Sifilis - Manual Aula 2 PDF

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Aula 2 Diagnstico da sfilis

Testes para o diagnstico da sfilis


Para o diagnstico da sfilis podem-se utilizar os testes treponmicos e os no treponmicos.
Neste etapa dos estudos voc conhecer mais sobre cada um deles e sua importncia no
diagnstico das diferentes fases de evoluo da sfilis.

Testes treponmicos
So testes que detectam anticorpos contra antgenos do Treponema pallidum.

Estes testes so qualitativos. Eles definem a presena ou ausncia de anticorpos na amostra.

Testes no treponmicos
So testes que detectam anticorpos no treponmicos, anteriormente denominados
anticardiolipnicos, reagnicos ou lipodicos. Esses anticorpos no so especficos para
Treponema pallidum, porm esto presentes na sfilis. Os testes no treponmicos podem ser:

qualitativos rotineiramente utilizados como testes de triagem para determinar se uma


amostra reagente ou no;
quantitativos so utilizados para determinar o ttulo dos anticorpos presentes nas
amostras que tiveram resultado reagente no teste qualitativo e para o monitoramento
da resposta ao tratamento. O ttulo indicado pela ltima diluio da amostra que ainda
apresenta reatividade ou floculao visvel.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 1


O fenmeno de prozona
Trata-se da ausncia de reatividade em uma amostra que, embora contenha anticorpos no
treponmicos, apresenta resultado no reagente quando testada sem diluir ou mesmo em
baixas diluies. Esse fenmeno decorre da relao desproporcional entre as quantidades de
antgenos e anticorpos presentes na reao no treponmica, gerando resultados falso-negativos.
Ocorre nas amostras de pessoas com sfilis, em virtude da elevada quantidade de anticorpos
presentes.

O fenmeno de prozona no observado nos testes treponmicos. observado principalmente


na sfilis secundria, fase em que h produo de grande quantidade de anticorpos. Alm disso, o
fenmeno facilmente identificado fazendo-se o teste qualitativo com a amostra pura e diluda a
1:8 ou a 1:16.

Diferenas entre os testes no treponmicos e os treponmicos


A diferena principal que os testes no treponmicos detectam anticorpos que no so
especficos contra Treponema pallidum, e os testes treponmicos detectam anticorpos
especficos para antgenos de T. pallidum. Podem ocorrer resultados falso-positivos em diferentes
situaes, tendendo a apresentar ttulos baixos nos testes no treponmicos.

Resultados falso-positivos podem ser Resultados falso-positivos podem tambm


permanentes: ocorrer transitoriamente:

em portadores de lupus eritematoso em algumas infeces;


sistmico;
aps vacinaes;
na sndrome antifosfolipdica e em
no uso concomitante de
outras colagenoses;
medicamentos;
na hepatite crnica;
aps transfuses de hemoderivados;
em usurios de drogas ilcitas
na gravidez;
injetveis;
em idosos.
na hansenase;
na malria.

Testes no treponmicos apresentam mais resultados falso-positivos que os testes treponmicos.


Cerca de 1% da populao apresenta reatividade nos testes treponmicos sem ter a infeco. No
exame FTA-abs, as reaes falso-positivas habitualmente apresentam os treponemas com um
padro atpico de fluorescncia em forma de contas. Isso ocorre, por exemplo, na borreliose de
Lyme. Neste caso, o FTA-abs reagente e o VDRL geralmente no reagente.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 2


Tcnicas utilizadas nos testes para o diagnstico da sfilis
Apresentamos a seguir as diferentes metodologias utilizadas nos testes existentes para o
diagnstico da sfilis:

Pesquisa direta do T. pallidum:

Tcnica Testes
Microscopia A fresco em campo escuro
Colorao (Fontana-Tribondeaux ou Imunfluorescncia
Direta)
Quadro 1 Tcnicas para pesquisa do T. pallidum.
Nos testes no treponmicos:

Tcnica Testes
Floculao VDRL (Venereal Disease Laboratory)
RPR (Rapid Test Reagin)
USR (Unheated Serum Reagin)
TRUST (Toluidine Red Unheated Serum Test)
Aglutinao Testes Rpidos TR
Imunoenzimticos (ELISA) ELISA (Enzyme linked immunossorbent assay)
Imunocromatogrficos Testes Rpidos TR
Quadro 2 Tcnicas para testes no treponmicos.

