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Microeconomia 1 Exerccios

SOLUCAO DOS EXERCICIOS DE TEORIA DO CONSUMIDOR


Microeconomia Graduacao
Departamento de Economia Universidade de Braslia
Prof. Jose Guilherme de Lara Resende

NOTA DE AULA 2 RESTRICAO ORCAMENTARIA

2.1) Assuma que existam apenas dois bens e suponha que o preco do bem 2 aumentou. Represente
graficamente essa mudanca. Se sabemos que o consumidor exaure toda a sua renda e prefere
consumir mais a menos, esse aumento do preco do bem 2 ira afetar o seu bem-estar de que
forma? Isso ocorrera sempre?
S: A figura e representada abaixo.

x2
6
m
p2 Mudanca na RO causada
c
c
c por um aumento no preco p2
c
c (aumenta de p2 para p2 )
c
c
m c
p2 H
H c
HH c
H c
HH c
H c
HH c
H
HH cc
H
HHc
Hcc
HH
c
H
H
c -
m x1
p1

O aumento no preco do bem 2 piora o bem-estar do indivduo caso ele consuma esse bem
2. Se ele nao consome o bem 2, entao o aumento do seu preco nao tera consequencia no seu
bem-estar. Ou seja, dado o aumento do preco de um bem, ou o bem-estar do consumidor
diminui (caso ele consuma esse bem) ou permanece o mesmo (caso nao consuma o bem),
sendo que o bem-estar do consumidor nunca aumentara com o aumento do preco de um bem.
2.2) Suponha que os precos de todos os bens aumentem na mesma proporcao. Isso e equivalente
a uma mudanca na renda? Explique.
S: Sim. Se todos os precos se alteram na proporcao t > 0 (no caso de um aumento de precos,
t > 1), entao a nova restricao orcamentaria e:
(tp1 )x1 + (tp2 )x2 + + (tpn )xn m ,
que e equivalente a seguinte equacao:
m
p 1 x1 + p 2 x2 + + p n xn ,
t

Jose Guilherme de Lara Resende 1 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

ou seja, a uma mudanca na renda na proporcao 1/t. Logo, se t for maior do que 1, temos que
esse aumento dos precos dos bem e equivalente a uma diminuicao da renda e se t for menor
do que 1, temos que ocorre uma queda nos precos, o que equivale a um aumento da renda

2.3) Suponha que o bem 1 teve o seu preco quadruplicado e o bem 2 teve o seu preco duplicado.
O que ocorre com a inclinacao da reta orcamentaria? Faz sentido dizermos que o bem 1 se
tornou relativamente mais barato do que o bem 2?
S: A inclinacao da reta orcamentaria, que antes era p1 /p2 , se tornou 4p1 /2p2 = 2p1 /p2 ,
ou seja, a inclinacao da reta orcamentaria dobrou. Isso significa que o bem 1 passou a custar
o dobro em termos do bem 2, ou seja, faz sentido dizer que o bem 1 se tornou relativamente
mais caro do que o bem 2, e nao relativamente mais barato.

2.4) Suponha que o indivduo consome apenas dois bens, em que o bem 1 e saude, medido em
termos qualidade (ou seja, quanto mais afastado da origem no eixo horizontal, melhor o
servico de saude adquirido). O governo resolve prover gratuitamente o nvel de saude x1 = s
(e apenas esse nvel e provido de modo gratuito). Represente a reta orcamentaria neste caso.
S: A reta orcamentaria apresentara uma quebra no nvel de saude x1 = s, ja que o consumidor
nao precisara pagar nada se quiser consumir esse nvel, e podera gastar toda a sua renda com
os outros bens (logo, a cesta B e uma cesta factvel, junto com todas cetas que possuem o
mesmo nvel x1 = s e x2 m/p2 ).

x2
m
6 sB
p2 @
@
@
@
@c
@

@
@
@
@
@
@
@ 1 Reta Orcamentaria

@ 
@
@ -
x1 = s m x1
p1

2.5) Ilustre graficamente a restricao orcamentaria para o caso de tres bens. O que ocorre com essa
restricao se a renda aumentar? E se o preco de um bem aumentar?
S: Nesse caso, a restricao e dada por um hiperplano em um grafico tridimensional. Um
aumento de renda leva a um deslocamento paralelo desse hiperplano para fora, enquanto
uma queda na renda leva a um deslocamento paralelo desse hiperplano para dentro. Ja
uma mudanca de precos implica um giro no hiperplano.

2.6) Suponha que existam apenas dois bens e o governo resolve controlar os precos desses bens
do seguinte modo: o preco e R$ 1,00 ate 5 unidades adquiridas, e o preco e R$ 2,00 para
unidades adicionais (acima das primeiras 5 unidades adquiridas). Suponha que Carlos tem
uma renda de R$ 10,00.

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a) Ilustre graficamente a reta orcamentaria de Carlos.


S: O Governo cobra R$ 2 apenas para as quantidades superiores a cinco unidades com-
pradas de cada bem. Se o indivduo decidir comprar 6 unidades de um dos bens, ele
pagara R$ 1 pelas cinco primeiras unidades e R$ 2 pela sexta unidade adquirida. Por-
tanto, a reta orcamentaria e descrita pelo grafico abaixo.
x2
6
r
7,5 Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
5 Qr
Q
J
J
J
J
J
J
J
JJr -
5 7,5 x1

b) Descreva a reta orcamentaria em termos algebricos.


S: Na reta orcamentaria abaixo, o numero 5 em cada equacao e o custo das cinco
primeiras unidades compradas por 1 real. Os termos 2(x2 5) e 2(x1 5) sao as
quantidades de x1 e x2 que excedem 5 unidades, multiplicadas pelo preco que, neste
caso, e igual a 2.

x1 + 2(x2 5) + 5 = 10, se x2 > 5, 0 x1 5
2(x1 5) + 5 + x2 = 10, se x1 > 5, 0 x2 5

2.7) Suponha uma economia com dois bens, denotados por x e y. A reta orcamentaria de Maria
e pM M
x x + py y = m
M
e a reta orcamentaria de Joao e pJx x + pJy y = mJ , onde pM M J J
x /py 6= px /py .
Ou seja, o custo de mercado entre x e y para Maria e diferente do custo de mercado para
Joao. Maria e Joao decidem se casar e formar uma famlia onde a renda dos dois e gasta
em conjunto, apesar de que os precos dos bens para cada um deles continuam os mesmos de
antes.

a) Defina a restricao orcamentaria do casal.


S: A restricao orcamentaria do casal e px x + py y = m, onde px = min{pM J
x , px }, py =
min{pM J
y , py } e m = m
M
+ mJ .
b) Havera especializacao na compra dos bens?
S: Sim. Quem comprara um determinado bem e quem tem acesso ao menor preco deste
bem. Por exemplo, se px = pM J
x e py = py , ou seja, se Maria tem acesso a um preco mais
barato para o bem x e Joao tem acesso a um preco mais barato para o bem y, Maria se
especializa na compra do bem x e Joao se especializa na compra do bem y.

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NOTA DE AULA 3 PREFERENCIAS

3.1) Suponha um consumidor que tenha preferencias definidas entre cestas compostas por dois
bens do seguinte modo: se (x1 , x2 ) (y1 , y2 ) (ou seja, x1 y1 e x2 y2 ), entao x  y.
a) Mostre como sao as relacoes de preferencia estrita e de indiferenca associadas a .
S: A relacao de preferencia estrita  e definida a partir de  como (x1 , x2 )  (y1 , y2 )
significa que vale (x1 , x2 )  (y1 , y2 ) e que nao vale (y1 , y2 )  (x1 , x2 ) (observe que nao
valer (y1 , y2 )  (x1 , x2 ) significa que ou y1 < x1 ou y2 < x2 ), entao (x1 , x2 )  (y1 , y2 )
significa que x1 y1 e x2 y2 , com pelo menos uma das desigualdades valendo de modo
estrito.
A relacao de indiferenca e definida a partir de  como (x1 , x2 ) (y1 , y2 ) significa
que vale (x1 , x2 )  (y1 , y2 ) e (y1 , y2 )  (x1 , x2 ). No primeiro caso, temos que x1 y1 e
x2 y2 e no segundo caso temos que x1 y1 e x2 y2 . Portanto, (x1 , x2 ) (y1 , y2 )
significa que x1 = y1 e x2 = y2 , para a preferencia definida neste exerccio (observe entao
que a unica cesta indiferente a cesta (x1 , x2 ) e ela propria.
b) Essas preferencias sao (justifique sua resposta):
i) Completas?
S: Nao. Duas cestas tais como (x1 , x2 ) e (y1 , y2 ), com x1 > y1 e x2 < y2 nao sao
comparaveis, para o sistema de preferencias considerado. Por exemplo, (1, 2) e (2, 1)
nao sao comparaveis: nao podemos dizer qual cesta e melhor ou se sao indiferentes,
usando a regra acima.
ii) Transitivas?
S: Sim. Temos que mostrar que se a cesta x e prefervel a cesta y e a cesta y e
prefervel a cesta z, entao a cesta x e prefervel a cesta z. Note que se x  y entao
(x1 , x2 ) (y1 , y2 ) e se y  z entao (y1 , y2 ) (z1 , z2 ). Portanto, (x1 , x2 ) (z1 , z2 ) e,
pela definicao da preferencia , x  z. Ou seja, essas preferencias sao transitivas.
iii) Monotonas?
S: Sim, por definicao (quanto mais, melhor ).
iv) Convexas?
S: Sim, pois se x e y sao duas cestas de bens tais que x  y, entao x1 y1 e x2 y2
e, portanto, x1 + (1 )y1 y1 e x2 + (1 )y2 y2 , para todo [0, 1], o que
por sua vez significa que x + (1 )y  x, para todo [0, 1].

3.2) O tecnico de volei Bernardo acha que os jogadores devem ter tres qualidade: altura, agilidade
e obediencia. Se o jogador A e melhor que o jogador B em duas dessas tres caractersticas,
entao Bernardo prefere A a B. Para os outros casos, ele e indiferente entre A e B. Carlos
mede 2,08m, e pouco agil e obediente. Luis mede 1,90m, e muito agil, e muito desobediente.
Paulo mede 1,85m, e agil, e extremamente obediente.
a) Bernardo prefere Carlos ou Luis? Bernardo prefere Luis ou Paulo? Bernardo prefere
Carlos ou Paulo?
b) As preferencias do tecnico sao transitivas?
S: (a e b) Podemos descrever as caractersticas dos jogadores na tabela a seguir:
Carlos Luis Paulo
Altura 2,08 1,90 1,85
Agilidade P ouco M uito N ormal
Obediencia Obediente Desobediente M uito Obediente

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E facil ver que Carlos  Luis, Luis  Paulo e Paulo  Carlos. Portanto, as preferencias
de Bernardo nao sao transitivas (Carlos  Luis, Luis  Paulo mas nao ocorre Carlos 
Paulo).
c) Depois de perder varios campeonatos, Bernardo decide mudar sua forma de comparar
os jogadores. Agora ele prefere o jogador A ao jogador B se A e melhor do que B nas
tres caractersticas Ele e indiferente entre A e B se eles tem todas as tres caractersticas
iguais. Para todas as outras possibilidades, Bernardo diz que nao e possvel comparar os
jogadores. As novas preferencias de Bernardo sao: completas? transitivas? reflexivas?
Justifique.
S: Completas? Nao. Por exemplo, Bernardo nao consegue mais se decidir entre Carlos
ou Luis, ja que Carlos e mais alto e mais obediente, porem menos agil do Luis.
Transitivas? Sim. Se Bernardo consegue comparar os jogadores A, B e C, e temos A 
B e B  C, entao podem ocorrer quatro casos:
i) A B e B C: A e B possuem as tres qualidades iguais e B e C possuem as tres
qualidades iguais. Logo, A e C possuem as tres qualidades iguais, ou seja, A C,
o que implica tambem A  C.
ii) A  B e B C: A e melhor do que B nas tres qualidades e B e C possuem as tres
qualidades iguais. Logo, A sera melhor que C nas tres qualidades, ou seja, A  C,
o que implica tambem A  C.
iii) A B e B  C: A e B possuem as tres qualidades iguais e B e melhor do que C
nas tres qualidades. Logo, A sera melhor que C nas tres qualidades, ou seja, A 
C, o que implica tambem A  C.
iv) A  B e B  C: A e melhor do que B nas tres qualidades e B e melhor do que C
nas tres qualidades. Consequentemente, A sera melhor que C nas tres qualidades,
ou seja, A  C, o que implica tambem A  C.
Reflexivas? Sim. Para todo jogador, Bernardo e indiferente ao mesmo jogador, ou seja,
A  A.

3.3) Mostre que a preferencia lexicografica e completa, reflexiva e transitiva.


S: Completa: Considere as cestas x = (x1 , x2 ) e y = (y1 , y2 ) quaisquer. Se x1 > y1 , entao
x  y, ou seja, x  y. Se Se y1 > x1 , entao y  x, ou seja, y  x. No caso em x1 = y1 ,
olhamos o segundo bem: se x2 > y2 , entao x  y, ou seja, x  y. Se y2 > x2 , entao y  x, ou
seja, y  x. Finalmente, se x1 = y1 e x2 = y2 , entao x y, ou seja, x  y. Logo, e sempre
possvel comparar as cestas x e y em termos da preferencia lexicografica, o que significa que
ela e completa.
Reflexiva: Para uma cesta x = (x1 , x2 ) qualquer, temos sempre que x1 = x1 e x2 = x2 , ou
seja, x x, logo x  x, o que mostra que a preferencia lexicografica e reflexiva.
Transitiva: Considere as cestas x = (x1 , x2 ), y = (y1 , y2 ) e z = (z1 , z2 ), com x  y e y  z.
Vamos dividir a analise nos quatro casos possveis:

i) x y e y z: x y implica x = y e y z implica y = z. Logo x = z, ou seja, x  z


(mais especificamente, x z).
ii) x  y e y z: x  y implica que ou x1 > y1 ou que x1 = y1 e x2 > y2 . Ja y z
implica y = z. Logo ou x1 > z1 ou x1 = z1 e x2 > z2 , o que significa x  z (mais
especificamente, x  z).

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iii) x y e y  z: x y implica x = y e y  z implica que ou y1 > z1 ou que


y1 = z1 e y2 > z2 . Logo ou x1 > z1 ou x1 = z1 e x2 > z2 , o que significa x  z (mais
especificamente, x  z).
iv) x  y e y  z: x  y implica que ou x1 > y1 ou que x1 = y1 e x2 > y2 . Ja y  z
implica que ou y1 > z1 ou que y1 = z1 e y2 > z2 . Logo ou x1 > z1 ou x1 = z1 e x2 > z2 ,
o que significa x  z (mais especificamente, x  z).

3.4) Considere a utilidade u(x1 , x2 ) = x0,5 0,5


1 x2 .

a) Calcule as utilidades marginais dos bens 1 e 2. Verifique que sao decrescentes. Qual
seria a interpretacao de utilidades marginais decrescentes?
S: As utilidades marginais sao:

Bem 1: U M g1 (x1 , x2 ) = u(x1 , x2 )/x1 = 0,5x10,5 x20,5


0,5
Bem 2: U M g2 (x1 , x2 ) = u(x1 , x2 )/x2 = 0,5x0,5
1 x2

Observe que:

U M g1 (x1 , x2 )/x1 = 2 u(x1 , x2 )/x21 = 0,25x1,5


1 x0,5
2 < 0, e

U M g2 (x1 , x2 )/x2 = 2 u(x1 , x2 )/x22 = 0,25x10,5 x1,5


2 < 0,

ou seja, as utilidades marginais sao decrescentes. Uma utilidade marginal de um bem


ser decrescente era interpretado na teoria cardinal como quanto mais do bem, menor a
quantidade de utilidade que ele gera para o indivduo.
b) Calcule as utilidades marginais dos bens 1 e 2 para a funcao de utilidade u(x1 , x2 ) = x21 x22 .
Verifique que sao crescentes.
S: As utilidades marginais sao:

Bem 1: U M g1 (x1 , x2 ) = u(x1 , x2 )/x1 = 2x1 x22


Bem 2: U M g2 (x1 , x2 ) = u(x1 , x2 )/x2 = 2x21 x2

Observe que:

U M g1 (x1 , x2 )/x1 = 2 u(x1 , x2 )/x21 = 2x22 > 0, e


U M g2 (x1 , x2 )/x2 = 2 u(x1 , x2 )/x22 = 2x21 > 0,

ou seja, as utilidades marginais dessa utilidade sao crescentes.


c) Mostre que u e u representam a mesma preferencia. O que isso implica a respeito de a
utilidade marginal ser decrescente ou crescente?
S: Basta notar que u = f u, onde f (t) = t4 e crescente para todo t 0. Pelo Teorema
de Representacao, isso significa que u e u representam a mesma preferencia. Podemos
concluir entao que a utilidade marginal ser decrescente ou crescente nao tem conteudo
economico algum (teoria puramente ordinal).

