Uso Do Habeas Corpus Após Trânsito em Julgado
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Uso Do Habeas Corpus Após Trânsito em Julgado
BR
Braslia
2012
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1. Assunto. I. Ttulo
CDU 343.1
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Banca Examinadora
_________________________________________
Nome do Examinador
Titulao
Instituio a qual filiado
__________________________________________
Nome do Examinador
Titulao
Instituio a qual filiado
___________________________________________
Nome do Examinador
Titulao
Instituio a qual filiado
Nota: ______
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AGRADECIMENTO
RESUMO
ABSTRACT
The aim of this paper is to present a brief discussion about the use of habeas
corpus as a substitute appeal after final judgment of conviction based on the way
the matter is being considered by the Supreme Court and the Superior Court. To
this end, various jurisprudential positions were gathered to encourage debate about
the proposed theme, bringing up subsidies or legal grounds that serve as the
foundation for the recognition of the need for limiting the use of habeas corpus to
cases provided by law. For development work, the deductive method was used,
based on a qualitative study of analysis of the jurisprudence of the Supreme Court
and the Superior Court of Justice, through which it sought to demonstrate
understanding that these courts have on the use of habeas corpus in lieu of regular
resources and the need to restrict the use of this writ to legal hypotheses, so as not
to miss the logic of the current appeal system. Through the survey, in brief
summary, we obtained an understanding of the constitutional guarantees that
ensure the individual the possibility to require public authorities to respect the right
to instrumentalize. The habeas corpus as a remedy can cure illegality or abuse of
power committed against the right of locomotion must be used within their legal
limits of appropriateness, not to exceed the competence of other resources and
preserve thus the logic of the current appeal system..
ABREVIATURAS
Art. Artigo
Inc. Inciso
SIGLAS
STF Supremo Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justia
TRF Tribunal Regional Federal
STM Superior Tribunal Militar
TSE Tribunal Superior Eleitoral
CF Constituio Federal
CP Cdigo Penal
CPP Cdigo de Processo Penal
LEP Lei de Execuo Penal
SUMRIO
1 INTRODUO ....................................................................................................... 11
2 GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS ................................................. 15
2.1 CONCEITO DE GARANTIA: DISTINO ENTRE DIREITOS E GARANTIAS .... 15
2.2 INAFASTABILIDADE DA JURISDIO............................................................... 16
2.3 DIREITO DE AO E DE DEFESA ..................................................................... 17
2.4 DIREITO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL ........................................................ 19
2.5 DUPLO GRAU DE JURISDIO ......................................................................... 20
3 HABEAS CORPUS ................................................................................................ 22
3.1 EVOLUO HISTRICA NO BRASIL ................................................................. 22
3.2 NATUREZA JURDICA ........................................................................................ 27
3.3 ESPCIES........................................................................................................... 29
3.4 HIPTESES DE CABIMENTO ............................................................................ 29
3.5 COMPETNCIA CONSTITUCIONAL DO STF, STJ, TRIBUNAIS REGIONAIS
FEDERAIS E TRIBUNAIS DE JUSTIA .................................................................... 35
4 SENTENA............................................................................................................ 41
4.1 SENTENA CONDENATRIA ........................................................................... 43
4.2 NATUREZA JURDICA ........................................................................................ 44
4.3 CONTEDO ........................................................................................................ 46
4.4 EFEITOS DA SENTENA CONDENATRIA E A COISA JULGADA .................. 47
5 OS RECURSOS NA ESFERA CRIMINAL ............................................................. 51
5.1 APELAO ......................................................................................................... 54
5.1.1 Cabimento ........................................................................................................ 55
5.1.2 Efeitos .............................................................................................................. 57
5.1.3 Procedimento ................................................................................................... 58
5.2 AGRAVO EM EXECUO .................................................................................. 59
5.2.1 Cabimento ........................................................................................................ 60
5.2.2 Procedimento ................................................................................................... 60
5.3 REVISO CRIMINAL ........................................................................................... 62
5.3.1 Cabimento ........................................................................................................ 62
5.3.2 Procedimento ................................................................................................... 64
6 O USO DO HABEAS CORPUS COMO SUCEDNEO RECURSAL APS O
TRNSITO EM JULGADO DA CONDENAO ...................................................... 66
7 CONCLUSO ........................................................................................................ 74
REFERNCIAS ......................................................................................................... 79
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1 INTRODUO
O quarto captulo, por sua vez, trata de alguns recursos cabveis na esfera
criminal, tais como: a apelao, o agravo em execuo e a reviso criminal, os dois
ltimos, admissveis somente aps o trnsito em julgado da condenao.