Nos testes treponmicos:

Tcnica Testes

Imunofluorescncia indireta FTA-abs (Fluorescent treponemal antibody absorption)


Hemaglutinao MHA-TP (microhemaglutinao para Treponema pallidum)
Aglutinao de partculas TPPA (Treponema pallidum particle agglutination assay)
Imunoenzimticos e suas ELISA (Enzyme-linked immunossorbent assay), CMIA
variaes (Ensaio imunolgico quimioluminescente magntico)
Imunocromatografia Testes rpidos
Testes moleculares Reao de amplificao do DNA da bactria como a PCR
(Reao em Cadeia da Polimerase)
Quadro 3 Tcnicas para testes treponmicos.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 3


Exames laboratoriais para o diagnstico da sfilis primria
Esses exames so de dois tipos:

Exame direto realizado com amostra coletada diretamente da leso exame de


microscopia que permite a identificao de Treponema pallidum. A microscopia pode ser
realizada para a pesquisa do treponema em campo escuro, aps a colorao pelo mtodo
de Fontana-Tribondeaux ou pela imunofluorescncia direta.
Exames sorolgicos embora o tempo para o surgimento dos anticorpos possa variar de
pessoa a pessoa, a partir de 10 dias da evoluo do cancro duro possvel obter reatividade
nos testes sorolgicos. O FTA-abs o primeiro teste a se tornar reagente na sfilis.

Teste no treponmico de floculao


e seus procedimentos
Voc vai conhecer agora detalhes das metodologias dos testes no treponmicos, seu
funcionamento, suas indicaes de uso e os cuidados necessrios para obter resultados precisos
e confiveis.

Testes de floculao
Os testes de floculao baseiam-se em uma suspenso antignica que contm cardiolipina,
colesterol e lecitina.

No preparo da suspenso antignica, a ligao desses componentes ocorre ao acaso e resulta na


formao de estruturas arredondadas denominadas micelas, conforme voc pode ver na figura
adiante.

Cardiolipina

Lecitina

Colesterol

Figura 1 Representao esquemtica do antgeno dos testes


no treponmicos, na forma de micelas.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 4


Os anticorpos no treponmicos presentes na amostra ligam-se s 1 - cardiolipinas so
cardiolipinas1 das micelas. lipdios encontrados em
baixas concentraes em
tecidos de mamferos.
A ligao de anticorpos em vrias micelas resulta na floculao, A cardiolipina sdica
que pode ser observada ao microscpio. Veja a figura a seguir, que obtida de corao de boi
utilizada no preparo do
representa a ligao de vrias micelas por meio dos anticorpos. antgeno VDRL.

Anticorpos no treponmicos

Cardiolipina

Lecitina

Colesterol

Figura 2 Representao esquemtica de uma reao de floculao na qual os


anticorpos no treponmicos ligam-se simultaneamente em vrias micelas.

Essa ligao encontrada na forma de flocos ou grumos, grandes ou


pequenos, que podem ser visualizados a olho nu em alguns testes e em
outros com auxlio de microscpio.

Veja na figura adiante algumas fotos da reao de VDRL observadas em


microscpio ptico comum em aumento de 100 vezes.

Presena de floculao Ausncia de floculao

Figura 3 Observao de floculao e da ausncia de floculao na reao de VDRL.

Agora, confira o quadro a seguir, que expe de modo sistematizado os


testes de floculao e sua composio antignica.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 5


Teste Composio antignica
VDRL cardiolipina (0,03%);
(Venereal Disease Laboratory) colesterol (0,9%); e
lecitina (0,21+/-0,1%).

RPR cardiolipina;
(Rapid Plasma Reagin) colesterol;
lecitina;
cloreto de colina para eliminar a necessidade de inativao da
amostra;
EDTA para aumentar a estabilidade da suspenso antignica; e
carvo para permitir a leitura da reao a olho nu.

USR cardiolipina;
(Unheated Serum Reagin) colesterol;
lecitina;
cloreto de colina;
EDTA.

