Companhias Majistaticas

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1. Introduo

Neste presente trabalho iremos falar sobre o surgimento das Companhias em Moambique
suas origens, os tipos de Companhias que existiram e abordaremos concretamente a
Companhia da Zambzia.

A legislao de 1890 deu origem formao de sociedades pe aces, as Companhias, o


estado portugus transferiu os encargos da administrao como forma de aliciar e minimizar
as despesas. Existiram, em Moambique, dois tipos de Companhias. Companhias
majestticas; Companhias arrendatrias.
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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


Estudar a Importncia do desenvolvimento das companhias.

1.1.2. Objectivos Especficos


Analisar a estrutura funcional das companhias;
Identificar os objectivos das companhias;
Descrever o impacto das companhias no desenvolvimento.

1.2. Metodologia
O trabalho foi realizado com base em pesquisa bibliogrfica para a familiarizao com o tema
e a sua sistematizao. Foi tambm usada uma pesquisa exploratria, com base em dados
secundrios complementados com a reviso bibliogrfica, uso de informaes e dados
documentais em artigos de revistas, alguns deles encontrados nos sites de internet.
O trabalho foi realizado recorrendo a abordagem qualitativa porque alguns dados no so
passveis de serem quantificados.
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2. Reviso da literatura

2.1. Contextualizao de conceitos

2.1.1. Companhias majestticas

So companhias privadas portadoras de carta de concesso de um governo que lhes conferia o


direito a certos privilgios comerciais. Nas colnias administradas por concesso, o pblico
no se exercia directamente por meio dos rgos do Estado soberano, mas confiado pelo
Estado a sociedades comerciais que o exercem sob fiscalizao do governo.

Essas companhias se desenvolveram na Europa no incio das grandes conquistas coloniais.


Geralmente criadas por um grupo de investidores privados, elas tinham um monoplio de
explorao e colonizao dos territrios coloniais em nome do governo concedente, e direito
aos lucros advindos dessas actividades. Os governos europeus formaram ou encorajaram a
criao dessas companhias nacionais para concorrer com as empresas de naes rivais.

Importantes companhias majestticas foram as companhias neerlandesas das ndias


Orientais e das ndias Ocidentais. A primeira controlou a colnia das ndias Orientais
Neerlandesas, actual Indonsia, e a maior parte do comrcio entre aquela regio e a Europa.
A segunda foi a principal rival da francesa Compagnie des les de l'Amrique e
dos britnicos, que disputavam o domnio da Amrica.

Como Portugal tinha sido obrigado a proscrever o comrcio de escravos em 1842 (apesar de
fechar os olhos ao comrcio clandestino) nas suas colnias e no tinha condies para
administrar todo o seu territrio ultramarino, deu a algumas companhias poderes para instituir
e cobrar impostos. Em Moambique, em finais do sculo XIX, Portugal concedeu grandes
fatias de terra a empresas privadas, como a Companhia de Moambique e a Companhia do
Niassa.

Nessa altura, foi introduzido o "imposto de palhota", ou seja, a obrigatoriedade de


cada famlia pagar um imposto em dinheiro; como a populao nativa no estava habituada s
trocas por dinheiro, para alm de trabalhar para a prpria sobrevivncia, era submetida
ao trabalho forado (chamado de "chibalo" em Moambique) na construo de estradas ou
na agricultura, nas plantaes de algodo ou tabaco, que eram produtos comercializados por
aquelas companhias.
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2.2. O surgimento das companhias

As tentativas de eliminar os Estados Militares ocorriam esforos visando extinguir os prazos


e impor o controlo portugus.

No centro do pas, Quelimane era a nica regio onde Portugal exercia alguma autoridade,
tentando impor a sua administrao directa e a cobrana do Mossoco. Em 1832, na tentativa
de tornar mais efectivo o seu domnio, Portugal deu inicio s tentativas de extinguir o sistema
de prazos. Neste ano, este sistema foi interdito por um decreto, cujo contedo di reafirmado
numa portaria rgia e num novo decreto publicado em 1838.

