teVaro Divino
abrandou e dobrou o Co, antevia com prophetico e pirito o
fim do uccesso, e oos casos mais desesperado da guerra,
prometteo ela parte do Deos das victorias, assim aos Indio ,
como aos Portuguezes, a felicitlade e trinmfo com que viero
a ser vencidos os Hereges, e thlmular obre na bandei-
ras as de Portugal.
Do padre Lopo do Couto diremo" por ultimo prerro do
seu zelo, que ao ver, que em certo dia se pudra tomar a Ci-
dade aos inimigos, e lJor menos advertencia de . eu obrinho
se no tomou, contrahio de puro entimento, huma doena
cuja violencia com grande magoa de todos, lhe tirou a vida.
178. Este faro o in trumento glorio os, que Deo
tomou para se restituir Cora aquelle Estado: e e isto ca
lro os Historiadores (2), deixou-o em memoria n'umn ceI'
tido jUl'ada o Capito-mr Antonio Teixeira de JTe1l9 (3), que
por morte do yalero"o Antonio Ioniz Barreiros tomou o go-
verno da armas; podendo o lmlo daquelle com o pe o da
guerra, na cendonos de te a dita da vi toda.
(1) Beneicto 1Jmodey. o companheiro de Lopo do Couto esquecido
por Ericeira e Berrdo.
(:a) Silencio desleal, inspirado pela inveja e rivalidade. _
(3) Vide no tom. 10 destas Memorias a pag.1 f) e 18~ a integra cip lao
honrosos documentos, que oxpril1liuclo a verdade, vencero por fim a
inju8tia com que so calados servios de ta(lta l'e]evancia.
DOCUMEl TOS EXTRAHIDOS
DA
COLLECO HOLLANDEZA
~IAN SCRIPTA DO I 'STITUTO mSTORICO
ordem, do Major Ern 'L van Breemen (1), [ne depoi comman,
dou 110 Mar::tnbiio,ell fui mandarIa para o Tapicaruno (2) onde
havio ~eis Engenh " ::1 de Pl'opl'ieebde do Portl1g11ezes, e alli
estive de guarnio durante sei meze em um forte, con
truido de pedra e barro, chamado ATonte Calvaria.
Em consequencia de uma ordem do eon.elheiro Politico
Ba e do Major Erne t van Breeme;" a mr parte dos meu
homen , as im como mnilo.. olda los vindo de S. f.uiz
(Saint Lhu-ys) , faro mandado em de tacamento no En
genho , por causa dilia-~e, da falta de vivere Em cada
Engenbo havia 20 homen , mas somente dez homens em um
Engenho d'acrua, e isto sob a prome ~a de que a~ de peza
serio pagas pela Companhia, e que por con eguinLe era in
dispen a'e1 fazer um 3 ento exacto.
Ne e Lempo, qua~i trez meze , de ele odia em qne o no .o
homen Linilo sido apresentaClo ne e Engenhos, cltegl'a
nm barco do Brazl ao Jaranbo, com carta annunciando
que nma conveniio havia sido celebrada entre Sua l\Iagestarle
o Rey de Portng::tl, D. Joo IV, e Sua::- Alta Polenci'l~ o Se
nbMes E 'LaClo~-Gerae, e que, em on. cqnen ia de ta con
veno, e ta!Jelecell-se nm treglla, entre uma e outra pal'te.
li: ta tregua havia tambem sido lnnlln iada toq'le de
caixa na cirhde de S. Lui7. do Maranhfio, e pnblit:3d \ em
toelos os luglI'e~. Eu Qz ignalmente annnnciar e publicaI'
a mesma tregua no meu di triclo, por m ia ela artil.lt r'a e
salvas de mosqllet::lria.
O Tratado de Paz qne . egnio se eJa tregna, e que foi ~a
me, ma sorte pnblicado, foi dn no ,a pane religio,nmenle
oh. erv,ldo, sem que a menol' infra o. a men"r ho,tiliriade
. e IInj'l exercido contra o Portnguez~. Milito pelo con
traria, se um official ou um soldaria ousnva na menor cOllsa
oITender um habitante do p"'iz, irnmerIial;:}mente pas.3vn por
um conselho de guerra, e pnnido imme,liatamonle couforme
a na Iaroza rio dei icto.
Mas os Portllgueze.; dero logo a proya, CI que tinhio
cooeebirlo n esperan,;1 qne de por m'io do sell Rey se L'1rn'll'i io
promptamente enhores do paiz, ainf'a qne, conforme o q'le
se 3bia desrle a pnblicailo (\:1 paz, n:)i1a e havia lentauu a
semelhante respeIto da parte de Portugal.
