O Brasil Holandês
O Brasil Holandês
O Brasil Holandês
O BRASIL HOLANDES
SOB
~ ,
O CONDE ]AO MAURICIO DE NASSAU
MINISTRIO DA EDUCAO
,-
GASPAR BARLEU
/ ,
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H 1ST O R 1 A
do~ feitos recentemente praticados
durante oito anos no
BRASIL
e noutras partes
sob o govrno do ilustrssimo
RIO DE JANEIRO
Servio Grfico do M I N 1ST R I O D A EDU C A O
MCMXL
(
~~~~~.rJ S lauris que, na parte superior, encer-
e
ram no centro os lees, (1) quiseram
assim aludir ao seu titular.
Fulge, de um lado, a coroa mural,
'~~1ZW.'S~~iA que se confere em recompensa das portas
entradas j do outro, adorna, por cima, os espores dos
navios o prmio com que se honram as vitrias navais.
A virgem pernambucana mira os seus olhinhos,
e, graciosa, ergue a miJo, a qual segura uma cana.
Prxima, a fecunda Itamarac exibe os seus nec-
trios racimos e os magnificos dons do prprio solo.
Junto a ela, a Paraba pe nas frmas o dul-
cssimo acar e o torna grato aos povos.
O avestruz, errante habitador do Rio Grande,
foge correndo, e falsamente imagina que se lhe d de
comer.
Destarte se ufana o Nvo Mundo com os brases
batavos, e, sob o govrno. de Maurcio, florece-Ihe a
gleba feraz. As gentes que a terra distingue defende-
as um s Chefe. E a Nau de Marte sulca as guas
ocidentais,fazendo conhecidos os seus mercantes e os se-
nhores do mar.
Em frente pasma-se o Sol ante as armas, ainda
que violentas.
'Tu, Sergipe, pes em ~(ace de tuas moradas as
Ilamas de Febo, e szinho queres ser chamado de el Rei.
7 eus so, Iguarass, os caranguejos.
A ti, Prto Calvo, aprazem os cimos: al
ests sobranceiro, tu, que deves ser temido daquelas
cumeadas.
O gnero escamgero mergulha-se nas rdias das
A lagoas. (2)
Contra Serinham relincha o belicoso corcel.
Crava a ancora na areia os dentes entravados e
quer se nos deem al reinos diuturnos.
A bssola aponta o Ocidente, mas no olha para
o Levante. Por qu? Porque reina cada um em pla-
gas distintas.
A fama, que vs soprar os clarins e as tubas,
mostra no o esfro, mas o ar de quem apregoa to
grandes cousas.
G. BARLU
AO MUITO ILUSTRE
CONDE
JOO MAURCIO
DE NASSAU,
EX-GOVERNADOR SUPREMO
A
GASPAR BARLEU
SERIES TABULARUM
Quibus quae que loeis inferi debeat
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Y'1!- Jffe. ftuum- J+, ilt:r"x ~Jiit-,
~ .t1zh./4 atm. IJuu putlL knuu. C, .73d1"ku
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I
HISTORIA
DOS
FEITOS PRATICADOS
NO
B R A s I L,
durante oito anos, sob o govrno do Ilustrssimo Conde
POR
"
GASPAR BARLEU
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..)~' ~ ESDE que o espanhol se tornou inimigo nosso e Guerra holan-
. ,.. desa
os Estados GeralS das Provlnclas UnIdas se in-
surgiram contra os Felipes, com fortuna vria
tem-se batalhado, animosa e diuturnamente, na
terra e no mar, dentro da Ptria e fora dela,
sob o comando de mais de um general, entre a
esperana da liberdade e os riscos da servido.
A cau s desta guerra, expostas por tantos autores (1), so Causas
assaz conhecidas, diferindo nuns e noutros, segundo as suas sim-
patias partidria~. O nimo apaixonado dos homens leva-os a cul-
par das calamidades pblicas aqueles a quem odeiam, julgando
idnticos os princpios e as causas da guerra. Muitos, por ignorarem
o poderio dos Pases-Baixos, consolidado por privilgios reais (2),
emitem juzos pouco justos. Ao rei no faltaram pretextos para
atacar a mo armada a Repblica, tomando m parte, sob colar
de rebelio, os fatos ocorridos. Aos neerlandeses no faltaram ra-
zes e coragem para repelir as hostilidades, de dio contra os do-
minadores e vingando a liberdade, pois, ofendida esta, se tornam
agastadios e valentes.
A
2 o BRASIL HOLAND~S SOB
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 5
sempre mais aItos os preos das mercadorias vindas de longe; que,
estabelecido o comrcio com o Oriente, seria de proveito ir-se ter
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as terras Inimigas; que) com a nossa navegaao, se arruinaria a opu-
lncia do rei da Espanha; que, ocupado le em outros lugares, fica-
ria mais quieto no seu reino e, assim, o bom nome do povo holan-
ds se espalharia amplamente entre os estrangeiros, e o do rei seria
verberado.
Dos exemplos alheios tinham aprendido os holandeses a
descobrir mundos novos com o auxlio das naus e a levar a povos
distantes e vivendo sob outros cus a religio, as riquezas, as leis,
os bons costumes e a polcia.
A liberdade comercial foi sempre o baluarte de uma gran-
de potncia. Com ela cresceram os trios, os cartagineses, os per-
sas) os rabes, os gregos e os romanos. Por isso, os nossos navios
mercantes, comboiados pelas nossas armadas, navegaram primeiro
para o Oriente, depois para o Ocidente, fundando fora da Europa,
como que dois imprios, sustentados por duas companhias. O ho- ausas justas e
" tentou no Oceano d errotas tanto mais
Iand es . extensas quanto maIs . equitativas.
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 15
dade se lhe daria crdito. Tal tambm a seguinte lenda muito
agradvel aos espanhis: - que numa provncia do Chile, chamada
Cauten, h uma cidade de nome Imperola, assim designada por
se encontrarem, em quasi tdas as suas casas e portas, guias bic-
pites, quais ainda se vem nos estandartes do Imprio Romano.
Sem dvida, fato assim notvel no o envolveriam no silncio quan-
tos escritores narraram com diligncia os fastos de Augusto e dos
Romanos; nem Tcito, ilustre senador e cnsul da repblica roma-
na, teria julgado extraordinrio haverem os Uspios (23) costeado
a Britnia, se realmente j se houvesse chegado Amrica. De-
mais, no teria le chamado Britnia e ao Mar Glacial os confins
da terra e o trmino da natureza: "ILLUC USQUE ET FAMA
VERA, TANTUM NATURA" (24).
No merece maior f o que traz Amiano (25): verem-se es- L. 17.
culpidas nos obeliscos egpcios aves e feras e muitas espcies de ani-
mais pertencentes a um outro mundo. Foi-lhe fcil designar com o
nome de outro mundo os africanos transmarinos, os europeus ou
os mais longnquos indianos. Deve-se tambm negar crdito a Arias
Montano (26), autor noutros pontos criterioso e srio. le diz que
a frota de Salomo navegou de Heziongaber para a Amrica e que
a demora trienal da navegao, a variedade das mercadorias e a
posio de alguns lugares e das ilhas interjacentes conveem si-
tuao daquele continente. Entretanto, os conhecedores da arte
nutica no podem compreender como teria sido possvel atraves-
sar os imensos espacos ocenicos, sujeitos a fluxos e refluxos, sem
o emprgo da bssola. As mercadorias a que se refere o escritor sa-
cro poderiam ter sido buscadas urea Quersoneso, hoje Malaca,
ou costa austral da Africa.
E' conjectura frgil identificar-se Parvaim (27), de que fala
a Bblia, com o Per ou a Nova Espanha. Se uma comunidade de
letras tem importncia em to grave assunto, prefiro acreditar que
Salomo foi ter Africa, seguindo-lhe o litoral, pois as palavras
Ofir e Afer divergem menos do que Per e Parvaim. Isto, porm,
me est cheirando a controvrsia de gramticos.
A descrio de Aristteles a respeito da ilha descoberta pe- 1ist.} De admi-
.
1OS cartagIneses a 1'em d as Co1unas d e Hercu
' Ies, a qua I tln
. h a rIOs
. ran L c.8
crel~ II~ v.De
navegveis e selvas e dal distava alguns dias de derrota (28), pa-
rece quadrar mais Britnia e s Canrias que Amrica.
No
16 o BRASIL HOLANDtS SOB
ra. Como primeiro e oportunssimo despjo, caram-lhe nas mos Toma-se a frota
. d d . da Nova Espa-
dIVerSaS naus grossas, carrega as e ouro) prata e precIosas merca- nha prximo ao
dorias da Nova Espanha. Ofereciam-lhe os fados a opima tomadia, prtozas.
de Matan-
de, para no ser tachado de inverdico por dio iguaL Quem pre-
tender versar ste mesmo assunto para granjear renome literrio e
fama de talento, ostente a sua eloqncia. A mim bastar uma nar-
rao singela inspirada na realidade dos fatos. Escrevem-se mais
7
Portugal.
A regio amenssima e salubrrima pela brandura do cli-
ma, e disto indcio a longa vida dos naturais} a qual atinge s ve-
zes cem anos. Nem o frio, nem o calor so excessivos. H extensos
perodos de sca e de chuva. Mal se distinguem das noites os cre-
psculos, e do dia os dilculos; porque o nascer e o pr do sol so
mais verticais do que entre ns. O inverno comea em maro e aca-
ba em agsto. As noites, quasi iguais aos dias, conhecem, de uma
a outra estao, apenas a diferena de uma hora. A temperatura
hibernal assemelha-se estival nossa.
Os habitantes so antecos dos espanhis, mouros e etopes,
e periecos dos africanos mais orientais e dos javaneses, e antpodas
dos povos da urea Quersoneso.
Conquanto sujeita a nevoeiros, a terra recreada com os
bafejos placidssimos dos ventos mareiros; que dissipam os vapores
e nvoas matutinas, fazendo brilhar um sol lmpido e esplendoro-
so. Durante o inverno, sopram os ventos do sul e do sueste, e du-
rante o vero cursam o nornordeste e o lesnordeste. E' a regio nu-
mas partes vestida de matas, noutras plana e tapizada de pasta-
gens e noutras ergue-se em colinas. Chuvas freqentes regam-lhe
a gleba feraz e sempre verdejante. Por isso mais para admirar
que, sendo-lhe to fecundos os campos e to salubre o clima, tenha
a sua gente carter cruel e fero, A principal riqueza '0 acar e o
pau
24 o BRASIL HOLANDtS SOB
nhor.
28 o BRASIL HOLANDS SOB
c A p I T A N I A D
~.
E
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 31
depois em doze, que levariam 2.700 soldados. Para evitar uma de-
longa prejudicial, companheira das grandes emprsas, Nassau, j
disposto para os trabalhos e as. fadigas, resolveu partir numa esqua-
dra ainda desapercebida; como acontece de ordinrio em tais cir-
cunstncias, e com soldados mal aprestados, com os quais ia passar
Amrica, em quatro navios smente. No outono do ano da graa Partida pa7'a o
d e 1636, zarpou e"1e d o porto
" de T Iol
exe, com .
peno assentimento e B7'as~1
OUTUBRO
em 25 DE
a mais firme esperana de tdas as classes sociais. O navio que con- DE 1636.
duziu
A
tendo
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 35
tendo tido conhecimento de se achar o Conde Joo Maurcio em
prto ingls, ordena ao governador daquela cidade e nobreza dos
arredores cumprissem para com Nassau todos os deveres de corte-
sia e providenciassem todo o necessrio aos reparos de sua frota.
Tudo foi ministrado com abundncia e boa vontade.
Tenha embora quasi desaparecido em nossa gente a cren- Pressgios.
a em augrios e portentos, e no cuidem os mais sensatos que
Deus se envolva fcilmente nos casos fortuitos, notou-se, todavia,
duplo pressgio no totalmente desprezvel. O primeiro um peixe
que saltou do mar no convs;, quando se passava perto de Dunker-
que. Chamam-lhe "badejo grande" para distingu-Io do menor de-
nominado "pescada". O segundo foram cinco perdizes vindas das
costas da Inglaterra, as quais entraram na Zutphen onde ia o Con-
de e na Pernambuco, servindo de prazer e presa espontnea para
os marujos. Segundo a conjectura risonha dos pressagiadores, acre-
ditou-se que sses prenncios prometiam a obedincia e o pavor do
mar e da terra. Talvez queira a bondade divina, tocada pela aflio
dos prncipes~ revelar ainda mesmo com stes meios e com as apa-
rncias dos fatos os sucessos futuros. Tais foram outrora a serpen-
te no rio Bragada; quando Rgulo batalhava na frica; a apario
salvadora duma guia ao rei Dejtaro; trs corvos crocitando pa-
ra Graco; um lbo, que nas Glias tirou da bainha a espada de uma
sentinela; e outros infinitos, aos quais si a credulidade supersti-
ciosa atribuir a glria ou a ignomnia, a salvao ou a runa dos va-
res de grande celebridade, segundo foram favorveis ou infelizes
os fatos acontecidos.
Transcorrem quarenta dias sem mono para a travessia. Chega s nhas
do Cabo Verde.
Entretanto continha o Conde os tripulantes nos navios, atento
em no deixar fugir o momento oportuno para a partida. Enfim,
amansadas as procelas, com feliz navegao - chegou s ilhas do
Cabo Verde.
O Cabo Verde, clebre entre os promontrios africanos, Descrio das
nhas do Cabo
coberto de verdejante arvoredo, donde procede o seu nome. Crem Verde.
muitos ser le o cabo Arsinrio de Ptolomeu. Segundo Oliveira, o
princpio da Etipia, e se estende, por mais de cem lguas, at o ca-
bo da Serra Leoa, chamando-se todo sse territrio Capitania do
Cabo Verde. E' limitado de uma banda pelo rio Gmbia, e da outra
pelo Senegal, ambos conhecidos pelo trfico dos nossos. H a con-
tendas
36 '0 BRASIL HOLANDtS SOB
Ilhu de Maio "Ilhu de Maio". Conhecida por suas salinas, costuma ser freqen-
tada pelos espanhis. Tem escassa populao, a no serem por aca-
so alguns negros fugidos ou alguns degredados portugueses, cuja
Demora-se no morte al insignificante dano. Detendo-se nesta seis dias para fa-
Ilhu de Maio
para fazer zer aguada, logo chegou Nassau famosa linha do mundo, que di-
aguada.
Passa a linha vide o cu e a durao dos dias e das noites em duas metades. A,
equatorial. a uma distncia igual dos trminos do Universo, mostrou-se o va-
lor dos Nassaus aos dois hemisfrios para equilbrio de seu grande
lustre e das suas faanhas em tda a parte feitas ou por fazer.
Chega ao Brasil Aps uma derrota longa, realizada em breve espao, quan-
;toDffE ~~:;~I- do j entrara o inverno para a Holanda, aportou ao Brasil, em Per-
nambuco, alegre de ter compensado os contratempos do mar por
uma viagem prspera. Com le arribou tambm Adriano van der
Dussen, a quem o Conde renira a si perto da Ilha da Madeira. Trs
dias aps, chegaram Mateus Ceulen e Carpentier, os quais., por se-
rem conduzidos numa nau aberta, tiveram de se demorar algum
tempo
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 37
tempo na baa de S. Vicente (52) para os reparos dela. Depois ds-
tes, veio Gisselingh, muito maltratado pelos temporais martimos.
Eram todos membros do futuro Conselho Secreto e esteios do go-
vrno. A travessia, feliz pela brevidade do tempo, levou Nassau a
seu destino numa quadra do ano idnea para executar le os seus
planos. Sua chegada~ com efeito, caiu em meses prprios para a
guerra e as campanhas. Pelo sbito do desembarque, no tiveram
tempo os portugueses nem os governadores da Baa de Todos os
Santos de enviar socorros contra o Conde e de intentar contra le
qualquer movimento hostil.
Ao saltar em terra, receberam-no as pessoas gradas do lu- EJ recebido pelos
. h I seus.
gar e o povo, e no semblante, nas omenagens, nas pa avras, ates-
tavam-lhe o seu acatamento, captando-lhe os mais as boas graas,
como acontece de regra com os governos novos. Com alegria igual
modstia, recebeu le, como testemunhos de comum benevoln-
cia, estas sadaes dos circunstantes e dos que al concorriam. Em
seguida, exibindo, na renio do Conselho, as patentes a le entre-
gues pelos .Estados Gerais, pelo Prncipe de Orange e pelos dire-
tores da Companhia para assumir o comando supremo e o govr-
no, quis aquele habilssimo general fsse o seu primeiro cuidado
conhecer quantos soldados holandeses e aliados se achavam em ar-
mas e nas guarnies, julgando prudente preparar a guerra antes
de faz-la e medir as prprias fras para no se tentar uma faa-
nha sem resultado, e para uma audcia precipitada no diminuir o
bom nome do govrno iniciado. Sabe-se em verdade que as tropas
aparelhadas sustentam melhor as guerras do que as levas violentas
e tumulturias.
Todo o contingente militar foi distribudo em dois corpos, O pri?neiro cui-
um destinado s guarnices) outro s campanhas. Ficaram nas
~
sdaAduo d? f!AfS-
e ~n or-
guarnies 2.600 homens, que se repartiram pelas pracas de Recife mar-s.e,d? estado
~ , da m~l~cw.
do Rio dos Afogados, do Cabo de Sto. Agostinho, de Itamarac e da Guarnies di-
Paral'b a., O corpo reservad o para campanh a f 01
dlVldd
1 o em duas
trbudas. para
Reservadas
a
tropas: a maior, para atacar o inimigo, com 2.900 homens, a me- B gUt~r'Jat
as ~?nen os.
nor, de infantaria ligeira. com 600. ~stes surpreenderiam e estor-
variam o inimigo noutras partes e espreitariam as ocasies. Depois
providenciou Nassau vitualhas e transportes, imitando nisto a pre-
vidncia dos romanos, Informou-se minuciosamente da proviso de
po, biscoito, toucinho, legumes carnes, queijo e vinho existente nos
J
.
naVIOS
38 o BRASIL HOLANDS SOB
navios e armazns, pois sem isto a soldadesca se torna agastadi-
Armamentos. a e indisciplinada. Comeou tambm a recensear os armamentos,
arrolando as armas brancas e as de fogo) a artilharia; os arcabu-
zes) os mosquetes) as espingardas, etc., a plvora, as naus e petre-
chos nuticos nas costas e nos portos. Encontrei notada a es-
cassez de morres; lanando-se a culpa disto aos administradores
europeus da companhia. Mas a necessidade, valendo-se do enge-
nho, por uma nova arte, fabricou morres/ servindo-se de casca de
arvores. No eram, porm, de boa qualidade, porque se apaga-
vam logo. Houve tambm, para dizer verdade, tal carestia de man-
timentos que, depois de se abastecerem os acampamentos para
dois meses, distribuindo-se aos soldados rao assaz estreita e
fraca, ainda assim mal sobrou com que alimentar as guarnies, as
quais tiveram de viver parcamente e com fraude do apetite. Da
queixas e murmuraes dos soldados jejunos, as quais dificilmen-
te se aquietaram com as palavras brandas e as promessas liberais
dos comandantes. Porquanto os soldados holandeses, habituados
a comer saciedade~ no toleram os jejuns que fcilmente su-
portam os soldados vindos de lugares confragosos e de terras po-
Prudncia do bres. O Conde, por edito, permitiu a cada um levar para os quar-
Conde.
tis as provises que quisesse~ simulando-se dste modo fartura
de tudo} para que nem o inimigo, informado de nossa penria de
mantimentos nos acometesse mais audaz, nem a soldadesca se a-
motinasse nos arraiais.
Tomadas estas providncias entre os seus, procurou Mau-
rcio conhecer as posies do inimigo, suas fras e aprestos, ma-
neira do capito cartagins (53), que sabia to bem as cousas dos
seus adversrios como as prprias. Por espias teve-se notcia de
ocupar le o territrio e a praa de Prto Calvo, donde mandava
bandos predatrios a infestar, com rapinas e devastaes., as ter-
ras vizinhas pertencentes aos nossos, a tal ponto que nem mesmo
era seguro o trajeto entre Olinda e Recife. Os ndios, abandonan-
do suas aldeias, por mdo dos inimigos, buscavam proteo sob
~s nossas fortalezas. As fras militares no campo do Serinham
mal bastavam para repelir as irrupes dos nossos contrrios} evi-
tando que les penetrassem mais no interior. Nem a stes faltavam
nas brenhas os seus refgios, atravs de caminhos ocultos e cegos,
sendo-lhes os portugueses fceis e favorveis quando nos insidia-
vam,
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tados por tda a parte. O plano era conter a o mpeto dos h,o~~~
deses para que le Bagnuolo, mais prximo da fortaleza~. pudesse
defend-la com frcas armadas e ser por ela defendido.
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vel, a quem vinha do mar alto. Ao lado dle, via-se outro - o dos
Capuchos, e perto da costa o dos Domnicos (55). Na regio supe-
rior da cidade) estava o mosteiro de S. Bento, protegido pela natu-
reza e pela sua construo. Havia tambm uma igreja de freiras e
mais outras. Tinha duas matrizes: a de S. Salvador e a de S. Pedro.
Calculavam-se em 200 os moradores) fora eclesisticos e escravos.
Distribuam-se em quatro companhias de nmero desigual~ como se
costuma. Eram mais ou menos duzentos os mais ricos.
De Olinda estende-se para o sul, entre o rio Beberibe e o
Oceano, um istmo, de crca de uma lgua, assaz estreito e areno-
so, semelhante a uma costela ou linguazinha. Como noutros luga-
res) colocou-o a Providncia Divina fronteiro a esta costa contra os
assaltos do mar. Na sua extremidade existiu uma povoao chama-
da "Recife" ou "Abrigo" (56), talvez porque dentro dste e de uma
outra lngua de terra a le semelhante, chamado Recife de Pedra,
podem e costumam as naus abrigar-se para receberem e despeja-
rem os carregamentos. Tinha sse povoado uma populao densa, e
no stio em que o mar corta ao meio o istmo arenoso o surgidou-
ro das naus maiores; por causa da notvel profundidade. Defronte
dste, onde morre o Recife de Pedra, que deixa passar as ondas a-
qu e acol, existiu uma trre surgindo das vagas com o nome de
Castelo do Mar, para diferenar-se do que se via no recife de terra
ou areia) denominado Castelo da Terra e pelos portugueses Caste-
lo de S. Jorge.
Abandonada Olinda, mudaram para a povoao do Recife
os mais dos cidados e comerciantes;> dotando-a de timos edifcios,
at que Mauricipole entrou a empanar-lhe o fulgor. Recife, cingido
pelas nossas estacadas do lado que olha para o Beberibe, tornou-se
bastante forte" pois o rio vadevel na vazante.
Tal era o aspecto de Olinda antes de expugnada pelos ho-
landeses) os quais tornaram inexpugnveis stes Recifes ou angras,
Ilha de Antnio assim como a ilha de Antnio Vaz. J esta brilha com o palcio do
Vaz. Conde - Frigurgo -, magnificamente construdo) a sua prpria
custa, para uso dle e honra do govrno -, e bem assim com a ci-
dade Mauricipole e as pontes admirvelmente lancadas sbre os
.,:,
dois rios.
19ua'ra A segunda vila, antes povoao do que vila, "Iguara" ,
mais distante do litoral, em frente a Itamarac e a 5 lguas de
Olinda,
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 45
Olinda. Habitaram-na outrora portugueses de condio mais hu-
milde, que viviam das artes mecnicas. Caindo, porm; Olinda em
nosso poder, at os seus mais opulentos moradores passaram para
Iguara. Tomaram-na os nossos a 1.0 de Maio de 1632, incendian-
do-a e saqueando-a.
A terceira vila o j mencionado Recife. Recife.
A quarta Muribeca, mais no serto e mais para o sul, a 5 Muribeca.
lguas do Recife.
A quinta Sto. Antnio, a 7 ou 8 lguas do Recife, no sul, St. O Antnio.
5 engenhos.
A nona Prto Calvo, a 25 lguas do Recife) tendo 7 a 8 Prto Calvo.
engenhos. A fica a fortaleza da Povoao (57), clebre pela vit-
ria de Maurcio.
A dcima a povoao de Alagoas do Norte, a 40 lguas do Alagoas do N ar-
Recife. A undcima Alagoas do Sul, distante quasi outras tantas. te e Alagoas do
Sul.
Alm destas localidades, h outras menores chamadas Aldeias.
aldeias, onde vivem os ndios.
Lugarejos com edificaes elTI que se fabrica acar conta-
ram-se 70. Alguns dles igualam aldeias na importncia e no nme-
ro de trabalhadores que moram nas proximidades. Dizem que ren-
dem anualmente tanto acar quanto basta para carregar 80 ou 90
naus. Colh em autores graves que num s dia zarparam do prto
de Olinda 40 naus carregadas de acar, restando ainda nos trapi-
ches quantidade bastante para carregar outras tantas. No poss-
vel o fabrico do acar sem o auxlio dos negros, que de Angola e
outros portos da Africa se transportam em grande nmero para o
Brasil. Dos livros da alfndega consta que, nos anos de 1620, 1621,
A
suas terras, sabendo ter nos holandeses defensores dos seus bens e
no inimigos.
Atravessa o Rio Perto do Cururipe (59), tiveram-se indicaes de que o Con-
de So Francis-
coo de Bagnuolo passava, em Jangadas} para a outra margem do S. Fran-
cisco, os soldados que le tinha em Penedo. Ordenou-se por isso a
Schkoppe que se dirigisse para al com tropas de arcabuzeiros, n-
dios e uma companhia de cavalos, para perturbar os planos dos
espanhis. Chegando, porm, al um pouco tarde, quando atraves-
sava a ltima jangada> s se ofereceram cobia da soldadesca di-
nheiro e alguns vasos de prata. Em verdade, vencida rpidamente a
fortaleza; mais depressa do que esperavam Bagnuolo e os habitan-
tes, os quais a julgavam capaz de resistir ao crco quatro meses no
I
... ('
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 41
Em chegando Maurcio a Penedo, vilazinha s margens do Chega o Conde
a Penedo.
So Francisco, a seis lguas do mar, julgou o lugar idneo para fa-
zer progressos no territrio inimigo. Mandou construir al o forte ~ orte de.. Mau-
. O" . rww por ele
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que lhe tem o nome e outro junto barra do rio. Inimigo e os mo- construdo s
. recolheram-se ao Serglpe
radores da vIla . d e1 R'el, d'Istante 24 l'e- margens do
S. Francisco.
guas do rio de So Francisco. O esturio dle tem quasi a largura
do Mosa prximo ao prto de Delft na Holanda. As guas correm
muito agitadas. Mandou-se ento aos habitantes da margem aus-
tral que; com todo o seu gado;; passassem para a margem setentrio-
nal, afim de no ir al o inimigo abastecer-se, como antes j acon-
tecera.
E quasi s nestas expedies se gastaram no Brasil os me-
ses do inverno e o princpio da primavera. O bom xito delas fir-
mou o nimo da soldadesca e granjeou para o Conde o respeito
dos inimigos.
Estas aes, relatadas minuciosamente aos Estados Gerais
e aos diretores da Companhia, auguraram venturosamente o co-
mando do Conde, tornando-o afamado; na Ptria e nos pases es-
trangeiros era le enaltecido pelos elogios de muitos. Escrevendo
le prprio, de Penedo, a S. A. o Prncipe de Orange, stathouder das
Provncias-Unidas.. a respeito do que j antes fizera, exprimiu-se
nestes trmos:
"Depois de vos haver escrz'to sbre tudo quanto em benefcio da Com- Carta do Conde
ao Prncipe de
panhia fizemos at hoje, nas naes estrangeiras por meio do coronel Artichofski, Orange.
com sucessos militares assaz prsperos, dirig-me, em marcha acelerada, contra
o inimigo, julgando oportuno utilizar-nos do nosso xito e do favor divino.
Impaciente da nossa chegada, partiu le das A lagoas, atravessando certamen-
te como fugitivo, os rios que correm de permeio, e penetrou at o Penedo, vilazi-
nha s margens do So Francisco. A tambm, receoso dos perseguidores, no
soube demorar-se, para no expor ao perigo os remanescentes do seu exrcito, e,
transposto o rio, abandonou todos os petrechos blicos que se achavam na mar-
gem setentrional. Se no nos houvera retardado, derribando para trs as pontes
que cumpria reconstruir, -haveria esperana de colhermos s mos o pr1Jrio
general Bagnuolo com mut'ta gente de armas. Os mosqueteiros e cavaleiros
por mim enviados na frente viram-no fazendo atravessar o ltimo dos seus.
Ainda assim os que mand ganharam nas bagagens presa no despicienda.
Logo le se evadiu, demandou com as suas tropas a capitania e 'cidade da Baa
de Todos os Santos.
Contentes
A
Nomeia magis- Criaram-se nas provncias) cidades, vilas e aldeias magistrados cha-
trados. d . . .
mados escabinos, escultetos e inspetores para a mInIstrarem a JUS-
Orfanatos, hos- tia no cvel e no crime, na conformidade das leis holandesas (61 A).
pitais. Instituram-se tambm orfanatos e hospitais pblicos.
Repudiavam-se as normas do costume (62) portugus, em
virtude das quais se tornara freqente por essa poca resgatarem-
se pecuniriamente os mais graves delitos.
Fixa para os mi- Fixou-se tambm para cada soldado e para cada empregado
litares e outros d C
ompanh'la a sua raao.
- Esta provI'dencla, motIvada pe1a ext re-
A
raes alimenta- a
'
res pela .carestia ma carestia dos mantimentos, muito aproveitou ao bem comum ,
do ma,nt~mento.
mas suscitou para o Conde no leve odiosidade da parte dos seus, a
tal ponto que as reclamaes iam arrebentar em sedio aberta, se
no reprimisse le com prudente autoridade, os motins que se alas-
l
travam.
V en d e por alt o Os engenhos de acar arruInados e desprovidos de traba-
Phreodos engte- lhadores} nossos por direito do fisc0 foram vendidos em hasta p-
n os os po'r u- 1
gueses fugitivos. blica, uns por 20.000 florins, outros por 30.000, 60.000, 70.000 e alguns
por 100.000, rendendo Companhia 2.000.000 de florins.
