Co Dependencia
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RESUMO
Conviver diretamente com uso abusivo de drogas de alguns de membros da famlia faz com que os demais vivenciem
dificuldades ao lidar com essa problemtica. Considerando que a famlia importante para a rede de apoio ao
dependente qumico e que o comportamento de codependncia est presente na vida desses familiares, interferindo
na sade mental, tivemos como objetivo identificar o modo como a codependncia expressa no grupo de familiares
de dependentes qumicos. Estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado com familiares de dependentes
qumicos assistidos em um Centro de Ateno Psicossocial (CAPS-ad), no perodo de junho/agosto de 2007. Os dados
foram produzidos por meio de entrevista individual e dez sesses grupais. Os familiares manifestaram comportamento
codependente por meio do sofrimento, dor emocional e adoecimento fsico e psquico, refletidos em respostas mltiplas,
como medo, desconfiana, culpa, excesso de cuidado/controle para com o outro, descuido para consigo e mudanas
no estilo de vida. O grupo revelou que ser um familiar codependente significa vivenciar inmeros sofrimentos, o que
requer necessidade de assistncia profissional. Este estudo nos permitiu fomentar uma reflexo sobre a prtica de
interveno de sade em relao aos familiares dos dependentes qumicos, ressaltando e valorizando o papel da famlia
como rede de suporte ao membro usurio de drogas, pois as prticas de interveno ainda so muito focadas na droga
e, por conseguinte, no indivduo que dela dependente.
Palavras-chave: Transtornos Relacionados ao Uso de Substncias; Relaes Familiares; Prtica de Grupo; Enfermagem;
Sade Mental.
ABSTRACT
In order to deal directly with drug addiction, relatives of chemically dependent patients face many difficulties. The
family plays an important role on the patients support and co-dependence behavior is constantly present in their life
and may interfere on mental health. This study aims to identify how co-dependence is expressed among relatives of
chemically dependent patients. It is a descriptive study with a qualitative approach, which was carried out in a Center
of Psychosocial Attention (CAPS-ad) during June and August of 2007. Data were collected by using individual interviews
and 10 group meetings. Family members showed a co-dependent behavior by expressing suffering, emotional pain,
physical and psychological sickness, seen on answers like: fear, lack of confidence, guilt, excessive care/control over
others, lack of self care and changes in lifestyle. Group meetings showed that being a co-dependent relative involves
suffering and requires professional assistance. This study was useful to promote a reflection on health intervention
practices regarding chemically dependent family members. We highlight the importance of the family role since
intervention practices are still too focused on drug regimens and on the patient himself.
Key words: Substance-Related Disorders; Family Relations; Group Practice; Nursing; Mental Health.
RESUMEN
Convivir directamente con el uso abusivo de drogas de algunos miembros de la familia hace que los dems familiares
tengan dificultades para lidiar con tal problema. Considerando que la familia es importante para la red de apoyo al
dependiente qumico y que el comportamiento de codependencia est presente en la vida de dichos familiares porque
interfiere en su salud mental, el objetivo del presente estudio ha sido de identificar el modo cmo se expresa la
codependencia en el grupo de familiares de dependientes qumicos. Se trata de un estudio descriptivo con enfoque
cualitativo, llevado a cabo con la familia de los dependientes qumicos asistidos en un Centro de Atencin Psicosocial
(CAPS-ad) entre junio y agosto de 2007. Los datos fueron recogidos en una entrevista individual y en 10 sesiones
grupales. Las familias sealaron la codependencia por medio del sufrimiento, dolor emocional y enfermedades fsicas
y psquicas que se reflejan en mltiples respuestas como: miedo, inseguridad, culpa, exceso de atencin y control para
con el otro, falta de atencin consigo mismo y cambios en el modo de vida. El grupo revel que ser familiar
codependiente significa vivir varios sufrimientos y que por ello necesitan asistencia profesional. Este estudio permiti
reflexionar sobre la prctica de intervencin en salud con familias de dependientes qumicos y realzar y valorar la
funcin de la familia como red de apoyo al miembro usuario de drogas puesto que las tales prcticas todava estn
muy centradas en las drogas y, por consiguiente, en el individuo que depende de ellas.
