3 - o Espírito Nas Demonstrações Sobrenaturais - Stanley M. Horton

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O ESPRITO NAS DEMONSTRAES


SOBRENATURAIS
O ministrio do Esprito Santo na Igreja Primitiva foi realizado numa atmosfera de
grande expectativa. No somente esperavam, diariamente, a bno e a manifestao dos
dons espirituais, mas no se esqueciam, tampouco, que o Pentecoste era uma festa em que
se ofereciam as primcias. O Pentecoste no fazia parte da colheita final. Sendo assim,
antegozavam a futura volta de Cristo. De dentro da sua prpria experincia pentecostal
surgiu a senha: Maranata, "Nosso Senhor, vem!" Nem sequer o passar do tempo ofuscou a
esperana deles. Paulo, perto de sua partida, percebeu que no viveria at contemplar o dia
glorioso em que os mortos em Cristo ressuscitariam. Mas nem por isso diminui-se a sua
certeza de que Jesus viria (2 Timteo 1.12; 2.10,13; 4.7,8).
Essa esperana de ver Jesus novamente, tornou os cristos primitivos mais
conscientes do que nunca da necessidade de continuar a sua obra no poder do Esprito
Santo. Nessa dispensao, o Esprito Santo o nico que nos pode ministrar a vida, o poder
e a Pessoa de Jesus. Quer Ele seja chamado o Esprito de Deus, de Cristo, da paz, da
verdade, do poder, da graa ou da glria, sempre o mesmo Esprito Santo que torna Jesus
real e realiza a sua obra.
Mesmo assim, Ele se distingue de Jesus como outro Consolador ou Ajudador, e
como Aquele que testifica de Cristo mediante os seus ensinos (Joo 14.16,26; 16.13,14) e os
seus atos poderosos (Atos 2.43; Romanos 15.18,19). Ele tambm se distingue do Pai, e
enviado tanto pelo Pai como pelo Filho (Glatas 4.6; Joo 14.26; 15.26; 16.7). Ele tem sua
divindade demonstrada por tudo quanto faz, especialmente pelo fato de conhecer os
mistrios de Deus (1 Corntios 2.10,11), e roga por ns de acordo com a vontade de Deus
(Romanos 8.27).
Ele tambm ajuda no atendimento das oraes por meio da direo, tanto dos
indivduos como da Igreja,'segundo a vontade de Deus. Ele dirigiu Filipe a um eunuco
etope, e Pedro casa de Cornlio, e deu igreja em Antioquia ordens para enviar Paulo e
Barnab como missionrios. Todo cristo deve tudo ao Esprito Santo que rompeu todas as
barreiras e ajudou, pelo menos alguns, a vencer seus preconceitos embutidos e a avanar
para alcanar o mundo.

Uma Vida Totalmente Dedicada a Deus


Esse desejo de servir a Deus realmente brotou da dedicao ao prprio Criador. Em
todo o aspecto da vida crist, o Esprito nos aponta a Jesus e derrama o amor de Deus em
nossos coraes.(1) Devemos viver no Esprito e por Ele, se verdadeiramente estamos em
Cristo. Logo, nenhum aspecto da nossa vida se passa sem o seu toque. O que Ele fez em
favor dos crentes do sculo I, ao viverem, trabalharem, esperarem e sofrerem por Cristo,
deseja realizar em nosso favor. Quem sabe, pode haver uns aventais de trabalho e suadouros
que Ele deseja usar para ministrar a cura hoje! Mas Ele quer nos tornar um s no Esprito e
em Cristo, medida que nos unirmos em comunho com Ele.
O Esprito Santo est, na realidade, presente para nos guiar, quer recebamos
manifestaes especiais dos seus dons e revelaes, quer no. Algumas pessoas pensam que
no esto no Esprito, a no ser que recebam uma nova revelao, ou nova orientao, todos
os dias. Mas quando Paulo foi proibido pelo Esprito de pregar na sia, ou seja, em feso,
no recebeu outra orientao. Sua fidelidade levou-o a viajar muitos dias, atravs da Msia,
at a fronteira da Bitnia. Foi ento que recebeu outra orientao do Esprito Santo (Atos
16.6,7).
Boa parte da vida dos cristos primitivos era dedicada a realizar fielmente a obra do
Senhor e a cumprir os deveres cotidianos. Mesmo assim, essa existncia no era montona.
Os dons do Esprito e a presena de Cristo eram diariamente a poro deles tanto na obra
como na adorao. Era, tambm, uma vida de crescimento na graa e no fruto do Esprito
Santo.
O crescimento na graa e o desenvolvimento do fruto do Esprito nos foi
possibilitado, mediante Cristo que nos santificou pelo seu sangue (Hebreus 13.12). Essa
obra nos foi concedida pelo Esprito Santo, que nos santificou atravs da nossa separao do
mal e da nossa dedicao a Deus, quando Ele nos deu nova vida e nos colocou no corpo de
Cristo (1 Corntios 6.11), que apenas um dos aspectos da nossa santificao. Paulo pede
para que Deus nos santifique em tudo (completamente) (1 Tessalonicenses 5.23). H,
tambm, um aspecto contnuo de santificao em que devemos cooperar. Devemos nos
apresentar a Deus (Romanos 12.1,2), e, pelo Esprito, buscar aquela santidade (dedicao,
consagrao em relacionamentos certos com Deus e os homens) sem a qual ningum ver o
Senhor (Hebreus 12.14). Essa uma santidade como a dele, que o Esprito Santo nos ajuda a
obter (1 Pedro 1.15,16).
Isto importa em reconhecer e pr em prtica nossa identificao com Cristo em sua
morte e ressurreio. Diariamente, devemos nos considerar "como mortos para o pecado,
mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 6.11). Diariamente, devemos
entregar a Deus todas as faculdades do nosso ser, como "instrumentos de justia" (Romanos
6.13; 1 Pedro 1.5). Pelo Esprito, pois, mortificamos os impulsos da velha vida e ganhamos
vitrias, ao vivermos para Jesus (Romanos 8.1,2,14; Glatas 2.20; Filipenses 2.12,13).
Por um lado, somos transformados de um grau de glria para outro, ao
contemplarmos a Jesus, e ao servirmos a Ele (2 Corntios 3.18). Por outro lado, a mesma
dedicao a Deus pode nos causar sofrimentos, em prol de Cristo e do Evangelho. Paulo no
somente se considerava crucificado com Cristo, e vivendo uma nova vida em Cristo e por
Ele (Glatas 2.20), mas tambm estava disposto a "cumprir [quanto a sua parte] na sua carne
o resto das aflies de Cristo, pelo seu corpo, que a igreja" (Colossenses 1.24). Isto : ele
ainda no morrera por amor Igreja, mas at que isso acontecesse, estava disposto a sofrer,
a fim de estabelecer o Corpo e trazer cada vez mais salvos para dentro dele.
A totalidade da santificao a obra do Esprito Santo que mais recebe ateno no
Novo Testamento. Toma precedncia sobre o testemunhar, o evangelismo, a contribuio e
toda outra forma de servio cristo. Deus quer que sejamos algum, e no apenas que
faamos alguma coisa. Isso porque somente medida que nos tornamos semelhantes a
Jesus, que o que fazemos pode ser eficaz e dar glria a Ele. Nossa adorao tambm, ao
ser guiada e incentivada pelo Esprito, em todos os aspectos, nos encoraja exatamente nisso.