Repararam-se e consolidaram-se as fortificaes por tda a
parte desleixadas e impotentes contra os assaltos do inimigo, demo-
lindo-se as que pareciam menos necessrias.
Faz os ndios Por salutar resoluo do Conde) escreveu-se aos diretores
voltar para as d ,. d d lh . . , d' 1
suas antigas al- as provlnclas, recomen an o-se- es permItIssem aos ln lOS o VO -
deias. tarem para as aldeias e antigas moradas, porquanto, vivendo os
nossos estreitamente, no havia terrenos bastantes para aqueles
prepararem a farinha da qual se alimentavam. Iriam, por isso, neces-
sitar do nosso mantimento e ainda em cima, habituados ociosida-
de, seriam molestos aos agricultores e iriam devastar as terras que
lhes cumpria defender dos devastadores. Acrescia que os holande-
ses se utilizavam gratuitamente dos servios dles, tornando-os, as-
sim, hosts a ns. Deu, sem dvida) o Conde notvel e raro exemplo
Trata os brrba- de justia e de eqidade para com os brbaros, cumulando-os com
ros humanamen- A
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zeram to violenta irrupo, que muitos, sem saber nadar, se. afo-
garam no mar, sofrendo morte horrvel, e outros; num terror es-
tpido, lanavam fora as armas, no podendo ningum conter o
mpeto dos africanos) o qual le~ reputam valor. Como os portu-
gueses, guardas da fortaleza; tivessem psto a preo as cabeas dos
vencidos, ocupando-se nesse aougue e matana os negros, em bre-
ve espao reduziram-se os holandeses apenas a uns poucos. E foi em
verdade to intenso o horror dos nossos soldados, que se atribuu
a milagre escapar algum daquela hecatombe. Foram mortos 450
homens entre comandantes, soldados, marinheiros, todos decapi-
tados e ficando os cadveres irreconhecveis.
Abatidos de desespro e vergonha os nimos dos nossos~ e
conhecida a perfdia dos rgulos, que simulavam amizade e procla-
mavam, em palavras vs, a concrdia, perfdia essa que se patentea-
va no recente transe da Repblica, partimos sem glria e ensina-
dos a comerciar e a guerrear al mais cautamente. Aquele desastre
foi devido negligncia dos comandantes, e, como acontece na
guerra, cada um lanava a culpa sbre o outro.
NICOLAU Nessa quadra assumia Nassau o govrno do Brasil. O gover-
VAN ao on- nadar holands do territrio africano, Nicolau van Ypern, varo
escreve YPECRN
de. digno de memria em carta exps ao Conde que, em tima ocasio
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soldado~
Koin recebido Os holandeses receberam Koin, por causa dos seus precla-
como vencedor.
ros feitos em prol da honra pblica, indo-lhe ao encontro com feli-
citaes e salvas de canhes. Agora le) sob o Prncipe de Oran-
ge, tenente-general de artilharia e, com os seus triunfos na frica
e a sua patente na Europa, ilustra a nobreza de Meissen, da qual
procede.
Interessa-te, leitor, saber o seguinte: logo que se incorpo-
rou a Companhia das ndias Ocidentais, antes separada em diver-
sas cmaras e sociedades de comrcio, entraram a fazer dela parte
no s o trfico dos que navegavam para a ilha de S, Domingos,
Com que direito Cuba e outras, mas tambm o trato da frica, o qual era al exer-
foi levada por d I ' d ' . F un d ead os
Maurcio aguer- CIO, assaz ucratIvamente, com cerca e VInte naVIOS.
Ao
sem lhes dar descanso nem de dia, nem de noite. Ouvira dizer que
as fras holandesas j se achavam presentes, tendo penetrado 20
lguas alm do Serigipe, para a banda do sul.
Bagnuolo aban- Schkoppe} desalojando a Bagnuolo de suas primeiras posi-
dona o Sergipe. es, arrasou a prpria cidadezinha do Sergipe, os engenhos dos
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a qual Spinola vencera somente aps onze meses de stio. E' esta
aquela mesma cidade que antes tomara o ilustrssimo prncipe
Maurcio, escondendo, num barco carregado de turfa~ os recrutas
das suas guerras. (75). Nessa ocasio foi ela atacada dormindo;
agora foi-o velando; ento .vencemos com uma gleba sca (76),
agora com a gleba verde (77); tommo-la tda ento numa s in-
vestida, e agora lentamente e passo a passo. No faltava ento a
falaz ousadia de algum Ulisses ou de algum Sino (78), e desta vez
no faltou um Aquiles para expugn-la pela fra. Da outra fei-
ta desempenhou o papel do cavalo de Tria um barco de carga, e
desta, nscios de ards, mostramos que os Nassaus podem triun-
far de uma e outra maneira.
Pelas suas vantagens se avaliava a importncia desta vi-
tria, porque, pertencendo aos inimigos aquela fortaleza~ acometia
qual uma salteadora a Holanda, a Guldria e a Zelndia, tornando
insegura a navegao nos esturios do Wahal, do Mosa e do Escal-
da. Assentada sozinha entre Bois-le-Duc e Berg-op-Zoom, corta-
va as comunicaes entre essas duas cidades aliadas e impunha
s cidades e praas vizinhas a necessidade de grande presdio.
No outro hemisfrio, sob outras constelaes, ouviram os
brbaros que Breda fra vencida sob os mesmos auspcios e pelas
mesmas armas com que tinham visto a queda de Olinda, de S. Sal-
vador, de Prto Calvo e outras praas formidveis alm do equa-
dor. E assim, aplaudindo aqu os holandeses a felicidade comum,
proclamariam l os brasileiros, em lnguas desconhecidas~ a nossa
glria.
o Oonde soleni- Para se renderem graas bondade de Deus, solenizou
za o dia da vi- N d' d a vltorla,
. , . a f'1m d e que nem a d'lstancla d os luga-
tria de Breda e assau O la
A
o ~os s~usfpr- res, nem o renome dos holandeses reproduzido no Novo Mundo
prws tr~un os.
parecessem obliterar os sentimetos patriticos no nimo dos que
se achavam longe da Ptria. Atriburam-se a Deus simultnea-
mente os prosprrimos sucessos das guerras ocidentais e a vitria
sbre Bagnuolo, recentemente psto em fuga.
os habitantes do Neste comenos, os ndios moradores do Cear pediram
oe ear pedem paz f '.
auxlio contra paz e o ereceram o seu auxlho contra os portugueses, rogando
~fer~:;~~~~e::~~ ao Conde que sujeitasse ao seu poder o forte dal, ocupado pelos
lusitanos, protegendo-lhes a gente contra as injrias e a domina-
o dles. Diziam que se conseguiria a emprsa com pequena
fra,
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 13
.'
A. -r"'f'lum' s. c;~t,'.
B. CO'etUJ/.r.am S. 7."tUlC~ Cf,' D. entttltl-S
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 2'9
certamente admirvel que no se dome com to brando alimento
a barbrie e que perdure a aspereza e fercia dos costumes naque-
les que se nutrem com sse nctar e ambrosia.
Fizeram meno do acar Plnio, Dioscrides, (85), Gale-
no e Hesquio (86). Os botnicos porm, discutem se ste o
j
tem le tal nome por derivar ste da palavra latina candor, como
que
o -
CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 81
tam
82 o BRASIL HOLANDtS SOB
dIretores da Companh'la Ihe mand assem o maior ., numero paSSIve, I vam s~tas devas-
taes alm do
de naus, recomendando-as por dupI o f
1m: serVIrem para vencer o rio de S. Ft"an-
cisco.
inimigo e depois para transportarem acar. No cessou o inimigo,
conquanto ocupasse o sul do rio de So Francisco; de causar danos
aos nossos. Levou prisioneiros para a Trre de Garcia de vila al-
guns marinheiros que haviam saltado em terra com o fim de captu-
rar gado; e, atravessando em canoas o rio, ganhoulhe a margem
setentrional, onde cau de improviso sbre os nossos soldados) que
vagavam descuidosos nas paragens do Cururipe (99). Alm disso,
chegando
84 o BRASIL HOLANDS SOB
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 87
Favorecendo depois os ventos, mesmo ao meio-dia; foi Mau- Com feliz nave-
,. 1evad O, com o fI uxo d a mare,' para d entro d o R econcavo, entre Maurcio
rICIO A ga,o lJCt,,ssa
Baa.
OS raios e troves que, de uma banda, vinham dos acampamentos
e, da outra, das naus inimigas e da cidade, de todos os lados enfu-
recendo-se em vo a artilharia contra a nossa armada. Quando o Dese?nbarcao
sol, como que atento aos feitos e movimentos dos holandeses, j
dobrara o znite, achava-se ancorada a frota, debaixo mesmo dos
fortes dos inimigos, Depois, conduzidos na esquadra um pouco
alm da ponta do forte de S. Bartolomeu (103), desembarcaram os
soldados, sem nenhuma resistncia, a lgua e meia da cidade, num
lugar muito vantajoso, onde se via um morro nu e aberto, despido
de matagais, sendo-lhe os vales regados de guas frescas e doces. As-
sentados a os arraiais e postos rpidamente em terra todo o apara-
to blico e mantimento, soube Nassau de uns prisioneiros que, crca
de meia lgua do nosso campo, havia uma garganta difcil de passar,
s dando trnsito a um de fundo na baixa-mar, por causa dos char-
cos e atoleiros em derredor dela, os quais vedariam marcharem os
soldados em batalhes. Em vista disso, foi mandado na frente o EnmOa na frente
,. Tourlon em re-
major Tourlon com trezentos mosqueteiros para ~econhecer o SItIO. conhecimento o
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da Companhia. Estes, por sua vez} buscavam o seu no sucesso e felicidade das
emprsas do Brasil. Assim por mtuas obras, teria a Companhia de ajudar
o Brasil e b Brasil Companhia, pois estavam ligadas a salvado e as 'van-
tagens de um e de outro. Aprovaram o alvitre do Conde de resguardar o rio
Sdo Francisco contra os saqueadores, para ndo se e'lJtregarem, rompido ste
muro divisrio da guerra e das partes adversas, devastado do territrio e
das lavouras dos holandeses e ndo talarem, a ferro e fogo, as plantaes de
cana de acar. Era timo o intento do CO'llde de ndo dar aos baianos re-
pouso e lazer de sentirem as prprias misrias. Deviam stes, portanto, ficar
ocupados na terra e no mar para ndo nos causarem da'lJos, nem cuidarem de
nos fazer violncia) porquanto, armados eram temidos, mas, inermes e inertes,
era"J desprezados. Tomasse o Conde a dianteira ao inimigo para ndo a
tomar /e. E' mais sensato espalhar o mdo nas terras alheias do que expe-
riment-lo tIas prprias, ou, o que entre as pessoas avisadas igualmente de-
sejvel, nem temer continuamente, nem perecer. Teriam les diretores por pri-
meiro e ltimo cuidado o fortalecerem aJ' provncias 'do Brasil com a remeua
de naus e soldados".
Controvrsia en- Por sse tempo, agitava-se importante controvrsia entre
tre
da osCompanhia
diretores OS d"Irlgentes da Companh'la, a quaI se travou principalmente
. entre
shbrebs~ coBnvi- as cmaras da Holanda e da Zelndia. Versava sbre se seria pro-
n a a 'ftr o ra-
silo ao comrcio veitoso Companhia franquear o Brasil ao comrcio privado ou
prwado ou re- '
serv-lo ao mo- se deVia competir a ela tudo o que se referisse ao comrcio e s
noplio p b l i c o . .
neceSSidades dos habitantes daquela regio. Cada um dos dois
partidos sustentava" o seu parecer. Os propugnadores do mono-
plio
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CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 97
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 103
tanto o entusiasmo dos que iam combater como se} por uma espe-
rana indefectvel, j houvessem subjugado o adversrio. Ruman- Qu,arta vez 'Jnar-
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dO para os escolh os dos rgaos, ond e f ora a estancla d os contrarlOS,
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verificou ter-se escapado a frota e esteirado para a Nova Espanha.
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 111
margens pisava uma ema, por ser al maior a abundncia dessa ave.
~stes brases foram gravados em sinetes de prata por escultores ba-
tavos, e no em lato ou ferro para no os carcomer o azinhavre ou
a ferrugem.
Falei pouco acima dos presos portugueses. Sbre les e
sbre tda a conjurao) que andava na bca do vulgo (refiro fa-
tos ocorridos pouco depois), li o seguinte nas crnicas do Brasil e
nos relatrios e cartas do Conselho Supremo aos diretores da Com-
panhia: ter partido aquela acusao do mdo e de uma suspeita
demasiado crdula. No foram, porm, os acusados convencidos
do crime que se lhes imputava, psto que processados. Mas, pela
considerao e autoridade que gozavam entre os seus: assim como
pelos cabedais que possuam, receava-se que, em chegando a arma-
da espanhola, como j corria, nos prejudicassem oculta ou aberta-
mente. Julgou-se, pois) importar ao Estado e utilidade geral se-
greg-los do povo; por um como ostracismo, afigurando-se que se
praticam, sem violar as leis, os atos tendentes segurana da rep-
blica, ainda mesmo que, olhados em si, tenham alguma cousa de
repreensveis. Procedendo-se assim, podiam os cidados que esti-
vessem maquinando o mal ser desviados dle, antes de o enceta-
rem, desistindo de tentar a loucura de perder a ptria.
Tendo morrido Pedro da Cunha, que se considerava o prin-
cipal dos conjuradores, e por temor da armada) cuja fama, a prin-
cpio tremenda, tinha langecido um pouco, todos quantos haviam
sido degredados por sentena judicial para a Baa e para as ilhas
ocidentais, esperando das circunstncias deciso mais benigna, pe-
diram ou que fssem desterrados para a Holanda ou que fssem
restitudos aos seus engenhos para fabricarem acar, sob a con-
dio de se apresentarem sem hesitar, uma vez chamados. Nem se
concederam inteiramente, nem se negaram tais pedidos: admitiu-
se um meio trmo entre a completa liberdade e a completa priso,
para que nem um rigor excessivo demovesse da fidelidade outros
mais audazes, nem uma brandura demasiada defraudasse o acata-
mento devido aos juzes, livrando-se impunemente indivduos suspei-
tados de to grave crime) os quais j se tinham infamado com o la-
bu da priso. De feito, convencidos les, no teria a severidade
dos poderes competentes comutado coisa alguma na punio de cri-
me to srio. Exerceram mais benignamente a autoridade dos go-
vernantes
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 113
os lanos seguintes:
Dcimas de Pernambuco-148.500 florins por um ano, ar-
rematante: Moiss Navarro.
Dcimas de Itamarac e de Goiana - 19.000 florins} arre-
matante: Pedro Seulino Junior.
Dcimas da Paraba - 54.000 florins, arrematante: Mois~
Navarro.
As penses dos engenhos pernambucanos foram arremata- Penses
das por 26.000 florins por um ano por Joo Fernandes Vieira.
As penses dos engenhos de Itamarac e de Goiana mon-
taram a 9.000 florins por dois anos, arrematando-as Pedro Seuli-
no Junior.
Os dzimos das mias ou midezas subiram; nos distritos lj1fias
de Iguara, So Loureno, Paratibe e Nossa Senhora da Luz, a
4.800 florins por um ano, sendo comprador dles Tomaz Espanhol.
Os dzimos das mias nas terras de Vrzeas, Santo Ama-
ro e Moribeca foram arrematados por 3.700 florins durante um ano
por Conrado Joo Mackinia.
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116 o BRASIL HOLANDS SOB
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CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 119
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126 o BRASIL HOLANDS SOB
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 127
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 135
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136 o BRASIL HOLANDS SOB
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como esquilos uma cauda comprida e coberta de sdas, e sob ela se encobrem, sem
nada aparecer do resto do corpo (156).
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Mas, 'para podermos espalhar tambm o terror pelo mar afora, de-
sejaria 18 naus grossas e outras tantas ligeiras, esquipadas de gen-
te e de armas. Quereria que estivessem nas costas do Brasil em co-
meos do outono, afim de que, nos meses de maro e de abril, du-
rante os quais ficam em descans os acampamentos por causa das
chuvas continuadas, ou transportassem elas acar para a Holanda
ou corressem fortuna no Ocidente, obrando alguma faanha assina-
lada. Carecemos ainda de embarcaes menores, lanchas, botes,
patachos, para carregar e descarregar as grandes. As desta sorte Navios menores.
estragaram-se no curso de tantos anos, desconjuntando-se, que-
brando-se e afundando-se por acidente.
E' tal a inpia- do tesouro que, se no se lhe acudir pron-
tamente com numerrio, de temer que faa banca-rta. Os se- Tesouro.
nhores de engenho recusam vender acar a no ser vista, com
receio de que, chegando a armada espanhola, tenham de emigrar
os compradores holandeses, invalidando-se, assim, os ttulos de
dvida" (213).
~sse o teor do relatrio escrito que van der Dussen, ho-
mem atilado e resoluto, apresentou aos Estados Gerais, ao Prnci-
pe de Orange e ao Conselho dos Dezenove.
Antes, porm, de referir as grandes armadas e as clebres
batalhas navais que conturbaram os mares, apraz-me deliciar o lei-
tor, expondo assunto mais ameno, a exemplo daqueles que, nas
mesas dos banquetes, interpem a carne de carneiro entre as vea-
es, e os doces e confeitas entre as iguarias mais pesadas.
Tiveram outrora e ainda teem os mais eminentes prnci-
pes e capites o zlo no smente de aumentar a sua glria com
guerras e nclitos feitos contra o inimigo, mas tambm de inter-
_romper, com um cio honroso, os tempos das guerras para estadea-
rem a sua magnificncia em construes grandiosas. Isso fez Nas-
sau. Repartindo o seu govrno entre tantos negcios de pso, quis
ocupar-se primeiro em construir um palcio para si e depois duas
pontes, aqule mais para uso seu e estas para utilidade pblica.
E' injusto para os superiores quem recusa o alvio dos tra-
balhos e os regalos queles que, pelo brilho de sua dignidade e
pela grandeza de sua estirpe, se elevam acima da condio vulgar,
e principalmente o bem estar que se pro~ura com uma habitao
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160 o BRASIL HOLANDtS SOB
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f l'Ufica. a parte, se devia olhar para as fortalezas da costa e do interior,
de preveno contra a sbita chegada da esquadra espanhola, que
se demorava na Baa de Todos os Santos, afim de no desembar-
car o inimigo em parte alguma, caindo improvisamente sbre os
holandeses desapercebidos. ~le prprio, dirigindo-se Paraba,
mandou restaurar as fortificaes arrUInadas, providenciando cui-
dadosamente todo o necessrio defenso desta provncia. Muniu
o forte de Margarida com uma paliada, por estarem secos os fos-
sos, que as areias trazidas pelas enxurradas haviam enchido. Cer-
cou tambm com uma paliada semelhante o forte da -Restinga,
fronteiro
o -
CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 111
fronteiro ao prto. Reduziu} porm, o forte de Santo Antnio do
norte (242) a uma trre de vigia, refazendo-lhe o parapeito e pro-
vendo-o de trs peas contra os opugnantes. Na Ilha de Ant-
nio Vaz levantaram-se trs baterias no hornaveque. Protegeu
Maurcio tambm o forte de Orange, na ilha de Itamara, cin-
gindo-o de estacada, e o mesmo fez com o de Ernesto e o de Fre-
derico na Ilha de Antnio Vaz, com o do Prncipe Guilherme nos
Afogados, todos por falta de gua nos fossos, e com a prpria fren-
te do Recife. Igual tarefa executou Harckmann no Cabo de San-
to Agostinho, onde est o forte de van der Dussen, e o coronel Koin
em Prto Calvo, onde chuvas violentas e tempestades haviam da-
nificado o forte de Boa Ventura, fazendo-o ruir em mais de um lu-
gar. Restaurou-se tambm a fortificao ao sul de Olinda, para
no ficar a cidade aberta aos salteadores, depois de retirada
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a guarnlao.
Por tda a parte levantaram-se tropas, ordenando-as sob
novos capites, tenentes e alferes, afim de no faltarem aos solda-
dos chefes para mand-los, e aos chefes soldados bem disciplinados
para obedecer-lhes. Enviaram-se algumas naus para insidiarem as Insidia naus ini-
naus inimigas que se acreditava transportarem mantimentos do ?~'/,gas.
Rio da Prata e do Rio de Janeiro. Para no sentirem os nossos
penria de bastimentos, proIbiu-se a exportao de carnes salga-
das, toucinho, manteiga, queijo, peixes secos, farinha, azeite e vi-
nho da Espanha. Os demais gneros alimentcios foram concedi-
dos aos habitantes de engenhos para sustento dos trabalhadores.
Nassau, convocando de tda a parte os chefes indgenas, Exorta os chefes
. . , ndios guerra.
convidou-os, num discurso adequado ao Intento, a se associarem a
guerra: "Tratava-se agora da salvaO de todos: uma vingana igual ate-
morizava o brbaro e o holands, o natural e o estrangeiro, ste por causa de
velhas inimizades, aquele conta da sua defecO e dos auxlios prestados aos
batavos. Esperassem do espanhol no um pouquinho de agradecimento, mas o
seu excio certo, e assim aprenderiam que no se ofendem impunemente os reis.
Para escarmento deveriam ser castigados aqueles que, desprezando o soberano,
tinham ajudado com as armas ao inimigo. Ser-lhes-ia salutar a desconfiana,
e perniciosa a -esperana do perdo. Sendo mortais, deviam preferir entregar-
se ao destino comum da humanidade a serem para sempre escravos. Importa-
va-lhes fama, dizia le, que, naquela conjuntura duvidosa, o escutassem
confiantes e firmes. Conquanto, numa expresso rude, fssem chamados brba-
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172 o BRASIL HOLANDtS SOB
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mou-se apressad amente o coroneI d os ln ' d'lOS Doncker, que, esco- mandado contm
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lhendo trezentos dstes, marchou contra os dontrrios e sustou-
lhes o ataque.
Quasi
176 o BRASIL HOLAND~S SOB
P o1'tugueses Quasi por ste mesmo tempo, foram conduzidos para Olin-
acusados de
traio.
da pelo esculteto Luberg alguns alagoanos suspeitados de crime
de alta traIo, a saber: Gabriel Soares, Francisco Vaz, Gonalo
Fernandes, Rui de Sousa, Simo Fernando, Pedro l\~arques, Do-
mingos Pinto e Antnio Brasileiro. Processados perante o Con-
selho de Justia, foram condenados os cabeas da conjurao, Soa-
res e Vaz, aquele ao confisco da tera parte dos bens e a dez anos
de priso, ste ao confisco da metade dos bens e a vinte anos de
priso no forte de Ceulen.
o 'mamelucos Como o inimigo talasse impunemente o nosso territrio
o filhos dos ,.. d f d d 1
(/'pstatas da f com bandos nao gran es) orma os e negros e mama ucos, prou-
crist, quai~ os ve ao Conde armar uma companhia de gente da mesma raa e con-
tem o palcw do
sul~o da TU1'- dio, para que, com a semelhana dos costumes e dos crimes e
qU'La.
com o conhecimento dos caminhos e esconderijos, se pudessem co-
lher s mos os campanhistas, vencidos por indivduos exercita-
dos no mesmo sistema de guerrear.
Combate naval. Em princpios de Setembro) quatro naus holandesas, deno-
minadas o Sol, o Cisne, os Campees e o Arco-Iris, bordejando nas
proximidades da Baa de Todos os Santos, pelejaram, renhidamen-
te e com supremo esfro, contra dois galees espanhis e duas
naus menores, que se preparavam para dal sair. Foi tal a investi-
da dos nossos que os vasos inimigos foram coagidos a retroceder,
e os nossos a desistirem de acoss-los, receando as costas e os
baixios.
Algum tempo depois, anunciou-se haverem zarpado da Baa
dezoito ou vinte naus grossas com algumas menores. Por isso,
dois patachos mandados por Nassau em reconhecimento informa-
ram que o grosso da armada tinha partido da Baa, ficando no pr-
to sete navios grandes. alm dos pequenos. Do tpo dos seus mas-
tros pendiam os galhardetes das almirantas para, com ste sinal,
fingirem a presena delas e da capitnia.
Entretanto, a noite escurssima permitiu armada espa-
nhola furtar-se aos navios holandeses, que, aps uma busca intil
de trs dias, rumaram diretamente e rota batida para o Recife, na
suposio de ter o inimigo aproado a algum ponto do nosso lito-
DiligAn ia d raI. Mas por ordens sbitas de Nassau, para quem tda a defesa
a au para
de cobri?' a ar- estava na energia e na pressa, foram elas destacadas para diversas
1nada panhola.
par t es da costa, 01'lnda, Ca bo de Santo AgostInho,
. Santo Alelxo,
.
Rio
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 177
Rio Formoso, Prto Calvo, Alagoas, Itamarac e Paraba, pondo-se
ao pairo, atentas em descobrirem a armada. No sendo ela avis-
tada, voltou o Almirante ao Recife para juntar a si outras naus e
ir mais forte contra o adversrio. Logo foi o Conde informado por
prisioneiros baianos de que a frota espanhola? tendo-se feito ao
mar a 15 de Setembro, voltara para a Baa, depois de assegurar a
alguns navios mercantes a navegao para a Espanha e de condu-
zir para o Morro de S. Paulo (246) dois galees que reclamavam con-
certos. Diziam que das praas do Rio de Janeiro tinham sido en-
viados socorros e muitos bastimentos, esperando-se tambm do Rio
da Prata algumas naus e de Portugal novas tropas, e que, assim,
estava prestes a cair sbre ns tda a violncia da guerra, vindo
os portugueses recobrar as suas perdas.
E', pois, tempo de levarmos para o largo tda a armada es-
panhola, apercebida para restaurar o Brasil e destroar os holan-
deses. O rei de Espanha, com efeito, julgava seria morosa a guer-
ra feita no Brasil com expedies terrestres, organizadas de quan-
do em quando, no se ressarcindo os prejuzos pblicos com incn-
dios alternados de fazendas, engenhos e casas) que so danos de
particulares. Por isso, aprestando poderosssima armada, seme-
lhante quela comandada pelo duque de Medina Sidnia? com a
qual outrora, no reinado de Isabel, atacara Filipe II a Inglater-
ra (247), determinou acometer o Htoral do Brasil sujeito aos holan-
deses e, em vez de enfra'quec-Ios com uma luta arrastada e lenta,
esmag-los como sob uma alude guerreira, renindo as fras de
terra e mar.
Nesse intento, no havia muito ajuntara, nos portos da
Espanha? Portugal; Galiza e Biscaia, elevado nmero dos maiores
vasos para tentar fortuna no mar. Havia a esperana de que, des-
troada e vencida" a esquadra holandesa, se franqueariam todos os
portos brasileiros e seria fcil recuperar-se a terra, vedando-se a
ns a entrada nas baas e costas.
Eram as naus da armada espanhola de estupendo porte, D cri o da ar-
.. . d h' ?nada espanhola.
formidandas pela artl1harla e pelo efetlvo de solda os e marln eI-
ras. Chamavam-se galees, cujo costado so pranchas emalheta-
das, numa espessura de cinco palmos e mais, quasi impenetrveis
s balas de canhes de vrios calibres. Transportavam uns 800,
outros 600, quais SOO homens, tanto de peleja, como de mar. Pas-
sando
A
na Africa.
lnt rceptam- e Neste entrementes o nosso Almirante, andando ao pairo
~~:;i~. dos spa- junto Baa com dezoito naus, apresou tim transporte carregado
de acar e interceptou maos de cartas escritas pelo Conde da
Trre, capito general da armada, e por altas patentes do exrcito
espanhol. Elas inteiraram Nassau das condies dos inimigos, do
poder da frota) dos contratempos por les sofridos e dos planos do
rei. Informavam que tda a armada constava de 46 naus, sendo 26
os galees; que contara 5.000 homens de armas, tendo perecido
3.000 na viagem pelo ar pestilento da Africa, e que os demais, leva-
dos enfermos para a Baa de Todos os Santos, definhavam e mor-
riam. Continham entre as instrues do rei que, apenas chegasse
a armada ao Brasil, fssem logo desembarcados os soldados nas vi-
zinhanas de Olinda, fechando-se todo o mar para os holandeses e
cruzando alguns navios o Oceano para insidiarem as embarcaes
vindas da Holanda.
Havia entre os holandeses do Brasil tal penria de manti-
mento e de petrechos blicos que, se os reveses do mar e a maligni-
dade dos ares no tivessem assolado a armada, e se Deus, a nS
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 119
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 191
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 193
vitorioso no norte, dominou o Mar da Inglaterra e'em curto inter- tn:unfam da ar-
? n a d a spanhola
valo, conduziu-lhe por tdas as costas as suas bandeiras triunfais. .junto s co ta
da Inglate'rra.
Como no alcanaram os batavos mais assinalada vitria, j pelo
atroz morticnio, j pela grandeza das gestas, assim de uma como
da outra parte, merece ela ser consignada nos livros (258).
Comandava a armada de 60 naus o famosssimo almirante
D. Antnio Oquendo, que j se celebrizara bastante pela recente
batalha travada com os nossos na Baa de Todos os Santos. En-
tre essas naus havia diversas capitnias, levando umas 1.000, outras
800, 700 e 600 homens. Contava a armada 10.000 soldados e 14.000
marinheiros, de vrias naes - espanhis, portugueses, bretes,
biscainhos e at flamengos..
Oquendo saiu com esta frota da Corunha, o maior prto da
Galiza e, sulcado o golfo de Biscaia, entrou na Mancha. Nesse mar
bordejava, com uma esquadra apena~ de 12 velas, o almirante Mar- Martinho Trom[J
. h O H erperts T rompo T ornara e"1e parte na memorave
tln ' 1 batalha Gibralta'r.
de Gibraltar, sob as ordens do almirante Heemsterken e depois, na-
vegando e pelejando sob o comando do almirante Pieter Heyn, as-
sistiu-lhe morte e testemunhou-lhe a glria, de sorte que, por de-
terminao do destino, galgou o psto do almirante falecido, de
quem no era desigual nas virtudes marciais.