Palabras clave: Trastornos Relacionados con Sustancias; Relaciones Familiares; Prctica de Grupo; Enfermera; Salud
Mental.
1
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Faculdade Catlica Rainha do Serto (FCRS) Quixad-CE.
2
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade Federal do Cear (UFC)-CE.
3
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade Federal do Cear (UFC)-CE.
4
Enfermeira. Post-Doc. Docente da Universidade Federal do Cear (UFC)-CE.
Endereo para correspondncia: Rua Carlos Vasconcelos, 2459, ap. 301, bairro Aldeota, Fortaleza-CE. CEP: 60115-171. Fone/Fax: (85) 3246.0232. E-mail:
[email protected].
Assim como ocorre com os dependentes e Realizamos um estudo do tipo qualitativo, por meio do
codependentes do lcool, ao visualizarmos a famlia referencial terico construdo pela norte-americana
Maxine Loomis,6 o qual trata do desenvolvimento da
como parceira do tratamento de pessoas com outras
abordagem grupal para enfermeiros.
dependncias qumicas, devemos considerar as
possveis necessidades e dificuldades desse grupo, alm De acordo com o referencial terico, o foco do processo
de seu adoecimento, o qual pode interferir diretamente grupal est centrado nos cuidados de sade e
no agravamento da problemtica vivenciada pelo assumida a noo de que, se qualquer grupo apresentar
ncleo familiar, notadamente do prprio dependente apoio, tarefa ou psicoterapia, ter um objetivo
qumico. Trabalhando as limitaes, dificuldades e teraputico global. Para a autora, os grupos tambm
sentimentos da famlia codependente e, em especial, podem ser descritos e definidos de acordo com o
daquele partcipe que mais interage com o dependente processo interno deles.
O horrio estabelecido para o incio e trmino da com recursos artsticos, havendo sempre anteriormente
sesso foi das 13h30 s 16h, totalizando duas horas e o momento de preparao para o tema, sendo
meia de encontro, conforme decidido coletivamente estimulado um relaxamento ou alongamento
entre os coordenadoras e os participantes do grupo. corporal, no intuito de que os participantes se
concentrassem para a atividade, reflexo e
Todas as sesses foram divididas em trs momentos:
verbalizao das vivncias; e, por ltimo, a avaliao
acolhimento, destinado exposio de assuntos
da sesso, quando realizamos uma anlise prvia e
considerados importantes pelos par ticipantes,
contnua do encontro e do grupo.
lembretes, avisos e ao acolhimento dos participantes;
desenvolvimento, no qual foram realizadas atividades
Levando em considerao essas abordagens tericas O medo expresso pode estar associado, tambm, a
da codependncia, revelamos aspectos mais respostas de violncia dirigida ao parente dependente,
intrnsecos da vivncia dos familiares, indicativos de desencadeada pela situao conflitante vivenciada no
codependncia. cotidiano domstico. Desse modo, a codependncia
pode ser expressa pela sensao de ser capaz de
Com maior ou menor intensidade, todos os familiares responder com violncia quele ou quela situao
que compuseram o grupo se encontravam
fora do controle do familiar. Nessa hora, entra em cena
emocionalmente dependentes de seus filhos, filhas,
a sensao de dvida e desconfiana de si prprio,
esposos ou irmos dependentes qumicos;
geradas pela raiva, frustrao ou mesmo fria dirigida
desconheciam parte de sua realidade; no conseguiam
ao dependente qumico ou autodirigida. Tal situao,
estabelecer limites, para si e para o parente dependente
no raro, termina em tragdia, conforme
qumico; perderam parte, ou totalmente, de sua
acompanhamos pelos media os relatos de homicdios
identidade e autonomia, passando a viver a vida do
ou suicdios cometidos por esses familiares. Sobre esse
outro, a quem queriam controlar e conduzir os
mesmo comportamento do familiar, realidade que
pensamentos e o comportamento. Observamos
muitos co-dependentes tm medo da prpria
atitudes de marcao cerrada sobre o outro, o que se
raiva.9:64
revelou como a maior causa dos desentendimentos nas
relaes familiares e mal-estar na vida do membro O contato com as substncias psicoativas leva a
familiar. Entendemos tais comportamentos como diferentes tipos de violncia, dentre elas a domstica,
prejudiciais a ambas as partes, refletindo-se em de rua, gnero e at institucional. Dependentes
cerceamento da liberdade, tanto do dependente qumicos afirmam que a relao entre droga, violncia
qumico quanto do familiar. e prazer vivenciada por eles de forma conflituosa, e
Observamos inmeros sentimentos provenientes que seus familiares, quando cansados de presenciarem
dessa relao indicativa de codependncia, dentre os essa relao, sentem medo de intensificar situaes
quais: baixa autoestima, caracterizada pela falta de geradoras de violncia.10
amor prprio; dificuldades diversas, dentre elas, de O medo de fazer algo contra si foi percebido quando
negao e imposio de limites; sentimentos de iluso, um dos participantes falou sobre a possibilidade de
sofrimento, ansiedade, angstia, medo, impotncia, praticar suicdio:
fracasso; sensao de vazio; e o desconhecimento dos
prprios sentimentos.