3.5) Desenhe as curvas de indiferenca para as seguintes utilidades:

a) Utilidade Linear: u(x1 , x2 ) = ax1 + bx2 , a, b > 0.


S: A figura e:

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Microeconomia 1 Exerccios

x2
6
Curvas de Indiferenca
@ u(x1 , x2 ) = ax1 + bx2
@
@
@  @
@ @
@ @
 @ @
@ @
@ @
@ @
@ @
@
@  @ @ @
@ @ @
@
@ @  @  @
@ @ @
@ @ @
@ @ -
x1

b) Utilidade de Leontief: u(x1 , x2 ) = min{ax1 , bx2 }, a, b > 0.


S: A figura e:

x2 Curvas de Indiferenca
6 u(x1 , x2 ) = min{ax1 , bx2 }



semi-reta x2 = (a/b)x1

-
x1

c) Utilidades com um Bem Neutro: u(x1 , x2 ) = x1 e u(x1 , x2 ) = x2 .


S: As figuras sao:

x2 x2
6 u(x1 , x2 ) = x1 6 u(x1 , x2 ) = x2

- -
x1 x1

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d) Utilidade com um Mal: u(x1 , x2 ) = x1 x2 .


S: A figura e:

x2 Curvas de Indiferenca
6 u(x1 , x2 ) = x1 x2

- - - -

-
x1

3.6) Suponha que uma pessoa esteja consumindo uma cesta de bens tal que a sua utilidade
marginal de consumir o bem A e 12 e a sua utilidade marginal de consumir o bem B e
2. Suponha tambem que os precos dos bens A e B sao R$ 2 e R$ 1, respectivamente, e que
as preferencias desse consumidor sao estritamente convexas.

a) Essa pessoa esta escolhendo quantidades otimas dos bens A e B? Caso nao esteja,
qual bem ela deveria consumir relativamente mais (nao se preocupe com a restricao
orcamentaria nesse item)?
S: Denote a cesta de bens que essa pessoa consome por x. Para essas quantidades de
bens, temos que:
u(x)/xA pA
= 6 6= 2 =
u(x)/xB pB
A TMS entre A e B e maior do que a relacao de precos entre A e B. Nesse caso, o
consumidor pode aumentar sua utilidade se consumir mais do bem A e menos do bem
B, pois no mercado ele pode trocar 2 unidades de B por uma unidade de A e tal troca
vai aumentar sua utilidade em uma razao de seis vezes.
b) A sua resposta para o item a) depende do valor da utilidade marginal. Explique.
S: Nao, depende apenas da relacao entre as utilidades marginais, que permanece a mesma
qualquer que seja a funcao de utilidade usada para representar as preferencias.

3.7) Suponha que Ana consome apenas pao e circo, e suas preferencias sao bem comportadas. Um
certo dia o preco do pao aumenta e o preco do circo diminui. Ana continua tao feliz quanto
antes da mudanca de precos (a renda de Ana nao mudou).

a) Ana consume mais ou menos paes apos a mudanca de precos?

Jose Guilherme de Lara Resende 8 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

b) Ana consegue agora comprar a cesta que comprava antes?


S: (a e b juntos) Nesse caso, pao se torna mais caro relativamente ao circo. A reta
orcamentaria se torna mais inclinada. Essa mudanca na reta orcamentaria e tal que
Ana alcanca o mesmo nvel de utilidade de antes (ou seja, a nova reta orcamentaria
tangenciara a mesma curva de indiferenca que a reta orcamentaria original tangenciava).
O grafico abaixo mostra que Ana consome menos paes do que antes (equilbrio muda
de E para E) e que a cesta que ela consumia antes (E) nao e mais possvel de ser
adquirida aos novos precos (pois esta fora do conjunto de cestas factveis para a nova
reta orcamentaria).
circo
6

T
T
T
T
T
T
Q T
Q T
Q T rE
Q
QT @
QT I@
Q
TQ rE
T QQ
T Q
T Q
Q
T Q
T Q
T QQ -
pao

NOTA DE AULA 4 O PROBLEMA DO CONSUMIDOR

4.1) Suponha que existam apenas 2 bens e que a utilidade de um certo indivduo e u(x1 , x2 ) =
x0,25
1 + x0,25
2 .

a) Monte o problema do consumidor e derive as demandas otimas usando o metodo de


Lagrange.
S: O problema do consumidor e

max x0,25
1 + x0,25
2 s.a p 1 x1 + p 2 x2 = m
x1 ,x2

O Lagrangeano do problema e:

L = x0,25
1 + x0,25
2 + [m (p1 x1 + p2 x2 )]

As CPO resultam em:

(x1 ) : 0,25x0,75
1 = p1
(x2 ) : 0,25x0,75
2 = p2
() : m = p1 x1 + p2 x2

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Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos:


 0,75  4/3
x2 p1 p1
= x2 = x1
x1 p2 p2

Substituimos essa expressao para x2 na reta orcamentaria (terceira CPO):


!
 4/3 1/3
p1 p1
m = p 1 x1 + p 2 x1 = p1 x1 1 + 1/3
p2 p2

Logo,
1/3
m p m
x1 =  =  2 
1/3 1/3 1/3
p1
p1 1 + 1/3 p1 p1 + p 2
p2

Substituindo x1 de volta em x2 , obtemos as funcoes de demanda dos dois bens:


1/3 1/3
p2 m p1 m
x1 (p1 , p2 , m) =   e x2 (p1 , p2 , m) =  
1/3 1/3 1/3 1/3
p1 p1 + p2 p2 p1 + p2

b) Verifique as condicoes de segunda ordem.


S: Para a utilidade dada, temos que u1 = 0,25x0,75 1 , u2 = 0,25x20,75 , u12 = u21 = 0,
u11 = 0,1875x1,75
1 , e u22 = 0,1875x21,75 . Observe que:

2u1 u2 u21 u22 u11 u21 u22 = u22 u11 u21 u22
= 0,01171875 x11,5 x1,5 x0,25 + x0,25

2 1 2 ,

e sempre positiva, se (x1 , x2 ) > 0, que e o caso encontrado no item anterior. Logo a CSO
e satisfeita.
c) Mostre que as funcoes de demanda satisfazem a propriedade de adding-up, ou seja,
que p1 x1 (p1 , p2 , m) + p2 x2 (p1 , p2 , m) e de fato igual a m.
S: Observe que:

1/3 1/3
p m p m
p1 x1 + p2 x2 = p1  2  + p2  1 
1/3 1/3 1/3 1/3
p1 p1 + p2 p2 p1 + p2
" # " #
1/3 1/3 1/3 1/3
p p p + p2
= m 1/3 2 1/3 + 1/3 1 1/3 = m 11/3 1/3
=m
p1 + p2 p1 + p2 p1 + p2

d) Mostre que as funcoes de demanda satisfazem a propriedade de homogeneidade.


S: Observe que:

(tp2 )1/3 (tm)


xM
1 (tp1 , tp2 , tm) = = xM
1 (p1 , p2 , m)
(tp1 ) ((tp1 )1/3 + (tp2 )1/3 )
(tp1 )1/3 (tm)
xM
2 (tp1 , tp2 , tm) = 1/3 1/3
= xM
2 (p1 , p2 , m)
(tp2 ) ((tp1 ) + (tp2 ) )

Jose Guilherme de Lara Resende 10 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

4.2) Suponha uma funcao de utilidade definida por:

u(x1 , x2 ) = min{x2 + 2x1 , x1 + 2x2 }

a) Desenhe a curva de indiferenca para u(x1 , x2 ) = 20.


S: Esta curva de indiferenca e dada por min{x2 + 2x1 , x1 + 2x2 } = 20. O indivduo
escolhera as quantidades de cada bem de modo a igualar os dois argumentos da funcao
de mnimo acima, para evitar desperdcios. Portanto, temos que:

2x1 + x2 = x1 + 2x2 x1 = x2

Nos dois argumento da funcao mnimo, temos relacoes lineares entre os dois bens: 2x1 +
x2 , no primeiro argumento, e x1 + 2x2 , no segundo argumento. A curva de indiferenca
dessa funcao, para o caso de u(x1 , x2 ) = 20, e ilustrada na figura a seguir.

x2

20
6
curva de indiferenca u = 20
*

A 
A
A
A x2 > x1 x2 = x1
A
A
A
A
A
x2 < x1
A
As
20/3 H
HH
H
HH
H
HH
H
HH -
20/3 20 x1

b) Para que valores de p1 /p2 a solucao otima consistira em x1 = 0 e x2 = m/p2 ?


S: Pela figura podemos observar que, apesar da utilidade ser de Leontief, existe um grau
de substituicao entre os bens, descrito por uma funcao linear. Portanto, as demandas
serao uma mistura de solucao de canto (consome apenas um bem) com solucao onde os
bens sao consumidos em proporcoes fixas (x1 = x2 ). Portanto, as demandas sao:

m/p1 , se p1 < (1/2)p2 ,
x1 (p1 , p2 , m) = m/(p1 + p2 ), se (1/2)p2 < p1 < 2p2
0, se p1 > 2p2


0, se p1 < (1/2)p2 ,
x2 (p1 , p2 , m) = m/(p1 + p2 ), se (1/2)p1 < p2 < 2p1
m/p2 , se p1 > 2p2

Se p1 = 2p2 , entao o consumidor escolhe qualquer cesta (x1 , x2 ) tal que 2x1 + x2 = 20,
0 x1 20/3. Se p1 = (1/2)p2 , entao o consumidor escolhe qualquer cesta (x1 , x2 )
tal que x1 + 2x2 = 20, 20/3 x1 20. Finalmente, para quaisquer precos tais que
p1 > 2p2 , as demandas otimas sao nao consumir o bem 1 e consumir apenas o bem 2.

Jose Guilherme de Lara Resende 11 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

c) Para que valores de p1 /p2 a solucao otima consistira em x1 = m/p1 e x2 = 0?


S: Usando a solucao descrita no item anterior, se p2 > 2p1 , entao as demandas otimas
sao nao consumir o bem 2 e consumir apenas o bem 1.
d) Para que valores de p1 /p2 a solucao otima sera interior (ou seja, x1 > 0 e x2 > 0)?
S: Novamente usando a solucao descrita no item b), se (1/2)p1 < p2 < 2p1 , entao as
demandas otimas sao interiores, com x1 = x2 = m/(p1 + p2 ).

4.3) Considere a utilidade u(x1 , x2 ) = ax1 + bx2 .

a) Calcule a TMS entre os dois bens. Desenhe o mapa de indiferenca desta utilidade.
S: Uma curva de indiferenca em particular pode ser encontrada fazendo-se u(x1 , x2 ) = u,
ou seja, ax1 + bx2 = u, logo ax1 + bx2 = u2 . Isto quer dizer que o mapa de indiferenca
desta utilidade tem a mesma forma do que o mapa de indiferenca para a utilidade
u(x1 , x2 ) = ax1 + bx2 . Portanto, esta utilidade tambem representa bens substitutos
perfeitos. A figura abaixo ilustra o mapa de indiferenca gerado por esta utilidade:
x2
6
Curvas de Indiferenca
@
u(x1 , x2 ) = x1 + x2
@
@
 @
@
@ @
@ @
@ @ @
@ @ @
@ @
@ @ @ @
@ @
@ @ @
@  @  @
@
@ @@
@ @ -
x1

Este resultado e esperado, ja que ambas as utilidades representam o mesmo sistema de


preferencia (a utilidade u e obtida elevando-se a utilidade u ao quadrado, uma trans-
formacao crescente para todo numero positivo). Observe que, como esperado, a TMS
de u e a igual a TMS de u:

u 1/2(ax1 + bx2 )1/2 a a u


T M S12 (x1 , x2 ) = 1/2
= = T M S12 (x1 , x2 )
1/2(ax1 + bx2 ) b b

b) Encontre as funcoes de demandas otimas do consumidor. Justifique sua resposta.


S: O problema do consumidor e atingir o nvel mais alto de utilidade, dada a restricao
orcamentaria. Como os bens sao perfeitamente substitutos, o consumidor comprara o
bem que for relativamente mais barato: o bem que tiver menor preco dividido pelo
coeficiente da utilidade. As funcoes de demanda serao:
 
M m/p1 , se p1 /a < p2 /b M 0, se p1 /a < p2 /b
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
0, se p1 /a > p2 /b m/p2 , se p1 /a > p2 /b

No caso em que p1 /a = p2 /b, o consumidor e indiferente entre qual dos bens comprar,
pois a TMS e sempre igual a relacao de precos dos bens. Nesse caso, o consumidor
comprara qualquer cesta (x1 , x2 ) que satisfaca a sua reta orcamentaria, p1 x1 + p2 x2 = m.

Jose Guilherme de Lara Resende 12 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

c) Agora suponha que a = b = 1 e p1 = 1, p2 = 2, m = 100. Ilustre graficamente a solucao


neste caso. Qual a taxa marginal de substituicao na cesta otima? Para este caso, vale a
condicao de igualdade de TMS e relacao de precos? Discuta intuitivamente sua resposta.
S: O grafico abaixo ilustra a solucao neste caso.

x2
6
Curvas de Indiferenca
@ u(x1 , x2 ) = x1 + x2
@ Suponha que p2 = 2, p1 = 1
@
Solucao: x1 = 100, x2 = 0
@
@ @
@ @
50 H @ @
@ @ @
H
@H @ @
@HH@ @
HH
@ @ @
H
@
@ @ @H @
H
@ @  @ H @
@ HH@
H@ E
@ @
@ @ @ H
@s
H -
100 x1

Na cesta otima, x1 = 100 e x2 = 0, nao e valida a igualdade entre TMS e relacao de


precos (T M S = 1 6= 1/2 = p1 /p2 ). Isto ocorre porque estamos em uma solucao de
canto: apenas o bem 1 e consumido. Se fosse possvel, o indivduo continuaria a trocar
bem 2 por bem 1, mas ele ja esta no limite, sem mais nenhuma quantidade de bem 2 para
trocar por bem 1. A igualdade entre TMS e relacao de precos e usualmente valida para
solucoes interiores, ou seja, cestas tais que as quantidades dos bens sao todas positivas.

4.4) Considere a utilidade u(x1 , x2 ) = (min{ax1 , bx2 })2 .

a) Desenhe o mapa de indiferenca desta utilidade. Calcule a TMS entre os dois bens.
S: Procedemos como na questao anterior: uma curva de indiferenca em particular
2
pode ser encontrada fazendo-se u(x1 , x2 ) = u, ou seja, (min{ax1 , bx2 }) = u, logo
min{ax1 , bx2 } = u. Isto quer dizer que o mapa de indiferenca desta utilidade tem
o mesmo formato do que o mapa de indiferenca da utilidade u(x1 , x2 ) = min{ax1 , bx2 }.
Portanto, esta utilidade tambem representa bens complementares perfeitos. A curva de
indiferenca e ilustrada na figura abaixo.
A TMS entre os dois bens nao esta bem-definida, pois a utilidade nao e diferenciavel.
Porem, podemos dizer que ela sera igual a 0 ou a infinito, dependendo da cesta em que
for calculada. Se a cesta (x1 , x2 ) for tal que x1 < x2 , entao T M S12 (x1 , x2 ) = +, pois
neste caso o consumidor esta disposto a trocar todo o excesso que possui do bem 2 em
relacao ao bem 1 por um acrescimo no bem 1. Se a cesta (x1 , x2 ) for tal que x1 > x2 ,
entao T M S12 (x1 , x2 ) = 0, pois neste caso o consumidor nao esta disposto a trocar bem
2 pelo bem 1, qualquer que seja a taxa de troca (a TMS e uma medida local, vale apenas
para uma vizinhanca da cesta em questao). Finalmente, se a cesta (x1 , x2 ) for tal que
x1 = x2 , entao T M S12 (x1 , x2 ) nao esta definida.