Logo que de longe se avistou a armada espanhola, aumen-
taram-se as fras de Tromp, pela juno de cinco vasos e, pouco
depois, de mais dois, capitaneados por Witte Wittens. Com sses
comeou Tromp, alta noite, a lutar com o inimigo, e, jogando a
artilharia, preludiava maior embate. Ardeu um de nossos navios,
cujo paiol da plvora se incendiou por descuido.
Ao
196 o BRASIL HOLANDtS SOB
tiria violar aquele lugar:J defendido por suas leis e a coberto das
guerras.
Enquanto a armada espanhola se conservava sbre as n-
coras, imbele e ociosa e como sob a guarda de inimigo menos po-
tente, serviu de mofa de um lado aos inglses, do outro aos fran-
ceses, que contemplavam espetculo to indigno do rei da Espa-
nha. Com efeito, permitiu aquilo ao almirante holands convocar
reforos de tda a parte, reparar as naus danificadas e guarnec-
las de novos instrumentos de guerra; porquanto, carecendo de pl-
vora e obtendo, por oportuno obsquio do conde de Charraste, go-
vernador de Calais, o necessrio para a luta, apresentou-se ao lado
dos espanhis como guarda, mas no como amigo. Enquanto, po-
rm, conserta Oquendo as pranchas rtas e se esconde covarde-
mente sob os fortes britnicos) envia Tromp uma carta aos Estados
Gerais, solicitando-lhes auxlio e pedindo com instncia o que se
havia mister para destruir totalmente a frota espanhola. Sabendo
os Estados Gerais que a armada inimiga se achava em aprto) en-
calhada numa areia fatal, reniu as--naus desimpedidas de todos os
portos e estncias da Holanda e com tal pressa que no parecia te-
rem sido fabricadas) mas nascido ou chovido do cu. Convocaram-se
igualmente tdas as corporaes m'artimas denominadas almiran-
tados e as duas Companhias de comrcio, a das ndias Orientais e
a das ndias Ocidentais, para que o dominador da sia e da frica
fsse oprimido no por um s antagonista, mas pelas fras jun-
tas da Holanda. Autorizado por um decreto dos Estados Gerais
sbre o ataque contra a armada espanhola, escolheu Orange nos
quartis 2.000 mosqueteiros dentre os mais valentes e os distribuu
pelas naus das Provncias-Unidas, J estavam renidos ante as
costas da Inglaterra mais de cem vasos de guerra, atentas as na-
es vizinhas ao desfcho de tamanha luta.
Ento, acometido primeiro pelo inimigo, manda Tromp dar
trombeta, enquanto os inglses, como espectadores do conflito, se
manteem com a sua esquadra fora dle.
O almirante holands lanou sua armada contra o adver-
srio, dividindo-a em cinco esquadras, e prescrevendo a cada uma
a obrigao de combater. No pareceu o espanhol recusar o emba-
te, no de confiana ou de propsito, mas por ver-se sitiado e ro-
deado de inimigos. Houve. em verdade, tal precipitao nas naus
espa-
198 o BRASIL HOLANpS SOB
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gimen servil na Sucia, Polnia e outros pases. "E' raro aoitarem GERMNIA..
um escravo, porem-no a ferros ou forarem-no a um trabalho. Soem mat-
los, no por um esprito de disczplina ou de severidade, mas num mpeto de ira,
(267).
como se mata um inimigo, com a diferena de o fazerem impunemente"
Ainda hoje muitos gentios e cristos costumam dar quasi o mesmo
tratamento aos seus escravos. Sneca recomenda clemncia e mo-
derao para com les: "So escravos? diz le, mas tambm homens.
So escravos? mas tambm companheiros. So escravos? mas tambm humildes
amigos. So escravos? mas tambm escravos como ns prprios, se considerar-
mos que a fortuna tem sbre les o mesmo poder que sobre ns. Pois tanto podes
ver um escravo livre, como pode le ver-te escravo. :J cruel e deshumano
abusarmos dles como de homens, quanto mais como de animais / Riflete que
ste a quem chamas de escravo nasceu da mesma semente que tu, goza do mes-
mo cu, respira como tu, vive como tu, morre como tu. Vive, pois, com o teu in-
ferior da mesma forma que desejarias vivesse le contigo, se fsse teu superior.
Sempre que te vier mente quanto te permitido contra o teu escravo, lem-
bra-te igualmente que outro tanto dado contra ti ao teu senhor. Vive com
o teu coescravo clemente e afvelmente". EPIST. 47.
Depois que a avidez do ganho medrou ainda mesmo entre
os cristos, que abraaram f mais pura e mudada para melhor (268),
abrindo caminho com a guerra e com as armas, tambm os holan-
deses voltmos ao costume de comprar e vender um homem ape-
sar de ser le imagem de Deus, resgatado pelo sangue de Cristo
e senhor do universo, escravo apenas por vcio da natureza e do en-
genho. De sorte que nesta poca na qual os cristos dominam o
Brasil, poderia um escravo qualquer lamentar-se, exclamando:
"~ue msera sorte, :Jpiter e Deuses, ser escravo de um senhor louco". ARIBTOTE-
Em verdade, acontece nao,. , raro que um h ' sa, b
ornem maIS 10 SIrva a
LES lN
J
PLUTO.
um mais estulto, um bom a um mau, um inteligente a um estpido,
sujeitando ao alvedrio de outrem, no por defeito da natureza, mas
por dureza da sorte, a sua alma, parcela do esprito divino.
Foi
208 o BRASIL HOLANDS SOB
et SJ'lveliria
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A R
A B. Ecliptica.
C . Centro do Sol.
D . Centro da Lua.
CD. Distncia entl'e o entro do 01
e o da Lua.
E F. Grlndeza <.10 eclipse m dgito
e mino
E G. Re 'tante parte do Sol lumino a.
F C E G. Dimetro do Sol.
H F D E. Dimetro da Lua.
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 219
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africanas. de-la com as armas e ajuda-la com alvitres, de modo mais eficaz e
pronto. Acrescentava que era de todo em todo justo e conforme
ao costume da guerra entregar-se a governana dos lugares que-
les que, com seu esfro e pugnacidade, os venceram e subjugaram.
Seria tambm cousa perigosa nomear-se para al um governador
com poderes plenos, que fsse menos conspcuo pelo nascimento ou
pela fama, para al, onde a perfdia dos portugueses, movidos pela
vontade de um s, poderia pr em extremo risco a estabilidade da
Opinio contr- provncia e a dominao conquistada para a Companhia. Pensa-
ria dos Diretores , d .
da Companhia. ram, porem, e outra maneira os Iretores
d d a Companhla: assen-
taram ficassem sob a sua administrao as provncias da frica,
porquanto o mesmo tinham feito antes os reis de Portugal e de
Castela, separando sempre os governos das terras brasileiras e afri-
canas. A les os induziam ainda estas razes: que o prprio Bra-
sil tem de esperar da Holanda o seu abastecimento de vitualhas e
que estas, assim como as mercadorias necessrias, no podiam bas-
tar tambm para a frica; que era de recear o grande trabalho da
contabilidade do Brasil e a confuso com os negcios da frica;
era mais longo o caminho e feito com rodeios, pois a navegao
da Holanda para Angola fazia-se em viagem direta e quasi no mes-
mo tempo que para o Brasil, ao passo que a navegao do Brasil
para a frica se realizava com voltas, maior demora e perigos au-
mentados. Nem poderiam os comestveis, com sse desvio pelo
Brasil, conservar-se em bom estado. Demais, havia mais vantagem
em aportar-se primeiro a Angola, porque, desembarcando-se al as
mercadorias, se podiam receber nas mesmas naus os escravos ex-
portados para o Brasil, donde voltariam para a Holanda carre-
gadas de acar.
Expedio de No se limitou a stes sucessos a atividade de Nassau, mas,
J ol contra a nha ,
d o Tom. demorando-se o tratado das treguas entre os Estados Gerais e rei
}fR~ED~ 1~~-. de Portugal, inteiro ainda o direito e as causas da guerra;, 101, ven-
cedor} dirigiu sua frota contra a ilha de So Tom. Desembar-
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CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 239
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CONDE ]OAO MAURICIO DE NASSAU 241
~ do
R ec la;maoes
O prprio rei de Portugal, por um embaixador junto aos
em.baixador do Estados Gerais e no sem bilis, advogou a sua causa e reclamou o
,,.e~ de Portuga z.
que perdera, dizendo ser inquo que os mesmos Estados Gerais en-
viassem frotas e socorros ao rei dos portugueses, e em outras par-
tes e com outra frota, mandassem invadir-lhe as terras; que apre-
sentavam, como se diz, a arma em uma das mos e o fogo na ou-
tra; que violavam o direito das gentes e o natural com a opresso
dos amigos, e que no se deviam perturbar os propsitos da paz
Resposta. com outros novos movimentos de guerra. Falava, porm, a surdos,
pois todos aqueles atos tinham sidos praticados e concludos ou
antes de se negociarem as trguas, ou de serem ratificadas pelo
monarca portugus) ou de se promulgarem, o que se deveria ter
feito, segundo as condies das mesmas) para entrarem em vigor.
10 DE NOVEM- Pelo armistcio de dez anos celebrado com o rei de Por-
BRO DE 1641. tugal, foi Nassau prOibido de fazer guerra a esta nao. Mas,
por no ficar inteiramente inerte a Companhia, qual era no-
civa a paz, pois tda a sua glria e proveito estava nas ar-
mas, mostrou-lhe le a possibilidade de se transferir vantajosa-
mente a luta para outro campo, onde se encontraria matria
Nassau s~tgere para exercitar o valor. Observou-lhe estar franco todo o Oceano
Companhia
vo ?nodo e no-ca- P aCI'f'ICO, para ond e e' f'aCI'
1 e exp00Ita a navegaao"" des d e o Bra-
?ninho pa?'a di- 1 d d ""
lata,r-Zhe os do- SI , uma vez que, urante o estiO, sopram os ventos o setentrIao,
mnio , com cujo auxlio se poderia chegar ao Oceano Austral pelo estrei-
to de Magalhes ou pelo de Lemaire, recentemente descoberto (311).
Conviria experimentar al se os chilenos, ajudados pelos holande-
ses, se animavam a expulsar os e;panhis. Depois:! oferecer-se-iam
al ensejos de se atacarem as naus do ouro do Per, e as que do
prto de Acapulco se dirigem para Manilha, as quais foram outro-
ra presa do valentssimo cavaleiroTomaz Cavendish. Demais seria
ento possvel explorar, com despesas menores) as regies da Ter-
ra de Magalhes e da Austral. Se prometessem elas algum provei-
to, l poderiam ir os brasileiros por via mais breve.
Aquele ano (312) foi clebre para o Brasil, no s pela insur-
reio portuguesa, que dava aos batavos esperanas de grandes
hu a conU- cousas, mas tambm pelas suas calamidades particulares. Caram,
nua afogam
a, afra, de feito, chuvas to continuadas e fortes, sem intervalos, que se en-
cheram os rios, inundando por tda a parte as terras e arrebatando
as plantaes nas suas guas e voragens. Rompendo 'e superando
os
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 253
samparo.
Diante disso, estava o Conde na firme opinio de que, em o Conde desa-
- d . ,. - ... d
razao O recente armlstlclO, nao conVIrIa aln a mu dar a organlza-
. conselha uma s-
bita ?nudana na
o da milcia, nem destituir das honras militares os comandantes milcia.
benemritos, que se distinguiram na guerra pela sua lealdade. Cas-
s-las logo seria ato de quem quisesse apressar motins civs e mi-
litares. Eram-lhes, pois, ingratas as ordens que tivessem de cum-
prir-se, magoando os soldados e os cidados. Deviam os portu- Avisa que se de-
gueses ser a fagad os e atraI'dos com benef' - ser tratad os vem,
ICIOS, e nao tratar bran-
da?nente os po'r-
' . era necessarIo
com d esd em, ' . satIs
. f azer, escrupuIosamente, a pro- tugueses e cu??'/,-
pri1- as promes-
messa da liberdade do culto, e, alm disso, estimular com certos t- sas feitas.
tulos pomposos a um povo que se incha com o fausto. Para a pros-
peridade da Companhia nada se requeria tanto quanto a modera-
o e a brandura. As mais das vezes aplacam-se com remdios
brandos aqueles que resistem pertinazes violncia. Um dos pon- No aprova os
tos capitais da administrao do Brasil que sejam perptuos e diretm-es anuais.
no anuais os seus diretores, visto como os sucessores dles, as-
sumindo a governana de um pas desconhecido, continuariam a
impercia dos antecessores e tomariam resolues contrrias s ds-
tes e menos salutares e adaptadas s circunstncias. Assim, entre
essas deliberaes de contnuo interrompidas e sses planos inter-
valados} perdiam-se timas ocasies, e ficavam suspensas pelos su-
frgios incertos e discrepantes de vrios indivduos emprsas da
mxima relevncia.
Com grande firmeza declarou Tollner que tinham sido fei-
tas pelo Conde reiteradas reclamaes concernentes carestia do
mantimento e que, no se providenciando em tempo, o Brasil ia
passar fome e tudo se perderia. Com atestados mdicos provou
que muitos bitos se verificaram por falta de medicamentos, e mos-
trou que as terras recentemente conquistadas do Sergipe, Angola,
ilha
262 o BRASIL HOLANDS SOB
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CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 263
tulo de Vice-governador da Nobreza de Portugal, sob o prncipe herdeiro. Ser-
lhe-ia gratssimo saber que eram prsperas e timas as condies do Conde.
O seu rei sentira vivamente a violncia praticada pelos holandeses na
frica e no Maranho, no momento em que negociava com as Provncias-
Unidas um tratado de paz e em que conseguira do rei da Frana e dos Es-
tados Gerais frotas auxiliares contra o rei de C astela. Estava plenamente
convencido de que a casa de Nassau e o descendente conceituadssimo de to
ilustre famlia no tinham culpa de ao to odiosa e de audcia to mpro-
ba, pois le N assau deveria julgar a sua nclita prospia no um penhor de
violncia e de injustia, mas de justia. Cabia-lhe, pois, aconselhar aos Es-
tados Gerais e ao ch~(e da emprsa Hinderson a restt"tui"o do que arrebata-
ram injustamente, se no quisessem fsse tambm rescindido pelo rei o pacto de
trguas . No devem condescender com as demasias dos soldados os grandes ge-
nerais, que aspiram suprema honra da milcia, que buscam fama na intei-
reza de um nimo generoso e que abominam a barbaria de uma soldadesca
rapinadora. A melhor regra a absteno da guerra injusta e a diligente
conservao das vantagens da paz. O maior desejo do rei era que o C onde ti-
vesse sob o seu comando a maior parte do exrcito real. ~ando, porm, con-
versava Montalvo com o monarca sbre tal assunto e mostrava sua opinio
favorvel, perturbou o que comeara a superveniente notcia da ocupao de
Angola pelos holandeses . No destiria, contudo, daquilo, enquanto no sou-
besse do Conde todo o ocorrido. O reino de Portugal achava-se forte pelo seu
exrcito, as fortalezas fronteirias providas de guarnies, e pelos seus conse-
Eram quasi iguais
2hos renovava-se a marinha, e outras cousas dste teor".
a estas as que escrevera o capito Antnio Fonseca Dornelas} en-
viado ao Conde pelo rei.
Empenhado Maurcio em promover os intersses da Com- Maurcio ao iJni-
J
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panh la, .. d d d d
01 seu primeiro CUI a o, ao escansar a guerra, revistar
. cia?'em-se as tr-
guas ?'eduz o
J
cila ao alvedrio do povo o preo das cousas, mas tambm fica in-
certa a estimao dos haveres. Aos portugueses seus subordinados
mostrou a humanidade e eqidade que em geral se exige de cada
um, e tanto mais quanto o agravo ou benefcio feito a muitos
mais sensvel. Nada queria tirar aos vencidos seno a possibilida-
de de causarem dano, porque se devem fazer as guerras para, sem
opresso, viver-se em paz. Conquanto se possam privar os ven-
cidos de tda a faculdade de se governarem, todavia permitiu aos
portugueses seguir, nas relaes privadas e nas pblicas de menor
importncia, as suas prprias leis, costumes e juzes. Quis que
nessa indulgncia entrasse o exerccio da religio, o qual no deve
ser tolhido seno por meios suasrios, porque tal procedimento no
somente grato aos vencidos, mas tambm inxio aos vencedores.
Desvelou-se, entretanto, em no ser a religio verdadeira oprimi-
da pela errnea, o que antigamente fez tambm Constantino, de-
pois de triunfar do partido de Licnio, e, aps le, os reis francos e
outros. E com tal clemncia e beniguidade tratou Nassau os por-
tugueses
266 o BRASIL HOLAND~S SOB
Quando se ocupava o Conde com stes aprestos, eis que, com Notcia da 'rebe-
.
maus agoIros, f 01. ln
. f ormad o d e que d uas naus expedd lio dos portu-
I as de Portu- gueses na, ilha de
g al tinham desembarcado fras na ilha de So Tom; de que os ~af~o.Torn, rwa.
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qurito
o -
CONDE JOA0-LMAURICIO DE NASSAU 22'5
qurito sbre as causas dsse tumulto e se apurou que os holande- Oca io.
ses tinham cometido aquela agresso, inflamados com a notcia da
revolta de So Tom e da matana do Maranho. Planeara-se
aquilo, porque os diretores acreditavam que Meneses, chamando
um tro de homens dos confins de Massangano, maquinara con-
tra les diretores algum ato hostil. Entretanto nenhuma prova se
fez da culpabilidade de Meneses, pois depusera uma testemunha
duvidosa, que referia cousas ouvidas no por si mesma, mas de ou-
tros. So, de fato, sempre inclinados s suspeitas os espritos da-
queles cujas possesses se encontram em situao dbia.
Os administradores da Africa Nieuland, Molss e Kruse es-
creveram ao Conde que tinham em mira atalhar tempestivamente
a ousadia e os intentos sediciosos dos portugueses, apoderando-se
do governador e de uns poucos dles capazes daquele feito, para
que, prevenindo-se, no sofressem tambm desastre semelhante ao
do Maranho. As sentinelas, porm, da estncia de Meneses e depois
os cidados, ao perceberem-lhes a chegada, foram os primeiros em
atirar e usar de violncia.
Fez-se, entretanto, isso no ultramar, na Africa, sem Nassau
o saber e contra as suas ordens, pois le sugerira avisos, no acon-
selhara armas. Os diretores de Angola comunicaram o ocorrido
ao rei do Congo e ao duque de Bamba, que ouviram, cheios de
alegria, os infortnios dos portugueses. O Dr. Simo Alvares de
la Penha, que ento cumpria por acaso uma incumbncia do go-
vernador Teles junto ao Conde em Pernambuco, indignado com a Protesto de por-
Ao f' tl,tgueses.
notcia do fato, queixou-se por escrito a ele da crueldade e per 1-
dia dos nossos, e atestava ter-se violado o direito das gentes, que-
brando-se o juramento da recente paz e suspendendo-se os prop-
sitos de amizade entre as duas naes. Alm disso pediu fssem
restitudos s suas moradas os prisioneiros e os desterrados, ressar-
cindo-se a cada um a perda dos seus bens.
Responderam-lhe o Conde e o Supremo Conselho que
Loanda no pertencia sua alada, mas dos diretores da Com-
panhia.
Talvez interesse aos holandeses saber, para se esclarece-
rem as causas ocultas da revolta de So Tom, que o negro livre
Cristvo Sanches afirmou perante testemunhas juradas em Per- Plano secreto da
nambuco O seguinte: que Antonio Carva1hd
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276 o BRASIL HOLANDS SOB
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13. 1!iuria nostra z. Lujitan
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'J/tca1' ltt 6. L uft notti-luclt
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CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 279
bastimentos.
5) Com esta armada rwnasse imediatamente para o es-
treito de Lemaire, e no prto de Valncia} situado na sua margem
esquerda, se provesse de gua potvel e de lenha.
6) Transposto o estreito, se fizesse ao largo e, demandando
o poente, se acautelasse para no ser arremessado pelo mpeto dos
ventos ocidentais, dominantes no Pacfico, para o sul do estreito de
Magalhes. Depois esteirasse para o norte e, se fssem propcios
os ventos do oeste, proejasse, margeando a costa, para o prto de
Castro ou Chilo e, lanando ferro al, lustrasse num iate o inte-
rior do reino. Desfraldando depois uma bandeira branca em sinal
de paz, convidasse os naturais fala, aproveitando as ocasies de
sondar-lhes os nimos e de indagar os segredos e os proventos das
terras.
7) Reparasse atentamente que, naquela enseada, o Oceano
entumece considervelmente nos novilnios, e por isso se precaves-
se com diligncia para no varar nos bancos durante a preamar,
sendo obrigado a esperar a lua nova seguinte.
8) Depois, entrando em conversa com os principais do po-
vo (chamam-lhes caciques), lhes expusesse que al chegara atravs
de imensas distncias, atravs de tantos casos e perigos do mar,
chamado pela fama das guerras que les, brava e gloriosamente,
tinham feito, desde 1555, sob o comando de Caupolican, Lautaro e ou-
tros capites, contra a nao inimiga dos espanhis para recupe-
rarem
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 289
dos seus lanifcios, da sua arte de tecer e pisoar, da sua terra cim-
lia para limpar os panos.
22) Transportasse para o Brasil alguns casais de ovelhas
do Chile destinados propagao, por ser-lhes apreciada a l, e tam-
bm certa quantidade de salitre p3ra compensar os gastos da via-
gem, assim como tintas de vrias cres, algumas das quais melho-
res do que a cochonilha.
23) O Conselho dos Dezenove dera tambm instrues a
Brauer para explorar a terra austral, pois cobiava e firmemente
esperava descobr-Ia.
24) Se a situao fsse tal que os castelhanos dominassem
com guarnies Valdvia, a ilha de Chilo e outras fortalezas, de-
veria o almirante desviar-se para as proximidades, afim de que, con-
seguindo a a amizade dos chilenos e a faculdade de comerciar, pu-
dssemos ns, ajudados pelas fras dles, expulsar de alguma pra-
a o inimigo, atacar a ilha de Santa Maria e defend-la por meio
de colonos chilenos. Celebrado com os chilenos um pacto de co-
mrcio de guerra contra o inimigo, seria permitido a Brauer vol-
tar para a ptria, deixando em seu lugar Elias Herckmann, o qual
deveria ser por le industriado para aquele cargo e maduramente
instrudo pelos seus conselhos.
Para a Companhia no realizar sem Deus to grandes em-
prsas, porque sobrepe ela a piedade aos intersses humanos, quis
que Brauer cuidasse de propagar entre os brbaros a religio refor-
mada, livrando os Chilenos, que haviam abraado a doutrina papis-
ta, de tamanhas trevas e trazendo-os de futuro para maior luz, e
que espancasse o gentilismo com o Cristianismo e velasse pela sal-
vao dos que desgarraram do caminho da verdade, afim de no
parecer que somente desejamos enriquecer, mas sim que tam-
bm nos compadecemos de quem erra. Administraria o resto a seu
arbtrio para glria do nome de Deus, fama da Repblica e inco-
lumidade da Companhia.
Agora j se deve tratar do prprio Chile. Descrio do
CHILE.
Est situado na parte austral da Amrica, fora do trpico Situao.
de Capricrnio, entre o Per ao norte e a Patagnia ao sul. Ao
ocidente olha para o Oceano Pacfico, num longo trato de costas
de 500 milhas de extenso. E' limitado a lste pelo Oceano Atln-
tico,
292 o BRASIL HOLANDS SOB
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 303
Elegem o governador dste modo: aquele que pretender su- Eleio do go-
Ceder ao morto tem de examinar se suas riquezas bastam para le
ve'rnador
.
recompensar aos ulmenes ou magistrados inferiores. Depois, con-
vocando-os, alega, num discurso ao povo, os merecimentos de sua
famlia e de seus maiores, o poder dos amigos e a glria das suas
virtudes militares. Responde ao discurso um dos principais e, en-
carecendo os mritos do futuro chefe, recebe o juramento dste e
dos seus. Depois, tirandolhe do pescoo uma faixa fulgente de pe-
dras preciosas, distribue-as entre os senhores dos territrios ou
ulmenes. Ento aclamam o novo governador e entregam-s.e s co-
mezainas, que para les so o princpio e o fim de tudo.
Os animais do Chile diferem notvelmente dos nossos. Das Animais.
ovelhas umas so bravias, como as da Esccia, outras so mansas.
Algumas se parecem com camelos no feitio do corpo, mas no no
tamanho. O pescoo delas redondo e mais longo, o focinho fen-
dido, mas no teem corcova. A cr varia: branca, preta, cinzenta,
mas a das bravias avermelhada e fulva. Os donos guiam-nas
vontade, perfurando-lhes as orelhas e passando por elas uma corda,
com que se governam como os cavalos com os freios. O Chile cria
um animalzinho do tamanho de uma arda, sem pelos e de muito
valor para os Peruanos. Chamam chinchilla. grande al a quan-
tidade de gado mido e de. avestruzes. Os frutos levados da Espa-
nha para l medram fcilmente. Alm de outros cereais, produz a
regio uma espcie peculiar de trigo chamado teca. Os naturais se
alimentam menos com a flor da farinha do que com sse trigo mo-
do e torrado. Derramando-se nle uma pouca de gua, serve de ali-
mento; se o diluem mais, serve de bebida, Nasce l uma rvore deno-
minada 1Jturtilla pelos espanhis e ugni pelos indgenas. Do fruto
dela se espreme um licor muito parecido com o vinho e muito sau-
dvel para o estmago.
Apartaram ao Chile os clebres navegadores Francisco Dra- Os que foram ao
ke, Tomaz CaVendlSh,. 01"lvelro van der N oort, Jorge Spi'lb erg e ou- Chile.
tros. Quem nle penetrou primeiro conduzindo tropas foi Diogo
Almagro, que superou com grandes riscos os cimos dos Andes.
DepoisValdvia subjugou-lhe as provncias 'e construu as cidades
Imperial e Valdvia, dando a esta o seu nome.
Os araucanos so os mais belicosos de todos os povos chi-
lenos. Muitas vezes desbarataram aos espanhis com grandssi-
mo
A
Toma-se a forta- dasse quantos encontrasse e lhe fizessem rosto. Logo investiram
leza de Oarel-
mapu.
os holandeses a fortaleza de Carelmapu, que os espanhis defen-
diam com sessenta homens da guarnio e duas peas de bronze.
Vencida ela, mataram todos sem exceo, afim de que, espalhan-
do-se o terror do nosso nome, se abrissem nossa chegada as par-
tes mais ntimas da regio. Assim pareceu a Brauer. Pronto sem-
pre a guerrear todos os espanhis, combatia mais cruamente aque-
les de que esperava despojos opimos. Julgaram, porm, seus com-
panheiros de armas que o seu procedimento foi pouco atilado, por-
quanto, no deixando ningum, faltavam informadores e ensejos
de se descobrirem as cousas ignoradas que les queriam saber. A
referida fortaleza erguia-se mesmo s margens do rio~ na fronteira
dos povos de Cunco (346), Osorno e Valdvia, os quais vivem em
guerras quasi perptuas com os espanhis. A quatro lguas dal para
li'01'talez 1 de leste, possuem os espanhis outra fortaleza - Calbuco -, que de-
albuco. fendiam com uma guarnio de quarenta homens) e uma pea de
bronze, alm de uma trre. Na fortaleza de Carelmapu se achou
uma carta escrita em 28 de Fevereiro de 1642 e endereada de Lima
para a cidade de Conceio e da para Carelmapu. Nela se avisa-
va aos de Chilo que no faltassem com a sua defesa e que os ho-
landeses chegavam em doze naus, divididas em duas esquadras.
Teve o inimigo conhecimento disso certamente por censurvel cos-
tume dos nossos, propensos a levar aos estrangeiros os negcios do-
msticos. Demolida e arrasada a fortaleza de Carelmapu, junto
da qual havia trinta habitaes, teve a mesma sorte a cidade de
D t1"i (/ ila, de Castro, edificada na ilha. Abandonadas dos seus moradores, cau
a t1O. em poder dos holandeses, Os cidados incendiaram-na, e o almiran-
te ainda lhe aumentou o incndio para que ela, do alto mar, repre-
sentasse Tria expugnada e fumegante. No teria sido outro o des-
tino de Calbuco, se os bancos, os escolhos, as mars e os temporais
impetuosssimos no tivessem obstado a que se navegasse at l.
Por ordem de Brauer foram destrudas at os alicerces as igrejas e
as casas meio derribadas de Castro, afim de nada dos inimigos res-
tar inteiro e salvo"
Procurava ento o almirante aprisionar ou atrair com pa-
lavras brandas alguns que lhe pudessem dar informaes relativas
ao Chile. Mas foi em vo, porque os habitantes fugiam horroriza..
dos com as asperezas da guerra, e, em conseqencia das chuvas con-
tnuas
o -
CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 307
passe um lugar novo, sem ter achado ainda o lugar da nova glria
a que aspirava. Com efeito, agravando-se a enfermidade e sentin-
do-se le inapto para trabalhar e realizar seus tentames, declarou-
se desapegado da vida, recomendou aos presentes seus intersses
particulares e os pblicos e, perfeitamente conformado com o seu
fim, que lhe vencera todos os cuidados, entregou a Deus a sua alma
invulgar. ~le merece a memria da posteridade por ter sido o pri-
meiro que abriu caminho para o Chile e o Oceano Pacfico, no
pelos estreitos, mas pelo mar largo. Incumbira seus funerais a Her-
ckmann e Crispim, escolhendo Valdvia para lugar de sua sepultu-
ra. Para desempenharem les os seus deveres de acrdo com a
amizade que dedicavam ao morto, retiradas as vsceras do cadver
e enterradas, procuraram conserv-lo, embalsamando-o. Colocaram-
no depois no poro mais amplo de uma nau afim de transport-lo
Elias para Valdvia (346 A). Por prescrio secreta da Companhia, a qual
H rc7mann
su 'ed -lhe. ento se patenteou, sucedeu-lhe no mesmo psto Elias Herckmann,
varo prudente e grave, diligente administrador da Companhia Oci-
dental, membro do Conselho de Justia, governador da Paraba e
clebre por mais de uma expedio martima. Dotado de sentimen-
tos mais brandos e moderados do que Brauer infenso a uma pre-
j
O' hileno
. to, conf essaram a sua 19norancla
.