Com base no exposto, realizamos um recorte das [...] quase toda a minha vida, que foi de 15 anos pra
diversas categorias empricas que emergiram do c, pois hoje tenho 42 anos... e ento, foi a minha
processo de anlise, tendo como categoria analtica adolescncia, entrando na fase adulta todinha nisso,
central o comportamento indicativo de codependncia. convivendo com as drogas. Ento eu tenho medo de
chegar loucura e praticar o suicdio, por causa da
A seguir, destacamos os discursos do grupo de apoio impotncia, do vazio e voc no saber como lutar
de familiares de dependentes qumicos indicativas de contra isso. (Vicente irmo)
O familiar tem medo de ficar sozinho, da rejeio e do denominados de negao, um mecanismo de defesa
abandono do outro. Passa a utilizar artifcios bastante utilizado pelo dependente qumico e pelo
inadequados e de maneira distorcida para que isso no codependente. Essa negao refere-se a uma parte da
acontea. realidade externa desagradvel ou indesejvel, pela
fantasia de satisfao de desejos ou pelo
Ter medo de cometer erros uma das caractersticas
da codependncia que mais reprime, dificultando o comportamento. O codependente nega seu desejo,
processo de tomada de deciso perante toda a situao anulando parcialmente as consequncias dolorosas de
vivenciada. lidar com este.
J o medo de se permitirem ser quem so, abrindo mo Em famlia, na vivncia cotidiana do problema da
da prpria vida, 9 tambm foi observado nas dependncia de drogas, comum as pessoas no falarem
experincias vivenciadas pelos familiares pesquisados. sobre esse assunto, no manifestarem o que pensam e o
que sentem a respeito; passa a imperar a regra do no
No grupo, observamos a participante Janete, que falar sobre. Outros focos de ateno comeam a surgir
expressou essa caracterstica com maior clareza, pois como estratgia de negao ao problema da droga.
estava feliz com a mudana em seu estilo de vida, mas Problemas outros ganham supernfase, e a droga ganha
tinha medo de viver essa nova vida. Um medo que nem subnfase. Podemos dizer que a famlia acaba se
ela mesma sabia decifrar, pois estava se redescobrindo, tornando mantenedora do problema.
e essa redescoberta estava sendo vivenciada com muito
temor, o que podemos perceber no discurso a seguir: Geralmente, as famlias comeam a se preocupar com
o uso da droga a partir do momento em que sintomas
fsicos e emocionais so manifestados pelos seus
Estou muito feliz com esse meu novo jeito de ser, membros. At ento, o que se observa na famlia uma
mas estou com medo por no estar mais sentindo
iluso de controle sobre o problema.12 A culpa um dos
medo. Tenho medo do que pode acontecer. (Janete
irm).
sentimentos mais perceptveis na condio de
codependncia do familiar, manifestando-se em
Essa aparente contradio expressa por Janete momentos como o incio do consumo de droga de seu
vivenciada por muitos codependentes: quando passam ente querido e a falta de imposio de limites.