(1) E,'nst van B)'eemen, Seria e,le o pnrente de NegentlJu?
(2) Tapical'wno, i. ., Itapncnr.
- 4:'>1 -
(Em bl1ixo e::t escl'ipto) colla :'io feita com o original: c ta cpia se
acholl c"OfOI'III P CO.II o I'elatol'io depo iLi\do a [ui uu;; Rl'chivos do esla
belecimento da liOllllJauhia.
SERRA DE IJ3IAPABA
PELO
COMPANHIA DE rES S,
I.
Primeiros Mi~sionarios da Companhia de Jesus que do Brazil passaro
101' terra ao Maranho; ellS trabalhos. Morre ua empreza o veDe-
\';l,eI padre Franci co Pinto, e outro (I l.
II.
jogo os 'fobajars a m.nte do seu pa tor. Entro os llollanclezes em
Pernambuco; reduzem a seu partido os Indios, que com e ta commu-
nicao se corrompem mais nos seus costumes.ua barbaridade.
IV.
Ohega segunda vez o padre Antonio Vieira ao Maranho, e o gove' ad,{)r
Andr Vidal de Negreiro!? intenLa uma fortaleza na boca do rio Oamuci,
emprezfl qlle dependia da vontade dos habitadores ria serra. Escreve-lhes
o padre Antonio Vieira. Succ 'sso dtl resposta da sumaca,que com mate-
rifleS e soldados partio a leyantar a fortaleza.
v.
Navegao desde o Maranho ao Cear difficultosissima. Arriba a 9umaca.
Parte o padreAntnio Vieira, e intenta a despeito dos mares irBabia
a buscar Missionarios. Demoras que tem, e como encontra os Indio
com a resposta de sua carta, e volto todos para o Maranho.
VI.
Partem Misso da sena de Ibiapba o Padre Antonio Ribeiro, e o Padre
P"ldro de Pedl'oza. Difficuldades, perigos, e trabalhos que pa so estes
apo~tolicos Missionario . Favores do Oo clue experimento autes de
cllegar a Ibiapba,
Tal era a sua pericia em nata-:> que excedio aos Goitacazes, e ero
por isso nppellidaclos-Peixes l'acionaes.
(1) Tatug'LLa Pare,'e qlle he o mesmo de qne se tTaLa pago 215
destas Jlem01'ias, comqlll1uto este figure (lomo Pl'incipal ou M01"ubi-
xba de U1l1a das aldl1 da ilha.
(2) Vide. npra nota (1) pago 464.
(;)) O mOl'ubixabu Tatuguass.
'J.70
Vil.
Rios caudalosos que se Dtravesso n~sta jornada. Risco da ca.na em que
ia c. Padre Antonio Ribeiro. Livro- e milllgro~amenle bego esle
Mis ionarios desejada selTa ne Ibiapba. .
vrn.
Descripo do sitio da serra de Ibiapba: sua difficultosa subida, sua
nltUI'R, que excede s nuvens: condio de Beus moradores: a chegados
a alia os Missionarios, quanto obro.
L1..
Impedimento que pe o Demonio f: meios de que usa: desacerlo de
um Capito Porluguez : perigo da fortaleza do Ceara.
XllL
Estado pernicioso dos Ind.ios da serl'Q: suas ignurancia, herezias, e
trato com o flernonio.
XIV.
Fructo que se colheu neste esteril campo; provei los tempomos, que re-
sultaram destas duas Misses: succes o exlrl\Ordnl1.l'io, () castigo de
Deos em alguns lndios.
lI) D. Pedro de ,\1 ello. S'Jgundo Ben,lo, nos Annaes u. 10 3, este Go-
Vlll'nador tomou poso e do govern do Maranho em 16 de Junho de 1658.
(2) li'ol'le de Cam~~cy. Niio sa hemos com exactido a epoclm pi e<:isa
arn qlle se con.tl'Llio sle rorte. mas pal'ece que pouco se bana feilo na
admitd3tl'ao deste Guve1'l1adul'. vi~lo que pola U. R. dirigida ao Gover-
nadol'uo Mnl'Rldlo Artbur de S. e Menezes em 26de Novembl'o de 1687,
se lhe recommenrlnva o bom tl'Rtomenlo dos Jndios Tel'emembs, que
el'o vi -lohos, e se exigia conl<1 do eslaJo, em flue se achavo a fOl'tl\-
~Z!L:S Hlandadas fabricar no Gear.