TRUST cardiolipina;
(Toluidine Red Unheated Serum Test) colesterol;
lecitina;
cloreto de colina;
EDTA;
corante vermelho de toluidina para permitir a leitura da reao a
olho nu.
Quadro 4 Testes de floculao e sua composio antignica.

Observe no quadro a seguir, os tipos de amostras e as exigncias de cada teste de floculao.

Caractersticas Testes
Tipo de amostra que pode ser utilizada VDRL RPR USR TRUST
Lquor Sim No No No

Plasma No Sim No Sim

Soro Sim Sim Sim Sim

Exigncias de cada teste VDRL RPR USR TRUST


O teste requer inativao da amostra Sim No No No

Antgeno j est pronto para uso No Sim Sim Sim

Leitura em microscpio Sim No Sim No

Leitura a olho nu No Sim No Sim

Teste qualitativo e quantitativo Sim Sim Sim Sim

Estabilidade da suspenso antignica 8 horas Meses Meses Meses


Quadro 4 Tipos de amostras e as exigncias de cada teste

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 6


2 - Na aula 5 deste
curso voc encontrar
Verifique a validade da suspenso antignica e dos informaes de como
realizar o controle de
outros insumos em cada conjunto diagnstico. Siga qualidade dos testes de
rigorosamente as instrues de cada fabricante. floculao.

Escolha do teste de floculao para diagnstico da


sfilis
A escolha do teste no treponmico depende das caractersticas do seu
servio, como:

o tipo de amostra a ser testada (lquor, soro ou plasma);


equipamentos disponveis (banho-maria, microscpio);
tamanho da rotina.

Outro fator a ser considerado na hora de escolher a qualidade do


teste2. Antes de adquirir o conjunto diagnstico para sfilis, certifique-se
da qualidade do produto, solicitando ao fornecedor um kit para avaliar o
desempenho.

! O VDRL o nico teste de floculao que pode


ser utilizado para a pesquisa de anticorpos no
treponmicos no lquor.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 7


Reao de VDRL com amostra de soro

O VDRL um teste no treponmico muito utilizado no Brasil. Voc conhecer a partir de agora,
em detalhes, a reao do VDRL feita com a suspenso antignica preparada com base no
antgeno concentrado para o teste em amostras de soro.

!
Antes de iniciar seu trabalho, voc deve consultar os protocolos
de Procedimentos Operacionais Padro (POP), que descrevem
detalhadamente:

os procedimentos a serem realizados para cada conjunto


diagnstico;
as instrues de uso e os cuidados a serem adotados em cada
equipamento que ser utilizado;
o passo a passo de aes para cada atividade.

Confira a seguir a sequncia de nove aes recomendadas para voc adotar em um teste VDRL,
as quais sero detalhadas nos prximos tpicos desta aula.

AO 1 Organizar os AO 2 Preparar os AO 3 Preparar a suspenso


materiais necessrios protocolos de trabalho antignica

AO 6 Validar a suspenso AO 5 Utilizar soros


AO 4 Calibrar a agulha
antignica controle

AO 7 Realizar reao de AO 8 Realizar reao de AO 9 Anotar os resultados


VDRL qualitativa VDRL quantitativa e liberar os resultados

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 8


Ao 1 Organizao dos materiais necessrios para o teste de VDRL
Os materiais necessrios para a realizao do teste esto listados a seguir.

Conjunto diagnstico (kit) para VDRL.


Soluo salina (NaCl 0,9%).
Soros controles: reagente com ttulo conhecido e no reagente.
Seringa de vidro de 1 mL ou 2 mL.
Agulha calibrada para gotejar 17 L ou pipeta para volume de 17 L.
Erlenmeyer de 25 mL com tampa de vidro esmerilhado.
Lminas de vidro planas, demarcadas com 12 crculos com 14 mm de dimetro cada
(lminas de VDRL).
Agitador orbital, tipo Kline, ajustado para 180 2 rpm.
Microscpio ptico comum (objetiva 10X e ocular 10X).
Banho-maria a 56C.
Tubos de ensaio 12 X 75 mm, para as diluies em tubo.

!
Verifique sempre o nvel de gua do banho-maria e se a
temperatura est em 56C.

Pipetas de volume ajustvel entre 50 L e 200 L.


