3 Delineamento de Estudos Epidemiológicos e Não Epidemiológicos PDF
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Montes Claros, v. 15, n.2 - jul. 2013. (ISSN 2236-5257) UNIMONTES CIENTFICA
Designs of epidemiological studies and not epidemiological in health care: a literature review
Resumo: Estudos na rea da sade contribuem para a construo do conhecimento cientfico referente a
indivduos ou populaes, podendo orientar polticas de sade voltadas s suas necessidades. Sendo assim, a
escolha do delineamento ou desenho do estudo deve considerar os objetivos propostos pelos pesquisadores,
o rigor metodolgico almejado, a fora de evidncia desejada, os recursos financeiros disponveis e o
cronograma da pesquisa, se so feitos em nvel de comunidades ou de indivduos e se a anlise dos dados
descritiva ou comparativa, com objetivo de testar hipteses. Foi feita uma reviso da literatura, buscando
descrever os diferentes delineamentos empregados em estudos cientficos da rea da sade quanto as
vantagens e desvantagens, poder de inferncia e influncia no mbito cientfico. Foram includos estudos
no-epidemiolgicos e epidemiolgicos. Os no-epidemiolgicos considerados foram: pesquisa qualitativa,
pesquisa-ao, pesquisa documental, estudo de caso, estudo de srie de casos, experimento laboratorial,
reviso de literatura, reviso sistemtica da literatura e metanlise. Os epidemiolgicos foram: prevalncia,
incidncia, ecolgico, estudo de tendncia, caso-controle, coorte, hbrido, quase experimental e ensaios. A
partir disso, foram identificados os propsitos e poder de inferncia dos delineamentos no-epidemiolgicos
e epidemiolgicos, de acordo com o rigor metodolgico. Conclui-se que o delineamento do estudo a ser
conduzido depende do propsito ou objetivo da pesquisa e tem relao direta com o seu poder de inferncia.
1 Doutora em Sade Pblica pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Professora da Universidade Estadual
de Montes Claros - Unimontes.
2 Doutora em Odontologia pela UFMG. Professora da UFMG.
3 Doutorando em Cincias da Sade pela Unimontes. Professor da Unimontes.
4 Mestre em Cincias da Sade pela Unimontes. Professor da Unimontes.
5 Graduado(a) em Odontologia pela Unimontes.
REVISTA UNIMONTES CIENTFICA
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Montes Claros, v. 15, n. 2 - jul. 2013. (ISSN 2236-5257)
Abstract: Study in health contribute to the construction of scientific knowledge relating to individuals or
populations and may guide health policies targeting their needs. The choice of study designs or designs vary
according to the objectives proposed by the researchers, the desired methodological rigor, required strength
of evidence, the available financial resources and schedule of the research, if they are made at the level of
communities or individuals and the data analysis is descriptive or comparative, in order to test hypotheses.
It was made a review of the literature, trying to describe the different designs employed in scientific studies
of health as the advantages and disadvantages, power inference and influence in the scientific realm. Non-
epidemiological and epidemiological were included. Non-epidemiological included: qualitative research,
action research, desk research, case studies, case series study, laboratory experiments, literature review,
systematic review of the literature and meta-analysis. The epidemiological were: prevalence, incidence,
ecological study, trend analysis, case-control, cohort, hybrid, quasi experimental and trial. From this, the
purposes of inference and power of non-epidemiological and epidemiological designs were identified,
according to the methodological rigor. That the design of the study to be conducted depends on the purpose
or objective of the research and is directly related to its power of inference.
