A Guerra Ao Crime e Os Crimes Da Guerra - (2017) - Rosivaldo Toscano Junior
A Guerra Ao Crime e Os Crimes Da Guerra - (2017) - Rosivaldo Toscano Junior
A Guerra Ao Crime e Os Crimes Da Guerra - (2017) - Rosivaldo Toscano Junior
A GUERRA
AO CRIME
E OS CRIMES
DA GUERRA
DIREITOS HUMANOS E SISTEMA DE
JUSTIA CRIMINAL PERIFRICOS
CONSELHO EDITORIAL:
Aldacy Rachid Coutinho (UFPR) Alexandre Morais da Rosa (UFSC e UNIVALI)
Aline Gostinski (UFSC) Andr Karam Trindade (IMED-RS)
Antnio Gavazzoni (UNOESC) Augusto Jobim do Amaral (PUCRS)
Aury Lopes Jr. (PUCRS) Claudio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva (ESMESC)
Eduardo Lamy (UFSC) Jacinto Nelson de Miranda Coutinho (UFPR)
Juan Carlos Vezzulla (IMAP-PT) Juarez Tavares (UERJ)
Julio Cesar Marcelino Jr. (UNISUL) Luis Carlos Cancellier de Olivo (UFSC)
Marco Aurlio Marrafon (UERJ) Mrcio Staffen (IMED-RS)
Orlando Celso da Silva Neto (UFSC) Paulo Marcio Cruz (UNIVALI)
Rubens R. R. Casara (IBMEC-RJ) Rui Cunha Martins (Coimbra-PT)
Srgio Ricardo Fernandes de Aquino (IMED) Thiago M. Minag (UNESA/RJ)
S238g
Formato: ebook
Modo de acesso: world wide web
Inclui bibliografia e ndice
ISBN: 9788594770608 (recurso eletrnico)
30/03/2017
proibida a reproduo31/03/2017
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ou editoriais.
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busca e apreenso e indenizaes diversas (Lei n9.610/98).
Todos os direitos desta edio reservados Emprio do Direito Editora.
A GUERRA AO CRIME E OS
CRIMES DA GUERRA:
DIREITOS HUMANOS E SISTEMA DE JUSTIA
CRIMINAL PERIFRICOS
2 Edio
revisada e ampliada
A Giovanna e Sofia, e a Vitor, Natlia,
Giovanni Neto, Mariah e Lara.
AGRADECIMENTOS
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AGRADECIMENTOS
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AGRADECIMENTOS
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O poema uma bola de cristal.
Se apenas enxergares nele o teu nariz, no culpes o mgico.
Mario Quintana.
NOTA SEGUNDA EDIO
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APRESENTAO
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APRESENTAO
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APRESENTAO
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APRESENTAO
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APRESENTAO
Notas
1 GENTILI, Anna Maria. O leo e o caador: uma histria da frica subsaariana dos sculos
XIX e XX. Maputo (Moambique): Arquivo Histrico, 1999, p. 7. Logo na abertura dessa obra,
a autora aponta que o famoso escritor nigeriano, com essa sugestiva metfora, lembra-nos que
a histria da frica subsaariana foi quase sempre interpretada a partir dos feitos da penetrao,
da conquista e das exigncias colonizadoras das potncias europeias. O contexto da citao no
apenas se coaduna com a situao da Amrica Latina e dos povos, mas tambm que esclarece
as funes de controle e dominao que a cultura jurdica do colonizador cumpriu naquela (e na
nossa) regio. Como temos defendido em outros trabalhos, o direito das potncias imperiais se
tornou instrumento da dominao e da institucionalizao por cima do controle social. Ver:
FEITOSA, Enoque. O discurso jurdico como justificao: uma anlise marxista do direito a
partir das relaes entre verdade e interpretao. Recife: EDUFPE, 2008, passim.
2 Dussel lembra, com propriedade, que a alienao mundial, que a teoria da dependncia
descobriu, duplica-se no plano nacional-perifrico por uma dominao e dependncia
geopoltica interna. DUSSEL, Enrique. Filosofa de la liberacin. Mxico: Edicol, 1977,
seccin 4.4.6.2, p. 154-155
3 Em especial a alentada Nota aos leitores brasileiros sob o ttulo Rumo a uma ditadura sobre
os pobres?. Ver: WACQUANT, Loc. As prises da misria. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
4 Notadamente na discusso acerca da criminalizao da misria. Ver: WACQUANT, Loc. Punir
os pobres: a nova gesto da misria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Revan, 2003, p. 19-37.
5 MARX, Karl. La ley sobre los robs de lea. In: Escritos de juventud. Mxico: Fondo de
Cultura, 1987, p. 281-282.
6 MARX, K. O capital (livro III, 2 tomo). So Paulo: Abril, 1983, p. 271
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mos los troncos de trueno y sus palos cortantes con los que nos torturaban
y mataban. Nacimos o para ser libres o entonces, moriramos por la liber-
tad. Hubo una guerra.
En nombre de la bondad, nos hicieron tanto dao. En nombre de
uno de su dios misericordioso, nos opriman. En nombre de la esperanza,
nos sacaron toda la que tenamos. En nombre de la paz, nos obligaron a la
guerra. En nombre de la felicidad, nos trajeron tristeza y dolor. En nombre
del amor, despejaron un odio inexplicable contra nosotros.
Para cada brbaro que matbamos, ellos lograban matar veinte
de nuestros guerreros con sus armas de trueno y sus bastones hechos de
un material duro y cortante. Ellos tomaron nuestra aldea y mataron a los
nins. Los guerreros que sobraron se adentraron en la floresta. Familias
fueron destruidas. La taba fue totalmente devastada. Y el mal prevaleci.
En busca de nuestras riquezas, esos opresores que nos invadieron
se arrastraron como plagas y se impusieron en todos los locales a los que
llegaron, desde el estuario del Amazonas a la Cordilleras de los Andes y
a los reinos Incas, as como a las tierras de los gigantes Tehuelches, que
ellos llamaron Patagonia. Persiguieron a los Mayas y a los Astecas y los
diezmaron, junto con los Js, Tupis, Caets, Guaianases, Potiguaras, Ta-
moios, Timbiras, Tupinambs y Tupiniquis. Todos sucumbieron.
Antes de su ltimo suspiro, cuenta la leyenda, el curaca de nuestra
tribu, ya vencido y mortalmente herido, pregunt a los brbaros:
Qu es todo esto?
A lo que l le respondi:
Es la Modernidad.
El autor.
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NDICE DE ILUSTRAES
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NDICE DE ILUSTRAES
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LISTA DE ABREVIATURAS
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LISTA DE ABREVIATURAS
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SUMRIO
INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
PARTE I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
1 - SISTEMA DE JUSTIA CRIMINAL BRASILEIRO: PANO-
RAMA DA BARBRIE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
1.1 Encarceramento em massa, mas s das massas . . . . . . . . . . . . 59
1.2 A tolerncia zero aqui... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
1.3 Periferias pobres: delimitando as reas do estado de exceo . . . . . 77
1.4 Os sem-voz: os habitantes das reas de exceo . . . . . . . . . . . . 87
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SUMRIO
PARTE II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HU-
MANOS SEGUNDA APROXIMAO . . . . . . . . . . . . . . . 249
1.1 A insuficincia da concepo liberal de Direitos Humanos: uma
crtica descolonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
1.1.1 Liberalismo e escravismo: dois bons amigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258
1.1.2 Liberalismo e genocdio indgena: matar o Outro . . . . . . . . . . . . . . 264
1.1.3 Mendigos na matriz: a misria no se restringe aos quintais . . . . . . 267
1.1.4 Frana: da revoluo reao uma situao emblemtica . . . . . . 270
1.1.5 De volta ao racismo: branqueamento e eugenia . . . . . . . . . . . . . . . . 276
1.2 A falncia e a hipocrisia do discurso liberal dos Direitos Humanos
ps-guerras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282
1.3 Direitos humanos ao modo liberal sculo XX adentro . . . . . . . . 286
1.4 A concepo de Direitos Humanos sob o prisma geopoltico . . . . . 291
1.4.1 Hard power, soft power e smart power: eufemismos da
colonialidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
1.4.2 Obliterando os direitos sociais, econmicos e culturais . . . . . . . . . . 301
1.5 A globalizao e os Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . 307
1.6 Judicirio globalizado e Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . 309
2 - JURISTAS COLONIZADOS: A SUBCULTURA JURDICA . . 319
2.1 Tericos colonizados: a boca que pronuncia as palavras dos outros . 323
2.2 Lugares de produo e de recepo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 324
2.3 A paralaxe nas cincias sociais e no direito . . . . . . . . . . . . . . 328
2.4 A paralaxe temporal e seus efeitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330
2.5 A razo indolente e a razo cosmopolita . . . . . . . . . . . . . . . 335
2.6 Universalismo ou totalitarismo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336
3 - O JUDICIRIO COMO CORPORAO . . . . . . . . . . . . 342
3.1 Afastando-se da Normatividade Constitucional . . . . . . . . . . . . 347
3.2 The Corporation: anamnese de um psicopata . . . . . . . . . . . . . 350
3.3 A eficincia como paradigma do Judicirio . . . . . . . . . . . . . . 354
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SUMRIO
CONCLUSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 385
NDICE DE AUTORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 403
NDICE DE ASSUNTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 419
Doutrina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 419
Jurisprudncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 432
Documentao e legislao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 432
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INTRODUO
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europeu. Tal releitura ser feita sob a tica da matriz terica adotada.
Buscaremos as razes pelas quais esse discurso no se torna efetivo
ou mero pretexto de reproduo da colonialidade, como retrica encobri-
dora de projetos polticos e estratgicos de dominao por parte dos Esta-
dos centrais e, em especial, pelo seu maior expoente: os Estados Unidos.
Portanto, analisaremos a geopoltica que sedimenta a dominao eurocn-
trica e o discurso dos Direitos Humanos que lhe adjacente.
O presente estudo ganha relevo em face da hegemonia do discurso
nico, tanto o de legitimao da barbrie quanto o de sua crtica, pois
ambos so pensados desde fora sendo, assim, inautnticos. O discurso
mainstream (isto , da corrente hegemnica) dos Direitos Humanos, por-
tanto, est inserido na colonialidade e, por consequncia, no efetivo
para estancar a barbrie.
Avaliaremos os efeitos da assimilao do discurso hegemnico dos
Direitos Humanos na prtica judiciria criminal brasileira e como se con-
cretiza sua inefetividade. Realizaremos a transposio das ideias do pensa-
mento descolonial oriundo da filosofia poltica e da sociologia para o
mbito do direito. Alm disso, repensaremos a ideia de Direitos Humanos,
mas a partir do referido paradigma epistemolgico. A partir de ento, fa-
remos as eventuais adaptaes que permitam reconstruirmos o discurso
os Direitos Humanos de modo a ser assimilado como fundamento para
uma crtica de cunho libertrio s prticas da Justia Criminal, cujo modelo
atual produz e reproduz mais violncia, perpetuando a barbrie. Trata-se
de criar um ambiente que permita prticas na Justia Criminal de cunho
libertrio, em vez da atual produo e reproduo de mais violncia, da
perpetuao da barbrie.
Embora as Belligerent Policies (polticas beligerantes) (Captulo 4 da
Parte I) e o Judicirio como corporao (Captulo 3 da Parte II) sejam fe-
nmenos que se reforam, por uma opo metodolgica, visando conferir
maior didaticidade exposio, resolvemos dividir a obra em duas partes,
sendo os dois fenmenos acima os eixos de cada uma. A Parte I, que tem as
Belligerent Policies como seu hardcore, ser constituda por quatro captu-
los. A segunda, com trs captulos, foca-se no Judicirio como corporao.
No Captulo 1 da Parte I, contextualizaremos o funcionamento do
Sistema de Justia Criminal no Brasil, que atua dentro de uma poltica
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PARTE I
Captulo 1
SISTEMA DE JUSTIA CRIMINAL BRASILEIRO:
PANORAMA DA BARBRIE
Barbrie pensar que nada fao para que o outro morra, mas tam-
bm nada fao para que ele viva.
Theodor Adorno
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desse pretenso sistema. Sua funcionalidade essa mesma. Seno, vinte, trin-
ta, quarenta anos de barbrie no teriam passado inclumes. H um sistema
fictcio, existente apenas na ordem do discurso oficial, e outro na ordem do
discurso subterrneo e na prtica do Sistema de Justia Criminal. Nesse sen-
tido, sempre vlido fazer um esforo de conscincia histrica.
Pelo contrrio, o Sistema Carcerrio produz mais violncia e embru-
tecimento porque necessita punir os empobrecidos60 por, mesmo sendo o
refugo da sociedade de consumo, continuarem sobrevivendo. Seu crime
o de existir. E se no podem ser eliminados explicitamente, deixa-se que
morram e que lutem pela sobrevivncia. H uma razo instrumental a:
at para que, em vez de essas massas de miserveis voltarem o olhar para
iniquidades de uma sociedade profundamente cindida pela desigualdade
social e se revoltarem, no possam perceber as relaes desiguais e desu-
manas de poder e que apenas busquem sobreviver opresso imposta sob
a carapaa de legitimidade do Sistema Penal.
A materialidade das prises, a despeito de qualquer discurso enco-
bridor, mostra que quem est prximo do poder est, tambm, imuniza-
do. As poucas dezenas de prises dos processos miditico-criminais, Big
Brothers penais , no passam, pois, de engodo, pois motivadas por uma
deliberada utilizao do Sistema Penal no jogo do poder. Os tribunais da
mdia fazem a seleo dos indesejveis aos interesses corporativos dos
seus donos. Depois, pautam o Sistema de Justia Criminal e pressionam
fortemente, de modo a obter os resultados de acordo com seus interesses.
Criao de realidades e conformadora de mentes. No dia a dia, porm, a
mesma estrutura de poder miditico utilizada para a consecuo da Guer-
ra contra os pobres, por meio da banalizao da violncia. Por bvio, seus
intentos so igualmente bem-sucedidos.
O sistema prisional o maior produtor de excluso, e a reincidncia
cumpre um importante papel de evitar a fuga dos seus alvos. Pelo modo
com que as pessoas encarceradas so destratadas e destrudas em sua auto-
estima, em sua capacidade laboral pelo cio e em seus traos mais bsicos
de humanidade pelas condies cruis a que so submetidos, o sistema pri-
sional uma fbrica de apartheid. Converte inteis e indesejveis em lixo
humano. Pela sua qualidade estigmatizadora e de rompimento dos laos
humanos individuais e sociais do preso, todo o processo de desumanizao
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lucros dos dividendos dos acionistas? Imposto sobre grandes fortunas? Isso
no sai nos noticirios. So tabus, portanto.
Vivemos o imprio da corporatocracia. So os donos do poder. O
consenso em torno das verdades convenientes (supersalrios no setor
pblico, dficit da Previdncia, aumento dos gastos pblicos etc.) articu-
lado midiaticamente porque as corporaes da comunicao social so seu
grande porta-voz.
Boa parte de suas vtimas e no haveria sucesso sem a colaborao
dos subalternos alinhados cooptada a lutar contra seus prprios direitos
e interesses porque o discurso miditico avassalador e segue a mxima
romana do divide et impera. na desunio dos de baixo que o andar de
cima faz a festa. O sistema de Justia Criminal um meio eficaz de manter
esses estratos em confronto constante.
Mas a despeito do discurso anticorrupo gourmet, dos escolhidos
a dedo para o escrnio, a impunidade j vem selecionada antes mesmo de
se chegar Justia Criminal porque a filtragem vem antes: vem na feitura
(ou no) do tipo penal. Na inexistncia ou subproteo do bem jurdico
supostamente tutelado. Por isso, crimes contra a Administrao Pblica
praticados por particulares so benevolamente tratados pela legislao pe-
nal e pelo Judicirio. No Supremo Tribunal Federal, por exemplo, o caso
do descaminho alarmante quando confrontado com o furto.75 insig-
nificante o descaminho crime contra um patrimnio indisponvel, o da
Unio no valor de R$ 12.965,62 (em tese, poderia ser at R$ 19.999,99),
ao passo que o furto de uma bicicleta de um particular bem patrimonial
disponvel avaliada em R$ 100,00 no insignificante porque teria havi-
do o rompimento do cadeado o que geraria maior reprovabilidade.76
Na dimenso da lei penal no diferente, pois punido mais gra-
vemente o roubo de um celular em coautoria (art. 157, 2, II, do Cdigo
Penal CP) do que um peculato milionrio (art. 312 do Cdigo Penal CP).
Que dizer da diferena gritante de tratamento entre uma apropriao indbita
comum (art. 168 do CP) e uma apropriao indbita previdenciria (art. 168-
A do CP) (vide pgina 129). Um crime milionrio contra a ordem tributria
(art. 1 da Lei n 8.137/1990) tem pena menor do que um furto mediante
arrombamento de um toca-DVD automotivo (art. 155, 4, I, do CP).
A prtica do direito penal do inimigo no Brasil se baseia em mitos
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que, por alguma razo, no podem ser integrados ao sistema poltico he-
gemnico. Desde ento, a criao voluntria de um estado de emergncia
permanente (mesmo que, eventualmente, no declarada no sentido tcni-
co) tornou-se uma das prticas essenciais dos Estados contemporneos,
inclusive dos chamados democrticos.105 Porm o grau de expresso desse
totalitarismo diretamente proporcional vulnerabilidade social, jurdica
e poltica dos estratos que sero seu alvo.
Assim, temos reas geogrficas a que o Estado Democrtico de Di-
reito no chega. S o Estado Polcia por meio dos seus guerreiros (p-
gina 109) opressores e/ou letais. So os crimes da guerra. As favelas
tornaram-se zonas de excluso, como eram os guetos no nazismo e como
so hoje as periferias invadidas no Oriente Mdio, sia e frica. Locus
da excluso do Estado Providncia e da excluso de direitos dos sem-voz.
Quem mora e vive nas periferias comumente tratado como se no
possusse igual dignidade. Quando abordado pelos rgos de represso,
o morador das periferias suspeito, at que se prove o contrrio, e pode
ser morto indistintamente. Sua vida no tem igual valor, haja vista a im-
punidade reinante nas periferias. Essa impunidade grita e comprova essa
constatao. As chacinas de 2006 em So Paulo revelaram essa fratura es-
trutural em nossa sociedade. Segundo o relatrio, a onda de violncia foi
em grande parte uma manifestao de conflitos entre o crime organizado
dentro e fora do Estado,106 apontando entre as causas dos ataques do Pri-
meiro Comando da Capital PCC a corrupo policial, e que
De fato, nos primeiros trs dias, o PCC executou dezenas de agentes
pblicos. 43 morreram, muitos em aes do PCC. Tambm aconte-
ceram confrontos violentos em que integrantes do PCC e agentes
pblicos morreram. Mas, depois, as provas indicam que a polcia
decidiu partir para cima da populao de forma abusiva e indiscri-
minada, matando mais de 100 pessoas, grande parte em circunstn-
cias que pouco tinham a ver com legtima defesa. Ademais, policiais
encapuzados, integrantes de grupos de extermnio, mataram outras
centenas de pessoas. Esses policiais realizaram caas aleatrias
de homens jovens pobres, alguns em funo de seus antecedentes
criminais ou de tatuagens (tidas como sinais de ligao com a cri-
minalidade) e muitos outros com base em mero preconceito. Identi-
ficamos 122 homicdios contendo indcios de terem sido execues
praticadas por policiais naquele perodo.107
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vale tudo contra o inimigo. O fascismo tem uma fome autoritria insacivel.
Neste pas, alis, a despeito do que determina o princpio constitu-
cional da igualdade, tem sido tnica a existncia de trs classes de pessoas,
tal qual alertado por Marcelo Neves: o cidado, o sobrecidado e o subci-
dado.112 O primeiro aquele que cumpre seus deveres e pode cobrar seus
direitos. O segundo aquele que no necessita do Estado, mas aufere dele
vantagens no poucas vezes indevidas e que, pela proximidade do poder,
imuniza-se do Estado Polcia at porque titular de sua proteo quando
dele no participa como agente e, assim, torna-se inalcanvel ao Sistema
Penal. Em relao ao sobrecidado, a imunizao no somente na impu-
nidade pelos crimes praticados, o que est na superfcie da cotidianidade.
O mais determinante vem a priori: na deciso legislativa do que no se
criminalizar ou do que se subcriminalizar.
Alm dos que j apresentamos (pgina 76), um bom exemplo da
desvalorizao do ser em face do ter na ordem da lei penal se d nos ca-
sos da leso corporal simples e do furto simples. Isto , o ofendido em
uma surra (leso corporal leve) que, geralmente, j tinha ou tem medo do
agressor, precisa ter a coragem de representar contra o autor dos fatos,
pois a infrao tratada pela legislao como crime de menor ofensivo e
com a exigncia de representao, enquanto que a vtima de um furto que
teve seus bens devolvidos ou o prejuzo reparado, mesmo contra a prpria
vontade, ter que ver o caso sob as barras da Justia, inclusive tendo que
perder um turno (ou mais) de um dia para prestar depoimento e, se for o
caso, sentir-se, no raro, revitimizada.113
Na ordem da prxis penal, aos casos de descaminho (leia-se, Or-
lando/Miami, Disney, pra quem entende...) em valores inferiores a vinte
mil reais, aplica-se a bagatela, como visto h pouco.114 Mas o furto de um
pedao de queijo e um pacote de bolachas em uma cadeia internacional de
supermercados geralmente d, no mnimo, priso em flagrante e, no raro,
condenaes criminais.115 No sem razo que diz Ernst Bloch que o olho
da lei se encontra no rosto da classe dominante.116 Todo sentido se faz na
falta de sentido. a que a mquina do Sistema Penal gira para oprimir os
oprimidos e naturalizar a ordem desigual.
E at mesmo as medidas cautelares alternativas priso previstas na
Lei n 12.403/2011, em face de sua banalizao, tornaram-se, na prtica do
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Notas
7 FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro cado no cho: o Sistema Penal e o projeto
genocida do Estado brasileiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008, p. 40
8 Por isso que o lanamento das duas bombas atmicas sobre Hiroshima e Nagasaki que no
tinham sequer importncia militar foi vendido como ao militar visando a paz e no como o
maior ato terrorista da histria, pois militarmente desnecessrio e genocida de mais de duzentas
mil vidas humanas.
9 DAKOLIAS, Maria. The judicial sector in Latin America and the Caribbean: elements of
reform. Washington: Word Bank, 1996.
89
1 - SISTEMA DE JUSTIA CRIMINAL BRASILEIRO: PANORAMA DA BARBRIE
10 O autor desta obra, em 2005, ao assumir durante trs meses como de Juiz das Execues Penais na
cidade de Mossor, RN, resolveu fazer a primeira visita ao estabelecimento penal onde havia mais
de duzentos presos. Fez uma ficha individual para que cada preso pudesse pr no papel eventuais
reclamaes sobre o cumprimento da pena, separou em envelopes por cada cela e foi entreg-los. Ao
terminar a entrega, um problema: apenas cinco presos sabiam, efetivamente, ler e escrever. Dados
do IBGE apontam que o percentual de brasileiros com curso superior de 8%, enquanto que nas
prises esse percentual cai para 0,4%. Cf. BRASIL. IBGE. Censo 2010: escolaridade e rendimento
aumentam e cai mortalidade infantil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, Braslia, 27
abr. 2012. Disponvel em: <http://censo2010.ibge.gov.br/noticias.html?view=noticia&id=1&id
noticia=2125&busca=1&t=censo-2010-escolaridade-rendimento-aumentam-cai-mortalidade-
infantil >. Acesso em: 20 mar 2017; e BRASIL. Ministrio da Justia. Infopen. Formulrio
Categoria e Indicadores Preenchidos Todas UFs. Disponvel em: <http://portal.mj.gov.
br/services/DocumentManagement/FileDownload.EZTSvc.asp?DocumentID={E1B3F584-
BDCA-471E-9C9A-9B4AC0AE3170}&ServiceInstUID={4AB01622-7C49-420B-9F76-
15A4137F1CCD}>. Acesso em: 20 mar 2017.
11 Em outro escrito, o autor desta obra destacou alguns exemplos na rea criminal. Cf. SANTOS
JNIOR, Rosivaldo Toscano dos. Sobre o fio da navalha: a justia criminal entre a eficincia e
os Direitos Fundamentais. Revista Brasileira de Cincias Criminais, v. 103, p. 353-379, 2013.
12 STRECK, Lenio Luiz; SANTOS JNIOR, Rosivaldo Toscano dos. Do direito penal do inimigo
ao direito penal do amigo do poder. Revista de Estudos Criminais, So Paulo, ano XI, n. 51, p.
33-60, out./dez. 2013.
13 DAKOLIAS, Maria. The judicial sector in Latin America Op. Cit.
14 SAID, Edward. Cultura e imperialismo [Recurso eletrnico]. So Paulo: Editora Schwarcz,
2011, posio 805.
15 Preferimos usar o adjetivo empobrecido a pobre porque no segundo caso se alienam as
relaes de poder que engendraram as desigualdades econmicas e no se colocam essas mesmas
relaes em uma perspectiva histrica.
16 UNITED NATIONS (UN). International Human Development Indicators. Human
Development Index (HDI) Value. 2010. Disponvel em: <http://hdr.undp.org/sites/default/files/
reports/270/hdr_2010_en_complete_reprint.pdf>. Acesso em: 20 mar 2017.
17 ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS (ONU). Relatrio do Desenvolvimento Humano
2013. New York: Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2013, p. 14.
18 UNITED STATES OF AMERICA (USA). Central Intelligence Agency (CIA). The word
factbook. Country comparation: distribution of Family income GINI index. Disponvel
em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2172rank.html>.
Acesso em: 20 mar 2017.
19 EL BANCO MUNDIAL. ndice de Gini. Disponvel em: <http://datos.bancomundial.org/
indicador/SI.POV.GINI>. Acesso em: 20 mar 2017.
20 No dizer de Igncio Ramonet, o pensamento nico A traduo a termos ideolgicos de
preciso universal dos interesses de um conjunto de foras econmicas, especialmente as do
capital internacional. Pode-se dizer que formulado e definido a partir de 1944, por ocasio
dos acordos de Bretton-Woods. Suas principais fontes so as maiores instituies econmicas e
monetriasBanco Mundial, Fundo Monetrio Internacional, Organizao para a Cooperao e
Desenvolvimento Econmico, o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comrcio, a Comisso
Europeia, o Banco da Frana, etc.que, atravs de seu financiamento, afiliam a servio das suas
ideias, em todo o mundo, muitos centros de pesquisa, universidades e fundaes que, por sua
vez, aprimoram e espalhar a boa nova. RAMONET, Ignacio. Pensamiento nico y nuevos amos
del mundo. In: CHOMSKY, Noam; RAMONET, Ignacio. Cmo nos venden la moto. 15. ed.
Barcelona: Icaria Editorial, 2002, p. 58.
21 CASTRO-GMEZ, Santiago. Decolonizar la universidad. La hybris del punto cero y el
dilogo de saberes. In: CASTRO-GMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramn (eds.). El giro
decolonial: reflexiones para una diversidad epistmica ms all del capitalismo global. 21 ed.
Bogot: Siglo del Hombre Editores, 2007. p.79-92.
22 BRASIL. Ministrio da Justia. Populao Carcerria Sinttico: 2002. Disponvel em:
<http://portal.mj.gov.br/services/DocumentManagement/FileDownload.EZTSvc.asp?Docum
entID={175C05C3-2386-4427-B91C-71FFDD34256E}&ServiceInstUID={4AB01622-7C49-
420B-9F76-15A4137F1CCD}>. Acesso em: 20 mar 2017.
23 BRASIL. Conselho Nacional de Justia. Levantamento dos Presos Provisrios do Pas e Plano
de Ao dos Tribunais. Disponvel em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84371-levantamento-
dos-presos-provisorios-do-pais-e-plano-de-acao-dos-tribunais>. Acesso em: 20 mar 2017.