- 1..96 -
Escrve padre Alltollio Vieira aos de Ibiapba: respondem os Indios,
e mando visitar o novo governador do E tado D. Pedru de Mello, e
!to Superior das Misse" o padre Antonio VieirA: toma tndo melhor
frma, e o procnra arruinar o Demonio
XVII.
Parte o padre Antonio Vieira para a Serra: valor com que emprebende o
caminho por terra com os mai companheiros; gasto vinte eum dias':
chego descalos, e com os ps em chagas: trata da l"eformao da
christandade: acaba com os Iudios cousas que parecio impo siveis.
P. FERNAo GUERREIRO
DA
~lES~L\ CO~IPANIHA
CAPITULO r.
Da Provincia elo Brazil, do numero de casas, e pessas da Companhia
que nellas ha.
(1) o l'ad,'e Provincial. Parece que occupava ento esse lugar o Padre
Pedro Rodrigues, qUG falleco em Pernambuco exercendo o cargo em
1628.
- i2-
Petig,uares, que os sentiro, se comearo logo a mutinar (1),
confirmando-se mais DO que antes imaginavo, que os querio
os Portuguezes cativar, pelo que logo se puzero em
ordem de peleja, para defenderem suas vidas, e liberdade.
Tomou-se conselho no caso, ajuntando-se os do gover-
no da cidade, duas vezes naquella noite, e em ambos sahio
que fossem havido por levantados, e rebeldes, e como taes se
desse nelles, e isso por quererem os pobres Brasis defender
sua liberdade, e tendo Sua Magestade passado tantas Pro-
vises, que no posso ser cativos.
O Capito-.mr porm, como prudente e bom christo,
uzando de melhor consell:lO, e entendendo os grande male ,
que daqui se podio seguir, buscou o mais seguro reme-
dia para semelhantes perigos, que posto que de todos 11e
conhecido, a cubia porm de muitos, faz que no eja
seguido.
Este foi, que despachou logo correios, para cada uma
das aldas, e povoaes, onde nQSSOS Padres residio, os
quaes estavo dali legua e meia, com cartas, em que lhes
pedia o viessem a soccorrer naquelle aperto. Cujas pala-'
vras faro estas. Importa ao servio de Deos, e de Sua
Magestade, que v. v. r. r. sem nenhuma dilao, se venho
logo ter comigo com os frecheiros que poderem: e o por-
tador dir de palavra o aperto em que ficam9s. )
Acudiro logo os' Padres com toda a pressa: fallaro ao
Petigua1"es, mostrando-lhes o amor de pais, que lhes tem, e
pde isto tanto com elles que no houve mistr mais fora,
nem palavras, para se aquietarem, dizendo todos que sem
nenhuma resi tencia fario o que os Padres lhes di se sem:
fiGaro o Capito, e os mais, maravilhado.
Mas pretendendo depois o mesmo Capito-mr levar uma
boa parte dos principaes para cidade, para que assi a
elles como aos mais tivessem seguros, e procurando
trazeI-os a isso por uma pratica de um Portuguez lngua,
elles lhe respondero allegando suas razes, que no convi-
nha desampararem os seus, porque entendio o fim que
nisto se pretendia.
Por onde o Capito no teve outl'O remedia, que tornar-
se a valer dos Padres, os quaes vin'do, lhes fez um delles uma
falia diante do mesmo Capito, e Portuguezes, persuadindo-os
(1) llfutinal', i. e., amotinar.
- {3 -
(1) Seus filhos e seu irmo. Serio o Jagualaly. e s'eus sobrinhoS Poty
(Oamaro) e Jaaaund.? He sifuples clije'ctUl' noss'a, posto que o termo
{l'onte1'o parea contradisla.
64
- 522-
(1) Aldea dos Reys Magos. Esta alda he a que boje se chlma A.lt!a
'/)elha, legua e mela ao norte de Almeida, na Provincia f.o Espll'!t(\
Santo.
- 527
lndios seu "izinbos que se chamavo os Apidpetangas (t), e
travando entre si batalha, mataro muitos e captivro outros
dos do dito Iaguardba, pelo que se tornou outra vez a re-
colher para a sua alda com alguns que lhe ficro, e clle
mal ferido.