Jose Guilherme de Lara Resende 13 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

x2
6 Curvas de Indiferenca
u(x1 , x2 ) = (min{ax1 , bx2 })2



semi-reta x2 = x1

-
x1

b) Encontre as funcoes de demandas otimas do consumidor. Justifique sua resposta.


S: Como discutimos na Nota de Aula 4, no caso geral a 6= b, o consumidor iguala os
argumentos da funcao de mnimo: ax1 = bx2 e, portanto x2 = (a/b)x1 . Substituindo
essa expressao para x2 na reta orcamentaria, encontramos as funcoes de demanda:
m a m
xM1 (p ,
1 2p , m) = a
e x M
2 (p ,
1 2p , m) =
b p1 + ab p2
 
p1 + b p2

c) Agora suponha que a = b = 1 e p1 = 1, p2 = 2, m = 100. Calcule e ilustre graficamente


a solucao neste caso. Suponha agora que os precos mudaram para p1 = 2 e p2 = 1, e que
a renda nao se modificou. Calcule e ilustre graficamente a solucao neste caso. Compare
as duas solucoes encontradas neste item. Discuta intuitivamente sua resposta.
S: Para o primeiro caso, temos que x1 = x2 = m/(p1 + p2 ) = 100/3. Para o segundo
caso, temos que x1 = x2 = m/(p1 + p2 ) = 100/3. Logo, a cesta otima em ambos os casos
e a mesma. Isto ocorre porque, no caso de bens complementares perfeitos onde a = b,
os dois bens devem sempre ser consumidos na proporcao de um bem 1 para um bem 2.
Podemos dizer que o bem 1 e o bem 2 formam um unico bem, cujo preco e p1 + p2 . Os
graficos abaixo ilustram estes dois casos.
x2 x2
6 100 6
A
A
A
A
x2 = x1 A x2 = x1
A
A
50 H A
HH A

(x , x ) A (x1 , x2 )
100 r 1 2 100
Ar
H
HH
3 3
H
HH A
H A
HH
H A
HH A
H- A -
100 100 x1 100 50 x1
3 3

Jose Guilherme de Lara Resende 14 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

4.5) Encontre as demandas otimas para os seguintes casos, onde > 0 e > 0:

a) u(x1 , x2 ) = x1 x2 ;
S: O Lagrangeano e L = x1 x2 + (m (p1 x1 + p2 x2 )). As CPO resultam em:

(x1 ) : p1 = x1
1 x2
(x2 ) : p2 = x1 x1
2
() : m = p1 x1 + p2 x2

Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos:


 
x2 p1 p1 x1
= x2 =
x1 p2 p2

Substituimos agora essa expressao para x2 na reta orcamentaria (terceira CPO):


    
p1 x1 m
m = p 1 x1 + p 2 x1 =
p2 + p1

Substituindo x1 de volta em x2 , obtemos as duas funcoes de demanda:


   
m m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
+ p1 + p2

b) u(x1 , x2 ) = x1+ x2+ ;


S: O Lagrangeano e L = x1+ x2+ + (m (p1 x1 + p2 x2 )). As CPO resultam em:


 
1

(x1 ) : p1 = x1+ x2+


+
 

1
(x2 ) : p2 = x1+ x2+
+
() : m = p1 x1 + p2 x2

Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos:


 
x2 p1 p1 x1
= x2 =
x1 p2 p2

Substituimos agora essa expressao para x2 na reta orcamentaria (terceira CPO):


    
p1 x1 m
m = p 1 x1 + p 2 x1 =
p2 + p1

Substituindo x1 de volta em x2 , obtemos as duas funcoes de demanda:


   
m m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
+ p1 + p2

c) u(x1 , x2 ) = ln(x1 ) + ln(x2 ).

Jose Guilherme de Lara Resende 15 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

S: O Lagrangeano e L = ln(x1 ) + ln(x2 ) + (m (p1 x1 + p2 x2 )). As CPO resultam


em:

(x1 ) : p1 =
x1

(x2 ) : p2 =
x2
() : m = p1 x1 + p2 x2
Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos:
 
x2 p1 p1 x1
= x2 =
x1 p2 p2
Substituimos agora essa expressao para x2 na reta orcamentaria (terceira CPO):
    
p1 x1 m
m = p 1 x1 + p 2 x1 =
p2 + p1
Substituindo x1 de volta em x2 , obtemos as duas funcoes de demanda:
   
m m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
+ p1 + p2
Qual a relacao entre as demandas encontradas acima? Justifique a sua resposta. Com base
na sua resposta, se a utilidade e do tipo u(x1 , x2 ) = x1 x2 , e possvel tranforma-la em uma
utilidade do tipo u(x1 , x2 ) = x1 x1
2 , com 0 < < 1? Se sim, qual a relacao entre , e ?
S: As funcoes de demanda sao as mesmas para os tres casos. Mais ainda, a taxa marginal
de substituicao e a mesma para as tres utilidades. Isto ocorre porque as tres utilidade repre-
sentam as mesmas preferencias. Observe que a segunda utilidade e igual a primeira elevada
a 1/( + ), o que constitui uma transformacao crescente, pois > 0 e > 0. A ter-
ceira utilidade e igual a primeira utilidade log-linearizada (lembre-se que a funcao logaritmo
e crescente para todo numero positivo). Logo, se elevarmos a utilidade u(x1 , x2 ) = x1 x2 a
potencia 1/( + ), obtemos a utilidade u(x1 , x2 ) = x1 x1
2 , onde = /( + ) e, portanto,
1 = /( + ), 0 < < 1, ja que > 0 e > 0.
4.6) Calcule as demandas de um consumidor representado por uma utilidade CES (elasticidade
de substituicao constante) dada por:
1
u(x1 , x2 ) = [ax1 + bx2 ] , 0 6= < 1 .

S: O problema do consumidor e
1
max [ax1 + bx2 ] s.a p 1 x1 + p 2 x 2 = m
x1 ,x2 0

O Lagrangeano do problema e:
1
L = [ax1 + bx2 ] + [m (p1 x1 + p2 x2 )]
As CPO resultam em:
1 1
(x1 ) : [ax1 + bx2 ] 1 ax1
1 = p1

1 1
(x2 ) : [ax1 + bx2 ] 1 bx1
2 = p2

() : m = p1 x1 + p2 x2

Jose Guilherme de Lara Resende 16 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos:


 1   1
a x1 p1 bp1 1
= x1 = x2
b x2 p2 ap2
Substituimos essa expressao para x2 na reta orcamentaria (terceira CPO):
"  1 #   1 1
!
bp1 1 b
1
m = p1 x2 + p 2 x 2 = x2 p11 + p21 p2 1
ap2 a

Logo,
1
p21 m
x2 = 1
b
 1
a
p11 + p21
Substituindo x2 de volta em x1 , obtemos as funcoes de demanda dos dois bens:
1 1
p11 m p21 m
x1 (p1 , p2 , m) =  1 e x2 (p1 , p2 , m) = 1

+ ab 1 p21 b
 1
p11 a
p11 + p21
No caso em que a = b e, em particular, a = b = 1, as demandas sao:
1
1

1 1
p p
x1 (p1 , p2 , m) = 1
m e x2 (p1 , p2 , m) = 2
m
1 1 1 1
p1 + p2 p1 + p2
1
Se usarmos a notacao r = 1 , podemos escrever as demandas como:

pr1 pr2
   
x1 (p1 , p2 , m) = m e x2 (p1 , p2 , m) = m
p1+r
1 + p1+r
2 p1+r
1 + p1+r
2

NA 5 UTILIDADE INDIRETA E DEMANDA

5.1) Considere a seguinte funcao de utilidade:


u(x1 , x2 ) = x10,5 + x20,5
a) Determine as funcoes de demanda marshallianas e a funcao de utilidade indireta.
S: O problema do consumidor e:
max x0,5 0,5
1 + x2 s.a p 1 x1 + p 2 x2 = m
x1 ,x2

O Lagrangeano do problema e:
L = x0,5 0,5
1 + x2 + [m (p1 x1 + p2 x2 )]

As CPO resultam em:


(x1 ) : 0,5x10,5 = p1
(x2 ) : 0,5x20,5 = p2
() : m = p1 x1 + p2 x2

Jose Guilherme de Lara Resende 17 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos:


 0,5  2
x2 p1 p1
= x2 = x1
x1 p2 p2

Substituimos essa expressao para x2 na reta orcamentaria (terceira CPO):


 2
p21 p1 p2 + p21
   
p1
m = p 1 x1 + p 2 x1 = x1 p 1 + = x1
p2 p2 p2
Logo,
p2 m
x1 =
p1 p2 + p21
Substituindo x1 de volta em x2 , obtemos as funcoes de demanda dos dois bens:
p2 m p1 m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
p1 p2 + p21 p1 p2 + p22
Portanto, a funcao de utilidade indireta e:
" 0,5  0,5 #
p2 p1
v(p1 , p2 , m) = 2
+ 2
m
p1 p2 + p1 p1 p2 + p2

b) Mostre que a funcao de utilidade indireta satisfaz a propriedades de homogeneidade de


grau 0 nos precos e na renda.
S: Observe que:
" 0,5  0,5 #
tp2 tp1
v(tp1 , tp2 , tm) = + tm
(tp1 )(tp2 ) + (tp1 )2 (tp1 )(tp2 ) + (tp2 )2
" 0,5  0,5 #
1 p2 p1
= + t m
t p1 p2 + p21 p1 p2 + p22
" 0,5  0,5 #
p2 p1
= 2
+ 2
m = v(p1 , p2 , m)
p1 p2 + p1 p1 p 2 + p2

5.2 Suponha que a utilidade de Bernardo seja u(x1 , x2 ) = min{x1 , x2 }. Suponha que os precos
do bem 1 e do 2 sejam p1 = R$ 1 e p2 = R$ 1 e que a renda de Bernardo seja R$ 120.

a) Quais sao as quantidades consumidas de cada bem por Bernardo? Qual a utilidade que
ele obtem?
S: Vimos que as funcoes de demanda para esta utilidade sao:
m
x1 (p1 , p2 , m) = x2 (p1 , p2 , m) =
p1 + p2
Para os precos e a renda dados, temos que x1 = x2 = 60. A utilidade obtida e U = 60.
b) Se o governo instituir um imposto sobre o consumo do bem 1 de modo que o seu preco
aumente para p1 = R$ 2, quais serao as quantidades consumidas por Bernardo dos dois
bens? Qual a utilidade de Bernardo agora?
S: Para o novo preco do bem 1, temos que as funcoes de demanda descritas no item
anterior mostram que x
1 = x2 = 40. A utilidade obtida agora e U

= 40.

Jose Guilherme de Lara Resende 18 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

c) Suponha que o governo abandone a ideia do imposto sobre o consumo do bem 1 e decida
taxar a renda do consumidor por um valor que resulte no mesmo montante que obteria
com o imposto descrito no item anterior. Quais as novas quantidades consumidas dos
dois bens? Qual a utilidade de Bernardo agora?
S: Pelo item anterior, considerando o novo preco, serao vendidas 40 unidades do bem 1.
O governo arrecada entao R$ 40, ja que arrecada R$ 1 por unidade vendida. Instituindo
um imposto de renda neste valor, a nova renda do consumidor sera R$ 80. As demandas
dos dois bens serao portanto x1 = x2 = 40, as mesmas quantidades obtidas no item
anterior com o imposto sobre o consumo do bem 1. Evidentemente, a utilidade obtida
agora e a mesma do item anterior, U = 40.
d) Explique intuitivamente a razao do princpio Lump Sum neste exemplo nao resulta numa
utilidade maior para Bernardo no caso do imposto de renda do que no caso do imposto
sobre o consumo.
S: Como a utilidade e do tipo Leontief, em que nao ha possibilidade de substituicao
entre os bens e eles devem ser consumidos em proporcoes fixas, ao substituir o imposto
sobre o consumo pelo imposto sobre a renda, o consumidor continua tendo que consumir
as mesmas quantidades dos dois bens, ja que nao ha possibilidade de substituicao entre
eles. Isso implica que os dois tipos de impostos, neste caso, levam ao mesmo nvel de
bem-estar para o consumidor.

5.3 Suponha que a utilidade de Ana seja u(x1 , x2 ) = x1 x2 . Suponha que os precos do bem 1 e do
2 sejam p1 = R$ 2 e p2 = R$ 2 e que a renda de Ana seja R$ 600.

a) Quais sao as quantidades consumidas de cada bem por Ana? Qual a utilidade que ela
obtem?
S: Vimos que as funcoes de demanda para esta utilidade sao:
m m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
2p1 2p2
Para os precos e a renda dados, temos que x1 = x2 = 150. A utilidade obtida e
U = 1502 = 22.500.
b) Se o governo instituir um subsdio sobre o consumo do bem 1 de modo que o seu preco
diminua para p1 = R$ 1, quais serao as quantidades consumidas por Ana dos dois bens?
Qual a utilidade de Ana agora?
S: Para o novo preco do bem 1, temos que as funcoes de demanda descritas no item
anterior mostram que x
1 = 300 e x2 = 150. A utilidade obtida agora e U

= 300
150 = 45.000.
c) Suponha que o governo abandone a ideia do subsdio sobre o consumo do bem 1 e decida
repassar um montante fixo para Ana de modo que resulte no mesmo gasto para o governo
que o esquema de subsdio anterior gerava. Quais as novas quantidades consumidas dos
dois bens? Qual a utilidade de Ana agora?
S: Pelo item anterior, considerando o novo preco, serao consumidas 300 unidades do bem
1. O gasto do governo com o subsdio e R$ 300, ja que o governo paga R$ 1 por unidade
vendida do bem 1. Instituindo uma tranferencia de renda neste valor, a nova renda do
consumidor sera R$ 900. As demandas dos dois bens serao portanto x1 = x2 = 225. A
utilidade obtida agora e U = 225 225 = 50.625, maior do que a obtida com o programa
de subsdio.