A'
e nao sem h orror se assombraram
,..,
-=--~---~.=-.--_
,
-~--;.--:--.-
.
I .... r~
.- - -"-'.
podiam sofrer tal demora e que no deviam estrangeiros, por uma esperana
Incerta de vitualhas, deter-se alr sem a certeza nem de socorros, nem de fide-
lidade, 'Item de comrcio. Ento um dos principais, venervel pela velhice, de
nome Chemuln, falando pelos outros, comeou a invectivar os labres do OUro
e da minerao e narrou, num discurso dramtico, os infortnios dos ante-
passados e as crueldades dos espanhis, afirmando que, nos descendentes, tinha
morrido no s o amor dos montes, das minas e o do ouro e o desf!jo de investi-
g-los, mas tambm a lembrana de tais cousas. Deram-nos, porm, a espe-
rana de nos fornecer gado para sustento de alguns dias, mas foram pala-
vras 'vs. Porta'llto, procurei informar-me rigorosamente de todos os 'Itossos
bastimentos, afim de que o tempo da nossa demora al no excedesse a medi-
da dles. Com trincheiras e baterias mandei munir apressadamente os valos
contra inimigos encobertos ou declarados. A solt/adesca, queixosa da rao parca,
teve de ser compelida a sses trabalhos com palavras severas e ameaas. No
havia ocasies para devastaes afim de se procurar alimento em outros luga-
res, porque ainda no era garantida para ns a posiO do acampamento.
Entrementes anunciaram os valdivenses, para aterrorizarem os nossos, que
haviam chegado os espanhis e ocupado Imperial, notcias que eram publicadas
com o povo todo a ouv-las, para que todos os aprestos do inimigo, verdadeiros
ou fingidos, se tornassem bem conhecidos de cada um e nada ficasse secreto ou
oculto. Ocorreu um fato vergonhoso: cincoenta dos nossos, fazendo uma cons-
piraO, planeavam uma desero, e ter-se-ia consumado o crime, se um pri-
sioneiro castelhano, a quem tinham comunicado o seu projeto flagicioso, no o
tivesse denunciado. Para escarmento foram sete condenados a ser fuzilados,
intimidando-se os resta'lltes para no pretenderem imitar semelhante loucura.
Entre sses discrimes e revezes, julguei prefervel voltar sem concluir a em-
prsa a insistir pertinazmente no que se comeara e a lutar contra a .fortuna
adversa, cuja benignidade ningum per si pode garantir".
Acredita-se que nenhum motivo pesou tanto para Herck-
mann regressar para o Brasil como saber que os seus, em secretas
conjuraes, maquinavam a desero de seu partido; temendo- le
por isso dano certssimo para os intersses da Companhia.
B~~~~;~ra de Tal foi o fim de to importante expedio e da vida de
Brauer. ~ste, nascido num hemisfrio e sepultado em outro, en-
tregou ao Ocidente as honestas riquezas que granjeara no Orien~~
te, porque, nutrindo grandes esperanas no ouro do Chile e des-
confiando dos rditos do Oriente, perdeu simultneamente os seus
haveres e a sua indstria. A fortuna, com efeito, nunca favorece
plena-
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 315
Vocbulos chilenos
Tipanto ano Bachiante hoje
Tien ms, lua Mintay agora
Toninco semana Weitiva ento
Ante dia, sol Wantarulei alta manh, no
Paun noite fim da manh
Tabuyo tarde (subst.). Taptou tarde (adv.)
Eppeun manh Biliante sempre
Rangiante meio-dia Chumel quando .
Urle amanh Chem chuem como, aSSIm
Eppo depois de ama- ,
como, tal qual
nh. Hueno ceu
J7ya ontem ~ereb ar,vento
Putcy anteontem Tomo nuvem
Jl7angelen
A
Penem
.
penls
Lonco cabelos
Teren lonco cabelos brancos Collu testculos
L 010 crebro Metu partes pudendas
Angen rosto,semblante da mulher
Taun faces Chan coxas
Ne olhos Lucu joelho
Tacune membros Wethuntoy panturrilha
Denen sobrancelhas Toy canela
Ua Wirtgne clios, pestanas Hemum pernas
,
Ju narIz Namon pes
Peloju narInas Changil N amen artelhos
Merum monco Prencoy l\Tamen calcanhar
Pi/um orelhas Puley Namen planta,. do p
Ou?J, bca Piuque coraao
Adem suor Wocum pulmo
!fZ,ue estmago
!fZ,uewen lngua Curique fgado
Melbue lbios Uecaque bao
Boru dentes !fZ,uelche intestinos
dente molar J7illin bexiga, urina
liga
]'r[ee
--
excremento
Bida bida palato
Coun cuspo Perquen traque
Rulmewe garganta Nomoy fedor
Nen esprito Pelengsley aranha
!fZ,uette
.
mento, queIxo Inche eu
Paiun barba Eimi tu
Pylco pescoo Tubei le,
Pel cerviz, cachao ln chen nos
,
Lipan ombro Tecengen etmen vos
Puilpa brao Liengen les
Cue
,.
mao Emma aSSIm, .
sIm
,.,
Mancue mo direita Muh nao
Wele cue mo esquerda Pichumei perto
Pttley cue palma da mo Alerungei longe
Changelcue dedos Taymen contra
Buta changel polegar Woecuu fora
1PiH unhas Compay dentro
Zevo peito Pulon em baixo
OJu maminha Wono em cima
.
Pue ventre Buri depois, atrs
Tf7eddo umbigo Junengen antes, diante
Cadi costelas !fZ,uelleb
.
Junto, ao pe
,
Bttri dorso Munai bastante, assaz
Anca lombos Alengei demasiado
~uichio ndegas Munalai muito pouco
Chemibla
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 321
Quando
322 o BRASIL HOLANDS SOB
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CONDE JOAO MAURICIO DE NASSAU 327
A. Caftru.m..
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 343
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o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 351
por propagaao.
Dvidas. vultoso o dinheiro devido Companhia e a particulares
pelos senhores de engenhos, metade do qual pertence Compa-
nhia. Estando, porm, vinculados entre si os conselheiros, os se-
nhores de engenhos, os comerciantes, trabalhadores, banqueiros,
por causa das necessidades comW1S da vida, acontece que a runa
de um acarreta a de outro, e o primeiro desastre abrange os se-
guintes.
Recentemente mostraram os maranhenses a perfdia da sua
gente com a sua famosa rebelio, e esta teria igualmente rebenta-
do em Pernambuco, se no se houvesse sufocado no nascedouro o cri-
minoso plano. A desesperados nenhum cometimento incerto mete
mdo, e assim parece quererem tentar qualquer cousa que os liber-
te dos seus dbitos aos holandeses e da dominao dles.
Ca'restia de pro- Os principais produtos do Brasil so mandioca, acar e
dutos agrcolas. ma deiras. Se a prImeira
. . f"osse copiosa,
. erla a Companhla fIcar
p od
aliviada de enviar sempre mantimentos, e seria ela assaz copiosa,
se os naturais se dessem lavoura para utilidade de muitos, pois
esto acostumados a produzir para si e para os seus, e no para os
outros. Da penria da mandioca resulta que os preos sobem sem
medida, de sorte que um alqueire, comprado antigamente por
24 stuivers, agora s se obtm por 10 florins. Em conseqncia
disso, a plebe faminta, que no sabe temer, devasta as lavouras J
nentes
356 o BRASIL HOLAND:S SOB
nentes a sses tais e fizeram de uma posse certa uma posse incerta,
estimulando-os a ambio do lucro que tiravam do dinheiro vis-
ta. A isto seguiu-se o excesso dos serviais, a baixa do acar, a
carestia do mantimento, a morte dos negros por varola, o aban-
dono das lavouras, o estrago das plantaes pelos saqueadores, a
devastaco causada pelas lagartas, arganazes, camondongos, as
~
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o CONDE JOO U leIO DE NASSAU 359
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1ft iS
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 367
pois de hav-los amedrontado:; no se esquivou aos convites da paz
ou de guerra mais comedida. Nle encontraram amparo naes
tanto brasileiras como africanas, recebeu-lhes honrosamente os em-
baixadores e defendeu o renome das Provncias-Unidas, assim na
paz como na guerra.
Quem poderia enumerar tdas as riquezas e cada uma de- Acar: Da
las e a grande quantidade de mercadorias que em seu tempo circu- ~::~~~h~~.555
laram no comrcio? Por essa poca, exportaram-se umas 100.000 caixas;mascav~-
do - 27.803 ca'lr-
caixas de acar, entre as da Companhia e as de particulares. Dos xas; panela-
5.766.
livros da alfndega consta o seguinte clculo delas: 104.555 caixas De particulares:
, branco -
de aucar branco; 27.803 do que chamam mascavado; 5.766 do a- 54.593lh, caixas)'
mascavado -
car panela. Estas eram da Companhia. De particulares era o se- 22.100 caixas;
guinte O nmero: 54.593 Y2 de acar branco; 22.100 do mascavado; ~:~~: - 3.403
3.403 do panela. Pau-brasil: 2.593.630 libras, para no falar do cl- i~;~~;:;iii:b~~~:
culo da exportao do tabaco e de outras veniagas de menor valia.
Alm disso; o Conde enriqueceu e ornou com edifcios vi-
las e cidades. Construiu pontes e palcios para utilidade e beleza.
Erigiu, em parte por sua munificncia, um templo para a piedade
e para o servio divino. Teve consigo e favoreceu, na paz e na guer-
ra, os mais eminentes artistas: arquitetos, gegrafos, pintores, es-
cultores para que les mostrassem, vencidos, aos holandeses de alm-
mar os lugares, as terras e as cidades que le prprio vencesse. Jul-
gava legtimo que o cultivo do engenho deveria acompanhar o im-
prio aonde le fsse. Mandou desenhar cartas geogrficas com
grande cuidado e a sua custa, nas quais se representavam as cida-
des, vilas, povoaes, fortalezas, currais, lagoas, fontes, cabos, es-
tncias navais, portos, rios, escolhos, engenhos, igrejas, conventos,
plantaes, posio das regies, suas longitudes e latitudes e outras
cousas, sendo autor delas Jorge Marcgrav, exmio gegrafo e astr-
nomo, o qual, incumbido de fazer o mesmo na Africa, l morreu.
Para agradar-lhe, mandou o Conde construir numa eminncia um
observatrio, onde se estudassem os movimentos, o nascer, o oca-
so~ a grandeza, a distncia e outras cousas referentes aos astros~
A stes estudos juntou ainda aquela diligncia com que fez desenhar
e pintar artisticamente os animais de vrias espcies, as maravi-
lhosas formas dos quadrpedes, assim como das aves, peixes, plantas,
serpentes e insetos, os trajes exticos e as armas dos povos. Esta-
mos
368 o BRASIL HOLAND~S SOB
mos na expectativa certa de tudo isso, que deve sair a lume com as
respectivas descries.
Se bem que tratava o Conde a todos com distino; admi-
rava e amava aos doutos, principal~nente aqueles a quem conhe-
cia na intimidade. Entre stes estavam em primeiro lugar Fran-
cisco Plante e Guilherme Piso~ aquele seu capelo e pregador, ste
seu mdico, aquele diligentssimo em excitar as almas piedade,
ste em revelar a natureza maior das cincias, ambos insignes pela
sua ilustrao e louvados na sua arte. Por isso quiseram no so-
mente ser testemunhas das aes praticadas, mas tambm dar a co-
nhecer a flora do Brasil. Um, dirigindo o esprito para as fices
poticas, exaltou, num poema de mrito, que intitulou Mauricada,
os feitos gloriosos de Maurcio no Brasil. O outro, dedicando-se
ao estudo da natureza rara e das virtudes das plantas exticas, jul-
gou que lhe competia dar-lhes a descrio. Fizeram stes dois
que no fssemos vencidos no engenho e na erudio por aqueles
cujas armas vencramos com as armas, cuja barbrie vencramos
com a brandura.
De tdas estas cousas, nenhuma teve o Conde por maior
que a religio, nenhuma por mais sublime que a f. No govrno
delas de tal modo se distinguiu que, na diversidade das crenas,
conquanto professava publicamente a sua) isto , a verdadeira, man-
teve-se eqitativo em relao s outras e no imps aos sditos,
com editos minazes, a forma do culto divino que abraara, mas dei-
xou-a pura qual a encontrara, ou a ela os atrau plcidamente. Por
isso aconselhou se ganhassem os nimos dos gentios para les acre-
ditarem que lhes queriam ensinar o melhor aqueles que os amavam.
Em verdade, no se persuade o que preciso crer queles a quem
se faz mal, nem podero les esperar os bens espirituais e de vida
melhor daqueles que vem alcanarem os bens terrenos com o
roubo e obterem o poder com derramar sangue. No se diria
que Maurcio vivia entre brbaros) tal a polidez, mansido e
eqidade com que governava- o povo. Por esta razo todos o
louvavam abertamente, gozando le aquela simpatia e prestgio
com que se firma a autoridade. Sobrelevava na piedade: era um
severo observante do culto religioso} mas sem ostentao. Apro-
veitou os melhores conselhos dos cidados, impediu os prejudi-
ciais, encaminhou os duvidosos, evitando em tda a parte que
,.,
nao
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 369
Voltando Mau- de vontade e nimo sereno. Certo se deveu ao destino que, despin-
rt~io epahra
r~a} o do-se , nas terras estrangeiras, da sua dignidade de governador e ca-
a dP-
onra
com altas digni- pito-general se houvesse revestido de outra na ptria, sem deixar
~dy. '
de ser quem foi e tornando-se at maior do que foi. Antes obede-
ceu at s ordens dos mercadores, agora somente s dos Estados
Gerais; antes servia um cargo temporrio, agora perptuo; antes
administrava intersses da Ptria, ausente dela; agora faz o mesmo,
residindo nela; antes governava brbaros, agora governa a sua
gente; antes comandava milcia mais imperita, agora tem s or-
dens milcia mais organizada. Com efeito: foi nomeado pelos Esta-
dos Gerais no s governador da nclita Wesel (362), a mais forte das
praas fronteirias, mas tambm tenente-general de tda a cavala-
ria, sob o prncipe Guilherme de Orange (363), e, lembrando-se dos
mritos de seus avs e votando-se aos intersses da Holanda, v a
trajetria, mas no o trmo, das suas honras.
Os invejosos e descontentes se inclinam a diminuir os-lou-
vores dos que governam, mas aqueles que seguem os sentimentos
de justia e os sufrgios dos melhores no ouvem as vozes vs do
povo. Os que vo julgar dos capites cumpre que lhes examinem os
planos, conselhos, fidelidade e feitos) e no imicamente isso, mas
ainda aquilo que poderia ter sido por les realizado, pois sabido
que amide no se lhes deparam ocasies, amide se veem priva-
dos de armas e aparelho blico. E alm disso, no podem respon-
der, por si prprios, pelos sucessos de todos os cometimentos, por-
quanto as cousas da milcia so muito sujeitas sorte. Tambm
esta a condio dos potentados: - consideram seus todos os feitos
prsperos, mas imputam aos seus generais tdas as emprsas infe-
lizes. Nassau nunca deixou escapar-se a Fortuna, quando ela se
apresentava, nem permitiu, por negligncia, que ela se oferecesse
ao inimigo. E, quando ste prevalecia em armas, nunca le achou
que se devesse desdenhar, nem temer-se, quando a necessidade e a
esperana da vitria incitavam a ousadia. fcil aos moradores
da Europa vencer pelos desejos tUna terra inimiga, conversando e
bebendo. Cada um de ns inventa a seu gsto modos de vitrias, e
mostra-se maior no entusiasmo que nos conselhos, diligentes na
lngua e nada mais tentando alm das palavras. Mas um general
vigilante, moderado e prudente, a.ssim como pode tolerar os paro-
leiros batavos, assim tambm sabe precatar-se de empreender aes
supe-
o CONDE JOO MAURICIO DE NASSAU 311
FIM
,
REGRESSO DE MAURICIO
ou
CONGRATULAO
, ,
DIRIGIDA AO EXCELENTISSIMO E ILUSTRISSIMO CONDE
""'-tI I
JOAO MAURICIO,
CONDE DE NASSAU,
CATSENELLENBOGE. VYANDEN E DIETZ. SENHOR
DE BEILSTEIN. GOVERNADOR E CAPITO GENERAL DO
BRASIL~
AO RETORNAR. SO E SALVO. DA AMRICA
PARA A EUROPA
POR ,
GASPAR BARLEU
~:t
od;v ~e volta do Ultramar, j se acha N assau entre ns e j
os holandeses sadam o general que regressou. N 110 o
queimou ainda de todo o ardente Febo, e assim mostra le
a antiga alvura e, com os vestgios da cr nativa, con-
serva tambm os traos da sua primeira retido. P ar-
tira, como guerreiro, para o lz.emisfrio ocidental e para
as tuas terras, cansado Sol. A le que se arrojava glria, no lhe pareceu
bastante a Europa e a parte do orbe que, primeiro, foi abalada pela fama dos
seus. Foi-lhe preciso ir buscar no mundo brbaro o adversrio ibero, e aos
/
enfim parou, xule, nas costas hesprias. Este foi o destino de Ncias, e os Co-
nes da Grcia demandaram) atravs das ondas, os pases estrangeiros. A mes-
ma sorte exaltou a Lisandro e aos senhores de Roma. E' pela bravura e
pelos transes do plago que se provam os grandes nimos . So os dcrimes que
nos tornam ,fortes, e no teme pequenas cousas quem desdenhou o mar. Mas,
assim como o chife troiano, depo de mil perigos, aportou enfim, salvo, ao
Tibre, e sentiu-lhe propcios os deuses speros, assim tambm tu arribas, a sal-
vamento, s costas do Brasil, transpes os seus j hospitaleiros rochedos, entras
na cidade protegida de recifes e nos lugares, pouco faz, habitados pelos espa-
nhis, e alcanas o fastgio de um esplndido govrno.
Logo tua chegada, s vencedor, e o bravo Bagnuolo o primeiro
que se di de ser vencido pelo Prncipe. Debandaram-se-Ihe as hostes, e as
arcas de Prto Calvo entregaram-te as suas riquezas.
O' afortunado C onde, herdeiro de memorando nome, vtram os Trpics
praticarem-se ta faanhas, e a zona que, de um e outro lado, termina o ca-
minho de Febo quis se encerrassem os teus jeitos entre os mesmos limites, de-
marcando com o Cncer e o Capricrnio esta ao marcial. ff(,uando se ven-
ceu Penedo, acreditou-se que, em teu favor, aguou o prprio ff(,uiro as suas
setas e auxiliou o Capito batavo. Orionte ofereceu-te o seu escudo, quando a
tua dextra audaz expulsou os indgetes de todo o litoral, e a grandssima ca-
pitania de Pernambuco, tranqilizada por to ilustre regedor, se livrou da
antiga dominaO. E no te pareceu bem o enfureceres-te: a clemncia o eter-
no dote da tua famlia. A todos indistintamente ds a esperana certa da sal-
vao e da vida, e, abrandado, atrais, com plcidas condies, os indecisos e o
prprio espanhol. E no te basta isto: fortificas a cidade por terra e por mar
e fechas a entrada aos inimigos, enquanto o pai dos deuses jorra das nuvens
as chuvadas e franqueia os caminhos, e os Faunos dansam na relva densa.
Apenas foi a Repblica firmada pelos teus cuiaados, e recebeu suas
le aquela regiO amenssima, logo envias as trombetas belicosas contra o N-
ger fronteiro e contra as costas africanas, cobertas, em largo espao, de lu/-
vas areias. E' a morada dos EtOpes, semelhantes aos espritos decados que
se
o CONDE JOO 'MAURICIO DE NASSAU 377
se agitam nas profundezas do Aqueronte. Al est situada a poderosa forta-
leza da Mina, que se eleva rodeada de valos e que, possuda, muito tempo,
pelos Filzpes austracos, era o nico objeto de receio que. fazia tremer o mer-
cador batavo. Tomaste-a, e aquele famoso forte juntou-se aos teus trof?us.
Faltava-te ainda uma vit6ria martima, faltava-te ainda a coroa naval,
com que se galardoa o desbarate das armadas, e eis que, ameaa;ndo males
extremos, vieram aterrar-te os inimigos, e os bardos vizinhos das naus, com
os seus bancos de remetros, e o cro dos Santos. Tu afundaste-os a les que
erravam pela vastido dos mares, fazendo fatais ameaas de guerra, e conde-
naste a grandes estragos os her6icos filhos da Btica e o orgulho do T fjo. Ri-
ram-se as serenas .Nereidas, e favoreceram-te o mar, os astros e os ventos.
L onde a linha ardente fere os povos que. sob ela vivem e corta em
partes iguais as imensas alturas do cu, estende-se uma terra, a qual nada
no mar que a rodeia inteiramente. E' frtil de doenas .e do suco e feliz or-
valho que as doces canas produzem. Abre-se al um teatro- das tuas gI6rtas,
e aquela terra aceitou o teu freio, assim como o rico ?"J'I.orador de Angola e os
indgenas negros espalhados pelas orlas do Oceano. Uns oferecem ao mercador
o branco marfim, apresentam-lhe outros o fulvo ouro e, com preo inquo, re-
gistam os que se vendem como escravos. "Por que s roubada ao homem, doce
liberdade? E por que, 6 natureza, queres sofra le a servido? Todo aquele
que homem imagem de Deus, e quem nasceu inocente no merece a vio-
lncia. Todos os mortais somos gerados sob leis iguais e com iguais direitos,
mas logo os tornou dessemelhantes a injustia, o furor da guerra e sse insano
furor de fazer mal".
Sob teus auspcios, sulcou a nossa gente as ondas do Pacifico e apor-
tou ao remoto Chile. Patentearam-se ento ignotas vias martimaJ, atalho
das derrotas, e foi por n6s procurado o ouro que no encontrmos.
Grande C onde, somente a paz, vindo-te ao encontro, deteve as tuas
navegaes. E a conc6rdia, chegando s terras lusitanas, suspendeu as lidas
marCtazs e, em tda a parte, conteve as espadas, calou as tubas e aplacou as
tras belicosas, mostrando a pr6pria Belona a pacifica oliveira.
Imorredouro General, rebento venerando de um sangue antigo, tu,
conhecido j atravs de um hemisfrio a n6s ignoto, retorna, 6 her6i, para a
Batvia e para o Velho Mundo. A minha Holanda, no canosada dos teus
louvores, para ti guarda encargo de que s digno. Na Ptria atda existe
preclara matria para os teus labres. A Flandres, prestes a ser vencida,
franqueia-te as fronteiras mal guarnecidas. Aqu ainda no demos descanso
s armas: estua o amor da guerra e, com o mesmo entusiasmo, enfraquecemos
os
32'8 o BRASIL HOLAND~S SOB
G. BARLU
EXPLICAO
Deve-se esta traduo iniciativa do Sr. Gustavo Capane-
ma, ilustre Ministro da Educao. No louvvel empenho de tornar
efetiva e slida a cultura brasileira, sse esclarecido titular quis in-
cluir entre os seus muitos esforos para alcanar to alto objetivo a
publicao de preciosas e interessantes fontes da histria ptria.
Presta assim o eminente ministro servio inestimvel aos estudio-
sos da nossa evoluo cultural e poltica, facilitando-lhes a consul-
ta de obras que, pela sua raridade, s a muito poucos era dado
manusear.
Imensa, portanto, a dvida de gratido dos brasileiros ao
brilhante e operoso estadista, que se no tem esquivado a sacrifcios
e fadigas para difundir e incentivar a cultura nacional, proporcio-
nando meios para se compreender, mais completa e claramente, a
nossa formao histrica, as tendncias da nossa civilizao, as ca-
ractersticas do nosso esprito e os ideais que o devem nortear.
Entre os documentos valiosos concernentes dominaco .3
afim de eu ir ter com le. Promet que o faria, como V. Exc. mo determinara,
isto , declarando que, de ordem de V. Exc., eu lhe ofereceria o meu auxlio
Esta carta, aqu posta em vulgar e pertencente ao
e diligncia".
arquivo particular do rei da Holanda, foi publicada na Revista
do Instituto Arqueolgico e Geogrfico de Pernambuco, tomo V,
p. 327.
Gaspar van Baerle, mais conhecido pelo seu nome latini-
zado de Caspar Barlaeus, viu a luz em Anturpia aos 12 de Fevereiro
de 1584. Seu pai, calvinista convicto, foi obrigado a refugiar-se na
Holanda, quando, aps a tomada de Anturpia pelo exrcito espa-
nhol sob o mando de Alexandre Farnese (1585), exerceu Filipe II
certo rigor contra os sectrios da Igreja Reformada. Cresceu, pois,
Barlu na Holanda, e em 1617 entrou como professor de lgica na
Universidade de Leide. Logo, porm, se envolveu na viva contro-
vrsia teolgica que surgiu entre -os partidrios de Jac Hrmen-
sen (Jacobus Arminius) e os' de Francisco Gomaro. Formando ao
lado de Barneveldt e Grcio, deu a sua adeso ao arminianismo.
Esta famosa controvrsia acendeu paixes e suscitou perseguies
polticas. O Snodo de Dordrecht em 1618 condenou os cinco arti-
gos dos arminianistas, e M'aurcio de Nassau, inimigo dles, mandou
prender Barneveldt e Groot (Grcio). O primeiro, grande pensio-
nrio da Holanda, acusado de traio, morreu no cadafalso em 1619,
tendo Maurcio assistido execuco. ~
CLAUDIO BRANDO
NOTAS DO TRADUTOR
( 1) Os principais historiadores contempo- a Orange. (Bor, IV, 257 e Meteren, 61). Nela
rneos das lutas poltico-religiosas que agitaram se representava o governador pisando uma figu-
os Pases-Baixos nos sculos XVI e XVII so ra prostrada com duas cabeas, quatro braos e
Viglio, van Meteren, De Thou, Burgundio, Bor, um corpo. Interpretavam alguns as duas cabe-
Heutero, Tassis, Hoofd, Haraeus (Van der as como as de Egmont e Horn; outros como
Haer), Grcio, Van der Vynckt, Wagenaer, dos dois Nassaus Guilherme e Luiz, e outros
Hopperus, van Reydt, Strada, Le Petit, Renon viam nelas uma alegoria da nobreza e das co-
de F rance, Carnero, Campana, Conestagio, Ca- munas dos Pases-Baixos. Era obra de grande
brera, Herrera, Ulloa, Bentivoglio, Cornejo, La- valor artstico, da autoria de Jac Jongeling. O
nrio, etc. A Sociedade de Histria da Blgica monumento foi demolido por ordem de Reque-
( Bruxelas) tem publicado quasi todas as me- sens (Bor, IV; 257-258; Meteren, 61; De
mrias relativas a sse tumultuoso perodo da Thou, V, 471-473; Bentivoglio, V, 186). Tem-
histria neerlandesa. pos depois, descobriu-se a esttua jogada numa
(2) As comunas neerlandesas eram cons- cripta (Hoofd, XII, 523). Retirada dali, foi
titudas mediante cartas ou Reuren, outorgadas ultrajada e despedaada pela multido enraive-
pelos soberanos. A mais antiga dessas cartas cida, que a reduziu a massa informe. Guarda-
foi concedida pelo conde Guilherme I da Ho- ram-se nas famlias fragmentos dela, transmitidos
landa e pela condessa Joana de Flandres cida- de umas a outras geraes como legado de dio e
de de Midelburgo. Os dois soberanos assina- de vingana. O resto foi de novo fundido e
ram, selaram e juraram o documento em 1217. convertido em canho (Strada, De bello belgi-
Embora no tivessem tais cartas muita amplitude, co, IX, 443 e Hoofd, XII, 524) .
davam, todavia, maioria dos habitantes de uma (5) Em 1575, uma embaixada enviada pelo
comuna o direito de serem governados pela lei, prncipe de Orange e pelos Estados Gerais e
mas no o de se governarem a si mesmos. Ve- constituda pelo advogado Buis, pelo doutor
ja-se J. L. Motley, The Rise of the Dutch Re- Francisco Maalzon e por Marnyx de Santa AI-
public, voI. I, pgs. 34 e seguintes (editado por deg'onda', foi ' inglaterra pedir a proteo de
Fred. Warne) .. Isabel para a Holanda e oferecer-lhe, sob certas
(3) As Trguas dos Doze Anos foram condies, a soberania dessa provncia e da Ze-
assinadas em Anturpia, a 9 de Abril de 1608, lndia, por ser a rainha inglesa descendente de
endo ento reconhecida pela Espanha a inde- Filipa, filha do 'conde Guilherme III de Hainaut
pendncia das Provncias-Unidas. e Holanda, a qual foi casada com Eduardo III
( 4) Motley (The Rise of the Dutch Re- da Inglaterra. Isabel declinou o oferecimento
public, II, pgs. 258-259) fala dessa esttua: (Bor, VIII, 660-661; Motley, The ilise of
"The Duke of Alva, on his return from the bat- Dutch Repub., III, pgs. 44 e seguintes). Ofe-
tlefields of Brabant and Friesland, reared a co- receu-se tambm a governana das Provncias-
lossal statue of himself, and upon its pedestal -Unidas ao duque Francisco de Anj e Alenon,
caused these lines to be _engraved : "To Ferdi- quarto filho de Henrique II da Frana e Cata-
nand Alvares de Toledo, Duke of Alva, Gover- rina de Mdicis (1554-1582). Os deputados
nor of the N etherlands uIlder Philip the Second, dos Estados Gerais concluram com le o tratado
for having extinguished sedition, chastised re- de Plessis-Ies-Tours (19 de Setembro de 1580),
bellion, restored religion, secured justice, esta- conferindo-lhe a soberania dos Pases-Baixos,
blished peace; to the King' s most faithful que le exerceu por breve tempo, depois de pro-
minister this monument is erected". Era uma clamado duque de Brabante.
esttua colossal. que foi erigida na cidadela de (6) Maurcio de Nassau, segundo filho de
Anturpia. Fundiu-se com o bronze de canhes Guilherme, o Taciturno, nasceu em Dilemburgo
tomados em Jemmingen, onde o Duque derrotou em 1567 e aos vinte anos foi nomeado governa-
390 NOTAS DO TRADUTOR
dor ( stathouder ) das Provncias~Unidas. FOI (15) Trata~se de Tcito nos Anais, L.
um estrnuo batalhador e terrvel inimigo da Es~ XV, 1 in fine.
panha. Defendeu Ostende e derrotou o arqui~ ( 16) Glgaco, a quem os historiadores es~
duque Carlos em Nieuport (2 de Julho de 1600), coceses chamavam tambm Corbied, foi o 21.
tendo lutado ainda com Spnola e tomado Bre~ rei da raa de Ferjus I, fundador da monarquia
da. Foi implacvel contra os Arminianos. Mor~ calednia. A le se refere Tcito na Vida de
reu em 1625. Agrcola. Barlu, sem reproduzir exatamente as
Seu irmo Frederico Henrique nasceu em frases e o pensamento do historiador romano,
Delft em 1584 e morreu em 1647. Concorreu adaptou na sua crnica algumas palavras dle,
eficazmente pa.ra a expanso colonial da Holan~ tiradas do captulo XXIX da obra supra citada :
da e muito fez pelo reconhecimento das Provn, .. . .. atque omne ignotum pro magnifico est . ..
cias~ Unidas, tendo participado da Guerra dos raptores orbis, postquam cuncta vastantibus de~
Trinta Anos como adversrio dos espnnhis. [uere terrae, et mare scrutantur. .. quos (Ro~
( 7) Aluso a uma frase de Carlos V, que manos) non Oriens, non Occidens satiaverit".
dizia no se escondia o sol nas terras sbre as ( 17) .. sse poder proveio do Oceano
quais reinava. Atlntico, porque naqueles dias o Atlntico era
(8) Horcio. navegvel; e havia uma ilha situada em frente
(9) A Taprobana dos antigos Ceilo. dos estreitos que so por vs chamados as Co~
Autores h,' porm, que a confundem com Sa~ lunas de Heraeles. A ilha era maior que a Lbia
matra, v. gr. F. Lopes de Castanheda, Hist., L. e a sia juntas, servindo de caminho para ou~
II, c. 3; D. Joo de Castro, ,Roteiro. Veja~se tras ilhas, e destas podereis passar para todo o
Epifnio Dias, comentrio 1. a est. dos Lus. continente oposto, que rodeava o verdadeiro
( 10) A Xpvufl XEpu6v1}CO de Ptolomeu a oceano; porquanto ste mar que existe dentro
Pennsula de Malaca. V. Luiz Hugues, Manual dos Estreitos de Heraeles apenas um golfo com
de Geografia Antiga. Barussas so as ilhas de uma entrada estreita, mas o outro um verda~
N icobar, na costa do N. O. do Golfo de Ben~ deiro mar, e a terra circunjacente pode ser cha~
gala. Ver Lus. X, 120 e Barros, Dc. 1, 9. mada, com muita exatido, um continente ilimi~
( 11) Orix, antigo reino indiano. tado. Nesta ilha Atlntida havia um grande e
( 12) No texto Ardavatam. maravilhoso imprio, que dominava tda a ilha
( 13) Suf, ttulo usado pelos xs da Pr~ e diversas outras e partes do continente. Alm
sia, descendentes de Sef, fundador da dinastia disso, os homens da Atlntida tinham submetido
religiosa dos sefers ou seEis da cidade de Arde~ as partes da Lbia dentro das Colunas de Hera~
bil. A forma portuguesa sufi. Veja~se Gon~ eles at o Egito, e da Europa at a Tirrnia.
alves Viana, Apostilas, II, p. 446. ste vasto poder, unificando~se, intentava sub~
( 14) So numerosas as referncias dos jugar o nosso pas e o vosso e tda a regio no
antigos aos clebres vasos murrinos (murrhina interior dos estreitos. .. etc.". Timeu, tradu ~
vasa). Veja~se Plnio, Hist. Natural, XXIII, o inglesa de B. Jowett, V. III, pgs. 445~446,
2,2; XXXVI, 67, 2; XXXVII, 7 e 8; Pro~ Oxford, 1892). E no Crtias: .. Poseidon, re~
prcio, II, 8, 22; IV, 5; Marcial, III, 82; IV, cebendo por seu quinho a ilha Atlntida, teve
85; X, 80; Sneca, Epist. 119; Arriano, Mare filhos de uma mortal e estabeleceu~os numa parte
Rubr., 6; Lamprdio, Elagabalo, 32; Digesto, da ilha, a qual passo a descrever"
Paulo, XXXIII, 10,3. etc. Muitas teem sido as Segue~se a descrio da ilha (Id., ibid.,
interpretaes propostas crca dsses vasos. pg. 534 e seguintes) .