24 BRASIL. IBGE. Popclock Projeo 2013 (1 de julho de 2000 a 01 de julho de 2020).
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113 H casos em que a vtima deseja a punio do autor do furto, o que perfeitamente legtimo.
Nossa crtica reside nos casos em que a vtima no tem interesse na persecuo penal ou em
que revitimizada pela necessidade de ir audincia ou a praticar outros atos (entrega de
documento comprobatrio da propriedade ou do valor do bem etc.), notadamente quando se trata
de profissional liberal.
114 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. HC 131057. Relator: Min. Marco Aurlio. Relator(a) p/
Acrdo: Min. Rosa Weber, Primeira Turma, julgado em 20 set 2016. Processo Eletrnico, DJe-
249, divulg 22 nov 2016, public. 23 nov 2016.
115 BAGATELA. [Filme-vdeo]. Produo e direo de Clara Ramos. Brasil, 2010. DVD, 52 min.
color. son.
116 BLOCH, Ernst. Derecho natural y dignidade humana. Madrid: Dykinson, 2011, p. 318.
117 BRASIL. Ministrio da justia. Populao Carcerria Sinttico: 2012... Op. Cit.
118 Lmpen o indivduo que pertence ao lumpemproletariado que, no dizer de Marx, na escria, no
refugo de todas as classes. MARX, Karl. O 18 de brumrio de Lus Bonaparte. Trad. Nlio
Schneider. So Paulo: Boitempo, 2011, p. 91.
119 AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer... Op. Cit., p. 71.
120 CASTRO, Lola Aniyar de. Criminologia da libertao. Op. Cit., p. 77.
121 CARVALHO, Thiago Fabres de. Criminologia, (in)visibilidade, reconhecimento: o controle
penal da subcidadania no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 2014, p. 212.
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Captulo 2
O DISCURSO DA VIOLNCIA E A VIOLNCIA DO
DISCURSO
Do rio que tudo arrasta e devora se diz que violento. Mas ningum
diz como so violentas as margens que o oprimem.
Bertolt Brecht.122
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tes, enfim, escondem esse predador perverso que se alastra como praga
pelo planeta, submetendo, dizimando e destruindo tudo e todas as demais
espcies (inclusive a prpria) por onde passa, em nome de uma pretensiosa
superioridade, justificando sua violncia em um discurso contraditrio de
bem-querer e de luta pelo bem comum. Sendo mais claro: em nome de
deus(es) e do amor. E no nos enganemos. O ser humano de hoje que
tambm goza com o consumismo, mata com armas, radiao e lixo txico.
o exterminador do futuro.
At nas imagens dos filmes de ao hollywoodianos, o algoz diz: sou
o portador do falo (da arma), do poder. Sou mais homem que voc. Melhor
dizer isso do que, na verdade, reconhecer ser, to somente, mais animalesco.
No falta quem bata palmas at para linchamentos, projetando no
outro seu recalque: o povo (eu) no aguenta mais (quero sangue). Mas
quem aplaude a barbrie o que , seno, um igual brbaro que goza ao ver
seu desejo de sangue sendo gozado, nem que seja pelo gozo do outro? H
um voyeurismo mrbido a. E assim, nos linchamentos filmados e com-
partilhados em redes sociais, as imagens so dramticas, mas esse drama
humano ofuscado pela banalizao da violncia: ficou com pena dele?
Leva pra casa.
Ao mesmo tempo, a violncia e a morte viram algo ntimo, que ame-
dronta e alivia, pois a violncia ou a morte do outro. No imaginrio, a
morte do outro tambm fascina como fascina a manada de zebras que olha,
aliviada, para aquela que foi feita presa dos lees. No fui eu, por enquan-
to, foi o outro. Alvio fugaz e sensao de medo constante. A morte est
espreita. Para alguns mais fragilizados, o pnico. Para outros, o desejo
de ser algoz. O desejo de linchar. De fazer (in)justia pelas prprias mos.
Cerram-se os punhos, inconscientemente. Exterioriza-se. Tinha que sair.
Se no d para usar as prprias mos, simbolize-se nas palavras grita-
das na voz ou, se no der, no papel ou na tela do Facebook. Curtir e comen-
tar. Compartilhar no WhatsApp. Reforar a barbrie. Toda pulso tem, ao
mesmo tempo, dizia Freud, pulso de vida e pulso de morte. So os olhos,
nesse caso, como fonte de libido. H o prazer em ver. o gozo escpico. Mas
como o gozo fugaz (pois a busca da coisa perdida), busca-se o novo. H
sempre uma nova imagem a ser gozada. O novo para o velho olhar mrbido.
H sempre um programa policial na TV ou no rdio disposio. E na busca
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rente ou amigo das prprias vtimas que buscavam vingar. Essa violncia
horizontal destacada por Paulo Freire:
Na imerso em que se encontram, no podem os oprimidos di-
visar, claramente, a ordem que serve aos opressores que, de cer-
ta forma, vivem neles. Ordem que, frustrando-os no seu atuar,
muitas vezes os leva a exercer um tipo de violncia horizontal com
que agridem os prprios companheiros. possvel que, ao agirem
assim, mais uma vez explicitem sua dualidade. Ao agredirem seus
companheiros oprimidos estaro agredindo neles, indiretamente, o
opressor tambm hospedado neles e nos outros. Agridem, como
opressores, o opressor nos oprimidos.170
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favela e deixar corpo no cho. Homem de preto, o que que voc faz? Eu
fao coisas que assustam o Satans!.
O emblema das unidades especiais das Polcias Militares brasileiras,
chamadas nacionalmente de BOPE (Batalho de Operaes Especiais),
sintomtico da ideia de uma polcia predominantemente letal: uma caveira
cravada por uma adaga e duas pistolas por trs. No preciso ser aprofun-
dado em psicologia analtica para compreender o significado do arqutipo
da caveira conjugado com uma adaga e duas armas de fogo. J a SWAT
(Special Weapons And Tactics), a congnere estadunidense, no obstante o
belicismo l reinante, remete a uma guia que enxerga longe, sagaz e
predadora, isto , s caa quando necessrio, e dois raios que simbolizam
fora e energia. A iniciao no BOPE, alis, em geral especialmente rgi-
da e brutal, com elevado ndice de desistncia.173
Experincias como a promoo por bravura e gratificaes por
mrito, institudas pelo ento general da reserva Nilton Cerqueira na d-
cada de 1990, enquanto era Secretrio de Segurana Pblica do Rio de
Janeiro, no podem ser admitidas em um Estado Democrtico de Direito,
seno pela infiltrao da ideia de guerra ao crime. A chamada gratificao
faroeste, como assim ficou conhecida, incorporava aumentos dos venci-
mentos dos policiais de at 150%, reforando fortemente a violncia poli-
cial no Rio de Janeiro.
Como relatado por Marcos Flvio Rolim, os efeitos foram bvios: as
concesses de bravura aos policiais fluminenses fizeram com que a mdia
das supostas mortes em confronto com a polcia imediatamente saltasse de
dez para vinte e cinco ao ms. E conclui: No mesmo perodo, ainda segundo
o levantamento da comisso, 220 policiais foram mortos em ao, o que sig-
nificou um aumento na vitimizao de policiais da ordem de 34%.174
A gratificao faroeste teve fim. Mas novas abordagens tpicas de
guerra foram adotadas, entre elas as aes areas incursivas de policiais
armados e atirando de helicpteros sobre os tetos de casas das favelas na
caa a alvos humanos. Tais prticas mais lembram as cenas (abusivas) de
execues sumrias da guerra do Golfo ou do Vietn. Contudo, so pos-
teriormente arquivadas pelo Judicirio, a pedido do rgo constitucional-
mente encarregado da defesa da ordem jurdica: o Ministrio Pblico. O
episdio da execuo do traficante Matemtico demonstrou, de maneira
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mano como o mesmo. No se est lidando, sob essa tica, com um sujeito
de direito, mas um objeto de conteno, fundamentado na periculosidade e
no na culpabilidade.
Em nosso Sistema de Justia Criminal, a priso cautelar do inimigo,
por sinal, pena cautelar. E tal priso, por consistir em pena antecipada,
denuncia-se: no possui faticidade. Essa deciso no fundamentada, pelo
menos no nos termos da Constituio. , no mximo, justificada, cujos pre-
textos, por falta de fundamento normativo, revestem-se de clichs retricos,
abstratos, presunes contra o ru, na mais pura expresso de um imaginrio
que desliza, para usar um termo lacaniano. No h, materialmente, funda-
mentao. ato de pura vontade de poder. No custa lembrar novamente
que at mesmo o advento das medidas descarcerizadoras, como as previstas
na Lei n 12.403/2011, so desnaturadas. Na prtica do senso comum terico
dos juristas que atuam no Sistema de Justia Criminal, tornaram-se, parado-
xalmente, medidas alternativas liberdade, haja vista sua banalizao. Isto ,
situaes antes compatveis com a liberdade provisria agora so cumuladas
com as medidas previstas no art. 319 do Cdigo de Processo Penal CPP.
Dentro da guerra contra o crime, nem mesmo a absolvio material do
inimigo fundamento para reparao civil por danos morais.191 Era inocente,
a priso era ilegal, mas no merece reconhecimento do dano. O medo e a re-
pulsa justificam e servem de racionalizao para a aceitao de atos desuma-
nos. Uma vez desumanizado, pode-se tudo contra o objeto do dio. Enquanto
isso, o mero protesto indevido ou a inscrio at mesmo culposa em rgo de
proteo ao crdito so passveis de indenizao em quantitativos que podem
alcanar montantes equivalentes a cinquenta salrios mnimos.192
Na tica jurdica e para alm da regulamentao das agncias for-
mais de represso, haveria um direito penal para o cidado e um direito
penal para o inimigo, entendendo-se essa distino menos como uma se-
parao legislativa clara e mais como modos de compreender o mundo,193 a
Jurisdio e os fatos. Ao inimigo, a sonegao de direitos, a desumanizao
e a coisificao se do na prtica jurdica, ora explicitamente enquanto arti-
culao discursiva de uma legalidade borderline, para dizer o mnimo, ora
como costumes subterrneos legitimados pela conivncia cnica das instn-
cias judiciais ou pelo seu alheamento estratgico atravs da priorizao da
atuao em outras searas.
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enquanto tal, ser sempre coberta por uma armadura jurdica e ideolgica
195
dentro do seu discurso de legitimao.
E como a esse discurso subjaz uma ideia de combate, de guerra, aos
atores-jurdicos-soldados da guerra contra o crime, as garantias proces-
suais so externalidades a serem tratadas de modo excepcional: contorna-
das, desprezadas ou mesmo suprimidas em prejuzo, por bvio, do inimigo,
afinal, no amor (ou na paixo) e na guerra vale tudo. E no menospreze-
mos o efetivo recrutamento e comando, dentre as fileiras do Judicirio e
do Ministrio Pblico, de guerreiros para a materializao das Belligerent
Policies na ordem da jurisdictiones. E em que medida esses membros de
poder so responsveis pelo sucesso dessa poltica beligerante e violenta?
o que veremos no tpico seguinte.
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pessoa que sempre se portou bem a agir de maneira malfica, entre eles, a
desindividualizao, a obedincia hierrquica ou a uma figura de autorida-
de, a passividade frente s ameaas, a autojustificao e a racionalizao.200
Zimbardo aponta trs dimenses a serem analisadas e assim entende
indissociveis. So as seguintes: a) disposicional ou pessoal; b) situacional;
e c) sistmica. De antemo, cabe defini-las. Na dimenso disposicional,
tpica das culturas que valorizam o individualismo, no caso, a ocidental, a
resposta s condutas praticadas, imagina-se, est sempre dentro da pessoa,
a seu dispor. E, dentro dessa perspectiva, fundam-se as instituies ociden-
tais, incluindo a religio, a medicina e o direito. A doena e a culpa esto
sempre dentro do doente ou culpado. Sob essa viso, a pessoa um ator no
palco da vida, cuja liberdade de agir fundada sobre seu modo de ser pes-
soal, em suas caractersticas genticas, biolgicas, fsicas e psicolgicas.
A dimenso situacional busca encontrar primeiramente fatores ex-
ternos que possam explicar uma determinada conduta antissocial. Que cir-
cunstncias podem ocasionar aquela conduta? Que circunstncias podem
contribuir para aquela conduta? Do ponto de vista de quem est inseri-
do na situao, que aspecto assume aquela dada situao? So alguns dos
questionamentos feitos. A dimenso situacional mira no contexto compor-
tamental que, mediante suas recompensas e suas funes reguladoras, tem
o poder de dar identidade e significado para os papis e o status do ator.201
Zimbardo identifica um elemento importante nesse processo: o in-
dividualismo egocntrico que faz com que nos sintamos acima da mdia
em qualquer prova de integridade pessoal e caiamos olhando as estrelas em
vez de termos cuidado com o abismo que se pe frente dos nossos ps. E
em suas pesquisas ele detectou que o modelo disposicional muito mais
comum em sociedades individualistas, como as do Ocidente, do que nas
sociedades coletivistas da sia, da frica e do Oriente Mdio.202
Na verdade, em vez de se perceber esse abismo, cria-se a ideia da
existncia de um outro abismo: o que separa as pessoas boas, os homens
de bem, das pessoas ruins, o que poderamos chamar comumente em nos-
sa sociedade de os marginais. Segundo Zimbardo, essa ideia simplria,
mas amplamente disseminada no senso comum, inclusive no senso comum
terico, reconfortante por duas razes. A primeira: porque cria uma
lgica binria que essencializa o mal. Como ele bem aponta, a maioria de
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2 - O DISCURSO DA VIOLNCIA E A VIOLNCIA DO DISCURSO
ns percebe o mal como uma entidade, como uma qualidade que inerente
a algumas pessoas e no a outras. Em ltima anlise, as ms sementes cum-
prem seu destino produzindo maus frutos. Ns definimos o mal apontando
para figuras que o personificam no imaginrio ocidental, em sua maioria,
lderes polticos que orquestraram genocdios atrozes, sem questionarmos
sobre o conjunto de foras que os fizeram emergir e a estrutura social em
que isso ocorreu. Tambm nos referimos a males menores e mais comuns,
como o trfico ilcito de drogas, estupros, trfico de mulheres, fraudes per-
petradas contra nossos idosos e o bullying contra nossos filhos.203
Em segundo lugar, a manuteno dessa dicotomia entre o bem e o
mal tambm exime de responsabilidade os homens de bem. Isso causa
um efeito nefasto porque obsta e reflexo sobre a prpria responsabili-
dade na reproduo, manuteno e perpetuao ou mesmo na criao de
todas as condies que contribuem para a prtica de aes antissociais,204
inclusive podemos acrescentar as aes e as condies que configuram
no somente a violncia subjetiva, mas a violncia simblica e objetiva
tambm (pgina 96).
Anota Zimbardo que no Ocidente h uma tendncia em razo da
cultura individualista a se focar, antes de mais nada, nos motivos ime-
diatos, nas caractersticas pessoais do agente, inclusive os genes e as pato-
logias. A nossa tradio tende a sobrevalorizar o peso dos fatores disposi-
cionais em detrimento dos situacionais e sistmicos.205 Tome-se o exemplo
da reincidncia. Ela o modo cnico de projetarmos nos criminalizados
a culpa dos estigmas que o Sistema Penal cria e das oportunidades que
lhes so negadas. Diante da materialidade brutalizadora e desumana do
nosso sistema prisional (dimenso sistmica), a reincidncia, via de regra,
no poderia ser outra coisa seno uma atenuante, mas amplamente aceita
para agravar penas e tornar mais severos os modos de aplicao da sano
penal, porque vista apenas na dimenso disposicional.
A viso disposicional tambm torna fcil, assim, promover a ma-
nipulao das massas e direcion-las ao combate do inimigo convertido
de ser humano em uma figura diablica, a prpria encarnao do mal. A
desumanizao um processo muito eficaz na psicologia de massas. Esse
processo se faz atravs da linguagem, por palavras e imagens, de modo a
criar uma associao preconceituosa, estereotipada, desumanizada do ou-
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Notas
122 BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956. 6 ed. So Paulo: Editora 34, 2004, p. 140.
123 No original: La cuestin est en que las violencias subjetiva y objetiva no pueden percibirse
desde el mismo punto de vista, pues la violencia subjetiva se experimenta como tal en contraste
con un fondo de nivel cero de violencia. Se ve como una perturbacin del estado de cosas
normal y pacfico. Sin embargo, la violencia objetiva es precisamente la violencia inherente
a este estado de cosas normal. La violencia objetiva es invisible puesto que sostiene la
normalidad de nivel cero contra lo que percibimos como subjetivamente violento.. IEK,
Slavoj. Sobre la violencia: seis reflexiones marginales. Buenos Aires: Paids, 2010, p. 10.
124 Sobre o conceito de Establishment: vide nota n 98, pgina 94.
125 BOURDIEU, Pierre. O poder simblico. Op. Cit., p. 11.
126 IEK, Slavoj. Sobre la violencia... Op. Cit., passim.
127 LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e infinito. Trad. Jos Pinto Ribeiro, Revista por Artur
Mouro. Lisboa: Edies 70, 1988.
128 De Heidegger, a concepo de Dasein, de ser-a, mas no o ser autossuficiente da filosofia da
conscincia, que constri seu objeto de conhecimento. Ser-a ser-no-mundo, ser-consigo-
mesmo e ser-com-os-outros. Na base desse ser-no-mundo determinado pelo com, o mundo
sempre o mundo compartilhado com os outros. O mundo da pre-sena mundo compartilhado.
(N36) O ser-em ser-com os outros. O ser-em-si intramundano destes outros co-pre-sena.
(HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Traduo de Mrcia de S Cavalcante. 15. ed. Petrpolis:
Vozes, 2005, p. 170). E em outra passagem, O ser-com determina existencialmente a pre-sena
mesmo quando um outro no , de fato, dado ou percebido. Mesmo o estar-s da pre-sena ser-
com no mundo. Somente num ser-com e para um ser-com que o outro pode faltar. O estar-s
um modo deficiente de ser-com e sua possibilidade a prova disso (HEIDEGGER, Martin. Ser
e tempo. Op. Cit., p. 172).
129 RICOEUR, Paul. Si mismo como otro. 3. ed. Madri: Siglo XXI, 2006, p. 352.
130 La vida, como la libertad (aunque le pese a Agnes Heller), no tienen valor, porque son el
fundamento de los valores; tienen dignidad (que es mucho ms que el mero valor). DUSSEL,
Enrique. Poltica de la liberacin. Madri. Trotta, 2009. v. 2: Arquitetnica, p. 53.
131 ODLIA, Nilo. O que violncia. So Paulo: Brasiliense, 2004, p. 30 e 35.
132 UNITED NATIONS (UN). United Nations Office on Drugs and Crime. Global study on
homicide 2011. Viena: United Nations Office on Drugs and Crime, 2011.
133 UNITED NATIONS (UN). United Nations Office on Drugs and Crime. Global study on
homicide 2011. Op. Cit., p. 31-32.
134 UNITED NATIONS (UN). United Nations Office on Drugs and Crime. Global study on
homicide 2011. Op. Cit., p. 30.
135 as disposies da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigao e sano de graves
violaes de direitos humanos so incompatveis com a Conveno Americana, carecem de
efeitos jurdicos e no podem seguir representando um obstculo para a investigao dos fatos
do presente caso, nem para a identificao e punio dos responsveis, e tampouco podem ter
igual ou semelhante impacto a respeito de outros casos de graves violaes de direitos humanos
consagrados na Conveno Americana ocorridos noBrasil. Cf. CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS. Caso Gomes Lund e outros versus Brasil: sentena de 04 de
julho de 2006 (Excees Preliminares, Mrito, Reparaes e Custas). San Jos da Costa Rica,
2010, p. 113. Disponvel em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/ articulos/seriec_219_por.
pdf>. Acesso em: 15 fev 2017.
136 BURT, Jo-Marie. Desafiando a impunidade nas cortes domsticas: processos judiciais pelas
violaes de Direitos Humanos na Amrica Latina. In: BRASIL. Ministrio da Justia. Justia
de transio: manual para a Amrica Latina. Braslia: Comisso de Anistia, Ministrio da
Justia; Nova Iorque: Centro Internacional para a Justia de Transio, 2011. p. 307-338, p. 307.
137 BURT, Jo-Marie. Desafiando a impunidade nas cortes domsticas: processos judiciais pelas
violaes de Direitos Humanos na Amrica Latina. In: BRASIL. Ministrio da Justia. Justia
de transio... Op. Cit., p. 325.
138 BURT, Jo-Marie. Desafiando a impunidade nas cortes domsticas: processos judiciais pelas
violaes de Direitos Humanos na Amrica Latina. In: BRASIL. Ministrio da Justia. Justia
de transio... Op. Cit., p. 325.
139 WACQUANT, Loc. Las crceles de la miseria. Buenos Aires: Manantial, 2004, p. 170.
140 UNITED NATIONS (UN). United Nations Office on Drugs and Crime. Global study on
homicide 2011. Op. Cit., p. 92-96.
138
2 - O DISCURSO DA VIOLNCIA E A VIOLNCIA DO DISCURSO
141 UNITED STATES OF AMERICA (USA). Central Intelligence Agency. The World Factbook:
distribution of family income gini index. Disponvel em: <https://www.cia.gov/library/
publications/the-world-factbook/rankorder/2172rank.html>. Acesso em: 20 mar 2017.
142 O referido indicador foi criado pela The Economist, em parceria com a Universidade de Sydney,
Austrlia; Universidade de Londres, Reino Unido; e com a Universidade de Uppsala e o Instituto
Internacional de Pesquisas pela Paz de Estocolmo, ambos na Sucia. Cf. THE INSTITUTE for
economics and peace. Global peace index. Sydney: Institute for Economics and Peace, 2015.
143 THEOPHILO, Jan; ARAJO, Vera. Gritos de guerra do Bope assustam no Parque Guinle. O
Globo, Rio de Janeiro, ano 79, 25.616, primeiro caderno, p. 19, 24 set. 2003.
144 WARAT, Luis Alberto. Introduo geral ao direito I: interpretao da lei: temas para uma
reformulao. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1994, p. 13.
145 WARAT, Luis Alberto. Saber crtico e senso comum terico dos juristas. Revista Sequncia,
Florianpolis, v. 3, n. 5, p. 48-57, 1982, p. 54.
146 WARAT, Luis Alberto. Saber crtico e senso comum terico dos juristas. Revista Sequncia. Op.
Cit., p. 55.
147 HORKHEIMER, Max. Critica de la razn instrumental. Traduo ao espanhol por H. A.
Murena e D. J. Vogelmann. Buenos Aires: Editorial Sur, 1973. p. 12.
148 HORKHEIMER, Max. Critica de la razn instrumental. Op. Cit., p. 152.
149 PENA pode ser cumprida aps deciso de segunda instncia, decide STF. Portal do Supremo
Tribunal Federal. Aba Notcias STF. Disponvel em: < http://www.stf.jus.br/portal/cms/
verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=310153>. Acesso em: 20 mar 2017.
150 FERRAJOLI, Luigi. Direito e razo: teoria do garantismo penal. So Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002. p. 701-702.
151 No mesmo sentido, as crticas de Joo Eduardo Ribeiro de Oliveira: OLIVEIRA, Joo Eduardo
Ribeiro de. Processo penal constitucional e democrtico: a necessidade de manifestao do
defensor aps parecer do Ministrio Pblico em tribunal e desfavorvel ao acusado. Revista dos
Tribunais, So Paulo, v. 910, p. 235-255, 2011.
152 Em pesquisa realizada com juzes criminais da capital fluminense, revelou-se que a maioria dos
magistrados pesquisados acreditam atuar como agentes garantidores da segurana pblica. Cf.
CASARA, Rubens. Mitologia processual penal. So Paulo: Saraiva, 2015, p. 208-210.
153 Como bem salienta Eric Lair, se faz necessrio, numa guerra civil, o respaldo massivo e voluntrio
da populao. se habla de guerra civil cuando estas poblaciones se identifican con las facciones
armadas y contribuyen masivamente al desarrollo de los combates y al esfuerzo de guerra o slo
a ste (apoyo logstico, econmico, moral, etc.) (NASI, Carlo; RAMREZ, William; LAIR, Eric.
Guerra civil. In: Revista de Estudios Sociales, ano 6, v. 14, p. 119-124, fev. 2003, p. 120).
154 Em visita realizada ao Brasil em 2012, a ONU recomendou a capacitao das foras policiais em
temas de Direitos Humanos, bem como a desmilitarizao da polcia como uma das providncias
para a reduo das execues extrajudiciais (UNITED NATIONS. Report of the Working
Group on the Universal Periodic Review Brazil. New York, 2012. Disponvel em: <http://
daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G12/151/15/PDF/G1215115.pdf?OpenElement>.
Acesso em: 20 mar 2017).
155 As instncias investigativas funcionam de modo a reforar o discurso de guerra. A morte do
outro no tem valor. Veja-se entre o 10min30s e 12min40s do seguinte vdeo: CSAR Menezes e
Dennys Leutz falam sobre srie que criaram para o Jornal da Globo. Programa do J. So Paulo:
Globo, 5 mai. 2014. Programa de TV. (33min45s). Disponvel em: <http://globotv.globo.com/
rede-globo/programa-do-jo/v/cesar-menezes-e-dennys-leutz-falam-sobre-serie-que-criaram-
para-o-jornal-da-globo/3326479/>. Acesso em: 20 mar 2017
156 MISSE, Michel. Autos de Resistncia: uma anlise dos homicdios cometidos por policiais
na cidade do Rio de Janeiro (2001-2011). 2011. 138 f. Relatrio Final de Pesquisa (Edital MCT/
CNPq N 14/2009 Universal) Ncleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violncia Urbana
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
157 KHALED JR., Salah H. ; ROSA, Alexandre Morais da. In dubio pro Hell: profanando o sistema
penal. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2014.
158 Cf. ELIAS, Norbert. Os alemes: a luta pelo poder e a evoluo do habitus nos sculos XIX e
XX. Traduo de lvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Jahar, 1997.
159 Tomamos aqui no sentido proposto por Boaventura de Sousa Santos e Maria de Paula Menezes:
Epistemologia toda a noo ou ideia, refletida ou no, sobre as condies do que conta como
conhecimento vlido. Cf. SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.).
Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 9.
160 EM 10 ANOS, EUA tm mais mortos em massacres do que em ataques terroristas. Portal BBC
Brasil, 02 maio 2016. Disponvel em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/15100
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2 - O DISCURSO DA VIOLNCIA E A VIOLNCIA DO DISCURSO
140
2 - O DISCURSO DA VIOLNCIA E A VIOLNCIA DO DISCURSO
seguridad frente a las agresiones a bienes jurdicos, cuando lo nico verificable es () que los
penalistas y los polticos afirman que ste debe proporcionarla y () que el poder punitivo fue
el principal y mayor agente de la lesin y aniquilamiento de bienes jurdicos en forma brutal y
genocida a lo largo de toda la historia de los ltimos ocho siglos. Cf. ZAFFARONI, Eugenio
Ral. El enemigo en el derecho penal. Op. Cit., p. 118.
184 JAKOBS, Gnther; MELI, Manoel Cancio. Direito penal do inimigo: noes e crticas.
Traduo Andr Lus Callegari e Nereu Jos Giacomolli. 6. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2012, p. 21.