Jose Guilherme de Lara Resende 19 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

d) Usando a intuicao economica, elabore um argumento a favor de programas de trans-


ferencia de renda como o Programa Bolsa Famlia sobre programas do tipo Vale Gas,
que subsidiava o preco do gas de cozinha para pessoas carentes. Faca o raciocnio in-
verso: discuta as vantagens, caso existam, de um programa de subsdios para o consumo
de certos bens sobre um programa de transferencia de renda.
S: Pelo que foi desenvolvido ao longo da solucao da questao, vemos que o programa de
transferencia de renda, com o mesmo valor gasto do que no programa de subsdio do
consumo do bem 1, aumenta o bem-estar do consumidor mais do que o programa de
subsdio. Desvantagens do programa de transferencia de renda podem estar relacionados
a possveis efeitos de desestimular a oferta de trabalho dos recipientes da transferencia.
Alem disso, pode ser que existam externalidades positivas no consumo de certos bens,
onde ao subsidiar o consumo deste bens, o governo internaliza a externalidade e aumenta
o bem-estar geral da populacao. Por exemplo, alguns autores argumentam que progra-
mas de vacinacao e educacao possuem efeitos positivos que vao alem dos efeitos privados
recebidos pelos indivduos que participam destes programas, beneficiando a sociedade
em geral.
5.4 Suponha que a utilidade de Rafael seja u(x1 , x2 ) = x0,2 0,8
1 x2 , onde x1 e a quantidade de
alimentos que Rafael consome e x2 e a quantidade de todos os outros bens que Rafael consome
(um bem composto, portanto). Suponha que o preco do bem 2 e p2 = R$ 1 e que a renda de
Rafael e R$ 1000.
a) Se o preco do bem 1 e R$ 2, qual e o consumo de alimentos de Rafael?
S: Essa e uma utilidade Cobb-Douglas, cuja derivacao das demandas para o caso geral
esta nas notas de aula (veja problema 12 abaixo tambem). Para os valores dos parametros
da utilidade, temos que as funcoes de demanda sao:
m 4m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
5p1 5p2
Para os valores de renda e precos descritos, a demanda por alimentos de Rafael e x1 = 100
(e x2 = 800).
b) Se o preco do bem 1 duplicar, qual sera o novo consumo de alimentos de Rafael?
S: O novo consumo de x1 de Rafael sera 50 nesse caso. O consumo de x2 sera x2 = 800.
c) Suponha agora que o governo resolva subsidiar alimentos, mantendo o preco igual a R$ 2
ou seja, concendendo um subsdio de R$ 2 por unidade consumida de x1 . Se o governo
financia esse subsdio por meio da cobranca de um imposto sobre a renda, qual e o novo
nvel de consumo de x1 de Rafael?
S: Se a relacao de precos volta a ser a antiga, o equilbrio do consumidor volta a satisfazer
no otimo a relacao de taxa marginal de subsituticao entre os bens igual aos precos
relativos, x2 /4x1 = p1 /p2 = 2, ou seja, x2 = 8x1 . A nova restricao orcamentaria e:
2x1 + x2 = m ,
onde m = m 2x1 = 1000 2x1 . Sabendo que x2 = 8x1 no otimo, obtemos que o
seguinte sistema:
5 5
10x1 = m e m = m 2x1 m = m = 1000
6 6
Entao as novas demandas sao:
x
1 = 500/6 83,33 e x
2 = 2000/3 666,67

Jose Guilherme de Lara Resende 20 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

d) Construa um diagrama comparando as situacoes em b) e c) e mostre em qual situacao


o consumidor esta melhor.
S: O diagrama esta representado na figura abaixo. O ponto E e o equilbrio inicial.
Quando o preco do bem 1 aumenta, o equilbrio se desloca para o ponto E. Quando
o governo adota o subsdio, a restricao orcamentaria volta a ter a mesma inclinacao
de antes, porem ela se encontra a esquerda da restricao orcamentaria original, ja que
o governo taxa o indivduo para pagar o subsdio (logo, o novo ponto de otimo de
consumo no caso em que o governo adota o subsdio, E, se encontra na intersecao das
duas restricoes orcamentarias). Calculando a utilidade nos dois casos, temos que:

sem subsdio : u(x1 , x2 ) = 500,2 8000,8 = 459,48


0,2
com subsdio : u(x
1 , x2 ) = (500/6) (2000/3)0,8 = 439,84

Logo, o consumidor esta melhor na situacao sem o subsdio. Portanto, Rafael estaria
melhor se o governo nao interferisse no aumento de preco do bem 1.
x2
6
m
p2 Q
e Q
eQ
e QQ
e Q
e Q
e sE
Q Q
Q Q
Q e Q
Q E
Q
Q e Qs
Q e Q
Q e Q
es
Q Q
Q Q
E Q
eQ
Q
Q
eQ Q
Q
e QQ Q
e Q Q
e Q Q
Q-
m  m x1
p1 p1

e) Relacione a sua resposta para esta questao com o princpio Lump Sum.
S: Novamente, a transferencia de renda no valor do gasto com o subsdio aumenta a
utilidade mais do que o subsdio com o bem aumentaria. Isso o esperado, segundo o
princpio Lump Sum.

NA 6 ELASTICIDADES

6.1) Derive as agregacoes de Engel e Cournot para o caso de n bens. Reescreva essas agregacoes
em termos de elasticidades. Interprete (por exemplo, e possvel que todos os bens que um
indivduo consuma sejam bens inferiores? Por que? Se um indivduo consome n bens, no
maximo quantos bens podem ser inferiores? Justifique sua resposta).
S: Derivando a Lei de Walras para o caso de n bens, dada por :

p1 x1 (p, m) + p2 x2 (p, m) + + pn xn (p, m) = m ,

Jose Guilherme de Lara Resende 21 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

com relacao a renda, obtemos a agregacao de Engel :


x1 (p, m) x2 (p, m) xn (p, m)
p1 + p2 + + pn =1
m m m
Multiplicando o lado esquerdo da equacao acima por x1 m/x1 m e rearranjando os termos
obtemos:      
p1 x1 m x1 p2 x2 m x2 pn xn m xn
+ + + =1
m x1 m m x2 m m xn m
Logo, a agregacao de Engel escrita em termos de elasticidades e:

s1 1 + s2 2 + + sn n = 1 ,

onde si = pi xi /m e a fracao da renda gasta com o bem i e i e a elasticidade-renda do bem


i. Podemos concluir que:

(a) Todas as elasticidades-renda podem ser iguais a um. Nesse caso, um aumento da renda
leva a um aumento na mesma proporcao do consumo de todos os bens (se a renda
aumentou em 10%, o consumo de cada bem aumenta em 10%).
(b) Se i > 1 para algum bem i, entao deve existir algum bem j diferente do bem i tal
que j < 1: se a fracao da renda consumida do bem i aumentou mais do que propor-
cionalmente a renda, o consumo de algum outro bem j tera que aumentar menos do que
proporcionalmente a renda.
(c) No maximo n 1 bens podem ser inferiores (se todos os bens sao inferiores, entao a
elasticidade-renda i sera negativa para todo bem i = 1, 2, . . . , n. Como si 0 (si
e a fracao da renda gasta com o bem i), entao se todas as elasticidades-renda forem
negativas, a igualdade acima nao sera verificada).

Se derivarmos a Lei de Walras com respeito ao preco do bem i, obtemos a agregacao de


Cournot (com relacao ao preco do bem i):
n
X xj (p, m)
xi (p, m) + pj =0
j=1
pi

Multiplicando a expressao acima por pi /m, obtemos a agregacao de Cournot em termos de


elasticidades: n n
xi pi X pj xj pi xj X
+ =0 0 = si + s j M
ji
m j=1
m x j p i j=1

Rearranjando os termos da ultima equcao acima, obtemos:


n
X
si (1 + M
ii ) = s j M
ji (1)
j=1, j6=i

Se o bem i e elastico (inelastico), entao M


ii < 1, e o lado esquerdo de (1) e negativo (positivo).
O lado direito de (1) deve ser negativo (positivo) tambem, ou seja, a soma ponderada das
elasticidades-preco cruzadas dos outros bens com relacao ao bem i deve ser na media positiva
(negativa). Portanto, se a demanda do bem i e elastica (inelastica), entao os outros bens
devem ser, na media ponderada pela fracao gasta em cada bem, substitutos (complementares)
do bem i, independente de como esses bens afetem a funcao de utilidade.

Jose Guilherme de Lara Resende 22 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

Outra implicacao que pode ser tirada da equacao (1) e a reacao dos gastos nos outros bens
devido a uma mudanca no preco do bem i: essa reacao depende da elasticidade-preco de i.
Se a demanda do bem i e elastica, entao quando o preco do bem i diminui, o gasto com os
outros bens diminui tambem.
6.2) Suponha a existencia de n bens. Usando a propriedade de homogeneidade das funcoes de
demanda Marshalliana, mostre que as elasticidades-preco e renda de um dado bem i satisfazem
a seguinte igualdade:
X n
i + ij = 0, (2)
j=1

onde i e a elasticidade-renda do bem i e ij e a elasticidade-preco da demanda do bem i com


relacao ao preco do bem j. Interprete intuitivamente a relacao (2) acima.
S: A funcao de demanda Marshalliana e homogenea de grau zero nos precos e na renda. Logo,
para cada bem i = 1, . . . , n, temos:
xi (tp, ty) = xi (p, y), para todo t > 0.
Derivando essa expressao com respeito a t, obtemos:
n
X xi (tp, ty) xi (tp, ty)
pj + y = 0, (3)
j=1
pj y

para todo t > 0. Dividindo a igualdade acima por xi (tp, ty), fazendo t = 1 e reescrevendo
(3) em termos de elasticidades obtemos a expressao desejada:
n
X
ij + i = 0 , valida para todo i = 1, . . . , n .
j=1

6.3) Suponha que a elasticidade-renda da demanda per capita de cerveja e constante e igual a
3/4 e a elasticidade-preco e tambem constante e igual a 1/2. Os consumidores gastam,
em media, R$ 400,00 por ano com cerveja. A renda media anual destes consumidores e R$
6.000,00. Cada garrafa de cerveja custa R$ 3,00.
a) Se o governo pretende desestimular o consumo de cerveja pela metade, qual deve ser o
aumento no preco da cerveja que alcancaria esta meta?
S: Elasticidade-preco constante e igual a 1/2 significa que um aumento em 10% no preco
leva a uma reducao na quantidade demandada em 5%. Logo, um aumento no preco em
100% levaria a reducao almejada pelo governo de 50% na quantidade consumida de
cerveja. Cada garrafa de cerveja passaria entao a custar R$ 6,00.
b) Suponha que o governo estimou um aumento da renda media anual no proximo ano
de R$ 3.000,00. O governo deseja manter o nvel de consumo de cerveja constante no
proximo ano, usando um imposto sobre o preco da cerveja. Qual deve ser o aumento no
preco da cerveja no proximo ano para que o seu consumo nao se modifique, dado que a
previsao de aumento de renda se realize?
S: Como a elasticidade-renda da demanda cerveja e constante e igual a 3/4 e um aumento
na renda de R$ 3.000,00 sobre uma renda de R$ 6.000,00 corresponde a um aumento
de 50% na renda, o aumento no consumo de cerveja sera de 3/4 50% = 37,50%. Pelo
mesmo motivo explicado no item a) acima, o aumento no preco da cerveja necessario
para anular o efeito do aumento de renda e de 2 37,50% = 75%. Cada garrafa de
cerveja passaria entao a custar R$ 5,25.

Jose Guilherme de Lara Resende 23 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

NA 7 MINIMIZACAO DE DISPENDIO

7.1) A utilidade de Maria e u(x1 , x2 ) = ln(x1 ) + x2 .

a) Encontre as demandas Marshallianas de Maria. Derive as elasticidades-preco, preco-


cruzada e renda para os dois bens, para o caso de solucao interior.
S: O problema do consumidor pode ser escrito como:

max ln x1 + m/p2 (p1 /p2 )x1


x1 0

A CPO resulta em:


1 p1 p2

= xM
1 (p1 , p2 , m) =
x1 p2 p1

A demanda do outro bem e encontrada substituindo a demanda do bem 1 na reta


orcamentaria:

x2 = m/p2 (p1 /p2 )x1 = m/p2 1 xM


2 (p1 , p2 , m) = m/p2 1

Mais rigorosamente, note que se m < p2 , o consumidor nao consegue comprar a quan-
tidade p2 /p1 do bem 1 (pois p1 x1 = p2 > m). Logo, as demandas dos bens 1 e 2 sao
completamente definidas por:
 
M p2 /p1 se p2 m M m/p2 1 se p2 m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
m/p1 se p2 > m 0 se p2 > m

As elasticidades pedidas estao calculadas no item abaixo.


b) Classifique os bens em termos de cada uma dessas elasticidades, como visto em sala,
para o caso de solucao interior.
S: Vamos calcular as elasticidades dos dois bens para o caso em que a renda e grande
o suficiente, de modo de que as demandas sejam positivas. Nesse caso, para o bem x1
temos que:
1 = 1, 12 = 1, 1 = 0 .
Portanto o bem 1 tem elasticidade-preco unitaria, e um bem normal, cuja demanda nao
e afetada pela renda (1 = 0), e e substituto bruto do bem 2. Para o bem x2 temos que:
1 1
2 = , 21 = 0, 2 = .
1 p2 /m 1 p2 /m

Logo o bem 2 e um bem comum (pois estamos analisando o caso m p2 ), e um bem


normal de luxo, e nao e nem substituto bruto nem complementar bruto do bem 1.
c) Encontre as demandas Hicksianas dos dois bens. Compare a demanda Hicksiana com a
demanda Marshalliana do bem 1, quando as demandas sao positivas. Interprete.
S: O problema dual do consumidor pode ser escrito como:

min p1 x1 + p2 (u ln(x1 ))
x1 0

Jose Guilherme de Lara Resende 24 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

A CPO resulta em:


p2 p2
p1 = xh1 (p1 , p2 , u) =
x1 p1
A demanda hicksiana do outro bem e encontrada substituindo a demanda do bem 1 na
restricao do problema:  
h p2
x2 (p1 , p2 , u) = u ln
p1
Portanto, para o primeiro bem, no caso de as demandas serem positivas, a demanda
marshalliana e igual a demanda hicksiana.
Podemos definir elasticidades similares as que foram definidas na Nota de Aula 6, mas usando
as demandas hicksianas. Essas elasticidades sao denominadas compensadas. Podemos definir
um bem i como substituto lquido (complementar lquido) do bem j caso hij seja positivo
(negativo), onde hij denota a elasticidade preco-cruzada da demanda compensada do bem i
(com relaco ao preco do bem j).

d) Classique os bens 1 e 2 em termos de complementares ou substitutos lquidos. Neste


caso, ao contrario do que o item b) acima mostra, seria possvel ocorrer que o bem i seja
substituto lquido (complementar lquido) do bem j mas o bem j nao seja substituto
lquido (complementar lquido) do bem i? Explique.
S: Usando as demandas hicksianas derivadas no item anterior, temos que:
xh1 (p, u) p2
 
h 1 p2
12 = = =1>0
p2 xh1 (p, u) p1 p2 /p1
xh2 (p, u) p1
 
h 1 p2 p2
21 = h
= = >0
p1 x2 (p, u) p1 u ln(p2 /p1 ) up1 p1 ln(p1 /p2 )
Observe que precisamos mostrar que o denominador da elasticidade h21 sera de fato
positivo. Isso ocorre sempre que a solucao for interior (ou seja, se xh2 > 0, o que estamos
supondo). Temos entao que os dois bens sao substitutos lquidos um do outro. Para
essa classificacao dos bens em substitutos ou em complementares, em termos da demanda
hicksiana, nao pode ocorrer que um bem i seja substituto lquido (complementar lquido)
do bem j mas o bem j nao seja substituto lquido (complementar lquido) do bem i. Isso
se deve a propriedade de simetria das demandas hicksianas: como xhi /pj = xhj /pi ,
as elasticidade compensadas hij e hji terao sempre o mesmo sinal.

7.2) Encontre as demandas Hicksianas e a funcao dispendio para os seguintes casos:


a) Utilidade Cobb-Douglas: u(x1 , x2 ) = x1 x1
2 , 0 < < 1.
S: O Lagrangeano deste caso e:

L = p1 x1 + p2 x2 + (u x1 x21 )

As CPO resultam em:

(x1 ) : p1 = x1
1 x21
(x2 ) : p2 = (1 )x1 x
2
1
() : u = x1 x2

Dividindo as duas primeiras CPO, achamos uma expressao para x2 em funcao de x1 .


Substituindo essa expressao na terceira CPO, encontramos a demanda para o bem 1.

Jose Guilherme de Lara Resende 25 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

Substituindo a demanda do bem 1 para a expressao de x2 em funcao de x1 , encontramos


a demanda do bem 2. Essas demandas sao:
( 1 1 1

xh1 (p1 , p2 , u) = 1 p p u
h
 1 2
x2 (p1 , p2 , u) = 1 p1 p2 u

A funcao de dispendio e:

e(p1 , p2 , u) = p1 xh1 + p2 xh2 = (1 )1 p1 p1


2 u

b) Utilidade linear: u(x1 , x2 ) = ax1 + bx2 , a, b > 0.