O Dom do Esprito
Devemos, no entanto, evitar a idia de que, em nossa vida crist, nosso objetivo
principal seja o nosso aperfeioamento. A verdade que conseguimos mais crescimento,
enquanto servimos. O santo (dedicado, consagrado) no o que passa todo o seu tempo no
estudo, na orao e nas devoes, por mais importante que isso seja. Os vasos no
tabernculo no podiam ser usados para outros fins, mas no foi a separao do uso comum
que os tornou santos. No eram santos at serem usados no servio de Deus. Logo, o santo
aquele que no somente separado do mal, mas tambm separado para Deus, santificado e
ungido para o uso do Mestre. Isto era simbolizado, no Antigo Testamento, pelo fato de que
o sangue era aplicado primeiro, e depois, o leo sobre o sangue. A purificao, portanto, era
seguida por uma uno simblica que representava a obra do Esprito na preparao para o
servio. De modo que ns tambm somos ungidos, assim como o foram os profetas, os reis,
e os sacerdotes da antigidade (2 Corntios 1.21; 1 Joo 2.20).(2)
Os meios e o poder para o servio provm atravs dos dons espirituais. Mas
necessrio fazer distino entre os dons e o dom do Esprito. O batismo com o Esprito
Santo era necessrio antes de os primeiros discpulos sarem de Jerusalm ou at mesmo
cumprirem a Grande Comisso. Precisavam de poder, e o prprio nome do Esprito Santo
tem ligao com fora.(3) Ele se manifesta como o Dom e o Poder. Ele mesmo as
primcias da grande colheita, e veio para iniciar a tarefa que trar alguns de cada raa,
lngua, povo e nao para estar junto do trono (Apocalipse 5.9). O mesmo batismo foi
experimentado por outros, em pelo menos quatro ocasies, registradas em Atos, conforme j
vimos, bem como por alguns, posteriormente, de conformidade com Tito 3.5.
No dia de Pentecoste o recebimento do dom do Esprito foi marcado pela evidncia
fsica (ou exterior, posto que no era totalmente fsica) do falar em outras lnguas (idiomas
diferentes), conforme o Esprito concedia que falassem. Baseado no fato em que as lnguas
so a evidncia oferecida, e especialmente no motivo em que as lnguas foram a evidncia
convincente na casa de Cornlio ("Porque os ouviam falar lnguas", Atos 10.46), h um
argumento a favor da considerao das lnguas como evidncia fsica (ou exterior) do
batismo com o Esprito Santo.(4)
Conforme muitos reconhecem, difcil comprovar, pelo livro de Atos, que o falar em
outras lnguas no a evidncia do batismo com o Esprito Santo.(5) A maioria dos que
desconsideram as lnguas como a evidncia do batismo apela para as Epstolas, procurando
provas teolgicas para seu ponto de vista.(6) Mas as Epstolas no esto to divorciadas
assim das experincias de Paulo e das pessoas para quem as escrevia. Consider-las
totalmente teolgicas, para contrastar com o livro de Atos, no se encaixa com os fatos.
Mesmo quando as Epstolas oferecem verdades proposicionais, tais como a justificao pela
f, relaciona-se com a experincia anterior de Abrao (Romanos 4). Conforme j vimos, boa
parte do que Paulo diz a respeito do Esprito Santo nas suas
Epstolas forma um paralelo com as experincias no livro de Atos.
O argumento contra as lnguas como evidncia baseia-se na pergunta: "Falam todos
diversas lnguas?" (1 Corntios 12.30). J vimos que esse um argumento muito fraco,
mormente porque o verbo est no presente contnuo: "Todos continuam falando em
lnguas?" que significa: todos tm um ministrio perante a igreja de falar em lnguas?
O valor das lnguas como um sinal, na edificao pessoal, nos ensina a corresponder
ao Esprito Santo, de modo singelo e com a f de uma criana. O prprio fato de que no
sabemos o que dizemos nos ajuda a corresponder ao Esprito, sem imiscuir nossas prprias
idias e vontades, porque falamos conforme o Esprito nos concede que pronunciemos.
Usualmente, no h algum registro em nosso crebro, quanto ao que devemos dizer. Pelo
contrrio, nossas mentes esto cheias de louvor, e simplesmente (mas de modo ativo)
entregamos nossos rgos vocais, nossa boca e lngua, ao Esprito Santo e falamos o que Ele
concede.(7) (Alguns dizem que o Senhor lhes deu poucas palavras, antes de serem
pronunciadas por eles. Quando obedeciam e falavam o que lhes vinha mente, o Esprito
Santo lhes concedia a capacidade e a liberdade de falar em lnguas).
No livro de Atos, tambm, as lnguas se manifestavam quando o dom do Esprito era
recebido. Pode haver, ou no, um intervalo de tempo entre o crer para a salvao e o receber
o Dom. A pessoa deve exercer a sua f e receber o Dom to logo se torne crente. Mas
nenhum intervalo indicado em Atos entre o receber o dom do Esprito e o receber a
evidncia do falar em lnguas. Donald Gee fala da experincia de seu batismo com o
Esprito Santo "pela f" e, posteriormente, depois de duas semanas, da nova plenitude em
sua alma, ao "comear a pronunciar palavras em uma nova lngua".(8) Muitos outros tm
testificado de uma experincia semelhante. Na minha prpria experincia, o Esprito Santo
tornou Jesus to real que no tive conscincia de estar falando em lnguas. (Embora outras
pessoas dissessem que eu falava). Na noite seguinte, simplesmente disse ao Senhor que se
havia liberdade no dom de lnguas, eu queria possu-la. Imediatamente, as lnguas se
derramaram em abundncia. Talvez seja essa uma questo de "o vento sopra onde quer".
Temos a certeza, no entanto, que quando falamos em lnguas recebemos o Dom, a respeito
do qual a Bblia fala. Sendo assim, ela nossa bssola, e devemos julgar pela mesma a
nossa experincia.
Isso no quer dizer que as lnguas devam ser procuradas. Nossa ateno deve fixar-se
no poderoso Batizador, no prprio Senhor Jesus Cristo. A f que faz cumprir a sua promessa
a chave para sermos batizados com o Esprito Santo. Posto que o Batismo para o servio,
a consagrao e dedicao a Deus, sempre so a atitude certa (Romanos 6.13; 12.1). Mas
no podemos programar a maneira de Ele chegar at ns. Toda ocasio mencionada no livro
de Atos era diferente uma da outra. s vezes, Ele veio a despeito do que fazemos, o mesmo
caso de "o vento sopra onde quer" (Joo 3.8). Ele pode vir mansamente, com o mnimo
sussurro. Pode vir como o som de um vento impetuoso. Estejamos dispostos a deix-lo vir
conforme Ele deseja.
Deve ser reconhecido, tambm, que falar em lnguas apenas a evidncia do batismo
com o Esprito Santo. Outras evidncias se seguiro, medida em que o Esprito transborda
para todos os aspectos da vida (Joo 7.37,39; Atos 4.8). Podemos esperar, tambm, que haja
profunda reverncia a Deus (Atos 2.43; Hebreus 12.28); uma dedicao e consagrao mais
intensa ao Senhor e sua Palavra (Atos 2.42); um amor sempre maior e mais ativo a Cristo,
Bblia, e aos perdidos (Marcos 16.20).
De fato, sempre deve ser levado em considerao que o batismo com o Esprito Santo
no uma experincia final. Assim como o prprio Pentecoste era apenas o incio da
colheita, e trouxe os homens para a comunho da adorao, do ensino e do servio, tambm
o batismo com o Esprito Santo apenas a porta de entrada para um relacionamento
crescente com o Esprito e com os outros
crentes. Leva a uma vida de servio em que os dons do Esprito fornecem poder e
sabedoria para a propagao do Evangelho e o crescimento da Igreja. Esse fato
evidenciado pela divulgao rpida do Evangelho em muitas reas do mundo atual. Novas
plenitudes e diretrizes para o servio devem ser esperadas, medida em que surgem novas
necessidades, e medida que Deus, na sua vontade soberana, leva a efeito o seu plano.