185 JAKOBS, Gnther; MELI, Manoel Cancio. Direito penal do inimigo... Op. Cit., p. 24.
186 JAKOBS, Gnther; MELI, Manoel Cancio. Direito penal do inimigo... Op. Cit., p. 29.
187 JAKOBS, Gnther; MELI, Manoel Cancio. Direito penal do inimigo... Op. Cit., p. 33.
188 JAKOBS, Gnther; MELI, Manoel Cancio. Direito penal do inimigo... Op. Cit., p. 28.
189 JAKOBS, Gnther; MELI, Manoel Cancio. Direito penal do inimigo... Op. Cit., p. 28.
190 JAKOBS, Gnther; MELI, Manoel Cancio. Direito penal do inimigo... Op. Cit., p. 12.
191 CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INDENIZAO DE DANO MORAL
RECLAMADA POR QUEM, PRESO PREVENTIVAMENTE, FOI DEPOIS PROCESSADO
CRIMINALMENTE E ABSOLVIDO POR FALTA DE PROVAS. O dano moral resultante
de priso preventiva e da subsequente sujeio ao penal no indenizvel, ainda que
posteriormente o ru seja absolvido por falta de provas. Em casos dessa natureza, ao contrrio
do que alegam as razes do agravo regimental, a responsabilidade do Estado no objetiva,
dependendo da prova de que seus agentes (policiais, membro do Ministrio Pblico e juiz)
agiram com abuso de autoridade. Agravo regimental desprovido. (BRASIL. Superior Tribunal
de Justia. AgRg no AREsp 182.241/MS, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, julgado
em 20/02/2014, DJe 28/02/2014).
192 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. AgRg no Ag 1321630/BA, Rel. Ministro Vasco Della Giustina
(desembargador convocado do TJ/RS), Terceira Turma, julgado em 15/02/2011, DJe 22/02/2011.
193 Mundo aqui numa dimenso heideggeriana, como instncia em que o significado encontrado
e produzido em um contexto a priori e compartilhado que no precisar ser o mundo fsico em
sua totalidade.
194 Abordamos essa questo com maior profundidade no seguinte escrito: SANTOS JNIOR,
Rosivaldo Toscano dos. Crime, reparao do dano, falcias e princpio da igualdade Themis
pode usar uma venda, mas o juiz no. Revista do CEJUR/TJSC: Prestao Jurisdicional,
Florianpolis, v. 1, n 01, p. 199-223, dez. 2013.
195 STRECK, Lenio Luiz. Hermenutica Jurdica e(m) crise: uma explorao hermenutica da
construo do direito. 10. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011, p. 36.
196 Ele define a maldade como agir deliberadamente de uma forma a que cause dano, maltrato,
humilhao, desumanize ou destrua a pessoa inocente, ou em fazer uso da prpria autoridade
e poder sistmico para incentivar ou permitir que outros ajam assim em nosso nome. Cf.
ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect: understanding how good people turn evil. New York:
Random House Trade Paperbacks, 2008, p. 5.
197 They all began the experience as seemingly good people. Those who were guards knew that but for
the random flip of a coin they could have been wearing the prisioner smocks and been controlled
by those they were now abusing. They also knew that the prisoners had done nothing criminally
wrong to deserve their lowly status. Yet, some guards have transformed into perpetrators of evil,
and other guards have become passive contributors to the evil through their inaction. Still other
normal, healthy young men as prisoners have broken down under the situational pressures, while
the remaining surviving prisoners have become zombie-like followers. cf. ZIMBARDO, Philip.
Prefcio. In: The Lucifer effect... Op. Cit., p. 172.
198 The most important lesson to be derived from the SPE is that Situations are created by Systems.
Systems provide the institutional support, authority, and resources that allow Situations to
operate as they do. After we have outlined all the situational features of the SPE, we discover
that a key question is rarely posed: Who or what made it happen that way? Who had the power
to design the behavioral setting and to maintain its operation in particular ways? Therefore, who
should be held responsible for its consequences and outcomes? Who gets the credit for successes,
and who is blamed for failures? The simple answer in the case of th e SPE is
me!. Cf. ZIMBARDO, Philip. Prefcio. In: The Lucifer effect... Op. Cit., p. 226.
199 Then, we need to recognize more fully the complex of situational forces that are operative in
given behavioral settings. Modifying them, or learning to avoid them, can have a greater impact
on reducing undesirable individual reactions than remedial actions directed only at changing the
people in the situation. That means adopting a public health approach in place of the standard
medical model approach to curing individual ills and wrongs. However, unless we become sensitive
141
2 - O DISCURSO DA VIOLNCIA E A VIOLNCIA DO DISCURSO
to the real power of the System, which is invariably hidden behind a veil of secrecy, and fully
understand its own set of rules and regulations, behavioral change will be transient and situational
change illusory. ZIMBARDO, Philip. Prefcio. In: The Lucifer effect... Op. Cit., p. x-xi
200 ZIMBARDO, Philip. Prefcio. In: The Lucifer effect... Op. Cit., p. xii.
201 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 8.
202 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 5-6.
203 Most of us perceive Evil as an entity, a quality that is inherent in some people and not in others.
Bad seeds ultimately produce bad fruits as their destinies unfold. We define evil by pointing to
the really bad tyrants in our era, such as Hitler, Stalin, Pol Pot, Idi Amin, Saddam Hussein, and
other political leaders who have orchestrated mass murders. We must also acknowledge the more
ordinary, lesser evils of drug dealers, rapists, sex-trade traffickers, perpetrators of fraudulent
scams on the elderly, and those whose bullying destroys the well-being of our children.. Cf.
ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 6.
204 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 6-7.
205 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 8.
206 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 11.
207 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 258.
208 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 445-446.
209 FARIA, Tiago. Mendes critica partidarizao do servidor pblico. Folha de So Paulo, So Paulo,
1 ago. 2008. Disponvel em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2008/12/473694-mendes-
critica-partidarizacao-do-servidor-publico.shtml>. Acesso em: 20 mar 2017.
210 MARX, Karl. Contribuio crtica da economia poltica. Traduo e introduo de Florestan
Fernandes. 2. ed. So Paulo: Expresso Popular, 2008, p. 47.
211 Self-made man significa o homem que se fez sozinho. Isso pensado dentro de uma
concepo individualista, em que as condies materiais de existncia so abstradas. Serve
como razo instrumental para gerar a falsa iluso de que cada um pode chegar l, bastando
apenas o esforo prprio. Dentro de uma suposta tica do sucesso, serve para naturalizar as
desigualdades sociais e atribuir ao empobrecido a culpa exclusiva pelo seu suposto fracasso. A
tica do sucesso to enganadora e, ao mesmo tempo, eficaz, que os exemplos raros de catadores
de lixo, sem-tetos e assemelhados que passam em concursos pblicos ou nos vestibulares e, por
isso, viram manchete, ao contrrio de gerarem o convencimento de que s so notcia exatamente
por serem casos de extrema exceo, passam a falsa impresso de que todos podem chegar l.
142
Captulo 3
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3.1 Colonialidade
Outro importante conceito o de colonialidade. A colonialidade o
lado obscuro da Modernidade. a face trgica do eurocentrismo. O colo-
nialismo enquanto sistema de dominao poltica formal de uns Estados
sobre outros findou definitivamente aps a Segunda Guerra Mundial, no
perdendo, contudo, o seu aspecto material que isso que importa de
poder e dominao. Foi substitudo, porm, por um novo tipo de imperia-
lismo: a colonialidade.
Como herdeira do colonialismo, ela manteve as relaes desiguais
de poder que atravessaram o colonialismo em marcha na periferia, espe-
cialmente no que concerne s etnias e s culturas nativas e aos povos cati-
vos trazidos pela explorao escravista do trabalho humano relaes as-
simtricas de poder que at hoje persistem. Explica Quijano que cunhou
a expresso colonialidade em um artigo datado de 1992, no qual acentua
que as construes intersubjetivas que materializam a colonialidade so
produto da dominao colonial por parte dos europeus, foram inclusive
assumidas como categorias (de pretenso cientfica e objetiva) e de
significao ahistrica. Foram tratadas como fenmenos naturais, e no
dentro da histria do poder.
A estrutura de poder que emerge da colonialidade foi e tambm um
marco dentro do qual operam as outras relaes sociais, de tipo classista ou
estamental. De fato, se forem observadas as linhas principais da explora-
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do capitalismo financista.
Dentro da geopoltica da globalizao, a colonialidade encobre as
regras de um jogo desigual e injusto, no qual os Estados centrais sero
sempre os que dominam a banca, e os perifricos, os fadados explorao
e ao insucesso. Assim, a colonialidade do poder est nas polticas externas
imperiais s quais foram e ainda vm sendo submetidos o Brasil e a Am-
rica Latina como um todo (Itens 4.4 e 3.5.1). No simples coincidncia
o fato de nenhum pas que rezou na cartilha da colonialidade do poder ter
superado a condio de explorado. Os importadores locais do saber euro-
cntrico no conseguem perceber isso. Como anotou Marx:
No podemos nos espantar se os livre-cambistas so incapazes de
compreender como um pas pode enriquecer custa de outro, pois es-
tes mesmos senhores tampouco querem compreender como, no inte-
rior de um pas, uma classe pode se enriquecer s expensas de outra.229
Passados mais de 100 anos da Independncia formal dos Estados la-
tino-americanos, infelizmente, ainda seguimos gravitando em torno de uma
totalidade que, simbolicamente, no difere muito da era colonial. A emanci-
pao no ocorreu. To somente as formas de subordinao se sofisticaram,
e o centro da dominao mudou de lugar. Da Europa Ibrica (Portugal e Es-
panha), passando pela Europa do Norte (Holanda, Frana e Inglaterra) para
hoje a hegemonia se localizar na grande nao do Norte: os Estados Unidos.
De um imperialismo europeu a um imperialismo estadunidense.
A libertao real no aconteceu porque no houve uma libertao da
prpria mentalidade dos povos latino-americanos. Agora a colonialidade
que gera a dependncia econmica, poltica, social e cultural. No h uma
identidade soberana, mas um monoltico mimetismo que menospreza e di-
minui o que originrio daqui. E o imitador jamais ter o valor do original
nem nunca partir na frente. Ser sempre o bufo da histria.
A colonialidade mostra-se forte quando consegue produzir na peri-
feria latino-americana (e no resto das periferias em geral) uma rejeio de
si prpria, da prpria identidade. Se a independncia formal visava fugir
da explorao, esta segue presente por meio de uma dominao que es-
craviza os horizontes de sentido dos colonializados. A colonialidade foi e
continua sendo muito bem manejada como violncia objetiva e simblica
(Parte I, Seo 2.1), diluda nas artes, na cultura de massas e na cultura
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Figura 7Por que no assim? Projeo Peters invertida. Fonte: do autor, a partir
de imagem do Google Maps.
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nmico e, logo depois, o poder da mdia. E quando se possui estes dois [...],
haver-se com o poder poltico no passa de mera formalidade.252
O colonialismo interno tem como caracterstica o fato de que quem
governa a elite interna, bem como as oligarquias vinculadas ao estamento
e que com ela geralmente se confundem, em proveito e em conluio com in-
teresses supranacionais, compartilhando a explorao das camadas inferio-
rizadas e das riquezas nacionais. So os donos do poder, como apontado
por Raymundo Faoro.253 Os estratos sociais que sofrem com o colonialismo
interno no participam dos cargos polticos, dos cargos estatais permanen-
tes civis ou militares, salvo quando representam os interesses das elites e
das etnias hegemnicas.
Geralmente, os que sofrem o colonialismo interno pertencem a uma
etnia distinta da que domina o aparelho estatal e so comumente consi-
derados geneticamente inferiores, primitivos ou culturalmente atrasados.
Cabe acrescentar que tal discurso no precisa ser explcito. sub-reptcio,
transbordando no inconsciente coletivo e diludo nas prticas sociais que o
reforam e materialmente o mantm sempre vivo e vigoroso.
Os primeiros aportes sobre o colonialismo interno encontram-se em
Lenin quando, em 1914, escreveu sobre o direito das Naes autodeter-
minao.254 Nesse escrito, ele demonstrava preocupao com as etnias e
as nacionalidades oprimidas pelo Estado Czarista. A luta de classes assume
um papel central nas crticas sociais a partir do sculo XIX, mas, como se
tratava o capitalismo industrial de um fenmeno intra-europeu, s dizia
respeito de maneira completa realidade de uma parte da humanidade.
Como se falar em classe trabalhadora no sul dos Estados Unidos, na senza-
la e na Casa Grande brasileira ou nas minas de Potosi?
E, em regra, at mesmo o marxismo, embora com todo o seu vis
crtico, no perdia sua centralidade europeia e, com isso, o foco na relao
de explorao do proletariado pela burguesia, desprestigiando a explorao
da mais-valia numa escala macro. Assim, no englobava em suas crticas
mais diretamente a relao dos povos e Estados exploradores com os povos
e Estados explorados, muito embora reconheamos que Marx tambm cri-
ticou o colonialismo em algumas passagens de suas obras.255
Foi somente a partir da dcada de 60 do sculo passado, que o tema
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tambm o utiliza aqui), Paul Ricoeur e Emmanuel Levinas. Mas o faz sem
esquecer de contemporizar e criticar a vinculao daqueles realidade da
Modernidade. Afinal, nada seria to totalitrio quanto excluir de qualquer
apreciao e considerao o pensamento oriundo do espao onde nasceu o
discurso totalizante. O sectarismo aliena, e Dussel est bem ciente disso.
O discurso da Modernidade dominador e ideolgico, porque apre-
goa que suas verdades totalizantes no so oriundas de um ponto de luz,
de um lugar de fala, mas que seriam universais. Isso, em si, j um
exemplo da existncia de um ponto cego. Dussel trabalha nessa perspecti-
va, iluminando a partir de outro ponto, mas reconhecendo que no h um
universo; mas um pluriverso. O discurso eurocntrico apenas uma tota-
lidade, parcial, mas com pretenso totalitria, isto , de excluir a periferia,
de esmagar a diferena. Enfim, de encobrir o Outro.
Dussel descreve a totalidade295 sob uma viso heideggeriana. Todo
mundo uma totalidade (limitada), porque posso falar do mundo de meu
bairro, de minha cidade, de meu pas. O mundo uma totalidade instru-
mental, de sentido. A Modernidade universalizou a totalidade e, assim, no
admitiu que houvesse o outro, negando a alteridade. Isso fere a tica, pois
ela a postura de abertura da totalidade para o outro a partir do reconheci-
mento da prpria totalidade como limitada. O mal totalitrio, a elimi-
nao da alteridade.
Dussel critica a lgica eurocntrica da totalidade universalizada296
que se estabelece no sentido que vai da identidade (eurocntrica) para a
diferena (o outro ou a outra cultura), criando uma lgica que naturaliza
o totalitarismo. O referencial sempre a identidade. A Modernidade uni-
lateral e, por isso, no h a distino, no h a abertura para se pensar que
se o diferente o outro, tambm somos, de l para c, o outro do outro.
Na ordem da totalidade eurocntrica no h abertura para esse discurso,
pois impera a lgica da alienao da exterioridade ou da coisificao da
alteridade. Gera-se uma totalidade totalitarista. E cabe, desde j, explicitar
o significado de exterioridade para Dussel:
Exterioridade, que no tem o mesmo significado que para Hegel (j
que em definitivo para o grande filsofo clssico a dita exterioridade
interior totalidade do ser, ou, finalmente, da Idea), quer indicar
no mbito desde onde o outro ser humano, como livre e incondicio-
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Todo poder gera uma reao a ele.310 Dessa periferia do mundo h que
surgir movimentos de enfrentamento da faceta obscura da Modernidade: a
colonialidade. E, na Amrica Latina, como visto, fazem parte desse contexto
os Estudos Descoloniais, que problematizam tanto as concepes histrico-
-geogrficas quanto as antropolgico-filosficas eurocntricas que servem
de base para a colonialidade e, por consequncia, para a dominao e at para
o desenvolvimento da concepo hegemnica dos Direitos Humanos.
Mas essa resistncia ao poder hegemnico no recente. Ela con-
tempornea invaso europeia das Amricas. E, para tanto, necessrio
realizar uma releitura do processo histrico que conformou a viso hege-
mnica dos Direitos Humanos, s que dessa vez sob a tica descolonial.
Enquanto corrente de ideias organizada, o pensamento descolonial ganhou
projeo somente nas ltimas duas dcadas por intermdio de um grupo de
pensadores latino-americanos organizados em torno do Grupo Modernida-
de/Colonialidade M/C, como visto no incio deste captulo.
As reflexes realizadas pelo coletivo Modernidade/Colonialidade ex-
pressam a necessidade de entender que artificial e ideolgico qualquer dis-
curso que universaliza padres, uma vez que sempre construdo sobre rea-
lidades determinadas e que prov solues tambm adequadas para aquelas
realidades. Isso quando no deliberadamente exportado, porque faz parte
da racionalidade instrumental para manter as relaes de dominao. Tal fato
ocorre com a universalizao do discurso tradicional dos Direitos Humanos,
tomado sob o paradigma liberal, no qual se acentuam os chamados direitos
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clusivista eurocntrico.
E, como acentua Leopoldo Zea, no mundo da cultura, como na filo-
sofia, a imitao deveria desaparecer. Mas, como toda cultura j um caldo
de outras culturas, h que se fazer uma assimilao. E assimilar acomodar
o que estranho prpria realidade, mas de acordo com ela; e no acomo-
dar a prpria realidade ao que lhe estranho; ou pior: desprezar a prpria
realidade em benefcio do que estranho.
Diz Zea que ser original implica j anteciparmos, a partir de ns
mesmos, do que ns somos, de nossa prpria realidade. Uma filosofia ori-
ginal latino-americana no pode ser aquela que imite ou repita problemas e
questes que sejam estranhos realidade a que h de incidir.327 Nesse sen-
tido, Daniel Pansarelli, para quem Nenhuma filosofia , em sua origem,
universal. sempre regional e temporal, ainda que seus resultados devam
ser passveis de universalizao.328
Ainda, segundo Zea, a filosofia ocidental reflete sobre questes que
parecem ser resolvveis para ela, mas cujas solues, longe de ser para
outros homens e sociedades, transformaram-se em novos problemas para
estes. Uma filosofia original no porque cria, vez ou outra, novos e estra-
nhos sistemas, novas e exticas solues, mas porque trata de dar resposta
aos problemas que foram originados em uma determinada realidade e em
um determinado tempo.329
E quem pode produzir um pensamento autntico na Amrica La-
tina e propor solues efetivas para nossos problemas quanto ao Sistema
de Justia Criminal? Como esboado quando abordarmos o fenmeno da
paralaxe nas cincias humanas e sociais (Parte II, Seo 2.3), as teorias
transnacionais do direito dos lugares de produo e de recepo (Parte
II, Seo 2.2) e as razes indolente e cosmopolita (Parte II, Seo 2.5),
juntamente com o que foi apurado aqui quanto s reflexes de Leopoldo
Zea e de Salazar Bondy, um pensamento autntico e uma interpretao
autntica envolvem abertura para compreender que no se pode abstrair o
ser-no-mundo de qualquer autor no desenvolvimento de suas teorias. Mui-
to menos a tradio em que esse ser est imerso.
Dessa forma, no h como se pensar solues adequadas para os
problemas da periferia que a Amrica Latina, seno atravs da constru-
o e reconstruo de conceitos, categorias e sistemas de ideias por parte
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de quem tem essa periferia no seu ser-no-mundo. Mundo a que nos re-
ferimos aqui no o mundo como sinnimo de planeta. Trata-se de uma
totalidade (limitada), porque podemos falar do meu mundo, do mundo de
meu bairro, de minha cidade, de meu pas. Do meu mundo enquanto cultu-
ra a que perteno. O mundo aqui visto como uma totalidade de sentido. A
Amrica Latina e o Brasil so mundos nesse sentido.
E por isso que um latino-americano pensa melhor os problemas e
as solues para a Amrica Latina do que um Europeu l criado e educado.
Isto , quem est imerso nesse mundo latino-americano produz autentica-
mente o saber para ele. Reafirmando, no necessrio reinventar a roda,
mas pens-la e edific-la a partir de nossas peculiaridades, do nosso terreno
e de nossas condies de existncia o que s pode ser feito autenticamen-
te por quem efetivamente conhece, enquanto ser-no-mundo, enquanto ser-
-no-mundo que sofre e que vive, pelas prprias experincias, esperanas,
anseios e sonhos, a nossa totalidade.
O pensamento verdadeiramente crtico surge na periferia e sempre
que ele se dirige para o centro, morre enquanto filosofia crtica como
aponta Dussel.330 Passa a ser, to somente, uma ontologia estanque, enla-
tada, de conceitos sem coisa (ou alheios a ela), ferramental ideolgico. O
pensamento que se refugia no centro termina por pens-lo como a nica
realidade; e, fora dele, de suas fronteiras, s podem enxergar o Outro em
um paradoxo, isto , enquanto o no-ser, o nada, a barbrie, o sem sentido,
as lnguas primitivas e os mundos selvagens, enfim, o impensvel.
Outro ponto resta significativo. A compreenso acima libertria.
Liberta a si e liberta o outro. Na medida em que reconhecemos que todo
texto331 necessita do seu contexto para sua compreenso, libertamos a ns
mesmos e ao outro. Libertamos quando reconhecemos e respeitamos que
uma construo autntica desse texto deve ser dada partindo-se do pressu-
posto de que no existe uma universalidade, mas vrias totalidades de sen-
tido. Libertamos quando consideramos a inevitabilidade do ser-no-mundo
que se manifesta quando compreende e interpreta, quando constri catego-
rias, ideias e conceitos nas cincias humanas e nas cincias sociais.
Isso aparta de ns a pretenso egosta e imperialista de senhores da
verdade e nos protege da ingenuidade de crer numa universalidade que
nada mais que a manifestao da razo instrumental, ferramental para
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mente avanados, como os Maias, com sua bela arquitetura e a mais apri-
morada astronomia da poca. Destacava-se seu sofisticado sistema nu-
mrico vigesimal, alm das tcnicas e conhecimentos agronmicos e de
irrigao avanados para a poca, e a construo de obras arquitetnicas
comparveis aos egpcios, gregos e romanos. Somente em Teotihuacn
havia cerca de seiscentas pirmides. Em Tikal, havia um edifcio com
setenta metros de altura; Tenochtitln (atual Cidade do Mxico), capital
asteca, tinha em torno de 200 ou 300 mil habitantes,335 sendo comparvel
s maiores cidades europeias da poca. Possuam um elaborado sistema
educacional e, apesar da destruio feita pelos invasores, ainda restaram
muito textos literrios na lngua nahuatl.
Os incas, por sua vez, tambm tinham conhecimentos astronmicos
avanados. Estima-se que, em 1519, o imprio inca contava com 5 a 6 mi-
lhes de habitantes. Em Nazca, Peru, tivemos a oportunidade de conhecer
pessoalmente aquedutos centenrios que traziam gua das geleiras dos An-
des e cuja malha era estimada em cento e sessenta quilmetros.
Mas alm do encobrimento dos avanos tecnolgicos desses povos,
o que mais os marcou na historiografia hegemnica eurocntrica sobre as
altas culturas americanas? Os sacrifcios realizados em rituais religiosos,
contrrios suposta razo e humanidade europeias da poca. E tal colonia-
lidade perdura. Em uma viagem ao Mxico, isso foi sintomtico. Dentro
do nibus, na volta da visita a Chichen Itz336, aps ouvir os relatos do guia
sobre o poo dos sacrifcios, um casal de alemes fez uma observao:
como eles eram primitivos e brbaros, imaginando que matando pessoas
trariam chuva.
O guia do nibus, que na verdade era doutor em histria e respon-
svel pela formao de todos os guias de turismo da regio de Iucat, aps
perguntar sobre a nacionalidade do casal, prontamente questionou se eles
sabiam quantos compatriotas alemes morreram somente durante a inqui-
sio e se eles acreditavam em bruxas, gnomos, duendes e fadas como
seus ancestrais germnicos contemporneos aos Maias. Com a resposta
negativa do casal alemo, ele foi enftico ao dizer que reconhecia que para
nossa cultura de hoje os sacrifcios podem parecer brbaros. Contudo, na
mesma poca dos sacrifcios de Chichen Itz pelos Maias, durante a Santa
Inquisio na Europa e mais precisamente na Alemanha de hoje, historia-
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Notas
212 LAS CASAS, Frei Bartolom de. O paraso destrudo: a sangrenta histria da conquista da
Amrica. Traduo Heraldo Barbuy. 2. ed. Porto Alegre: L&PM, 2008, p. 31.
213 BALLESTRIN, Luciana. Amrica Latina e o giro decolonial. Revista brasileira de cincia
poltica, Braslia, n 11, p. 89-117, mai./ago. 2013.
214 BRAGATO, Fernanda Frizzo. Human Rights and Eurocentrism: an analysis from the Decolonial
studies perspective. The Global Studies Journal, Illinois. v. 5, p. 49-56, 2013.
215 BALLESTRIN, Luciana. Amrica Latina e o giro decolonial. Op. Cit., p. 91.
216 BHAMBRA, Gurminder K. Postcolonial and decolonial dialogues. In: Postcolonial Studies, n
17 v.:2, p. 115-121, 2014, p. 15-116.
217 SAID, Edward. Orientalismo [Recurso eletrnico]. Traduo para o espanhol de Maria Lusa
Fuentes. Barcelona: Random House Mondadori, 2013.
218 BHABHA, Homi K. The Location of Culture. London: Routledge, 1994.
219 SPIVAK, Gayatri C. Pode o Subalterno Falar? Editora UFMG, Belo Horizonte, 2010.
220 BALLESTRIN, Luciana. Amrica Latina e o giro decolonial. Op. Cit., p. 95.
221 QUIJANO. Anbal. Colonialidad del poder y clasificacion social. Journal of World Systems
Research, Binghamton, NY, v. VI, n. 2, p. 342-388, Fall/Winter 2000, p. 343.
222 No original: El eurocentrismo, por lo tanto, no es la perspectiva cognitiva de los europeos
exclusivamente, o slo de los dominantes del capitalismo mundial, sino del conjunto de los
educados bajo su hegemona. Y aunque implica un componente etnocntrico, ste no lo explica,
ni es su fuente principal de sentido. Se trata de la perspectiva cognitiva producida en el largo
tiempo del conjunto del mundo eurocentrado del capitalismo colonial/moderno y que naturaliza
la experiencia de las gentes en este patrn de poder. Esto es, las hace percibir como naturales,
en consecuencia como dados, no susceptibles de ser cuestionados. QUIJANO. Anbal.
Colonialidad del poder y clasificacion social. Op. Cit., p. 343.
223 Esas construcciones intersubjetivas, producto de la dominacin colonial por parte de los
europeos, fueron inclusive asumidas como categoras (de pretensin cientfica-objetiva) de
significacin ahistrica, es decir como fenmenos naturales y no de la historia del poder. Dicha
estructura de poder fue y todava es el marco dentro el cual operan las otras relaciones sociales,
de tipo clasista o estamental. En efecto, si se observan las lneas principales de la explotacin
y de la dominacin social a escala global, las lneas matrices del poder mundial actual, su
distribucin de recursos y de trabajo entre la poblacin del mundo, es imposible no ver que la
vasta mayora de los explotados, de los dominados, de los discriminados, son entre los miembros
de las razas, de las etnias de las naciones en que fueron categorizadas las poblaciones
colonizadas, en el proceso de formacin de ese poder mundial, desde la conquista de Amrica en
adelante.. QUIJANO, Anbal. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Per Indgena, v. 13,
No. 29. p. 11-20, 1991, p. 12.
224 QUIJANO, Anbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y Amrica Latina. In: Lander,
Edgardo (org). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas
latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000. p. 201-246, p. 203.
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241 DUSSEL, Enrique. China (1421-1800): Razones para cuestionar el Eurocentrismo. Archipilago,
Mxico D. F., v. 11, n 44, p. 6-13, abr./Jun. 2007, p. 6.
242 DUSSEL, Enrique. Poltica de la Liberacin: historia... mundial y crtica. [Recurso eletrnico].
Madri. Trotta, 2009, p. 54.