Em 1854, novo decreto aparece a extinguir os prazos, mandando reverter para o estado as
terras, ficando os habitantes dessas terras apenas sujeitos s leis do Estado Colonial. Todas as
anteriores obrigaes sobre os camponeses seriam substitudas pelo Imposto de Palhota, pago
ao Estado Colonial anualmente, no mesmo ano; Portugal emancipou os escravos criando a
categoria de libertos. Em 1875 foi publicado o cdigo do trabalho indgena, que veio
substituir a categoria de libertos pela de serviais e que, tinha como principio que os africanos
devem "civilizados".

O Estado Colonial, iniciou em 1875 os recenseamentos destinados facilitar a administrao


directa de alguns Prazos, em especial a cobrana do Mussoco.

2.3.Tipos de companhias

A legislao de 1890 deu origem formao de sociedades pe aces, as Companhias. A


estas, o estado portugus transferiu os encargos da admini9straao como forma de aliciar e
minimizar as despesas. Existiram, em Moambique, dois tipos de Companhias:

2.3.1. Companhias majestticas

So companhias que gozavam de amplos poderes nos territrios arrendados. Funcionavam


como autnticos Estados, realizando vrias tarefas da competncia de um estado, tais como a
cobrana de impostos, o recrutamento de mo-de-obra, valer pela defesa e segurana no
territrio, para alm de desenvolver actividades econmicas.
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2.3.2. Companhias arrendatrias

So companhias que tenham um campo de aco mais restrito, limitando a esfera


estreitamente econmica. Em Moambique, as companhias envolveram-se, mas a pedido das
autoridades colnias, em algumas actividades administrativas, nomeadamente a cobrana de
impostos.

2.4. Principais Companhias em Moambique


As principais Companhias constitudas em Moambique foram:
Companhia de Moambique (definitivamente constituda em 1891);
Companhia do Niassa (1891);
Companhia da Zambzia (1892);
Companhia do Borror (1898);
Socit du Madal (1904);
Empresa agrcola do Lugela (1906);
Sena Sugar Estats (1920);
A Companhia da Zambzia.
Companhia da Zambzia possuiu estatuto de semi-majesttica da colnia Portuguesa de
Moambique.

2.5. Companhia de Majestticas em Moambique


Compreendia uma rea de 134822 km2 limitada entre o rio Zambeze (norte e noroeste) e o
paralelo 22 (sul) e entre o ndico (este), e a Rodsia do Sul (oeste); compreendia portanto as
actuais provncias de Sofala e Manica. Durou quase 45 anos (1897-1942), quando o decreto
de Maio de 1897 fixou definitivamente o prazo da sua validade jurdica como Companhia
Soberana, indicando para o termo do contrato a ano de 1942.

So ditas como causas de sua implantao: a criao da British South Africa


Company (B.S.A.C.) na Rodsia do Sul, a qual sentia necessidade de manter uma companhia
com idnticas caractersticas (privilgios poltico-econmicos) na zona de influncia
portuguesa.

As aces para a sua formao comeam em 1878, por Paiva de Andrade com a Socit des
Fundateurs de la Compagnie Gnral du Zambeze (1888); falida esta, em 1893, cria a
Companhia de Ophir em 1884, que tambm viria a cair. Da que em 1888-1889 forma a
Primeira Companhia de Moambique.
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de salientar que a ocupao de Manica e Sofala pela Comp. Majesttica de Mo. marca, na
histria da regio, a transio do perodo mercantil para o perodo de dominao imperialista;
comea, desde ento, a produo capitalista no territrio, especialmente do capitalismo
colonial.

2.5.1. Direitos da Companhia


Explorao dos territrios e da populao que estavam sob seus domnios;
Colectar taxas e impostos de palhota e de capitao (mussoco);
Explorao de mo-de-obra para pases vizinhos;
Construir e explorar vias de comunicao (estradas, portos, pontes, caminhos-de-
ferro); conceder terras a terceiros;
Privilgios bancrios e fiscais (emitir moedas e selos).

2.5.2. Deveres
Pagar 10% dos dividendos distribudos em 7,5% dos lucros lquidos totais; tinha o dever de
manter a sua sede em Lisboa e dever de a manter-se Companhia. Portuguesa no estatuto
(formalmente a Companhia tinha de ser portuguesa); entregar os territrios ocupados aps
expirado o contrato.