S: Sabemos que neste caso nao podemos montar o Lagrangeano para resolver o problema,
pois a solucao sera (quase sempre) de canto. Podemos usar o metodo de Kuhn-Tucker,
mas vamos resolver o problema usando intuicao economica. O problema que queremos
resolver e:
min p1 x1 + p2 x2 s.a. ax1 + bx2 = u
x1 ,x2 0

Intuitivamente, o consumidor ira adquirir apenas o bem relativamente mais barato, na


quantidade que lhe assegure o nvel de utilidade u. Por isso, as demandas Hicksianas
sao:
 
h u, se p1 /a < p2 /b h 0, se p1 /a < p2 /b
x1 (p1 , p2 , u) = e x2 (p1 , p2 , u) =
0, se p1 /a > p2 /b u, se p1 /a > p2 /b

Para o caso p1 /a = p2 /b, qualquer cesta (x1 , x2 ) tal que ax1 + bx2 = u e solucao do
problema. A funcao dispendio e:
np p2 o np p o
h h 1 1 2
e(p1 , p2 , u) = p1 x1 + p2 x2 = min u, u = min , u.
a b a b
c) Utilidade Leontief: u(x1 , x2 ) = min{ax1 , bx2 }, a, b > 0.
S: Este e outro caso onde nao podemos usar o metodo de Lagrange, agora por que a
funcao de utilidade nao e diferenciavel. Vamos novamente resolver o problema usando
intuicao economica. O problema que queremos resolver e:

min p1 x1 + p2 x2 s.a min{ax1 , bx2 } = u


x1 ,x2 0

Intuitivamente, o consumidor tem que consumir ambos os bens em quantidades tais que
ax1 = bx2 , ja que os bens sao complementares perfeitos, de modo que alcance a utilidade
u. Por isso, as demandas Hicksianas sao:
u u
xh1 (p1 , p2 , u) = e xh2 (p1 , p2 , u) =
a b
A funcao dispendio e:
u u  p1 p2 
e(p1 , p2 , u) = p1 xh1 + p2 xh2 = p1 + p2 = + u.
a b a b
1
d) Utilidade CES: u(x1 , x2 ) = [ax1 + bx2 ] , a, b > 0, < 1, 6= 0.
S: O Lagrangeano deste caso e:
1
L = p1 x1 + p2 x2 + (u [ax1 + bx2 ] )

Jose Guilherme de Lara Resende 26 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

As CPO resultam em:


1
(x1 ) : p1 = [ax1 + bx2 ] 1 ax1
1
1
(x2 ) : p2 = [ax1 + bx2 ] 1 bx1
2
1
() : u = [ax1 + bx2 ]

Dividindo as duas primeiras CPO, achamos uma expressao para x2 em funcao de x1 ,


 1
 1
ap2
x2 = x1
bp1
Substituindo essa expressao na terceira CPO, encontramos a demanda Hicksiana para
o bem 1. Substituindo a demanda do bem 1 na expressao de x2 em funcao de x1 ,
encontramos a demanda Hicksiana do bem 2. Essas demandas sao:
1
" #
  1
ap 2
xh1 (p1 , p2 , u) = a + b u
bp1
1
1
" #
  1   1
ap 2 ap 2
xh2 (p1 , p2 , u) = a+b u
bp1 bp1

A funcao de dispendio e:
e(p1 , p2 , u) = p1 xh1 + p2 xh2 ,
onde devemos substituir as demandas pelos dois bens para obter a expressao final do
dispendio, como funcao dos precos e do nvel de utilidade.

7.3) Resolva os seguintes itens para cada uma das funcoes de utilidade elencadas no exerccio
anterior.

a) Verifique se as demandas Hicksianas sao homogeneas de grau 0 nos precos.


S: Vamos mostrar para o bem 1, para o outro bem e similar:

1
a.1) (Cobb-Douglas) xh1 (tp1 , tp2 , u) = 1 (tp1 )1 (tp2 )1 u = xh1 (p1 , p2 , u);
a.2) (Linear)

u/a, se (tp1 )/a < (tp2 )/b
xh1 (tp1 , tp2 , u) = qq coisa entre 0 e u/a, se (tp1 )/a = (tp2 )/b = xh1 (p1 , p2 , u)
0, se (tp1 )/a > (tp2 )/b

a.3) (Leontief) xh1 (tp1 , tp2 , u) = u/a = xh1 (p1 , p2 , u).


    1
h a(tp2 ) 1
a.4) (CES) x1 (tp1 , tp2 , u) = a + b b(tp1 ) u = xh1 (p1 , p2 , u)

b) Cheque a validade do lema de Shephard para o bem 1.


S: Temos que:
1
b.1) (Cobb-Douglas) e/p1 = (1 )1 p1 1 p21 u =
1
p1
1 p1
2 u =
xh1 (p1 , p2 , u);
b.2) (Linear) Neste caso, a funcao dispendio nao e diferenciavel;
b.3) (Leontief) e/p1 = u/a = xh1 (p1 , p2 , u);

Jose Guilherme de Lara Resende 27 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

b.4) (CES) e/p1 = xh1 (p1 , p2 , u). Neste caso, a conta e mais complicada.
c) Cheque se a propriedade de simetria e satisfeita.
d) Ilustre graficamente a funcao dispendio como funcao do preco do bem 1, todas as outras
variaveis constantes. Interprete economicamente o formato de cada grafico em termos
da possibilidade de substituicao do consumo dos dois bens.
S: Vamos denotar as funcoes dispendios apenas como funcao do preco do bem 1, a fim
de ilustrar graficamente o dispendio como funcao do preco deste bem.
c.1) (Cobb-Douglas) e(p1 ) = Kp1 , onde K = (1 )1 p1 2 u. O formato estrita-
mente concavo da funcao dispendio indica que o efeito substituicao entre os dois
bens nao e nulo. Se o preco do bem 1 aumentar, por exemplo, o consumidor sub-
stituira parte do consumo deste bem por consumo do outro bem, aumentando seu
gasto em uma proporcao menor do que se nao alterasse sua escolha de consumo com
a mudanca do preco.
c.2) (Linear) e(p1 ) = min {p1 /a, p2 /b} u. O formato da funcao dispendio indica uma
quebra. Se o preco do bem 1 se altera dentro da regiao de precos onde o bem
continua relativamente mais barato do que o bem 2 (p1 /a < p2 /b), entao o aumento
do dispendio e linear e nao ha nenhuma substituicao de consumo o indivduo
continua consumindo apenas o bem 1. Porem, se p1 /a for maior do que p2 /b, entao
aumentos subsequentes de precos deste bem nao afetarao a funcao dispendio, ja que
se p1 /a > p2 /b entao o consumidor esta consumindo apenas o bem 2.

Gasto Gasto
 p1
, pb2 u

6 6 e(p1 ) = min a
e(p1 ) = Kp1 
r

-
-
p1 p2 p1
b
item a item b

c.3) (Leontief) e(p1 ) = Ap1 +B, onde A = u/a e B = (p2 /b)u. O formato linear da funcao
dispendio indica que nao existe possibilidade de substituicao entre os dois bens
(efeito substituicao nulo). Se o preco do bem 1 aumentar, por exemplo, o dispendio
mnimo necessario para se alcancar determinado nvel de utilidade aumentara na
mesma proporcao.
c.4) (CES) Podemos escrever e(p1 ) = f (p1 ) e mostrar que f 0 (p1 ) > 0 e f 00 (p1 ) < 0. Logo,
a funcao dispendio e estritamente concava, indicando que o efeito substituicao entre
os dois bens nao e nulo (similar ao item a) acima).

Jose Guilherme de Lara Resende 28 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

Gasto Gasto
6 e(p1 ) = Ap1 + B 6
e(p1 ) = f (p1 )

- -
p1 p1
item c item d

NA 8 EQUACAO DE SLUTSKY

8.1) Suponha que os unicos bens que Renata consome sao guarana e pao e que as preferencias de
Renata sao estritamente convexas.

a) Entre janeiro e fevereiro, o preco do guarana sobe (e nada mais muda). Ilustre em um
mesmo grafico as escolhas otimas de Renata nos dois meses (denote por J a escolha otima
em Janeiro e por F a escolha otima em fevereiro), representando o consumo de pao no
eixo vertical e o consumo do guarana no eixo horizontal (mantenha essa convencao para
o resto do exerccio).
S: Como apenas o preco do guarana mudou, a reta orcamentaria se altera, e a escolha
do consumidor se altera, conforme mostra a figura abaixo.

Pao
6
m
p2 Q
SQ
S Q
S QQ
S Q
Q J
S
F
q Qq
S Q
S Q
Q
S Q
S  Q
 Q
S + Q
S Q
Q
S Q -
m m Guarana
p1 p1

b) Em marco, o preco do guarana volta ao mesmo nvel de janeiro, porem a renda de Renata
diminui em um montante tal que agora ela alcanca o mesmo bem-estar de fevereiro. Ilus-
tre a escolha otima de Renata em marco (denote essa escolha otima por M ) juntamente
com as outras duas escolhas otimas de Renata.
S: O ponto chave e que a diminuicao da renda de Renata em marco e tal que ela mantem
a mesma utilidade que obteve em fevereiro. Portanto, as escolhas otimas representadas
pelos pontos F e M estao sobre a mesma curva de indiferenca. A figura abaixo ilustra
essa situacao.

Jose Guilherme de Lara Resende 29 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

Pao
6
m
p2 Q
S Q
S Q
S QQ
S Q
S Q
Q qJ
Q S Q
Q F
Q Sq Q
QS Q
Q Q
SQ qM Q
Q
SQQ Q
S Q Q
Q
S QQ Q
S Q Q
Q Q
S QQ -
m m Guarana
p1 p1

c) Analise os seguintes itens, dizendo sob quais condicoes serao verdadeiros.


c.1) J esta a esquerda de F .
S: Ocorre se guarana e um bem de Giffen.
c.2) F esta a esquerda de M .
S: Sempre verdadeiro. Essa mudanca e um efeito substituicao, que sempre e negativo
(no caso de utilidade bem-comportadas; ou nao-positivo, no caso geral).
c.3) J esta a esquerda de M .
S: Ocorre se guarana e um bem inferior.
d) Justifique a afirmacao Todo o bem de Giffen e um bem inferior em termos do que voce
fez nesse exerccio, nao recorra a teoria vista em sala.
S: Pelas figuras e itens acima, se guarana e um bem de Giffen, entao o ponto J esta a
esquerda de F . Como o ponto F esta sempre a esquerda de M , entao quando guarana for
um bem de Giffen o ponto J necessariamente estara a esquerda de M , ou seja, guarana
e um bem inferior.

8.2) A utilidade de Carlos e u(x1 , x2 ) = min{x1 , x2 }. A renda de Carlos e R$ 20, e os precos dos
bens 1 e 2 sao R$ 1 e R$ 1. Suponha que o preco do bem 1 aumentou para R$ 2.

a) Encontre o efeito total desse aumento na demanda de Carlos pelo bem 1.


S: Aos precos antigos, a demanda de Carlos era xM M
1 = x2 = 10. Aos novos precos, a
demanda de Carlos se modifica para xM M
1 = x2 = 20/3. O efeito total do aumento do
preco do bem na demanda por esse bem e uma reducao do consumo do bem 1 igual a
10 20/3 3,33 unidades.
b) Decomponha o efeito total em efeito substituicao Hicksiano e efeito renda. Interprete
intuitivamente o seu resultado.
S: Na utilidade de Leontief, os bens sao complementares perfeitos nao existe possibil-
idade de substituicao entre os dois bens. Portanto, o efeito substituicao e zero e todo o
efeito e efeito renda. O grafico abaixo ilustra essa situacao.

Jose Guilherme de Lara Resende 30 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

x2
6
m A
@ A Preco do bem 1 aumentou
p2 A@ A Efeito Substituicao e nulo
A @ A
A @ A Efeito Total = Efeito Renda
A @ A
A @ A
A @A
A @A s E
A @
A
A A@
As A@
E A A @
A A @
A A @
A A @
AA @@ -
x1

c) Decomponha o efeito total em efeito substituicao de Slutsky e efeito renda. Interprete


intuitivamente o seu resultado.
S: Para o caso de um efeito de substituicao de Slutsky, a compensacao e de modo que
o consumidor possa comprar a mesma cesta que adquiria aos precos antigos, mas agora
aos precos novos. Portanto, o efeito substituicao de Slutsky vai tambem ser zero e o
efeito total e todo efeito renda.

8.3) Assuma que a utilidade de Maria e u(x1 , x2 ) = ln(x1 ) + x2 . Suponha que a renda de Maria e
R$40, e os precos dos bens 1 e 2 sao R$ 1 e R$ 1. Suponha que o preco do bem 1 aumentou
para R$ 2. Encontre o efeito total desse aumento na demanda de Maria pelo bem 1 e pelo bem
2. Decomponha esses dois efeitos em efeito substituicao Hicksiano e efeito renda. Interprete
intuitivamente o seu resultado.
S: Na solucao do Exerccio 2 da NA 6 obtivemos que:
 
M p2 /p1 se p2 m M m/p2 1 se p2 m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
m/p1 se p2 > m 0 se p2 > m

Substituindo os valores de p1 , p2 e m, encontramos xM M


1 (1, 1, 40) = 1 e x2 (1, 1, 40) = 39. Aos
M M
novos precos, as demandas dos dois bens sao x1 (2, 1, 40) = 0,5 e x2 (1, 1, 40) = 39,5. O efeito
total para o bem 1 desta mudanca de precos e:

x1 = x1 x1 = 0,5

Neste caso, o efeito renda para o bem 1 e nulo, todo o efeito da mudanca de precos e efeito
substituicao. Isso e intuitivamente esperado: a demanda do bem 1 nao depende da renda,
quando a renda e grande o suficiente. Logo, uma mudanca de precos altera a demanda do
bem 1 apenas pelo efeito substituicao, ja que nao existe efeito renda para este bem.

Jose Guilherme de Lara Resende 31 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

8.4) Suponha que a funcao utilidade indireta de um consumidor e:


" #2/3
1
v(p1 , p2 , m) = 50 1/2
m.
p1 p2

a) Encontre as funcoes de demanda Marshallianas dos dois bens e as fracoes da renda gastas
com cada bem.
S: Pela identidade de Roy, temos que:
1/2 1/2
v(p1 , p2 , m)/p1 50(2/3)(p1 p2 )2/31 m(1/2)p1 p2 m
xM
1 (p1 , p2 , m) = = 1/2
= ,
v(p1 , p2 , m)/m 50(p1 p2 )2/3 3p1
1/2 1/2
v(p1 , p2 , m)/p2 50(2/3)(p1 p2 )2/31 mp1 2m
xM
2 (p1 , p2 , m) = = 1/2
= .
v(p1 , p2 , m)/m 50(p1 p2 )2/3 3p2

As fracoes da renda gastas com cada bem sao:

p 1 xM
1 (p1 , p2 , m) 1 p 2 xM
2 (p1 , p2 , m) 2
s1 = = e s2 = =
m 3 m 3

b) Encontre a funcao dispendio desse consumidor. Use o lema de Shephard para encontrar
as demandas Hicksianas dos dois bens.
S: Usando a relacao de dualidade v(p1 , p2 , e(p1 , p2 , u)) = u obtemos:
" #2/3
1 1 1/3 2/3
v(p1 , p2 , e(p1 , p2 , u)) = 50 e(p1 , p2 , u) = u e(p1 , p2 , u) = p p u
1/2
p1 p2 50 1 2

Usando o Lema de Shephard, encontramos as demandas Hicksianas:


e 1 2/3 2/3 e 1 1/3 1/3
xh1 = = p1 p2 u e xh2 = = p1 p2 u
p1 150 p2 75

c) Usando os resultados de a) e b), verifique a equacao de Slutsky para o bem x1 .


S: Derivando a demanda Marshallina e a demanda Hicksiana para o bem 1, em relacao ao
seu preco, e derivando a demanda Marshalliana desse bem em relacao a renda, obtemos:

xM
1 m xh1 1 5/3 2/3 xM
1 1
= 2, = p p2 u , =
p1 3p1 p1 225 1 m 3p1

Entao:
" #2/3
xh1 (p1 , p2 , v(p1 , p2 , m)) M
 
M x1 1 5/3 2/3 1 m 1
x1 = p p2 50 1/2 m
p1 m 225 1 p 1 p2 3p1 3p1
2m m m xM
1 (p1 , p2 , m)
= 2
2
= 2
= ,
9p1 9p1 3p1 p1

ou seja, a equacao de Slutsky e valida, como esperado.