Ouvindo i to fanoel Mascarenhas e os demais, deter-
minaro iI' fazer pazes com aquelles Gentios, como fra
com sua gente; e encontrando com elles dalli a uma legoa,
como os outros estavo soberbo por ter muita gente, e entre
elle muito esc.ravo que do mar tinbo fugido, e tambem
pela victoria pa~sada, quizel';',o mais guerra que paz; pelo
que travaro entre -si uma grande escaramua, da qual Ma-
noel Iascal'enbas ficou com uma frechada por junto do co-
rao, da qual morreu dahi a eis dias. Comtudo, acabada a
briga, e currendo recados de parte a parte, viero a fazer
pazes, po to que da parte do contrarios foro fingidas, por-
que deixando elles entrar o nossos n~ alda, dando-Ibes pa-
lavra que tomario dahi a dou dias, se foro para outra
parte, e nunca mai tornro.
Tomaro os nos os ao ferido em uma rede, e e foro com
elte para a alda de lagua?'aba, ma no caminbo acabou sua
vida com mo tra de bom I1risto, prgando a todos que
fossem bon ,e que no de ampara em a igreja nem os Pa-
dre , dizendo-lhes e las palaYl'as: Vim buscar a morte por
(l
(1) Refere-se aos que tinho vindo do Rio Grande do Jorte e foro alli
aldeados. e de que j acima tratamos. Parece que o sell aldeamento foi
no local chamado hoje Ol:ivena.
(2) Os Tamoyos tambem se distinguio pela grandeza de seus arcos.
Vide Jaboato-Orbe Seraphico tom. 1 digo 1 ~st. 7.
- 4.0 -
Acudiro logo os Padres com farinha e mantimentos, faca,
machados e outra ferramentas que repartiro entre eUes,
e quando chegaro onde o outros estavo era muito para
ver o grande prazer que lhes mostravo, e com que o
abraavo por debaixo dos brao , e o mesmo fazio ao Ca-
pito e mais brancos que com elles io, como se houvera
muito tempo que o conhecio e tratavo.
E, tanto se vo domesticanflo,e mettenclo na conver. 3o com
osPaelres,quenunca nossa casa est sem elle , porque nnncafa-
zem seno irem uns e virem outro ,no que tudo emo tra bem
o brao poderoso de Deos, que em to breve tempo, deto fro
lobos, est fazendo to mansos cordeiro.
E assim esperamo na sua mi ericordia que o mesmo suc-
ceder a todos o outros que ando ainda pelos matos, que o
innumeraveis; e tem j o Padres feito dua alclas delles, uma
de mil e duzentas alma, e outra de qllatrocenta , e mandado
muitos para o Co, dos innocentes e adultos que bapt.izo no
artigo da morte.
D ..l .S COUSAS DO BR.t.zIL
1606 E 1.607
CAPITULO I
No viero ne tes proximos annos ('I ),de ta Provincia, ca1'tas
gm'aes donde possamos tirar materia para referirmos as
cousas do servio de Deos, converso daquelle Gentio, que
nosso Senhor obrou pelos Padres que nella residem.
1\las, de algumas cartas particulares que nos viero mo,
entendemos dever extrab.ir algumas cousas de muita edifica-
o, e dignas de se referirem, por serem uma mui principal
parte dos grandes trabalb.o que os nossos nella padecem por
ajl1daraquelle Gentio, que he o das lHisse e jornadas que
fazem para os ir buscar aos matos onele vivem, e ajl1ntal-o
como ovelb.as de encaminb.adas, para as trazerem ao curral,
erebanho ela santa Igreja.
(1) Extl'ahido do livro '1, da Relaco anntGal d",s cousas qtu~ (i,:;ei'o
os Padres da Companhia dg Jesus nas pm'les da Ind'ia O"iental, e em
algumas outras da Conqui~ta d!stJ ll.!ino no CGnno de 16')6 e 1 i07 e do
l)?'ocesso da ronverso e Chl-istandade daqttellas partes. Til'aeta dets
cal'las dos mesmO$ Padj-es que ele lei viero, pelo padl'e Fe;'no (;LW)'-
1'e~1-0, da Companhia de Jesus, nattwal de AlmoellJva1' de P01-tugal,
LIsboa, 1609, 1 vol, in 80. -
- 541-
Destas Misses se flzero duas nestes prox.imosannos, uma
ao Gentio que se chama Ccwijs ('1), outra aos que se chama
Tap ttyas, e ainda que a concluso della' no trouxe com igo
o fruito de multido e converso ele almas que os Padl'es
pretendio, Lrouxe-o porm muito granele de merecimentos
pelos mnitos grandes trabalho. que nellas palle'ero, como
da relao de cada uma "e ver,
CAPITULO n
Da Mis o dos Cal'ijs,
(1) l!edes. No s/e refere as de pescaI', mas as camas de que fazio liSO.
os Jndl~e~as em todo o litoral do Brilsil.