Ponteiras descartveis para volumes entre 50 L e 200 L.
Pipetas de vidro de 1 mL e 5 mL.
Pera ou macrocontrolador de pipetagem para pipetas de vidro.
Recipiente para descarte de ponteiras.
Recipiente de vidro para descontaminao de produtos biolgicos, contendo soluo
aquosa de hipoclorito de sdio (uma parte de gua sanitria comercial mais quatro partes de
gua).
Recipiente com gua e sabo neutro para colocar as pipetas de vidro utilizadas.
Recipiente com lcool 70% (peso a peso p/p) para colocar as lminas de VDRL
utilizadas.
Cronmetro.
Caneta para escrever em vidro.
Protocolo de trabalho.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 9


Ao 2 Preparar os protocolos de trabalho
Observe o modelo de protocolo de trabalho indicado a seguir.

Algumas aes so importantes na hora de preparar os protocolos de trabalho. Confira a seguir.

Antes de iniciar seu trabalho dirio, reveja o contedo dos POP e compare se est de
acordo com as bulas.
Faa as alteraes sempre que o fabricante realizar modificaes na bula.
Observe se houve alterao dos procedimentos recomendados pelo fabricante para testes
de diferentes lotes.
Observe se os procedimentos variam quando o conjunto diagnstico utilizado com
amostras diferentes, como VDRL no soro ou no lquor.
Leia sempre as bulas e mantenha-as disponveis para consulta.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 10


Ao 3 Preparar a suspenso antignica de VDRL
O preparo da suspenso antignica a partir do antgeno concentrado deve seguir as instrues
do fabricante. Existe padronizao internacional para esse teste. Este padro o que foi adotado
nesse curso. Caso o kit que voc dispe defina uma orientao diferente dessa, siga o que foi
definido pelo fabricante do produto que voc dispe.

Instrues para preparo da suspenso antignica

1 Pipete 0,4 mL da salina tamponada pH 6,0 (que acompanha o kit) no fundo do Erlenmeyer. Use uma
pipeta de vidro para volume at 1 mL.

2 Retire 0,5 mL do frasco do antgeno com uma pipeta de vidro para volume at 1 mL. Tampe o frasco
para evitar evaporao.

3 Posicione a pipeta com o antgeno na poro superior do Erlenmeyer.

4 Adicione 0,5 mL do antgeno, gota a gota, diretamente sobre a salina.

5 Faa movimentos circulares, contnuos e suaves com o Erlenmeyer apoiado na bancada. Para
obter a velocidade ideal de rotao, voc deve, a cada segundo, dar trs voltas com o Erlenmeyer,
formando um crculo de aproximadamente 5 cm de dimetro.

6 Certifique-se de que, ao final de 6 segundos, todo o antgeno esteja gotejado (inclusive a ltima
gota).

7 Continue fazendo movimentos circulares por mais 10 segundos.

8 Adicione ao Erlenmeyer 4,1 mL da salina tamponada com uma pipeta de vidro para volume at 5
mL.

9 Tampe o Erlenmeyer e homogeneze a suspenso fazendo movimentos suaves de inverso


aproximadamente 30 vezes.

10 Identifique a suspenso antignica escrevendo no Erlenmeyer: Suspenso para VDRL, a data e a


hora do preparo.

! O antgeno concentrado est dissolvido em lcool. Se o frasco ficar aberto,


ocorrer sua evaporao e haver mudana na concentrao do antgeno.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 11


A qualidade da reao de VDRL depende do preparo da suspenso antignica.
Por isso, prepare sempre o volume de 5,0 mL de suspenso antignica seguindo o
procedimento descrito no quadro passo a passo anterior , mesmo que a quantidade de amostras
a ser analisada seja pequena.

Se houver um grande nmero de amostras na sua rotina laboratorial, prepare duas, trs ou mais
suspenses antignicas com o volume total de 5 mL cada.

No prepare volumes superiores a 5 mL em um mesmo Erlenmeyer.

Outro cuidado importante o de nunca alterar os volumes da salina tamponada e do antgeno


recomendados pelo fabricante.

Jamais utilize tampas de borracha no Erlenmeyer, pois ocorre a desestabilizao das micelas.