Jose Guilherme de Lara Resende 32 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

NA 9 BEM-ESTAR

9.1) Considere a funcao de utilidade dada por:

u(x1 , x2 ) = x21 x2 ,

onde x1 e x2 sao as quantidades consumidas dos bens 1 e 2, respectivamente.

a) Calcule as funcoes de demandas Marshallianas e a funcao de utilidade indireta.


S: Essa e uma utilidade do tipo Cobb-Douglas. Vimos que as demandas sao:
2m m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
3p1 3p2

A funcao de utilidade indireta e:


2 
m3
   
2m m 4
v(p1 , p2 , m) = u(x1 (p1 , p2 , m), x2 (p1 , p2 , m)) = =
3p1 3p2 27 p21 p2

b) Suponha que os precos dos bens 1 e 2 sao p1 = R$ 4 e p2 = R$ 2, respectivamente, e


que a renda do consumidor e R$ 90. Calcule a quantidade consumida de cada bem.
S: Usando as demandas derivadas no item acima, obtemos:
2 90 90
x1 = = 15 e x2 = = 15
34 32

c) Calcule as elasticidades preco e renda do bem 1. Se a renda aumentar em 10%, voce


pode dizer o que ocorre com o consumo do bem, sem ter conhecimento do valor original
da renda?
S: As elasticidades preco e renda da demanda do bem 1 sao:
p1 x1 p1 2 m m x1 m 21
11 = = 2m = 1 e 1 = = 2m =1
x1 p1 3 p1
3 p21 x1 m 3 p1
3 p1

Se a renda aumentar em 10%, entao o consumo do bem 1 aumentara em 10%.


d) Suponha que os precos dos bens e a renda sao como dados no item b). Calcule a variacao
no excedente do consumidor no caso em que o preco do bem 2 aumenta para R$ 4.
S: A variacao no EC e:
Z 2 Z 4  
1 90
EC = x2 (p1 , p2 , m) dp2 = dp2 = 30[ln(4) ln(2)] = 20,79
4 2 3 p2

O valor negativo indica que o aumento de preco diminui o bem-estar do consumidor. O


valor monetario dessa perda de bem-estar, medido pela variacao do EC, e R$ 20,79.

Jose Guilherme de Lara Resende 33 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

9.2) Suponha dois bens com precos positivos (p1 > 0 e p2 > 0). A renda do consumidor e denotada
por m > 0 e a sua utilidade e:
u(x1 , x2 ) = x1

a) Determine as demandas Marshallianas desse consumidor (justifique sua resposta).


S: O problema de maximizacao de utilidade e:

max x1 s.a p 1 x1 + p 2 x2 = m
x1 ,x2 0

Apenas o bem 1 traz utilidade a esse consumidor. Portanto, ele comprara apenas esse
bem. As demandas Marshallianas sao, portanto:
m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) = 0
p1

b) Determine as demandas Hicksianas desse consumidor (justifique sua resposta).


S: O problema de minimizacao de dispendio desse consumidor e:

min p1 x1 + p2 x2 s.a x1 = u
x1 ,x2 0

Novamente, como apenas o bem 1 traz utilidade, as demandas Hicksianas sao:

x1 (p1 , p2 , u) = u e x2 (p1 , p2 , u) = 0

c) Suponha que m e igual a R$ 10. Calcule a VC, a VE e a variacao no EC quando o preco


do bem 1 aumenta de R$ 1 para R$ 2. Compare essas medidas. Qual e a maior? Qual
e a menor? Com base apenas nessas comparacoes, o bem 1 deve ser normal ou inferior?
S: Para calcular a variacao no excedente do consumidor, usamos a demanda Marshal-
liana: Z p0 Z 2
M m
EC = x (p)dp = dp = 10 [ln(2) ln(1)] 6,9
p1 1 p

Podemos calcular a V C e a V E de dois modos, ou usando a diretamente a definicao ou


calculando a integral da demanda hicksiana apropriada. No segundo caso, basta observar
que antes do aumento do preco, o consumidor obtinha um nvel de utilidade u0 = 10 e
depois do aumento do preco ele obtem um nvel de utilidade u1 = 5. Portanto,
Z p0 Z 2
h 0
VC = x (p, u )dp = u0 dp = 10 [2 1] = 10
p1 1
Z p0 Z 2
VE = xh (p, u1 )dp = u1 dp = 5 [2 1] = 5.
p1 2

Logo, V E < EC < V C, o que indica um bem normal. Se usarmos diretamente as


definicoes de V C e V E, basta observamos que a utilidade indireta tem a forma abaixo:
m mVC 10 10 V C
V C : v(p0 , m0 ) = v(p1 , m0 V C) = = V C = 10
p0 p1 1 2
m+VE m 10 + V E 10
V E : v(p0 , m0 + V E) = v(p1 , m0 ) = = V E = 5
p0 p1 1 2

Jose Guilherme de Lara Resende 34 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

9.3) Considere a funcao de utilidade dada por:

u(x1 , x2 ) = ln(x1 ) + ln(x2 ),

onde x1 e x2 sao as quantidades consumidas dos bens 1 e 2, respectivamente.

a) Calcule as funcoes de demandas otimas e a funcao de utilidade indireta, usando o metodo


de Lagrange.
S: Essa utilidade e uma Cobb-Douglas com coeficientes iguais a 1 e log-linearizada. As
demandas sao:
m m
x1 (p1 , p2 , m) = e x2 (p1 , p2 , m) =
2p1 2p2
A funcao de utilidade indireta e:

m2
 
v(p1 , p2 , m) = ln
4p1 p2

b) Suponha que os precos dos bens 1 e 2 sao p1 = R$ 1 e p2 = R$ 1, respectivamente, e


que a renda do consumidor e R$ 1.000. Calcule a quantidade consumida de cada bem.
S: As quantidades consumidas sao:
1000
x1 (p1 = 1, p2 = 1, m = 1000) = = 500 , e
21
1000
x2 (p1 = 1, p2 = 1, m = 1000) = = 500
21

c) Suponha que o preco do bem 2 aumentou para R$ 2. Calcule o excedente do consumidor


e a variacao compensadora.
S: A variacao no EC e:
Z 1 Z 2
1000 1
EC = dp2 = 500 dp2 = 500 ln(2) 346,57
2 2p2 1 p2

Por definicao, a variacao compensadora V C e:

(m V C)2 m2
   
ln = ln V C = 1000 (1 2) = 414,21
412 411

d) Encontre a funcao dispendio e as demandas hicksianas.


S: Podemos encontrar a funcao dispendio usando a relacao v(p1 , p2 , e(p1 , p2 , u)) = u:

e(p1 , p2 , u)2
 

ln = u e(p1 , p2 , u) = 2 p1 p2 eu/2
4p1 p2

As demandas hicksianas podem ser encontradas usando o Lema de Shephard:


e
xh1 (p1 , p2 , u) = = p10,5 p20,5 eu/2
p1
e 0,5 u/2
xh2 (p1 , p2 , u) = = p0,5
1 p2 e
p2

Jose Guilherme de Lara Resende 35 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

9.4) Considere a mesma funcao de utilidade do exerccio anterior, e suponha que a renda do
indivduo e R$ 1.000, o preco do bem 1, p1 = 1 e o preco do bem 2, p2 = 1. Suponha tambem
que o preco do bem 2 aumentou para R$ 2.

a) Decomponha o efeito total da mudanca de preco do bem 2 em efeito substituicao e


efeito renda, usando a decomposicao de Slutsky (que mantem o poder de compra original
constante).
S: Vimos na questao 3 que a demanda do bem 2 e x2 (p1 , p2 , m) = m/2p2 e que o consumo
desse bem e de 500 unidades, quando o seu preco e R$ 1,00 e a renda do indivduo e R$
1.000,00. Para o novo preco do bem 2, o consumo cai para x2 (1, 2, 1000) = 1000/(22) =
250. Logo, o efeito total e uma queda de 250 unidades do consumo do bem 2. Se
mantivermos o poder de compra original, temos que a demanda de Slutsky e:
1 500 + 2 500 1500
xS2 (1, 2, (500, 500)) = = = 375 ,
22 4
Logo o efeito substituicao de Slutsky consiste numa queda de 125 unidades, e o efeito
renda, numa queda de 125 unidades.
b) Decomponha o efeito total da mudanca de preco do bem 2 em efeito substituicao e
efeito renda, usando a decomposicao de Hicks (que mantem o nvel de utilidade original
constante).
S: A utilidade original do consumidor e v(p1 = 1, p2 = 1, m = 1000) = ln(5002 ). No item
d) da questao 3, vimos que o demanda Hicksiana do bem 2 e xh2 (p1 , p2 , u) = p10,5 p0,5
2 eu/2 ,
que para esses valores e igual a:
2
xh2 (1, 2, ln(5002 )) = 11/2 20,5 eln(500 )/2 = 500/ 2 354

Logo o efeito substituicao de Hicks consiste numa queda de 146 unidades, e o efeito
renda, numa queda de 104 unidades.
c) Calcule o valor de uma compensacao de Slutsky. Mostre que essa compensacao, que
mantem o poder de compra original, aumentara o bem-estar do indivduo. Seria possvel
que a utilidade do indivduo fose menor do que a original com esse tipo de compensacao?
Justifique sua resposta.
S: O valor da compensacao de Slutsky e de R$ 500,00, pois esse valor permite que o
indivduo, aos novos precos p1 = R$ 1 e p2 = R$ 2, possa adquirir a cesta original,
x1 = 500 e x2 = 500. Com essa compensacao, o indivduo ira consumir x1 (1, 2, 1500) =
1500/2 = 750 e x2 (1, 2, 1500) = 1500/4 = 375. Sua utilidade agora e u1 = ln(750
375) = ln(281.250), maior do que a utilidade original u0 = ln(5002 ) = ln(250.000). Nao
e possvel que, com uma compensacao de Slutsky, a utilidade fique menor do que a
inicial, ja que com essa compensacao ele sempre podera comprar a cesta otima original.
Logo sua utilidade sera sempre igual ou maior do que a inicial (se a utilidade for bem-
comportada, podemos garantir que sera maior).
d) Calcule o valor de uma compensacao de Hicks. Mostre que essa compensacao mantem
o nvel de utilidade constante, e e menor do que a compensacao de Slutsky.
S: A compensacao de Hicks e o valor que mantem a utilidade constante apos a mudanca
de precos. Logo, ela e igual ao valor da variacao compensadora calculada na questao 28,
item c), R$ 414,21. Para verificarmos que ela mantem o nvel de utilidade constante,
primeiro observe que com esta compensacao, as demandas serao x1 (1, 2, 1414,21) =
1414,21/2 717 e x2 (1, 2, 1414,21) = 1414,21/4 = 354. Sua utilidade agora e u1 =

Jose Guilherme de Lara Resende 36 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

ln(717 354) = ln(253.218), pouco maior do que a utilidade inicial, u0 = ln(5002 ) =


ln(250.000), apenas devido a erro de aproximacao (se calcularmos com casas decimais
maiores, veremos que o valor se aproxima de u0 , como esperado).
e) Imagine que voce e chamado pelo ministro da economia para elaborar uma poltica de
compensacao na tarifa de energia eletrica para pessoas com um nvel de renda de ate
R$ 1.000 mensais. Discuta os pontos positivos e negativos de cada uma das compensacoes
vistas acima.
S: O ponto positivo da compensacao de Slutsky e a sua facilidade de calculo. O ponto
negativo e que ela, em geral, sera mais cara do que a compensacao de Hicks, que mantem
a utilidade do indivduo inalterada, o objetivo da poltica de compensacao. Porem, a
compensacao de Hicks e mais difcil de ser calculada.

9.5) A utilidade de Letcia e u(x, y) = min{x, y}. Letcia recebe R$ 200 de salario por mes. Os
precos dos dois bens que Letcia consome sao px = py = 1. O chefe de Letcia quer transfer-
la para outra cidade. Letcia gosta das duas cidades igualmente. Porem, na nova cidade, os
precos sao px = 1 e py = 2. Letcia diz que mudar para a outra cidade e tao ruim quanto
um corte no salario de A reais. Ela diz tambem que nao se importa de se mudar caso receba
um aumento de B reais. Calcule e compare A e B. Qual a relacao de A e B com a variacao
compensadora e a variacao equivalente?
S: Essa utilidade representa bens complementares perfeitos. Letcia ira sempre igualar os
argumentos da funcao de mnimo que representa sua utilidade, evitando desperdcios. Por-
tanto, x = y . Substituindo essa igualdade nas duas restricoes orcamentarias (cidade original
e cidade nova), obtemos:

x = y = 100, na cidade original


200
x = y = 66,67, na cidade nova
3
Ou seja, Letcia originalmente compra 100 unidades de cada bem. Na nova cidade, ela vai
comprar 66,67 unidades de cada bem. A utilidade dela diminui:

min{100, 100} = 100 > 66,67 = min{66,67 ; 66,67}

Observe que a mudanca e equivalente a um corte de R$ 200/3 R$ 66,67 no salario de Letcia


(valor de A = R$ 66,67). Esse valor e o negativo da variacao equivalente (a quantidade de
dinheiro que temos que dar ao indivduo antes da variacao de precos, para deixa-lo com o
mesmo bem-estar que tera depois dessa variacao nesse caso como a mudanca piora o bem-
estar de Letcia, o valor de VE e negativo temos que tirar dela R$ 66,67 para que ela
obtenha na cidade antiga o mesmo bem-estar que ela obtera na nova cidade). Se Letcia
receber um aumento de R$ 100, ela nao se importa de mudar (valor de B = R$ 100). Esse
valor e o negativo da variacao compensadora (a quantidade de dinheiro que temos que tirar
do indivduo depois da variacao de precos, para deixa-lo com o mesmo bem-estar que tinha
antes dessa variacao nesse caso como a mudanca piora o bem-estar de Letcia, o valor de
VC e negativo temos que dar a ela R$ 100 para que ela obtenha na nova cidade o mesmo
bem-estar que ela obtinha na cidade antiga). A variacao compensadora e menor do que a
variacao equivalente (100 < 66,67). Portanto, podemos concluir que o bem y, cujo preco
mudou, e um bem normal.

Jose Guilherme de Lara Resende 37 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

9.6) Considere novamente a utilidade Cobb-Douglas u(x1 , x2 ) = x1 x1


2 , 0 < < 1.

a) Calcule a demanda Hicksiana dos dois bens e a funcao de dispendio.


S: Ja vimos que as demandas Hicksianas para essa utilidade Cobb-Douglas sao:
 1  

h
x1 (p1 , p2 , u) = 1 1
p1 p2 u e h
x2 (p1 , p2 , u) = p1 p
2 u
1 1

A funcao de dispendio e:

e(p1 , p2 , u) = (1 )1 p1 p21 u

b) Verifique se o lema de Shepard e valido para o bem 1.