2.5.3. Poltica concessionria


Ela baseava-se no direito de posse sobre a terra conferido por uma Carta Concessionria,
fazendo assim o arrendamento de terra para as reas da:

Agricultura - concesso do Prazo Gorongoza Comp. de Gorongoza (1895), prazo de


Chupanga Comp. de Luabo, concesso de terrenos em Marromeu, Buzi e Moribane
Sociedade Aucareira da frica Oriental (1900). Isto originou a queda do campesinato
africano que se viu privado das suas terras mais frteis e favorveis prtica da agricultura;
Minerao - concede ttulos de explorao de pedras e metais preciosos e de minas em geral
em Macequece, Manica;
Construo - Esta, para tal, instalou a Delegao do Servio dos Negcios Indgenas para
recrutar a mo-de-obra.

2.6. Companhia do Niassa


A 2 Comp. Majesttica (com privilgios de ocupao, administrao e explorao da rea
ocupada), explorando 25% do territrio moambicano (todo o extremo norte) desde 1991.
Compreendia a rea Entre-Os-Rios Rovuma (norte) e Lrio (sul), o Oceano ndico (este) e
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Lago Niassa (oeste). Portanto, a Companhia do Niassa ocupava vrias reas deixadas pelo
Estado portugus; todavia, sem capitais para investir e gerir toda essa extenso de terras, a
companhia comeou com uma mquina assente nas baionetas, sipaios e administradores. A
resistncia maconde foi uma das ltimas da Companhia e de Moambique.

E com domnio dos macondes Portugal, em sinal de reconhecimento e agredecimento' aos


proprietrios da companhia, concede-lhes privilgios magestticos, por 35 anos; a companhia
s se instala em Outubro de 1894. Ela obrigava os camponeses a cultivar milho, arroz,
mexoeira, gergelim, feijo, mandioca, caf, goma copal, urzela e cera que levava para o sul
de Mo. e Zanzibar; e tambm obrigava os camponeses a entregar companhia marfim, pau-
preto e borracha que tivessem.

A Comp. foi comprada por capitais franceses e ingleses. No tinha muita capacidade
financeira, razo pela qual passava de um accionista para outro: 1897-1913 - Ibo Syndicate;
1899 - Ibo Investiment Trust; 1909-1913 - Niassa Consolidated onde o consrcio bancrio
alemo adquiriu a maioria das aces da Niassa Consolidated para apoiar o projecto alemo
de aquisio do Norte de Mo. (projecto no bem visto por Portugal); da que durante a I
Guerra Mundial os ingleses (a pedido de Portugal) confiscaram as aces alemes. Em 1929,
a Comp. do Niassa extinguiu-se a sua actividade.

2.6.1. Direitos
Cobrana de imposto de palhota;
Exportao de mo-de-obra para as minas da frica do (Sul at 1912);
Utilizao do trabalho forado para as machambas;
Monoplio das taxas aduaneiras de importao e exportao de produtos e comrcio
das armas.

2.7. Companhia da Zambzia


Fundada em Maio de 1892 e relquia de Paiva de Andrade, ocupava as reas de Chire,
fronteira com Niassalndia e a futura Rodsia do Norte, entre Zumbo e Luenha. Ela nasce da
fuso da Sociedade dos Fundadores da Companhia Geral da Zambzia (1880) com a Central
Africa And Zouthamberg Exploration Company.

Explorava parte dos territrios da Zambzia e Tete; foi uma dais extensas companhias.
Subjugou as companhias j existentes em Quelimane. Ela foi uma mquina de conquista de
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terras insubmissas do distrito de Tete e depois Quelimane, onde extraa o imposto de


capitao (mussoco) e os trabalhadores para os trabalhos agrcolas.