243 GOODY, Jack. O roubo da histria: como os ocidentais se apropriaram das ideias e invenes
do Oriente. So Paulo: Contexto, 2008, p. 64.
244 GOODY, Jack. O roubo da histria... Op. Cit., p. 65-66.
245 BERNAL, Martin. Black Athena: The Afroasiatic Roots of Classical Civilization. New
Brunswich: Rutgers University Press, 1987. v. I: The Fabrication of Ancient Greece 1785-1985,
p. 181-188.
246 GOODY, Jack. O roubo da histria... Op. Cit., p. 287.
247 DUSSEL, Enrique. Poltica de la Liberacin: historia... Op. Cit., p. 145-146.
248 BOURDIEU, Pierre. O poder simblico. Op. Cit., p. 11-12; 146; 149.
249 MALDONADO-TORRES, Nelson. A topologia do Ser e a geopoltica do conhecimento.
Modernidade, imprio e colonialidade. Revista Crtica de Cincias Sociais, v. 80, mar. 2008, p.
71-114, p 96.
250 CASANOVA, Pablo Gonzles. Colonialismo interno: una redefinicin. In: BORON, Atilio
A.; AMADEO, Javier; GONZLEZ, Sabrina (Comp.). La teora marxista hoy: problemas y
perspectivas, p. 409-434. Buenos Aires: CLACSO, 2006.
251 RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formao e o sentido do Brasil. So Paulo: Companhia
das Letras, 2006, p. 237.
252 RAMONET, Ignacio. Pensamiento nico y nuevos amos del mundo. In: CHOMSKY, Noam;
RAMONET, Ignacio. Cmo nos venden la moto. 15. ed. Barcelona: Icaria Editorial, 2002, p.
98.
253 Tomamos aqui estamento no sentido de Raymundo Faoro (FAORO, Raymundo. Os donos do
poder: formao do patronato poltico brasileiro. 5. ed. So Paulo: Globo, 2012, p. 834), como
sendo o grupo que se alija no poder, no necessariamente fazendo parte da elite econmica,
mas geralmente com ela articulada ou coincidente. Sua regulao no por meio da lei, mas
por convenes que visam, atravs de trocas e ajudas mtuas, a manuteno parasitria no
poder, por meio da apropriao de oportunidades econmicas, seja na esfera pblica ou privada.
No se renova. Mudam-se os quadros, muitos deles passados de uma gerao a outra, mas o
sistema permanece o mesmo, como uma dinastia. O estamento se exerce e se retroalimenta pela
desigualdade social. da ordem do privilgio.
254 LENIN. Obras escogidas. Moscou: Progresso, 1961. Tomo I, p. 337.
255 MARX, Karl. Acerca del colonialismo (artculos y cartas). Moscou: Progreso, 1972.
256 MELLO, Evaldo Cabral de. O norte agrrio e o Imprio: 1871-1889. Rio de Janeiro: Topbooks,
1999, p. 78.
257 MELLO, Evaldo Cabral de. O norte agrrio e o Imprio... Op. Cit., p. 87.
258 CASANOVA, Pablo Gonzles. Colonialismo interno: una redefinicin. In: BORON, Atilio A.;
AMADEO, Javier; GONZLEZ, Sabrina (Comp.). La teora marxista hoy... Op. Cit., p. 417.
259 El darwinismo poltico y la sociobiologa de la modernidad se utilizan para referirse a una
inferioridad congnita de esas poblaciones que son pobres de por s y que no estn sometidas
a explotacin colonial ni a explotacin de clase. Los tericos del Estado centralista sostienen
que lo verdaderamente progresista es que todos los ciudadanos sean iguales ante la ley, y
afirman que los problemas y las soluciones para las minoras y las mayoras corresponden al
ejercicio de los derecho individuales, y no de supuestos derechos de los pueblos o las etnias
de origen colonial y neocolonial.. Cf. CASANOVA, Pablo Gonzles. Colonialismo interno:
una redefinicin. In: BORON, Atilio A.; AMADEO, Javier; GONZLEZ, Sabrina (Comp.). La
teora marxista hoy Op. Cit., p. 417.
260 DUSSEL, Enrique. Poltica de la liberacin. Op. Cit., p. 60.
261 GRAMSCI, Antonio. La questione meridionale. [Recurso eletrnico]. Raleigh, USA: Aonia
edizioniLulu Press, 2014.
262 GRAMSCI, Antonio. La questione meridionale. Op. Cit., 2014, p. 71.
263 SANTOS, Theotonio dos. Prefcio. In: MARTINS, Carlos Eduardo. Globalizao, dependncia
e neoliberalismo na Amrica Latina. So Paulo: Boitempo, 2011, p. 10.
264 El mundo no puede ser analizado si se piensa que una categora excluye a las otras. En cuanto
a las relaciones de dominacin y explotacin regional, las redes articulan los distintos tipos
de comercio inequitativo y de colonialismo, as como los distintos tipos de explotacin de los
trabajadores, o las distintas polticas de participacin y exclusin, de distribucin y estratificacin
por sectores, empleos, regiones.. Cf. CASANOVA, Pablo Gonzles. Colonialismo interno: una
redefinicin. In: BORON, Atilio A.; AMADEO, Javier; GONZLEZ, Sabrina (Comp.). La
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297 Exterioridad, que no tiene el mismo significado que para Hegel (ya que en definitiva para el
gran filsofo clsico dicha exterioridad es interior a la totalidad del ser, o, al fin, de la Idea),
quiere indicar el mbito desde donde el otro ser humano, como libre e incondicionado en el
sistema, no como parte de mi mundo, se revela. (...) El trabajador libre, el pauper ante festum
de Marx, es la exterioridad respecto al capital (al capitalista), cuando todava no ha vendido su
capacidad de trabajo. Pero es igualmente exterioridad, plena nada, el pobre (pauper, deca
Marx) desocupado por el capital y expulsado del mundo como lumpen. DUSSEL, Enrique.
Filosofa de la liberacin. Op. Cit., posio 901.
298 DUSSEL, Enrique. Filosofa de la liberacin. Op. Cit., posio 3000.
299 DUSSEL, Enrique. Filosofa de la liberacin. Op. Cit., posio 1139.
300 DUSSEL, Enrique. Filosofa de la liberacin. Op. Cit., posio 1135.
301 DUSSEL, Enrique. Filosofa de la liberacin. Op. Cit., posio 2853.
302 DUSSEL, Enrique. Filosofa de la liberacin. Op. Cit., posio 3229.
303 RIBEIRO, Darcy. Ensaios inslitos. Porto Alegre: L&PM, 1979, p. 217.
304 RIBEIRO, Darcy. Ensaios inslitos. Op. Cit., p. 218.
305 RIBEIRO, Darcy. Ensaios inslitos. Op. Cit., p. 220.
306 RIBEIRO, Darcy. Ensaios inslitos. Op. Cit., p. 220-221.
307 RIBEIRO, Darcy. Ensaios inslitos. Op. Cit., p. 222.
308 RIBEIRO, Darcy. Ensaios inslitos. Op. Cit., p. 223-224.
309 ANDRADE, Oswald. Manifesto Antropofgico. Suplemento, Belo Horizonte, v. 1312, jul.
2008, p. 2-5, p. 4.
310 GALBRAITH, John Kenneth. Anatomia do poder. Traduo de Hilrio Torloni. 2. ed. So
Paulo: Pioneira, 1986.
311 ANDRADE, Oswald. Manifesto Antropofgico. Op. Cit., p. 2-5, p. 3.
312 DUSSEL, Enrique. tica de la liberacin: en la edad de la globalizacin y de la exclusin. 2. ed.
Madrid: Trotta, 1998, p. 536-537.
313 Adota-se a ideia de Herrera Flores de Direitos Humanos, para quem eles so processos sociais,
econmicos, polticos e culturais que configuram materialmente um ato tico e poltico, maduro
e radical que visa a criao de uma nova ordem. Os Direitos Humanos no so meramente
normas jurdicas nacionais ou internacionais, nem meras declaraes idealistas ou abstratas, mas
processos de luta que se dirigem abertamente, hoje, contra a ordem genocida e antidemocrtica do
neoliberalismo globalizado (FLORES. Joaqun Herrera. Teoria Crtica dos Direitos Humanos:
os Direitos Humanos como produtos culturais. [Recurso eletrnico]. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2009, posio 2909).
314 MIGNOLO, Walter. Desobediencia epistmica: retrica de la modernidad, lgica de la
colonialidade y gramtica de la descolonialidad. Buenos Aires: Del Siglo, 2010, p. 21.
315 El concepto de emancipacin pertenece a un universo discursivo enmarcado en las
concepciones filosficas e histricas de la modernidad; lo cual se visibiliza si miramos la
interseccin particular de la teopoltica y la egopoltica que luego, en el siglo XVIII, le dieron
origen y, al hacerlo, desplazaron la salvacin cristiana hacia la emancipacin burguesa.. Cf.
MIGNOLO, Walter. Desobediencia epistmica... Op. Cit., p. 54.
316 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Op. Cit., posio 553.
317 MIGNOLO, Walter. Desobediencia epistmica... Op. Cit., p. 27.
318 Sobre o conceito de pensamento nico: vide nota n 20, pgina 90.
319 La emancipacin en Europa, de la burguesa con respecto a la aristocracia, se tradujo en las
colonias Europeas en Amrica en revoluciones de descendientes de europeos en Amrica. Con la
excepcin de Hait, la emancipacin de los criollos de Espaa y Portugal, signific dependencia
de Francia e Inglaterra. El precio a pagar fue la dependencia de Francia e Inglaterra que en
Amrica del Sur pasaron a ser imperios sin colonias como las Portuguesas y las Espaolas.
Para los pueblos indgenas y afro-descendientes, la situacin empeor. Pasaron a depender de
elites criollas transplantadas que a su vez dependan de nativos europeos (Franceses, Ingleses
y Alemanes). El colonialismo interno en las colonias fue paralelo al colonialismo interno en
Europa, donde los Judos ocuparon en Europa lugares equivalentes a los negros e indios en las
Amricas. No obstante, los judos eran blancos y los una a los europeos el conflicto religioso
que, a partir de 1948 y la creacin del estado de Israel, permitir construir la unidad judeo-
cristiana que nunca existi hasta ese momento y que existe hasta hoy y marca el conflicto israel-
palestino.. Cf. MIGNOLO, Walter. Desobediencia epistmica... Op. Cit., p. 60.
320 QUIJANO, Anbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y Amrica Latina. Op. Cit., p. 242.
321 Em vrias passagens a Bblia , no mnimo, conivente com a escravido. At mesmo no Novo
Testamento, como em Lucas 7:2-10, no qual Jesus cura a enfermidade de um escravo, mas no
o liberta nem questiona a condio de escravo daquele curado ou de qualquer ser humano. Alis,
200
3 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS PRIMEIRA APROXIMAO
201
Captulo 4
BELLIGERENT POLICIES COMO METONMIA
DAS POLTICAS BELICISTAS E A GUERRA
ENQUANTO METFORA DE SOLUO
Metonmia, como se sabe, uma figura retrica pela qual o que de-
signa a parte adquire tanta importncia, que passa, atravs de uma ressignifi-
cao, a indicar o todo. J a guerra enquanto extenso da poltica no uma
construo recente. Em 1832, apontava Carl von Clausewitz que a guerra
simplesmente uma continuao do intercurso poltico, apenas com a adio
de outros meios. Ele, deliberadamente, usa a frase com a adio de outros
meios, porque tambm quer deixar claro que a guerra em si no suspende o
intercurso poltico ou o transforma em algo completamente diferente.340
A guerra, alis, tem se transformado em uma metfora na implemen-
tao de solues para problemas agudos. Traz consigo as ideias de urgncia,
importncia, mobilizao coletiva e esforo desmedido. Quando, porm, o
significante utilizado no mbito social e no qual o belicismo lhe retira a fa-
ceta de metfora para transform-lo em modo de atuao, cria-se uma cadeia
de sentido que estabelece uma guerra real, mas sem as regras humanitrias a
que uma guerra propriamente dita se sujeita. Isso ocorre no caso das ativida-
des que comportam a violncia estatal, ainda que justificada como legtima.
Enquanto extenso da poltica, nos termos postos por Clausewitz,
trata-se a guerra, nesse ponto, de uma escolha sobre os meios de enfrenta-
mento de uma questo pendente de uma atuao estatal que poderia ser
conduzida de outro modo, o que evidencia a tenso entre tica dos meios
e tica dos fins. Seja internamente, enquanto poltica pblica, seja exter-
namente, enquanto geopoltica, a violncia extrema e a fora bruta so da
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mente alta.360 Isso sem falar que, se o senso comum poderia atribuir essa
diminuio ao encarceramento em massa, estudos criminolgicos aponta-
ram outros fatores para esse arrefecimento, tais como o envelhecimento da
populao e a dcada de crescimento econmico.361
Jonathan Simon traa a gnese da War on Crime nos Estados Unidos
e a identifica como uma tcnica de governo.362 Mostra como a dcada de
1960 foi o bero de um movimento que ganharia fora na dcada seguinte
e se imporia como paradigma de governana.
Quando o democrata Lyndon Johnson venceu o conservador sena-
dor republicano Barry Goldwater na corrida pela Casa Branca, em 1964,
queria implementar o que chamou de a Grande Sociedade (Great Socie-
ty), um plano que visava a adotar uma srie de medidas de amparo social
para diminuir a misria.
Conforme lembra Lic Wacquant, quando o presidente Lyndon B.
Johnson lanou a guerra contra a pobreza, em 1964, orgulhosamente
anunciou que os Estados Unidos iriam erradicar a pobreza at o ano de
1976, de modo que o bicentenrio do pas seria tambm o anncio do nas-
cimento da primeira sociedade de abundncia na histria da humanidade.
Por bvio, a histria mostra que o que ocorreu foi um tempo de escassez de
liberdade e abundncia de guerra.363
Johnson declarou a guerra contra o crime como parte dessa guer-
ra contra a pobreza.364 Isto , aes de Estado Polcia como pretensa
estratgia de alcanar o Welfare State. Na mensagem encaminhada ao Con-
gresso dos Estados Unidos, em maro de 1966, a beligerncia no tratamen-
to da questo pelo presidente e ex-oficial da Marinha de Guerra estaduni-
dense de saltar aos olhos quando ele diz que o soldado da linha de frente
na guerra contra o crime o agente do Sistema de Justia local.
As propostas de Lyndon Johnson, segundo ele prprio, no iriam
resolver o problema da criminalidade no pas porque a guerra contra o
crime seria travada pelos filhos dos estadunidenses da poca e os filhos
desses filhos. Em todo caso, no poderia Johnson permitir que a dificulda-
de e complexidade do problema os levasse ao desespero. Eles devem nos
levar, ao invs, a um maior esforo, maior criatividade e maior determina-
o para fazer a batalha.365
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crime no era grave, mas sujeitando seu infrator a uma pena mnima de 25
anos at a priso perptua.384
Em resumo, os Estados Unidos esto governados pelo manejo do
crime e da criminalidade, de modo que, se necessrio, haja a adaptao
do texto constitucional e legal ou da interpretao mais favorvel quan-
to a esse desiderato.385 Tal mudana de paradigma no foi conduzida por
um determinado partido ou segmento poltico. Republicanos como Barry
Goldwater, democratas como Lyndon Johnson, conservadores como Ro-
nald Reagan e at liberais como Bobby Kennedy podem ser identificados
como agentes que, em menor ou maior medida, contriburam para o for-
talecimento do paradigma do Crime Deal. Mas h de se reconhecer que a
direita religiosa tem importante papel nesse cenrio, incluindo at mesmo
a esquerda feminista. Em menor ou maior proporo, todos participaram.386
No New Deal, havia a repartio dos riscos entre os diferentes es-
tratos da sociedade, o que resultou na preocupao com a efetividade da
segurana social, o controle governamental via regulao dos bancos e dos
empregadores, com foco nas grandes corporaes. No lugar da repartio
de riscos entre os grupos sociais e econmicos, o Crime Deal promoveu
desagregao desse risco, atingindo as camadas desfavorecidas e, de uma
maneira sem precedentes, encarcerou uma vasta parcela dessa populao.387
A segurana, dentro de sua relao com a liberdade e a comunidade,
deixou de ser a diminuio de riscos que afetassem o estrato inferior para se
tornar a proteo do estrato superior contra aquele. Na verdade, passou-se da
guerra contra a pobreza para a guerra contra os pobres. Das polticas pbli-
cas de segurana para as Polticas de Segurana Pblica. No lugar de regular
as grandes corporaes, o Crime Deal passou a focar no desvio individual,
encontrando sua perfeita expresso na chamada teoria das janelas quebradas,
que visa sancionar mesmo as violaes individuais menores, de modo a evi-
tar o aparecimento de atos mais graves para a lei e a ordem social.
Esse ideal de Tolerncia Zero, fruto da teoria das janelas quebradas
(Broken Windows Theory),388 uma abordagem para controle social da maio-
ria da populao, no caso, dos pobres, e que coloca os fardos da disciplina
sobre esses indivduos e suas famlias.389 No mesmo sentido, Loc Wacquant,
em obra sobre a criminalizao da pobreza nos Estados Unidos, anota que
uma das grandes consequncias dessa poltica belicista foi de criar um abis-
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Outro, Assevera David Stannard que a destruio dos povos indgenas das
Amricas foi, de longe, o ato mais macio de genocdio na histria do mun-
do. por isso que, como um historiador apropriadamente disse, longe da
herldica, heroica e romntica aura que costumeiramente usada para sim-
bolizar a colonizao europeia das Amricas, o emblema mais congruente
com a realidade seria o de uma pirmide de crnios. 466
Essa tcnica de manipulao do medo e/ou dio tambm foi usada
pelo nazismo contra os judeus467 (e hoje, pelo sionismo contra os pales-
tinos), pelos aliados contra os nazistas e pelos estadunidenses contra os
japoneses, na Segunda Guerra Mundial, e depois contra os vietnamitas e,
mais recentemente ainda, guatemaltecos. Segundo estimativas, o nmero
de nativos americanos mortos pela invaso europeia ao longo dos sculos
aproxima-se dos cem milhes de seres humanos.468
E, conforme descrito por Philip Zimbardo, quando uma elite do po-
der quer destruir uma nao inimiga, recorre a experts da propaganda para
criar um programa de dio. O que se faz, para que cidados de uma socie-
dade odeiem cidados de outra sociedade a ponto de quererem segreg-los,
atorment-los e at mesmo mat-los? Isso requer uma imaginao hostil,
uma construo psicolgica montada nas profundezas da mente mediante
uma propaganda que transforma os outros no o inimigo. Essa imagem a
motivao mais forte para um soldado, para os que carregam seu rifle com
munio de dio e medo.
A imagem de um inimigo aterrorizante que ameaa o bem-estar pes-
soal e a segurana nacional d s mes e aos pais a coragem de enviar seus
filhos para a guerra e possibilita aos governos reorganizarem as priorida-
des e converterem arados em espadas de destruio.469 Quando se obtm
sucesso na introjeo do dio, a racionalidade se perde, a obedincia cega
se instaura, transformando o mais pacfico em um guerreiro. A fixao da
imagem do objeto do dio nos meios de comunicao em massa como
alerta Philip Zimbardo (pgina 135) atinge o primitivo sistema lmbico,
onde residem as potentes e bsicas emoes do medo e do dio.470
O uso da linguagem tambm instrumento de desumanizao,
atravs da associao do inimigo a figuras animalescas ou aterrorizantes do
imaginrio social, como a monstros, demnios, serpentes, predadores etc.
A desumanizao chega ao ponto de coisificar: converte-se de ser humano
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Notas
340 [the] war is simply a continuation of political intercourse, with the addition of other means.
We deliberately use the phrase with the addition of other means because we also want to make
it clear that war in itself does not suspend political intercourse or change it into something
entirely different.. Cf. CLAUSEWITZ, Carl Von. On war. New York: Oxford University
Press, 2007, p. 252.
341 SIMON, Jonathan. Governing through crime: how the war on crime transformed american
democracy and created a culture of fear. New York: Oxford University Press, 2007, p. 259.
342 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States. In: GROSSBERG, Michael;
TOMLINS, Christopher (Ed.). The Cambridge history of law in America, p. 195-231. New
York: Cambridge University Press, 2008. v. III.
343 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States Op. Cit., p. 204.
344 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 204-207.
345 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 222.
346 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 222-223.
347 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 226.
348 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 222.
349 FREUND, David. P. Colored Property: state policy and white racial politics in suburban.
Chicago: The University of Chicago Press, 2010, p. 385-386.
350 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 223-224.
351 UNITED STATES OF AMERICA (USA). U.S. Department of Justice. Office of Justice Programs.
Bureau of Justice Statistics. Recidivism of prisoners released in 30 states in 2005: patterns
from 2005 to 2010, 2014. Disponvel em: http://www.bjs.gov/content/pub/pdf/rprts05p0510.
pdf. Acesso em: 20 mar 2017.
352 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 223-224
353 UNITED STATES OF AMERICA (USA). U.S. Department of Justice. Office of Justice
Programs. Bureau of Justice Statistics. Correctional populations in the United States, 2013.
Disponvel em: http://www.bjs.gov/content/pub/pdf/cpus13.pdf. Acesso em: 20 mar 2017.
354 WHITMAN, James Q. Harsh Justice: divide between America and Europe. New York: Oxford
University Press, 2003, p. 9.
355 KIRCHHOFF, Suzanne M. Economic Impacts of Prison Growth. [S.l.]: Congressional
Research Service, 2010. Disponvel em: <https://www.fas.org/sgp/crs/misc/R41177.pdf>.
Acesso em: 20 mar 2017.
356 UNITED STATES OF AMERICA (USA). U.S. Department of Justice. Office of Justice
Programs. Bureau of Justice Statistics. Recidivism of prisoners released in 30 states in 2005.
Op. Cit.
357 KIRCHHOFF, Suzanne M. Economic Impacts of Prison Growth. Op. Cit.
358 KIRCHHOFF, Suzanne M. Economic Impacts of Prison Growth. Op. Cit.
359 KIRCHHOFF, Suzanne M. Economic Impacts of Prison Growth. Op. Cit.
360 SUBRAMANIAN, Ram; SHAMES, Alison. Sentencing and Prison Practices in Germany
and the Netherlands: Implications for the United States. New York: Vera Institute of Justice,
2013, p. 3.
361 WILLRICH, Michael. Criminal justice in the United States... Op. Cit., p. 224.
362 SIMON, Jonathan. Governing through crime... Op. Cit.
363 when he launched the War on Poverty in 1964. President Lyndon B. Johnson proudly announced
that the United States would eradicate poverty by the year 1976, so that the bicentennial of the
country would also herald the birth of the first society of affluence in history.. Cf. WACQUANT,
Loc. Urban outcasts: a comparative sociology of advanced marginality. Cambridge: Polity
Press, 2008, p. 17.
364 Segundo Mitchell Lerner, Johnson cometeu um erro crtico ao vender a guerra contra a pobreza
como parte de uma guerra contra o crime, dando de presente aos oponentes conservadores o
argumento de que o aumento da criminalidade era decorrente das polticas sociais federais.
LERNER, Mitchell B. (Ed.). A Companion to Lyndon B. Johnson. [S.I]. Blackwell Publishing,
2012, p. 124.
365 The front-line soldier in the war on crime is the local law enforcement officer. [] The
proposals I am making today will not solve the problem of crime in this country. The war
on crime will be waged by our children and our childrens children. But the difficulty and
complexity of the problem cannot be permitted to lead us to despair. They must lead us rather
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to bring greater efforts, greater ingenuity and greater determination to do battle. THE
AMERICA PRESIDENCY PROJECT. Lyndon B. Johnson: Special Message to the Congress
on Crime and Law Enforcement, march 1966. Disponvel em: <http://www.presidency.ucsb.
edu/ws/?pid=27478>. Acesso em: 20 mar 2017.
366 I do not hesitate to use the term war, for that is exactly what it is. There is nothing controversial
about this war. There is the side of law, justice, honesty, and public safety. And there is the side
of lawlessness, dishonesty, human exploitation, and violence. I consider our meeting here in
Washington a strategy conference on our side a conference among allied officers over the maps
of tomorrows battlefield.. UNITED STATES OF AMERICA (USA). Department of Justice.
The war on crime: the end of beginning. Washington, D. C., 9 set. 1971. Disponvel em:
<http://www.justice.gov/sites/default/files/ag/legacy/2011/08/23/09-09-1971.pdf>. Acesso em:
20 mar 2017.
367 BALKO, Radley. Rise of the warrior cop: the militarization of Americas Police Forces.
[Recurso eletrnico]. New York: Public Affairs, 2013, p. 68-69.
368 BALKO, Radley. Rise of the warrior cop... Op. Cit., p. 70.
369 SIMON, Jonathan. Governing through crime... Op. Cit., p. 10.
370 FRAMPTON, Mary Louise; LPEZ, Ian Haney; SIMON, Jonathan. Introducion. In: FRAMPTON,
Mary Louise; LPEZ, Ian Haney; SIMON, Jonathan (Ed.). After the war on crime: race,
democracy, and a new reconstruction. New York: New York University Press, 2008, p. 7.
371 As Leis Jim Crow eram regras racistas que legalizavam a segregao racial nos Estados Unidos,
mesmo aps a abolio da escravido. O tratamento discriminatrio previsto nessas leis perdurou
sculo XX a dentro, at que os movimentos pelos direitos civis dos anos 1960 conseguissem
agregar presso social suficiente para torn-las insustentveis e, com isso, revog-las. Se as
leis de Jim Crow remanescentes foram revogadas pelo Civil Rights Act, de 1964, a luta contra
o preconceito continua presente. Cf. WORMSER, Richard. The rise and fall of Jim Crow.
[Recurso eletrnico]. New York: St. Martins Press, 2014, posio 10 e 519.
372 Especially with its commitment to punishment rather than rehabilitation, the war on crime
only deepens the misery. Every aspect of the war on crime the stop and frisk, the arrests,
the criminalization of public health issues such as drug use and drunkenness, the violence
engendered by overcrowded prisons with no real rehabilitative capacity combines to virtually
guarantee that the marginalization of minority communities will only deepen. In real respects, the
war on crime has reversed the gains of the civil rights era and created a new form of racialized
domination more intractable in many ways than the mid-twentieth-century versions of Northern
ghettos and Southern Jim Crow. FRAMPTON, Mary Louise; LPEZ, Ian Haney; SIMON,
Jonathan. Introducion... Op. Cit., p. 9.
373 During the third quarter of 1933, the arrest records of 81,378 individuals were examined. Of the
total, 51,429 were native whites, 7,267 were foreign-born whites and 20,101 were Negroes. The
significance of these numbers is probably best shown by stating the number of each of the three
types of persons arrested in proportion to the number of such persons in the general population
of the country.. UNITED STATES OF AMERICA (USA). Department of Justice. Uniform
Crime Reports, v. IV, n. 3. Washington: Government Print Office, 1933, p. 17.
374 UNITED STATES OF AMERICA (USA). U.S. Department of Justice. Office of Justice
Programs. Bureau of Justice Statistics. Prisoners in 2015. [S.i]: Dec 2016, p. 6. Disponvel em:
<http://www.bjs.gov/content/pub/pdf/p15.pdf>. Acesso em: 20 mar 2017.
375 UNITED STATES OF AMERICA (USA). Census Bureau, 2015. QuickFacts. Disponvel em:
<https://www.census.gov/quickfacts/table/RHI125215/00>. Acesso em: 20 mar 2017.
376 UNITED STATES OF AMERICA (USA). U.S. Department of Justice. Office of Justice
Programs. Bureau of Justice Statistics. Prisoners in 2015. Op. Cit.