Dons Generosos do Esprito Santo


O ministrio do Esprito Santo e dos seus atos era a poro da Igreja Primitiva em
farta generosidade (conforme o grego indica em Glatas 3.5; Filipenses 1.19).(10) A
abundncia dos dons e a maneira de se encaixarem nas necessidades do Corpo demonstram
que a atuao de Deus : "No por fora, nem por violncia, mas pelo meu Esprito, diz o
Senhor" (Zacarias 4.6).(")
No h, porm, alguma ordem especial pela qual a Bblia relaciona os dons.
Romanos 12.6-8 comea com a profecia. 1 Corntios 12.8-10 inicia com a. palavra da
sabedoria. As outras trs relaes comeam com apstolos. Alguns classificam os dons de
acordo com a natureza deles, tais como: dons de revelao, de poder e de expresso vocal.
Outros distinguem entre dons itinerantes, tais como apstolos, mestres e evangelistas; e
dons locais, tais como pastores, governos e socorros. Ou dividem-nos segundo a sua funo:
proclamao, ensino, servio e administrao.(12) Todas essas divises so legtimas, mas
no h maneira de evitar a coincidncia que aparece em qualquer sistema de classificao.
Alguns distinguem entre dons pblicos e particulares, ou entre funcionais e oficiais.
Mas, usualmente, desconhecem que cada cristo tem seu prprio dom ou ofcio sua
disposio.(13)
Outros distinguem entre dons extraordinrios que so carismticos, totalmente
sobrenaturais, e que supem (erroneamente) estarem alm do controle do indivduo (tais
como a profecia, os milagres,
as curas e as lnguas) e os chamados de comuns, no-carismticos, que envolvem as
capacidades humanas (tais como mestres, o ministrio, o governar, o administrar, os
socorros, a contribuio e o demonstrar misericrdia). Alguns vo mais longe nessa distin-
o, e sugerem que os apstolos e profetas eram convenientes para estabelecer ou lanar os
alicerces da Igreja (Efsios 2.20), no so necessrios hoje.(14) Mas Efsios 4.7-11 deixa
claro que os apstolos, profetas, evangelistas e pastores-mestres eram todos necessrios no
reestabelecimento da Igreja. Paulo no fazia distino entre eles. Parece claro, tambm, que
cada um desses ministrios envolve dons sobrenaturais. (Alguns acham que os profetas em
Efsios 2.20 pertenciam ao Antigo Testamento. Mas Efsios 3.5 e 4.11 indicam
distintivamente os profetas do Novo Testamento).
A Bblia no distingue, tampouco, entre os dons que so "mais sobrenaturais" e
"menos sobrenaturais". Todos fazem parte da obra do Esprito Santo atravs da Igreja. A
declarao de Harold Horton de que todos os dons so "cem por cento milagrosos" com
"nenhum elemento do que natural"(15) levada a extremos por alguns. Ele mesmo diz,
posteriormente, que a expresso do dom "pode variar de acordo com o ofcio, ou at mesmo
com a personalidade da pessoa atravs de quem dado".(16)
Surge, aqui, um problema quando alguns dizem que dons tais como a profecia ou a
palavra da sabedoria so totalmente sobrenaturais e devem ser manifestados de um modo
independente e sobrenatural que indica essa natureza milagrosa deles. No acham que esses
dons tm algo a ver com o ensino ou a pregao. Paulo contrasta o que a sabedoria humana
ensina com o que o Esprito doutrina, e indica que o Esprito quem concede a sabedoria e
o conhecimento para o pregador ou ensinador. O comentrio de Donald Gee apropriado:
"Se nosso conceito do que sobrenatural nos impede de ver os dons espirituais nos
ministrios da pregao e do ensino, ento fica claro que necessrio corrigir nosso modo
de entender o significado de sobrenatural. Talvez, no caso de alguns, trata-se de confundir o
espetacular com o sobre natural". (17) Na realidade, os dons esto relacionados entre si, e
cada um deles envolve uma variedade de manifestaes, ou modos de expresso.

Trs Grupos de Dons


Para maior convenincia, os dons so classificados em trs grupos.
Primeiro: dons para o estabelecimento da igreja e para lev-la a uma maturidade em
que todos os membros podero receber seus prprios dons e contribuir para a edificao do
corpo local (Efsios 4.11-16). Trata-se dos apstolos, profetas, evangelistas e pastores-
mestres que so escolhidos pelo Senhor, levados cativos por Ele, e dados como dons
Igreja. Em cada ministrio, est envolvido algo mais do que uma manifestao ocasional do
dom do Esprito. Assim como os primeiros apstolos, esses so homens maduros e
treinados, que no foram enviados at obterem experincia com o grande Mestre (Jesus, e
depois o Esprito Santo que tambm Mestre, o Esprito da Verdade). O ministrio deles
no era limitado a uma s igreja local. Mais cedo ou mais tarde, mudavam-se, porque
tinham sido dados Igreja.
Segundo: dons de edificao da igreja, atravs dos membros locais. Essas so
manifestaes dos dons espirituais que so dados medida que so necessrios e conforme
o Esprito Santo deseja. Podem ser exercidos por qualquer membro da congregao. Mesmo
assim, em alguns casos, nas congregaes, um ministrio pode desenvolver-se no contexto
de algum dom, de modo que, nesse sentido, alguns possam ser chamados profetas,
intrpretes ou operadores de milagres (1 Corntios 12.29; 14.28). Mas isso no significa que
"possuem" o dom no sentido de residir neles. So dons do Esprito, sendo que cada um
entregue conforme Ele deseja. importante, tambm, que todos esses dons sejam
ministrados no contexto da igreja. H neles uma espontaneidade.(18) No devem, porm, ser
exercidos segundo os prprios sentimentos da pessoa, mas segundo a orientao da Palavra
(1 Corntios 14), e os ditames da cortesia e do amor. Esses dons no tornam, tampouco, a
pessoa independente da ajuda dos outros. Todas as Epstolas de Paulo demonstram o quanto
ele dependia do apoio e das oraes dos membros das igrejas.
Terceiro: dons para o servio e para alcanar os de fora. Estes incluem a
administrao, o governo, o ministrio, a contribuio, os socorros, a misericrdia e a
exortao. Outros tambm entram nesse grupo, por coincidirem parcialmente com os que j
foram mencionados. A profecia, a f, os milagres e as curas certamente contribuem para o
alcance missionrio.

