As Metamorfoses Do Mal em Clarice Lispector
As Metamorfoses Do Mal em Clarice Lispector
As Metamorfoses Do Mal em Clarice Lispector
do mal em
Lispector
Clarice
o
Mal habita a literatura desde os tempos
Ns somos
homricos. Aps a clera de Aquiles ter en-
gendrado A Ilada e o pecado original inau-
canibais, gurar a histria do homem na Bblia, o scu-
lo XIV visitou o imprio do Mal pelo Infer-
no de Dante. As expresses universais do Mal se alastram
preciso no
desde as tragdias da Grcia antiga, passando por vrias
peas de Shakespeare, pelas obras de Sade e de Baudelaire,
esquecer ou ainda por todo o horror que Robert Louis Stevenson re-
velou na perverso do duplo em Dr. Jekill e Mr. Hyde e
Joseph Conrad nO Corao das Trevas. Antes de todos,
(Clarice
Herdoto, o primeiro dos historiadores, elegeu as guerras
como sua matria discursiva.
Lispector). Na tradio brasileira, por sua vez, muitos foram os
autores que deram voz negatividade humana, aos impulsos,
afetos e desejos mais sombrios, rebeldes aos apelos da civili-
zao: Gregrio de Matos, o boca do inferno; Machado de
Assis, que descortinou a perversa estrutura da sociedade bra-
sileira de seu tempo; Guimares Rosa, reencenando em terre-
no de jagunos o antolgico pacto fustico goethiano entre o
homem e o diabo, que por sua vez j havia sido revisitado no
YUDITH ROSENBAUM
Romantismo pelo Macrio, de lvares de Azevedo.
psicloga e autora do
livro Manuel Bandeira: Dentre essa vasta srie literria de escritores nada ino-
uma Poesia da Ausncia
(Edusp/lmago). centes, pretendo focalizar a autora Clarice Lispector (1), judia