os grupos. Dois fatores esto associados e o efeito serem consequncia da amostragem, a chance do
de um deles confundido, sobreposto ou distorcido aparecimento deles no pode ser completamente
pelo efeito do outro7-9, ou seja, dois fatores so eliminada, sendo que ambos aumentam medida
confundidos quando alguns ou todos os efeitos de que o tamanho da amostra do estudo diminui.11
um fator so na verdade devido ao outro fator.6,7 Os estudos cientficos apresentam diferentes
Nos ensaios, esse tipo de vis reduzido pela potenciais de influenciar as prticas devido aos
randomizao, distribuindo os possveis efeitos de aspectos metodolgicos dos seus delineamentos.3
confuso pelas populaes igualitariamente.10 Tal Alm da identificao da ocorrncia de vieses na
vis tambm pode ser controlado no delineamento conduo dos estudos, algumas conceituaes
dos estudos e nas anlises estatsticas.7,8,9 bsicas devem ser consideradas em relao anlise
Sabe-se, ainda, que para que os resultados dos delineamentos dos estudos que podem ter uma
de um estudo possam representar a populao abordagem epidemiolgica ou no-epidemiolgica.
da qual a amostra foi retirada, faz-se necessrio A epidemiologia definida como o estudo
um plano amostral.6 O processo de amostragem, da distribuio e dos determinantes das doenas
cujos elementos da populao so selecionados ou condies relacionadas sade em populaes
aleatoriamente, e cada um possui uma probabilidade especficas. Mais recentemente, foi incorporada
conhecida e no nula de ser selecionado definio de epidemiologia, a aplicao desses
denominado de amostragem probabilstica. estudos para controlar problemas de sade.7,12
Para tanto, h necessidade de se estabelecer Os estudos epidemiolgicos tm como objeto de
previamente o erro amostral, o erro inferencial ou pesquisa a populao, sua sade e seus hbitos.7,12-13
do teste de hipteses e identificar a prevalncia do Estudos que no se enquadram nessa anlise, so
efeito/doena estudada, a distribuio mdia desse considerados no-epidemiolgicos.
efeito/doena estudada e o desvio padro dessa
distribuio ou a magnitude da associao a ser Delineamentos de estudos no-epidemiolgicos
investigada. A obteno de dados em uma amostra
menor do que a definida pelo clculo amostral pode Aexpresso pesquisa qualitativa compreende
impedir a deteco de diferenas entre os grupos um conjunto de tcnicas que visam a descrever
mesmo que elas existam. Num outro extremo, se e a decodificar os componentes de um sistema
so usados mais participantes do que os realmente complexo de significados. O seu uso apropriado
necessrios para comparar os tratamentos usados, est elucidando questes do comportamento,
o estudo pode no atender aos pr-requisitos sentimentos, sade e educao humana. O estudo
ticos. Assim, falsas concluses podem resultar qualitativo responde a questes muito particulares,
de problemas amostrais. No teste de hipteses, o por preocupar-se com um nvel de realidade que no
erro tipo 1 ou alfa ocorre quando conclui-se que pode ser quantificado, pois trabalha com o universo
h diferena entre os grupos, quando na verdade de significados, motivos, aspiraes, crenas,
no h. Um erro tipo 2 ou beta ocorre quando valores e atitudes.14 diferente das pesquisas
se conclui que no h diferena entre os grupos, quantitativas, pois nessas h o emprego da lgica
quando na verdade eles diferem. Tanto o erro tipo dedutiva, na maioria das vezes usa-se modelos
1 quanto o tipo 2 no so desejveis, mas, por tericos para conceitualizar situaes especficas e
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GUES, C. A. Q.; VELOSO, D. N. P.; CRUZ, J. M.; DIAS, L. C.; COSTA, D. C.