Apstolos, Embaixadores de Cristo


Jesus o supremo Sumo Sacerdote e Apstolo (Hebreus 3.1; Joo 5.36; 20.21). A
palavra apstolo era usada, no entanto, para qualquer mensageiro nomeado e comissionado
a algum propsito. Epafrodito foi um mensageiro (apstolo) nomeado pela igreja em Filipos
e enviado a Paulo (Filipenses 2.25). Os companheiros de Paulo eram os mensageiros
(apstolos) enviados pelas igrejas e por elas comissionados (2 Corntios 8.23).
Os doze, apenas, eram apstolos especficos. Depois de uma noite em orao, Jesus
os escolheu do meio de um grupo de discpulos e os chamou apstolos (Lucas 6.13). Pedro
reconheceu que os doze tinham um ministrio e superviso especiais (Atos 1.20,25,26),
provavelmente tendo em mente a promessa de que eles futuramente julgariam
(governariam) as 12 tribos de Israel (Mateus 19.28). Sendo assim, nenhum apstolo foi
escolhido, depois de Matias, para estar entre os doze. Nem foram nomeados substitutos,
quando estes foram martirizados. Na Nova Jerusalm h apenas 12 alicerces, com os nomes
dos 12 apstolos inscritos neles (Apocalipse 21.14). Os doze, portanto, eram um grupo
limitado, e realizavam uma funo especial na pregao, no ensino e no estabelecimento da
Igreja, alm de testificar da ressurreio de Cristo, com poder. Ningum mais pode ser um
apstolo no sentido em que eles foram.
Havia outros apstolos, no entanto. Jesus tambm enviou 70 deles. Trata-se de um
grupo totalmente diverso dos doze (Lucas 10.1). Mas Jesus, ao envi-los, usou exatamente a
mesma palavra que empregara para os doze (em Lucas 9.2), apostello, de onde se deriva
apstolo. Ele deu aos 70 a mesma comisso, e voltaram com os mesmos resultados.
Paulo e Barnab tambm so chamados apstolos (Atos 14.4,14). Paulo considera
Andrnico e Jnias apstolos de destaque que o antecederam (Romanos 16.7). Mas tambm
se refere a todos os demais como apstolos que atuaram antes dele (Glatas 1.17). Ao falar
das aparies de Cristo, menciona que Jesus foi visto por Cefas, pelos doze, por 500, por
Tiago, o irmo do Senhor, por todos os apstolos, "e por derradeiro de todos" apareceu
tambm a ele, "como a um abortivo" (1 Corntios 15.5-8). Parece, portanto, que o restante
dos que so chamados "apstolos", no Novo Testamento, tambm pertencia a um grupo
limitado, do qual Paulo era o ltimo.
Isso confirmado pelas qualificaes estabelecidas para a escolha do substituto de
Judas (Atos 1.21,22). O apstolo precisava ser uma testemunha em primeira mo, tanto da
Ressurreio como dos seus ensinos ou ditos. Foi por isso que Paulo achava,
constantemente, necessrio defender o seu apostolado. Diz aos corntios: "No sou eu
apstolo? No sou livre? No vi eu a Jesus Cristo Senhor nosso?" (1 Corntios 9.1). Depois,
afirma que eles so o selo, os resultados, a confirmao, do seu apostolado. Ele tambm
escreveu aos Glatas que recebeu a mensagem do Evangelho, no dos homens, no dos
demais apstolos, mas de Jesus (Glatas 1.1,11,12,16,17). Sendo assim, foi uma testemunha
em primeira mo, tanto da Ressurreio de Jesus, como dos seus ensinos.
Paulo tambm cumpriu as funes de um apstolo. Depois do Pentecoste, os
apstolos realizaram muitos sinais e maravilhas (Atos 2.43; 5.12), e com grande poder
testemunharam da Ressurreio de Jesus (Atos 4.33; 5.32). Ensinavam o povo (2.42), e
afirmavam que o ministrio da Palavra era sua principal responsabilidade (Atos 6.4; 8.25).
Paulo sempre relaciona seu apostolado com a proclamao da ressurreio de Cristo, a
pregao e o ensino, e os sinais de um apstolo "com toda a pacincia, por sinais, prodgios
e maravilhas" (2 Corntios 12.12; 1 Corntios 15.9; 1 Timteo 1.1; 2.7; 2 Timteo 1.1,11).
Mas, a despeito dessas limitaes quanto ao cargo de apstolo, h uma continuao
do ministrio apostlico indicada pelo Esprito Santo (Atos 5.32). Vemos, tambm, que
Deus colocou na Igreja apstolos, profetas, doutores (professores), milagres, socorros,
governos, variedades de lnguas (1 Corntios 12.28). A mesma expresso usada para esses
dons que tambm utilizada para as vrias partes do corpo humano em 1 Corntios 12.18.
Noutras palavras, assim como os olhos, os ouvidos, as mos e os ps so necessrios para o
funcionamento do corpo, tambm esses dons do ministrio, pela prpria natureza da Igreja,
so necessrios para seu perfeito funciona-mento.O9)
O ministrio apostlico, pois, uma obra do edificar igrejas, exercido com os
milagres que so a obra do Esprito Santo. Os apstolos estabeleceram igrejas, dirigidas
pelos presbteros (bispos ou superintendentes, oficiais administrativos eleitos pelos crentes)
e diconos (ajudadores, tambm eleitos pelas congregaes). Semelhante ministrio
continua no decurso da Histria da Igreja, e ainda necessrio nos dias de hoje. Falsos
apstolos surgem (Apocalipse 2.2), mas precisam ser testados pelos seus ensinos (Glatas
1.8) e por sua vida. Os verdadeiros apstolos edificavam a Igreja. Nenhum deles suscitou
um grupo para lhe seguir.

Profetas, os que Falam em Nome de Deus


Jesus era o grande Profeta, o que havia de vir, segundo o Antigo Testamento (Atos
3.22; Mateus 21.11; Joo 6.14; 7.40; Deuteronmio 18.15).
O profeta, no Antigo Testamento, era um porta-voz de Deus, cheio do Esprito Santo,
orientado para o que devia fazer e dizer. (Comparar Miquias 3.8; Amos 3.8; xodo 7.1;
4.15,16).
A palavra, no Novo Testamento, tambm se refere a quem fala em nome de Deus, ao
proclamar a revelao recebida diretamente do Senhor. Juntamente com os apstolos,
revelavam verdades que eram mistrios no Antigo Testamento, mas que agora so reveladas
pelo Esprito Santo (Efsios 3.5), e, assim, ajudaram a estabelecer os alicerces da Igreja
(Efsios 2.20). Isso subentende que foram usados para transmitir verdades que seriam
includas no Novo Testamento.
Mas, assim como nos tempos do Antigo Testamento, havia muitos profetas que
desafiavam o povo e o orientavam na adorao, mas no escreviam livros, tambm
aconteceu no Novo Testamento. Muitos trouxeram iluminao e aplicao das verdades
recebidas. Um bom exemplo o de Silas e de Judas que levaram Antioquia a deciso do
Concilio de Jerusalm: "Depois Judas e Silas que tambm eram profetas, exortaram
[encorajavam e desafiavam] e confirmaram [fortaleceram] os irmos com muitas palavras"
(Atos 15.32). Isso se encaixa muito bem na natureza da profecia conforme a vimos em 1
Corntios 14.3.
Alguns profetas tambm eram usados para predizer o futuro, como Agaboemduas
ocasies (Atos 11.28; 21.11). Ele saiu de sua casa na Judia para levar as mensagens de
Deus. Em conseqncia da primeira, foi levantada uma oferta para ajudar a igreja em
Jerusalm durante uma fome prevista e acontecida. Na segunda, a igreja foi avisada a
respeito da priso do apstolo Paulo. Em nenhuma delas estava envolvida alguma nova
doutrina. Nem foram dadas instrues quanto ao que a igreja devia fazer. Isto era assunto
dos membros, mediante o Esprito Santo. Nunca houve algo semelhante adivinhao, no
ministrio desses profetas.
Os que so usados regularmente pelo Esprito no exerccio do dom de profecia na
congregao, tambm so chamados profetas (1 Corntios 14.29,32,37). A Bblia adverte
contra os falsos profetas que alegam ser usados pelo Esprito Santo, mas devem ser
submetidos aprova (1 Joo4.1).