Alm disso, evite pipetas de plstico para a preparao da suspenso antignica, porque o
antgeno pode se aderir ao plstico.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 12


Ao 4 Calibrar a agulha
preciso calibrar a agulha que ser usada na seringa para adicionar a suspenso antignica na
reao de VDRL. Para isso, comece cortando o bisel de uma agulha de calibre 18 G (gauge) de
tal maneira que a estrutura metlica dessa agulha no fique amassada ou inadequada para uso.
Depois, siga os procedimentos indicados no passo a passo a seguir.

Faa a calibrao da agulha executando os passos descritos adiante.

1 Coloque a agulha em uma seringa de vidro de 1 mL ou 2 mL.

2 Aspire a suspenso antignica at o volume acima da marca de 1 mL na seringa.

3 Retire o mbolo e segure a seringa como se fosse uma pipeta.

4 Posicione a seringa verticalmente sobre o Erlenmeyer vazio.

5 Deixe as gotas da suspenso antignica flurem no Erlenmeyer at atingir a marca de 1 mL.

6 Comece a contar cada gota.

7 Pare a contagem quando a suspenso atingir a marca de 0,5 mL na seringa.

8 O resultado esperado de 30 (1) gotas para cada 0,5 mL da suspenso antignica. Esse volume
corresponde a cerca de 17 L por gota.

Considere que pode acontecer de a calibrao no corresponder ao nmero de gotas esperado.


Se o nmero de gotas for maior que 31, significa que a agulha
fina demais e o volume de antgeno menor que o indicado
para cada gota. Neste caso, voc deve substituir a agulha.

Mas, se o nmero de gotas for menor que 29, voc poder


tentar ajustar a agulha pressionando levemente sua ponta
com um alicate. Em seguida, repita o teste de calibrao da
agulha, at encontrar o volume indicado.
Figura 4 Agulha calibrada, agulha com bisel,
lima e alicate utilizados para calibrar a agulha.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 13


Ao 5 Utilizar soros controles
Os soros controles so amostras que foram previamente caracterizadas como no reagentes
(soros controles negativo) ou reagentes (soros controles positivo).

Seu uso na rotina diria permite ao profissional assegurar-se da qualidade do antgeno e dos
testes que realiza.

Veja no prximo tpico como utilizar soros controles para validar a suspenso antignica. Mais
adiante, neste curso, voc aprender mais sobre este tema ao estudar a respeito do controle de
qualidade dos testes de floculao.

Mantenha os soros controles congelados a -20C em alquotas


com volume suficiente para que sejam utilizadas uma nica vez.

Ao 6 Validar a suspenso antignica


Inicie o seu trabalho testando a qualidade da suspenso antignica para poder valid-la.
Para essa tarefa, voc dever dispor de soros controles positivos, com ttulos previamente
estabelecidos, e de soros controles negativos, selecionados das amostras da rotina de seu
laboratrio.

!
Jamais teste as amostras dos usurios sem ter validado a
suspenso antignica.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 14


Acompanhe a seguir o passo a passo dessa tarefa, utilizando como 2 - inativao o
exemplo de validao de uma suspenso antignica para a qual foi procedimento de aquecer
utilizado uma amostra de controle positivo com ttulo 1/16. as amostras biolgicas
(soro, por exemplo) a
56C durante 30 minutos

1
para destruir ou tornar
Coloque a agulha em uma seringa de vidro de 1 mL ou 2 mL. inativos os componentes
termossensveis do
sistema complemento,

2
para que esse constituinte
Descongele os soros controles e, posteriormente, faa a inativao3 presente no sangue no
em banho-maria a 56C por 30 minutos. interfira no desempenho da
reao antgeno-anticorpo

3
in vitro (nos testes
Utilize a suspenso antignica preparada na ao 3. sorolgicos).