predizer o que acontecer com pessoas ou grupos, dos que detm o poder. No so, portanto, produes
e por qu. Na pesquisa qualitativa, nem todos os isentas, ingnuas; traduzem leituras e modos de
aspectos do delineamento podem ser controlados interpretao do vivido por um determinado grupo
pelo pesquisador e a coleta e anlise de dados so, de pessoas em um dado tempo e espao. 17
frequentemente, feitas ao mesmo tempo.15 A anlise documental favorece a observao
A pesquisa-ao pode ser definida como: do processo de maturao ou de evoluo de
um tipo de pesquisa de base emprica que indivduos, grupos, conceitos, conhecimentos,
concebida e realizada em estreita associao com comportamentos, mentalidades e prticas.19 Busca
uma ao ou com a resoluo de um problema identificar informaes factuais nos documentos
coletivo e no qual os pesquisadores e participantes, a partir de questes e hipteses de interesse.20 Os
representativos da situao ou do problema, esto documentos podem ser reexaminados com vistas
envolvidos de modo cooperativo ou participativo.16 a uma interpretao nova ou complementar. Este
A pesquisa-ao tem sido objeto de bastante tipo de pesquisa permite o estudo de pessoas a que
controvrsia. Em virtude de exigir o envolvimento no temos acesso fsico (distantes ou mortas). Os
ativo do pesquisador e a ao por parte das pessoas documentos so uma fonte no-reativa propicia
ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ao para estudos de longo perodo de tempo.21 Enfim, a
tende a ser vista em certos meios como desprovida da anlise de documentos a variante mais antiga para
objetividade. Vem sendo reconhecida como muito realizar pesquisa, especialmente no que diz respeito
til, sobretudo por pesquisadores identificados reviso de literatura. Alm de procedimentos
por ideologias reformistas e participativas.8 tradicionais de leitura e resumo de ideias, possvel
Embora seja incompatvel com a metodologia extrair e sumarizar resultados por meio de meta
de experimentao em um laboratrio e com os anlise.22 A utilizao de documentos como fonte
pressupostos do experimentalismo, a pesquisa-ao sistemtica de dados foi iniciada na primeira parte
no deixa de ser uma forma de experimentao em do sculo XIX.23 Desde ento, desenvolveram-se
situao real, na qual os pesquisadores intervm tcnicas quantitativas e qualitativas para lidar com
conscientemente.16 fontes secundrias e documentais.24 A pesquisa
No mbito da abordagem qualitativa, documental, nas perspectivas apresentadas, poderia
diversos mtodos so utilizados de forma a se ser includa em mais de uma classificao terica:
aproximar da realidade social, sendo o mtodo da estudo documental17, reviso de literatura, reviso
pesquisa documental aquele que busca compreend- sistemtica da literatura ou meta anlise22. Na
la de forma indireta por meio da anlise dos presente investigao, considera-se como estudo
inmeros tipos de documentos produzidos pelo documental aquele no qual, no necessariamente a
homem e, por isso, revelam o seu modo de ser, viver fonte consultada seja uma produo cientfica.17
e compreender um fato social.17 Os documentos so A histria de vida ou estudo de caso muito
utilizados como fontes de informaes, indicaes utilizada para o entendimento dos comportamentos
e esclarecimentos que trazem seu contedo para sociais4 e tambm tem sido utilizada por
elucidar questes e servir de prova para outras, de pesquisadores da rea da sade. Com esse estudo,
acordo com o interesse do pesquisador.18 Eles so pode-se ter uma viso global do problema e de
produto de uma sociedade, manifesta o jogo de fora possveis fatores que o influenciam ou so por ele
influenciados,25,26 no sendo possvel comprovar essas fontes podem ter sido selecionadas sem rigor
uma hiptese causal, porm, til na formulao metodolgico, levando a um vis de publicao. No
das hipteses. So includos de uma a nove casos entanto, as revises podem dar uma viso extensa
especficos, bem delimitados, contextualizados do atual estado da pesquisa, sendo um trabalho que
em tempo e lugar para que se possa realizar uma requer pouco tempo e baixo custo. O levantamento
busca precisa de informaes. O estudo de srie de bibliogrfico deve ser o mais abrangente possvel,
casos representa uma opo para testar produtos ou contemplando, inclusive, as diversas fontes de
procedimentos ou observar e descrever um maior informao disponveis eletronicamente, em
nmero de casos. Na opo de teste de produtos ou seus diversos formatos. Na discusso, devem-
procedimentos, pode no haver grupo interno para se comparar os estudos, identificar e agrupar
comparao de resultados, pois todos os indivduos discordncias e concordncias, entre vrios autores
podem ter sido submetidos mesma interveno. e de um mesmo autor com sua obra e evidenciar o
Em termos prticos, difere do estudo de caso no posicionamento dos textos analisados na literatura.