(2) .vld~ a Pl'ecedent~ nota. Na Tingua geral o ll':lme Cle rcfe corres.
pOlldla a tny e a maq'l.~!1'a. .
\3) Feiticeiros. Referese aos Pag~. .
grande fome, a im por l:ausa de eSlerilicJ;tde como pejo,
medo que tem dos brancos, pelo qual no fazem rLJt;as.
- No tempo ([ue O' branco c vem ao resgate porque acho
,ento a novidade do Yinbo c legulJ?es, parece-lhe. que leUl
e [e~' que com r todo o anno e por ISSO vo l dizer que ha
c muila fartura. Mas yerdade he quc tirando Tl:lquelles
mezes, em i2 do o tempo padecem muita fome, e a~sim a [Ja-
decerr:os ,n~1 1}).1~ quando temo uma raiz de mandioca, <la
aro~snra de um J'alJ..'\o, damo graas a Deos ficando muitas
~eze sem jantar e 05 h. ajs do dia sem eiar.
E cbeaamos a comer .')s favas que tinhamo para emear,
e elo farell~ 'que fica da farnha das bO,stias fazemos mi~a ou
papa ,que no sabem muito bem pozldilS na af7 l1a: e seja Deos
bemdito que de nove meze a esta pa;'te,ql1e lia que partimo'
j
(1) Alago', dos Pato ' Ainda hoje conserva o nome. Palos era o uom e
dos indigeuas que alli habitavo: outra tribu de Garij'os.
- ~50-
(1) uas I:f01a.~. Vide suprr. pago 4-57, e no tom. ] destas JI1em01'ias a
pago 41.
(2) Abal', isto he, Sacerdote, Missionarlo, o Padre por excellencia,cujo
nome por demais conhecido, era famoso entre os indigenas,
(3) Pu na cab.Ja. Era o p:ilt chamado de jt~cd. empregado na guerra
e nas execues.
(4) Cachagens, isto he, centas. Os oss:s abertos no nariz, que do pag-
snge~ ao ar qne respiramos.
- mm'-
Ao Padre, en e te e ti OI1tIO compar1heilo, 11 11 septllturn
ao p daquella serra ('1), e no meio daqnelln Gentilidad;
este foi o fim que teve aqueIl jorll:Hla e Misso, da qual Ueo:
parece que por bora no querill tirar OU(I'I) fl'l1oto 8enito o
de pagar e te Dom Pad're com to glorio.0 fim e premio,
o grande zelo e fervor de e~pidto e de caridaile, com que
a pedio e proseguio, at dar a yjr1:l por en serrio e nhao
das almas que ia buscar.
I'.I.GS.
Ao LEITOII ...................... V
neJao Su,lnmaria clll.~ cousas (lo Maranho, escl'i1Jta pelo Ca-
pito Simo Estacio ela Si/vel1'a'i dirig,:da aos pobres deste ?'eitllJ
de Portngal (frontespicio) . 1
~~~~~~~ ::::::::::::::.... :
3
:.. : :.. ::::::::::.: :::.::. ::: 4
RELAO smmARIA DA CO SAS DO MARA 'no
l. - Demarcao . 5
II. - Primeiros de cobridores . )l
XX. - alubridade do Co . 19
XXI. - Pureza das agoas . 20
XXIi. - Ferlilidade da terra '" .
XXIll. - Po ; " . 21
XXIV. - Vinho . 23
XXV. - Carne . 24
XXVI. - Aves ..................................... 26
XXV1I. - Pescados . li
XXVlTJ. - Mariscos , .
XXIX. - Legumes e horl;l.li.a~ ~ ..
I
II
PAGS.