Por fim, ressalte-se que o quinto captulo dispe sobre a parte mais
relevante do trabalho. Nesse captulo, adentra-se no eixo temtico idealizado pelo
presente estudo para responder seguinte questo: o excessivo uso de habeas
corpus em substituio a recursos ordinrios pode prejudicar a lgica do sistema
recursal vigente?
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Ressalta que a palavra lei, constante no art.5, inciso XXXV, deve ser
compreendida no sentido material e formal, precisamente para englobar todas as
pautas jurdicas de comportamento que, porventura, pretendam obstaculizar o
acesso Justia, e no, apenas, aquelas produzidas pelo Poder Legislativo.
tambm direito daquele contra quem se age, contra quem se prope a ao. Declara
o autor que dessa forma garante-se a plenitude de defesa, princpio incisivamente
assegurado no inciso LV do mesmo artigo. Tal inciso dispe que aos litigantes, em
processo judicial e administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o
contraditrio e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Quanto ampla defesa, Oliveira (2012, p. 44) afirma que esta caracteriza-
se como a exigncia de defesa efetiva, a qual realiza-se por meio de defesa tcnica,
da autodefesa e por qualquer meio de prova hbil a demonstrar a inocncia do
acusado. Acrescenta ainda que tal princpio a garantia que a parte tem de poder
impugnar no processo penal, sobretudo a defesa toda e qualquer alegao
contrria a seu interesse, sem, todavia, maiores indagaes acerca da concreta
efetividade com que se exerce aludida impugnao.
Para o doutrinador, esse importante princpio teria sido indicado pelo texto
constitucional, sem, contudo, ser taxativamente obrigatrio, pois a Constituio
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3 HABEAS CORPUS
Nesse sentido, Marques (1965 apud MOSSIN, 2008, p. 57) menciona que:
De acordo com Siqueira Jr. (2011, p. 343) a mais longnqua notcia que se
tem com referncia ao habeas corpus uma garantia semelhante no direito romano,
o interdictum de homine libero exhibendo, ou hominis libero exibiendo, ou ainda
interdictum de liberis exhibindis.
O interdito era a ordem que o pretor dava para apresentar o cidado livre
de qualquer constrangimento, com o intuito de verificar a legalidade da priso. Da
mesma forma que o habeas corpus o interdito do direito romano garantia o direito de
locomoo.
Siqueira Jr. (2011, p. 346) comenta que no Brasil o habeas corpus foi
previsto no Cdigo de Processo Criminal de 1832, o qual dispunha no art. 340 que:
Todo cidado que entender, que elle ou outrem soffre uma priso ou
constrangimento illegal, em sua liberdade, tem direito de pedir uma ordem de
Habeas Corpus em seu favor. Segundo o autor, o citado writ teria cabimento
quando a pessoa j estivesse presa, ou seja, quando j estivesse concretizada a
violncia ou a coao ao direito de locomoo, configurando a modalidade de
habeas corpus liberatrio.
Por este Decreto ordeno, que desde a sua data em diante nenhuma pessoa
livre no Brasil possa jamais ser presa sem ordem por escrito do Juiz, ou
Magistrado Criminal do territrio, exceto somente o caso de flagrante delito,
em que qualquer do Povo deve prender o deliquente. Ordeno em segundo
lugar, que nenhum Juiz ou Magistrado Criminal possa expedir ordem de
priso sem proceder culpa formada por inquirio sumria de trs
testemunhas, duas das quais jurem contestes assim o fato, que em Lei
expressa seja declarado culposo, como a designao individual do culpado;
escrevendo sempre a sentena interlocutria que o obrigue priso e
livramento, a qual se guardar em segredo at que possa verificar-se a
priso do que assim tiver sido pronunciado delinqente [...].