S: Temos que:
e
= (1 )1 p1
1 p21 u = 1 (1 )1 p1
1 p21 u
p1
 1

= p1
1 p1
2 u = xh1 (p1 , p2 , u)
1

c) Verifique se as duas relacoes entre demanda Marshalliana e demanda Hicksiana sao


validas.
S: Queremos mostrar que:

xM h
1 (p, m) = x1 (p, v(p, m)) e xh1 (p, u) = xM
1 (p, e(p, u))

Observe que:
 1

xh1 (p, v(p, m)) p1 p21 (1 )1 p 1

= 1 1 p2 m
1
m
= = xM1 (p1 , p2 , m)
p1
E tambem:
(1 )1 p1 p21 u
xM
1 (p, e(p, u)) = = 1 (1 )1 p1
1 p1
2 u
p1
 1

= p1 p21 u = xh1 (p1 , p2 , u)
1

d) Verifique se as duas relacoes entre a funcao de utilidade indireta e a funcao de dispendio


sao validas.
S: Queremos mostrar que:

e(p, v(p, m)) = m e v(p, e(p, u)) = u

Observe que:

e(p, v(p, m)) = (1 )1 p1 p1


2 (1 )1 p 1
1 p2 m=m
1 1 1 1
v(p, e(p, u)) = (1 ) p1 p2 (1 ) p1 p2 u = u

Jose Guilherme de Lara Resende 38 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

e) Verifique a equacao de Slutsky para o bem 2, dada uma mudanca no seu preco.
S: Derivando a demanda Marshallina e a demanda Hicksiana para o bem 2, em relacao
ao seu preco, e derivando a demanda Marshalliana em relacao a renda, obtemos:

xM xh2 xM

2 m 1 2 1
= (1 ) 2 , = p1 p2 u , = (1 )
p2 p1 p2 1 m p2

Entao:

xh2 (p, v(p, m)) xM

2 (p, m)
xM
2 (p, m) = p1 p21 (1 )1 p 1
1 p2 m
p2 m 1
m 1
(1 ) (1 )
p2 p2
m m
= (1 ) 2 (1 )2 2
p2 p2
m m
= (1 ) 2 ( (1 )) = (1 ) 2
p2 p2
xM
2 (p, m)
=
p2

Suponha que os precos sao p1 = 2 e p2 = 1, = 0, 5, e a renda do consumidor igual a R$20.

f) Calcule as quantidades otimas consumidas.


S: Usando as demandas Marshallianas, encontramos:
20 20
xM
1 (2, 1, 20) = =5 e xM
2 (2, 1, 20) = = 10 .
22 21

g) O preco de x2 aumentou para R$2. Calcule a variacao no excedente do consumidor, a


variacao compensadora e a variacao equivalente dessa mudanca de precos. Compare os
resultados obtidos.
S: Primeiro observe que as utilidades inicial e final desse consumidor sao:

u0 = v(2, 1, 20) = 10 2 e u1 = v(2, 2, 20) = 10

Entao temos que:


Z 1 Z 2
m 1
EC = (1 ) dp2 = 10 dp2 = 10(ln 2 ln 1) = 10 ln 2 = 6,93
2 p2 1 p2

Z 1

Z 2 1
VC = p1 p2 u0 dp2 = 10 2 2 dp2 = 20( 2 1) = 8,28
2 1 1 p2

Z 1
Z 2
1
VE = p1 p
2 u 1 dp 2 = 10 2 dp 2 = 10 2( 2 1) = 5,85
2 1 1 p2

Ou seja,
V C < EC < V E ,
o que deveramos esperar, ja que o bem 2 e normal.

Jose Guilherme de Lara Resende 39 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

9.7) Suponha que a funcao de utilidade de um consumidor e:


 
x1 x2
u(x1 , x2 ) = min ,

a) Ilustre graficamente as curvas de indiferenca deste consumidor. Determine o caminho
da expansao da renda.
S: O grafico abaixo ilustra as curvas de indiferenca e o caminho de expansao da renda,
determinado por x1 / = x2 /, ou seja, x2 = (/)x1 .

x2
6 Curvas de Indiferenca
n o
u(x1 , x2 ) = min x1 , x2



Caminho de Expansao da Reta: dado por x2 = x1

-
x1

b) Determine as demandas Hicksianas e a funcao dispendio.


S: Queremos resolver o seguinte problema:
 
x1 x2
min p1 x1 + p2 x2 s.a. min , = u
x1 ,x2 0
Para essa funcao de utilidade, na escolha otima de x1 e x2 , devemos ter que x1 = x2 .
Essas escolhas devem satisfazer a restricao do problema. Logo, as demandas Hicksianas
sao:
xh1 (p1 , p2 , u) = u e xh2 (p1 , p2 , u) = u
A funcao dispendio e, portanto:

e(p1 , p2 , u) = p1 xh1 + p2 xh2 = (p1 + p2 )u

c) Determine a funcao de utilidade indireta e as demandas Marshallianas.


S: Usando a relacao e(p1 , p2 , v(p1 , p2 , m)) = m entre funcao dispendio e funcao utilidade
indireta, obtemos:
m
(p1 + p2 )v(p1 , p2 , m) = m v(p1 , p2 , m) =
p1 + p2
Usando a identidade de Roy, xM
i = (v/pi )/(v/m), para i = 1, 2, encontramos as
demandas Marshallianas:
m m
xM
1 (p1 , p2 , m) = e xM
2 (p1 , p2 , m) =
p1 + p2 p1 + p2

Jose Guilherme de Lara Resende 40 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

Para os itens d) e e), suponha que = = 1, a renda do consumidor e R$ 800,00 e os precos


dos dois bens sao p1 = 2 e p2 = 2.

d) Suponha que o preco do bem 1 aumentou para p1 = 3. Usando a equacao de Slutsky,


decomponha esse aumento de preco em efeito substituicao e efeito renda. Qual os valores
destes efeitos?
S: Para esses valores, temos que as demandas dos dois bens sera xM M
1 = x2 = 200. Para o
novo preco do bem 1, as demandas otimas dos dois bens se reduzem para xM M
1 = x2 = 160.
Logo o efeito total sobre a demanda do bem 1 (igual para o bem 2) e de 40 unidades.
A equacao de Slutsky, dada por:

xM
i (p, m) xhi (p, u ) xM
i (p, m)
= xM
i (p, m) ,
pi pi | {z m }
| {z } | {z }
efeito total efeito substituicao efeito renda

divide o efeito total em efeito substituicao e efeito renda. Vamos analisar o caso do bem
1 e usar as demandas Hicksiana e Marshalliana obtidas para o bem 1 acima. Temos
entao que:

xM1 2 m
Efeito Total: =
p1 (p1 + p2 )2
xh1
Efeito Substituicao: =0
p1
xM
1 2 m
Efeito Total: xM1 = ,
m (p1 + p2 )2

ou seja, o efeito total, de 40 unidades, e composto apenas por efeito renda.


e) Calcule a variacao compensadora, a variacao equivalente e a variacao no excedente do
consumidor para a mudanca de preco descrita no item d). Qual a relacao entre estas
medidas? O que esta relacao diz sobre o bem 1?
S: Na situacao original, onde o preco do bem 1 e 2, a utilidade do indivduo e u0 = 200,
pois 200 unidades de cada bem sao consumidas. Na situacao final, onde o preco do bem
1 passa para 3, a utilidade do indivduo e u1 = 160, pois 160 unidades de cada bem
sao consumidas. Portanto, a variacao no excedente do consumidor (EC), a variacao
compensadora (V C) e a variacao equivalente (V E) sao:
Z p0 Z 3
M 800
EC : x (p) dp = dp = 800 (ln(5) ln(4)) 179
p1 2 p+2
Z p0 Z 3
h 0
VC : x (p, u ) dp = 200 dp = 200
p1 2
Z p0 Z 3
h 1
VE : x (p, u ) dp = 160 dp = 160
p1 2

Logo, obtemos V C < EC < V E, relacao esperada entre as medidas, ja que o bem 1 e
normal.

Jose Guilherme de Lara Resende 41 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

NA 10 PREFERENCIA REVELADA

10.1) Suponha que existam apenas 3 bens e que um certo indivduo escolhe as cestas xi = (xi1 , xi2 , xi3 )
aos precos pi = (pi1 , pi2 , pi3 ), i = 1, 2, 3 (logo, existem tres observacoes de consumo desse
indivduo), onde:

Observacao 1: p1 = (1, 1, 2), x1 = (5, 19, 9)


Observacao 2: p2 = (1, 1, 1), x2 = (12, 12, 12)
Observacao 3: p3 = (1, 2, 1), x3 = (27, 11, 1)

a) Mostre que essas observacoes satisfazem o Axioma Fraco da preferencia revelada.


b) Mostre que essas observacoes nao satisfazem o Axioma Forte da preferencia revelada.
S: (itens a) e b) juntamente) A tabela abaixo, com os custos de cada cesta para cada
situacao de preco, mostra que a cesta 1 foi revelada preferida a cesta 3 (x1 RD x3 ), a
cesta 2 foi revelada preferida a cesta 1 (x2 RD x1 ), e que a cesta 3 foi revelada preferida
a cesta 2 (x3 RD x2 ). Portanto nao ocorre violacao do AFrPR, ja que sempre que
temos que a cesta x e revelada diretamente preferida a cesta y, nao ocorre que a cesta
y seja revelada diretamente preferida a cesta x:
x1 RD x3 mas nao ocorre x3 RD x1 ;
x2 RD x1 mas nao ocorre x1 RD x2 ;
x3 RD x2 mas nao ocorre x2 RD x3 ;
Logo, as observacoes satisfazem o AFrPR. Porem as observacoes acima nao satisfazem o
AFoPR, ja que a preferencia revelada e intransitiva: x2 RD x1 , x1 RD x3 e x3 RD x2 .
Mais precisamente, segue de x2 RD x1 , x1 RD x3 que x2 RI x3 e como ocorre que
x3 RD x2 , isso caracteriza a violacao do AFoPR.

Cesta Obs 1 Cesta Obs 2 Cesta Obs 3


Precos Obs 1 42 48 40(*)
Precos Obs 2 33(*) 36 39
Precos Obs 3 52 48(*) 50

Jose Guilherme de Lara Resende 42 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

NA 11 RENDA ENDOGENA

11.1) Um consumidor tem uma funcao utilidade u(x1 , x2 ) = x0,5 0,5


1 x2 e uma dotacao inicial de e1 = 2
e e2 = 1.

a) Resolva o problema do consumidor e encontre as demandas brutas pelos bens.


S: O problema do consumidor e:

max x0,5
1 x2
0,5
s.a. p1 x1 + p2 x2 = p1 e1 + p2 e2
x1 ,x2

O Lagrangeano desse problema e:

L = x0,5 0,5
1 x2 + (p1 e1 + p2 e2 p1 x1 p2 x2 )

As CPOs resultam em:

(x1 ) : 0,5x10,5 x20,5 = p1


0,5
(x2 ) : 0,5x0,5
1 x2 = p2
() : p1 x1 + p2 x2 = p1 e1 + p2 e2

Resolvendo o sistema de CPOs para x1 e x2 encontramos:


p1 e 1 + p2 e 2 p1 e1 + p2 e2
x1 (p1 , p2 , p1 e1 + p2 e2 ) = e x2 (p1 , p2 , p1 e1 + p2 e2 ) =
2p1 2p2

b) Suponha que os precos dos dois bens sejam p1 = p2 = 1. Calcule a demanda otima nesse
caso. O consumidor e vendedor lquido de algum dos bens?
S: Observe primeiro que para esses precos, a renda do consumidor e p1 e1 + p2 e2 = 3.
Usando o item a), temos que:
3 3
x1 (1, 1, 3) = = 1,5 e x2 (1, 1, 3) = = 1,5 .
2 2
Logo, o consumidor e vendedor lquido do bem 1 e comprador lquido do bem 2.
c) Suponha que o preco do bem 1 diminui de 1 para p1 = 0,9. O que ocorre nesse caso com
o bem-estar do consumidor?
S: Quando o preco do bem 1 se altera, a renda do consumidor tambem se altera. Nesse
caso, a nova renda e p1 e1 + p2 e2 = 2,8. Portanto, as novas demandas sao:
2,8 2,8
x1 (0,9; 1; 2,8) = = 1,555 e x2 (0,9; 1; 2,8) = = 1,4 .
2 0,9 2
O consumidor era vendedor lquido do bem 1, cujo preco diminuiu e ele continuou a
ser vendedor lquido desse bem. Podemos garantir entao que o seu bem-estar diminui.
Vamos verificar essa afirmacao:

Bem-estar quando p1 = 1 : u(x1 , x2 ) = 1,50,5 1,50,5 = 1,5


Bem-estar quando p1 = 0, 9 : u(x1 , x2 ) = 1,5550,5 1,40,5 = 1,475 ,

ou seja, a utilidade quando p1 = 0,9 e menor do que a utilidade quando p1 = 1.

Jose Guilherme de Lara Resende 43 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

d) Suponha agora que o preco do bem 1 diminui de 1 para p1 = 0, 1. O que ocorre nesse
caso com o bem-estar do consumidor? Compare com o item anterior.
S: Novamente, a alteracao no preco do bem 1 altera a renda do consumidor tambem.
Nesse caso, a nova renda e p1 e1 + p2 e2 = 1,2. Portanto, as novas demandas sao:
1,2 1,2
x1 (0,1; 1; 1,2) = =6 e x2 (0,1; 1; 1,2) = = 0,6 .
2 0,1 2
O consumidor era vendedor lquido do bem 1, cujo preco diminuiu e ele passou a ser
comprador lquido do bem. Nesse caso, nao podemos garantir se o seu bem-estar diminui
ou aumenta a priori. Vamos calcular o que ocorre com o bem-estar do consumidor:

Bem-estar quando p1 = 1 : u(x1 , x2 ) = 1,50,5 1,50,5 = 1,5


Bem-estar quando p1 = 0, 1 : u(x1 , x2 ) = 60,5 0,60,5 = 1,89 ,

ou seja, a utilidade quando p1 = 0,1 e maior do que a utilidade quando p1 = 1. Nesse


caso, a diminuicao do preco do bem 1 foi tao grande que ele deixou de ser vendedor e
passou a ser comprador lquido do bem, obtendo um nvel de utilidade mais alto.
11.2) Responda os seguintes itens, considerando um modelo de renda endogena.
a) Suponha um consumidor vendedor lquido do bem 1. Suponha que o preco deste bem
diminuiu de modo que o consumidor decidiu se tornar comprador lquido do bem 1.
Ilustre graficamente os tres casos possveis:
a.1) bem-estar diminui,
a.2) bem estar aumenta,
a.3) bem estar se mantem o mesmo.
S: Ver graficos feitos em sala.
b) Se o consumidor descrito no item a), apos a diminuicao do preco do bem 1, continuou
sendo vendedor lquido do bem, o que ocorre com o seu bem-estar? Ilustre graficamente
a sua resposta.
S: Se o preco do bem que o indivduo vende caiu e ele continuou vendedor lquido desse
bem, podemos garantir que o seu bem-estar caiu. Ver grafico feito em aula.
c) Em aula, nas notas e neste exerccio, a analise feita assumiu a existencia de apenas dois
bens. As conclusoes dos itens a) e b) acima e as obtidas em sala para os casos 1, 2, 3 e
4 se alteram? Justifique sua resposta.
S: Nao. O que ocorre com n bens, e que ele pode ser comprador lquido de n 1 bens
e vendedor lquido apenas de um bem (por exemplo, lazer). Porem isso nao altera as
conlusoes qualitativas obtidas anteriormente.
11.3) Carlos pode trabalhar de 0 a 24 horas por dia, recebendo um salario de R$ 1 por hora. O
imposto sobre a renda superior a R$ 5 por dia e de 50% (ou seja, os primeiros R$ 5 nao sao
taxados). Carlos escolhe trabalhar 10 horas por dia. Alem de lazer, Carlos consome um outro
bem, com preco igual a R$ 1. Suponha que Carlos possua preferencias bem-comportadas (ou
seja, as curvas de indiferenca associadas a essas preferencias sao convexas com relacao a
origem) e que nao possua nenhuma outra fonte de renda alem da obtida com trabalho.
a) Ilustre graficamente a reta orcamentaria de Carlos e a sua escolha otima.
S: A reta orcamentaria e a escolha otima de Carlos, denotada por E, sao representadas
no grafico abaixo.