Modernamente variam as opinies sbre a ma~ No exrdio dsse livro, diz o divino Pla~
tria de que eram feitos - pasta de vidro, nix, to: .. Comece eu por observar, antes de tudo,
gata, sardnica, espate~fluor, benjoim, tartaru~ que nove mil era a soma de anos decorridos des~
ga, ncar, opala, alabastro, mbar, porcelana da de a guerra que se diz ter~se dado entre os que
China. Winckelmann (Descrio das pedras habitavarp alm das Colunas de Heracles e os
gravadas do Baro de Stosch, p. 501) ensina que habit';-vam delas a dentro. Vou descrever
que havia duas espcies dsses vaso!: os leg~ esta guerra. Dos combatentes refere~se que, de
timos, feitos de gata e de sardnica, e os falsos, um lado, foi Atenas a que comandou e venceu a
feitos de uma pasta vitrosa com camadas duplas guerra. Do outro lado eram os combatentes che
ou triplas, multicores, semi~translcidas, imitan~ fiados pelos reis da Atlntida, a qual. .. ilha
do os primeiros. E' provvelmente aos falsos que maior na extenso que a Lbia e a sia; e quan~
se refere Arriano, dizendo que eram fabricados do depois se submergiu por um terremoto, tor~
em Tebas no Alto Egito. Tambm Proprcio nou~se uma barreira intransponvel de lama para
fala de murrinos cozidos no forno entre os Par~ os que daqu navegavam para alguma parte do
tos (Veja~se o Dictionnaire des Antiquits Gre~ Oceano". Id., ibid. pg. 529.
cques ,et Romaines, de Daremberg et Saglio, v. ( 18) De optimo statu reipublicae deque
m...urrh!na) . Entre os murrinos de pasta vtrea nova insula Utopia uma espcie de romance
sao celebres o Vaso das Vindimas (Museu de social e poltico em que T omaz Morus (1518),
Npoles), o Vaso Barberini ou de Portland depois de criticar a organizao da Inglaterra e
(Museu Britnico). Entre os legtimos de sar~ dos outros Estados europeus, imagina uma ilha
dnica cita~se o cntar:9 dionisaco chamado longnqua e desconhedda, onde se encontrava
Taa de Ptolomeu, no Gabinete das Medalhas; realizada uma sociedade em sua perfeio ideal,
a Taa Famese do Museu de Npoles e o Vaso sob a forma de um Estado socialista e democr~
de M ntua no Museu de Brunswick. tico.
NOTAS DO TRADUTOR 391
(19) H grandes lacunas_na obra de Dio~ (24) Vai a natureza at onde chega a fa~
doro Sculo, e dos livros VI, VII, VIII, IX e X ma verdica.
restam apenas fragmentos. A passagem qual (25) Veja~se Amiano Marcelino (Res
se reporta Barlu pertence ao livro V, caps. XIX Gestae, liv. XVII, 4, edio de C. Clark, Berlim,
e XX: "Depois de haver falado das ilhas si~
tuadas aqum das Colunas de Hracles, diz le,
r.
Weidmann, 1910, voI. I, p. 110 onde se l :
"uolucrum enim ferarumque etiam alieni mundi
vamos descrever as que esto no Oceano. Do genera multa sculpentes, ut ad aeui quoque se~
lado da Lbia, encontra~se uma ilha no alto mar, quentis aetates, inpetratorum vulgatius perueni~
de extenso considervel e sita no Oceano. Dis~ ret memoria, promissa uel soluta regum nota
ta da Lbia alguns dias de navegao e jaz ao monstrabant".
ocidente. Seu solo frtil, montanhoso, pouco
plano e de grande beleza .. , etc, Outrora essa (26) Benedito Arias Montano nasceu na
ilha era desconhecida por causa da sua distn~ Estremadura (Espanha) em 1527 e morreu em
cia do continente, e eis como foi descoberta. Os Sevilha em 1598. Orientalista notvel, editor da
fencios. ,. foram arremessados pelos ventos Bblia Poliglota de Anturpia.
muito longe no Oceano. Batidos vrios dias pela (27) P ARVAIM (cf.>Ctpov(jl ), nome de um
tempestade, abordaram enfim i1ha de que fa~ lugar ou regio aonde se buscou o ouro para de~
lamos. Conhecendo~lhe a riqueza do solo, co~ corar o Templo de Salomo (Crnicas ou Pa~
municaram a sua descoberta a todo o mundo. , , ralipomenos, II, III, 6). Na Vulgata de S. J e~
Os cartagineses temiam que grande nmero de rnimo no se l tal nome: "Stravit quoque pa~
seus concidados, atrados pela beleza daquela vimentum templi praetiosissimo marmore, decore
ilha, abandonassem a ptria. Por outro lado, multo". Na bblia protestante, porm, a lio
consideravam~na um asilo onde se poderia!TI re~ diferente : " Tambm a casa aornou de pedras
fugiar no caso de suceder algum mal a Carta~ preciosas para ornamento: e o ouro era ouro
go". Biblioteca Histrica de Diod. Sculo, tra~ de PARVAlM". (traduo de Joo Ferreira
duo de Ferdin. Hoefer, Hachette, Pars, de Almeida, Lisboa, 1898). ste nome ocorre
1865, tomo II, p. 19~20. s uma vez na Bblia, desacompanhado de ele~
(20) ~sses versos, que pertencem M e~ mentos que lhe facilitem a identificao. Hitzig
dia (ato II, v. 374~378), so os seguintes: (sbre Daniel, X, 5) conjectura que le proceda
do snscrito "paru" = colina e indica a lvjlCt 3P11
Venient annis saecula seris na Arbia, mencionada por Ptolomeu (VI, 7,
Quibus Oceanus vincula rerum 11). Para Kno (Vlkert., pg. 191) abre~
Laxet. et ingens pateat tellus viatura de Sepharvaim, que aparece na verso.
Thetisque novos detegat orbes siraca e no T argum de Jnatas. em vez do Se~
Nec sit terris ultima Thule. phar do Gnese, X, 30. Segundo Wilford (ci~
tado por Gesenius, Tess., II, 1125) tal nome
Vertidos em portugus significam: "Tem~ provm do snscrito "pi1rva" = oriental e signi~
po vir em que o Oceano romper suas barrei~ fica em regra o oriente. (Veja~se o Dictionary
ras, e se patentear tda a terra, e, revelando of the Bible, de William Smith, Londres, 1863,
Tetis novos mundos, deixar Tule de ser a verbo Parvaim).
extrema ilha do orbe". (28) A referncia de Barlu feita ao li~
(21) Tule, ilha ao norte da Europa, consi~ vro de Aristteles De mirabilibus auscultationi~
derada pelos antigos a mais longnqua do mun~ bus, onde se l : "Extra columnas Herculis aiunt
do, provvelmente a Islndia. in mari a Carthaginensibus insulam fertilem, de~
(22) O nome dste cronista Lcio Ma~ sertamque inventam, vt quae tam sylvarum co~
rineo Siculo e no Marieno. Foi humanista e pia, quam fluminibus navigationi idoneis abun~
historiador de fama, Nasceu em Bidini (Siclia) det, cum reliquis fructibus floreat vehementer,
crca de 1460 e morreu depois de 1533. Estu~ distans a continente plurium dierum itinere: in
dou em Roma sob a direo de Pomponius Lretus qua cizm Carthaginenses quidam ob soli fertili~
e Sulpcio Verulano. De 1481 a 1486 ensinou tatem connubia agitare, ac habitare crepissent,
literatura em Palermo', Convidado pelo almiran~ ferunt pl?sides, ne quis deinceps insulam ingre~
te de Castela Frederico Henriquez, professou la~ deretur, prena capitis interdixisse, incolasql1e
tim, retrica e potica em Salamanca. Assistiu iniecisse, ne coitione (si habitare istic pergerent)
depois na crte, onde captou a estima de Fer~ facta, insult principatum consequerentur, Car~
nando V, o qual o nomeou seu cronista e cape~ thaginenses ea felicitatis parte priuarent". Aris~
Io. Carlos V cumulou~o de honras e riquezas. totelis Opera, Lio (1-563), voI. II, p. 1546. O
Alm de vrias obras manuscritas, deixou traba~ cap. IV do liv. II do tratado De Coelo versa s-
lhos importantes, como: De Aragoniae regibus bre a esfericidade do cu (Quod crelum figurt
et eorum rebus gestis (Saragoa, 1509, in folio) , sit sphericCE) e nenhuma referncia faz ilha
Epistolarum familiarium libri XVII e a preciosa de que fala Barlu. Essa referncia, breve alis,
histria De rebus Hispaniae memorabilibus (AI~ acha~se no liv. III, cap. XIII: "Quapropter, ij,
cal, 1530), traduzida sob o ttulo "Libro Com~ qu locum eum, qui circa columnas H erculeas
puesto, . , de las cosas memorables de Espana", est, conjunctum esse ei loco, qui est circa lndi~
(Alcal de Henares, 1539, 1 voI. in 4. do editor cam regionem, existimant, atq. hoc modo unum
Juan de Brocar) , mare esse asserunt, n videntur incredibilia val~
(23) Povo da Germnia sbre o Reno, de existimare, etc.". Id., ibid., voI. I, pg. 598.
vizinho dos T enctrios. (29) Eneida, L. VI, 795~796.
392 NOTAS DO TRADUTOR
"Ruma provincia ha fora e retirada edio de Varnhagen. "Raec lngua non habet
Das estrellas e estradas radiantes f, 1, s, z, rr duplex". Marcgrav. Hist. R. Nat.
Do anno, e do sol . .. " Bras., liv. VIII, cap. VIII -- De Lingua Brasi~
liensium, e Grammatica P. losephi d~ Anchieta,
(Traduo de Franco Barreto, En. VI, S. L, pg. 275.
178) . (42) " ... reticulo, quod Tupuiam vocant,
(30) O filsofo. a tergo pendulum gestant" (p. 23). Em Car...
(31) Golfo de Venezuela. o dim se l: .. o.. amo (as mulheres) os filhos
(32) Nome dado ao estreito de Bhermg, extraordinariamente, e trazem...nos metidos nuns
confundindo~o, porm, alguns gegrafos com o pedaos de redes que chamam typoya". Em
estreito de Hudson. Purchas Tupiya, forma incorretssima para Ba...
(33) Protesilau, o primeiro dos gregos tista Caetano. Ainda reveste as formas tupoi,
morto na guerra de Tria, quando desembarca-- tupai, tipoi.
va. (Ilada, canto II, 698 e seguintes) '" (43) No texto Mongaguaba. A variante
(34) O autor erradamente diz : ... ~re~ mais prxima do tup M amanguaba, alterao
vi illam recuperavit Hispanus, duce Fra?CloSCO de Mamangu. V. Teod. Sampaio, O Tup na
Toletano"o O verdadeiro nome do generahsslmo Geogr. Nacional (3. a edio), p. 258.
espanhol era Fadrique, como escrevem os nos~ (44) Para que o leitor verifique a identifi...
sos cronistas, e no Francisco. cao que na traduo se fez das naes acima
(35) Regio da Holanda, entre o Issel, o enumeradas, transcreve...se a forma alatinada que
Reno inferior, o Eem e o Zuiderzee. lhes deu o autor: "Per has ut et mediterranea
(36) Amersfoort, cidade na provncia de diffus<e nationes, ingeniis, linguarum dialectis et
Utrecht, Holanda, sobre o Eem, a 26 S. E. de nominibus discernuntur: Petiguares, Viatani,
Amsterdam. Tupinab<e, Caet<e, Tupinaquini, Tupigu<e, Api...
(37) Barlu descr~ve essa batalha nas gapitang<e et Mariapitang<e, !tati, Tummimivi,
pgs. 195 a 200 dste livro (Veja~se a nota cor~ Tamvi<e, Carioes, et celeberrimi Tapui<e, Tu...
respondente). Alis foram duas as vitrias de canici, Nacii, Cuxar<e, Gujav<e, Pigruvi, Ca...
Tromp nas Dunas: 16 de Setembro e 21 de nucujar<e ali<eque plures ... " (p . 24). Em
Outubro de 1639. Ferno Cardim -- Tratados da Terra e Gente
(38) Diz o texto: "Trigoni speciem re... do Brasil -- encontram--se tdas essas denomina...
fert, cujus basis .lEquatori & Septentrionib~s es com sucintas notcias sbre as tribus a que
obversa, ab Oriente recta in Occidentem ablt~ pertencem. Na edio anotada por Batista Cae...
ad promontorium RVMOS aut Maragnonerr;: tano, Capistrano de Abreu e Rodolfo Garcia
aut si Nicolao de Olveyra fides, Param usque . veem interessantes exp!icaes sbre a etimolo~
Nenhuma ponta ou cabo existe no litoral brasi... gia e sentido de cada um dsses nomes e as suas
leiro com tal nome -- R vmos. O autor quis di... variantes encontradas em Purchas his Pilgrimes.
zer talvez PONTA DOS FUMOS, menciona... Barlu enumera as tribus acima quasi na
da por Gabriel Soares: "Das Barreiras Ver... mesma ordem na qual as traz Ferno Cardim.
melhas Ponta dos Fumos so quatro lguas, a ste ltimo autor, ap~ p. nao dos Cuxars, d
qual est em dois graus e 1/3". Tratado Des~ a dos Nuhinti e logo a dos Gaians. Parece,
critivo do Brasil, cap. VII, Rio (1879), edio pois, ter havido erro tipogrfico no livro do his...
de Varnhagen. So estas as palavras do p.e Ni~ toriador holands, escrevendo...se Gujavae por
colau de Oliveira. que citado por Barlu: Gujanae, porquanto a outra nica denominao
.. oo. he a prouincia de sancta Cruz que por que lembra, e mal, Gujavae em Cardim Gais,
outro nome se chama o Brazil o qual fica em si... assaz diferente da adaptao latina. Neste au...
tio fronteyro a costa de Africa & cabo de boa tor se l: "Outros vivem para a parte do ser...
Spera, &q' (como fica dito) comea no PAR, to da Baa que chamo Guayn, teem lingua
que he huma fortaleza que est na boca do Ryo por si" .
das Amazonas, que fica debayxo da linha Equi~ (45) Alude o autor a Adriano van der
noccial & acaba em trinta & sinco graos da mes-- Dussen, cujo relatrio sbre o Brasil figura neste
ma linha da parte do Sul. .. ". Livro das gran~ livro( pgs. 136 a 159), a Elias Herckman, au...
dezas de Lisboa, pgs. 172, edio de Lisboa, tor da Descrio da Paraba e a outros.
1620. (46) JANDU ou JANDOV, clebre
(39) O monte Himeto (hoje Trelo Vou-- chefe tapuia que se aliou aos holandeses. Nas
ni) na tica, ao sueste de Atenas, era afamado tradues alem e holandesa, respectivamen...
pelo seu mel e seus mrmores. te de Silberling e de L'Honor Naber designa...
(40) No texto: "o o. aut expresso cras~ do por JAN DE WY: "unter ihrem Konige,
siore sueco, relinquitur friabile", p. 21 . den man JAN DE WY nante" (Silberl., p. 84).
(41) "Trium ex alphabeto elementorum "onder hun opperhoofd JAN DE WY"- (H. Na...
F. L. R. nullus apud eam gentem est usus: mi-- ber. p. 33) o "Ianduy .. o est Regulus ille qui
nime absurda quorundam animaduersione fa... pacem cum nostris colt, & ex fredere alquoties
ctum id esse diuinitus quod Fide, Lege, Rege, aut ipse subsidio venit. aut filium atque affinem
sicut dictum est. caret". loan. Petri Maffei Ber~ cum copiis misit contra Lusitanos". Marcgrav,
gomatis, Hist. Indic, (edio de Colnia de Hist. Rer. Nato Bras., L. VIII, cap. IV -- De
1593). L. II. p. 32~33. A observao a que se incolis Brasili<e, p. 269, edio de 1648.
referem Mafeu e Barlu de Gabriel Soares, no (47) ."Pacati quoque GOJANAE populi
Trat. Descr. do Brasil, cap o CL, pg. 280 da Belgarum imperia admiserant . .. " O autor d
NOTAS DO TRADUTOR 393
idntica grafia -- Gojana -- a Guiana, regio com Ovdio: "Flumine perpetuo torrens solet
setentrional da Amrica do Sul e a Goiana, ci,.. acrius ire, Sed tamen haec brevis est, illa peren,..
dade de Pernambuco. nis aqua". Rem. Am., 651. Quer, pois, parecer,..
(48) ... ita rationaria habent imperii ,..me que o autor atribuu ao trmo torrens a sua
(p.27). significao prpria de "curso de gua tempo,..
(49) Caio Velio Patrculo, historiador rrio". Adotmo,..la na traduo, porque nos
romano (19 A. C. -- 30 D. C.). Escreveu um pareceu incongruncia dizer em portugus ..tor,..
eptome de Histria Romana. A citao feita rente tranqila". Torrente sugere, de ordinrio,
p-or Barlu tirada do L. I, c. 9. idia de. mpeto, de violncia, de estrpito, e Bar,..
( 50 ) Ambrsio Spinola (Marqus de Spi,.. lu est falando de correntes serenas que irri'"
nola) nasceu em Gnova crca de '1570 e mor,.. gam uma plancie. Tobias Silberling verteu:
reu em Castel N uovo de Scrivia (Itlia) em 25 .. Man findet offt eine grosse und weite ebene ...
de setembro de 1630. General italiano ao servi,.. in \yelch~r ga~ viel schner und geling fliessen,..
o da Espanha. Em 1604 tomou Ostende eco,.. der Bache und dergleichen WHsserlein ...
mandou o exrcito espanhol nos Pases,..:!2.aixos sihet". (p. 136) .
contra Maurcio de Nassau at 1609. Em 1620 . . (61) Missi in Couhaovenses fuere Alber,..
conquistou o Palatinado. Sitiou e tomou Breda tus Smientius & Paulus Semleras" (p. 47).
em 1625, e por fim capitaneou as fras da Es,.. Southey, na traduo que j citmos (Luiz J. de
panha na Itlia. Oliveira e CastrQ), diz simplesmente: "Man,..
( 50,..A) Godofredo Henrique, conde de daram,..se dois deputados ao Serto cata de
Pappenheim (1594,..1632). General das fras minas" (p. 338, t. II). Entretanto, na palavra
imperiais na guerra dos Trinta Anos. Couhaovenses parece ter havdo rro tipogr'"
(51) Prto da Cornualha (Inglaterra), na fico, pondo,..se u por n. Deve emendar,..se para
foz do Fal, donde o seu nome. E' uma das es,.. Conhaovenses, nica lio que permite identifi,..
taes navais britnicas. car,..se a palavra. Em S. P. L'Honor Naber l-
(52) S. Vicente, uma das ilhas do Cabo ,..se Conhaova: "Naar Conhaova ~ijn Albert
Verde a 16., 54' Lat. N. e 15, 56' Long. O. Smient en Paul Semler iutgezonden" (p. 58) .
Pertence ao grupo de Barlavento, formando com (61-A) "Constituti per p~fecturas oppi,..
as de St.o Anto, St. a Luzia e S. Nicolau o grupo da, pagos, magistratus, Electores dicti, prretores,
de N. O. et ludices, qui dvi/ia curarent & criminum cau,..
(53) Anbal. sas, legibus hic receptis" (p. 48).
( 54) Prto Calvo.
(55) E' engano do autor: os dominicanos "Os escabinos eram eleitos por uma elei,..
no tinham ento conventos no Brasil. o de trs graus. O conselho de justia elegia
os eleitores; stes organizavam as listas dos in,..
(56) "Ubi terminatur, pagus fuit, Redff~ divduos aptos para serem membros das cma,..
dictus, sive Receptus . .. " Barlu tomou a pala,.. ras, e sbre essa lista o supremo conselho esco,..
vra recife no sentido de molhe, cujo correspon,.. lhia os escabinos". Dr. Higino Pereira, in Rev.
dente latino crepido,,..inis ; mas talvez para usar do Inst. Arqueolg. e Geogr. de Pernambuco,
uma aliterao o traduziu pelo trmo pouco pr,.. n.O 30, p. 27. Os escabinos constituam cmaras
prio Receptus. semelhantes s nossas cmaras municipais. A
(57) No texto est: "Hic Arx Povocao,.. elas presidiam os escultetos, que desempenhavam
na est . .. " (p. 41). Trata,..se da povoao de ainda funes de exatores fiscais, delegados da
Prto Calvo. Na traduo holandesa: "Hier administrao e promotores pblicos. Segundo
ligt het Fort Povoao, beroemd door Mauritz's o direito holands, cabia ao stadhouder criar e
victorie" (p. 50). nomear os magistrados, tais como os burgomes,..
(58) "... conscensis in Barragrandi ... tres, os aldermen e conselheiros das cidades
navibus, ad promontorium SERGOCE appulit" (conforme o teor das cartas e antigos privilgios
(p. 42). E' rro do autor ou do tipgrafo, que a- elas outorgados), em lguns casos aps reco,..
L'Honor Naber repetiu: " ... bij Kaap SER,.. mendao prvia, noutros aps livre e plena elei,..
GOA, niet ver van de Alagoas geland ... " o. "No~ casos ordinrios, a justia era admi,..
(p. 51). E' JARAGUA, que nos cronistas e nistrada, tanto nas cidades como nas aldeias, pe,..
autores holandeses da poca ocorre sob a forma los escabinos (Schepenen), e para tal fim se no,..
)ARAGOA, v. gr. em Marcgrav, Hist. Rer. meavam sete e s vezes oito, com a diferena,
Nat. Bras., liv. VIII, c. L porm, de que nas cidades os escabinos conhecem
( 59) Prope Corregippam ... " indistintamente de tdas as causas no smente
(60) "Pandunt se locorum plana ... qu~ cveis e comuns, mas. criminais, sendo o seu pre,..
torrentibus rivulisque Iene fluentibus irrigan,.. sidente ou principal oficial o Sherif (Schout ou
tur". Rivulus arroio, regato, riozinho, riacho, esculteto). ste no de fato Juiz, mas executa
e pode ter um curso remansado ou impetuoso. os mandados dos juzes, convoca a Corte Crimi,..
Torrens, porm, torrente, .. corrente impetuosa na!, recolhe os votos, sustenta os direitos do pas
de gua, sem canal determinado", conf9rme a nas causas pblicas e atua como promotor e in-
definio de Aulete. O Lexicon totius latinitatis, quiridor nos processos crimes. O termo Schout
de Facciolatti e Forcellini. reza: "Torrens, en- deriva de Sgult, entre os Germanos Sgoltes, por,..
tis, m. 3, substantivorum more. Proprie est flu,.. que' , como teria sido, um arrecadador da dvida
vius subitis imbribus concitatus, qui alioquin sic,.. pblica, e Grcio, Introd., liv. 2, cap. 28, 9,
citatibus exarescit, vel ab aesto quo fertur, vel observa que nos anttgos escritos encontramos
quia cito torrescit et siccatur". E exemplifica Sgult e Sgoudig por Sgult e Sguldig". Comen-
394 NOTAS DO TRADUTOR
trios sbre o direito romano~holands por Si~ (73) "E' o Gir, o mais conhecido fio dos
mo van Leeuwen, traduo de J. G. Kotze, Lon~ Etopes" .
dres, 1881, voI. I, cap. II, pgs. 15~ 17. (74) O Ganges dos ndios, o Fase dos
(62 ) Direito consuetudinrio. Godos, o Araxe da Armnia, o Gis dos Etopes
(63) "... cum obsignandus pUs divinus e o Tanais dos Getas" .
favor, porrigerent incurrentia in oculos sacro~ (75) "Est hrec illa urbs, quam olim IIlus...
sancta gratire signa" (p. 51). Para simplificar tris Princeps M aUfitius, belloram suoram tyro...
esta frase, vert sua segunda parte - incurren~ cinio, occultato cespite ceperat" (p. 65). O epi...
tia in oculos sacrosancta gratiae signa - apenas sdio a que alude Barlu narrado com sin...
pela palavra sacramentos, cuja definio teolgi~ geleza e graa por Ortigo (A Hoanda, p. 155).
ca, dada pelo Catecismo Romano, : u1nvisibilis Eis o trecho do grande escritor portugus: "Por
gratiae signum ad nostram justificationem. insti~ ocasio da ocupao da praa de Breda pelos
tutum." (Part. 2, n.O 5), no mesmo sentido da soldados espanhis, um barqueiro holands veio
perfrase de Barlu. dizer ao prncipe Maurcio que nada lhe seria
(64) O Forte de Nassau foi construdo a mais fcil do que introduzir na cidadela alguns
expensas dos Estados Gerais em Moria e Cos~ homens de boa vontade, que, durante a noite,
ta do Ouro por Jac Aariaanssen Clantius, em apunhalariam as sentinelas e dariam entrada na
1612. fortaleza ao exrcito nacional. sse barqueiro
(64~A) No pudemos saber qual seja essa era o fornecedor do combustvel das tropas es~
localidade. No Dicionrio de Geografia Uni... panholas, entrava regularmente com o seu barco
versaI. publicado sob a direo de Tito Augusto carregado no interior da praa, e levaria a gente
de Carvalho (1883), encontramos MOROA : precisa para sse golpe estratgico, escondida
"Nome que recebe o canal ao S. de um ilhu ex... sob a sua carga de turfa. Maurcio nomeou para
tenso e deshabitado que divide em duas a cor~ esta emprsa seis homens, que partiram nesse
rente na foz do rio Cuvo, no cone. do Novo Re~ mesmo dia estirados ao comprido no fundo da
dondo, distrito de Loanda, provncia de Angola barca, ocultos debaixo da turfa. Era em pleno ri~
(frica portuguesa ocidental). E' esta a opi~ gor do inverno, os gelos dificultavam a navegao
nio mais seguida, conquanto alguns queiram do canal, e os seis soldados passaram dois dias
que o Moroa seja um rio diverso do Cuvo". imveis, tiritantes de frio, sepultados vivos no
(65) "Comenda. Feitoria inglesa na cos... seu posto. Entram finalmente de noite no an~
ta da Guin, territrio dos Achants (frica) a coradouro da cidadela, onde a turfa tem de ser
24 kilms. O. S.. O do cabo Corso, na margem do descarregada ao romper da manh. O oficial
rio Soosn. Ao abrigo do forte que os inglses da guarda adianta...se para reconhecer o barqueiro
al construram, foi~se formando uma cidade in~ e em conversa com le salta acima da barcada.
dgena, que hoje conta 3.000 habitantes. Do N esse momento um dos emboscados, no poden~
outro lado do rio e a 500 metros do forte ingles do estrangular um ataque de tosse reveladora
havia tambm antigamente uma feitoria holan~ do ardil, tira o punhal do cinturo e entrega...o
desa, mas foi abandonada". (Dic. Univ. de simplesmente ao companheiro seu vizinho com
Geogr. de Tito Augusto de Carvalho). ordem sumria de lho atravessar na guela".