a experimentar outras vivncias que no a Observamos, tambm, que, em virtude desses
codependncia, ficam com medo de que tudo volte e sentimentos, o familiar assume uma atitude obsessiva
de que tudo no passe de fantasia. para cuidar, preocupando-se e controlando
excessivamente o dependente qumico. Nesse
E, por ltimo, o familiar est sempre com medo de que momento, entra em cena uma das principais
acontea algo de ruim com o dependente qumico, que caractersticas da codependncia, que o excesso de
ele saia de casa e v em busca da droga, recaindo. O ateno ao outro, o qual, muitas vezes, o faz esquecer-
medo da recada culmina no constante medo do futuro, se de si prprio.
do amanh.
Codependente aquela pessoa que permitiu a si
A culpa: Aqui no grupo a gente diz assim: No, voc mesma ser afetada por outra e por seus problemas e
no tem culpa! Mas a gente tem um pouco de culpa, sim! que perdeu o amor prprio, a capacidade de se afirmar
(Ana me) e de cuidar de si mesma.13
O sentimento de culpa apreendido das falas dos Mesmo amando, preocupando-se, cuidando e
familiares se faz presente em vrios momentos. controlando excessivamente, o codependente carrega
Chamou-nos a ateno, particularmente, o depoimento um conflito, muitas vezes inconsciente, sentindo-se
de uma das participantes do grupo durante a entrevista culpado por algum sentimento negativo que possa
individual, quando expressou seu desagrado em relao sentir, como raiva, desconforto pela dependncia
condio de dependncia qumica de seu filho, psicoemocional ou financeira. Essa condio emocional
exprimindo arrepender-se de t-lo trazido ao mundo. conflituosa pode favorecer a diminuio da autoestima,
Diz o seguinte: do autocuidado e do interesse sobre si prprio. A
autoestima do codependente regulada pelo que
consegue agradar ou no ao outro.5
Eu me sinto desequilibrada, culpada e arrependida
de ter tido ele... (Flvia me) Como o codependente tende a assumir toda a
responsabilidade para com o dependente qumico, ele
passa, tambm, a ser a principal referncia para os outros
Nesse depoimento, encontra-se evidente um dos
integrantes da famlia quando o assunto envolve a
mecanismos de defesa do ego identificados por Freud,11
dependncia qumica daquele membro usurio. Dessa
os quais foram e continuam sendo estudados para
forma, passa a receber cobranas dos outros e de si
descrever a luta do ego contra ideias e afetos dolorosos
prprio. As cobranas so referentes aos problemas
e insuportveis.
causados pelo uso de drogas e, principalmente, pelas
Por ocasio deste estudo, os sentimentos de culpa e inmeras tentativas, muitas vezes frustradas, de busca
arrependimento descritos pela participante foram de soluo.
grupo, evidenciamos o quanto a atividade grupal adoecendo, e assim as relaes familiares vo cada vez
favoreceu a percepo e a busca do equilbrio, rompendo mais se enfraquecendo. 5,14
ou mesmo tornando consciente o comportamento
Observamos nos participantes reaes diversas de
codependente.
adaptaes fsicas, comportamentais e emocionais
A alternativa teraputica de terapia grupal breve com ocorridas em razo do estresse causado pela condio
os familiares de adictos parece ser eficaz no sentido de de dependncia qumica do familiar em tratamento, e o
adequar e orientar condutas, contribuindo para estresse desencadeia reaes de adaptao fsico-
melhorar as relaes e a organizao do contexto bioqumicas e quanto ao comportamento do organismo.