Siqueira Jr. (2011, p. 347) afirma que foi com o advento da Constituio
de 1891 que o instituto do habeas corpus passou pela primeira vez a integrar o texto
constitucional. As Constituies seguintes, de 1934, de 1946 e de 1967 trataram de
forma expressa do instituto, bem como a Emenda Constitucional de 1969.
O referido autor aduz que essa orientao foi seguida pelo Supremo
Tribunal Federal, o qual por volta de 1909 firmou jurisprudncia no sentido de que
deveria conceder-se habeas corpus para o restabelecimento de qualquer direito que
tivesse como pressuposto a liberdade de locomoo. Tal entendimento s foi
alterado, restringindo-se o uso do habeas corpus, com a criao em 1934 do
mandado de segurana.
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Para Arajo e Nunes Jnior (2010, p. 225) o habeas corpus tem natureza
de ao constitucional, caracterizando-se como um meio de acesso especial ao
Poder Judicirio, que visa garantir a celeridade necessria defesa contra formas
ilegais de constrangimento do direito de locomoo.
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3.3 ESPCIES
Dispe o referido autor que o habeas corpus pode ser de dois tipos:
preventivo ou repressivo, tambm chamado de liberatrio.
Dessa forma, o habeas corpus deve ser negado por falta de adequao
quando for impetrado com o objetivo de remediar situaes de ilegalidade contra
outros direitos, mesmo aqueles que tm na liberdade de locomoo condio de seu
exerccio. Nesse sentido Grinover; Gomes Filho e Fernandes (2011, p.277):
Assim, deve ser negado o interesse de agir, por falta da adequao, sempre
que se pedir o habeas corpus para remediar situaes de ilegalidade contra
outros direitos, mesmo aqueles que tm na liberdade de locomoo
condio de seu exerccio, como, v.g., o direito de freqentar templo
religioso, de ingressar em determinados locais etc. Para tais, hipteses,
adequado, em tese, o mandado de segurana, previsto na Constituio
justamente para a proteo de direito lquido e certo, no amparado por
habeas corpus ou habeas data (art. 5, LXIX).
Quanto ao objeto do habeas corpus Siqueira Jr. (2011, p. 358) dispe que
da conjugao do texto constitucional e infraconstitucional conclui-se, claramente,
que o objeto imediato do pedido de habeas corpus a tutela jurisdicional da
liberdade de locomoo, liberdade de ir e vir. O objeto mediato, por sua vez, a
liberdade corprea, o direito de locomoo que foi posto em perigo ou lesado por
coao ilegal ou abuso de poder.
O art. 648 do CPP trata a respeito das espcies de coao ilegal que do
ensejo ao habeas corpus, tais hipteses permitem o uso do mencionado writ para
fazer cessar a coao ou sua ameaa, e restabelecer a liberdade de locomoo ao
paciente.
A primeira das hipteses trata da coao por falta de justa causa (art. 648,
inciso I, do CPP), a qual impe a demonstrao da ausncia de fundamento legal
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para a coao. Acerca de tal espcie menciona Mossin (2008, p. 98) que se deve
entender como justa a causa legtima, aquela que possui um motivo ou razo de
existir. Assim, haver justa causa quando o motivo ou a razo que determinou a
coao tiver amparo legal. Logo, se a razo do constrangimento legtima, este no
ser ilegal. Ao contrrio, o cerceamento ou ameaa ao direito de locomoo ser
ilegal ou contra legem quando no encontrar justificativa ou fundamento na ordem
jurdica.
em liberdade, pois, do contrrio, a coao torna-se ilegal, por no mais existir razo
para a priso ser mantida.
Busana (2009, p.123) menciona que extinta a punibilidade por uma das
causas prevista em lei (artigos, 107, incisos I a IX, 121, 5, 129, 8, 312, 3,
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O referido autor chama ateno ainda para o que dispe a Smula 691, a
qual determina que: No compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de
habeas corpus impetrado contra deciso do relator que, em habeas corpus
requerido a tribunal superior, indefere a liminar. Ou seja, no caberia ao Supremo
conhecer de habeas corpus impetrado contra deciso de relator que indefere a
liminar requerida.
Siqueira Jr. (2011, p.378) ressalta que compete aos Tribunais de Justia
dos Estados, conforme a Constituio respectiva e normas de organizao judiciria,
processar e julgar, originariamente, o habeas corpus quando o coator ou o paciente
for autoridade sujeita sua jurisdio e, nos processos, quando o recurso for de sua
competncia.