(66) A lio do texto, evidentemente vi... T rata~se a do prncipe Orange e conde de Nas...
ciosa, : uob fossas, quibus arx cingitur gemi... sau, filho de Guilherme de Orange, o Taciturno.
nas, ALTAS pedes XXV." (p. 58). O tradu... (76) Isto , com um carregamento de
tor holands, em nota ao p da pgina, assinala turfa.
o engano e corrige com razo altas para latas, (77) Quer dizer, abrindo circunvalaes
traduzindo de acrdo com a emenda:" wegens na terra verdejante.
de dubbele gracht, waarvan het Kasteel was
(78) Personagem da Eneida, L. II, v. 57
omgeven die 25 voeten WIJD was ... " (p. 72).
e seguintes.
(67) No territrio dos ~tigos belgas, cor...
( 79) N o texto se l simplesmente : sump...
U
respondendo Belgica e Holnda de hoje.
tuumque bellicoram solatia ex mercibus, am..
(68) "... item Asinii Epicadi ex gente bafO, gossypio, gemmis, lignis, salinis, aliisque,
parthina hybridae" (Suetnio, Vida de Augus~ qure regio ista suppeditat". (p. 65). Silberling
to, c. XIX). O autor enganou...se escrevendo verteu - lignis - por "Brasilienholtz" - pau...
Epicardo.
...brasil. Parece, porm, que o sentido do texto
(69 ) Cidade da ilha de Chipre, cleb~e por mais amplo e, por isso, traduzimos --- lignis -
suas fundies de cobre e bronze. por madeiras, como tambm o fez P. S. L'Hono...
70) Nicforo Grgoras (1295... 1359). r Naber: "amber, Katoen, Kristal, edele ges...
Clebre erudito bisantino, autor de uma hist~ teenten, HOUT, zont, etc." (p. 81) .
ria bisantina em 38 livros, abrangendo o perodo
( 80) "... in viroram singulos; REGA...
de 1204 a 1359, e outras obras de histria, filoso~
fia, teologia e astronomia. LES viginti, feminarum, sex." Na traduo ale...
m: " ... vor eine Manns...person 20, und vor
(71) No encontrei em nenhum dos lxi... eine Weibsperson 6. Reichsthat' (p. 200). O
cos que consultei o termo gasmulico. rixdale era moeda de prata fabricada outrora na
( 72 ) Stephano (Bisncio ) - Gegrafo Alemanha, Sucia, Noruega, Dinamarca e Flan...
bisantino, que viveu provvelmente na primeira dres. Chamavam~lhe em Frana escudo do 1m...
metade do sculo VI. E' autor de uma obra prio e valia no sculo XVIII 5 libras e 8 soIaos
"Ethnica" . torneses.
NOTAS DO TRADUTOR 395
.( 81) Barlu extratou esta descrio da Pa~ Medicina Brasiliensi, no L. IV - De Facultati,.
raba, resumindo~a, de um relatrio de Elias Her~ bus Simplicium -, cap. I De Saccharo), disserta
ckman, sob o ttulo: "Beschrijvinge der capita~ amplamente sbre o acar, tratando da cultura
nia Paraiba, 1639", relatrio que existe no Arqui~ da cana, dos engenhos, do fabrico do acar, etc.
vo Real em Haia (Algemeen Rijks Archid), (90) Pendio, palavra tirada do latim hipo~
Comp. das ndias Ocid., antiga Comp., cma~ ttico penidium e formada do grego penion :-
ra de Zelndia, mao n.O 46. Consta le de trs peixe. E' uma espcie de acar de cevada, em,.
partes: 1) Descrio geral: 2) Fertiliaade: pregado em farmcia. Em francs pnide ou
3) Breve descrio da vida dos tapuias. :2ste sucre tors, em ingls barley sugar, em alemo
documento, vertido em portugus pelo Dr. Jos Gerstenzuker.
Higino Pereira, acha~se publicado na Revista do (91) M elissium no texto.
Inst. Arqueolgico e Geogrfico de Pernambu~ (92 ) Poting (- potim, alterao de poti,
co, tomo V, n.O 32, p. 262 e seguintes. camaro, g~y = rio = rio dos camares) ou Rio
(82 ) "... ut et alius Mongoapa" (p. 69)". Grande do Norte nasce no municpio de Santa
(83) No texto l~se marconias. E' evi~ Cruz, ficando Natal margem direita.
dente rro tipogrfico, conforme j observou o (93) "Informado S. M. das causas da Pa...
tradutor holands. "Bij Barlaeus: Marconias", rahiba e que todo o damno lhe vinha do Rio
drukfout voor marquisas': verg!. den origineelen Grande onde os franceses iam commerciar com
tekst van Herckmans". (pg. 86) . os potiguares, e dalli sahiam tambem a roubar
(84) Na traduo alem: "Darzu hat ein os navios que iam e vinham de Portugal, to~
jedes Dorff nicht mehr aIs 5 oder 6 Behausun~ mando~lhes no s as fazendas mas as pessoas,
gen, die seynd aber fast lang, weil viel Haus~ e vendendo,.as aos gentios para que as comes~
shaltungen zugleich in denselben wohnen, und sem, querendo atalhar a to grandes males, es...
hat eine jede Wohnung und Hausshaltungen ihre creveu a Manuel Mascarenhas Homem, capito,.
besondere, aber gar Kleine Thre, da sie auss~ ~mr em Pernambuco, encommendando,.lhe mui,.
und~eingehen oder vielmehr nur kriechen kn~ to que logo fosse l fazer uma fortaleza e povoa,.
nen". (ps. 209~21O). O texto latino diz sim~ o, e que tudo fizesse com conselho e ajuda de
plesmente: "Singuli ( pagi ) domiciliis quinque Feliciano Coelho" Hist. do Brasil, ae Fr. Vicen~
aut sex oblongis constant, qure ostiolis exiguis te do Salvador, C. .31, edio de Capistrano de
multisque distinguunt, quibus subitur et exitur" Abreu. Na histria de Barlu ]~se: "Gallos
(p. 71). A verso do alemo : "No tem cada Lusitani pepulere per Felicianum CECAM Pa,.
aldeia mais de 5 ou 6 habitaes, que so, po~ raybre prrefectum" (p. 74). Cecam deve emen,.
rm, mais ou menos compridas, porque nelas mo~ dar~se para Coelho. Na citada edio de Fr.
ram juntas muitas famlias, e 'tem cada habitao Vicente do Salvador, nos prolegmenos do livro
e famlia sua porta privativa, mas muito pequena, quarto, pgs. 242~243 encontra~se o seguinte
por onde ela pode sair e entrar ou antes raste~ comentrio dos revisores, o qual esclarece
jar." A traduo holandesa foi fiel ao texto. aquele equvoco do historiador holands: .. S--
Ver pg. 87. bre os sucessos da Paraba neste interstcio
(85) Pedcio ou Pednio Dioscrides, informam deficientemente dois relatrios con,.
mdico grego que viveu provvelmente no 1. ou temporneos impressos em Jaboato, Orbe Se~
no 2. sculo depois de Cristo. Deixou um tra~ rfico, 2, 56/80, Rio, 1858, e uma carta de Fe~
tado de matria mdica. liciano CIEZA de Carvalho (ler Fel. Coelho
(86 ) H trs Hesquios: um, bispo de Carvalho) escrita da Paraba a 20 de Ags~
egpcio, revisor dos Setenta e do Novo Testa~ to de 1597, interceptada, traduzida (mal) em
mento (4. sc.); um segundo, gramtico de ingls e impressa nas Principal N avigations de
Alexandria e autor de um lxico grego, publica~ Hakluyt, II, 64/72 da nova edic. de Glasgow,
do por Alberti e Ruhnken (1746~66) e por 1904".
Schmidt (1857~68). Viveu no 6. ou no 4. sc. RICARDO HAKLUYT, gegrafo in,.
da era crist. H um terceiro Hesquio, cha~ gls (1552~1616), autor de "The Principal Na~
mado o "ilustre", que nasceu em Mileto. His~ vigations, V oiages, and Discoveries of the En,.
toriador e bigrafo (6. sculo) . glish Nation", cuja l.a edio data de 1589 e a
(87) "Dulcia cui nequeant succo conten~ 2. a de 1598 a 1600, foi talvez a fonte em que
dere mella". (Isidoro, L. 17, c. 7). Isidoro de Barlu se abeb~ava, quando trocou Coelho por
Sevilha (Isidorus Hispalensis) 560~636 da era Ceca.
crist) . Escritor eclesistico espanhol, bispo de (94) Matias van Ceulen.
Sevilha. Escreveu: Originum seu Etymologia,. (95) ..... struthionum pulcherrimis plu,.
rum libri XX, De Ecclesiasticis Ofticiis, Senten- mis". A ema ou nhand (rhea americana) o
tiaram sive de summo bono libri tres. avestr~ americano. Em Cardim Nhandugua.
(88) "E aqueles que bebem os doces su~ (96) Elias Herckman autor de um poe~
cos da tenra cana". Farslia, II, 257. ma de algum mrito, intitulado "Der Zeevaert
(89) Sbre esta dissertao acrca do a~ Lor', impresso em 1634 por Jae. P. Wachter,
car, observa o tradutor holands: "A descri~ Amsterdam.
o que segue tomada, nos pontos capitais, ao (97 ) "Regem ipsum cum exrvitu aflore
relatrio de van der Dussen, que adiante se compescendi Ebore ac Alantrei & Algarucensium
transcreve na ntegra. Ver pg. 164". :2sse.re" populis". Atente~se na toponmia barleusiana e
latrio, abreviado e traduzido por Barlu, figura na do seu tradutor alemo Silberling (p. 222),
neste livro da pg. 136 pg. 159. Piso (De que verteu Alantcei por Antlea I
396 NOTAS DO TRADUTOR
(98) Em 1635 firma..se a aliana holando.. ficou sendo o general pnico o terror de Roma.
..francesa para a partilha dos Pases..Baixos es.. Da o grito de alarma "Hannibal ad portas",
panhis, declarando a Frana guerra Austria.. que se tornou proverbial para significar um pe..
..Espanha por ao de Richelieu (interveEo rigo iminente.
francesa na guerra dos Trinta Anos). Os tu.. ( 107) Nascera em Schelingen, perto de
muItos separatistas de vora verificaram..se em Haia, e tinha a alcunha de Perna de Pau.
1637. " (Houtbeen) .
( 99 ) Rio das Alagoas, que desagua emi (108) Nomes holandeses das naus de Jol :
frente aos chamados Baixios de D. Rodrigo, a Salamandra, Zwolle, Overijssel, Goeree, Terto..
44 klms. N. E. da barra do So Francisco. len, Hoop, Orange, Rotterdam, Ernst, Canarie,
( 100) Rio das Alagoas, cuja foz est a Goyana, Waackhond, Mercurius, Groot Post..
100 klms., mais ou menos, N. E. da barra do So paard". L. Hon. Naber, (p. 112) .
Francisco. ( 109) Barlu faz aqu um trocadilho:
( 101) "Iam menses pluvios inchoabat " ... possum per alios intricari, ex quibus extri..
Aprilis . .. " p. 76. O autor se enganou neste cari diflicillimum" (p. 113) .
passo, pois a estao chuvosa no Brasil no co.. . (110 ) Novo trocadilho: "... ut silentio
mea em Abril. me involvam, {; sinam volvi publica" (p. 113).
( 102) Ribeiro da Baa, entre a Ponta de ( 111) Atrida (A-rp E7l S , filho ou descen..
Itapu e a de Santo Anthio. dente de Atreu). Refere..se a um dos filhos de
(103) Na carta da Baa, v..se represen.. Atreu, isto , Agamemno ou Menelau, que fo..
tada a ponta de So Braz com a legenda: "Hic ram com outros chefes guerra de Tria para
Excensionem fecit Comes". O texto diz _: "Mox desafrontarem a Grcia da injria feita por
promontorium areis Bartholomei nonnihil prre.. Paris.
tervectus classe. .. miles excendit . .. " (p. 79). (112) "Ad populum ph~lerae", anexim ro..
L'Honor Naber, observando que, de acrdo mano, que aparece em Prsio (Sat. III, v. 27) :
com a indicao da carta e com a seqncia da "Ad populum phaleras! ego te intus et in cute
narrao, se deve emendar S. Bartolomeu para novi". "Deixa para o povo sses alardes! Co..
S. Braz (Er staat, diz le em nota pg. 96, nheo..te por dentro e por fora" .
S. Bartholomeus. ln verband met hetgeen ver.. ( 113) " vix rere lavati observent"
der volgt en in verband met de Kaart, dient te (p. 116). Aere lavati -- os que se banham por di..
worden gelezen S. Braz), assim "traduziu o pas.. nheiro, isto , os homens adultos. As mulheres
so acima transcrito: "Kort daarop, nadat de (J uvenal, Sat. VI. 447) e os meninos (Idem, Sat.
vloot tot even voorbij de punt S. Braz was opge.. II, 152) banhavam..se de graa, e os homens pa..
zeild," heeft de Graaf de troepen zonder eenigen gavam ao superintendente dos banhos um qua..
tegenstand op andernalve mijl van de stad onts.. drante, isto , a quarta parte de um asse (Ho..
cheept . .. " (p. 96). Para chegar ponta de rcio, Sat., L. L 3, 136). Barlu tomou a ex..
S. Braz, teria a frota de ultrapassar a ponta onde presso da citada stira II de Juvenal: "N ec
estava o forte de S. Bartolomeu (Veja..se a car.. pueri credunt. nisi qui nondum aere lavantur".
ta ) -- "nonnihil prretervectus classe promonto.. N em os meninos o crem, a no ser aqueles que
dum arcis Bartholomei. .. ", isto , "conduzida ainda no pagam nos bap.hos pblicos.
na armada um pouco alm da ponta do forte ( 114) ..... modupzque impedis suis adhi..
de S. Bartolomeu, desembarcou a soldades.. beri cupit, quem suprema lex; salus populi,
ca ... " O acusativo promontorium complemento dictat". (p. 117). Frase inspirada no aforismo
da preposio prreter, primeiro elemento do par.. de direito pblico romano: "Salus populi su..
ticpio composto prretervectus. Frei Rafael de prema lex esto". "Seja a salvao pblica a lei
Jess (Cast. Lus., L. III, "pg. 149 da edio de suprema."
1679) informa que o exrcito de N assau desem.. ( 115) Amiclas ( 'Aj.lXXCXL), cidade da Gr..
barcou no stio chamado "agoa ae Meninos: da, antiga, na -Lacnia (hoje Slavo Khori),
"Entrou a armada pella barra, vistosa pela co.. 3 milhas ao sul de Esp~rta, a residncia lendria
pia das bandeiras; horrivel pela multido dos dos Tindridas. Prximos de Esparta, viviam
tiros; agradavel pella diversidade dos clarins; os amicleus, de contnuo amedrontados com uma
arribando sobre a parte que chamo da Piraj, invaso dos seus belicosos vizinhos. Cansados,
buscou a praya (dita agoa de Meninos), deytou porm, de rumores falsos sbre ela, promulgaram
em terra gente, artelharia, & munies, & sem de.. uma lei contra quem os espalhasse, obrigando,
tena se ps em marcha para Cidade, que dis.. assim, os habitantes da cidade a guardar silncio
tava meya lgoa daquelle sitio". Barlu diz "l.. a respeito, sendo, por isso, surpreendidos por
gua e meia". um ataque do inimigo, que ningum ousara anun..
. ( 104) Golfos do norte da Africa, perto de ciar. Da surgiu o provrbio corrente na antiga
Cartago, aparce@dos e perigosos. Havia a Sir.. Grcia: "O silncio perdeu Amiclas", e a ex..
te maior e a menor. Correspondem respectiva.. presso" silncio amiCleu".
mente ao golfo de Sidras e de Gabes. ( 116) O tradutor holands, como declara
_( 105) Promontrio ao sul do Adritico, em nota pg. 132, transcreve o prprio origi..
hoje Monte della Chimera. Eram mal afamados nal da carta de Maurcio, existente no Arquivo
pelos seus escolhos: "Infames scopulos Acro.. Real de Haia (Algemeen Rijks Archiev) ,
ceraunia (Hor., Od. L 20) . Comp. das ndias Ocid., antiga Comp., cmara
( 106) Depois da batalha de Canas, em que de Zelndia, mao 54, e dirigido aos "Gecommi..
sofreu memorvel desbarate o ex;rcito romano, teerden" da Comp. Ocid. em Midelburgo.
NOTAS DO TRADUTOR 391
( 117) Sbre a etimologia de Pernambuco de genere hoc adeo sunt multa, loquacem Delas..
assim disserta Teodoro Sampaio (O Tup na sare valent Fabium."
Geografia Nacional, 3.& ed. p. 286) : "PER ( 123) Adaptao da frase de Tito Lvio :
NAMBUCO, corro paran~mbuca, o furo ou en~ "Labor voluptasque, dissimillima natura, socie..
trada do lagamar; aluso brecha natural do tate quadam naturali inter se juncta sunt" (L~
recife por ,onde o lagamar se comunica com o vio, V., 4). Em Barlu: "Labor utique et mer~
mar. O nome paranambuca era comum na costa ces, dissimillima natura, societate quadam na..
do Norte, no trecho dela tomado pelos recifes, turali jungi amant" (p. 125).
e o sentido que os ndios lhe davam era o de ( 124) "... a maruja de Ulisses", isto ,
furo, entrada.-! passagem natural aberta na mu~ tda a malta de aventureiros.
ralha do recife. No tup do Norte, no Nheen~ ( 125) ..... tertium, eorum, qui Societatis
gat, paran~mbuca quer dizer ~ jrro do mar defuncti ministeriis, agricultu~ studis dediti,
-- aluso embocadura por onde le se escapa. hanc Spartam ornare student" (p. 125).
Mui acertadamente escreve a propsito o autor ( 126) "Uso estes indios de umas ocas ou
do Castrioto Lusitano, Frei Rafael de Jess, ao casas de madeira cobertas de folha, e so de com..
tratar do Prto do Recife: " ... uma abertura primento algumas de duzentos e treze;Itos pal..
qual os naturais chamam Pernambuco, que, em mos". (F. Cardim, Tratados da Terra e Gente
sua lngua, o mesmo que pedra furada ou bu~ do Brasil, edio de J. Leite, Rio, 1925, p. 169).
raco que fez o mar de que se forma a garganta ( 127) A palavra hamaca (espanhol hama~
da barra ... " O vocbulo ~ paran = par - ca, francs hamac, italiano amaca, portugus,
n - traduz~se semelhante ao mar; lagamar maca, ingls hammock) de origem caraba. J
formado na juno dos rios Capiberibe e Bebe~ Colombo, no dirio da sua primeira viagem,
ribe e o furo, a aberta, a quebrada." usou~a: "Grande nmero de ndios chegaram~
( 118) "Portum F rancorum, ubi excendere ~se hoje em canoas ao navio afim de trocarem seu
Vidalius et Magalhusius centuriones" (p. 122). algodo e hamacas ou redes em que dormem".
( 119) "Fluvii prE,stantiores sunt: Ian~ Vej~~se The Century Dictionary and Cyclope..
gades, SerinhE,mius, Formosus, Portus Calvi..." dia, verbo hammock.
(p. 122). O rio que passa em Prto Calvo o ( 128) Cabaa no vocbulo indgena.
Manguaba. .. ... seu maior enxoval vem a ser huma rede,
(120) "Non contubernis, sed locorum tra~ hum patigu, hum pote, hum cabao, huma cuya,
ctibus distincta" (p. 123). hum co". Simo de Vasconcelos, Chron. da
( 121) "Hanc (capit. da Paraba) excipit Companhia de Jesus, L. I. 120 (ed. de 1865) .
Fluminis Grandis p~fectura, quatuor contuber~ ( 129) .. Sine blandimentis pellunt famem"
nis distincta, ubi ruderibus deforme oppidulum (p. 127). Imitao da frase de Tcito (Germ..
PUNTALIUM, bellorum vestigiis horret. Fac~ fua, c. XXIII) relativa aos germanos : " ... sine
ta incolis potestas condendE, novE, urbis, loco apparatu, sine blandimentis expellunt famem".
feraciore, & situ commodiore, in contubernio A frase seguinte reproduo exata da de Tci~
POLIGIANO, sesqui a Puntalio miliari" to no mesmo lugar: "Adversus sitim non eadem
(pg. 123) . temperantia".
margem do texto a indicao: " Pun~ ( 130) " ... potum ex mandio~ radicibus
talium Oppidulum." Neste passo, Barlu, alm dente contritis aqua dilutis, exspectato acore,
de resumir as informaes de van der Dussen, conficiunt, ut & alium e pomis T ajovis, pro anni
cometeu dois erros nos nomes geogrficos de tempestivitate" (p. 127). Parece que Barlu se
Natal e Poteng, por le transformados respe~ refere tai ou taioba (taia + oba = flha de
ctivamente em Puntalium e Poligianum (no tai), cujo nome cientifico Caladium esculen~
ablativo Poligiano). O trecho correspondente tum, familia das arodeas, chamada ainda couve
no relatrio original, sbre ser mais amplo, des~ caraba. Na traduo de Silberling: " ... aus
faz integralmente o equvoco do cronista de Nas~ einer Arth Apfelen, die man bey jnen Tajovi
sau, e por isso deve ser transcrito aqu: "Aen nennet" (p. 368). No seu relatrio diz van der
de Capitania van Parayba is gesecht te volgen Dussen que os ndios fazem uma bebida de man..
de capitania van Rio Grande. Dese capitania dioca misturada com gua, que bebem depois de
wert verdeylt in vier Freguezias te weeten Co~ fermentada, e outra de caj: "maecken eenem
nhau, Goyana, Mopobu en POTIGY en heeft dranck van geknaueude farinha wortelen met
gehadt een stede gen!empt citade NATAL ge~ water vermengt die sej, suer goworden sijn4e,
legen anderhalf mijl vant casteel Ceulen de re~ drincken. Sie maecken oock, dranck van Cajou~
viere opwaerts en geheel verv3:.llen ; der halve de appelen aIs het saizoen is". L'Honor Naber,
schepenen en inwoonders is geconsenteert een (p. 161). Simo de Vasconcelos (obr. cito L.
nieuwe stadt te bouwen in POTIGY alsoo daer I. 141), enumerando as castas de vinho dos n~
is vruchbaer lanat en veel gelegner voor de in- dios, no fala dste.
woonders soud zijn . .. " Relat. de van der Dus~ ( 131) " ... pecunias nullo p~tio habent,
sen, transcrito na traduo de L'H. Naber, nisi ob hoc, quod per eas hispaniensis, & AD US~
(p. 155~156) . TI VINI compotes fiant" (p. 127). Adustum
( 122 ) Fbio de N arbona, cavaleiro roma~ vinum aguardente, assim chamado por Barlu
no, era autor de vrios livros sbre a filosofia es~ talvez em referncia ao modo pelo qual pre~
tica. Horcio, que tinha tido com le algumas parada esta bebida, isto , a distilao. Tobias
questes pessoais, alude~lhe zombeteiramente Silberling tambm assim verteu a expresso:
loquaci~ade na stira I. do L. I. v. 14 : "Cetera "Des Geldes achten sie ganz nit, daf allein Spa,-
398 NOTAS DO TRADUTOR
nischen Wein und Brantwein davor zu kaufen" rasu". Afm disso, na gravura que representa
(p. 369). E em N aber : "Gelt is haer niet verder Igara, encontra--se o convento de S. Francis..
waerdt aIs dat, omdat men daervoor brandewin co (letra B. Veja--se a gravura) .
en spaense wi jn can coopen ... " (pg. 162). ( 141) Do rigor da Inquisio.
(132) "Nesta casa mora um principal, ou (142) "Entre os gravamina apresentados
mais, a que todos obedecem". ('Ferno Cardim, pela Assemblia Classical do Brasil, reniCla em
obro cit., (p. 169) . Pernambuco em Janeiro de 1638 (sesso 4. a
(133) No livro de Nina Rodrigues - Os gravame 4) l--se ste: "Tambm no so pou--
Africanos no Brasil -, pgs. 58 -, foi bastante cas as reclamaes sbre a grande liberdade que
alterado o pensamento de Barlu neste ltimo gozam os judeus no seu culto divino, a ponto de
perodo. Diz o texto : "nigritre Congenses {; So-- se renirem assaz publicamente em dois lugares
nhenses aptissimi ad operas, ut ex re Societatis no Recife, alugados por les para sse fim. Tudo
fit, hujus mercatus rationem haberi {; amicitia isso contraria propagao da verdade, escan--
jungi Comites Sonhensem {; Congensem". A dalizando os crentes e os portugueses, que juI--
traduo do eminente mdico baiano este'!: "os gam que somos meiojudeus, em prejuzo da Igre--
da Nigrcia, naturais do Congo e os Sonhenses ja Reformada, onde sses com outros que tais
so muito aptos para os trabalhos, quando se inimigos da verdade gozam de igual liberdade.
trate da vida de sociedade, sendo no s esta a Sbre isso julgam urgente recomendar mui--
razo dste mercado, como tambm o fato de vi-- to seriamente a S. Exc. e ao Supremo Conse--
verem unidos como companheiros, por laos de lho que empreguem a sua autoridade para
amizade" . impedir semelhantes abusos". Na classe reni--
( 134) O mesmo qu~ uruc (Bixa Orel-- da em Recife, aos 29 de outubro de 1638 (ses--
lana) . so II, art. 8) deu--se conta do ~eguinte: "S~
(135) Veja--se a pg. 79 e a not? 89. bre o art. 4., Sesso Quarta, acrca da excessi--
( 136) " ... explendo N ovemviratu & ful-- va liberdade e audcia dos judeus, os Deputados
ciend.re honoratorum consiliis Reipubl." Uma referem que, apesar de S. Exc. e de o Supremo
das accepes de honoratus, tomado como subs-- Conselho declararem que os judeus no teem tal
tantivo, magistrado, como se pode justificar liberdade. e encarregarem. portanto, de sua re--
com o Lexicon totius Latinitatis, de Forcellini, presso ao fiscal, contudo a sua audcia aumen--
verbo honoro, onde se l: "Speciatim usurpatur ta cada vez mais, tanto no Recife como na Para--
de iis qui magistratus gessere, geruntve. Ovid. ba, onde teem disposio o esculteto, que tratou
1, Fast. 52. SimuZ exta deo data sunt, licet omnia da pretensa liberdade.
[ari Verbaque honoratus libera praetor habet, etc. Sendo ste abuso completamente escanda--
( 137) " ... & Theodosium, nomine Impera-- loso e prejudicial aos fins e honra de Deus. os
torem". Na traduo alem: "... wie auch Deputados. so novamente encarregados de tra--
Theodosi Keyser . .. " (p. 377). Em L'H. Na-- tar com S. Exc. e o Supremo Conselho, afim de
ber, transcrevendo o relatrio de van der Dus... que se dignem de reprimir tal audcia".
sen, ."Theodosius L'Empereur". (p. 170) . O 7. gravame da sesso 5. a da Classe re--
(138) Na monografia do Dr. Pedro Sou-- nida em Recife em 21 de novembro de 1640. ver--
to Maior ~ A Religio Crist Reformada no sa ainda e de modo mais veemente sbre a ou--
Brasil no sculo XVII ~, publicada no tomo es-- sadia dos judeus e as profanaes por les
pedal (1915) da Revista do Instituto Histrico praticadas. (Ver a citada contribuio do
e Geogrfico Brasileiro, encontram--se as atas dos Dr. Pedro Souto Maior, na Revista CIo Institu--
snodos e classes do Brasil, durante o domnio to Hist. e Geog. do Brasil, tomo esp. 1915) .
holands. Nela aparecem os nomes das princi-- ( 143) ..... cauZis Zigneus ligneas propagi..
pais figuras do clero ~eformado da poca, ora nes extrudit" (p. 131).
alatinados, ora na sua forma originria. Assim (144) " ... cavando a terra em montinhos
l--se al: predicantes Samuel Batiler, Cornlio e mettendo em cada qual quatro pedaos da vara
van der Poel, Jodocus a Stetten, JoaqUim Soler, de certos ramos, que chamam manaiba ... " (Si~
J. Theodoro Polhemius, David a Dorenslaer, mo de Vasconcelos, Chron., L. II, 71) .
Jacob Altrichts, etc. ( 145) " ... quas nostrates sacchareas vo..
( 139) Aluso s palavras de S. Paulo, na cant, !icet crassitie dissimiles, extra terram duo--
primeira epstola aos Corntios, C. I, 23: "nos bus veZ tribus surculis germinant, qui ubi octavo,
autem praedicamus Christum crucifixum: Ju-- decimo {; duodecimo mense lignescere c'iJ?perunt,
daeis quidem scandalum, gentibus autem stulti-- pro semine sunt" (p. 132). Parece tratar--se da
tiam". "Pregamos a Cristo crucificado, escn-- batata doce (lpomaea Batatas, famlia das- con...
dalo de fato para os judeus, mas loucura para vuZvuZceas) , planta muito difundida nas regies
os gentios". Barlu diz: " ... ut jam nostrre tropicais e muito provvelmente originria da
quoque fidei homines, Christum, quantumvis Amrica (Veja--se de Candolle, Urspr. der kul--
Gentibus stuZtitiam, inter illas ipsas pr'iJ?dicent". turpflanzen) e um dos principais produtos ali--
(p. 130). mentares do Brasil.