Evangelistas, Proclamadores de Boas Novas


O evangelista o pregador do Evangelho, o proclamador das boas novas. Jesus foi
ungido para pregar o Evangelho, e era conhecido pela sua mensagem de boas novas aos
pobres (Lucas 4.18; 7.22).
A palavra evangelista usada somente em duas passagens do Novo Testamento.
Filipe ficou conhecido como evangelista (Atos 21.8). Depois, Paulo conclamou Timteo a
fazer a obra de um evangelista (2 Timteo 4.5). Mas o verbo correspondente, com seu
substantivo, usado muitas vezes no sentido de trazer boas novas, de declarar o
cumprimento das promessas (Atos 13.32), de pregar o Evangelho da graa de Deus, o
Evangelho da paz, ou de simplesmente pregar a Cristo. O Evangelho so as boas novas a
respeito de Jesus Cristo, que veio, no para condenar o mundo, mas para salv-lo (Joo
3.17).
Ao usar Filipe como exemplo, vemos que o ministrio de evangelista o levava a
pessoas que no conheciam o Senhor, conforme aconteceu em Samaria, onde os milagres
trouxeram alegria e o povo creu em sua pregao e foi salvo (Atos 8.6-8,12). Depois, foi
levado pelo Esprito Santo ao eunuco etiope, a quem pregou (evangelizou, trouxe as boas
novas) a respeito de Jesus (Atos 8.35). Portanto, tanto o evangelismo em massa como o
pessoal so obra do evangelista.
Observa-se aqui uma distino entre o evangelista e o profeta que freqentemente
no notada. O primeiro no ia s igrejas, mas
aos pecadores. O segundo, no entanto, dirigia-se s congregaes. No caso de Judas e
Silas, sua obra era despertar, animar e fortalecer os crentes. Portanto, os profetas eram
usados no reavivamento. claro que havia combinaes entre esses ministrios. Muitas
vezes, o evangelismo muito mais fcil, quando a igreja local despertada, reavivada e
fortalecida. Paulo informa que alguns so profetas e outros, evangelistas.
A Bblia tambm nos adverte a respeito dos evangelistas. H os que pregam outro
evangelho e devem ser desconsiderados, pois so rus da condenao eterna (Glatas 1.8,9).
Bons Alimentos dos Pastores-Mestres
Embora alguns entendam que pastores e mestres so ministrios distintos em Efsios
4.11, esto unidos entre si. A repetio das palavras uns e outros indica que apenas quatro
ministrios so contemplados, e que os pastores tambm so mestres.
Pastor, aqui, no usado no sentido moderno da palavra. (Nossos pastores ficam
mais perto do ancio-presbtero-bispo do Novo Testamento, o oficial administrador da
igreja local, "apto para ensinar": 1 Timteo 3.2).
A palavra pastor, em todas as passagens do Novo Testamento, alude-se ao
apascentador de ovelhas. A mesma palavra grega se refere a Jesus como o grande Pastor das
ovelhas (Hebreus 13.20), nosso Bom Pastor (Joo 10.2,11,14,16; 1 Pedro 2.25). O pastor
oriental levava seu rebanho para a comida e a gua (Salmos 23.2). A prpria palavra pastor
em Hebraico significa alimentador. A principal preocupao do pastor, segundo o uso do
termo aqui, no , portanto, dirigir os negcios da igreja, mas ensinar os membros. O bom
alimento, naturalmente, a Palavra de Deus. E a tarefa do pastor-mestre explic-la e
torn-la mais fcil para o povo compreender, assimilar e aplicar. Vivemos em um mundo
em evoluo, quando novos problemas, novas perguntas e novas circunstncias precisam da
ajuda de um mestre para indicar os princpios da Palavra de Deus e demonstrar como se
relacionam com nossa vida diria. Esta a obra do mestre que tem o dom do Esprito Santo
e dedicado a Cristo.(20)
Jesus , tambm, o Grande Mestre. O Esprito Santo se destaca como o Ensinador,
tanto quanto Ele o Esprito de Poder e de Profecia, ou talvez ainda mais (Joo 14.17,26).
verdade que o Esprito Santo nos ensina diretamente (2 Corntios 3.3; Joo 6.45; 1 Joo
2.20,27; Jeremias 31.34). No precisamos da autoridade humana para obter a certeza da
nossa salvao, nem necessitamos de algum para nos ensinar sobre o Senhor, de uma
maneira mais eficiente e pessoal. O Esprito Santo e a Palavra bastam para isso.(21)- Mas
mestres com o dom do Esprito, dados por Cristo Igreja, podem ressaltar verdades
negligenciadas, e ajudar a treinar e a inspirar outros para tambm se tornarem mestres. Deus
quer que todos se tornem mestres, para que ensinem a Palavra aos outros. Mas,
primeiramente, precisamos de mestres que nos alimentem com o leite e a carne da Palavra
(Hebreus 5.12-14).
Apoio um exemplo de mestre que "regava" o que Paulo plantara em Corinto, e que
ajudava as pessoas a crescer espiritualmente, mediante seu ensino que trazia refrigrio (Atos
18.27; 1 Corntios 3.6). O seu ensino deve ter vindo com "os rios de gua viva", com o
poderoso transbordar do Esprito Santo (Joo 7.38).(22) Lembre-se, tambm, que Apoio
tinha um esprito apto para aprender (Atos 18.26).
Infelizmente, h os que "aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento
da verdade" (2 Timteo 3.7), lderes cegos dos cegos (Mateus 15.14), falsos mestres que
negam o Senhor que os comprou (2 Pedro 2.1). A estes, Deus no poupar. Os cristos, que
amam e honram a Jesus, podem desfrutar da unio no Esprito e na f, mesmo se
discordarem entre si em alguns aspectos, ou at mesmo nos seus mtodos de interpretar a
Bblia. Amamos os pecadores, mesmo os que negam o Senhor, quando os atramos de volta
para Deus. Mas isso diferente da comunho no Esprito que desfrutamos com os crentes,
comunho esta que cresce medida que mantemos um esprito apto para aprender.

Dons para Trazer Edificao Igreja Local


Conforme foi indicado, os dons relacionados em 1 Corntios 12.8-10 devem ser
exercidos um por vez, em vrias ocasies e por diversas pessoas, conforme o Esprito Santo
deseja. Deve ser notado, ainda, que cada um desses dons dirigido s necessidades da
Igreja, mais do que aos anseios do que usado pelo Esprito para ministrar o dom.

Uma Palavra de Sabedoria


Trata-se de uma palavra (uma proclamao, uma declarao) de sabedoria dada para
satisfazer a necessidade de alguma ocasio ou de algum problema especfico. No depende
da capacidade humana nem da sabedoria natural, pois uma revelao do conselho
divino.(22) Mediante esse dom, a percepo sobrenatural, tanto da necessidade como da
Palavra de Deus, traz a aplicao prtica daquela Palavra necessidade ou ao problema do
momento.
Porque uma palavra de sabedoria, fica claro que concedida apenas o suficiente
para aquela necessidade. Esse dom no nos enaltece para um novo nvel de sabedoria, nem
nos torna impossibilitados de cometer enganos. Simplesmente nos permite usufruir dos
depsitos ilimitados de Deus (Romanos 11.33). As vezes, este dom transmite uma palavra
de sabedoria para orientar algreja, assim como em Atos 6.2-4; 15.13-21. possvel,
tambm, que cumpra a promessa dada por Jesus, que daria "boca e sabedoria a que no
podero resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem" (Lucas 21.15). A prova de
que Jesus falava em um dom sobrenatural (a palavra de sabedoria) comprovada, quando
proibiu a premeditao do que diriam nas sinagogas ou diante dos tribunais (Lucas
21.13,14). Isso certamente foi cumprido pelos apstolos e por Estvo (Atos 4.8-14,19-
21,6.9,10).

Uma Palavra de Conhecimento


A sabedoria relaciona-se com o conhecimento. Logo, o dom (proclamao,
declarao) de conhecimento tem estreito relacionamento com o dom da palavra de
sabedoria. Perscrutando as Escrituras, vemos que muita coisa dita a respeito da
"iluminao do conhecimento da glria de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Corntios 4.6),
e do perfume celestial do conhecimento que Deus nos d de Cristo (2 Corntios 2.14).
A orao de Paulo pelos Efsios : "Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai da glria, vos d em seu conhecimento o esprito de sabedoria e de revelao..." (Efsios
1.17-23). Pelos colossenses, Paulo tambm ora: "que sejais cheios do conhecimento da sua
vontade, em toda a sabedoria e inteligncia espiritual; para que possais andar dignamente
diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no
conhecimento de Deus" (Colossenses 1.9,10). Tiago conclama demonstrao do
conhecimento atravs de boas obras em bom trato (modo de vida louvvel) (Tiago 3.13).
H grande nfase no conhecimento da verdade, ou seja: a verdade revelada no
Evangelho (1 Timteo 2.4; Hebreus 10.26). O conhecimento tambm inclui as exigncias
segundo o Evangelho e a sua aplicao (1 Pedro 3.7; 2 Pedro 1.5,8). Paulo diz que os judeus
tinham um zelo por Deus, mas no segundo o conhecimento (Romanos 10.2). Os que
possuem o conhecimento das exigncias de Deus no tropeam por causa dos escrpulos
dos que so fracos na f, nem levam os outros a tropear (1 Corntios 8.1,8,10, comparar
Romanos 14.1-18).
O conhecimento, portanto, tem a ver com o conhecimento de Deus, de Cristo, do
Evangelho e da aplicao do Evangelho ao viver cristo. Paulo diz, ainda: "Mas ns no
recebemos o esprito do mundo, mas o Esprito que provm de Deus, para que pudssemos
conhecer o que nos dado gratuitamente por Deus. As quais tambm falamos, no com
palavras de sabedoria humana, mas com as que o Esprito Santo ensina" (1 Corntios
2.12,13).
Tudo isso se encaixa com a promessa de Cristo de que o Esprito da Verdade
testificaria dele, ensinaria todas as coisas, e guiaria em toda a verdade (Joo 15.26; 14.26;
16.13). H s uma concluso possvel. Uma palavra de conhecimento vem como uma
declarao da verdade do Evangelho ou como a aplicao dela. um dom que traz a
iluminao sobrenatural do Evangelho, especialmente no ministrio do ensino e da
pregao.(24) Deus concedeu, sem dvida, conhecimento de fatos, atravs de vises e de
vrias outras maneiras, mas no h absolutamente alguma indicao na Bblia de que o dom
da palavra do conhecimento visa trazer revelaes sobre onde achar objetos perdidos ou
qual o pecado ou enfermidade de uma pessoa. Pelo contrrio, oferece profundo
conhecimento das Escrituras.
Um exemplo disso pode ser visto na casa de Cornlio. Os discpulos, que estavam
com Pedro, ficaram atnitos, quando ouviram os gentios falar em lnguas conforme o
Esprito lhes concedia que falassem. Pedro, porm, viu que se tratava do selo da aprovao
divina sobre a f dos gentios, e proferia uma palavra de conhecimento naquela ocasio, e
depois, no Concilio de Jerusalm (Atos 10.47,48; 15.7-11).