377 UNITED STATES OF AMERICA (USA). Census Bureau, 2015. QuickFacts. Op. Cit.
378 UNITED STATES OF AMERICA (USA). Census Bureau, 2015. QuickFacts. Op. Cit.
379 UNITED STATES OF AMERICA (USA). U.S. Department of Justice. Office of Justice
Programs. Bureau of Justice Statistics. Prisoners in 2015. Op. Cit.
380 VORENBERG, James. The War on Crime: the first five years. In: The Atlantic Monthly, May,
1972. Disponvel em: <http://www.theatlantic.com/past/politics/crime/crimewar.htm>. Acesso
em: 20 mar 2017.
381 The sense of belonging to a community that underlies much of this moral restraint is undermined
if the conduct of the rich and the powerful is characterized by selfishness, and if the government
appears to have little concern for the plight of those for whom life is difficult. Continuing denial of
opportunity combined with the anonymity of city life, is destroying the social pressure to abstain
from crime. [] In a society where television commercials are constantly reminding us that every
self-respecting American should be driving a new car and flying off for a Caribbean vacation, crime
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may seem like the only good bet for those whose lives are little more than a struggle to survive.. Cf.
VORENBERG, James. The War on Crime: the first five years... Op. Cit.
382 SIMON, Jonathan. From the New Deal to the Crime Deal. In: FRAMPTON, Mary Louise;
LPEZ, Ian Haney; SIMON, Jonathan (Ed.). After the war on crime: race, democracy, and a
new reconstruction. New York: New York University Press, 2008, p. 49.
383 SIMON, Jonathan. From the New Deal to the Crime Deal... Op. Cit., p. 49.
384 cf. ZIMRING, Franklin E.; HAWKINS, Gordon; KAMIN, Sam. Punishment and democracy:
three strikes and youre out in California. New York: Oxford University Press, 2001, p. 4-6.
385 SIMON, Jonathan. From the New Deal to the Crime Deal... Op. Cit., p. 51.
386 SIMON, Jonathan. From the New Deal to the Crime Deal... Op. Cit., p. 51-52.
387 SIMON, Jonathan. From the New Deal to the Crime Deal... Op. Cit., p. 54.
388 Como explica Bernard Harcourt, Q. Wilson e George Kelling L., em maro de 1982, em uma
edio do The Atlantic Monthly, foram autores do inovador artigo intitulado Broken Windows:
The Police and Neighborhood Safety. Nele, postulam a tese de que o a desordem no identificada
e combatida um sinal de que ningum se importa e convida seus autores a mais desordens e a
crimes mais graves. (cf. HARCOURT, Bernard. Illusion of order: the false promise of broken
windows policing. Cambridge: Harvard University Press, 2001, p. 1).
389 Para saber mais sobre Tolerncia Zero, recomendamos a obra de Bernard Harcourt, na qual ele
faz crticas emprica, terica e retrica, para concluir que no s a referida teoria no entrega
o que promete, como que as solues para o controle da criminalidade necessitam levar em
considerao as especificidades de cada contexto social. Cf. HARCOURT, Bernard. Illusion of
order... Op. Cit.
390 WACQUANT, Loc. Las crceles de la miseria. Op. Cit., p. 38.
391 TAYLOR, Ralph B. Breaking away from Broken Windows: Baltimore Neighborhoods and the
Nationwide Fight Against Crime, Grime, Fear, and Decline. Boudler: Westview Press, 2001.
392 TAYLOR, Ralph B. Breaking away from Broken Windows... Op. Cit., p. 374.
393 WHITMAN, James Q. Harsh Justice... Op. Cit., p. 9.
394 The lives of convicts are supposed to be, as far as possible, no different from the lives of ordinary
German people. Convicts are not to be thought of as persons of a different and lower status
than everybody else. As we shall see, these same ideas also pervade European political debate
over prison policy. (These are also the continental ideas that most recently came to the fore in
European protests over the treatment of the captured prisoners held in Guantanamo Bay after the
American campaign in Afghanistan.). Cf. WHITMAN, James Q. Harsh Justice... Op. Cit., p. 8.
395 WHITMAN, James Q. Harsh Justice... Op. Cit., p. 70-71.
396 UN. UNODC. Homicide counts and rates, time series 2000-2012. Disponvel em: <http://
www.unodc.org/gsh/en/data.html>. Acesso em: 20 mar 2017.
397 WHITMAN, James Q. Harsh Justice... Op. Cit., p. 65
398 WHITMAN, James Q. Harsh Justice... Op. Cit., p. 84
399 UNITED STATES OF AMERICA (USA). U.S. Department of Justice. Office of Justice
Programs. Bureau of Justice Statistics. Prisoners in 2015. Op. Cit.
400 SIMON, Jonathan. Governing through crime... Op. Cit., p. 141.
401 ALEXANDER, Michelle. The New Jim Crow. New York: New Press, 2012, p. 98.
402 SIMON, Jonathan. Governing through crime... Op. Cit., p. 227.
403 WACQUANT, Loc. Castigar a los pobres: el gobierno neoliberal de la inseguridad social.
Barcelona: Gedisa, 2010, p. 51.
404 Rio que divisa os Estados Unidos do Mxico, a fronteira geopoltica que separa a Amrica
Eurocntrica (Estados Unidos e Canad) da Amrica Latina.
405 No mesmo sentido e em uma anlise bem realizada sobre a questo das drogas, vide ANDRADE,
Olavo Hamilton Ayres Freire de. Princpio da proporcionalidade e a guerra contra as drogas.
2 ed. Natal: OWL, 2015, p. 87.
406 The men who contacted metwo army privates and a second lieutenantsubstantiated Professor
Zibechis allegations. They asserted that the real reasons they had been stationed in Colombia were
to establish a U.S. presence and to train Latin soldiers as part of a United States commanded
Southern Unified Army (a term two of the three used). Everything we do in Colombia just makes
it more attractive for the drug business, the lieutenant told me. 1Why do you think the situation
keeps getting worse there? Because we want it to, were behind the drug trafficking. The CIA is
just like it was in Asias Golden Triangle. And in Central America and Iran during Iran-Contra.
And the British with opium in China. Coke provides illicit money, in the billionsfor clandestine
activitiesand an excuse to build up our armies. What more can you ask? Were there, men like me
in the legit army, to protect oil and to invade Venezuela. The drug game is a smokescreen.. Cf.
PERKINS, John. The secret history of the American empire: economic hit men, jackals, and the
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446 Cf. AMNESTY INTERNATIONAL. Report on allegations of torture in Brazil. Op. Cit., p. 65.
447 VALLI, Virginia. Eu, Zuzu Angel, procuro meu filho. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1986, p. 108.
448 BLUM, William. Killing Hope: U.S. Military and CIA Interventions Since World War II.
London: Zed Books, 2004, p. 171.
449 BANDEIRA, Moniz. Presena dos Estados Unidos no Brasil (dois sculos de histria). 2. ed.
Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1978, p. 47
450 LANGGUTH, A. J. A face oculta do terror. Traduo de Roberto Raposo. Rio de Janeiro:
Civilizao Brasileira, 1979, p. 109-110; 112.
451 ARQUIDIOCESE DE SO PAULO. Brasil Nunca Mais. So Paulo: Vozes, 1985, p. 32.
452 FON, Antonio Carlos. Tortura: a histria da represso poltica no Brasil. So Paulo: Global
Editora, 1979, p. 60.
453 A Rua Dan Mitrione, em Belo Horizonte, teve seu nome mudado aps a redemocratizao para
Rua Jos Carlos Mata Machado, uma das vtimas fatais da tortura durante o regime militar.
454 GABEIRA, Fernando. Carta sobre a anistia: entrevista do Pasquim. Rio de Janeiro: Codeci,
1979, p. 29.
455 Lembrando que durante o regime ditatorial militar, por fora do art. 6 do Decreto-Lei 667,
de 2 de julho de 1969, O Comando das Polcias Militares ser exercido por oficial superior
combatente, do servio ativo do Exrcito, preferencialmente do posto de Tenente-Coronel ou
Coronel, proposto ao Ministro do Exrcito pelos Governadores de Estado e de Territrios ou pelo
Prefeito do Distrito Federal..
456 WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violncia... Op. Cit., p. 147.
457 HUSAIN, Saima. In War, Those Who Die Are Not Innocent (Na Guerra, Quem Morre No
Innocente): Human Rights Implementation, Policing, and Public Security Reform in Rio de
Janeiro, Brazil. Amsterdam:
Rozenberg Publishers, 2007, p. 36-37.
458 Inconvencionais no sentido de normas internas incompatveis com as Convenes de Direitos
Humanos ratificadas pelo Brasil. Cf. MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. O controle jurisdicional
da convencionalidade das leis. 1. ed. em e-book baseada na 4. ed. Impressa. So Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016.
459 FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 5. ed. So Paulo: edies Loyola, 1999.
460 CASTRO, Lola Aniyar de. Criminologia da libertao. Op. Cit., p. 77.
461 CARVALHO, Salo de. A politica criminal de drogas no Brasil... Op. Cit., p. 115.
462 NOSSA, Leonencio. Mata! O major Curi e as guerrilhas no Araguaia. [Recurso eletrnico].
So Paulo: Companhia das Letras, 2012, posio 6127.
463 ORWELL, George. 1984. Op. Cit., posio 3041.
464 Our war on terror begins with al Qaeda, but it does not end there. It will not end until every
terrorist group of global reach has been found, stopped and defeated.. Cf. RUSCHMANN,
Paul. The War on Terror. New York: Chelsea House, 2005, p 111.
465 In line with previous presidential failures in their War on Nouns on Poverty and Drugs-the
Bush administration declared a War on Terror following the attacks of September 11, 2001. The
central premise of this new war was that terrorism is the primary threat to national security,
and to the homeland, and that it must be opposed by all means necessary. This ideological
foundation has been used by virtually all nations as a device for gaining popular and military
support for aggression, as well as repression. It was used freely by right-wing dictatorships in
Brazil, Greece, and many other nations in the 1960s and 70s to justify torture and death-squad
executions of their citizens who were positioned as the enemies of the state.. Cf. ZIMBARDO,
Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 430.
466 The destruction of the Indians of the Americas was, far and away, the most massive act of
genocide in the history of the world. That is why, as one historian aptly has said, far from the
heroic and romantic heraldry that customarily is used to symbolize the European settlement
of the Americas, the emblem most congruent with reality would be a pyramid of skulls.. Cf.
STANNARD, David E. Prologue. In: American holocaust: the conquest of the New World.
New York: Oxford University, 1992, p. X.
467 MLLER, Ingo. Hitlers Justice: The Courts of the Third Reich. Traduo para o ingls de
Deborah Lucas Schneider, Cambridge: Harvard University Press, 1991.
468 STANNARD, David E. American holocaust: the conquest of the New World. New York:
Oxford University, 1992, p. 151.
469 When a power elite wants to destroy an enemy nation, it turns to propaganda experts to
fashion a program of hate. What does it take for the citizens of one society to hate the citizens
of another society to the degree that they want to segregate them, torment them, even kill them?
It requires a hostile imagination, a psychological construction embedded deeply in their
246
4 - BELLIGERENT POLICIES COMO METONMIA DAS POLTICAS BELICISTAS E A GUERRA
minds by propaganda that transforms those others into The Enemy. That image is a soldiers
most powerful motive, one that loads his rifle with ammunition of hate and fear. The image
of a dreaded enemy threatening ones personal well-being and the societys national security
emboldens mothers and fathers to send sons to war and empowers governments to rearrange
priorities to turn plowshares into swords of destruction.. Cf. ZIMBARDO, Philip. The Lucifer
effect... Op. Cit., p. 11.
470 ZIMBARDO, Philip. The Lucifer effect... Op. Cit., p. 11.
471 Cf. NIETZSCHE, Friedrich. Alm do bem e do mal: preldio a uma filosofia do futuro. [Recurso
eletrnico]. Porto Alegre: L&MP, 2011, posio 1476.
472 Dehumanization is the central construct in our understanding of mans inhumanity to man.
Dehumanization occurs whenever some human being s consider other human beings to be
excluded from the moral order of being a human person. The objects of this psychological process
lose their human status in the eyes of their dehumanizers. By identifying certain individuals or
groups as being outside the sphere of humanity, dehumanizing agents suspend the morality that
might typically govern reasoned actions toward their fellows.. Cf. ZIMBARDO, Philip. The
Lucifer effect... Op. Cit., p. 307.
473 CORAES e mentes. Direo de Peter Davis, Produo de Henry Lange e Bert Schneider.
Estados Unidos: Continental, 1974, DVD 112min.
474 VANAIK, Achin. Introduccin. In: Casus belli: cmo los Estados Unidos venden la guerra. Trad.
para o espanhol de Beatriz Martnez Ruiz. Amsterdam: Transnational Institute, 2010, p. 18.
475 LIVINGSTONE, Grace. Americas Backyard... Op. Cit., p. 108.
476 ORWELL, George. 1984. Op. Cit., posio 56.
477 RISEN, James. U.S. Identifies Vast Mineral Riches in Afghanistan. The New York Times, [S.I.],
13 jun. 2010. Disponvel em: <http://www.nytimes.com/2010/06/14/world/asia/14minerals.
html?pagewanted=all>. Acesso em: 20 mar 2017.
478 OS ATENTADOS na Europa desde 2004. Jornal de Notcias. Aba Mundo. Disponvel em:
<http://www.jn.pt/mundo/interior/cronologia-atentados-na-europa-atribuidos-aos-movimentos-
islamitas-5089588.html>. Acesso: em 20 fev 2017.
479 CIA created ISIS, says Julian Assange as Wikileaks releases 500k US cables. EXPRESS. Aba
World, 29 nov 2016. Disponvel em: http://www.express.co.uk/news/world/737430/CIA-ISIS-
Wikileaks-Carter-Cables-III-Julian-Assange>. Acesso em: 20 mar 2017.
480 ICRC, jurists join rebuke of Trump torture remarks, black site reports. Reuters. Aba Politics,
26 jan 2017. Disponvel em: <http://www.reuters.com/article/us-usa-trump-prisons-reaction-
idUSKBN15A21U>. Acesso: em 20 fev 2017.
481 VERGANO, Dan. Half-Million Iraqis Died in the War, New Study Says. National Geographic.
[S.I.], 15 out. 2013. Disponvel em: <http://news.nationalgeographic.com/news/2013/10/131015-
iraq-war-deaths-survey-2013/>. Acesso em: 20 mar 2017.
482 GREENWALD, Glenn. No place to hide: Edward Snowden, the NSA and the Surveillance State.
[Recurso eletrnico]. London: Penguin Books, 2014, posio 920.
483 WIKILEAKS leaked video of Civilians killed in Baghdad Full video. [S.l.], 2011. (39min 33s).
Disponvel em: <https://www.youtube.com/watch?v=is9sxRfU-ik>. Acesso em: 20 mar 2017.
247
PARTE II
Captulo 1
O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS
HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
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tos, seja qual tenha sido a cultura-fonte. Somente uma abertura para o ou-
tro permite reconhecer a impossibilidade de aplicao universal a priori e
enlatada de institutos jurdicos, que so criaes culturalmente ancoradas,
peculiares por si mesmas e fruto de uma tradio.
S o que h de universal o modo como o sentido vem fala, pois
isso faz parte de nossa estrutura, de nosso modo de ser-no-mundo, como
diz Heidegger (desde que devidamente compreendido dentro do conceito
de colonialidade do ser pgina 160), que constitui tudo a que a com-
preenso pode se voltar. O ser que pode ser compreendido linguagem,
como acentua Gadamer.488 Mas toda tradio compartilha, acima de tudo,
um contexto. O grande problema dos juristas colonizados reside a, em se
universalizar algo que sempre parcial. Terminam, assim, sendo a boca
que pronuncia, inautenticamente e para si, o discurso (no interesse ou da
realidade) dos outros poderosos. Tornam-se vtimas do colonialismo teri-
co, como veremos.
Observemos a questo do direito penal do inimigo, pano de fundo
das Belligerent Policies, notadamente na vertente da War on Terror. No
contexto central, o discurso do inimigo, tanto na verso europeia quanto
estadunidense, aquele que no quer fazer parte do Estado (Parte I, Seo
2.5). o que se exclui voluntariamente. Poder-se-ia at se pensar em tal
figurao isso no importa nossa aceitao de tal corrente de ideias, ad-
vertimos , em se tratando de uma sociedade que vive outra tradio, que
conheceu uma Modernidade que instaurou servios pblicos de qualidade
e tem baixssimos ndices de desigualdade socioeconmica. Poderamos
imaginar hipoteticamente um outsider em uma sociedade na qual as esco-
lhas dos indivduos partem mais do crebro e menos do estmago, isto ,
em que em geral so muito mais livres e refletidas e cujos horizontes so
culturalmente mais largos pela acentuada educao formal, tanto em am-
plitude quanto em qualidade.
Imagine-se, porm, importar essa doutrina para nosso pas, onde h
uma realidade de excluso social tremenda, indevida e indesejada contra os
que vivem margem e em que o terrorismo, nos moldes centrais, material-
mente no existe. Cuida-se de um transplante inautntico. Talvez por isso
Jakobs atualmente o maior expoente da vertente europeia do Direito Penal
do Inimigo tenha sido to odiado por uma parte da Academia jurdica la-
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Como efeito da reao dos estados sulistas luta pela libertao dos
escravos, quando da anexao do Texas aos Estados Unidos, foi reintrodu-
zida imediatamente a escravido abolida quando pertencia ao Mxico.
Na Frana, at um ano antes da revoluo de 1848, no perodo de ouro do
liberalismo francs, como bem observa Losurdo, havia muito mais negros
escravos no imprio do que na poca da revoluo de 1830.518
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e sem provocao.528
Os mendigos na Inglaterra e nos Estados Unidos dos sculos XVIII
e XIX, igualmente, no sofriam tratamento muito diferente do dado aos
escravos. Eram obrigados a trabalhar nas Workhouses, verdadeiros precur-
sores dos campos de concentrao. O crime cometido pelos agraciados
a sobreviverem fora nas oficinas era no conseguir manter a prpria sub-
sistncia. Nas casas de trabalho, o ncleo familiar era rompido. Homens,
mulheres e crianas ficavam amontoados em quartos separados, em um
regime de absoluto desprezo.
No interior dessas instituies totais529 no entravam nem a lei nem
o respeito, porque a prpria condio humana dos seus internos era negada.
Alguns cometiam suicdio para no continuar nas horrendas oficinas. Os
guardies das referidas instituies tinham plena liberdade para aplicar as
punies corporais que entendessem cabveis. Remetemos aqui o leitor
Parte I, Seo 2.6, em que abordamos a anlise de Philip Zimbardo sobre a
maldade derivada da questo situacional e sistmica em instituies totais.
No por menos, Stuart Mill tem sua parcela de responsabilidade sistmica
no efeito Lcifer, enquanto grande nome da poca, quando celebra a exis-
tncia das workhouses:
Mesmo o trabalhador do campo que perde seu emprego por motivo
de ociosidade ou negligncia, no sofre outra consequncia seno
na pior das hipteses o ter que submeter-se disciplina de uma
oficina dessas.530
Mais conhecido pela sua filosofia moral e tendo sido uma das maio-
res influncias do liberalismo clssico, Jeremy Bentham pretendia utilizar
as ideias do panptico para o aprisionamento de todos os pobres em insti-
tuies totais. Em seu ambicioso plano, que esperava alcanar um milho
de pessoas em casas de trabalho, o processo de desindividualizao e de-
sumanizao dos pobres era to acentuado, que no importava para ele as
idiossincrasias. Afinal, todos eram parte de um grupo indistinto e deveria
cada indivduo ser submetido ao mesmo regime de controle total. Para ele,
questes particulares do pobre no interessavam, pois o que importava era
o socialmente construdo e, assim, os mritos ou demritos individuais no
importavam. O que contava eram as mesmas circunstncias econmicas
que conformavam um grupo indistinto.531
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mas os ingnuos (os nascidos livres) e os libertos (os que obtiveram a al-
forria) tambm no o eram nem passiva nem ativamente de fato, porque a
elegibilidade e o voto eram censitrios (art. 45, inciso IV, e art. 92, inciso
V, da Constituio Imperial de 1824) e, invariavelmente, eles eram pobres.
Assim, os cativos, os ingnuos, os livres e os filhos deles no tinham aces-
so educao formal.
Com a abolio da escravatura negra, somente no sculo XIX, e cuja
tardana fez o Brasil assumir o desonroso posto de ltimo pas do mundo
a faz-la, a nica poltica pblica implementada pouco mais de um ano
depois para essa massa de miserveis recm-sados das senzalas foi um
novo Cdigo Penal (1890).554 Esse Estatuto Criminal dedicou o Captulo
XII punio dos Mendigos e brios (e nem preciso dizer que os ne-
gros libertados saram das senzalas, literalmente, com uma mo na frente
e outra atrs) e o XIII, aos Vadios e Capoeiras, punindo (art. 402) quem
praticasse a conduta de fazer nas ruas e praas pblicas exerccios de agi-
lidade e destreza corporal conhecidos pela denominao capoeiragem. E
os negros continuaram escravos da sua condio pr-histrica. No sabiam
exercer qualquer arte ou ofcio alm do trabalho desumano e braal que
aprenderam fora, sob o chicote dos capites-do-mato.
A imigrao europeia em massa seguiu um caminho bem diferente.
Com o fim da escravido, o Brasil se tornou um pas de extremos. De um
lado, o baronato das usinas de cana-de-acar e os grandes cafeicultores;
do outro, a massa faminta de ex-escravos que saiu pr-histrica da senzala
e desprovida de recursos de qualquer natureza, sem terras, sem cidadania,
sem dignidade. No meio, uma escassa classe mdia de pequenos comer-
ciantes e dos poucos servidores pblicos.
O plano do governo era, por um lado, fomentar, atravs da imigrao
europeia, o branqueamento da populao e a construo de uma classe m-
dia relevante. Oportuna a imigrao em razo da crise na Europa. Ademais,
alegava-se que a mo-de-obra imigrante era qualificada, com costumes e re-
ligiosidade semelhantes da antiga matriz. E havia a necessidade de povoar
a regio Sul do pas, sempre ameaada de ocupao pelas naes vizinhas.
Artesos e agricultores europeus aportaram em nossas terras, fugindo
da fome provocada pela revoluo industrial. Para a Europa manufatureira
e imperialista, no era somente a exportao de produtos que lhe fazia lu-
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1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
crar com o Brasil, mas tambm o fato de se livrarem dos seus excedentes
demogrficos.555 Ao contrrio do que foi feito nos Estados Unidos, em que a
imigrao era sustentada inteiramente pela iniciativa privada, a lei de terras
de 1850 previa o custeio da vinda dos imigrantes, alm da sua manuteno
como assalariados e tambm como colonos em ncleos criados pelo Estado.
No fosse isso, em 1885, a lei Saraiva-Cotegipe obrigou o Imprio a realizar
um programa de financiamento do transporte de migrantes da Europa para o
Brasil, fornecendo terras e recursos para iniciarem a vida no Brasil.
A poltica governamental foi a de que esses estrangeiros viessem
com as famlias, para promover a eugenia, a difuso da etnia branca. Cabe
acrescentar que aos negros e ndios que aqui haviam nascido e viviam era
vedada a distribuio de terras. Assim, o mesmo escravo que aqui nasceu
e sofreu no pelourinho, sequer tinha o direito a um pedao de cho, mas
um estrangeiro, sim. Como acentua Florestan Fernandes, com a chegada
dos imigrantes europeus, estes absorveram as ocupaes de maior interesse
econmico, fazendo com que os negros e os mulatos perdessem as nicas
vias de possvel ascenso social. E acentua que
[...] sua falta de aptido para o trabalho livre, a competio inter-ra-
cial e o estilo urbano de vida agravada pela presena de massas de
estrangeiros, vidos por absorverem as oportunidades econmicas
existentes (ou em emergncia) e totalmente preferidos no mercado
de trabalho. Acresce que o prprio negro tinha de aprender a agir
socialmente como trabalhador livre e a lidar com o mundo da econo-
mia urbana sem ter tempo para isso. As coisas caminharam depressa
demais. De modo que o desajustamento do negro, que poderia ser
um fenmeno transitrio, converteu-se em desajustamento estrutu-
ral. Em vez de ser reabsorvido pelo sistema de trabalho urbano e pela
ordem social competitiva, ele foi repelido para as esferas marginais
desse sistema, nas quais se concentravam as ocupaes irregulares e
degradadas, tanto econmica quanto socialmente.556
J o branco estrangeiro que imigrava tinha a poltica governamental
de incentivo imigrao a seu favor.557 O darwinismo social e a eugenia
racial se efetivavam, com o fim de branquear a populao.
A deficiente representatividade econmica e poltica do afrodescen-
dente, dos mestios e indgenas na sociedade latino-americana e, em espe-
cial, a brasileira, no algo natural, fruto de uma suposta culpa individual,
preguia ou incapacidade derivada de algum fator racial. Trata-se de uma
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1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
condio de opresso histrica que afeta essas etnias hoje como reflexo do
passado, em especial os negros.
Trata-se de uma segregao dissimulada sob o vu da democracia
racial.558 H, proporcionalmente, poucos negros e pardos nas universida-
des. Nos cursos mais concorridos, de melhores perspectivas econmicas,
a participao dessa etnia ainda menor. Isso ocorre porque, em geral, os
candidatos negros e pardos no tiveram acesso a um ensino fundamental
e mdio de melhor qualidade (o sistema privado). Trata-se da decorrncia
de um fato: seus pais tambm j so legatrios de uma triste herana de
inferiorizao econmico-social que os impediu de dar aos filhos melhores
oportunidades de estudos. Isso implica limitao na futura ascenso pro-
fissional e, consequentemente, econmica. Existe, na verdade, um ciclo
vicioso intergeracional secular em marcha.
Trata-se de uma violncia sistmica, que no compreendida facil-
mente, porque j foi introjetada em nossa normalidade. Termina sendo vista
como algo corriqueiro, naturalizado no cerne das relaes sociais quando
comumente se entendem as profundas desigualdades econmicas e sociais
do Brasil como naturais; quando se defende que o mercado d iguais
oportunidades a brancos e negros e que no temos que responder por fatos
ocorridos no passado, porque os negros se encontram em tais situaes por
culpa prpria, inaptido ou preguia (ou mesmo inferioridade racial,
pois ainda h quem, em pequenos crculos, expresse isso). Claro exemplo
de violncias sistmica e simblica.
Dessa forma, no se atenta para o fato de que o dficit de repre-
sentatividade econmica, social e poltica dos afrodescendentes decorre
de prticas que, por inmeras geraes, geraram discriminao negativa.
E no existe o explorado sem o explorador. Os tempos exigem um olhar
com alteridade, partindo de l, alm das nossas fronteiras individualistas e
de convenincia, que somente uma viagem ao encontro do outro pode per-
mitir. Quem sabe, reconhecendo o Outro, possamos nos conhecer melhor,
estranhando e evitando as posturas de apartheid.
Mas o que fez a cultura eurocntrica com relao ao fim da escra-
vatura negra nas Amricas? Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos
do final do sculo XIX e incio do sculo XX, surgiu o chamado darwinis-
mo social, reao da cultura liberal ocidental (eurocntrica pgina 145)
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da Costa Rica e, como a prpria Corte decidiu, sequer podem ser respon-
sabilizados por violaes amplamente comprovadas como as da priso da
baa de Guantnamo.628
Assim, podem indicar e ter comissrios na Comisso Interamerica-
na de Direitos Humanos e ter juzes na Corte Interamericana dos Direitos
Humanos Corte IDH, mas no podem ser alvo da mesma Corte. Nesse
sentido, tornam-se mais do que foras-da-lei. Tornam-se dentro da Lei nos
direitos e acima da Lei nos deveres.