nmero das unidades em estudo, pois so includos A concluso relaciona e une novos conhecimentos
dez ou mais casos.27 produzidos e identifica as reas controversas, temas
O experimento laboratorial um ou subtemas que ainda carecem de investigaes.
delineamento voltado para testes de materiais ou Traa, dessa maneira, uma nova agenda da
de procedimentos tcnicos, simulando condies pesquisa.28
biolgicas em laboratrios. Apesar de necessrios Na reviso sistemtica da literatura,
para estabelecer parmetros bsicos de qualidade adota-se abordagem sistemtica, utilizando-se
que precedam a aplicao de materiais e tcnicas em de metodologia claramente definida, buscando
seres humanos, estudos in vitro ou em animais no minimizar concluses errneas. Inicia-se com a
estabelecem diretrizes, nem fornecem informaes definio precisa do problema, seguida da seleo
prioritrias para tomada de deciso clnica. Esses dos artigos de bancos de dados reconhecidos
estudos envolvem modelos experimentais como mediante critrios de incluso e excluso pr-
animais, cadveres ou cultura de clulas e tecidos,1,3 estabelecidos. Os artigos passam por um teste de
permitindo grandes leques de experimentaes. seleo inicial, composto por uma lista de perguntas
Determina-se um objetivo, selecionam-se variveis claras. Na reviso sistemtica, consegue-se reduzir
capazes de influenci-lo e definem-se formas de uma grande quantidade de informao para um
controle e de observao dos efeitos que a varivel tamanho manejvel combinando os resultados
produz no objeto.25 de vrios estudos semelhantes; alm disso, pode-
A reviso de literatura narrativa ou se determinar a consistncia dos resultados dos
tradicional dificilmente parte de uma questo estudos buscando responder o problema definido
especfica bem definida, no exigindo um protocolo pelo(s) autor(es). Ao combinar informao de
rgido; a busca das fontes no pr-determinada, estudos individuais, aumenta o tamanho da amostra,
nem especfica. A seleo das fontes primrias aumentando o poder de investigao e as chances
ou dos artigos arbitrria, provendo o autor de de elucidar efeitos de tratamentos. Essa ltima
informaes sujeitas a vieses de seleo, com grande situao particularmente til se a prevalncia
interferncia da percepo subjetiva. Alm disso, da condio for baixa ou seu efeito de interesse
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GUES, C. A. Q.; VELOSO, D. N. P.; CRUZ, J. M.; DIAS, L. C.; COSTA, D. C.