A F
A f, como um dom, obviamente diferente da salvfica e da fidelidade que o fruto
do Esprito. Alguns entendem que se trata da f que move montanhas, ou do tipo da que foi
demonstrada pelos heris da f em Hebreus 11.(25) Mas assim como uma palavra de
sabedoria dada Igreja para satisfazer a necessidade de um item especfico de sabedoria,
tambm este dom pode ser a transmisso de f ao Corpo. O Esprito Santo pode usar um
cntico, uma orao, um testemunho, ou a pregao como um canal para comunicar a f ou
erguer o nvel da f na Igreja. Essa comunicao da f fez de Paulo um ministro capaz do
Novo Testamento (novo concerto) (2
Corntios 3.4-6). Capacitou-o a ajudar outros a receber o Esprito mediante a
pregao da f (Glatas 3.2,5). Certamente, tambm, foi manifestada na orao unssona que
produziu um novo derramamento do Esprito em Jerusalm (Atos 4.31). Possivelmente,
tambm tem sido expressada na forma de poder para levar a efeito outros tipos de
ministrio.

Dons de Curas
No grego, as palavras dons e curas esto no plural. Alguns entendem que isso
significa que h uma variedade de formas desse dom.(26) Entre os que pensam assim, h
quem entenda que certas pessoas tm um dom de curar um tipo de doena ou enfermidade,
ao passo que outros curam outro tipo. Filipe, por exemplo, foi especialmente usado para
curar os paralticos e os coxos (Atos 8.7). Outros, ainda, entendem que Deus d a uma
pessoa um dom na forma de um suprimento de curas numa ocasio especfica, ao passo que
outro suprimento dado em outra ocasio, talvez a outra pessoa, mais provavelmente no
ministrio do evangelista.(27) A cura do coxo na porta Formosa considerada um exemplo
disso (Atos 3.6,7).
Ainda outros entendem que toda cura um dom especial(28), isto , o dom para o
enfermo que tem a necessidade. Logo, segundo esse ponto de vista, o Esprito Santo no
torna os homens curadores. Pelo contrrio, Ele providencia um novo ministrio de cura para
cada necessidade, medida que ela surge na Igreja. Por exemplo, a virtude (poder) que fluiu
para dentro do corpo da mulher com o fluxo de sangue trouxe para ela um gracioso dom de
cura (Mateus 9.20-22). Atos 3.6 diz, literalmente: "O que tenho, isso te dou". Isso est no
singular e indica um dom especfico dado a Pedro para este dar ao coxo. No parece
significar que tinha um reservatrio de dons de curas dentro de si mesmo, mas um novo
dom para cada enfermo a quem ministrava.
No h evidncia de que os apstolos conseguiam curar sempre
quando se sentiam dispostos, mediante algum poder residente de cura. Nem
consideravam a cura o seu ministrio principal. Lemos a respeito de milagres
extraordinrios pelas mos de Paulo em feso (Atos 9.11). Isso d a entender que, em
conexo com o estabelecimento das sete igrejas na sia, atravs do ministrio de Paulo em
feso, foram realizados milagres incomuns que no aconteciam em todos os lugares. Sendo
assim, Paulo no possua em si mesmo nenhum dom automtico que o tornasse um curador.
Em feso, Deus usou lenos (suadouros) e aventais (de servio) tirados de Paulo, enquanto
fazia tendas. Os milagres realizavam-se, medida que esses objetos se tornaram
instrumentos para os enfermos expressarem a sua f. No fcil para um doente mostrar a
sua f, e Jesus freqentemente fazia algo para encorajar a expresso ativa da f. Em certa
ocasio, at mesmo a sombra de Pedro foi um desses meios (Atos 5.15,16). Mas as maneiras
empregadas sempre variavam entre si, e nunca lhes era permitido tornar-se em formas ou
cerimnia. Deviam depositar sua f no Senhor, e no nos meios usados para ajud-los.
Isso nada tem a ver diretamente com os dons de curas. A nfase em 1 Corntios 12.9
recai na expresso desse dom, atravs dos vrios membros individuais do Corpo. No
precisamos procurar um evangelista. (A obra dele visa primeiramente os pecadores). Talvez,
nem sempre seja possvel chamar os presbiteros (Tiago 5.14,15). Mas os dons de curas esto
disponveis a todos os membros da Igreja para ministrarem aos enfermos.

Operaes de Maravilhas
Aqui, os dois substantivos em grego esto no plural e, de novo, a idia que muitas
variedades de milagres ou atos de poder esto disponveis. Maravilhas o plural dapalavra
virtude [ou poder] em Atos 1.8, e significa atos de grande poder sobrenatural que vo alm
de qualquer coisa realizada pelo homem. So intervenes divinas que se distinguem das
curas.
Palma afirma que operaes usada quase exclusivamente para a atividade de Deus
(Mateus 14.2; Marcos 6.14; Glatas 3.5; Filipenses 3.21) ou de Satans (2 Tessalonicenses
2.7,9; Efsios 2.2). Sugere, portanto, que esse dom especialmente operativo em conexo
com o conflito entre Deus e Satans. Esses atos de poder, que levam Satans derrota,
podem incluir o castigo da cegueira imposto a Elimas (Atos 13.9-11) e a expulso de
demnios.(29)
Alguns entendem que esse dom envolve a ressuscitao dos mortos ou os milagres na
natureza inanimada, tais como acalmar a tempestade e andar sobre as guas.(30) Mas Donald
Gee informa que faltam milagres sobre a natureza inanimada, tanto em Atos como nas
Epstolas. Paulo sofreu quatro naufrgios. A descrio daquele em Malta demonstra que a
providncia divina conduziu todos terra firme, mas a nado, e no mediante um milagre (2
Corntios 11.25-27; Atos 27.43; 28.5). H, apenas, dois registros de ressurreio de mortos
(Atos 9.40; 20.10). Nos outros casos, foi-lhes indicado o consolo da ressurreio e da volta
de nosso Senhor (1 Tessalonicenses 4.13-18).(31)
Tanto os dons de curas como os de operaes de milagres demonstram-nos, e ao
mundo em nosso derredor, que Jesus realmente o Vitorioso. Na Cruz, o preo foi pago e a
condenao de Satans foi confirmada. Mas os resultados finais de tudo isso s sero vistos
quando formos transformados e recebermos nosso corpo imortal e incorruptvel, e Satans
for lanado no lago do fogo e o ltimo inimigo, a morte, destruda (1 Corntios 15.51-54;
15.26; Apocalipse 20.10-14). Entrementes, h dons espirituais a nossa disposio, para nos
conceder um antegozo disso em curas e milagres, no conforme as exigncias que fazemos,
mas conforme o Esprito Santo deseja (1 Corntios 12.11).