O mesmo acontece em relao ao Tribunal Penal Internacional TPI
sobre quem, como aponta Costa Douzinas, os Estados Unidos se expressa-
ram com grande entusiasmo pela criao de tribunais para a Iugoslvia e a
Ruanda. Mas quando vieram as negociaes para a criao do Tribunal Pe-
nal Internacional, no entanto, a posio americana rapidamente mudou de
lado. Passaram a lutar duramente contra, usando ameaas e o poder com-
pensatrio (pgina 292) para evitar a jurisdio universal do Tribunal.
No fim, os Estados Unidos foram um dos sete pases que votaram
contra a final e muito comprometedora verso. Entre seus companheiros de
votao estavam o Iraque, a Lbia e a China, pases cuja poltica externa es-
tadunidense frequentemente demonizava. Bill Clinton o assinou em 2000,
mas sem remeter ao Senado para ratificao. Sem jamais ter sido submeti-
do ratificao, em 2002, sob a presidncia de George W. Bush, os Estados
Unidos retiraram at mesmo sua assinatura. Sua rejeio ao Tribunal Penal
Internacional foi um caso de relativismo cultural que tomou a forma de
uma clusula de salvaguarda imperial, como Douzinas denomina. Foi
tambm uma admisso implcita de que crimes de guerra e atrocidades no
so da competncia exclusiva dos regimes que a grande nao Amrica do
Norte considera prias.629
Isso pe em xeque a prpria atuao das Cortes Internacional e Inte-
ramericana, na medida em que o Estado mais poderoso e influente do mun-
do se pe na posio de exclusiva superioridade: so apenas denunciadores
e julgadores podendo utilizar a legitimidade e a credibilidade das Cortes
em seu prprio interesse de poltica externa, ainda mais em se tratando de
um Estado com amplo histrico de imperialismo dos Direitos Humanos,
com o fim de constranger e fragilizar os demais Estados-membros que as-
sinaram as Convenes e a ela se submetem.
305
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tamento desse problema sob uma tica libertria. Por bvio, em um pas
em que a Defensoria Pblica mal estruturada,640 quem tem condies de
contratar um advogado ter maiores chances de ver seu direito social indi-
vidualmente assegurado. Fecha-se, assim, o ciclo vicioso contra as vtimas
da Modernidade.
H direitos sociais, mas no para os que deles precisam efetiva-
mente. Enfim, a nfase na proteo da propriedade (capital) e do lucro,
em prejuzo dos Direitos Humanos de segunda e terceira dimenses. Ou
seja, faz caminhar exatamente o modelo que visa a manter as relaes de
imposio do Norte sobre o Sul; do centro sobre a periferia; do Ocidente
sobre as outras culturas; do explorador sobre o explorado.
A eficincia, na rbita judicial, instrumentaliza-se. A instrumentali-
zao transforma a eficincia em mera tcnica, como meio que permite a
obteno dos fins, mas esses fins so estrategicamente velados. Sem tica,
a razo subsumida na eficincia culmina em um instrumento de domina-
o, de explorao da natureza e dos seres humanos. O avano progressivo
da tcnica vem acompanhado de um processo de desumanizao cada vez
melhor orquestrado. E se a racionalidade vem antes da ou alheia tica ou
alteridade, condiciona-as. As barbries do holocausto so prova de que
havia um imenso vazio tico no discurso da racionalidade ocidental. O
Outro, para a cultura racional eurocntrica, passou a ser visto como aquele
que limita ou contraria o nico existir possvel, e no aquele que possibilita
novas formas de existncia.
Tambm a mquina nazista foi eficiente. Matou em escala indus-
trial e produziu a barbrie na mesma dimenso. Da mesma maneira, foi
eficiente a utilizao de mo-de-obra escrava nas Amricas, bem como a
mo-de-obra servil-escrava nas minas de Potosi. Estavam dentro da Mo-
dernidade. Estavam tambm desprovidas de uma dimenso tica. Contor-
nada a alteridade discursivamente pela Modernidade, pelos homens de
bem, criou-se uma barbrie secular que fez o holocausto parecer trabalho
de amadores. Mas como serviu razo instrumental da Modernidade, foi
muito bem encoberta e articulada como discurso civilizatrio, de moderni-
zao, progresso e libertao, enfim, de zelo para com as culturas e povos
que seriam primitivos, imaturos ou inferiores.
Tanto as Belligerent Policies quanto o eficienticismo no sistema de
311
1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
Notas
484 Psittacidae uma famlia de aves que pertencem ordem Psittaciformes. Nela, incluem-se as
araras e os papagaios.
485 Antieurocntrica a postura de afirmao da alteridade perifrica que, ao mesmo tempo, no
implique a mesma pretenso de universalidade, isto , de negar a particularidade de outras
culturas. No h como rechaar o universalismo defendendo outro.
486 DUSSEL, Enrique. Poltica de la Liberacin: historia... Op. Cit., p. 150.
487 Fundamentar, negativamente, essa circunstncia por ser o sentenciando, por exemplo, um mau
vizinho, gostar de farras, ter relaes extraconjugais, no possuir profisso definida ou estar
desempregado, tm sido verdadeiras prolas colhidas em sentenas criminais, todas de
contedo patentemente de direito penal do autor, e no do fato e, por isso, inconstitucionais e
inconvencionais.
488 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e mtodo: traos fundamentais de uma hermenutica
filosfica. Traduo de Flvio Paulo Meurer. 3. ed. Petrpolis: Vozes, 1999, p. 423.
489 FEITOSA, Enoque. Para a superao das concepes abstratas e formalistas da forma jurdica.
In: BELLO, Enzo. Ensaios crticos sobre direitos humanos e constitucionalismo. [Recurso
eletrnico]. Caxias do Sul, RS: Educs, 2012, p. 21-33. p. 32.
490 FEITOSA, Enoque. Uma crtica marxista ao programa liberal dos Direitos Humanos no contexto
de uma cidadania latino-americana... Op. Cit., p. 110.
491 FEITOSA, Enoque. Uma crtica marxista ao programa liberal dos Direitos Humanos no contexto
de uma cidadania latino-americana... Op. Cit., p. 109-120, p. 114.
492 DOUZINAS, Costa. The end of human rights: critical legal thought at the turn of the century.
Portland: Hart Publishing, 2000, p.86-87.
493 LINCOLN, Abraham. Collected Works of Abraham Lincoln. Ann Arbor, Michigan: University
of Michigan Digital Library Production Services, 2001. Vol. 3, p. 146.
494 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. 2. ed. Aparecida: Ideias & Letras,
2006, p. 22.
495 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 24.
496 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 38.
312
1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
497 1. Uso de muitas ou excessivas palavras para exprimir algo de modo indireto, ou por aluses
ou referncias vagas; fala ou escrita em que se rodeia um assunto, sem ir diretamente ao ponto;
Circunlocuo. 2. P.ext. Palavras ou frases que se diz de modo evasivo, ou como subterfgio.
DICIONRIO Aulete Online. Verbete Circunlquio. Disponvel em: < http://www.aulete.com.
br/circunlquio>. Acesso em: 20 mar 2017.
498 No Person held to Service or Labour in one State, under the Laws thereof, escaping into another,
shall, in Consequence of any Law or Regulation therein, be discharged from such Service or
Labour, but shall be delivered up on Claim of the Party to whom such Service or Labour may
be due.. Cf. UNITED STATES OF AMERICA (USA). Senate. Constitution of the United
States, article IV, Section 2. Disponvel em: <http://www.senate.gov/civics/constitution_item/
constitution.htm>. Acesso em: 20 mar 2017.
499 TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na Amrica. So Paulo: Martins Fontes, 2005, p.
396.
500 TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na Amrica. Op. Cit., p. 397.
501 SMITH, Adam. An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations. Disponvel
em: <http://www.gutenberg.org/ebooks/3300>. Acesso em: 20 mar 2017.
502 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 25
503 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 19.
504 LOCKE, John. Two treatise of government. In: LOCKE, John. The works of John Locke.
London: The Twelfth Editions, 1764, p. 311.
505 But there is another sort of servants, which by a peculiar name we call slaves, who being
captives taken in a just war, are by the right of nature subjected to the absolute dominion and
arbitrary power of their masters. These men having, as I say, forfeited their lives, and with
it their liberties, and lost their estates; and being in the state of slavery, not capable of any
property; cannot in that state be considered as any part of civil society; the chief end whereof
is the preservation of property. LOCKE, John. Two Treatises of Government and A Letter
Concerning Toleration. New York: Yale University, 2003, p. 136.
506 DRESCHER, Seymour. Abolition: a History of Slavery and Antislavery. Cambridge: Cambridge
University Press, 2009, p. 78.
507 DRESCHER, Seymour. Abolition... Op. Cit., p. 282.
508 MONTESQUIEU, Charles de Secondt, Baron de. O esprito das leis. Op. Cit., p. 242.
509 MONTESQUIEU, Charles de Secondt, Baron de. O esprito das leis. Op. Cit., p. 253.
510 MONTESQUIEU, Charles de Secondt, Baron de. O esprito das leis. Op. Cit., p. 261.
511 MONTESQUIEU, Charles de Secondt, Baron de. O esprito das leis. Op. Cit., p. 285.
512 MONTESQUIEU, Charles de Secondt, Baron de. O esprito das leis. Op. Cit., p. 263.
513 No original: [] any alien, being a free white person, who shall have resided within the limits
and under the jurisdiction of the United States for the term of two years, may be admitted to become
a citizen thereof []. Cf. UNITED STATES OF AMERICA (USA). 1790 Naturalization Act.
Disponvel em: <http://library.uwb.edu/guides/usimmigration/1%20stat%20103.pdf>. Acesso
em: 20 mar 2017.
514 No caso do Brasil, por bvio, como os excedentes eram remetidos matriz, no ocasionaram
a acumulao primria capaz de gerar uma economia forte e com alto ndice de investimento
interno.
515 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 47.
516 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 162.
517 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 165.
518 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 170.
519 MARX, Karl. El capital. [Recurso eletrnico]. [S.l.]: [2015?], posio 18540.
520 TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na Amrica. Op. Cit., p. 33.
521 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 36.
522 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 34.
523 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 244.
524 TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na Amrica. Op. Cit., p. 33.
525 A racionalidade foi h muito desmascarada por Freud. Ele mostrou, ao longo de sua obra, que o
consciente apenas a ponta do iceberg da psique humana e que razes inconscientes interferem
e motivam nossas condutas e, em geral, em nossas vidas, sem que possamos perceb-las
racionalmente. Na filosofia ocidental, a viragem ontolgico-lingustica (Wittgenstein, Heidegger
e Gadamer) igualmente ps abaixo a suposta separao entre sujeito e objeto, o que alicerava a
filosofia da conscincia.
526 TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na Amrica. Op. Cit., p. 376.
527 RICARD, Serge (Ed.). A companion to Theodore Roosevelt. Malden: Blackwell Publishing,
313
1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
2011, p. 187-188.
528 SMITH, Adam. Lectures on Jurisprudence. Indianapolis: Liberty Classics, 1982, p. 456.
529 Aqui, no sentido de Erving Goffman, para quem Uma instituio total pode ser definida como
um local de residncia e trabalho onde um grande nmero de indivduos com situao semelhante,
separados da sociedade mais ampla por considervel perodo de tempo, levam uma vida fechada
e formalmente administrada. GOFFMAN, Erving. Manicmios, prises e conventos. So
Paulo: Perspectiva, 1974, p. 13.
530 MILL, John Stuart. Princpios de economia poltica. So Paulo: Nova Cultural, 1996. v. I, p.
264.
531 STOKES, Peter M. Bentham, Dickens, and the Uses of the Workhouse. Studies in English
Literature, 1500-1900, v. 41, No. 4, The Nineteenth Century, Autumn, 2001, p. 711-727, p. 712
532 STOKES, Peter M. Bentham, Dickens, and the Uses of the Workhouse. Studies in English
Literature, 1500-1900. Op. Cit., p. 711-727, p. 717.
533 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 89.
534 Sobre o conceito de modelagem, vide nota n 54, pgina 92.
535 LOCKE, John. Proposed poor law reform. In: BOURNE, H. R. Fox. The life of John Locke.
London: henry s. King & Co., 1876. v. II. p. 377-391, p. 383.
536 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 98.
537 MANDEVILLE, Bernard. The Fable of the Bees or Private Vices, Publick Benefits (1732).
Oxford: Clarendon Press, 1924. v. 1, p. 288.
538 MANDEVILLE, Bernard. The Fable of the Bees or Private Vices, Publick Benefits (1732).
Op. Cit., p. 273.
539 DECLARAO de Direitos do Homem e do Cidado 1789. Universidade de So Paulo (USP).
Biblioteca Virtual de Direitos Humanos. Disponvel em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/
index.php/Documentos-anteriores--criao-da-Sociedade-das-Naes-at-1919/declaracao-de-
direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html>. Acesso em 5 maio 2016.
540 COMPARATO, Fbio Konder. A Afirmao Histrica dos Direitos Humanos. 7. ed. So
Paulo: Saraiva, 2010, p. 165.
541 COMPARATO, Fbio Konder. A Afirmao Histrica dos Direitos Humanos. Op. Cit., p. 166.
542 COMPARATO, Fbio Konder. A Afirmao Histrica dos Direitos Humanos. Op. Cit., p. 156.
543 SOBOUL, Albert. Histria da revoluo francesa. Traduo de Hlio Plvora. 3. ed. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1981, p. 371.
544 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 199.
545 Designao dada pela aristocracia francesa aos adversrios trabalhadores e pequenos
comerciantes franceses que lutaram na Revoluo Francesa. Derivou da vestimenta que usavam,
pois se a aristocracia usava culottes, calas feitas em tecidos finos que eram apertadas a partir do
joelho at os ps, os trabalhadores e pequenos proprietrios utilizavam tecidos grosseiros para
fazer calas soltas em todo o seu comprimento.
546 Everyone knows that servants are harsher and more enterprising in defending their masters
interests than their masters themselves. I am well aware that this proscription encompasses a
large number of people, because it concerns all the officials of the seigneurial courts, etc. [] I
also think that the farmers of land belonging to the first two orders are, in their present condition,
too dependent to be able to vote freely in favor of their own order.. SIEYS, Emmanuel Joseph.
Political Writings. Indianapolis; Cambridge: Hackett Publishing, 2003, p. 108-109.
547 LASKI, Harold J. El liberalismo europeo. 3. ed. Mxico D. F.: Fondo de Cultura Econmica,
1961, p. 190-191.
548 ABREU, Aroldo. Para alm dos direitos: cidadania e hegemonia no mundo moderno. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 2008, p. 329.
549 El pen, el obrero, debe limitarse a lo necesario para trabajar; tal es la naturaleza del
hombre. Es necesario que ese gran nmero de hombres sea pobre, pero no que sea miserable.
VOLTAIRE. El siglo de Luis XIV. [Recurso eletrnico]. [S.l.]: J. Borja, 2015, posio 336.
550 Consiste em associar juzos de valor a juzos fticos. Exemplo: em todas as sociedades existe
pobreza (juzo ftico); logo, em maior ou menor escala, a pobreza natural e aceitvel e nada h
de se fazer para elimin-la (juzo de valor).
551 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 207-208.
552 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 208.
553 BRASIL. Constituio politica, de 25 de maro de 1824. Disponvel em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm>. Acesso em: 20 mar 2017.
554 BRASIL. Decreto n. 847, de 11 de outubro de 1890. Promulga o Cdigo Penal. Disponvel em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=66049>. Acesso em 5 maio
2016.
314
1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
555 MELLO, Evaldo Cabral de. O norte agrrio e o Imprio... Op. Cit., p. 67.
556 FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. [Recurso eletrnico]. So Paulo:
Global, 2013, posio 2165.
557 FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. Op. Cit., posio 1717.
558 FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. Op. Cit., posio 1082.
559 ASHCROFT, Bill; GRIFFITHS, Gareth; TIFFIN, Helen. Key Concepts in Post-Colonial
Studies. 2. ed. New York: Routledge, 2001, p. 45-51.
560 EXECUTIVE INTELIGENCE REVIEW. London: EIR News Service, vol. 21, n 18, apr. 29,
1994, p. 22-24.
561 ORWELL, George. 1984. Op. Cit., posio 541.
562 KHL, Stefan. The Nazi Connection: Eugenics, American Racism, and German National
Socialism. New York; Oxford: Oxford University Press, 1994, p. 14.
563 KHL, Stefan. The Nazi Connection... Op. Cit., p. 17.
564 WORMSER, Richard. The rise and fall of Jim Crow... Op. Cit., posio 10 e 519.
565 LOSURDO, Domenico. Contra-histria do liberalismo. Op. Cit., p. 231.
566 The monster that has been let loose upon the world is of our own making, and whether we are
willing to face the fact or not, we are, all of us, individually and collectively, responsible for
the ghastly form which he has assumed. Moreover, something of each of us has gone into the
making of this Frankenstein, whose name is Hitler and Nazism. If we are to combat this monster
successfully, then we must become fully aware of the means by which we may do so.. Cf.
MONTAGU, Ashley. Mans most dangerous myth: the fallacy of race. New York: Columbia
University Press, 1947, p. 236-237.
567 SARTRE, Jean-Paul. Prefcio. In: FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro:
Civilizao Brasileira, 1968, p. 17.
%%568 CSAIRE, Aim. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Livraria S da Costa, 1978, p. 18.
569 LAWRENCE, T. E. France, Britain, and the Arabs. T. E. Lawrence Studies. [S.l.], 24 jan. 2006.
Disponvel em: <http://www.telstudies.org/writings/works/articles_essays/1920_france_britain_
and_the_arabs.shtml>. Acesso em: 20 mar 2017.
570 ARENDT, Hannah. The Origins of Totalitarianism. San Diego; New York; London: Harvest
Book; Harcourt Brace & Company, 1979, p. 440.
571 FEITOSA, Enoque. Uma crtica marxista ao programa liberal dos Direitos Humanos no contexto
de uma cidadania latino-americana... Op. Cit., p. 115.
572 Hipstase (hi.ps.ta.se). sf. Fil. Engano que consiste em tomar como real, concreto e objetivo o
que s existe como fico ou abstrao. (AULETE Digital. Verbete hipstase. Disponvel em:
http://www.aulete.com.br/hipostase. Acesso em: 20 mar 2017).
573 FEITOSA, Enoque. Forma jurdica e mtodo dialtico: a crtica marxista ao direito. In: FREITAS,
Lorena ; FEITOSA, Enoque. Marxismo, realismo e Direitos Humanos. Joo Pessoa: Editora
Universitria da UFPB, 2012. p. 107-157, p. 113.
574 FREITAS, Lorena. Uma anlise pragmtica dos Direitos Humanos. In: FREITAS, Lorena;
FEITOSA, Enoque. Marxismo, realismo e Direitos Humanos. Joo Pessoa: Editora
Universitria da UFPB, 2012. p. 226-240, p. 232.
575 HORKHEIMER, Max. Critica de la razn instrumental. Op. Cit., 1973.
576 BRAGATO, Fernanda Frizzo. Para alm do individualismo... Op. Cit., p. 112-113.
577 FUKUYAMA, Francis. The End of History and Last Man. Londres: Penguin Books, 1992.
578 FLORES. Joaqun Herrera. Teoria Crtica dos Direitos Humanos... Op. Cit., posio 2430.
579 The rights of the declarations, under the cloak of universality and abstraction, celebrate
and enthrone the power of a concrete, too concrete man: the possessive individual, the market
orientated white bourgeois male whose right to property is turned into the cornerstone of all
other rights and underpins the economic power of capital and the political power of the capitalist
class.. DOUZINAS, Costa. The end of human rightsOp. Cit., p. 100.
580 Sobre o conceito de pensamento nico: vide nota n 20,pgina 90.
581 La filosofa, y la tica en especial, necesitan entonces liberarse del eurocentrismo para
devenir, emprica, fcticamente mundial, desde la afirmacin de su alteridad excluida, para
analizar ahora deconstructivamente su ser-perifrico. La filosofa hegemnica ha sido fruto del
pensamiento del mundo como dominacin. No ha intentado ser la expresin de una experiencia
mundial, y mucho menos de los excluidos del sistema-mundo, sino exclusivamente regional
pero con pretensin de universalidad (es decir, de negar la particularidad de otras culturas).
DUSSEL, Enrique. tica de la liberacin... Op. Cit., p. 75.
582 FANON, Frantz. Os condenados da terra. Op. Cit., p. 211.
583 WEBER, Max. Economia e sociedade. Trad. Regis Barbosa; Karen Elsabe Barbosa. Braslia:
UNB, 2004. v. 1, p. 33.
315
1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
316
1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
608 SNIPER AMERICANO. Direo de Clint Eastwood. Produo de Clint Eastwood et al. [S.i]:
Warner Bros. 2014. 135min.
609 SHAPIRO, Michael J. Cinematic Geopolitics. New York: Rotyledge, 2009, p. 39-46.
610 PROCURA DA FELICIDADE. Direo de Gabriele Muccino. Produo de Overbrook
Entertainment. Manaus: Sony Pictures. 2007. DVD 117min.
611 MEU MALVADO FAVORITO. Direo de Chris Renaud e Pierre Coffin. Produo de Chris
Meledandri et al. Manaus: Universal Studios. 2010. DVD 95min.
612 LIVINGSTONE, Grace. Americas Backyard... Op. Cit., 2009.
613 GALBRAITH, John Kenneth. Anatomia do poder. Op. Cit.
614 NYE, Joseph. Soft power. Op. Cit., p. 17.
615 DOUZINAS, Costa. The end of human rights... Op. Cit., p. 124.
616 PERKINS, John. The secret history of the American empire. Op. Cit., 2007.
617 DOUZINAS, Costa. The end of human rights... Op. Cit., p. 132.
618 LIVINGSTONE, Grace. Americas Backyard... Op. Cit., p. 2.
619 Sob a tica geopoltica, false flags (falsas bandeiras) so uma estratgia de guerra propagandstica
que visa a fazer com que se acredite que algum acontecimento negativo foi fruto de ao cometida
pelo Estado-alvo da falsa bandeira e no pelo Estado que o ocasionou, de modo a causar prejuzos
e embaraos ao Estado-alvo.
620 THE BIGGEST secret in history: false flag terror. Portal Global Research. Disponvel em:
<http://www.globalresearch.ca/the-biggest-secret-in-history-false-flag-terror/5441247>. Acesso
em: 20 mar 2017.
621 Democracy is promoted but not if it brings Islamic fundamentalists to power; nonproliferation
is preached for Iran and Iraq but not for Israel; free trade is the elixir of economic growth but
not for agriculture; human rights are an issue with China but not with Saudi Arabia; aggression
against oil-owning Kuwaitis is massively repulsed but not against non-oil-owning Bosnians.
Double standards in practice are the unavoidable price of universal standards of principle..
HUNTINGTON, Samuel P. The clash of civilizations and the remaking of world order. New
York: Simon & Schuster, 1996, p. 184.
622 SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Op.
Cit., passim.
623 SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Op.
Cit., p. 31.
624 DOUZINAS, Costa. The end of human rights... Op. Cit., p. 128.
625 HOBSBAWM, Eric. Americas imperial delusion: The US drive for world domination has
no historical precedent. The Guardian, London, 14 jun. 2003. Disponvel em: <http://www.
theguardian.com/world/2003/jun/14/usa.comment>. Acesso em: 20 mar 2017
626 LIVINGSTONE, Grace. Americas Backyard... Op. Cit., p. 81-82.
627 Diz o relatrio da ONU: Observou-se a existncia de um padro de execues extrajudiciais e
desaparecimentos forados, associados a violaes relacionadas com a administrao da justia
e a impunidade. Detenes arbitrrias, tortura e tratamento cruel, desumano ou degradante
tambm foram registrados, e ataques liberdade de expresso. Estas violaes no so parte de
uma poltica deliberada do Estado nos nveis mais altos, mas a sua falta de reconhecimento por
parte das autoridades e de aes corretivas insuficientes impediram super-las. Elas continuaram
a existir violaes dos Direitos Humanos por ao ou omisso de funcionrios pblicos em
condutas perpetradas por paramilitares. A situao de pobreza, que afeta mais de metade dos
colombianos e, em particular os grupos tnicos, as mulheres e a infncia mostra os altos nveis
de desigualdade, que se refletem no acesso e gozo dos direitos educao, sade, emprego e
habitao, entre outros. Cf. UNITED NATIONS (UN). Economic and Social Council. Report
of the United Nations High Commissioner for Human Rights on the situation of human
rights in Colombia. E/CN.4/2006/9. Disponvel em: <http://daccess-dds-ny.un.org/doc/
UNDOC/GEN/G06/123/39/PDF/G0612339.pdf?OpenElement>. Acesso em: 20 mar 2017.
628 PASQUALUCCI, Jo M. The practice and procedure of the Inter-American Court of Human
Rights. New York: Cambridge University Press, 2003, p. 118-119.
629 The United States was the greatest enthusiast for setting up the tribunals for Yugoslavia and
Rwanda. When it came to negotiations for the criminal court, however, the American position
was reversed. The Americans fought hard, using threats and rewards, to prevent the universal
jurisdiction of the court. [] As a result, the United States was one of seven countries, which
included Iraq, Libya and China (states which American foreign policy has often demonized), to
vote against the final and much compromised version.. DOUZINAS, Costa. The end of human
rights... Op. Cit., p. 121-122.
630 ESCOBAR, Arturo. Mundos y Conocimientos de otro modo. Tabula Rasa, Bogot, n 1, p. 51-
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1 - O PENSAMENTO DESCOLONIAL E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDA APROXIMAO
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2 - JURISTAS COLONIZADOS: A SUBCULTURA JURDICA
Captulo 2
JURISTAS COLONIZADOS: A SUBCULTURA
JURDICA
Erro de Portugus
Quando o portugus chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o ndio
Que pena!
Fosse uma manh de sol
O ndio tinha despido
O portugus.
Oswald de Andrade.
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que se manifesta. Por isso o homem (Dasein) 672 um ser-a, um ser lana-
do no mundo, imerso nele, antes de qualquer reflexo a seu respeito ou a
respeito das coisas. Antes de se pensar em qualquer relao sujeito-objeto,
h que se considerar a implicao inexorvel dessa diferena ontolgica.
O Dasein facticidade, parte de mundo preexistente e cuja estrutura no
est ao seu dispor. O Dasein que se sujeita a essa implicao.
Isso ps abaixo a ideia de sujeito cognoscente da Modernidade, que
teria acesso ao conhecimento de maneira direta, numa relao sujeito-ob-
jeto a partir de sua conscincia. Essa diferena tambm se manifesta como
um duplo nvel na fenomenologia: o hermenutico, que estrutura a compre-
enso; e o apofntico, meramente explicativo. No h como se compreen-
der o ente sem que o seja no seu ser.
Fala iek, tambm, na paralaxe cientfica, a lacuna irredutvel entre
a experincia fenomenal da realidade e sua descrio/explicao cientfica,
e na paralaxe poltica, o antagonismo social que faz com que no exista solo
comum entre os agentes em conflito, o que se chamava de luta de classes.673
O que visamos aclarar nesse momento que o discurso jurdico (e
o das cincias sociais em geral), j que inserido na ordem do simblico674,
no pode ser dotado da pretenso de ser universal.675 E como aponta Andr
Martins Brando:
[...] essa antinomia no pode ser superada, no pode ser reduzida a
uma sntese comum, uma vez que os significados que retiramos do
objeto visto na histria no tm nenhum fundamento neutro comum.
So duas formas de se ver a realidade, e a forma mais convincente de
explic-la por meio dos dois pontos de vista, e no de uma sntese
radical entre ambos.676
A viso em paralaxe recupera o sentido de que impossvel um
mesmo discurso ser elaborado e expresso sem modificaes em ambientes
diversos, como se fosse imutvel e formasse uma nica realidade.