,~ 140) No t;xto: " ... secundum Igua-- ( 146) Neste passo insere Barlu, no rela--
rac'iJ? p. 131. E rro do autor. Refere--se ao trio de van der Dussen, uma enumer.ao de
convento da Vila de Iguara ftind~do em 1588. animais e plantas do Brasil "para agrado do
Veja--se Santa Maria Jaboato, Novo Orbe Se~ leitor", como diz le em nota marginal (p. 132) .
rfico, livro III, cap. I, voI. II, p. 323, da edio Parece ter em parte acompanhado a notcia dada
do Rio de 1861. Em van der Dussen: I. Ga-- por Mafeu sbre o Brasil, Hist. Indic., L. U.
NOTAS DO TRADUTOR 399
t;:ste autor (Hist. Indic., liv, II, pg. 30 Vicente do Salvador, Hist. do Brasil, cap. 9.).
e segs.), fala da copaba, sapucaia, caj e ana~ Anta o tapiret de Cardim (Tapirus america-
nases, dos porcos anfbios (capivaras), antas, nus e T apirus terrestris).
cotias, pacas, tats, tigres, coriges e tamandus, ( 149) Acuti em Cardim. E' um roedor da
assim como dos indgenas do Brasil. Parece ter famlia dos caviideos (Dasyprocta aguti de L~~
sido o seu livro uma das fontes de Barlu, que neu). "Estas Acutis se parecem com os coelhos
lhe reproduz at algumas expresses. de Espanha". (Cardim). "Outros animais h a
(147) Barlu, seguindo os autores da sua que chamam Cotias, que so do tamanho de le~
poca, considera a capivara (Hydrochoerus hy~ bres. . . e teem , . . o rabo to curto que quasi se
drochoeris ou Hydrochoerus capibara) um por~ no enxerga" (Gandavo, cap. VI) .
co anfbio. A notcia que le d dsse roedor ( 150) Paca (Coelogenys paca de Linneu) .
reproduz quasi textualmente a de Mafeu (Hist. "H tambm outros maiores a que chamam Pa~
Indic, II, p. 31, edio de 1593) : "Ex eo nu~ cas, que teem o focinho redondo, e quasi da fei~
mero. ,. apri sunt amphibij; carnibus optimis o do gato ... So pardas e malhadas de pintas
ac saluberrimis; ij, quod priores pedes perbreues brancas por todo o corpo" (Gandavo, c. VI) .
habent, posteriores autem prelongos; tardiore "A cgne gostosa, mas carregada" (Cardim).
sunt cursu: itaque deprehensi a venatoribus,
qua proxinum est, sese aquis immergunt". E a ( 151) H vrias espcies no Brasil, sendo
de Barlu : "Ex eo numero. .. APRI s"unt a mais pequena o Tat-bola (Tolypeutes tri-
amphibii, quorum carnes gratissim~ sunt & sa~ cinctus) e a maior o tat-canastra. (Priodontes
luberrim~ . . , etc.". (p. 132). Em Piso: "Am~
giganteus). Gnero Dasypus. "So cobert.os de
phibii porei, CAPIVERRES Lusitanis dicti.". uma concha no inteiria como a das tartarugas,
(De Medic. Bras., liv. IV). Em Marcgrav:" mas de peas a modo de lminas, e sua carne
CAPY~BARA Brasiliensibus, Porcus est fluvia~
assada como de galinha". (Fr. Vicente do
tilis". (Hist. Rer. Nat. Bras., liv. VI, c. VII, Salvador, cap. 9.). "A carne dstes animais
(p. 230), da edio de 1648). Em Cardim : a melhor, e a mais estimada que h nesta terra,
Capijuara. "Destes porcos d'agua ha muitos e e tem o sabor quasi como de galinha" (Ganda-
vo, VI).
so do mesmo tamanho dos porcos, mas differem
nas feies etc." Em Gabriel Soares: "Nos ( 152) Sarigu a forma que ocorre em
rios de gua doce e nas lagoas tambril se criam Cardim e Simo de Vasconc,:los; serigo em
muitos porcos, a que os indios chamam capiba~ Gabriel Soares; coriges em Gandavo, haven-
ras, que so tamanhos como os porcos do ma~ do tambm as variantes sarigueya e saru. Em
to ... etc.". (Trat. Desc. do Brasil, c. CI, p. 230 Fr. Vicente do Salvador l~se taib : "H outro a
da edio de Varnhagen). No dicionrio tup que chamam taib, que depois que pare os filhos
de Martius: "Capivara .- Wasserschwein". os recolhe todos em um bolso que tem no peito,
Segundo Rodolfo Garcia, o nome vm de capyi, onde os traz at os acabar de c~iar" (c. 9.). Em
erva, o capim, e guara, particpio do verbo , Barlu Cerigones, que a forma alatinada de
comer: o que come capim, o herbvoro". (Notas Gandavo, usada tambm por Mafeu. So mar~
a Cardim, p. 144 da edio de J. Leite & Cia., supiais, famlia dos Didelfdeos, sendo tambm
1925). Segundo Azzara, sse roedor designa~ conhecidos vulgarmente por gambs, cucas, cas-
do no Paraguai por capigua. E. Goeldi, tratan~ sacos, sendo as cucas desprovidas de blsa.
do dle, diz :" A forma bronca do corpo e ou~ "Teem uma bolsa das mos at as pernas com seis
tras propriedades corporaes, como o feitio dos ou sete mamas, e al trazem os filhos escondidos
ps, consoam com o typo do Porco, de modo que at 9ue sabem buscar de comer". (Cardim). Ve-
facil de explicar~se que pessoas ~experlentes, ja~se a nota, feita pelo erudito Rodolfo Garcia
quaes os descobridores do Novo Mundo, julgas~ pg. 113 da edio de Cardim ~ublicada por
sem antever animaes suiformes da ordem dos J. Leite & Cia., 1925.
Pachydermes", (Os Mamiferos do Brasil, Rio ( 153) "O seu mantimento he folhas de ar~
1893, v. I, p. 90). A capivara o maior dos roe~ vares e em cima dellas anda o mais do tempo,
dores, podendo atingir 1 metro de comprimento. aonde ha pelo menos mister dous dias para subir
Cr pardacenta, orelhas pequenas e falta de e dous para descer" (Gandavo, c. VI). H duas
rabo. Vive beira dgua, onde mergulha, espcies: Bradypus, trs unhas nas patas an~
quando perseguida. Forma varas de at 20 in~ teriores, e Choloepus com duas unhas nessas pa-
divduos. Herbvoro, preferindo arroz e milho tas. Em Abbeville e Marcgrav encontra~se o
novo, por isso s vezes muito daninha s ro~ nome unau, que taplbm consignado por Bar-
as plantadas em regies ribeirinhas. De dia fica lu a pgs. 226, do original latiI!o e 250 dste
escondida perto dgua e noitinha sai a pastar . livro.
(R. Ihering .- Da vida dos nossos anim.ais,
pg. 29) , ( 154) Ordem dos desdentados, famlia dos
Mirmecofagdeos. O maior o T amandu~ban~
(148) "H outros animais a que chamam
antas, que so de feio de mulas, mas no to deira (Myrmecophaga jubata), tambm cha~
grandes, e teem o focinho mais delgado e o su~ mado T amandu~a, T amandu..cavalo ou
perior comprido maneira de tromba, e as ore~ Jurum, mais raro e que se encontra nos Esta-
lhas redondas, a cr cinzenta pelo corpo, e bran- dos do Sul e do centro. Nos do Norte assaz
ca pela barriga. Estas saem a pascer s de noi~ frequente o tamanduate (Cicloturus didactylus).
te e, tanto que amanhece, mettem~se em matos "Outro genero de animais ha na terra, a que
espessos e al esto o dia todo escondidas" (Fr. chamam Tamandus que seram tamanhos como
400 NOTAS DO TRADUTOR
carneiros. .. E' assi tem mais ada um delles_ ma cascavel; he de' g-mde' peonha, porem faz
duas unhas em cada mo, to compridas com~ tanto ruido com h.um cascavel que tem na cau..
grandes dedos, largas maneira de escouparo da, que a poucos toma ... " N o mesmo .sentido
(Gandavo; c. VI). Em FI'. Vicente d~ Salv~" Gandavo e.Fr. Vicente do Salvador.
dor tamando: "Tamando um ammal ta.o ( 162). Corrupo mboy..obi cobr~ v~~de
grande como carneiro. .. tem o focinho compn.. (Coluber veridssimus de Linneu, tambem c~a"
do e delgado ... ~s unhas maneira de esco.. mada Splo"tes pullatus-). E~ ,Mar~grav e. PISO
pras" (Cap. 9.).. (Ver. T. Sampaio, verbo BOlbl). E a camnana
( 155) Da o seu nome cientfico, formado de Cardim e a caninam de G. Soares.
de J.lpp.1J~, 7pCOS , formi.ga + r,oa')'Elv = comer). . ( 163) Em Cardim tucana. A forma tuca..
( 156) " ... e o rabo ser ~e dous compn.. no de G. Soares. Segundo Teodoro Sampaio,
mentos do corpo, e cheio de tantas sedas, que tucano formado de tu + qu = o bico que so..
pela calma, e chuva, frio, e ventos se agasalh~ brepuja, o bico exagerado. Para Batista Caeta..
todo debaixo delle sem lhe apparecer nada 'no a alterao de tu + can = o bico sseo. E'
(Cardim) . . ave trepadora (rhamphastos) da Amrica do
(157) Jaguaret, jagoaret ou ona pmta.. Sul, famlia dos ranfastdeos.
tada, segundo B. Caetano, quer dizer ona ver.. ( 164) Guar, a gara vermelha, a ave
dadeira, composta a palavra de jaguar, ona, qutica (lbis rubra). Teodoro Sampaio. Dle
co e et verdadeiro. E' a Felis ona de Linneu, fala Gartdavo: " humas (aves) maritimas a
a maior do Brasil. Em Cardim l..se: " lagoa.. que chamam goars A primeira penna de q~e
ret. -- "Ha muitas onas, humas pretas, outras a ntureza as veste he branca sem nenhuma mlS"
Pardas, outras pintadas, ... " Barlu d sse tura e muy fina em extremo. E por espao de
nome s s onas pretas: E em G. Soares: " A dous annos pouco mais ou menos a mudam, e
maior parte dessas alimrias so ruivas, cheias torna..lhes a nacer outra parda tambem muy fina
de pintas 'pretas, e algumas fmeas, so tdas sem outra nenhuma mistura; e pelo mesmo tem..
-pretas". (Trat. Descrit. do Brasil, cap, XCV, po adiante a tornam a mudar e ficam vestidas de
p. 224). _ ti
huma muito preta distinta de toda outra cor. De..
"IAGUARATAE ... tigrides nigrae sunt pois dahi a certo tempo pelo conseguinte a mu..
(p . .133) . dam e tornam..se a cobrir doutra muy vermelha,
tl
de considervel exrcito, com o qual resistiram intemperiem aversabatur". Parece haver a jogo
dez anos aos seus inimigos e tomaram at algu~ de vocbulo entre tempera~ e intemperiem.
mas cidades da Becia. Comandavam-nos dois
(241) Cordon, nome de pastor (Verg.
bravos irmos -- Filomelo e Onomarco. Diante
Ecl. II e VII). Filis, nome de pastora (Verg.
dos seus desastres, pediram os tebanos o socorro
Ecl. III, v. 76, 78 e 107, V, v. 10 e VII, 59 e 63).
de Filipe da Macednia, que os atendeu pronta~
Coridon tambm um dos pastores de Tecrito
mente, feliz de encontrar ste ensjo para inter-
(p. ex. nos Idlios 4, 1) .
vir nos negcios da Hlade e domin-la.
(242) Forte de Santo Antnio do Norte
( 233 ) N ec tamen non, est homines sumus
na Paraba. Veja~se a pg. 154 dste livro.
& pulchro afticimur, miserari urbis augus~ vas-
(243) i~ expugnandis Povaconre &
tationem poterant ipsi, qui vastabant; subrutis H
ex alto & deturbatis redium sacrarum et profana... Siarre Arcibas" (p. 153). Povacaona a latini~
rum, publicarum & privatarum fastigiis, qure So~ zao da palavra Povoao, que ocorre tambm
lis vespertini radiis, gratssimo adspectu, verbe~ nas pginas 37 e 41 do texto original: arcemU
pelo canon frumentarius, obrigando as provn.. (257) Ilha do Mar das Antilhas, perten-
cias produtoras a determinado fornecimento de cente s ilhas de Sotavento e ao norte da Ve..
nezuela.
trigo. . h-
(246) Povoao no extremo norte da iI a (258) Nas Epanforas de Vria Histria
de Tinhar ao sul da Baa de Todos os Santos. Portuguesa, de D. Francisco ~anuel d~ ~elo,
(247)' A "Invencible Armada", como or.. d ste insigne escritor minuClosa descnao da
gulhosamente se chamava (1588), contava 12? Batalha das Dunas, sob o titulo "Conflito do
ou mais vasos, 19. 295 soldados e 8.460 man.. Canal". Tambm dela tratou Barlu num discur..
nheiros. so em latim no Athenaeum Illustre de Amster..
(248) prreter eas, qure Regis r,!gidiore ju~ .. dam a 13 de Novembro de 1639.
su militabant" (p. 160). Na traduao de T .. ~l.l.. (259) " ... cui licet in prima coitione de-
berling : " ... ohne die jenigen welche der komg jecta essent mali summa, ut decassis thoraciis &
selbst hatte pressen lassen" (p. 458) . dolonibus maris arbitrio jactaretur" (p. 175).
(249) Segundo o testemunh~.. de Fr. ~a Achamos bastante dificuldade para verter com
fael de Jess, N assau comprara esploes na Bala : rigor o trmo nutico thoracium, que no abo.-
"Tinha o Conde de Nassau comprado espias em nado por nenhum autor clssico latino, s~do at
aquella Praa (alm dos Christos novos, que omitido em alguns lxicos usuais. O Lexlcon to-
nella habitavam, que o so em todas) por cuja n~; tius latinitatis (Facciolatti e Forcellini) ensina :
gociao sabia o menor intento da nossa gente . "ln re nautica esse id quod ltlice cassa delle
Trata a o cronista da detena da armada espa.. pulegge dicitur, tradit cl. Gugliel~otti, f?i. d~e
nhola na Baa. CASTRIOTO LUSIT., L. III, nave Romane, etc., sed nullo claslcre Latlmtatis
pg. 156 da edio de 1679. auctore laudato" "Cassa delle pulegge", seria
(250) Para a descrio das bat.alhas na.. "caixa dos moites", o que ao caso no convm.
vais entre holandeses e luso..espanhis serviu..se Sendo vocbulo de origem grega, encontramos
Barlu de uma pea oficial intitulada: Cort en
U no "Dictionnaire Grec..Franais" de Bailly ac."
waeraghtigh verhael van de comst en vertreck cepo mais adequada ao texto, a saber:
van de maghtighe Spaensche vloot in Brasil etc. 8wpx,ol' : sorte de rempart ou de parapet sur
door P. van der Maersche". H cpia dsse do.. la hune d'un navire, formant une cage ou
cumento no Arquivo Real de Haia (Algemeen, taient' posts des hommes arms de traits (As..
Rijkarchief) Comp. das Indias Ocid., antiga clpiades, Athne, 475 a). Esta significao
Comp., mao 55. Naber, em vez de traduzir do vocbulo justifica, pois, a verso dle por
Barlu nessa parte, transcreve a narrao de van "csto da gvea". Quanto a dolon, tambm de..
der Maersche. rivado do grego, , segundo o citado Lexicon to..
(251) uIdem sunt, quorum classes, aspe.. tias lalinitatis: "ln navi est minus velum, for..
ctantibus omnibus Sanctis, in ipso Sinu olim tasse quod nunc Itali T rinchetto appellant,
exussere gens vestra" (l? 164 t Parece haver et fortasse quod artemon dicitui'. V-se
neste rodeio um tom irnico, pois seria mais na.. que hesitante a definio, podendo trasladar-
tural dizer o autor "na prpria Baa de Todos ..se a palavra por traquete e por artimo. O mes..
os Santos". Na traduo alem: uvor den Au.. mo lxico, verbo Artemo, onis, ensina: "Est ve-
gen allerheiligen in der Baga" (p. 408) . lum quoddam in navi. ab + dpr'l'J.lcx, appendor.
(252) ..... qui simul ac in navem cui a suppendor; sed quale illud sit, non satis inter
Fama nomen erat & insigne, transiit, transiit quo- eruditos constato Bagsius, de re navali, p. 121,
que in F amre voces" (p. 165) . Note-se o tro.. putat esse velum majus, quod etiam Itali vocant
cadilho muito no gsto da poca. artimone, ut est in Lexico Academicorum della
(253) Geele Son em holands. Crusca. At Schefter, de milito nav. 5 1.2. secutus
(254) O rio Cunha, que a princpio se Isid. 19, Orig. 3, tradit esse velum parvum , quod
chama Curimata, nasce na Paraba, num con.. in summitate mali supra majus velum appendi-
traforte da Borborema, municpio de Campina tur, et dirigendre potius navis causa, quam agen..
Grande e penetra no Rio Grande do Norte, de.. dre adhibetur. Atq'ue hrec videtur esse ver~ sig-
saguando no Oceano, na Barra do Cunha, a nificatio hujus vocis: cui argumento sunt etiam
6... 19'..36" de lato meridional. As guas do mar, e quae ibidem Labeo (Digesto, 50, 15, 242)
por influncia das mar~s, penetram rio acima addit." No l mencionado diccionrio de Bail..
crca de 20 klms., permitindo que cheguem at ly, se l: .. .16wl', wl'os(b), petit hunier, la plus pe..
Canguaretama as embarcaes de pequeno ca.. tite voile fixe l'avant d'un navire, PolJ., 1,91
lado. Ora "petit hunier" velacho; portanto, trata-
(255) No texto, pg. 170, Baixios de ..se do mastro de proa. Mas, derribado o tpo
Rochas. So os Baixios de So Roque, frontei.. dsse mastro (mali summa) e arrancado o csto
ros costa do Rio Grande do Norte, que se es.. da gvea, forosamente haviam de ruir tambm
tendem do Cabo de So Roque ao Cabo do Cal.. os mastarus do velacho e do joanete com as
canhar e so constitudos por uma srie de ro.. respectivas vergas e velas, e por isso vertemos
chedos ao longo do litoral, chamados Maraca.. dolones por velacho e joanete. Na traduco
ja, Cacau e Sioba. Formam um canal com uma de T. Silberling vem: "Denn ob ihm wohl im
sada para o N. e outra para o S., denominado ersten Angriff der Mastbaum sambt unterschie..
Canal de S. Roque nas cartas do Almirantado denen andem Segelstangen (vrga, antena,
Ingls. (Nota de Naber pg. 228 da traduo mastro em Michalis; vergue, antenne em Thi-
holandesa) . baut) abgeschossen war ... (p. 499). De Sil..
(256) Veja-se a nota 250. berling pouco difer~ S. L'Honor N aber, que
NOTAS DO TRADUTOR 407
verteu: " ... hem bij eersten aanval de STEN,.. ainda algum tempo, nos princpios da idade m-
G EN waren afgeschoten ... " (p. 235) . dia, podiam escravizar-se os prisioneiros de
(260) "Outros doiS brulotes navegavo guerra, o que cau em desuso sob o influxo das
por sua esteira contra a Tereza, que com igual idias crists.
sorte da Real, se apartou delles; porm, como (267) .lOS outros escravos no so, como
fizesse seu caminho sempre junto do Oquendo, entre ns, classificados e ligados aos diferentes
succedeo que os mesmos tres brulotes que en,.. servios domsticos. Cada um tem a sua casa,
vestiram a Real cairam sbre ella. . . .. Ardeu os seus penates, que governa a seu alvedrio.
em fim a Tereza, sendo j morto seu General Impe-lhes o senhor certa contribuio de trigo,
Dom Lopo de Ossis, e pereceram nella mais de gado e roupa, como faz a seus colonos, e nisto
seiscentos homens Portuguezes e Castelhanos" s consiste a sua servido. Os trabalhos casei-
( D. Francisco Manuel de Melo, Epanaphora ros so feitos pela mulher e os filhos. E' raro
Bellica IV, Conflito do Canal) . aoitarem um escravo, porem-no 3 ferros ou for-
(261) "Vidalius .. , homo audax, callidus arem-no a um trabalho. Soem mat-los, no
& prout animum intendisset, pravus aut indus,.. por esprito de disciplina ou- de severidade, mas
trius" (p. 183). Esta frase quasi cpia des,.. num mpeto de ira, como se mata um inimigo,
toutra de Tcito (Histrias, I, 48): "Mox com a diferena de o fazerem impunemente. Os
Galb~ amicitia in abruptum tractus (Vinius) au,.. libertos no esto muito acima dos escravos.
dax, callidus, promptus, et, prout animum inten,.. Raro gozam de influncia na casa e nunca o lo-
disset, pravus aut industrius". gram no Estado" (Tcito, Germania, c. XXV).
(262) ste trecho de Barlu reproduz em (268) Alude aos sequazes da Reforma.
parte a doutrina das Institutas de Justiniano (L- ( 269 ) Diretores ou comissrios das pro-
I, tit. III, De jure personarum) e a do Digesto vncias e territrios.
(L. I. tit. V, De statu hominum, frags. IV e V). (270) Sbre a punio infligida por Nas-
"Servitus autem est constitutio iuris gentium, sau aos seus comandantes covardes, d. Fr. Ra-
qua quis dominio alieno contra naturam subci,.. fael de Jess, Castro Lusit. L. III, n.O 145.
tur. Servi autem ex eo appellati sunt, quod ilfl'" pg. 158 da edio de 1679.
peratores captivos vendere ac per hoc servare, (271) O texto em holands era o seguinte :
nec occidere solent . . . Servi autem aut nascun,.. "God Sloeg's viands hoogmoed den 12, 13, 14 e
tur, aut fiunt. Nascuntur ex ancillis nostris ; fiunt 17 Januarii 1640". No anverso via-se o busto
aut iure gentium, id est, ex captivitate, aut iure de Nassau circundado por esta legenda: "Johan
civili ... " No mesmo sentido o citado trecho do Maurits Graef van Nassau General van Brasil".
Digesto. Cf. tambm Dig. I, I, 4 : " ... ut pote No reverso representavam-se as duas armadas
cum iure naturali omnes liberi nascerentur" (UI,.. holandesa e espanhola com a inscrio supra ci-
piano) . tada. V eja-se Van Loon, N ed. historienpen-
(263) "Segundo Gaio, o senhor tem direi,.. ningen.
to de vida e de morte sbre o escravo. Nas Inst. (272) Acciti e navbus n terram mil~tes &
II
de Justiniano (I, VIII, de his qui sui vel alieni navalium sociorum ducenti quinquaginta, Duce
iuris sunt), reproduz,..se o mesmo pensamento : I acobo Alardo" (p. 187). O tradutor alemo
"ln potestate itaque dominorum sunt servi. enganou-se, dizendo que se retiraram da frota
. .. apud omnes peraeque gentes animavertere 1. 200 soldados e marinheiros: Aus der Flotte
II
possumus dominis in servos vitae necisque po,.. wurden 1. 200 Soldaten und M atrosen, unter
testatem fuisse". dem Capitain Jacob Alard, ans Land gebracht".
(264) A lei Petrnia (Dig. XLVIII, 8, 12 (p. 528). L'Hon. Naber retificou o rro de
e 12), sob Augusto, probe ao senhor condenar Silberling: "Uit de schepen zijn 250 man sol-
por autoridade prpria o escravo s feras (ad daten en matrosen gerequireerd". (p. 248) .
bestias deeuflnandas). Adriano desterrou uma (273) Nome vagamente aplcado costa
dama romana por maltratar cruelmente seus es,.. setentrional da Amrica do Sul, da foz do Ore-
cravos por motivos fteis (Dig. I, VI, 2 in fine) . noco para oeste, abrangendo muitas vezes o Pa-
Antonino Pio sujeita a igual pena tanto o que nam, a Amrica Central e as terras continen-
mata sem motivo o prprio escravo como o que tais ribeirinhas do Mar das Antilhas para dis-
mata o de outrem (Dig. I, VI, 1 : " ... ex cons,.. tingui-las das ilhas.
titutione divi Antonini, qui sine causa servum (274) No hemisfrio do norte.
suum occiderit non minus punir jubetur, quam (275) No texto "Insula Tapesiqua".
qui alienum servum occiderit). Uma segunda (p. 190).
constituio do mesmo imperador reprime a ( 276) Vim omnem ab ars et [ocs una-
II
maior aspereza dos senhores (Sed et major as- nimes arcerent'" (p. 193). So freqentes nos
peritas dominorum eiusdem principis constitutio,.. autores as frmulas "arae et toei, arae atque
ne coercetur - Dig. I, VI De his ... , 1 in fine) . foei, arae [oci e arae [ocique, significando o altar
(265) Por exemplo, S. Paulo (Epstola domstico e a casa, os deuses penates, tutelares
aos Efsios, VI, 5,..9; Epist. aos Colossenses, desta, e por extenso a religio e o lar doms-
III, 22 e 23 e Epstola a Tito, II, 9-10) e S. Pe,.. tico, a religio e a ptria: Est mihi tecum pro
II
dro (Epst. I, II, 18 e seguintes) . aris ac focis certamen et pro deorum templis-
(266) Refere-se talvez Barlu aos servos . atque delubrs". Cic. De Nat. Deor., III, 40.
da gleba que surgiram no regime feudal, con,.. (277) 1640 .
quanto a sua condio seja muito mais favorvel (278) " ... apponam Eclpsis hujus [aciem,
Rue a dos escravos da antigidade. Entretanto, pro temporum momentis aliam. prout illam ad
408 NOTAS DO TRADUTOR
ga uma palavra braslica, pela qual designam das mais belas guias conhecidas pelo tamanho,
uma espcie de peixe que os portugueses chamam fra e beleza". H tambm um trabalho do
peixe~boi (apanham~se muitos nesse rio) ; pois Conselheiro Burlamaqui sbre ornitologia bra~
garga o nome do referido peixe e gua, que sileira, publicado em 1858, no qual trata le dste
quer dizer: gua do peixe~boi". Descrio da rapceo sob o nome de Palco destructor. A
Paraba por Elias Herckman, traduo do le tambm se refere Gabriel Soares (cap.
Dr. Jos Higino Pereira na Rev. do Inst. Ar~ LXXVIII, p. 206), dando~lhe a designao de
queolgico e Geogr. de Pernambuco, tomo V, cabur~a: "A guia a que o gentio chama ca~
n.O 32 (Outubro 1886, p. 242) . bur~a tamanho como as guias de Espa~
(302) ..... non T apularum hunc pagum, sed nha, tem o corpo pardao e as asas pretas, tem
Tapiviorum" (p. 221). Em Cardim h refern~ o bico revolto, as pernas compridas, as unhas
cia aos tapuuys, vizinhos dos Jacurujs e falan~ grandes e muito voltadas, de que fazem apitos;
do a mesma lngua. Ou sero os Tupijs de Car~ criam em montes altos, onde fazem seus ninhos
dim, que vivem em casas e teem roas? Barlu e pem dois ovos somente, e sustentam os filhos
de ordinrio altera de tal forma as palavras que de caa que tomam, de que se manteem". O que
difcil s vezes a identificao. Na carta - ste autor chama de Uraoa uma espcie de
TAPUY. Em Purchas TAPECUIN. milhafre, talvez o urub comum (Cap. LXXXV,
(303) Na carta STEENEM: ~ KEER~ p. 213, edio de 1879). ~ formao da pala~
BERG. vra, segundo Rodolfo Garcia, uir, alto gui~
(304) ..... donec ad Confluentes fluvios r = pssaro, + a = grande. (Nomes de
Arassoam & M arigniam perventum" (p. 222) . Aves em lngua tup, pg. 51). Aplica~se tam~
O tradutor holands (p. 288) identifica Aras~ bm ste nome ao urub~rei (Gypagus papa) e
soam com Maracuja e Marigniam com Rio Ca~ ao Morphus Guainensis. O habitat do gavio~
nafistula, reportando~se ao mapa. ~real estende~se, segundo Dabbene, desde Salta
(305) E' sem dvida o rio que denomfua~ e Misses at o Mxico.
ram Canafstula e que figura na carta da Pa~ (310) Boiet (no texto Boyetem) signi~
raba, fica em tup na cobra verdadeira" (mboy, co--
410 NOTAS DO TRADUTOR
bra + et, verdadeira, legtima). O outro nome stes nomes que difcil achar os seus corres..
indgena boicininga, a c:obra ressoante (ero... pondentes nas nossas crnicas".
talus terrificus) . __ O Quo~lUguho talvez seja o Guaj, que fi...
(311) O estreito de Lemaire, que comu... gura na carta da Paraba e do Rio Grande com
nica o Atlntico com o Pacfico, est entre a ter... o nome de Guaje.
ra do Fogo e a Ilha dos Estados e tem 20 klms. "Salvo supondo que o Ociunou e o Ocioro,
de extenso. Foi descoberto em 1615 pelo na... por um engano possvel, trocassem na lista a sua
vegador holands Lemaire. ordem natural, caso em que o segundo bem po...
(312) 1641. deria ser o mesmo que o Cear...Mirim (Nota
(313) Miguel de Vasconcelos, que a 1.0 de embaixo da pgina 257, voI. II da Histria do
Dezembro de 1640, foi lanado de uma das sa... Brasil de Southey, traduo citada, Rio, 1862) .
cadas do Pao rua. (324) Denomina...se hoje Apod (Nota de
(314) "& documento Principibus fuit, pes'" Fernandes Pinheiro, na mesma obra) .
simum diutumitatis magistrum esse metum" (325) " ... nuces terrestres in commune
(p. 229), adaptao da conhecida frase de C... conferunt" (p. 251) . Em Silberling: "Die jun...
cero: "Timor non diutumus magister offic...i" ger Weiber. . . bringen Erdnsse ... " (p. 697).
( Cc. 2, Phil., 36, 90) . (326) Eram consagrados ao culto de Mar...