4 Faa diluies seriadas do soro controle positivo 1/2, 1/4, 1/8, 1/16,
1/32 diretamente na lmina, conforme apresentado a seguir.

a) Pipete 50 L de soluo salina nos crculos de nmeros 3 a 7.

b) Em seguida, pipete 50 L de soro controle positivo no segundo


crculo.

c) Pipete 50 L de soro controle positivo no terceiro crculo, faa a


homogeneizao do soro com a soluo salina trs a quatro vezes,
utilizando a mesma pipeta e ponteira. Para isso, aspire e devolva,
cuidadosamente, a soluo para o mesmo crculo da lmina. Em
seguida, transfira 50 L dessa mistura para o quarto crculo.

d) Homogeneze o contedo do quarto crculo e transfira 50 L


dessa mistura para o quinto crculo.

e) Proceda com a homogeneizao e transfira a mistura


sucessivamente at o stimo crculo.

f) Por fim, homogeneze a mistura no stimo crculo, retire 50


L e despreze-a em recipiente prprio para descarte de produto
biolgico.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 15


5 Pipete no primeiro crculo 50 L do soro controle negativo.

6 Cuidadosamente, por inverso, homogeneze a suspenso antignica.

7 Aspire a suspenso antignica at encher a seringa, retire o mbolo, deixe cair algumas gotas para
eliminar bolhas de ar e dispense exatamente uma gota em cada um dos crculos de 1 a 7.

8 Coloque a lmina no agitador orbital e deixe agitar por 4 minutos a 180 rpm.

9 Faa a leitura da reao em microscpio ptico com objetiva de 10X e ocular de 10X, imediatamente
aps o trmino da agitao.

10 A suspenso antignica estar validada se o controle negativo no apresentar floculao e se o


controle positivo apresentar o ttulo esperado.

!
Se a suspenso antignica no tiver produzido o resultado
esperado, ela no ser validada. Neste caso, prepare outra
suspenso antignica e repita o procedimento de validao com
os controles positivo e negativo.

No utilize suspenses que no passaram no teste de validao.

Confira na sequncia algumas instrues importantes para fazer a validao da suspenso


antignica.

No misture a suspenso antignica fazendo-a passar pela seringa e pela agulha, pois
pode haver quebra das micelas e perda da reatividade.
Soros controles inativados h mais de 4 horas devem ser reinativados a 56C por 10
minutos.
Voc deve validar cada suspenso antignica j preparada antes de utiliz-la na sua rotina
e todas as vezes que preparar nova suspenso.
A suspenso antignica do VDRL estvel por at 8 horas.
Caso voc faa RPR, USR ou TRUST, valide tambm a suspenso antignica pronta para
uso antes de iniciar sua rotina.
Com a suspenso antignica validada, voc pode testar suas amostras, iniciando com o VDRL
qualitativo.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 16


Ao 7 Realizar reao de VDRL qualitativa
Antes de iniciar a reao, faa o protocolo de trabalho para definir em que crculos da lmina
sero colocados os soros controles e as amostras em anlise.

Neste caso, os soros controles so usados para estabelecer o parmetro para a leitura da
floculao. Eles podem ser usados puros, uma vez que apresentam reatividade conhecida.

O teste qualitativo realizado com as amostras de soro puro (1/1) e diludo a 1/8. Voc deve fazer
as diluies a 1/8 em tubos antes de iniciar o teste.

Confira o passo a passo a seguir.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 17


1 Identifique um tubo para cada amostra.

2 Pipete 350 L de soluo salina em cada tubo previamente identificado.

3 Homogeneze a amostra e pipete 50 L no tubo correspondente. Com esses volumes voc vai obter
a diluio de 1/8.

4 Pipete 50 L do soro controle negativo no primeiro crculo da lmina de VDRL.

5 Pipete 50 L do soro controle positivo no segundo crculo.

6 Pipete 50 L da amostra do usurio 1 pura (1/1) no terceiro crculo.

7 Pipete 50 L da amostra do usurio 1 diluda a 1/8 no quarto crculo.

8 Repita o procedimento pipetando 50 L de cada amostra pura e diluda das amostras em anlise,
tendo o cuidado de seguir a ordem que voc estabeleceu no protocolo de trabalho.

9 Faa delicadamente a homogeneizao da suspenso antignica.

10 Aspire a suspenso antignica at encher a seringa, retire o mbolo e deixe pingar, no prprio
Erlenmeyer, algumas gotas para eliminar bolhas de ar.