for pequeno. Essa reviso limita vieses e melhora promovida pelo investigador.13,27 Na pesquisa
a confiabilidade e a preciso da recomendao. experimental ou de interveno e na quase
Porm, por ser um estudo secundrio, depende da experimental, o pesquisador um agente ativo e
qualidade da fonte primria, podendo gerar ou no a no um observador passivo.13,25 De uma maneira
melhor evidncia cientfica. A conduo da reviso geral, os estudos epidemiolgicos observacionais
sistemtica usualmente mais barata e rpida do que podem ser classificados em descritivos e analticos/
a conduo de um novo estudo; permitindo reduzir comparativos.2 A pesquisa descritiva determina a
o atraso entre descobertas na pesquisa e a adoo de distribuio das doenas ou condies relacionadas
novas estratgias efetivas de tratamento.29 sade, segundo o tempo, o lugar e/ou as
A metanlise uma anlise estatstica caractersticas dos indivduos, sendo importantes
de uma coleo de anlises estatsticas de para o conhecimento da realidade e para a
estudos individuais.29 Para a sua realizao, h formulao de hipteses a serem testadas em estudos
necessidade de definio de um tema claro e analticos/comparativos.2-3,25 Os estudos analticos
focado e dos critrios de incluso para os estudos. investigam a existncia de associao entre duas ou
As demais exigncias para a construo desse mais variveis, por exemplo, uma exposio e uma
tipo de delineamento so semelhantes s da doena ou condio relacionada sade.2 Quando
reviso sistemtica, sendo, ainda, necessrias a se considera o tempo, os delineamentos podem ser
tabulao dos dados obtidos, a estimao dos classificados em transversais ou longitudinais.27 O
efeitos especficos do estudo, a investigao da estudo transversal, tambm chamado seccional
homogeneidade dos efeitos especficos do estudo e ou cross sectional, apresenta-se como uma
a determinao da possibilidade de combinao dos fotografia ou corte instantneo.1-2,13 J o estudo
efeitos em uma anlise conjunta, alm da reduo longitudinal (sequencial, follow up) reflete uma
da heterogeneidade entre estudos e conduo de sequncia de fatos e destina-se a estudar mudanas
uma anlise de sensibilidade.11 Por ser um estudo ao longo do tempo.1,3,13 Os estudos longitudinais
secundrio, seu poder de inferncia, tambm, podem ser prospectivos e/ou retrospectivos. Um
depende da qualidade dos estudos primrios estudo prospectivo aquele em que a exposio e
consultados. medies de covariao so feitas antes da doena
ocorrer. No estudo retrospectivo, um evento ou
Delineamentos de estudos epidemiolgicos fenmeno identificado no presente conectado a
fatores ou variveis do passado.4,13,30
Os estudos epidemiolgicos podem A prevalncia e a incidncia so duas
ser classificados conforme o seu delineamento medidas de ocorrncia das doenas ou eventos. A
em: observacionais ou experimentais/quase prevalncia medida pelo clculo da proporo
experimentais, descritivos ou analticos/ entre o nmero de pessoas acometidas ou doentes e
comparativos, transversais ou longitudinais e em as que esto saudveis e susceptveis a desenvolver
prospectivos ou retrospectivos. a doena. Portanto, estudos de prevalncia visam
A denominao estudo de observao conhecer a probabilidade de indivduos saudveis
ou observacional est reservada a situaes que desenvolverem ou no a doena ou situao clnica
ocorrem naturalmente. No h a interveno que objeto da pesquisa.1,7,27,30 Tais estudos so
levantamentos fotogrficos de uma populao, doena especfica, que ocorrem numa populao
incluindo doentes/eventos e no-doentes/no- que no a apresentava. Para obteno da incidncia,
eventos, constituindo-se uma amostra representativa necessrio o acompanhamento por um longo
selecionada de uma populao, a partir da qual perodo de tempo de uma coorte de indivduos
os indivduos so examinados, observados e/ou sem o evento de interesse. Na prtica, utiliza-
inquiridos sobre a sua doena, sobre caractersticas se a medida de incidncia como uma estimativa
e exposies, atuais ou anteriores, e sobre outras de risco.1,7,27,30 um estudo epidemiolgico,
variveis de interesse.7,27,30 So identificados observacional, descritivo, longitudinal, prospectivo
dois tipos: prevalncia pontual e prevalncia no ou retrospectivo, dependendo do que se pretende
perodo. A prevalncia no perodo refere-se estudar.