familiar em dependncia qumica. Constitui uma Essas reaes vo desde adaptaes para um estado de
excelente forma de suporte para essa clientela.16 alerta (comportamento do organismo) e alteraes
adaptativas do tnus cardiovascular, respirao, glicose
O grupo revelou o cuidado, ainda, em vrias situaes
e alimentao do sistema nervoso central e outros locais
do cotidiano das relaes familiares mediante
do corpo estressado. No codependente, essas alteraes
comportamentos, atitudes e aes, tais como: cuidado adaptativas podem lev-lo a um estado de alerta ou com
com a administrao de medicamentos, alimentao e sinais orgnicos mais acentuados por todo o corpo
preocupao com o bem-estar fsico e mental; estressado.5:59
acompanhar o dependente qumico para quase todos
os locais, vigi-lo e cuidar dele para que no entre em A mudana no estilo de vida tambm foi observada no
contato com a droga ou sofra agresses na rua, comportamento dos participantes do grupo quando,
principalmente de pessoas envolvidas com o trfico de por inmeras vezes, verbalizam a alterao no
drogas. comportamento pessoal, como supervisionar/vigiar o
dependente qumico, passando a evitar deix-lo
Mudanas de estilo de vida: Estou mais tranquila sozinho em grande parte do dia. Dizemos parte dos
porque ontem ele j no bebeu. Eu pude dormir a noite passos porque alguns dependentes qumicos,
toda e hoje de manh eu j estou mais recuperada. (Nara conscientes ou no de sua necessidade de apoio e
esposa) tratamento, no querem ou no conseguem deixar de
A codependncia expressa, tambm, por meio de consumir as drogas e ficam arranjando sempre uma
outras caractersticas como mudana no estilo de vida forma de fugir, esconder-se e buscar situaes que lhe
e o consequente aparecimento de respostas fsicas e permitam o uso, burlando a vigilncia e o controle
familiar.
emocionais, destacando-se: cefaleias, alterao de
presso arterial, alterao nos valores glicmicos, Esse comportamento do familiar e do usurio de drogas
insnia, alteraes de sono, ansiedade, nervosismo, choro enseja uma condio de instabilidade emocional no
fcil, cansao fsico e mental, distrbios alimentares. codependente e a ecloso de vrios sentimentos,
Foram relatados, tambm, comportamento letrgico, normalmente negativos e prejudiciais a si e ao outro,
deprimido e pensamento suicida, notadamente em destacando-se a ansiedade. A ansiedade caracteriza-se
alguns participantes no incio das atividades grupais. por uma vaga sensao de que algo desagradvel pode
acontecer, decorrendo de uma situao conflituosa que
Os sintomas ou respostas fsicas e emocionais
pode estar total ou parcialmente inconsciente.17
identificados interferem na qualidade de vida do
familiar e alteram suas condies de sade, levando-o Tais conflitos podem ocorrer entre sujeito e sociedade
a buscar ajuda mdica e a consequente medicao com ou mesmo entre partes da personalidade, como
uso indiscriminado de ansiolticos e antidepressivos, conflitos internos, em geral inconscientes, e gerados ao
provocando, muitas vezes, mais uma dependncia longo do desenvolvimento pela assimilao das
qumica. experincias de vida. Esses so nossos conflitos internos
e podemos ressaltar que os externos so mais
O codependente somatiza sua dor emocional
patognicos quanto mais intensificam os conflitos do
traduzindo-a em queixas e respostas somatoformes. Os
nosso mundo interno. 5,17 Dessa forma, situaes
sintomas e doenas psicossomticas, na viso
emocionalmente significativas e no resolvidas de um
psicanaltica, so achados que estabelecem correlaes
mundo internalizado podem ser estimuladas por
com ansiedade, conflito e defesas.5
situaes atuais.
Com suporte nessa afirmao, podemos dizer que os
Ansiedade, insegurana, comportamento obsessivo-
sentimentos experimentados pelo codependente,
compulsivo e medo podem estar entre os fatores
muitas vezes no expressos adequadamente, tm sua influentes na reincidncia de sintomas que caracterizam
expressividade em sintomas fsicos e/ou emocionais, a mudana no estilo de vida experimentado pelo
como observado nos participantes do grupo estudado. codependente. Essas mudanas no estilo de vida
Em sua grande preocupao com o outro e na impotncia demonstram os ltimos estdios da codependncia,
para efetivamente ajud-lo, o codependente tenta em que o indivduo pode se isolar e/ou se afastar
formas aparentemente inadequadas de se comunicar do dependente qumico, negligenciando-o,
com o dependente qumico, seja tentando controlar e independentemente do parentesco, ou eximindo-se de
impor sua vontade e verdade, seja simplesmente outras responsabilidades, perdendo, tambm, a
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