Na ordem do direito, as diferentes realidades sociais, histricas, po-
lticas e econmicas de cada local (leia-se tambm: de cada ordem jurdica)
deslocam os pontos-de-vista dos observadores de qualquer fenmeno a
isso resolvemos chamar de dimenso conjuntural.677 Resgatando a factici-
dade heideggeriana e a tradio gadameriana, o horizonte de sentido no
pode ser abstrado do mundo do ser-a, porque desde sempre esse su-
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Notas
641 O tema bem tratado por Lenio Streck. Cf. STRECK, Lenio Luiz. O Direito brasileiro e a nossa
sndrome de Caramuru. Consultor Jurdico. Coluna Senso Incomum, So Paulo, 29 nov. 2012.
Disponvel em: <http://www.conjur.com.br/2012-nov-29/senso-incomum-direito-brasileiro-
nossa-sindrome-caramuru>. Acesso em: 20 mar 2017.
642 Como alerta Enoque Feitosa, muitas vezes esses importadores querem coisas to singulares
quanto esdrxulas (e, em geral, macaqueadas de estilos j abandonados na Europa ou nos Estados
Unidos) (FEITOSA, Enoque. Forma jurdica e mtodo dialtico... Op. Cit., p. 108).
643 1827, quando da criao dos primeiros cursos jurdicos no Brasil.
644 LUHMANN, Niklas. Die politik der Gesellschaft. Frankfurt am Main, 2002, p. 428.
645 Sobre o conceito de Psittacidae, vide nota n 484, pgina 312.
646 Embora procuremos no nos restringir a casusmos neste captulo do livro, de tempos em tempos
o discurso da reduo da maioridade penal retorna e da ltima vez, surtindo efeitos na Cmara
dos Deputados. E no faltam exemplos de pases ditos desenvolvidos cuja imputabilidade penal
de 16 ou at mesmo 14 anos. O discurso reducionista se funda na falcia progressista (devamos
fazer como na Inglaterra, nos EUA, na Alemanha...). Ao mesmo tempo, no se discute como
o contexto estrangeiro em termos de proteo social infncia e juventude (educao, sade,
transporte, alimentao, lazer etc.). O reducionismo tambm omite da discusso a estrutura
carcerria de l e como se d o cumprimento da pena, por exemplo.
647 WARAT, Luis Alberto. Introduo geral ao direito I... Op. Cit., p. 13.
648 Embora tenha perdido fora nos ltimos dois anos, consideramos o Brasil como pas
semiperifrico de acordo com os estudos de Boaventura de Sousa Santos (SANTOS, Boaventura
de Sousa. Para uma revoluo democrtica da justia. 3. ed. So Paulo: Cortez, 2011). No
mesmo sentido, o pesquisador mexicano Jaime Preciado, para quem o Brasil, em face de sua
influncia na Amrica do Sul, pela posio de liderana na UNASUL, de independncia frente
aos Estados Unidos e pela tentativa de fortalecer os laos nas relaes Sul-Sul e dentre os BRICS,
demarca claramente as caractersticas de um poder regional, e procura, com crescente sucesso,
seu posicionamento como um superpoder [...] O papel do Brasil como semiperiferia ativa, na
Amrica Latina, no somente se consolidou, mas incrementou, alm disso, aspiraes na procura
de seu posicionamento como potncia global. (PRECIADO, Jaime. Amrica Latina no
Sistema-Mundo: questionamentos e alianas centro-periferia. In: Caderno CRH, Salvador, v.
21, n. 53, p. 253-268, maio/ago. 2008, p. 262).
649 Lo que surge, debajo de las formas importadas, es algo que nada tiene que ver ya con la realidad
que las ha originado. Por ello el europeo, u occidental, ver en las expresiones de su filosofa en
Latinoamrica algo que le resultar ajeno, desconocido, y que, en su orgullosa pretensin de arquetipo
universal, acabar por calificar como malas copias, como infames y absurdas imitaciones. ZEA,
Leopoldo. La filosofa americana como filosofa sin ms. Op. Cit., p. 34.
650 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Teora impura del derecho: la transformacin de la cultura
jurdica latinoamericana. Bogot: Legis, 2004.
651 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Teoria impura del derecho... Op. Cit., p. 16-17.
652 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Teoria impura del derecho... Op. Cit., p. 17-18.
653 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot condiciones de posibilidad
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2 - JURISTAS COLONIZADOS: A SUBCULTURA JURDICA
de una filosofia local del derecho. In: QUINTERO, Miguel Ruanda (Org.). Teora jurdica:
reflexiones crticas. Bogot: Siglo del Hombre Editores, 2003. P. 125-168, p. 143.
654 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 137.
655 Trata-se de uma Repblica blica, porque seu oramento anual com gastos militares ultrapassa
600 bilhes de dlares. O Pentgono reconhece oficialmente 686 bases militares estadunidenses
no exterior, com um contingente de centenas de milhares de praas, embora estimativas
independentes falem em nmeros mais expressivos: entre oitocentas e mil. Obviamente, no h
sequer uma base militar estrangeira em solo estadunidense. Alm disso, os Estados Unidos so
os maiores exportadores de armas do mundo. Cf. VINE, David. Base nation: how U.S. military
bases abroad harm America and the world. New York: Metropolitan Books, 2015, p.3-6.
656 A Repblica blica tambm se expressa no fato de que os Estados Unidos j invadiram, ocuparam
militarmente ou participaram diretamente de intervenes militares em mais de 70 pases, alguns deles
vrias vezes no decorrer dos sculos XIX, XX e XXI. Somente na Amrica Latina: Mxico (1836-
1846; 1913; 1914-1918; 1923), Nicargua (1856-1857; 1894; 1896; 1898; 1899; 1907; 1910; 1912-
1933; 1981-1990), Argentina (1890), Chile (1891; 1973), Haiti (1891; 1914-1934; 1994; 2004-2005),
Panam (1895; 1901-1914; 1908; 1912; 1918-1920; 1925; 1958; 1964; 1989-), Cuba (1898-1902;
1906-1909; 1912; 1917-1933; 1961; 1962), Porto Rico (1898-; 1950); Honduras (1903; 1907; 1911;
1912; 1919; 1924-1925; 1983-1989), Repblica Dominicana (1903-1904; 1914; 1916-1924; 1965-
1966), Guatemala (1920; 1954; 1966-1967), El Salvador (1932; 1981-1992), Uruguai (1947), Bolvia
(1986; ) e Colmbia (2002-). Cf. POLYA, Gideon. The US Has Invaded 70 Nations Since 1776
Make 4 July Independence From America Day. Portal Counter Currents. Disponvel em: < http://
www.countercurrents.org/polya050713.htm >. Acesso em: 20 mar 2017.
657 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 138.
658 Procusto, tambm chamado Polypemon, foi o pai de Sinis. Ele era um flagelo para os viajantes.
Ao passarem por sua casa, ele os convidava a pernoitar. Quando deitados, ele os amarrava
uma cama de ferro. Se a vtima no se encaixasse precisamente no leito, Procusto cortava seus
membros ou os esticava at se ajustarem. Foi morto por Teseu, que o fez deitar na prpria cama.
O mito de Procusto se tornou uma metfora para denunciar qualquer tentativa de cruel de impor
um padro arbitrrio. Cf. DALY, Kathleen N. Greek and Roman Mythology A to Z. 3. ed. New
York: Chelsea House, 2009, p. 139.
659 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 150.
660 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 161.
661 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 163.
662 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 148.
663 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 164.
664 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 165.
665 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 165.
666 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 166.
667 MEDINA, Diego Eduardo Lpez. Kelsen y Dowkin en Bogot... Op. Cit., p. 166-167.
668 HOLANDA, Aurlio Buarque de. Novo dicionrio da lngua portuguesa. 3. ed. Curitiba:
positivo, 2004, p. 1490.
669 IEK, Slavoj. A viso em paralaxe. Traduo Maria Beatriz de Medina. So Paulo: Boitempo,
2008.
670 KARATANI, Kojin. Transcritique: on Kant and Marx. Cambridge: The MIT Press, 2005.
671 HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Op. Cit., 2005.
672 HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Op. Cit., 2005.
673 IEK, Slavoj. A viso em paralaxe. Op. Cit., p. 21.
674 Inserta aqui a trilogia lacaniana do Real, Simblico e Imaginrio. No h como se obter o Real,
pois o Real o todo e continua sendo o que sobra da mediao pelo Simblico. A realidade
fruto, portanto, dessa mediao. E o Imaginrio tambm trabalha nesse processo. No raras
vezes ele desliza. Por isso temos que prestar muita ateno nas teses absolutas, nas verdades
incontestes. H uma falta a.
675 Hoje em dia, at mesmo os antigos postulados da fsica tradicional, entre eles os de que dois corpos
no podem ocupar o mesmo lugar no mesmo tempo ou estar em dois lugares simultaneamente,
bem como os princpios lgicos da identidade (se A A, no B) e da no contradio (A A e
no A) foram destrudos pela fsica quntica.
676 Cf. BRANDO, Andr Martins. Os Direitos Humanos ambientais e a viso em paralaxe. Revista
Direito Ambiental e sociedade, v. 1, n 1, p. 141-164, jan./jun. 2011, p. 145.
677 Resgatando a facticidade heideggeriana e a tradio gadameriana, o mundo do ser-a
condiciona seu horizonte de sentido.
678 GADAMER, Hans-Georg. O problema da conscincia histrica. Organizao Pierre Fruchon.
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2 - JURISTAS COLONIZADOS: A SUBCULTURA JURDICA
Traduo de Paulo Cesar Duque Estrada. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 1998, p. 18.
679 HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Op. Cit., passim.
680 GADAMER, Hans-Georg. O problema da conscincia histrica. Op. Cit., p. 18.
681 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e mtodo... Op. Cit., p. 671.
682 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Smula n 231. Disponvel em: <https://ww2.stj.jus.br/
docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2011_17_capSumula231.pdf>. Acesso em:
20 mar 2017.
683 Sobre o assunto: SANTOS JNIOR, Rosivaldo Toscano dos. As circunstncias legais e a
aplicao centrfuga da pena. Revista dos Tribunais. vol. 908. p. 233-262. So Paulo: Revista
dos Tribunais, jun. 2011.
684 HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Op. Cit., p. 155.
685 Que diga a democracia na Amrica Latina. H pouco tempo assistimos a golpes de estado em
Honduras e no Paraguai. E para que no esqueamos, a onda ditatorial das dcadas de 60-70
varreu a mesma regio, inclusive o Brasil.
686 SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramtica do tempo... Op. Cit., p. 94.
687 SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramtica do tempo... Op. Cit., p. 95-96.
688 SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramtica do tempo... Op. Cit., p. 100.
689 SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramtica do tempo... Op. Cit., p. 101.
690 SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramtica do tempo... Op. Cit., p. 102.
691 SANTOS, Boaventura de Sousa... Op. Cit., p. 123.
692 No mesmo sentido, KARATANI, Kojin. Transcritique... Op. Cit., 2005.
693 SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramtica do tempo... Op. Cit., p. 126.
694 AGUIL, Antoni Jess. Globalizacin neoliberal y antropodiversidad: (tres) propuestas para
promover la paz y el dilogo intercultural. Nmadas. Revista Crtica de Ciencias Sociales y
Jurdicas, v. 2, n. 24, p. 5-26, jul./dez. 2009, p. 20.
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Captulo 3
O JUDICIRIO COMO CORPORAO
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rrias fundadas com base em mera suposio de fuga e sem faticidade (sem
fundamentao sobre o caso concreto), com base em clichs retricos;706 d)
produo antecipada de provas sem um fundamento concreto verossmil que
no a revelia do acusado; e) oitiva de testemunhas sem a presena do acusado
preso porque no houve como a escolta traz-lo a tempo para no atrasar
a pauta; f) produo da prova testemunhal pelo juiz, para tornar a audincia
mais dinmica e na busca da verdade real, a despeito da previso do art.
212707 do CPP;708 g) redao prvia da sentena condenatria ou sua conclu-
so mesmo antes do fim das alegaes finais das partes, para ganhar tem-
po;709 h) renovao da interceptao telefnica durante meses ou at anos,
sem comprovao de sua indispensabilidade concreta, ao alvedrio do art. 5.
da Lei n 9.296/1996; i) ausncia de notificao de quem foi alvo de uma
interceptao telefnica que restou inexitosa mas que incorreu em violao
da intimidade e da vida privada do referido investigado , sob o argumento
de que gera custos com papel e postagem ou que atrapalharia eventuais
investigaes posteriores; j) tutela dos interesses do rgo acusador pelo juiz
(quando no a usurpao material da funo de acusar), sob a alegao de
busca da verdade real; k) fundamentao baseada em ementas de prece-
dentes, sem a averiguao da pertinncia entre a ementa e o caso que deu
origem prpria ementa (a facticidade de origem), bem como entre o caso
que deu origem ementa e o caso concreto em julgamento (a facticidade de
destino); l) julgamento por adeso a uma das teses, sem abordagem da ant-
tese, para julgar mais rpido (confirmation bias); m) considerao da defesa
deficiente como mera nulidade relativa.
Houve tribunais que implantaram os chamados Gabinetes Cri-
minais de Crise, flagrante contaminao do Judicirio pela Doutrina da
Segurana Nacional e da War on Crime, ainda por cima atravs de uma
Portaria, um vcio de inconstitucionalidade de origem, sem falar, claro, da
ofensa ao princpio do Juiz Natural.710
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mente disposto a enxergar. O ponto cego da verdade real est naquilo que
no se quis buscar. No se encontra o que no se deseja sequer procurar.
Um bom exerccio para os adoradores da verdade real busc-la
na Constituio. Onde ela est? logo nessa hora que ela desaparece. Um
prmio a quem um dia encontrar esse tesouro retrico do eficienticismo
belicista e da vontade de poder. Com o perdo pela ironia, encerramos com
a constatao de que a primeira vtima da verdade real a iseno do jul-
gador. Trata-se da busca pela justificativa de uma convico pressuposta,
afinal, como se diz no jargo policial, se ru, no est ali por acaso. Tem
que ter algo. O guerreiro togado vai atrs de achar e de preencher com seu
imaginrio punitivista qualquer vazio de sentido. O eficienticismo seu
grande aliado no vale-tudo processual penal. O resultado de fcil previ-
so: quem procura, acha. Assim, o que se passa a ter, em vez de uma ordem
soberanamente produzida, uma outra ordem, crescentemente moldada
pela vontade de poder que a encerra: a defesa do poder econmico e das
relaes sociais desiguais que o subjazem.
Onde havia os textos do direito positivo, pe-se sobre eles os costu-
mes e as regras sempre flexveis da lex mercatoria; do princpio do pacta
sunt servanda para a clusula rebus sic stantibus; da institucionalizao
dos conflitos (via judicializao) para a informalidade mercantilista da
mediao e da arbitragem716 ou a pax americana imposta pelas possibi-
lidades militarizadas de definir os rumos da poltica em alguns locais do
Planeta atravs das Belligerent Policies, como j visto. E mesmo aos que
no esto enleados pelo ethos guerreiro, nos intramuros passa-se da ideia
de juiz membro de poder dentro da Potestade Estatal para a de gerente-ges-
tor inserido na corporao.
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precisamos indagar: eficincia para que e para quem? Mas tambm resta
a certeza de que o sentido de eficincia a ser transposto ao direito como
princpio constitucional da eficincia no pode ser o apregoado pela Chi-
cago Trend. No direito e na vida social, nem sempre o que mais eficien-
te em termos econmicos o mais adequado normativamente, notada-
mente em um Estado perifrico e com tamanhas contradies e paradoxos.
O discurso da eficincia cumpre um papel importante de atender aos inte-
resses quantitativos do Mercado, a partir de quem o domina: o centro.
Alis, as prticas da Alemanha nazista em matar e cremar os prisio-
neiros dos campos de concentrao mediante a utilizao de cmaras de
gs e fornos foi uma medida eficiente. Isso significa dizer que a eficincia
tomada por si s no aceitvel. Desumaniza. Isso ocorre principalmente
quando se trata de a prioris muito diversos, como o dos EUA e o do Brasil,
no s em termos jurdicos (common law de um lado, romano-germnico
do outro), como tambm polticos, econmicos e sociais. No captulo ante-
rior, abordamos a crtica a essa importao inautntica de teorias e concei-
tos, o colonialismo terico.
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nacionais ratificados pelo Brasil, porque estes so vistos como uma ex-
ternalidade. A converso da eficincia em metaprincpio pelo senso co-
mum terico dos juristas, na medida em que o legitima, no o (de)limita.
A racionalidade da eficincia termina sendo compreendida a partir de um
ponto fora da histria, como se ela estivesse alheia tradio, contornando
a virada lingustico-pragmtica.
Portanto, diante da inevitvel adoo de um significante primeiro na
cadeia de atribuio de sentidos feita pelo senso comum terico, a normativi-
dade cai frente eficincia quantitativa enleada nas Belligerent Policies. Isso
significa desrespeito ao catlogo de Direitos Fundamentais e queles reco-
nhecidos em tratados internacionais aqui ratificados. Assim as atribuies de
sentido tornam-se inautnticas, fora da tradio cuida-se de no mais que
uma corrupo dos sentidos, da assuno de uma postura autoritria.
Essa corrupo faz com que a Justia criminal deixe de dizer o
direito e vire, to somente, mais uma corporao do mercado e mais uma
arma na guerra ao crime, que terminam por garantir que os mais fortes
imperem, dominem, massacrem e destruam em nome de resultados mate-
riais economicamente aferveis e nem sempre eticamente defensveis. No
Brasil de tantas disparidades, os resultados terminam sendo trgicos. a
converso do sistema jurdico em mais um substrato estatal da opresso.
Notas
695 PERKINS, John. The secret history of the American empire. Op. Cit., p. 277.
696 CHANG, Ha-Joon. Chutando a escada... Op. Cit., p. 214.
697 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. So Paulo: Editora
Schwarcz, 2012.
698 Cabe destacar que h variaes do Chicago Trends, mas sem a mesma importncia e impacto
na relao com o direito: A new institutional economics, com base em Coase, abordou a
racionalidade vinculada s presses institucionais; a behavioral law and economics que se centra
no comportamento irracional; a welfare economics, que analisa o bem-estar social, mas sob um
ponto de vista de indivduos dentro de uma sociedade de consumo; a public choice theory, que
analisa, sob o ponto de vista econmico, a oferta e a procura de bens e servios pblicos; a new
haven school, que trabalha numa perspectiva da riqueza no como algo com um fim em si mesmo,
mas como um critrio utilitarista para alcanar a igualdade. Vide COPETTI NETO, Alfredo.
Democrazia sostanziale e analisi economica del diritto. 2010. 9 f. Tese (Doutorado em Teoria
del Diritto e della Democrazia) Scuola Dottorale Internazionale di Diritto ed Economia Tullio
Ascarelli, Universit Degli Studi Roma Tre, Roma, 2010.
699 O utilitarismo de Bentham uma filosofia moral que se funda na premissa de que devemos sempre
agir de maneira a promover a maior felicidade para o maior nmero de pessoas (BENTHAM,
Jeremy. An introduction to the principles of morals and legislation. [Recurso eletrnico].
Warrenton: White Dog Publications, 2010).
700 BENTHAM, Jeremy. An introduction to the principles of morals and legislation Op. Cit.,
380
3 - O JUDICIRIO COMO CORPORAO
posies 236-314.
701 COPETTI NETO, Alfredo. Democrazia sostanziale e analisi economica del diritto... Op. Cit.
702 Sobre o conceito de modelagem: vide nota n 54, pgina 92.
703 SANTOS JNIOR, Rosivaldo Toscano dos. Controle remoto e deciso judicial: quando se
decide sem decidir. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014, p. 89.
704 FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro cado no cho: o Sistema Penal e o projeto
genocida do Estado brasileiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008, p. 34.
705 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. AgRg no RHC 65.636/SC, Rel. Ministra Maria Thereza
de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 19.11.2015, DJe 03.12.2015.
706 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. HC 130723, Relator(a): Min. Rosa Weber, Primeira Turma,
julgado em 24.11.2015, DJe-250, divulg. 11.12.2015 PUBLIC 14.12.2015.
707 Art. 212. As perguntas sero formuladas pelas partes diretamente testemunha, no admitindo
o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, no tiverem relao com a causa ou importarem na
repetio de outra j respondida. Pargrafo nico. Sobre os pontos no esclarecidos, o juiz poder
complementar a inquirio.
708 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RHC 111251 AgR, Relator(a): Min. Celso de Mello,
Tribunal Pleno, julgado em 28.05.2014, DJe-213, divulg. 29.10.2014, public. 30.10.2014.
709 BRASIL. Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Habeas Corpus n 2020697-
86.2015.8.26.0000. Rel.: Des. Borges Pereira; rgo julgador: 16 Cmara de Direito Criminal;
Data do julgamento: 28.04.2015; Data de registro: 30.04.2015.
710 Sabemos, at o momento, que o TJSP (Portaria 8678/12) e o TJPR (Portaria 4962-D.M) o
fizeram.
711 STRECK, Lenio Luiz. Hermenutica Jurdica e(m) crise... Op. Cit., p. 359.
712 CASARA, Rubens. Mitologia processual penal. So Paulo: Saraiva, 2015, p. 140.
713 Vide nota n 152.
714 MAUS, Ingeborg. O Judicirio como superego da sociedade... Op. Cit.
715 Dissulfeto de ferro cuja colorao e brilho amarelo-dourado desse mineral aparenta ouro, razo
pela qual ganhou o apelido de ouro-dos-tolos.
716 FARIA, Jos Eduardo. O direito na economia globalizada. So Paulo: Malheiros, 2004, p. 35.
717 THE CORPORATION. Produo de Mark Achbar e Bart Simpson. Direo de Mark Achbar e
Jennifer Abbott. Escrito por Joel Bakan. Canad, 2003. 1 DVD (145 min).
718 BAKAN, Joel. A corporao: a busca patolgica por lucro e poder. Traduo de Camila Werner.
So Paulo: Novo Conceito Editorial, 2008.
719 BAKAN, Joel. A corporao... Op. Cit., p. 102.
720 Of course it is important to the political and social sciences that the essence of totalitarian
government, and perhaps the nature of every bureaucracy, is to make functionaries and mere
cogs in the administrative machinery out of men, and thus to dehumanize them.. ARENDT,
Hannah. Eichmann in Jerusalem: a report on the banality of evil. New York: Penguin Books,
2006, p. 289.
721 BIZZOTTO, Alexandre. A mo invisvel do medo e o pensamento penal libertrio.
Florianpolis: Emprio do Direito, 2015, p. 137-138.
722 But the doctrine of social responsibility taken seriously would extend the scope of the political
mechanism to every human activity. It does not differ in philosophy from the most explicitly
collectivist doctrine. It differs only by professing to believe that collectivist ends can be attained
without collectivist means. That is why, in my book Capitalism and Freedom, I have called it a
fundamentally subversive doctrine in a free society, and have said that in such a society, there
is one and only one social responsibility of business to use it resources and engage in activities
designed to increase its profits so long as it stays within the rules of the game, which is to say,
engages in open and free competition without deception or fraud.. FRIEDMAN, Milton. The
social responsibility of business is to increase its profits. The New York Times Magazine, New
York, 13 Sept. 1970. Disponvel em: <http://www. colorado.edu/studentgroups/libertarians/
issues/friedman-soc-resp-business.html>. Acesso em: 20 mar 2017.
723 POSNER, Richard. The crisis of capitalist democracy. Cambridge Massachusetts e London:
Harvard University Press, 2010, p. 250.
724 O princpio constitucional da eficincia, previsto expressamente em nossa ordem jurdica com a
Emenda Constitucional n 19/98, j existia estava presente desde 1988 em nossa Carta, no art. 74,
II, como parmetro de avaliao dos resultados da gesto oramentria, financeira e patrimonial
dos rgos e entidades da administrao federal, bem como na aplicao de recursos pblicos. E na
legislao infraconstitucional desde de 1967, com o Decreto-Lei n 200, de 25 de fevereiro de 1967.
725 O que no se confunde com julgar aodadamente ou sem avaliar a facticidade do caso concreto.
726 ROSA, Alexandre Morais da. Guia compacto do processo penal conforme a teoria dos jogos.
381
3 - O JUDICIRIO COMO CORPORAO
382
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383
3 - O JUDICIRIO COMO CORPORAO
775 Um estudo ptrio bem elaborado acerca da boa administrao: FREITAS, Juarez. O controle
dos atos administrativos e os princpios fundamentais. 4. ed. rev. e ampl. So Paulo:
Malheiros, 2009.
776 STRECK, Lenio Luiz. Verdade e consenso: Constituio, hermenutica e teorias discursivas. 4.
ed. So Paulo: Saraiva, 2011, p. 44.
777 Sobre o conceito de lmpen: vide nota n 118, pgina 95.
778 NADANOVSKY, Paulo ; CUNHA-CRUZ, Joana. The relative contribution of income inequality
and imprisonment to the variation in homicide rates among Developed (OECD), South and
Central American countries. Social Science & Medicine, [S.l.], n 69, p. 13431350, 2009.
779 DALBORA, Jos Luis Guzmn. La insignificancia: especificacin y reduccin valorativas en el
mbito de lo injusto tpico. Revista de Derecho Penal y Criminologa, Madrid, n. 5, p. 491-543,
1995, p. 492.
780 Geralmente em casos miditicos ou por terem de alguma maneira contrariado o poder hegemnico.
A exceo confirma a regra. So os bodes expiatrios para legitimar o sistema excludente.
781 Para tanto, desde j remetemos o leitor aos exemplos do descaminho e do roubo (pgina 76),
bem como da apropriao indbita previdenciria (pgina 129).
782 CASARA, Rubens. Mitologia processual penal. So Paulo: Saraiva, 2015, p. 195.
783 Na esfera do processo penal, o neoliberalismo se expressa pelo movimento da lei e da ordem e
do direito penal do inimigo. Vide: SANTOS JNIOR, Rosivaldo Toscano dos. As duas faces da
poltica criminal contempornea. Revista dos Tribunais, So Paulo, n. 750, p. 461-471, abr. 1998.
784 Diz Gadamer: Uma anlise da histria do conceito mostra que somente no Aufklrung
(iluminismo) que o conceito do preconceito recebeu o matiz negativo que agora possui. Em
si mesmo, preconceito (Vorurteil) quer dizer um juzo (Urteil) que se forma antes da prova
definitiva de todos os momentos determinantes segundo a coisa. [...] Preconceito no significa
pois, de modo algum, falso juzo, pois est em seu conceito que ele possa ser valorizado
positivamente ou negativamente. claro que o parentesco com o praejudicium latino torna-se
operante nesse fato, de tal modo que, na palavra, junto ao matiz negativo, pode haver tambm
um matiz positivo. Existem prjugs lgitimes. Isso encontra-se muito distante de nosso atual
tato lingustico. A palavra alem Vorurteil (preconceito) da mesma forma que a francesa
prjug, mas ainda mais pregnantemente parece ter-se restringido, pelo Aufklrung e sua crtica
religiosa, ao significado de juzo no fundamentado (GADAMER, Hans-Georg. Verdade e
mtodo... Op. Cit., p. 406-407).
785 ROSA, Alexandre Morais da. Garantismo jurdico e controle de constitucionalidade material:
aportes hermenuticos. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 71.
786 Quando o juiz adere a uma tese e no enfrenta os argumentos da tese contrria.
384
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385
CONCLUSO
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possibilitar aos atores jurdicos fazerem uma escolha tica. Saber que h
escolhas e que sempre se est escolhendo conscientemente ou no j ,
em si, uma libertao.
O nosso Sistema de Justia Criminal enquanto expresso mais radi-
cal e violenta do controle social formal reflete as marcantes desigualdades
de uma sociedade profundamente cindida por uma dominao que, primeira-
mente, vem de fora e, internamente, por um elo com uma elite que compar-
tilha a explorao e a espoliao das riquezas humanas e naturais brasileiras.