soma dos casos pr-existentes em um determinado No estudo ecolgico, tambm chamado de
momento (prevalncia pontual) com os casos novos agregado-observacional, compara-se a ocorrncia
ocorridos no perodo (incidncia).27 Resultados da doena/condio relacionada sade e a exposio
de vrios estudos de prevalncia pontuais podem de interesse entre agregados de indivduos para
ser apresentados em estudos de tendncia.7 Os verificar a possvel existncia de associao entre
estudos de prevalncia so classificados em estudos elas. Nesse estudo, no existem informaes sobre
transversais, epidemiolgicos, observacionais e a doena e exposio do indivduo, mas do grupo
descritivos.5,7 populacional como um todo.7,30 Com esse estudo,
No estudo de prevalncia analtico, a possvel avaliar grandes populaes a um custo
avaliao do comportamento de eventos de sade relativamente baixo, investigar questes de sade
nas populaes tanto pode ser feita a partir dos ambiental que podem ser difceis ou impossveis
casos prevalentes, como pode, a cada momento, de serem estudadas atravs de outras abordagens31
aferir o nmero de novos casos do evento. Devido s e examinar associaes entre exposio e doena/
caractersticas destas duas medidas de frequncias condio na coletividade.30,31 Permite o uso de
epidemiolgicas, essa prevalncia obtida tendo dados j existentes, alm de ser til na investigao
como base uma amostra transversal. Ao estarem de conglomerados suspeitos de doena em reas
essas duas medidas relacionadas matematicamente, geogrficas relativamente pequenas.31 A maior
alguns mtodos foram desenvolvidos para que a desvantagem a possibilidade do chamado erro
partir de uma delas se pudesse chegar outra. Nessa ecolgico ou falcia ecolgica que descrito
modalidade de estudo, a exposio e o desfecho como uma distoro na associao entre a exposio
so investigados simultaneamente, comparando-as e a doena, visto que so utilizados dados agregados,
entre doentes e no-doentes ou entre os dois grupos desconhecendo-se a situao de cada indivduo.
com desfechos distintos. Sua limitao se refere ao 7,30,31
Uma segunda desvantagem a limitao pelo
fato de que a exposio est restrita ao momento tamanho da base de dados primrios.31
em que o estudo foi realizado. 5,7 considerado A forma mais simples desse tipo de estudo
como um estudo transversal, epidemiolgico, o ecolgico descritivo, na qual uma nica srie
observacional e analtico/comparativo. de dados estatsticos utilizada para descrever
O estudo de incidncia considera os casos uma situao. Na outra categoria, os ecolgicos
ou desfechos novos dos casos existentes de uma analticos (ou de correlao), investiga-se a relao
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GUES, C. A. Q.; VELOSO, D. N. P.; CRUZ, J. M.; DIAS, L. C.; COSTA, D. C.
entre dois ou mais eventos, expressos sob a forma desse tipo de estudo epidemiolgico. Entre as
de estatsticas.27 Os estudos ecolgicos podem, vantagens, podemos mencionar ausncia de riscos
ainda, avaliar uma srie temporal de um ou mais para os participantes; possibilidade de investigao
agregados de forma descritiva ou comparativa simultnea de diferentes hipteses etiolgicas, e,
sendo denominados estudos de tendncia temporal. quando comparado a uma coorte, menor tempo
Os estudos ecolgicos so estudos epidemiolgicos, para o desenvolvimento do estudo, alm de menor
transversais ou longitudinais, observacionais, custo e maior eficincia para estudo de doenas
prospectivos ou retrospectivos e analtico/ raras.1-2,13 Por outro lado, esses estudos esto
comparativo ou descritivos. 7,30 sujeitos a dois principais tipos de vieses: de seleo
Um estudo epidemiolgico, feito por Doll, e de memria,1-2 que podem ser contornados no
Hill & cols., estudou a relao do hbito tabagista delineamento.2 A seleo dos controles adequados
e o cncer de pulmo, na dcada de 50. Com esse um grande desafio para estes estudos.7 Uma
estudo, ampliou-se o interesse de se expandir a soluo se faz presente no caso-controle pareado,