Quanto ao juiz federal de acordo com o disposto no art. 109, inciso VII, da
Constituio da Repblica, a este competir o processo e julgamento de habeas
corpus em matria criminal de sua competncia ou quando o constrangimento
provier de autoridade cujos atos no estejam diretamente sujeitos a outra jurisdio.
No primeiro caso ser cabvel recurso ordinrio para o STF das decises
denegatrias da ordem de habeas corpus decididas em nica ou ltima instncia
pelos tribunais superiores (art. 102, inciso II, alnea a, da CF).
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Vale ressaltar, a teor do que dispe o art. 574, inciso I, do CPP, que da
deciso que concede a ordem de habeas corpus cabe duplo recurso: o recurso de
ofcio, nos termos do artigo supracitado, com o objetivo de assegurar o controle de
legalidade da concesso do habeas corpus e o recurso voluntrio.
Nesse sentido, ressalta Tourinho Filho (2012, p. 971) que tanto o STJ
quanto o STF tem permitido a substituio do recurso ordinrio pelo habeas corpus,
e acrescenta que, s vezes, a parte, alm de interpor o recurso ordinrio, impetra
tambm o habeas corpus diretamente ao STJ ou ao STF. Nesse caso, se o writ for
deferido, o recurso fica prejudicado.
4 SENTENA
pelo menos, da mais justa. Nesse sentido, confira-se trecho transcrito abaixo, in
verbis:
Por sua vez, Tourinho Filho (2012, p.853) menciona que a sentena
formada por dois elementos bsicos: um juzo lgico, que consiste na operao
mental do Juiz, e uma declarao de vontade. O primeiro elemento resultado de
um trabalho eminentemente intelectual, onde o juiz, ante as provas, reconstri o fato
sub judice para concluir pela procedncia ou improcedncia do pedido. Em seguida,
vem o segundo elemento, a deciso propriamente dita, a parte dispositiva ou
conclusiva da sentena, em que o magistrado faz atuar a vontade da lei naquele
caso concreto.
4.3 CONTEDO
Ishida (2009, p. 244) dispe quanto fixao da pena que esta deve ser
feita de acordo com o sistema trifsico, o qual prev que a dosimetria da pena seja
realizada em trs fases, quais sejam: fixao da pena-base, aplicao das
atenuantes e agravantes cabveis e determinao das causas de aumento e
diminuio incidentes no caso (art. 68 do CP).
Ishida (2009, p. 244) dispe que primeiro existe a fixao da pena base
(arts. 59 e 60 do CP), a qual deve realizar-se de modo justificado e dentro dos limites
legais. Aps isso, h a identificao das agravantes e atenuantes aplicveis ao caso
(arts. 61 a 66 do CP). O juiz aumenta ou diminui a pena em quantidade que fica ao
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Por sua vez, Tourinho Filho (2012, p.862) divide os efeitos da sentena
penal em principais e secundrios ou reflexos. Para o autor o efeito principal de
natureza penal aquele previsto no art. 387, inciso III, primeira parte do CPP: a
aplicao da pena seja ela privativa de liberdade, restritiva de direitos, ou exclusiva
de multa. Como efeito civil principal h a fixao de valor mnimo para a reparao
dos danos causados pela infrao, considerando os prejuzos sofridos pelo ofendido
(alterao introduzida pela Lei n 11.719/08). Os secundrios so de duas ordens:
civil e penal. Efeitos secundrios civis, dentre outros, so: tornar certa a obrigao
de reparar o dano (art. 91, inciso I, do CP, e art. 63 do CPP), permitir ao doador
pleitear a revogao da liberalidade, nos termos do art. 557 do Cdigo Civil.
Por sua vez, o autor denomina coisa julgada material ao fenmeno que
imprime imutabilidade ao contedo da sentena. Por fora da coisa julgada formal, a
sentena torna-se imutvel como ato processual, e em conseqncia da coisa
julgada material ou substancial, ela torna-se inaltervel quanto ao contedo do ato,
pois o comando nele inserido se torna definitivo, adquirindo fora de lei entre as
partes. Conforme ressalta o autor, a coisa julgada formal pressuposto indeclinvel
da coisa julgada material.