11 Dispense exatamente uma gota em cada crculo da lmina que contenha amostra.

12 Coloque a lmina no agitador orbital e deixe-a por 4 minutos sob agitao de 180 rpm.

13 Faa a leitura da reao em microscpio ptico imediatamente aps o trmino da agitao. Utilize
objetiva de 10X e ocular de 10X.

14 Compare o resultado do controle negativo com o resultado das amostras testadas, para determinar
o padro de ausncia de reatividade. Quando a reatividade da amostra estiver igual ao controle
negativo, o resultado ser no reagente. Caso seja observada reatividade na amostra pura ou
diluda a 1/8, dever ser feito o VDRL quantitativo para determinar o ttulo da amostra.

Quando a amostra de soro puro no apresentar reatividade, mas houver reatividade na


amostra diluda a 1/8, ter ocorrido o fenmeno de prozona.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 18


Ao 8 Realizar reao de VDRL quantitativa
Veja agora o exemplo de um VDRL quantitativo com diluies realizadas diretamente na lmina.
Prepare antes seu protocolo de trabalho e defina os crculos nos quais sero pipetados os
controles, as amostras e as diluies que sero realizadas.

Confira os procedimentos do VDRL quantitativo no passo a passo a seguir.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 19


1
Realize diluies seriadas da amostra de 1/2 a 1/32. Voc pode fazer a diluio em tubo e
transferir 50 L de cada diluio para a lmina, conforme previsto no protocolo, ou fazer a diluio
diretamente na lmina. Para isso:
a) pipete 50 L de soluo salina em cada um dos crculos de nmeros 4 a 8;
b) em seguida, pipete no terceiro crculo 50 L da amostra 1;
c) pipete 50 L da amostra 1 no quarto crculo, faa a homogeneizao do soro e da soluo
salina trs a quatro vezes, utilizando a mesma pipeta e ponteira. Para isso, aspire e devolva,
cuidadosamente, a soluo para o mesmo crculo da lmina. Em seguida, transfira 50 L dessa
mistura para o quinto crculo;
d) homogeneze do mesmo modo o contedo do quinto crculo e transfira 50 L dessa mistura
para o sexto crculo;
e) proceda com a homogeneizao e transfira, sucessivamente, at o oitavo crculo;
f) homogeneze a mistura no oitavo crculo, retire 50 L e despreze em recipiente prprio para
descarte de produto biolgico.

Amostra do paciente 100 L 100 L 100 L 100 L 100 L

Negativo Positivo puro

Soro 1/2 1/4 1/8 1/16 1/32

Despreze 50 L Soluo salina 100 L

Figura 7a Diluio da amostra em lmina. Figura 7b Diluio da amostra em tubos

2 Pipete 50 L do soro controle positivo no segundo crculo.

3 Cuidadosamente, por inverso, homogeneze a suspenso antignica.

4 Aspire a suspenso antignica at encher a seringa, retire o mbolo, deixe cair algumas gotas para
eliminar bolhas de ar e dispense exatamente uma gota em cada um dos crculos do 1 ao 8.

5 Coloque a lmina no agitador orbital e deixe agitar por 4 minutos a 180 rpm.

6 Faa a leitura da reao em microscpio ptico imediatamente aps o trmino da agitao. Utilize
objetiva de 10X e ocular de 10X.

a) Utilize o resultado do controle negativo para determinar o padro de ausncia de reatividade.

b) O ttulo da amostra ser definido pela ltima diluio que apresentar reatividade.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 20


Ao 9 Registrar e liberar os resultados do teste de VDRL
Ao finalizar a reao, voc dever transferir para o laudo os resultados anotados no protocolo.

!
As amostras reagentes devem ter o ttulo reportado no laudo.

O laudo dever apresentar-se:

legvel, sem rasuras na sua transcrio;


escrito em lngua portuguesa;
datado e assinado por profissional habilitado.

!
O laudo dever estar de acordo com o disposto na Resoluo RDC
n 302/ANVISA, de 13 de outubro de 2005, suas alteraes, ou
outro instrumento legal que venha a substitu-la.

Diagnstico da Sfilis - Aula 2 21


Referncias

ABO, S.M.; DE Bari, V.A. Laboratory evaluation of the antiphospholipid syndrome. Ann Clin Lab
Sci. 2007; 37:3-14.

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