Jose Guilherme de Lara Resende 44 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

c
6 inclinacao: 0, 5

R$ 14,50 H
H
HH
HHsE
H
R$ 7,50 H
HH
H
HH
@ inclinacao: 1
@
@ 
@
@
@
@
@
@ -
14 19 24 l

b) O governo muda a forma do imposto: agora toda a renda esta sujeita a um imposto de
25%. Carlos trabalha mais ou menos ou a mesma quantidade de horas agora? O governo
coleta mais ou menos receita sobre o imposto de Carlos agora?
S: O ponto crucial para obtermos a nova reta orcamentaria de Carlos e para solucionar-
mos o item e observar que o novo imposto coleta o mesmo valor que antes (R$ 2,50), se
Carlos continuasse trabalhando 10 horas. Portanto, a nova reta orcamentaria passa pela
antiga escolha otima de Carlos, representada pela cesta E na figura abaixo. Como as
preferencias sao bem-comportadas, a nova cesta de equilbrio, representada pela cesta
E na figura abaixo, deve estar em uma curva de indiferenca mais alta do que a original.
Graficamente, obtemos que agora Carlos trabalha mais e consome mais, obtendo, como
resultado lquido em termos de seu bem-estar, um nvel maior de utilidade. Como Carlos
trabalha mais do que 10 horas, o novo imposto coleta mais de R$ 0,25, o valor coletado
com o imposto na situacao original.

c
6

c
c
HHc E
Hcsc
HH
s
c
H
HH
c
E c H
cHH
c HH
c
c @
c @
c @
c @
c
c@
c@
c@
c@
cc
@ -
19 24 l

c) Qual tipo de imposto Carlos prefere? Justifique sua resposta.


S: Carlos prefere o novo imposto, ja que ele alcanca uma curva de indiferenca mais alta
(ver grafico e discussao no item b) acima).

Jose Guilherme de Lara Resende 45 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

NA 12 ESCOLHA INTERTEMPORAL

12.1) Suponha que Paulo tem R$ 1000 hoje e espera receber R$ 1000 em um ano. Paulo nao tem
outra renda, e ele pode poupar ou pegar emprestado a uma taxa de juros de 25% ao ano.

a) Qual o maximo que Paulo pode gastar no ano que vem? Qual o maximo que Paulo pode
gastar hoje?
S: Hoje: R$ 1000+R$ 1000/1,25 = R$ 1800. Ano que vem: R$ 1000(1,25)+R$ 1000=R$ 2250.
b) Suponha que Paulo toma emprestado R$800 e consome R$1800 hoje. Quanto ele tera
para consumir no ano que vem?
S: 0 (se ele tomar R$ 800 emprestado hoje, dada a taxa de juros de 25% a.a., ele tera
que pagar R$ 1000 no ano que vem).
c) Desenhe a reta orcamentaria de Paulo, entre consumo hoje (eixo x) e consumo ano
que vem (eixo y). Qual e a inclinacao dessa reta? Qual a interpretacao economica
dessa inclinacao?
S: Vamos denotar por c1 o consumo hoje e por c2 o consumo amanha. A figura e:
c2
6

R$ 2.250 Reta Orcamentaria Intertemporal


@  (inclinacao: (1 + r) = 1,25)
@
@
@
@
@
@r
@
R$ 1.000
Restricao @
Orcamentaria @
Intertemporal
@
@
@
@
@
@ -
R$ 1.000 R$ 1.800 c1

d) Mostre como a reta orcamentaria se desloca para os dois casos abaixos:


i) Paulo acha R$ 400 em uma gaveta hoje.
ii) Paulo descobre que vai receber no ano que vem R$ 500 de uma heranca.
S: Nos dois casos a reta orcamentaria se desloca para fora, na mesma medida, pois R$ 400
hoje equivalem a R$ 500 no ano que vem.
e) Volte a supor que Paulo tem R$ 1000 hoje e tera R$ 1000 no ano que vem. Paulo escolhe
nao poupar nem tomar emprestado. Ilustre a tangencia do curva de indiferenca de Paulo
com a sua reta orcamentaria.
S: A figura e:

Jose Guilherme de Lara Resende 46 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

c2
6

R$ 2.250
@
@
@
@
@
@
R$ 1.000 @q
@
@
@
@
@
@
@ -
R$ 1.000 R$ 1.800 c1

f) Suponha que Paulo usa o seu dinheiro conforme o item e), quando a taxa de juros for
25%. Porem a taxa de juros aumentou hoje para 50%. Paulo altera o seu consumo hoje?
Ele esta melhor ou pior do que antes?
S: Nesse caso Paulo esta melhor. O aumento da taxa de juros faz com que Paulo passe a
poupar para consumir no segundo perodo, pois antes ele estava consumindo exatamente
as suas dotacoes de cada perodo.
g) Decomponha a mudanca no consumo de Paulo ocorrida no item f) em efeito substituicao
e efeito renda. Determine, se possvel, as direcoes do efeito substituicao e do efeito renda.
S: O efeito substituicao e sempre negativo: como a taxa de juros subiu, o consumo hoje
se tornou mais caro em relacao ao consumo amanha. O efeito renda pode ser negativo,
o que significa que o aumento da taxa de juros eleva a renda disponvel.
12.2) Suponha um modelo com dois perodos, onde o indivduo pode escolher o consumo hoje (c1 ),
o consumo amanha (c2 ), e a quantidade de lazer que consome (l). O indivduo pode trabalhar
no primeiro perodo, onde recebe um salario igual a w1 por unidade de tempo trabalhada. Ele
possui H unidades de tempo para dividir entre trabalho e lazer. O indivduo tambem pode
poupar no primeiro perodo (ou pegar emprestado) a uma taxa de juros igual a r. Finalmente,
o individuo nao tem nenhuma outra fonte de renda, a nao ser a gerada pelo o seu trabalho
(ele sotrabalha no primeiro perodo). A utilidade e dada por:

u(c1 , c2 , l) = u(c1 ) + u(c2 ) + v(l),

onde 0 < < 1 e o fator de desconto intertemporal.


a) Quais sao as restricoes orcamentarias para cada perodo?
S: As restricoes orcamentarias de cada perodo sao:

Perodo 1: c1 + s = (H l)w
Perodo 2: c2 = (1 + r)s

b) Qual e a restricao orcamentaria intertemporal?


S: A restricao orcamentaria intertemporal pode ser obtida substituindo s = c2 /(1 + r)
na restricao orcamentaria para o primeiro perodo, o que resulta em:
c2
c1 + = (H l)w
1+r

Jose Guilherme de Lara Resende 47 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

c) Derive as CPO do problema de maximizacao de utilidade desse indivduo.


S: O problema de maximizacao desse consumidor e:
c2
max u(c1 ) + u(c2 ) + v(l) s.a. c1 + = (H l)w
c1 ,c2 ,l 1+r

O Lagrangeano do problema e:
 
c2
L = u(c1 ) + u(c2 ) + v(l) + (H l)w c1 ,
1+r
onde e o multiplicador de Lagrange. As CPOs resultam em:

(c1 ) : u0 (c1 ) =
1
(c2 ) : u0 (c2 ) =
1+r
(l) : v 0 (l) = w
c2
() : c1 + = (H l)w
1+r
d) Suponha que o governo introduz um imposto sobre o consumo do primeiro perodo,
com alquota 1 , e um imposto sobre o consumo do segundo perodo, com alquota 2 .
Reescreva o problema do consumidor para esse caso e derive as CPO desse problema.
S: Nesse caso, o problema do consumidor se torna:
(1 + 2 )c2
max u(c1 ) + u(c2 ) + v(l) s.a. (1 + 1 )c1 + = (H l)w
c1 ,c2 ,l 1+r
O Lagrangeano e portanto:
 
(1 + 2 )c2
L = u(c1 ) + u(c2 ) + v(l) + (H l)w (1 + 1 )c1 ,
1+r
onde e o multiplicador de Lagrange. As CPO agora resultam em:

(c1 ) : u0 (c1 ) = (1 + 1 )
(1 + 2 )
(c2 ) : u0 (c2 ) =
1+r
(l) : v 0 (l) = w
(1 + 2 )c2
() : (1 + 1 )c1 + = (H l)w
1+r
e) Mostre que se as duas alquotas sao iguais, o imposto nao distorce a escolha intertemporal
de consumo, porem distorce a escolha entre consumo e lazer, desestimulando a oferta de
trabalho.
S: Dividindo as CPOs para c1 e c2 obtidas no item d) acima, obtemos:
u0 (c1 ) (1 + 1 )
0
= (1 + r)
u (c2 ) (1 + 2 )
Se 1 = 2 , entao temos que:
u0 (c1 )
= 1 + r,
u0 (c2 )

Jose Guilherme de Lara Resende 48 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

exatamente a mesma relacao de escolha intertemporal de consumo para o caso onde nao
existe imposto.
Dividindo as CPO para c1 e l em (d), obtemos:

u0 (c1 ) (1 + 1 )
0
= ,
v (l) w

diferente da relacao de escolha entre consumo e lazer hoje para o caso onde nao existe
imposto (u0 (c1 )/v 0 (l) = 1/w). Como (1 + 1 ) > 1, e u00 < 0, v 00 < 0, entao o nvel de
consumo hoje cai em relacao ao nvel de lazer.

NA 13 INCERTEZA

13.1) Considere as loterias g = (0,60 10000; 0,40 1000) e h = (0,50 10000; 0,50 2800). Se um
consumidor esta indiferente entre estas duas loterias, entao pode-se afirmar que ele e neutro
ao risco. Verdadeiro ou falso? Justifique.

S: Observe que:

Eg = 0,6 10.000 + 0,4 1.000 = 6.400 e Eh = 0,5 10.000 + 0,5 2.800 = 6.400

Como os valores esperados dessas duas loterias sao iguais, entao se ele e indiferente a elas, o
indivduo e neutro ao risco.

1. Responda os seguintes itens.

a) Suponha duas loterias g = (0,50 m1 ; 0,50 m2 ) e h = (0,50 w1 ; 0,50 w2 ), tais que


u(m1 ) = 25, u(m2 ) = 65, u(w1 ) = 35, u(w2 ) = 50 e v(m1 ) = 1, v(m2 ) = 9, v(w1 ) = 3,
v(w2 ) = 6. Verifique se u e v representam a mesma utilidade esperada.
S: Vamos primeiro calcular as utilidades esperadas das duas loterias, levando em conta
as funcoes u e v:

U Eu (g) = 0,5u(m1 ) + 0,5u(m2 ) = 45


U Eu (h) = 0,5u(w1 ) + 0,5u(w2 ) = 42,5
U Ev (g) = 0,5v(m1 ) + 0,5v(m2 ) = 5
U Ev (g) = 0,5v(w1 ) + 0,5v(w2 ) = 4,5

As funcoes U Eu e U Ev representam as mesmas escolhas se existirem a e b, b > 0, tais


que U Eu = a + b U Ev . Usando as duas loterias g e h acima, obtemos que:

U Eu (g) = a + bU Ev (g) 45 = a + 5b
U Eu (h) = a + bU Ev (h) 42,5 = a + 4,5b

Resolvendo o sistema, encontramos a = 20 e b = 5 > 0. Logo, estas duas funcoes, para


os valores dados, representam as mesmas escolhas.

Jose Guilherme de Lara Resende 49 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

b) Suponha que a funcao de utilidade da riqueza de um indivduo seja u(w) = log10 (w)
(logaritmo na base 10). O indivduo possui um carro no valor de R$ 100.000,00. Existe
uma probabilidade de 10% de ocorrer um acidente e o carro passar a valer R$ 10.000,00.
Calcule a utilidade esperada deste indivduo.
S: Existem dois estados da natureza relevantes neste caso: 1) carro e roubado e 2) carro
nao e roubado, com probabilidades de ocorrencia de 10% e 90%, respectivamente. A
utilidade esperada e:

U E = 0,10 log10 (10.000) + 0,90 log10 (100.000) = 0,4 + 4,5 = 4,9 .



c) Suponha que a funcao de utilidade da riqueza de um indivduo seja u(w) = w. Con-
sidere a loteria g = (0,10100; 0,6060, 0,300). Determine o valor esperado, a utilidade
esperada e o desvio-padrao da loteria g. Calcule o equivalente de certeza e o premio ao
risco da loteria g.
S: O valor esperado, denotado por Eg, e:
3
X
Eg = pi wi = 0,10 100 + 0,60 60 + 0,3 0 = 46
i=1

A variancia, denotada por g2 , e:


3
X
g2 = pi (wi Eg)2 = 0,10 (100 46)2 + 0,60 (60 46)2 + 0,3 (0 46)2 = 1.044
i=1
p
Logo, o desvio-padrao e g = g2 32,31.
A utilidade esperada da loteria g e:

U E(g) = 0,10 100 + 0,60 60 + 0,3 0 5,65

O equivalente de certeza da loteria g, denotado por ECg , e o valor tal que o indivduo
seja indiferente entre este valor dado com certeza e a loteria g. Logo:
p
ECg = U E(g) = 5,65 ECg 31,92 .

O premio ao risco de g, Denotado por Pg , e a diferenca entre o valor esperado da loteria


e o equivalente de certeza desta loteria: Pg = Eg ECg 46 31,92 = 14,08.

13.2) Considere um investidor com renda w e utilidade u(w) = w. Suponha que ele deseja investir
R$ 150,00 na compra de acoes de duas empresas, empresa A e empresa B. Os precos das acoes
das duas empresas sao iguais a R$ 15,00. O preco das acoes das duas empresas no perodo
seguinte depende dos estados da natureza, que podem ser dois: expansao ou contracao. A
tabela abaixo descreve os precos de ambas as acoes para os dois estados da natureza possveis,
alem das probabilidades destes estados.

Estado Prob. empresa A empresa B


expansao 50% 40 5
contracao 50% 5 40

Jose Guilherme de Lara Resende 50 Solucao Teoria do Consumidor


Microeconomia 1 Exerccios

a) Calcule o preco esperado destas acoes. Calcule o retorno esperado destas acoes.
S: Os precos esperados das acoes A e B, EpA e EpB , respectivamente, sao:

EpA = 0,5 40 + 0,5 5 = 22,5


EpB = 0,5 5 + 0,5 40 = 22,5

Os retornos esperados das acoes A e B, ErA e ErB , sao:


EpA pA 22,5 15 EpB pB 22,5 15
ErA = = = 0,5 e ErB = = = 0,5
pA 15 pB 15

b) Se o indivduo investir toda a sua renda na acao A, qual sera a sua utilidade esperada?
Qual sera a utilidade esperada se ele investir toda a renda na acao B?
S: Se o indivduo investir toda a renda na empresa A, ele compra 10 acoes. Se investir
toda renda na empresa B, ele compra tambem 10 acoes. As utilidades esperadas sao:

U E(A) = 0,5 400 + 0,5 50 13,54

U E(B) = 0,5 400 + 0,5 50 13,54

c) Qual a utilidade esperada se o indivduo investir metade da renda na acao A e metade


na acao B?
S: Neste caso, o indivduo gasta R$ 75 com cada acao e adquire 5 acoes de cada empresa.
Logo, a utilidade esperada e:

U E(opcao c) = 0,5 225 + 0,5 225 = 15 .

d) Comparando as tres possibilidades de investimento descritas nos itens b) e c), em qual


delas o investidor obtera maior utilidade?
S: O investidor obtera maior utilidade na opcao descrita no item c).
e) A opcao de investimento encontrada no item d) e a que maximiza a utilidade do investi-
dor?
S: Para resolvermos este item, devemos montar o problema do investidor. Denote por
xA e xB as quantidades de acoes da empresa A e da empresa B, respectivamente, que o
investidor adquire. O problema do investidor e:

max 0,5 40xA + 5xB + 0,5 5xA + 40xB s.a. 15xA + 15xB = 150
xA ,xB

Usando a restricao orcamentaria do problema, temos que 5xB = 50 5xA . Substituindo


esta expressao para xB na funcao objetivo, o problema do investidor pode ser escrito
como:
max 0,5 35xA + 50 + 0,5 400 35xA
xA

A CPO do problema acima e:


0,5 35 0,5 35
p =0
2 50 + 35xA 2 400 35xA

p

Resolvendo a CPO, encontramos xA = 5. Substituindo o valor otimo de xA na restricao


orcamentaria, encontramos xB = 5. Entao podemos afirmar que a estrategia de in-
vestimento descrita no item c) e a melhor estrategia de investimento possvel para o
indivduo.

Jose Guilherme de Lara Resende 51 Solucao Teoria do Consumidor

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