Quanto aos limites subjetivos o referido autor menciona que desde que a
sentena transite em julgado seus efeitos adquirem a qualidade da imutabilidade
apenas entre as partes. Portanto, trata-se de efeito interpartes, pois a deciso vale
apenas entre elas.
Por fim, cumpre destacar interessante observao feita por Rangel acerca
do caso julgado na ao de habeas corpus (2012, p.264-265):
grau daquele da necessria reviso dos atos estatais, como forma de controle da
legalidade e da justia das decises de todos os rgos do Poder Pblico.
Por sua vez, Tourinho Filho (2010, p. 390) menciona que a palavra
recurso, em seu sentido estrito, significa o meio jurdico-processual pelo qual se
provoca o reexame de uma deciso. Conforme o autor, de regra, esse reexame
realizado por um rgo jurisdicional superior. A parte vencida, por meio do recurso,
pede a anulao ou reforma total ou parcial da deciso.
Por fim, importa ressaltar conforme Alves (2010, p. 495) que nem sempre
a interposio de um recurso pressupe a duplicidade de instncias, pois h casos
em que o pedido recursal analisado pelo prprio juiz a quo, como ocorre nos
embargos de declarao.
5.1 APELAO
Por sua vez, Nucci (2012, p. 882) menciona que a apelao o recurso
utilizado contra decises definitivas, que julgam extinto o processo, apreciando ou
no o mrito, devolvendo ao tribunal amplo conhecimento da matria. O autor
ressalta, contudo, que segundo o Cdigo de Processo Penal a apelao o recurso
cabvel contra as sentenas definitivas, de condenao ou de absolvio, e contra
as decises definitivas ou com fora de definitivas, no abrangidas pelo recurso em
sentido estrito.
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5.1.1 Cabimento
O art. 593 do CPP fornece o rol das hipteses que admitem a interposio
de apelao, que deve ser feita no prazo de cinco dias.
Com referncia segunda hiptese prevista no art. 593, inciso II, do CPP,
Oliveira (2012, p. 881) dispe que as decises com fora de definitivas so aquelas
que encerram o processo ou o procedimento com o julgamento do mrito, mas com
56
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Nesse mesmo sentido Nucci (2012, p.884) assevera que a apelao deve
ser usada como recurso residual, quando no se tratar de despachos de mero
expediente, que no admitem recurso algum, nem for o caso de interposio de
recurso em sentido estrito, desde que importe em alguma deciso com fora de
definitiva, que encerre algum tipo de controvrsia.
Por fim, com referncia ltima hiptese prevista no art. 593, inciso III, do
CPP, Feitosa (2010, p. 1114) dispe que a apelao das decises do tribunal do jri
tem carter restritivo, uma vez que deve estar fundada numa das estritas hipteses
do art. 593, inciso III, do CPP.
Ainda sobre o tema Tourinho Filho (2010, p. 452) discorre que ao interpor
o recurso deve o recorrente explicitar a alnea ou alneas (a, b, c, ou d do inciso III,
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do art. 593) em que se fundamenta o apelo, uma vez que o mencionado recurso tem
sua motivao vinculada s hipteses previstas no referido inciso.
5.1.2 Efeitos
anlise mais acurada, uma vez que com a revogao do art. 594 do CPP e do
acrscimo do pargrafo nico ao art. 387 do mesmo diploma legal, atualmente, se o
ru for condenado, a execuo se dar somente aps o trnsito em julgado, nada
obstando possa o Juiz decretar-lhe a priso preventiva, se presentes os requisitos
da referida priso.
5.1.3 Procedimento
Nucci (2012, p. 891) dispe que a apelao deve ser interposta no prazo
de cinco dias a contar da data de intimao da deciso. O autor ressalta que h
possibilidade de desero, quando no houver o pagamento das custas (art. 806,
2) e das despesas de traslado (art. 601, 2).
Nicolitt (2010, p. 523) tomando por base o que prev os arts. 600 a 603
faz um resumo do procedimento seguido no recurso de apelao.