A Profecia
A natureza desse dom j foi estudada em conexo com 1 Corntios 14 e com o
profeta. Tudo quanto precisa ser enfatizado
aqui que o dom estava disposio de qualquer membro da congregao, e no
apenas dos que tinham o ministrio proftico. De fato, por causa da edificao que a Igreja
recebe atravs desse dom, todos so encorajados a busc-lo. A profecia relaciona-se,
tambm, com a iluminao dos mistrios do Evangelho. Alm disso, pode haver uma
variedade de expresses do dom.(32) Mas, na maioria dos casos, parece ser dirigido ao corpo
dos crentes reunidos. O sermo de Pedro, conforme j foi indicado, foi um cumprimento da
promessa de Joel a respeito do dom de profecia. Mas Pedro classificou as lnguas, tambm,
como parte daquele cumprimento e, conforme indica 1 Corntios 14, elas precisam de
interpretao, para edificarem. Tendo em vista, porm, a natureza do sermo de Pedro,
possvel que durante a pregao em outras ocasies em Atos, o dom de profecia tenha
estado em operao. O pregador precisa mesmo preparar-se, mas ainda poder haver
ocasies em que o Esprito Santo lhe dar alguma coisa a mais do que aquilo que tem nas
suas anotaes. Se a experincia dos profetas do Antigo Testamento serve como orientao,
vemos que Deus freqentemente lidava com eles, enquanto estavam a ss com Ele, e depois
os enviava para profetizar, para falar em nome dele. Atravs da profecia, o Esprito Santo
toca nos pontos sensveis, revela o que est oculto, e produz a convico e a adorao, bem
como o encorajamento e o estmulo ao.C3)

Os Discernimentos de Espritos
Mais uma vez, os plurais indicam uma variedade de formas em que este dom pode
manifestar-se. Envolve um "distinguir entre" espritos. Posto que mencionado
imediatamente depois do dom de profecia, sugere-se que est envolvido no julgar
mencionado em 1 Corntios 14.29.(34) O fato que a palavra discernimento significa formar
um juzo e se relaciona com a palavra usada para julgar profecias. Envolve uma percepo
que dada de modo sobrenatural, para diferenciar entre os espritos, bons e maus, genunos
ou falsos, a fim de chegarmos a uma concluso.
Joo diz que no devemos crer em todos espritos, mas prov-los (1 Joo 4.1). s
vezes, um dom do Esprito necessrio para fazer isso. A Bblia, na realidade, fala em trs
espritos: o de Deus, o do homem e o do Diabo (com os maus espritos ou demnios com ele
associados). Na operao deste dom na congregao, parece que o esprito do homem talvez
cause mais problemas. Mesmo com as melhores intenes, possvel que algumas pessoas
tenham a impresso de que seus prprios sentimentos so a voz do Esprito Santo. Ou, por
causa do zelo excessivo ou da ignorncia espiritual de como a pessoa se rende ao Esprito
Santo, seu esprito possa intrometer-se.(35)
Como os demais dons, este no ergue o indivduo a um nvel mais alto de
capacidade. Nem oferece a algum o poder de olhar as pessoas e dizer de que esprito so.
um dom apropriado para uma ocasio especfica. Alguns exemplos podem ser achados,
possivelmente, em Atos 5.3; 8.20-23; 13.10; 16.16-18.

Lnguas, Tipos ou Famlias de Idiomas


A natureza desse dom tambm j foi descrita em conexo com
1 Corntios 14. Faz parte da rica variedade de dons que operam atravs da multido
dos crentes, mediante o mesmo Esprito Santo. O Novo Testamento indica que era comum e
considerado desejvel.(36)
Os paralelos entre Atos e 1 Corntios 14 indicam que o dom, aqui, tem a mesma
forma revelada pela evidncia em Atos; mas o propsito em 1 Corntios 12 como um dom
manifestado na igreja e que necessita de interpretao para trazer edificao.
freqentemente chamado "linguagem exttica inarticulada" por pessoas que no
tiveram a experincia; mas no assim que Paulo considera o dom. Por ele falamos com
Deus. Envolve comunicao. Por ele falamos mistrios, que para Paulo sempre significa
verdades espirituais (1 Corntios 14.2). A palavra grega significa idiomas, e no meras
slabas sem sentido. (37)
Se as lnguas estranhas parecerem slabas sem sentido, era assim que o idioma dos
assrios soava para os hebreus (Isaas 28.11.13). Para os que no conhecem o hebraico, esse
idioma tambm soaria como slabas sem sentido. Nosso Pai, em hebraico, pronunciado "a-
vei-nu". "No temerei o mal" "lo ei-ra ra". Posto que as lnguas so freqentemente um
meio de adorao e louvor, pode-se observar exclamaes e repeties em muitas passagens
bblicas. Salmo 150.2: "Louvai-0 pelos seus atos poderosos", pronunciado: "ha-le-lu-hu
bi-g'vu-ro-tav". Depois, "ha-le-lu-hu" repetido muitas vezes nos versculos que se seguem.
No importa como as lnguas soam, e nem se so idiomas de homens ou de anjos;
elas significam idiomas tanto em Atos como em Corntios. Quando falamos em lnguas
estranhas, o nosso esprito ora, pois ele o meio pelo qual o dom opera e, assim, entrega a
Deus nosso esprito e nossa vontade, e no apenas nossa lngua e nossos rgos vocais para
a operao do dom (1 Corntios 14.14).(38) O resultado a linguagem, conforme o Esprito
determina que falemos.

A Interpretao das Lnguas


A interpretao usualmente considerada a transmisso do significado ou do
contedo essencial da expresso vocal em lnguas(39) O significado bsico da palavra
traduo. O verbo correspondente usado para traduo em Joo 1.42; 9.7; e Hebreus 7.2.
Mas pode significar ou traduo ou interpretao. (40) Mas mesmo quando significa
traduo, no se trata necessariamente de palavra por palavra. A tarefa do tradutor dar s
palavras bom sentido e boa gramtica. Por exemplo: Salmos 23.1 consiste em apenas quatro
palavras em hebraico, mas em portugus usamos nove.
O dom, lgico, no subentende nenhum conhecimento do idioma por parte do
intrprete. recebido diretamente do Esprito Santo, e vem medida que prestamos ateno
ao Senhor mais do que s lnguas estranhas. Alm disso, o dom pode chegar de vrias
maneiras, "ou por viso, ou por solicitude espiritual, ou por sugesto, exatamente conforme
o Senhor determinar".(41) Um passo de f pode ser exigido, tambm, porque o Esprito
Santo freqentemente oferece apenas poucas palavras para a interpretao. Em seguida,
depois de terem sido pronunciadas pela f, o restante vem conforme o Esprito capacita a
falar.(42)

Administrao (Governos)
O plural parece indicar uma variedade de expresses do dom para cumprir as
necessidades de uma posio de liderana ou de administrao (1 Corntios 12.28). Outros
usos dessa palavra fora do Novo Testamento subentendem transmitir conselhos sbios. Um
substantivo estreitamente correlato significa o timoneiro ou piloto do navio (Atos 27.11).
Parece que subentende dirigir os negcios de uma congregao, bem como liderar
espiritualmente.
Provavelmente, esse era o dom do Esprito especialmente para o principal
administrador, chamado o ancio ou presbtero, em comparao com os chefes das
sinagogas, e chamado bispo ou superintendente na lngua grega. Tratava-se de um oficial
eleito que devia ser escolhido, no por politicagem nem pela influncia de poder, mas
mediante a sabedoria do Esprito dada Igreja. Ento, ele era equipado com os dons do
Esprito e dependeria deles, e no apenas da sua capacidade de lder.
O plural tambm pode indicar que o dom estava disposio de outros cargos que
envolviam liderana ou administrao.