(315) D. Matilde de Bolonha, primeira' te em Roma, ao menos os Salii Palatini, cujo co...
mulher de Afonso III de Portugal, que ele repu... lgio, segundo a tradio, foi egabelecido por
diou pra casar~se com Bea.!riz de Gusmo, fi... Numa. No er um sacerdcio exclusivamente
lha bastarda do Rei de Castela, Afonso X. (Ve... romano, pois se encontra em outras cidades it...
ja...se Crnica de Afonso III, de Rui de Pina, licas. Em Roma perduraram at o 4. s~culo de...
cap. II) . pois de Cristo. Seu nome deriva do verbo salire,
(316) Eram ambos seus sobrinhos. porque executavam em armas uma dana em
(317) ste D. Joo de Bragana, av de honra do deus, de que era parte importante o
D. Joo IV, era casado com D. Catarina, filha baterem as lanas nos escudos sagrados ( anci...
de D. Duarte, que era irmo do cardial D. Hen... lia) .
rique. O filho dste casal era D. Teodsio, du... (327) "Ergo septae pudicitia agunt, nul...
que de Bragana, de quem nasceu o rei da Res... lis conviviorum irritabionibus corrupte" (Tcito,
taurao de 1640. ste desposou D. Luza de Germnico, XIX) . -
Gusmo, da qual nasceu o prncipe D. Teodsio. (328) " ... dein & se, & juvenculam Taba~
(318) De posse ou domnio. ci fumo afflat; denique pene juvenculre pu...
(319) D. Jorge de ~ascarerilis,-voltando denda ferit, si autem sanguinem eliciat, hunc de...
para Portugal, foi nomeado vedor da fazenda lingit, atque hoc imprimis honorificum putant"
real e membro do Conselho Ultramarino. (De T apuiarum moribus, & consuetudinibus, e
(320) Filho de Hlios (o Sol) e Climene, relatione Jacobi Rabbi. .. etc., apud Marcgrav,
obteve permisso do pai para guiar...lhe o carro, Tractatus Topographicus ... Brasiliae, c. XII,
mas os cavalos divinos dispararam, e o carro in... p. 25). Barlu procurou velar o realismo do
cendiou o cu e a terra. (Veja...se Ovdio, Me... cronista em que se informou, como se v do tre...
tam., II, 1...530) . . cho aqui transcrito.
(321) Marcgrav (De regionibus & Inige... (329) A sses objetos sagrados se refere
nis Brasiliae, & Chili ejusdem Continentis, L. L tambm Marcgrav no citado Tractatus Topo...
c. I, p. 5, Elzevir, 1648) d uma descrio graphicus (c. XII, p. 25, edio de 1648) : "Re...
dos Palmares, que parece ter sido a fonte de Bar... gulus Janduy habet in medio tabernaculi sui in...
lu. Nela h referncia ao rio Gungohuhi, M on... gentem cucurbitam, super stoream ita deposi...
da, e serra Beh. tam. . . in illa sunt lapides quidam, quos illi ap...
(322) Os ttulos de conde e de duque foram pellant Kehuterah, & fructus quidam, ipsis Ti...
outorgados aos principais da terra pelos portu... tzsheinos, quos majoris faciant quam aurum".
gueses. O primeiro assim favorecido foi o soba Isto afirmado por Jac Rab na sua relao,
do Sonho em 1490. que foi sem dvida a fonte onde se abeberou
(323) "As hordas tapuias que obedeciam a Barlu. "Dans cette courge iI n'y a autre chose
Jandov eram chamadas Tarariprck pelos vizi... que des pierres dites Keuturah, des fruicts Titzs...
nhos, e olhavam como sua uma extenso de ter... heinos, des quels ils font plus d'estat que de
ras banhada por cinco rios. O primeiro dstes, ror. C'est dans ces calebasses qu'ils portent, ou
conhecido por dois nomes, Warang e Ociunou, croient porter le diable ... " Roolox Baro, Re...
diziam alguns que ficava a cinco dias de jornada lation veritable e curieuse etc., traduict de L'Hol...
do Poteng, indo mulheres e crianas no farran... landois par Pierre Moreau - 1647.
cho, outros que a dez. O Quoaouguh corria a (330 ) O clebre Jac Rab.
um dia de jornada mais para l, e o Ocioro. Ne... (331) Veja...se Ilada, canto IV: " ... e o
nhum dstes nomes se pode j reconhecer. A corao de Macao comoveu...se...lhe dentro do
pouco menos de dois dias mais adiante ficava peito. E les caminharam atravs do exrcito
o Upanema, ainda assim chamado, e meio dia imenso dos Acaios, e quando chegaram ao lugar
alm o Woroiguh. Todos sses rios se inculca... onde havia sido ferido e onde estava sentado o
vam considerveis". Histria do Brasil, de Ro-- louro Menelau, igual aos deuses, no meio de um
berto Southey, voI. II., ps. 257...258, Rio, 1862. crculo formado pelos prncipes, Macao arran...
Em nota ao p da pgina, diz Fernandes cou o dardo do slido talabarte, curvando as
Pinheiro: "De tal modo se acham desfigurados pontas agudas, e retirou o rico talabarte,. .. E
NOTAS DO TRADUTOR 411
depois de haver examinado a ferida feita pela Andes. Pehuenches composto de pehuen -
flecha amarga e chupado o sangue, nela deitou pinheiro - e che - gente -, isto "os homens
jeitosamente um suave blsamo que Quiro ou-- dos pinheiros".
trora dera a seu pai, que le amdva" . (341) A palavra cacique de origem hai--
(332) Marcgrav no _Tra(:tatus j citado tiana, Quanto aos vocbulos ulmn e pulmn.
(c. III, p. 13) fala nesta lagoa : "Quinque autem merece transcrita a explicao de Marcgrav (D E
et viginti mill. littore maris. jacet grandis lacus CHILI REGIONE & INDIGENIS, cap. IV :
BAJATAGH, piscium f~cundus". Ser a la-- "De Chilensium regimine politico, & armis".
goa Piaba, que figura na descrio da Paraba p. 30) : "Regimen illorum est penes optimates,
de Herckman? (Veja-se Rev. do Inst. Arqueo- quos vocant Vlmen. aut, quando tantum unus
lgico e Geogrfico de Pernambuco, t. V, n.O 32, est, Pulmen. Est qui alibi vulg<? Casiqui audiunt,
p. 262) . ab ipsis indigitantur Cura~; nam Casique no--
(333) "dorso autem alIigant fasciam e men ab Hispanis ex Insulis Americ~ transla...
frondibus confectam instar caud~, brachioque tum" .
alas volucris, quam vocant kosetug. & cervici (342) Segundo o historiador chileno Joo
itidem circumstant pennas rubras" (De Tapuya- Incio Molina ( 1737... 1829) pilln vem de
rum moribus, & consuetudinibus, e Relatione pylli = o esprito.
Iacob Rabbi. .. apud Marcgrav - Tractatus (343) Marcgrav ! De Chili Regione &
Topographicus Brasili~ etc., c. XII, p. 26, edi... Indigenis, c. III: De Chilensium sensu de Re-
o de 1648) . ligione. & Cultu numinis. p. 30) diz: " ... & can-
334) "Pr~terea sunt radices e quibus ln-- tillant epinicia. qu~ nominant PAWARY, in-
digen~ panem faciunt, ipsis Atug. Harag. Hobig. honorem Pillan".
Engepug, qu~ crud~ comedi possunt" (Marc... (344 ) Marcgrav, obra cit., p. 30, refere-
grav, Tractatus Topographicus Brasiliae (1648), -se tambm a essa divindade: "Colunt p~terea
c. III, p. 13). alium spiritum seu falsum numen. quod appellant
(335 ) Na traduo holandesa um dos ca... MARUAPOANTE".
ptulos intitula-se: "De Tapoeiers, beschreven (345) Lucina era o nome de Juno como
door Joham Rab van Waldeck", conquanto protetora dos partos.
Marcgrav, no Tractatus Topographicus. diga: (346) Chamavam-se antigamente cuncos
"De Tapuyarum moribus. & consuetudinibus, e as parcialidades de ndios que habitavam os va-
Ralatione Iacobi Rabbi. qui aliquot annis inter les costeiros do Chile, entre o rio de Valdvia e
illos vixit" . o estreito de Chacao. Denominam-se tambm
Alis bem conhecido o clebre Jac Rab, chonos.
o aleivoso e celerado autor da matana do (346 A) Rosales, entretanto, d outra ver-
Cunha. - so, dizendo que, pouco depois, o capito
(336) Na traduo francesa da obra de D. Alonso Mojica Bruiton exumou o corpo de
Joo de Laet (Description des lndes Occidenta- Brauer e o queimou. Hist. Gen. de e1 reyno de
les, L. XII, c. 1, p. 410, edio de Leide (e1ze- Chile, c. XV, edio de Santiago, 1877.
viriana de 1640) confirma-se esta etimologia : (347) "lasciviebant temulenti. indispositi.
"Augustin de Zurate dans son histoire du Pt:ru pervigiliis. commessationibusque dediti" (p. 280) .
explique la raison de ce nom: savoir que Chile Esta frase lembra estoutra de Tcito, na qual
se dit froid, pource qu'on n'y peut alIer du Peru se refere aos soldados de Vitlio: "Apud Vi-
que par des montagnes froides & couvertes de tellium omnia indisposita. temulenta. pervigiliis
neiges, car Chili signifie en Peruvian froid". ac Bachanalibus. quam disciplinae et castris. pro-
(337) "Vallibus distinguuntur. ubi ros de-- priora" (Hist. II, 68) .
cidit nostro spissior. dulcior & pinguior. ejusdem (348) D. Juan de Manqueante, cacique de
quo manna usus" (p. 262). "Sie wohnen meis- M ariquina, festejou os holandeses, mas com fal...
tentheils in unterschiedenn Thalen, in welchen sas mostras de amizade, pois queria degol-los,
ein Daw pflegt zu falIen, etwas dichter und ss- tendo para isso ajuntado 5.000 ndios (Veja-
ser auch fetter denn der unserige, dahero sie auch -se Rosales, Hist. General de el reyno de Chile,
dessen gleichsamb aIs eines Manna gebrauchen c. XV, edio de Santiago.
und geniessen" (Silberling, p. 727) . (349 ) No Arquivo Pblico Real. de Haia
(338) Sob a denominao geral de molu... (Algemeen Rijks-Archiev) encontra-se im-
ches designam-se as tribus que se opuseram_ portante documento sbre esta expedio co-
invaso dos esp.nhis. Os povos que habita- mandada por Brauer, com o ttulo: "Jornael ende
vam o territrio compreendido entre o Copiap e rapporten mitsgaders meer andere documenten
o Biobbio eram os picunches ou "homens do ende interrogatorien nopende ap de reyse en in
norte"; os que estanciavam entre o Biobbio e Chili is gepasseert onder het beleydt van den
Valdvia chamavam-se pe_huenches. isto , "ho- General d'Heer Henrique Brouwer. 1642--43.
mens dos pinheiros" e os que viviam nas terras Existe na Biblioteca de Santiago do Chile um
desde Valdvia at chilo eram conhecidos por exemplar do "Dirio e relao histrica da via--
huiliches ou "homens do sul" . gem realizada pelo Estreito de Magalhes at
(339 ) ~ste rio tira o s~u nome do funda- as costas do Chile. sob o comando do general
dor de Castro, D. Martim Ruiz de Gamboa. Henrique Brouwer no ano de 1643.", Essa re-
(340) Puelches (de puel...o oriente - e lao escrita em holands e foi publicada em
che-gente) opunham-se geogrficamente aos Amsterdam em 1646, trs anos aps a expedi...
pehuenches das vertentes orientais e centrais dos o. Rosales na sua "Historia General de e1
412 NOTAS DO TRADUTOR
reyno de Chile", cap. XV, trata minuciosamen... para traduzir hospital, a que corresponde no 1a...
te da mesma expedio. _ tim da decadncia nosocomium de 1I0UOXOP.EtOIl,
(350) Cf. Aeneis, II, 503: "Barbarico que aparece no Cdigo de Justiniano 1, 2, 19 e
postes auro spoliisque superbi". 22 e em So Jernim, Epist. 77, 6.
(351) "Hrec Pernambucensium Senatus. (356 ) ..... in quo velut in Favissis Capi...
hrec Serinhainensium, Portus Calvi. Iguarazun... toUnis . .. " (p. 314). Favissae Capitolinae
norum, Itamaticensium, Paraybensium & Fluvii eram umas como celas ou cisternas no Capitlio,
grandis rectores ad Comitem scripsere. qure ad.. onde se punham os objetos que de velhos se
ditis testimoniorum tabulis publica authotitate tornavam imprestveis no templo. Paulo Dico..
ratis roboravere" (p. 292). N a traduo ale... no (edic. de C. Mller, Leipzig, p. 88, diz:
m: "Dieses haben die Landpflegen und Land... "Sunt autem qui putant [avissas esse in Capi-
Regierung in Pernambuco, in Serinhayn. .. an tolio cellis cisternisque similes, ubi reponierant
den Frsten geschrieben, auch ferner under je... solita ea quae in templo vetustate erunt [acta
derer Provinz vorgedruchtem Siegel absorder... inutilia". Cf. Glossarium Placidi, Ovdio, Met.
liche Briefliche offent Uhrkunden darber aus... X, 691; Aullo Gelli6, II, 10 e veja...se verbum
sfertigen unnd Frsten zukommen lassen" F AVISSA no Lexicon totius Latinitatis.
(ps. 794...795) . (357) margem l...se pistolletos. Pistola
(352) Gigante monstruoso de trs cabeas era moeda antiga estrangeira de diversos \Ta...
e trs corpos. lores.
(353) Barlu se refere legtima defesa, (358) Brasiliani em Barlu significa em ge...
empregando frase semelhante de Ccero no ralos indgenas, os ndios_o_
discurso a favor de Milo (IV): "Est igitur (359 ) Reinou de 1291 a 1298.
haec, non scripta, sed nata lex, quam non didi... (360) Dion Cassius Cocceianus nasceu
cimus, accepimus, legimus, verum ex natura ipsa em Nicia, na Bitnia, crca de 155 D. C., e mor..
arripuimus, expressimus . .. " No texto de Bar... reu na mesma cidade, depois de 230. Foi cn...
lu: " ... in vindicias istius legis, quam natura sul e escreveu em grego uma histria de Roma
hausimus, n.on didicimus" (p. 302). em 80 livros.
(354) "Est prreterea Collegium Rationa... (361) Hic glotire suce pomceria amplificat
lium . .. (p. 308) . Belga, & veteris incola, novo orbi novus hos...
(355 ) "& in pios usus Scholarum, templo... pes & hostis incuba(' (p. 332) .
rum, Nosodochiorum convertuntur". Nosodo... (362) Na traduo alem diz...se de Wesel
chium, composto de lI6uos doena, e liox EtOll e Buderich.
vaso, recipiente, receptculo, derivado do verbo (363) Guilherme II, conde de N assau e
lixop.a" receber, palavra usada por Barlu prncipe de Orange (1626...1650).
,
INDICE
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'~~&1 ,
bastec'tmento
Abina e :Axem, estncias
75 Informaes
.. ,
dadas sbre ela por um
pr'tS'tOne'tro negro 180
_ 'a .' . de fr'tCa 61 Sai da Baa 18I
t . ~ Acaj 151 Primeira batalha entre a Armada Es-
: Acontecimentos posterio- panhola, e a Holandesa 185
res ao desbarate da Ar- Segunda batalha 186
mada espanhola 208 Terceira batalha 187
Aucar: J 1~1
Quarta batalha 190
Dissertao sobre o - 78 Fuga da Armada Espanhola 191
Sua fabricao 79 Infelicidade 192
Quanto rendia outrora 351 Narrao dos espanhis sobre as bata-
V rias formas 80 lhas que se travaram contra a Armada
Adolfo de Nassau (Imperador) 363 Espanhola 192
Africanos: Armada Holandesa: 181
Oausa da sua cr negra 68 Pa.~sa de Velas 183
Agulhas 150 Arrnadt'lho (descrio do) 224
Aipim 250 Armamentos (Inventrio dos) 155
Alagoas do Norte e Alagoas do Sul 45 Artichofski (Ooronel Oristovo):
Aldeias de 1ndios 45 Vem ao Brasil pela terceira vez 114
Santo Aleixo 304 ESC'l'eve uma carta a Van der Borg, o
Aldrich (J ac6) 188 que d origem a uma questo com o
Ambar 151 conde Mau..rcio de Nassau 115
Amrica: Teor da referida carta 125
Teria sido conhecida dos antigos f 14 E' demitido 119
Foi habitada desde a antiguidade f 16 V olta para a Holanda 133
Primeiros descobridores, Oolombo, : j'lgado variamente 138
Vespuccio 16 Seu elogio 30
Ma,galhes e outros 17 Artigos das t'l'guas entre o duque de Bra-
Amplitude do comrcio no Oriente 8 gana e os Estados Gerais no que se '1'e-
Anans 77 fere Oompanhia 256
Andrada (Antnio da Ounha): Ass'l-ltnto desta histria 21
E' aprisionado e remetido para a Hol- Aves marinhas 151
landa 189 Avestruz americano 149
Anh~l,1:bapeapija Sasafrs 151
Ano Bom (nha)
Antas
233 e 235
148
B agnuolo:
Foge e atravessa o Rio de S. Fran-
cisco 46
Antnio Vaz (nha de) 44
Devasta o Sergipe Del-Rei 69
Vila de- 158
Abandona o Sergipe 70
Araguagu 150 Baa de Todos os Santos (Expedio con-
Araras 149 tra a): 84
Araucanos, os mais belicosos dos Ohilenos 303 Razes da expedio 85
Armada de J ol diante do po'rto de Ha- Gisseling acompanha - 86
vana 218 Ohega Maurcio Baa e envia na fren-
: dispe'rsa por uma tempestade 219 te a Tourlon 87
Armada Espanhola: Acampa junto cidade, toma fortes e
Sua chegada 114 le'uanta baterias 88
Descrio 177 Despesas com a expedio compensada
Oomandantes 179 com as tomadias feitas 93
,
416 INDICE
418 INDICE
73
sen 136 Expugna o Forte do Oear
Estado financeiro 216 Giberton (Miguel) 43
Estado da Mlicia segundo Tollner 262 Godla.t (Joo) ~ sargento-mor 62
Estado do Brasil segundo Maurcio 351 G1taperua 150
Estados Gerais: Guar 149
Sua vitria naval contra a Armada Guaracapemas (Veja-se Dourados) 150
Espanhola alcanada por Tromp 195 Garcia de vila (Tr't'e de) 70
Carta em que persuadem ao Conde a Guerra Domstica. Externa e Ultrama-
sua permanncia no Brasil 224 rina. Guerra dupla: no Oriente e no
Juntamente com o Prncipe de Orange Ocidente 3/4
e 08 diretores da Oompanhia agrade- G1terra holandesa: suas causas. Exten-
ce'm, ao Conde Maurcio a sua adminis- so. Fama. Durao. Direito. Virtu-
t'rao no Brasil 363 des e vcios. Generais. Perodos da
Exrcito (Recenseamento do) 156 guerra 1/3
Expedies:
De Jac liV illekens
De Bald'uino Henrique
17
18
H abitantes do Brasil:
Uns so livres, outros escravos 138
De Piete't' H eyn 18 Os livres so holandeses, portugueses e
De Loncq 20 brasileiros 138/141
De Adriano Pater 20 Haus (Henrique Van):
Cont't'a o Forte de S. Jorge da Mina 59 Assume o comando geral do exrcito
Contra o Sergipe~ sob o Ooronel partida de N assau 327
Schkoppe 69 Heitor de la Calce obrigado a fundear na
Expedio com destino a Buenos Aires Para1;ba 217
sob Lichta'rt ~ 268 H erckman (Elias): .
Contra o Cear~ sob Jorge Garstman 73 Su. a entrada pelos desertos de Copaoba 237
Oontra o ocidente~ sob J ol 101 D",scurso que faz aos companheiros 242
Contra a Baa de Todos os Santos, sob Retorna para o Recife 245
,Tol 212 Sucede a Brauer 308
Contra Angola~ sob J oi 226 Discurso aos chilenos 309
Contra a Ilha de S. Tom~ sob J ol 230 Anuncia a Nassau o sucesso da expe-
Oontra a Ilha de S. Tom, sob Doess 236 dio ao Oht1e 311
Contra a Capitania do Maranho sob V olta inesperadamente para o Brasil 312
Lichtart e K oin ~ 247 Escreve ao Oonde e ao Supremo Oon-
Razes 248 selho 313
Sua morte 312
F ilipia, hoje Frederica
Fortes:
77
Hinderson:
Ataca a cidade de So Paulo de Loanda 227
Oonstri fortalezas 227
De Maurcio 47 e 154 Holandeses (Os):
De Orange em Itamarac 153 N ave.qam para a Africa 66
De S. Antnio 82 e 154 Homenagens rendidas a N assau pelos
Do Bru1n 152 perna,mbucanos 175
,
INDICE 419
Howin (Capito), Berchen (Engenheiro) Parte de Texel 102
e outros comandantes morrem 90 Suas naus 102
Huyghens (Jac): Causam elas terror aos espanhis 102
Substitue o Almirante Loosen 186 Exorta os seus 103
Trava combate 103
abandonado pelos seus 105
cicariba
I Jguara
151
44
Invectiva-os
Trava novo combate
105
106
nha Grande 220 Outra vez abandonado 107
nha do Sal 36 Reitera a luta mais duas veees 107
Imprio africano 347 Frustrar-lhe a expedio a rivalidade ,
Razes pelas quais deveria sujeitar-se de poucos 108
ao imprio brasileiro 230 Sua expedio contra a Baa 212
Opinio contrria dos diretores da Sua armada no porto de Havana 218
Companhia 230 dispersa por uma tempestade 219
Imprio brasileiro (Forma e organiza-- ele enviado contra Angola 226
o do): Toma Loanda 227
Estados Gerais. Conselho dos Deze- Sua expedio contra a nha de S.
nove 342 Tom 230
Governador e Capito General do Seus f1.JJnerais e elogio fnebre 232
Brasil. Conselho Supremo e Secreto. Seu S1.tcessor 233
Conselho de Justia ou Senado PoUtico 343 Juquer:
Magistrados p'rovinciais. Cmaras das apt'isionado dolosamente por J andu 287
Contas. Vice Almirante. Conselho de Jude1.JJS :
Marinha 344 Dispensados do servio da guarda aos
Males e Vcios do - 353 sbados. Restries a les imposta 346
Dvidas, Ca'r~stia dos produtos agr- Judeus 146
colas. Madeiras 354
Acar. Sit~JJao do comrcio. Situa-
o financei'ra. Causas dos males. Po-
breza dos portug~teses 355
K oin (Joo):
Sua expedio contra a Africa 61
Decadncia do comrcio. Exgotamen- Carta que manda a Nicolau Van Ypern 61
to do Tesouro 356 Combate com os africanos 62
Remdios desses males 358 e seguintes Sitia o Forte da Mina 63
Imperial (Cidade do Chile) 292 Pede a rendio da Praa, que se ren-
1?npo'rtncia da navegao da lndia 10 de. Condies 64
Inimigos (Os): Despojos 65
Levam as suas devastaes alm do Rio recebido como vencedor 66
de S, Francisco 83 Seu elogio 134
Abandonam o desfiladeiro da Baa 87 Ora Tenente-General de Artilharia s-
Atravessam o Rio de S. Francisco 175 bt'e o Prncipe de Orange 66
Perseguidos por Maurcio 210 Pettence nobt'eza 66
Pensam em modera'r a guerra. Rar- Ope-se a Camaro 200
ees que levaram o Conde a faeer o Comanda com Lichtart a expedio
mesmo 221 e 222 contra o Mat'anho 248
Inte'rsse da Companhia das lndias Toma posse do Forte 248
Orientais 217
Inventrio dos armamentos nos arsenais 155
I pojuca (Vila) 45 L aet (Joo de)
Latan (G~"ilhe1'me) - Capito
20
I pupia'ra ou P eixe Mulher 150 62
Itaiba 151 Lavradofres ou 1'oceiros 77
Itamarac: rante oito anos por N assau sobre v-
Deliberao sbre a t'r(Jjnsferncia da rios assuntos:
sede do governo para esta t'lha 57 Entulhos de Olinda. Ladres e sa-
Engenhos queadores 336
137
Descrio da ha 137
Observncia do domingo. Jogos de
azar. Saques de soldados. Conserva-
o das ttincheira-s. Fraudes dos mer-
aguarets cadores. Soldados vagab~mdos. C()Jm-
J Janson (Mate~ts):
Sucessor de J ol
149
233
panhistas
Abusos dos administradores nas Pro-
337
43
mandado contra os saqueadores
Ope-se a Luiz Barbalho
84
208
Descrio morto juntamente com Lochmann e
Destruio 165
mais cem soldados 210
Oli'L'eira (Nicolau de): 150
Incl'ue o Sergipe entre as Capitanias 28 Piramb
Piretaguars 149
Ongol (Chile) 295
Oquendo (Antnio): Piso (Guilherme):
Mdico e naturalista 368
Trava batalha naval com Tromp junto
s costas da Inglaterra 193 Plante:
Orange: Autor do poema Mauricada 368
Frederico Henrique, Prncipe de - 364 Polticos (Assuntos) 74
Guilherme, Prncipe de - 363/64 Porcos selvagens 148
1JtJ.aurcio, Prncipe de - 364 Porque o mercador holands participa
Ordem do nosso (?xrcito junto ao For- do Govrno 9
te da Mina 62 Porque o Oriente produz drogas quentes 9
Oriente: Prto Calvo 45
Interessa Repblica navegar-se para Portugueses acusados de traio 176
o Oriente 9 Obrigados a viver segundo as leis im-
Os negros principiam os combates com periais alems, as do imprio romano
gritos 63 e as da Holanda 55
Osorno (Cidade do Ch~'le) 296 Potos (Descrio do Monte de) 311
Ouro: Povoao, cidade da Ilha de S. Tom 231
Porque channado Barbrico por Maro 322 Predicantes mais notveis: 145
O'l.'yza-OvasS01.' 250 Frederico Vesselero, Pedro Lantman,
Francisco Plante, Joaquim Sollero, 1.
Polhemio, Cornlio Poelio, Samuel Ra-
pacas 148 thelario, Dav Dorislae'r, Joo Stetino,
Palmares: Joo Eduardo 145/46
Plano da sua destruio 270 Preguia 148
Descrio 270 Prncipe (Ilha do) 235
Assaltados pelos holandeses 323 Prisioneiros 74
Palmeiras: Processo contra depredadores dos cida-
Diversas espcies 274 dos 205
Papagaios 149 Produtos do Brasil 144
,
INDICE 423
Protesto de port~~gueses contra a cruel- Sardos 150
dade e perfdia dos holandeses 275 Schaap:
Puelches, nao selvagem do Chile 295 Trava combate naval com os espanhis 82
Punio dos comandantes covardes 209 Schaade:
Puraqu 150 Toma o Forte do Maranho 249
Segismundo Van Schkoppe: 30-40
Q uacacuj 150
Parte para as Alagoas
Marcha contra o Sergipe
46
69
Vila de S chkoppe 153
R Razes
a~as 150 Selos:
de se talarem as terras ini- Do Supremo Conselho. Do Senado
migas 214 Poltico. Da Omara de Pernambuco.
Razes pelas quais conviria sujeitarem- De Itarnarac. Da Paraba. Do Rio
se ao Govrno do Brasil as possesses Grande 111
africanas. Opinio contrria dos d'i- Sergipe:
retores da Oompanhia 230 Induido por Nicolau de Oliveira entre
Recife: as Capitanias 28
Recife. 45 Abundante em gado 70
Prefere-se a Itamarac 58 Consideraes de N assau, em seu re-
Recife (Vila) 45 latrio, sbre o - 362
Fortes do - 152 Serigus 148
Reclamaes: . Serinham (Povoao) 45
Reclamaes do Oonde aos poderes da S. Tom:
Holanda pedindo socorros 109 Expedio contra a Ilha de 230
Reclamao sbre o mau aparelhamento Povoao, cidade da Ilha de - 231
dos navios j sbre soldados mal ves- Endemia que atacou aU os holandeses 232
tidos 158 Porque se chama assim 235
Sbre a inpia do Tesouro 159 Notcia da rebelio dos portugueses na
Do E'YJ~baixador do Rei de Portugal e Ilha de- 269
resposta mesma 252 Plano secreto da conjura de - 275
Recompensas concedidas a militares be- S. Tiago (Morro) 59
nemritos 209 Santiago (Do Ohile) 292
Recrutas lJortugueses 172 Sonho (regio e cidade) 273
Reduto de Madama Bruyne 152 Sorlingas: c1"-se que so as Cassitre-
Refns (Per?nuta de) 222 des de Ptolomeu 34
Rgulos negros pedem paz 62 Souto (Sebastio do) 41/42
Revoluo de Portugal: Stackouver (Jac):
anunc1'ada a Maurcio pelo V ice-Rei 223 Derrota os inimigos 43
E pelos Estados Gerais 224
Suas causas 254
N a'rrao da mesma
Richelieu (Oardeal Armando de):
254
T Tallebon
ainhas
(Joo):
150
Walbreeck (Joo):
U chaus:._
Regwes
.
austra~s dos - (no reino
Assessor do Conselho Supremo 212
Wendevile (0(( pito Joo):
do Chile) 294 Sua morte 91
Ugni~ rvore do Chile 303
Oongo~
Ulmenes ou P,/.f,lmenes 299
Una ou Huna (Rio e aldeia) 39
Zaire ou 'rio da frica 272
DESTA OBRA. COMPOSTA E IMPRESSA NAS OFICINAS 00 SERVIO GR-
FICO DO MINISTBRIO DA EDUCAO E SAUDE. TIRARAM-SE 530 EXEMPLA-
RES. OOS QUAIS 500 EXEMPLARES EM PAPEL VEReB ALEMO E 30 EXEM-
PLARES. ESPECIAIS. EM PAPEL INGRBS FORA DO COMBRCIO
N.O
REPRODUZIRAM-SE. NA PRESENTE EDIO. AS ILUSTRACES QUE FIGURAM
NA EDIO LATINA DE 1647.