1. - Noticiaseleestcgroli?io (ii
U. /}escubl'e Fmncisro de Orellanu este lio. . .
m. - ltntm .por este rio el tirano T-ope de A {jnilre. . . . . Q8
IV. - 7n/,en (,an otros este descub?im'iento. . . . . . . . . . . . . . ))
V. - Lntentct Benito llIaciel este descubrirniento....... 69
VI. - Mand-M-le a F?'ancisco Collo qne haga esta ell-
t7"ada . .. , .... , .......................... iO
TI. ..,- Nav8gan este no dos Religiosos legos de S. Franc." li
Vrll. - Llegan los dos Religiosos ai Mam/lon. . . . . . . . . . . 'iI
.L' . - Es no~TI,brod,o pal'/a conqnista Pedro Texeil?'a.,. 'i2
X. - COTn'iel(t. Slt. viaje Ped?'o TexeYl"G.. , .
~1. - Adela'lltct-sc -el Cm'onel Benito Rodriguez . ; .-, .. , 7R
.tn. - De.1Ja el Capital/o el. exercito en los Encabelladas... '74
XJU. - Llega el CalJ1:lan ll'Iayo'r a Q1tito. . . . . . . . . . . . . . ))
XlV. - Resolttcinn dei Virrcy dei Peni. . . . . . . . . . . . . . . . . 'i~
XV. - Bl general D. Juan deA cu?ia, se orrece a ln
jOl"JI(J,dfl, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 'i6
XVI. - 1Vomb?'o la Rea.l Altdiencia ai padre C/wis/.oval de
AcU'l1a p01"a esta J O'l"'/Ulda . . . . . . . . . .
XVII. - Salen los Padres de Qtuto.................... 7r;
XVIII. - m 7'io de lct.~ 11 1llatonas es el rnuyor dei Qjbe. . . . .. '78
XIX. - Nacimiento dei 7"":0 (le las Amozonas. . . . . . . . . . . '79
XX. - S7t curso, lalttud, y longitud.o' ,.. 1
XXI. E.~I'rech'Ura~ y rondo del rio.................. )1
I.
lI.
II r.
flamnos que recebe Pernambuco, e 'ua dilaLada campanha da
r:onfederao dos Indios com os Hollandezes. EsLrago espiritual
do'!ndio' da srna de IbiapalJa com a 'ompallllia do qu para
l s' reLI rillo I . . . . . . . -tG1
VI
P.\.GS.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
IX.
\1.
Xli.
XllI .
XlV.
Fructo que se colbel1 ne te esteril campo: proveitos lemporae
ql1e resultaro desta duas Misses: surcesso extraordinal'io,
e Ca 'li~o d n os em alf.:uns Indios.. 4
XV .
XVI.
X-VIJ.
Parll' o adre Antonio Vieira para a erra: v~lor com que .em-
JlI ehende o caminho por lerra com o mais companhell'os:
~;l 1;10 vinte c nm dias: chego de calos, e com os ps em
II'"
'1111
I'A S.
"I'3;ia:: 11';lta .Ia reforma1io da Chri tandaur: aralJ'l com O" [0-
dias 'ou'a que parecio impossveis .. ',A' , . , 4.9.:J
1<. Xl'erplos da oura: -1l p lar:io amt'ual elos Pad1e. da Companhi(f,
,/~ Jesus. pelo padre Fqrn~o Guerreiro, da mesma Companhia. :'502
DAS COUSAS DO BRASIL (1602 e 1603).
CAP. l.-Da Pl'Ovincia do Brasil, do numero de casa, e pe oa
a Companhia que nel1a ha , , . 502
CAP. J[.~Oo respeito, e' sujeu;o grande que os 111'asis tem ao
I'ad,'e , e do muito que os Padres, que com eHes trato, ajudo
ao bslado temporaL .. , , . 50li
(;,11'. JII.-no frllcto em geral queos nossos fasem ne ta Provincia,
c de algumas i\1 isses que fisero no Serto ,, . 513
CAP. IV.-De fl1gumas outras sahidas que ftzero os Padres fi va-
rias parles elo Brasil. ,.' , ' , .. , 519
CAP. "Y,-DtJ uma Mi fio que o padre Domingo Garcia fez fazer
ao Serto, por alguns naluraes da ter"a da alela dos Reys Magos,
da Capitania do Esprito Santo , ,., . 52<'
CAP. VI.-Da na,o dos Gaymures e damnos que esta gente tem
feito no Brasil: paze que com elles se fisero na Comarca da
Bahia e_Capitania dos UMas. " , , , . 530
DAS COU AS no lI11ASIL (1606 e 160'7).
CAI', l.- , 540
r.Ar. II.-Da Misso dos Carijs ' ,' 5.J.l
CII'. m.-Oa Misso qne nsero o padre Francisco Pinto, e o
padre Lniz Fil!ueira ao Rio de Maranho , 551