Socorros, Atos teis


O plural indica, de novo, uma variedade de atos teis que podem ser inspirados por
esse dom. O verbo correspondente significa tomar o partido de algum, vir socorrer algum.
usado para o socorro aos fracos (Atos 20.35), e para dedicar-nos bondade (1 Timteo
6.2).
A palavra era usada, s vezes, nos antigos tempos como um termo tcnico bancrio:
"contador-mor".(43) Esse conceito se encaixava no trabalho para o qual os sete foram
escolhidos em Atos 6.2,3. Ali, a palavra mesas significa bancas de dinheiro, e se refere a um
fundo de caixa que Paulo reforou duas vezes com as ofertas que trouxe. Ele sempre
cuidava para que as finanas fossem manipuladas com cuidado, e de conformidade com as
instrues das igrejas. No h algo de "anti-espiritual" nas questes do dinheiro na obra da
igreja. Isto indica, tambm, que os diconos, que eram "cheios do Esprito Santo e de
sabedoria" (Atos 6.3), exerciam essa responsabilidade, e o Esprito fornecia-lhes os dons
que necessitavam para o seu trabalho. Eles tambm ministravam a ajuda da igreja aos
pobres, aos fracos e aos doentes. Logo, o significado comum de aes teis tambm se
aplica ao cargo deles, conforme o vemos na Igreja Primitiva.

Ministrio, Servio, Diaconato


Romanos 12.7 usa a palavra ministrio ou servio, provavelmente referindo-se ao
ministrio diaconal. A mesma palavra grega usada tanto para o ministrio da Palavra como
para o dos sete diconos em Atos 6.2,4. Freqentemente era usada para o preparo de uma
refeio, e tambm para os vrios tipos de servio espiritual, tal como o ministrio da
reconciliao (2 Corntios 5.18). Outro uso comum era o de auxlio, ou o de distribuio de
auxlio aos pobres. Isso tambm se encaixa no exerccio do dicono. Logo, o significado,
aqui, do dom do ministrio mais provavelmente o dom do Esprito que capacita o dicono
a cumprir sua tarefa com poder e sabedoria. Naturalmente, no limitado aos diconos.

Exortao
Embora 1 Corntios 14.3 inclua esse dom dentro do de profecia,
Romanos 12.8 relaciona-o como um dom distintivo. Abrange as idias de conclamar,
desafiar ou fazer um apelo. possvel, tambm, que o verbo tenha a idia de conciliar,
encorajar amizade, levar a efeito a unidade do Esprito.
A exortao especfica de perseverar at o fim e de conservar diante de ns a
esperana da vinda de Cristo outro aspecto importante desse dom. Nossa esperana um
elemento vital em nossa vida crist, e embora o estudo das Escrituras seja importante para
mant-la (Romanos 15.4), o dom do Esprito pode encorajar-nos luz dessa esperana, e
pode faz-la viver.

Contribuir, Repartir
Trata-se de dar uma parte daquilo que possumos, compartilhar com outros,
especialmente conceder aos necessitados (Efsios 4.28). Conforme indica Efsios, no se
trata primeiramente de um dom do Esprito para ajudar os ricos a distribuir as suas riquezas.
Os pobres so conclamados a trabalhar com as mos, a fim de poderem compartilhar com os
necessitados. Era esse o dom ou ministrio do Esprito em que todos participaram
imediatamente aps o Pentecoste (Atos 2.44,45; 4.34,37). Devia ser feito com singeleza,
sinceridade e generosidade. Barnab foi um dos melhores exemplos, ao passo que Ananias e
Safira demonstraram o contrrio.

Presidir, Dirigir, Cuidar, Dar Ajuda


Embora "presidir" seja usado a respeito do exercer a superviso sobre alguma coisa,
tambm utilizado no sentido de exercer solicitude, de cuidar das pessoas, de prestar ajuda.
Mais uma vez, liderar no significa dominar os outros, nem de ser tirano, mas servir.C4)
No se pensa, aqui, em governar no sentido de dirigir a obra do Esprito ou de destruir a
espontaneidade da adorao. Esse dom, pelo contrrio, ajuda nossos lderes a cuidar das
nossas almas e leva a igreja a ser solcita na mtua ajuda, sob a liderana que Deus nos deu.

Exercer Misericrdia
Esse ltimo dom na lista de Paulo (Romanos 12.8) tem a ver com o ministrio da
prtica de atos de misericrdia, da ajuda ao prximo de modo gracioso e compassivo.
Envolve o cuidado pessoal dos necessitados, dos enfermos, dos famintos, dos nus (daqueles
que tm insuficincia de roupas) e dos encarcerados. um dos dons mais importantes,
conforme Jesus declarou (Mateus 25.31-46).
Podemos tambm incluir o ministrio exercido por Dorcas (Atos 9.36-39). Mas,
percorrendo as Escrituras, vemos o cego clamando a Jesus, pedindo um ato de misericrdia
para que ele enxergasse (Marcos 10.47,51). O rico, no Hades, pediu que Lzaro fosse
enviado, numa misso de misericrdia, para levar uma gota de gua e refrigerar a sua lngua
(Lucas 16.24). O samaritano evidenciou atos de misericrdia ao homem que caiu entre
salteadores (Lucas 10.37). Mas a mesma palavra freqentemente usada a respeito da
misericrdia de Deus ao dar salvao, bnos e ministrio (Romanos 11.30; 1 Pedro 2.10;
2 Corntios 4.1). O Senhor, portanto, rico em misericrdia (Efsios 2.4). Esse dom,
portanto, pode ministrar a misericrdia e ajuda de Deus aos necessitados, quer a necessidade
deles seja fsica, financeira, mental ou espiritual.
Esse dom deve ser transmitido com alegria, bom nimo e graa. Cumprir esses atos
de misericrdia por mero senso de dever, ou na esperana de obter uma recompensa, ou
como uma expresso de bondade humana, no bastar. De fato, a eficcia de um ato de
misericrdia freqentemente depende mais da maneira de ser feito do que exatamente o qu
ou quanto feito. necessrio o dom do Esprito para ter um ministrio desse tipo. Mesmo
assim, esse dom, juntamente com o de repartir, acessvel a todos ns e, de fato, til para
todos ns. Bom seria se todo cristo lesse Mateus 25.31-46. No importa o modo de
interpretao dessa passagem: os princpios esto sempre ali. Embora a nossa salvao no
dependa de obras, se ela for real, entrar em ao. O Esprito, que glorifica a Jesus, nos
ajudar a fazer todas essas coisas.

Todos os Dons so Necessrios


No decorrer da Histria eclesistica tem havido dependncia em demasia dos
recursos humanos. Enquanto houver meios financeiros, equipamentos, mo de obra,
materiais e percias tcnicas disposio, os empreendimentos so promovidos com todas
as expectativas do sucesso. Mas, freqentemente fracassam, a despeito de tudo. Por outro
lado, alguns tm comeado com quase nada, mas com muita confiana em Deus e uma
dependncia dos dons e da ajuda do Esprito Santo, e o impossvel tem sido realizado.
E algo maravilhoso aprender a usar os recursos humanos disponveis, mas na
dependncia total do Esprito Santo. Os dons do Esprito so o meio primrio de Deus
edificar a Igreja tanto espiritual como numericamente. Nada mais consegue fazer isso.
Imagine um Rolls Royce, um Cadillac, ou um outro automvel de luxo, com toda a
parte externa, os estofamentos, as almofadas, a pintura, e talvez algumas jias ou ouro como
enfeite. Suponha, porm, que ao invs de ter motor, possusse pedais para os ocupantes
faz-lo andar pelas prprias foras deles. E ridculo? Mas assim tambm , aos olhos de
Deus, a igreja que tem tanto potencial humano, belos prdios e equipamentos, organizao e
planejamento perfeitos, mas sem os dons do Esprito!
Assim como para ns o dom do Esprito, o batismo com o Esprito Santo, tambm
todos os dons nos so designados. Porque no reivindic-los, exerc-los, depender deles?
So os meios que Deus providenciou, a fim de que avancemos de acordo com o que nos foi
dado por Cristo Jesus nosso Senhor. O Esprito Santo, que gosta de honrar e revelar a Jesus,
ministrar o seu poder a ns e por nosso intermdio. Ele no nos decepcionar. Todos os
dons, pois, glorificaro a Jesus e nos prepararo para sua vinda. Ento, j no sero
necessrios. Mas at ento, eles o so.

EXTRADO DE : O que a Bblia diz sobre o Esprito Santo - Stanley M. Horton, CPAD, 4 Edio/1995

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