S h uma soluo quando ela implica, de antemo, a compreenso
das dinmicas que marcam a diviso internacional do trabalho e que de-
marcam a topologia geopoltica centro-periferia. preciso entender como,
da explorao do Pau-Brasil, passando pela cana-de-acar, caf e hoje pe-
las commodities nome bonito para a velha produo de matrias-primas,
sem valor agregado continuamos sendo explorados, assistindo ao nosso
excedente econmico ser remetido para o centro, gerando violncia objeti-
va (em especial, o empobrecimento do pas e a desigualdade econmica e
social). A fbrica de empobrecidos est a todo vapor h sculos. Como no
dizer de Darcy Ribeiro,
[O Brasil] se viabiliza como um proletariado externo. Quer dizer,
como um implante ultramarino da expanso europeia que no existe
para si mesmo, mas para gerar lucros exportveis pelo exerccio da
funo de provedor colonial de bens para o mercado mundial, atra-
vs do desgaste da populao que recruta no pas ou importa.787
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Notas
402
NDICE DE AUTORES
A
ABREU, Aroldo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274, 314
AGAMBEN, Giorgio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40, 83, 87, 93, 94, 95
AGUIL, Antoni Jess . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336, 341
ALBUQUERQUE, Carlos Linhares de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119, 140
ALEXANDER, Michelle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215, 243
ALVES, Fbio Wellington Atade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66, 92
ANDRADE, Manoel da Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
ANDRADE, Olavo Hamilton Ayres Freire de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
ANDRADE, Oswald . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143, 180, 183, 200, 319, 394
ANON, Frantz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78, 93, 291, 315
ARAJO, Vera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
ARENDT, Hannah . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172, 285, 315, 352, 381
ARISTTELES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187, 201
ASHCROFT, Bill . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280, 315
B
BAKAN, Joel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351, 352, 381
BALLESTRIN, Luciana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143, 196
BANDEIRA, Moniz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227, 246
BENTHAM, Jeremy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268, 269, 344, 380
BERNAL, Martin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159, 198
BEWLEY-TAYLOR, David . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217, 219, 244
BHABHA, Homi K . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144, 196
BHAMBRA, Gurminder K . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
BICALHO, P. P. G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83, 94
BIZZOTTO, Alexandre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353, 381
BLOCH, Ernst . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86, 95
BLUM, William . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227, 246
BONDY, Augusto Salazar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187, 189, 201
BOURDIEU, Pierre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41, 91, 97, 108, 138, 160, 198, 229
BRAGATO, Fernanda Frizzo . . . . . . . . . . . . . . . 183, 195, 196, 197, 199, 201, 315, 318
BRANDO, Andr Martins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329, 340
403
NDICE DE AUTORES
404
NDICE DE AUTORES
405
NDICE DE AUTORES
HEIDEGGER, Martin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41, 66, 98, 138, 173, 174, 253, 328, 329,
330, 333, 337, 340, 341, 382
HERINGER, Carolina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
HERNNDEZ, Jos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71, 92
HERNNDEZ, Sal Mauricio Rodrguez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
HOBSBAWM, Eric . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304, 317
HOERTEL, Roberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
HOLANDA, Aurlio Buarque de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340
HUGGINS, Martha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
HUNTINGTON, Samuel P. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303, 317
HUSAIN, Saima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229, 246
J
JAKOBS, Gnther . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126, 127, 141, 253
JELSMA, Martin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217, 219, 244
K
KAMIN, Sam . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
KANT, Immanuel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359, 382
KARATANI, Kojin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340, 341
KASTRUP, V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83, 94
KHALED JR., Salah H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
KIRCHHOFF, Suzanne M . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206, 241
KHL, Stefan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280, 315
L
LANGGUTH, A. J . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227, 246
LAWRENCE, T. E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 285, 315
LENIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163, 198
LERNER, Mitchell B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
LEVINAS, Emmanuel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138, 174, 201
LIMA, Renato Srgio de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
LIMBERGER, Tmis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 366, 383
LINCOLN, Abraham . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258, 260, 312
LIVINGSTONE, Grace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216, 244, 245, 247, 301, 317
LPEZ, Ian Haney . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209, 242, 243
LOSURDO, Domenico . . . . . 46, 259, 263, 264, 269, 275, 282, 283, 312, 313, 314, 315
LUHMANN, Niklas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320, 339
M
MACHADO, Eduardo Paes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
406
NDICE DE AUTORES
407
NDICE DE AUTORES
408
NDICE DE AUTORES
409
NDICE DE AUTORES
410
NDICE DE ASSUNTOS
A Banco Mundial, 151, 167, 292, 293, 295,
296, 310, 362, 365, 367, 368, 369, 389;
Abuso de autoridade, 78, 79, 85, 115, 117
Documento Tcnico 319, 50, 56, 156,
Abuso do Poder Econmico, 33, 293, 367, 369, 379, 389
113, 151, 177
Barbrie, 388
Acumulao primria, 51, 157,
Belligerent Policies, 35, 38, 39, 44, 55,
158, 307, 366
56, 67, 71, 74, 101, 102, 105, 130,
Afeganisto, 214, 236, 296 202, 203, 238, 239, 240, 249, 250,
frica, 35, 57, 84, 133, 144, 145, 149, 251, 253, 290, 291, 303, 304, 311,
157, 173, 176, 185, 205, 238, 255, 312, 338, 346, 348, 349, 350, 353,
280, 284, 285, 286 359, 361, 371, 376, 380, 389, 394,
frica do Sul, 145 397, 398; conceito, 203
Alemanha, 82, 110, 159, 194, 195, 213, 214, Big Brother Penal, 74, 75
237, 267, 280, 281, 282, 283, 284, 358 BOPE, 103, 120
Alteridade, 41, 49, 98, 99, 158, 174, 175, Brasil: pena de morte no, 373
181, 185, 186, 193, 279, 282, 285, Broken Windows Theory, 40, 105, 212,
287, 308, 311, 320 213, 254, 255, 319
Amrica Latina, 35, 42, 43, 44, 45, 50,
52, 56, 57, 58, 88, 101, 102, 114, 122, C
137, 140, 143, 145, 150, 152, 158, 167, Canad, 176, 177, 249, 304
168, 169, 170, 172, 173, 176, 177, 178, Capitalismo perifrico, 150
179, 180, 182, 183, 185, 186, 187, 189,
190, 193, 203, 214, 216, 217, 219, 220, Carnegie Foundation. Consulte Funda-
221, 222, 223, 224, 225, 228, 229, 231, o Carnegie
235, 236, 240, 251, 255, 276, 283, 298, Caveiro, 45, 77, 390
304, 307, 325, 327, 339, 360, 362, 365, Centro, 389, 391, 392, 393, 394
366, 368, 369; desestabilizao poltica, Centro-Periferia: relaes, 43, 123,
363; ditaduras, 222, 224, 232, 235; infe- 191, 308, 387
riorizao, 85, 122, 193, 214, 265, 279,
284; periferia por excelncia, 302; quintal Chacinas, 77, 80, 84, 225
geopoltico, 301, 338 Chile, 101, 222, 223, 297
American way of life, 83, 102, China, 51, 60, 157, 168, 216, 295, 303, 305,
112, 137, 300 343, 363, 365; chineses, 159, 177, 300
Anlise Econmica do Direito, 51, 343, CIA, 216, 221, 222, 227, 230, 240, 297,
345, 347, 355, 356, 357, 372 298; e tortura, 227; NSA, 238
Apartheid social, 68, 114, 361, 390 Civilizao: e barbrie, 188
Argentina, 101, 177, 222, 225 Colonialidade, 36, 44, 146, 147, 148, 150,
sia, 35, 57, 84, 133, 144, 145, 157, 173, 151, 152, 156, 159, 160, 166, 179, 180,
176, 185, 216, 217, 238, 285 187, 188, 250, 283, 291, 306, 395; como
o outro lado da Modernidade, 43, 283,
Autos de Resistncia, 77, 80, 89, 396; do poder, 36, 37, 41, 43, 102, 112,
106, 107, 108 117, 122, 148, 150, 151, 152, 167, 177,
B 178, 235, 257, 266, 276, 293, 297, 298,
301, 306, 321, 368, 385, 389, 392, 396,
Banco Interamericano de Desenvol- 398, 399; do saber, 36, 41, 43, 102, 153,
vimento, 156 154, 156, 171, 172, 192, 223, 251, 286,
411
NDICE DE ASSUNTOS
296, 320, 324, 337, 338, 357, 365, 369, Descolonialidade, 401
370, 400; do ser, 160, 253, 388 Desenvolvimentismo, 175
Colonialidade do ser, 122, 160, 253, 388 Desigualdade: estrutural, 113
Colonialismo, 36, 54, 144, 146, 148, 149, Desigualdade racial, 205, 300
150, 163, 166, 167, 185, 187, 240,
251, 257, 284, 335; interno, 37, 43, Desigualdade social, 70, 71, 88, 98, 100,
123, 150, 151, 161, 162, 163, 164, 166, 102, 114, 122, 151, 240, 253, 254,
186, 309, 338, 358, 398, 399; terico, 274, 344, 387, 389; e liberalismo, 275;
155, 171, 191, 192, 251, 253, 255, 320, naturalizao, 98, 195, 283, 287, 308,
322, 358, 365 358; no Brasil, 82
Comisso Interamericana de Direitos Desinvidualizao, 71
Humanos, 305 Desobedincia epistmica, 188
Condicionamento instrumental. Consul- Direito penal do inimigo, 141, 424: inimi-
te Modelagem go interno, 83
Conselho Nacional de Justia, 61, Direitos Fundamentais, 35, 40, 45, 51,
62, 355, 389 55, 73, 85, 88, 90, 106, 107, 122, 126,
Consenso de Washington, 50, 55, 338, 239, 256, 272, 321, 338, 367, 370,
364, 365, 368, 369, 379 371, 372, 373, 380, 382, 388, 429;
Garantias Fundamentais, 390
Consumismo, 112
Direitos Humanos, 28, 35, 36, 37, 38, 39,
Conveno Americana dos Direitos Hu- 44, 45, 46, 47, 48, 55, 56, 57, 58, 61,
manos, 304. ConsultePacto de So 85, 89, 98, 101, 114, 115, 118, 130,
Jos da Costa Rica 138, 139, 143, 167, 168, 173, 180, 181,
Corporaes, 350; comportamen- 182, 183, 191, 192, 197, 199, 200, 201,
to predatrio, 353; psicopatia in- 203, 214, 224, 230, 236, 238, 239, 246,
stitucional, 352 249, 250, 255, 256, 257, 260, 271, 275,
Corte Interamericana dos Direitos 282, 286, 287, 289, 290, 291, 294, 301,
Humanos, 305 302, 303, 304, 305, 306, 307, 308, 309,
310, 311, 312, 314, 315, 317, 318, 338,
Cotidianidade, 66, 69, 78, 96, 104, 322, 339, 340, 359, 373, 376, 389, 393, 396,
332, 333, 337, 353, 397 399, 400, 401, 402, 420, 421, 422, 423,
Crime Deal, 44, 211, 212, 255 434; concepo hegemnica, 39, 47, 58,
Criminalidade: e desigualdade social, 68 180, 192, 255, 256, 290, 359; Declarao
Cristianismo, 47, 147, 187, 258, 266 Universal dos Direitos Humanos, 301;
discurso hegemnico, 27, 37, 38, 44,
Cultura: eurocntrica, 110, 147, 171, 193, 46, 49, 50, 51, 55, 69, 121, 191, 192,
279, 287, 288; individualista, 114; pop, 195, 256, 257, 275, 276, 282, 290, 291,
41, 153, 300, 309 304, 320, 337, 389, 399, 400, 401, 402;
discurso hegemnico dos, 37, 38, 44, 46,
D 191, 192, 195, 256, 257, 275, 291, 304,
Dan Mitrione, 227; morte, 227 389, 399, 400, 401, 402; e dominao,
Darwinismo social, 165, 278, 279, 280, 281 14, 35, 97, 146, 193, 290; imperialismo
Dasein, 138, 329 dos, 304, 305, 402; paradigma hege-
Defensorias Pblicas, 35, 36; deficincias, 71 mnico dos, 399
Democracia; ateniense, 159; infiltrao do Discurso anticorrupo gourmet, 9, 76;
poder econmico, 299; mercadolgi- prises pontuais, 75
ca, 223, 295, 298, 299; mercantilizada, Disposicional: responsabilidade, 136, 255,
149, 298, 301 397; viso, 42, 67, 75, 129, 133, 134,
Democracia racial, 123, 279 136, 137, 208, 353, 361
Denncias annimas, 78, 79 Documento de Estrategia, 156
Dependncia: pases dependentes, 175 Documento Tcnico 319. Consul-
Descaminho, 76, 86, 113 teBanco Mundial
412
NDICE DE ASSUNTOS
Dogmtica jurdica, 33, 49, 320, 348 Establishment, 47, 82, 106, 145, 161, 215,
DOI-CODI, 101 291; conceito, 94
Donald Trump, 237, 363 Estado: Absolutista, 358; Democrtico de Di-
reito, 52, 66, 73, 84, 105, 118, 120, 288,
Doutrina da Segurana Nacional, 41, 45, 334, 355, 372, 376; Liberal, 358; Polcia,
115, 117, 118, 122, 137, 221, 222, 40, 45, 77, 84, 107, 151, 207, 309, 360,
226, 229, 230, 235, 240, 319, 338, 361; Providncia, 390; Social, 74, 151,
347, 360, 361, 368, 369 206, 309, 323, 356, 360, 367; Teoria
Drogas ilcitas, 217; governo Nixon, 208 Geopoltica do, 48, 306, 307
Dry Law, 44, 204, 210 Estado de Coisas Inconstitucio-
nal, 39, 61, 91
E Estado de exceo, 40, 45, 77, 80, 81;
Ecobrimento do Outro, 158 reas de exceo nas periferias, 40, 77,
Edward Snowden, 238 78, 80, 81, 83, 87, 115, 121, 361; perma-
Efeito Lcifer, 130, 137, 268 nente, 230, 233; polticas de exceo, 40
Eficincia, 50, 51, 56, 310, 311, 312, 334, Estado Islmico, 237
345, 346, 348, 349, 351, 354, 355, 356, Estados centrais, 38, 50, 51, 97, 147, 150,
357, 358, 367, 369, 370, 371, 372, 151, 152, 239, 252, 296, 302, 303,
373, 375, 376, 378, 379; econmica, 306, 319, 323, 324, 343, 369, 402
344, 355, 356, 372, 378, 379; e razo Estados Unidos, 35, 38, 44, 45, 47, 50,
instrumental, 334; na rbita judicial, 312; 54, 57, 60, 88, 97, 105, 109, 110, 121,
princpio da, 357; quantitativa, 373 122, 145, 152, 154, 158, 159, 163, 173,
Ego eurocntrico, 179, 185, 188, 192 176, 177, 179, 185, 188, 203, 204, 205,
Elites, 72, 203: estadunidense, 45; locais, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 212, 213,
37, 43, 150, 151, 152, 153, 162, 163, 214, 215, 216, 217, 218, 219, 220,
166, 177, 179, 186, 193, 217, 222, 360, 221, 222, 223, 225, 226, 227, 228,
392; militares, 217 229, 232, 236, 237, 238, 240, 249, 250,
251, 257, 259, 260, 263, 264, 265,
Emancipao, 44, 152, 162, 183, 184, 185, 267, 268, 276, 278, 279, 280, 281, 282,
186, 257, 274, 275, 308, 327, 359, 399; 284, 286, 291, 293, 294, 295, 297, 298,
em contraposio libertao, 184 300, 301, 302, 304, 305, 310, 319, 321,
Empobrecimento, 240; empobrecidos, 113 334, 338, 343, 359, 360, 363, 365, 387,
estratos empobrecidos, 68, 70, 151, 164, 393, 398; Guantnamo, 214, 237, 238,
231, 275, 391, 392; fbrica de empo- 303, 304, 305; poltica externa, 44, 55,
brecidos, 387; jovens empobrecidos, 113 102, 112, 117, 179, 203, 216, 220, 222,
Encarceramento em massa, 39, 44, 59, 205, 223, 237, 239, 240, 251, 291, 297, 305,
207, 216, 389; Estados Unidos, 206 338, 360, 368
Escola das Amricas, 220, 222, 223, Estamento, 37, 51, 163, 309, 367, 372
225, 230; tortura, 40, 45, 61, 62, 63, Estudos Descoloniais, 34, 35, 36, 37, 39,
73, 79, 80, 85, 108, 112, 116, 117, 131, 44, 143, 144, 156, 160, 176, 180, 181,
220, 224, 225, 226, 227, 228, 237, 182, 183, 186, 191, 196, 394; pensa-
246; tortura, 223, 224; treinamento de mento descolonial, 35, 37, 38, 42, 43,
ditadores, 224 44, 46, 50, 158, 160, 167, 180, 182, 183,
Escravido, 46, 47, 83, 121, 159, 165, 191, 192, 308, 312, 386, 391
185, 236, 258, 259, 260, 261, 262, Estudos Ps-Coloniais, 35, 144
263, 264, 267, 276, 277, 280, 283, 285 Ethos guerreiro, 41, 67, 71, 102, 109, 110,
Escuderia Le Cocoq.. ConulteEsqua- 112, 114, 117, 118, 119, 137, 203,
dres da morte 240, 252, 319, 349, 350, 388, 397
Espanha, 54, 145, 152, 172, 178, 186, 387 tica da Libertao, 176, 181
Esquadres da morte, 88, 224, 226, 227, Eurocentrismo, 41, 43, 44, 47, 48, 51, 54,
232; Escuderia Le Cocoq, 226 83, 145, 146, 147, 150, 159, 168, 169,
170, 171, 173, 177, 182, 187, 188,
413
NDICE DE ASSUNTOS
193, 195, 249, 289, 290, 291, 301, Geopoltica, 184, 202, 217, 300, 338, 362,
302, 392, 393, 399, 422; cultura, 192 387; da globalizao, 152; discurso de
Europa, 37, 44, 46, 50, 54, 57, 110, 145, dominao, 47; do conhecimento, 167,
152, 154, 156, 157, 158, 168, 169, 170, 312; dominao, 35, 38, 43, 44, 45, 58,
172, 176, 183, 184, 185, 186, 188, 192, 216, 223, 232, 294, 300, 368, 389; e Dire-
194, 195, 206, 213, 214, 218, 237, 249, itos Humanos, 58, 192, 257, 286, 290, 291,
251, 257, 262, 263, 266, 277, 278, 279, 303, 306, 307, 399; e globalizao, 363; e
280, 283, 284, 286, 288, 307, 308, 321, imperialismo, 399; e War on Crime, 44
325, 342, 360, 386, 393; no sentido George Bush, 205
geopoltico, 249 Globalizao, 35, 37, 46, 48, 50, 51, 54,
Excluso social, 68, 253 152, 157, 181, 231, 249, 288, 291, 307,
Execues sumrias, 120, 226, 270 308, 309, 310, 335, 355, 361, 363;
como discurso de poder, 308; discurso
Exterioridade, 149, 174, 175, 184, 185, 193 da, 307, 308; discurso de dominao,
F 309; incio, 307
Falcia desenvolvimentista econmica, Gratificao faroeste, 120, 230
169, 251, 367 Great Society, 207
Falcia do progresso, 218 Grupo Modernidade/Colonialidade, 35,
143, 180, 182
Fascismo, 83, 84, 86, 195, 221, 267, 282,
Grupos de extermnio, 84, 89, 361
288, 345; fascista, 252
Guantnamo, 214, 237, 304, 305
Fascismo do apartheid social, 81, 390
Guatemala, 177, 225
Filosofia: eurocntrica, 187; latino-ame-
Guerra, 55; como extenso da poltica,
ricana, 188; autenticidade, 190; origi-
202; do pio, 218
nalidade, 189
Guerra ao Crime, 40, 44, 85, 87, 88, 89,
Filosofia da Libertao, 196, 308
108, 120, 121, 203, 204, 208, 209, 211,
Filosofia Latino-Americana, 176 216, 239, 378, 380; como genocdio
Flagrante forjado, 79 brasileiro, 45; War on Crime, 44, 55, 74,
FMI. ConsulteFundo Monetrio 85, 87, 102, 105, 124, 126, 203, 204, 205,
Internacional 206, 207, 208, 216, 238, 239, 240, 255,
319, 338, 347, 355, 379
Ford Foundation. ConsulteFundao Ford
Guerra ao Terror, 87, 203, 220, 231, 232,
Formao policial: brutalidade, 116; bully- 234, 236, 238, 239, 300; guerra suja,
ing, 116, 117; desindividualizao, 116; 236; War on Terror, 45, 55, 74, 102, 112,
imaginrio do exrcito, 117; policiais 126, 203, 215, 234, 235, 238, 240, 253,
vitimados, 118; rituais de passagem, 116; 255, 319, 338
terror de ficar de fora, 116
Guerra s Drogas, 216, 219, 220, 362;
Formalismo, 33, 69, 109, 286, 352, 400 drogas da guerra, as, 218; War on Drugs,
Foundation Rockefeller. ConsulteFunda- 45, 55, 74, 102, 105, 203, 206, 215, 216,
o Rockefeller 238, 240, 255, 319, 338
Frana, 119, 145, 152, 186, 213, 214, 237, Guerra civil, 83, 106, 139, 230, 237, 272,
264, 270, 271 291, 303; controlada, 45; falcia, 106
Fundao Carnegie, 298 Guerra contra o crime, 42, 45, 85, 89, 98,
Fundao Ford, 298 103, 106, 109, 115, 121, 128, 130,
203, 207, 209, 215, 229, 251, 397,
Fundao Rockefeller, 298
398. Consulte tambmWar on crime
Fundo Monetrio Internacional, 167, 292, Lyndon Johnson, 207
293, 295, 296, 310, 362, 365, 368
Guerreiro togado, 350
G H
Genocdio, 387; glorificao, 300; indgena,
Habitus, 66, 85, 109, 110, 229, 322, 357
47, 214, 259, 264, 266
414
NDICE DE ASSUNTOS
Hard power, 48, 102, 293, 294, 295, John Locke: e a escravido, 261; e tra-
301, 302, 306 balho infantil, 269
Helenocentrismo, 159, 170 Judicirio, 35, 36, 38, 39, 42, 48, 50, 51,
Henry Kissinger, 296, 297; Prmio No- 52, 55, 56, 61, 67, 71, 76, 78, 80, 81,
bel da Paz, 297 82, 105, 106, 108, 115, 120, 121, 130,
Hiperconsumo, 113 136, 156, 249, 251, 254, 283, 290,
Hipstase, 286, 287, 288, 315, 348, 374; 309, 312, 319, 338, 339, 345, 346,
conceito, 419; hipostasia, 397; hi- 347, 348, 354, 355, 356, 359, 367,
postasiao, 287 368, 369, 370, 371, 372, 373, 374,
376, 377, 378, 379, 388, 392, 398;
Holanda, 145, 152, 261, 266 como corporao, 35, 36, 38, 50, 51, 55,
Homicdios, 56, 64, 73, 77, 84, 100, 102, 251, 290, 309, 338, 359, 371, 372, 378,
208, 214, 225 379, 398; e eficienticismo, 371; e homo
Homo sacer, 93, 95 economicus, 372; nazista, 82; Reforma
Hostis, 81, 82, 121, 122, 124 do, 56, 71, 106, 136, 156, 254, 348, 354,
369, 373, 383, 388; Superego da socie-
I dade, como, 115
IDH. Consultendice de Desenvolvimen- Juzes-soldados, 42, 115
to Humano - IDH Juristas colonizados, 48, 167, 252, 253
Igualdade, 93, 431 Justia Transicional, 101
imperialismo dos Direitos Humanos. Con-
sulte Direitos Humanos imperialismo dos L
Impunidade, 71, 74, 80, 84, 86, 107, 115, Labelling Approach, 69, 254
123, 229, 374 Law and Economics. ConsulteAnlise
Independncia: dos povos originrios, 188 Econmica do Direito
ndice de Desenvolvimento Humano - Legalidade borderline, 128
IDH, 44, 58, 100 Lei da Anistia, 101
ndio, 187; rotulao e perda da identidade, 188 Liberalismo, 37, 46, 47, 51, 58, 169, 249,
INFOPEN, 60, 73, 87 258, 264, 268, 269, 273, 275, 276, 283,
Inglaterra, 47, 54, 105, 145, 152, 159, 186, 289, 295, 296, 299, 332, 342, 343,
237, 258, 261, 263, 265, 268, 269, 281, 389, 399; e escravido, 259, 260, 261; e
genocdio indgena, 264
282, 284, 342, 343; ingleses, 179, 186,
274, 332, 387 Liberdade, 46, 47, 257, 335; econmica,
195, 308, 348, 357, 361, 362, 372, 379;
inimigo, 42, 45, 67, 73, 81, 82, 83, 86, 87,
e desigualdade, 46, 68; no liberalismo,
88, 99, 107, 118, 121, 122, 123, 124,
358, 359, 361
125, 126, 127, 128, 129, 134, 221,
224, 230, 232, 233, 234, 236, 252, Libertao, 34, 42, 43, 44, 48, 152, 162,
253, 281, 338, 390 164, 176, 183, 184, 185, 186, 257,
Inovao: dos pobres, 113; dos ricos, 113 263, 264, 274, 311, 337, 395, 396,
400; compreenso libertria, 190; em
Insuflao da personae, 116 contraposio emancipao, 183, 184
Integrao Latino-Americana, 177, 307 Linha abissal, 50, 303
Inviolabilidade do lar - violao, 40, 80, Lgica binria, 88, 133
85, 121, 251
Lugares de produo, 255. Consulte
Ipseidade, 41, 98, 99 Teoria Impura do Direito luga-
Ir, 237, 303; Ir-Contras, 216, 304 res de produo
Iraque, 159, 237, 238, 296, 302, 305; Lugares de recepo. Consulte Teoria
sanes econmicas e genocdio, 303 Impura do Direito lugares de recepo
Lmpen, 40, 87, 95, 286, 373; conceito, 95
J
Lyndon Johnson, 207, 212
Jim Crow: leis, 209, 280
415
NDICE DE ASSUNTOS
416
NDICE DE ASSUNTOS
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NDICE DE ASSUNTOS
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Tenho participado de muitas bancas de mestrado e doutorado. A imensa
maioria dos trabalhos elegante, preenche o requisito formal, o sujeito
descobre um imenso mundo acadmico, percebe as fragilidades e
cinismo da prtica jurdica e morre em alguma estante. tanta metodologia
que o trabalho vem com a advertncia de que foi pasteurizado. O
sujeito no comparece em um texto em que parece um quebra-cabeas
de peas apoderadas de terceiros. Rosivaldo apresenta, todavia, uma Tese
de verdade. Explico. Se voc ler o prlogo e no se perguntar sobre a
canalhice e a falcia desenvolvimentista de que somos herdeiros, feche o
livro e v curtir seu cinismo. Voc no merece ler este texto, porque pensa
como um pulha.
O nexo estabelecido entre as polticas beligerantes e o eficientismo
neoliberal capaz de demonstrar a quem o Poder Judicirio no sistema
de controle social serve. Formalismo, Protocolos, Truculncia e juristas
neutros uma combinao explosiva. Talvez possamos tentar uma postura
radical de denunciar o cinismo. O preo ser perseguido e defenestrado
pela imensa massa que compactua e vive no mundo das nuvens. A postura
nefelibata a ordem e progresso do Direito.
Espero, assim, que este livro possa causar a necessidade de rever suas
prticas e responsabilidade. Do contrrio, ou voc j luta, compactua ou
no entende seu lugar no mundo.
09/03/2017
28/03/2017 noname
noname