Nicolitt (p. 523) acrescenta ainda que poder o apelante optar pelo rito do
art. 600, 4, do CPP, qual seja, oferecer as razes perante o rgo ad quem. Neste
caso dever manifestar a sua opo quando da interposio do recurso, sob pena
de precluso. Adotando este rito, o juiz a quo faz o juzo de admissibilidade e, se
positivo, encaminha diretamente os autos ao rgo ad quem, sem necessidade de
abertura de prazo para as razes.
Conforme dispe Marco (2011, p. 374) das decises proferidas pelo juiz
no processo de execuo cabe recurso de agravo, sem efeito suspensivo, exceto no
caso de deciso que determina a desinternao ou liberao de quem cumpre
medida de segurana (art. 179 da LEP), quando, ento, tal recurso se processar
com duplo efeito (devolutivo e suspensivo).
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5.2.1 Cabimento
Por sua vez, Nucci (2012, p. 879) dispe que o agravo em execuo o
recurso que deve ser utilizado para impugnar toda deciso proferida pelo juiz da
execuo criminal, que prejudique direito das partes principais envolvidas no
processo.
Marco (2011, p. 377) ressalta que dentre outras hipteses, ataca-se por
meio de agravo em execuo a deciso que: extingue pena privativa de liberdade;
negue ou conceda progresso de regime prisional, indefira pedido de unificao de
penas e de livramento condicional.
5.2.2 Procedimento
Como exemplo, vale mencionar Tourinho Filho (2010, p. 614), para quem
no h dvida de que o rito do agravo previsto no art. 197 da LEP o do agravo de
instrumento do art. 522 do Cdigo de Processo Civil. Assim, o recurso deveria ser
interposto no prazo de dez dias. Compartilham da mesma ideia autores como Ada
Pellegrini Grinover, Antnio Magalhes Gomes Filho e Antnio Scarance Fernandes.
5.3.1 Cabimento
Conforme dispe o art. 621, inciso I: a reviso dos processos findos ser
admitida quando a sentena condenatria for contrria ao texto expresso da lei
penal ou evidncia dos autos.
Bonfim (2012, p. 911) acrescenta que a expresso lei penal deve ser
entendida de forma ampla, abrangendo as normas tanto de direito penal quanto de
direito processual penal, sem olvidar a legislao especial e a Constituio Federal.
Ainda sobre esta hiptese, Avena (2012, p. 1274) acrescenta que outro
aspecto importante a considerar o de que a procedncia da reviso sob o
fundamento da prova nova condiciona-se a que esta seja capaz de produzir um juzo
de certeza irrefutvel no rgo julgador da ao. Pois, se surgirem dvidas em
relao aos novos elementos trazidos apreciao do Poder Judicirio, elas no
podero ser interpretadas em favor do ru, e sim em prol da sociedade (in dubio pro
societate), mantendo-se, neste caso, a condenao transitada em julgado.
5.3.2 Procedimento
Neste captulo ser tratado o tema objeto deste trabalho, o qual procura
analisar a luz da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal
de Justia o uso do habeas corpus como substituto recursal depois do trnsito em
julgado da condenao e a necessidade de limitao deste remdio constitucional
s suas hipteses legais de previso.
7 CONCLUSO
Federal, dos Tribunais de Justia e dos Juzes de primeiro grau para o julgamento
da ao de habeas corpus. Na oportunidade analisou-se ainda as hipteses de
impetrao para o trancamento do inqurito policial e da ao penal.
Por ter como objetivo resguardar a liberdade de ir, vir e ficar do cidado, a
ordem pode ser impetrada por qualquer pessoa, no havendo necessidade de
capacidade postulatria para tal.
Alis, a Lei Processual Penal torna tal remdio menos burocrtico do que
qualquer outra ao ou recurso.
O art. 648 do CPP elenca alguns casos em que pode ser utilizado o
mandamus em questo. Um deles quando faltar justa causa para a coao (art.
648, I, do CPP). ilegal o cerceamento ou ameaa ao direito de locomoo quando
este no encontrar justificativa ou fundamento na ordem jurdica. Portanto, se a
causa da priso no legtima, no possuindo motivo ou razo de existir, deve ser
impetrado habeas corpus para sanar a ilegalidade.
Tal fato torna-se relevante, quando se verifica que grande parte dos
habeas corpus so impetrados em substituio reviso criminal, recurso que seria
cabvel para impugnar deciso j transitada em julgado.
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