Nos seus primeiros 10-15 anos, a Comp. teve actividades repressivas e predatrias. Com o
progresso da pacificao, as terras altas de Quelimane e Angnia, depressa se revelaram
como reservatrios de mo-de-obra importada para a frica do Sul e depois para S. Tom.
Quelimane ia conhecer, pelo menos, 5 a 6 novas companhias que iriam desempenhar um
papel determinante no plano econmico (Compa. de Boror, Luabo, Compa. De Acar de
Mo., Maganja Sociedade do Madal, etc.). de salientar que a Compa. da Zambzia no
tinha privilgios pois era concessionria.
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3. Concluso
Moambique, segundo grande territrio colonial em importncia do espao continental
africano subsaariano de influncia portuguesa, apresenta, como Angola, um rico conjunto de
patrimnio arquitetnico e urbanstico, correspondendo a trs pocas precisas. Os vestgios
de origem portuguesa dos sculos XVI a XVIII concentram-se na costa a norte e centro do
territrio (Ilha, Ibo, Quelimane, com influncia islmica e ndica), e em algumas marcas da
penetrao ao longo do Rio Zambeze. No final do sculo XIX e princpio do seguinte, as
edificaes comearam a concentrar-se nos novos ncleos urbanos mais importantes das
reas central e meridional e a estender-se s zonas intercalares estruturadas pela construo
das primeiras linhas de caminho-de-ferro. A partir de 1875, e ao longo da primeira metade do
sculo XX, verificou-se igualmente a urbanizao e a edificao arquite- tnica de outras
cidades e a estruturao de regies do interior, como o vale do Rio Limpopo, Vila
Pery/Chimoio, Manica e Sofala, Vila Cabral/Lichinga, Niassa e Nampula, ao mesmo tempo
que se desenvolvia a rede ferroviria; mais tarde, nos anos de 1950-1960, criavam-se de raiz
os aeroportos que asseguravam o trfego areo e aperfeioava-se o crescente sistema
rodovirio.
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4. Referencias Bibliogrficas

MARQUES, A. H. de Oliveira Histria de Portugal. Vol II - Das revolues liberais aos


nossos dias. Lisboa: Palas editores, 1973.

Direito Pblico: a formao histrica do territrio brasileiro, por Andr Rubens Didone.
Revista Imes Direito, ano VII, n 12, jan.- dez. 2006, p. 196.

ACCIOLY, Hildebrando Tratado de direito internacional pblico. Primeira parte. Captulo


10 - "Restries aos Direitos Fundamentais dos Estados". Seo 2 - "Arrendamento de
territrio". 2 ed., Rio de Janeiro, 1999.

Direito Pblico Colonial Portugus, segundo as lies do Professor Doutor Marcelo


Caetano (coligidas por Mario Neves). Lisboa, 1934, p.11.
Site de internet : O portal de referencia em Moambique, http://www.stop.co.mz/
Marcofilia do Servio Postal Ambulante de Portugal e Ultramar, Guedes de Magalhes,
NAFCP, 1986.
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ndice
1. Introduo ......................................................................................................................... 2

1.1. Objectivos................................................................................................................... 3

1.1.1. Objectivo Geral .................................................................................................... 3

1.1.2. Objectivos Especficos ......................................................................................... 3

1.2. Metodologia................................................................................................................ 3

2. Reviso da literatura .......................................................................................................... 4

2.1. Contextualizao de conceitos .................................................................................... 4

2.1.1. Companhias majestticas ...................................................................................... 4

2.2. O surgimento das companhias ..................................................................................... 5

2.3.Tipos de companhias ................................................................................................... 5

2.3.1. Companhias majestticas ...................................................................................... 5

2.3.2. Companhias arrendatrias ..................................................................................... 6

2.4. Principais Companhias em Moambique ..................................................................... 6

2.5. Companhia de Majestticas em Moambique .............................................................. 6

2.5.1. Direitos da Companhia ......................................................................................... 7

2.5.2. Deveres ................................................................................................................ 7

2.5.3. Poltica concessionria ......................................................................................... 7

2.6. Companhia do Niassa ................................................................................................. 7

2.6.1. Direitos ................................................................................................................ 8

2.7. Companhia da Zambzia ............................................................................................. 8

3. Concluso ....................................................................................................................... 10

4. Referencias Bibliogrficas ............................................................................................... 11

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