epidemiologia tambm s doenas crnicas.7 Este ou seja, quando o grupo controle e o grupo caso so
delineamento foi denominado caso-controle. Uma iguais em relao a um fator de confuso, podendo
das principais contribuies dos estudiosos do ser feito o pareamento em nvel de grupo, quando
mtodo foi o uso da razo das chances (odds ratio) a seleo dos grupos feita de tal forma que a
como estimativa de risco. Como impossvel proporo de controles com certa caracterstica
estimar o risco relativo diretamente no caso-controle idntica proporo de casos com a mesma
(pois o risco relativo necessita de conhecimento das caracterstica; ou em nvel individual, quando, a
taxas da doena e no das taxas de exposio), cada caso selecionado para o estudo, um controle
comum estimar o risco das chances (odds ratio), selecionado considerando sua similaridade ao caso
sendo definido como a chance dos casos terem sido para uma ou vrias variveis de interesse.7
expostos dividida pela chance dos controles terem Ao parear-se um estudo de caso-controle,
sido expostos.7,13 Nesse modelo, aps a distribuio induzir-se- um vis de seleo em direo
das pessoas como doentes ou portadoras de uma hiptese nula. Se os controles so selecionados
situao clnica e no-doentes ou no-portadoras da para parear com os casos em relao a um fator
situao clnica, verifica-se, retrospectivamente, se correlacionado com a exposio, ento a frequncia
houve exposio prvia a um fator entre os doentes e de exposio nos controles ser distorcida na
os no-doentes.1-2,13 As pessoas doentes ou portadoras direo da similaridade dos casos. Controles
so denominadas casos, e as no-doentes ou no- pareados so idnticos aos casos no que diz respeito
portadoras controle. Depois, determina-se qual ao fator de pareamento, portanto, se o fator de
a chance da exposio entre casos e controles. Se pareamento for perfeitamente correlacionado com
existir associao entre a exposio e a doena, a exposio, a distribuio da exposio pode ser
espera-se que a chance da exposio nos casos seja idntica nos dois grupos, criando um odds ratio
maior que a observada entre controles, alm da igual a 1.0. Se o fator de pareamento no estiver
variao esperada devido ao acaso,1-2 Esses estudos associado com a exposio, ento o pareamento
partem do efeito para a investigao da causa.7,30 no influenciar na distribuio da exposio
Nesse artifcio, residem as foras e as fraquezas nos controles, no havendo vis introduzido pelo
resultados conclusivos a respeito da eficcia dos fluoretao de gua para prevenir crie dentria
tratamentos.12 Trata-se de uma poderosa ferramenta ordinariamente administrada em reservas de gua,
para a avaliao de intervenes para a sade, ou seja, comunidades inteiras foram selecionadas
sejam elas medicamentosas ou no.7,40 O ensaio e expostas. Grupos de interveno podem ser
clnico um estudo epidemiolgico, experimental, exrcitos, salas de aula, ocupantes de veculos, ou
longitudinal5,7, analtico/comparativo e prospectivo. qualquer outro grupo cujos membros so expostos
O ensaio randomizado por cluster ou simultaneamente interveno. O que separa
interveno comunitria uma extenso de esses estudos de ensaios de campo comuns que
um ensaio de campo que envolve interveno a interveno mais facilmente aplicada a grupos
comunitria. A distino est se a interveno do que a indivduos.30 Classifica-se como estudo
implementada em nvel individual, uma vacina epidemiolgico, experimental, longitudinal,5,34
administrada em nvel individual; se uma analtico/comparativo e prospectivo.34
Os quadros 1 e 2 resumem os propsitos
Quadro 1 Propsitos e poder de inferncia dos estudos no-epidemiolgicos
Anlise estatstica de uma coleo de Por ser um estudo secundrio, seu poder
resultados de estudos individuais, objetivando de inferncia depende da qualidade dos
Metanlise
integrar os resultados. estudos primrios considerados e das anlises
Carter quantitativo. estatsticas conduzidas.