Artigo Pirólise
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RESUMO
O trabalho tem como objetivo apresentar a aplicao de um modelo climtico urbano de balano de
energia adaptado para as condies climticas tpicas da cidade de Macei/AL, de forma a auxiliar o
planejamento urbano na orientao das diversas tipologias dos espaos, no teste de solues e na
previso de possveis efeitos trmicos de diferentes usos do solo urbano. A avaliao do potencial
do modelo, aps ajuste entre valores de temperatura do ar observados e calculados de fraes
urbanas distintas, mostrou a utilidade dessa ferramenta no teste de solues e previses dentro de
problemas relativos ao planejamento e controle trmico de ambientes urbanos. Do mesmo modo, as
simulaes de situaes futuras realizadas em fraes urbanas diferenciadas mostraram a
importncia de se prever possveis alteraes trmicas em consequncia de mudanas a que esto
sujeitas as cidades.
ABSTRACT
This study seeks to present the application of an urban climate model of energy balance as adapted
for the typical climatic conditions of the city of Macei, Alagoas. The objective is to guide urban
planning in relation to diverse typologies of space, the testing of solutions and the prevention of
possible thermal effects with the different use of urban soil. The evaluation of the models potential,
after adjusting the values of air temperature observed and the values calculated of distinct urban
units, was proven to be useful in testing solutions and predictions within the context of related
problems in planning and thermal control of urban areas. Similarly, the simulation of future situations,
conducted in different urban units, revealed the importance of preventing possible thermal alterations
as a consequence of changes that often occur in cities.
FORUM PATRIMNIO: amb. constr.e patr. sust. Belo Horizonte, v.4, n.1, jan./jun. 2010.
1. INTRODUO
Sabe-se que o microclima de uma rea urbana pode ser modificado com
planejamento correto do stio urbano e do entorno natural e construdo, para que se
tenham resultados mais favorveis no que diz respeito ao conforto trmico humano.
Particularmente em regies de clima quente e com elevada umidade do ar, torna-se
fundamental a refrigerao dos espaos urbanos, atravs do incremento do
movimento do ar e da preveno contra ganhos excessivos de calor, com recursos
de sombreamento.
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Nesse contexto, muitos problemas relacionados ao conforto trmico dos espaos, e
especificamente climatologia urbana, necessitam do auxlio da modelagem
numrica, mas nota-se que essa interface ainda pequena, j que os profissionais
envolvidos de ambas as partes tm formaes acadmicas bastante diferenciadas.
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auxiliar o planejamento urbano na orientao das diversas tipologias dos espaos,
no teste de solues e na previso de possveis efeitos trmicos de diferentes usos
do solo urbano, tornando-o uma ferramenta til para investigaes ligadas ao
planejamento e conforto trmico dos espaos urbanos (BARBIRATO, 1998).
Os horrios de medies totalizaram nove horas dirias: 8h, 9h, 10h, 14h, 15h, 16h,
19h, 20h e 21h, correspondendo a trs horas nos perodos da manh, trs horas
tarde e trs horas durante a noite, para melhor definio da curva de temperatura
para o perodo de 8h s 21h, necessria para anlise do ambiente trmico urbano
de Macei, e importante para a calibrao do modelo utilizado.
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As medies de temperatura do ar foram efetuadas em trs pontos da cidade. A
seleo dos pontos obedeceu aos seguintes critrios:
TABELA 1
Pontos de medies mveis
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FIGURA 1 - Temperaturas do ar mdias para o perodo observado.
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no solo, e basicamente representado pela Figura 2, onde o balano de energia
feito sobre um plano da superfcie urbana.
dTo
M = mcCc , (1)
dt
onde:
M = armazenamento de energia trmica (W/m2);
mc= massa construda por unidade de rea (kg/m2);
Cc= calor especfico da massa construda, presso constante (kJ/kgK);
dTo
= taxa de mudana da temperatura do ar, em relao ao tempo.
dt
M = R - H - LE - S (2)
onde:
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M = armazenamento de energia ( W / m 2 ) ;
R = fluxo de radiao lquida ( W / m 2 ) ;
H = fluxo de calor sensvel para o ar ( W / m 2 ) ;
L = calor latente da gua ( J / kg) ;
E = taxa de evaporao (portanto, LE o fluxo de calor latente) ( kg / m 2s) ;
S = fluxo de calor no solo ( W / m 2 )
a C p K 2U 2
H= (T2 To ) (3)
Z 2
ln Z o
aLK 2 U 2
LE =
Z2 2
(q qo ) (4)
ln Zo
(TSO et al., 1990, p.144)
onde:
a = densidade do ar ( kg / m 3 ) ;
Cp = calor especfico do ar presso constante ( J / kgo C) ;
qo,q2 = umidades especficas aos nveis 0 e 2, respectivamente ( g / g) ;
K = constante de von Krmn ( 0,40);
U2= velocidade do vento ao nvel 2 ( m / s) ;
Z2= altura da camada limite urbana ( m ) ;
Z0 = rugosidade da superfcie ( m ) ;
T0, T2 = temperaturas aos nveis 0 e 2, respectivamente ( o C) .
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onde Ef a frao de evaporao (uma interpretao da umidade relativa), dada
como a frao da rea total ocupada por superfcies evapotranspirantes livres, ou
seja, expostas livremente s condies ambientais.
S = s d ( Ts To )
k
(6)
onde:
ks= condutividade trmica do solo ( W /m o C) ;
Ts = temperaturas do solo no nvel S ( o C) ;
d = profundidade do solo ao nvel S ( m ) .
(T To' )
M = m c Cc
o
(7)
t
( T 2Ts + To )
dTs ks
= (8)
dt sCsd 2 b
ou:
( T 2Ts + To ) t
ks
Ts Ts' = (9)
sCsd 2 b
onde:
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Cs = calor especfico do solo ( J / kgoC) ;
TS= temperatura do solo ao nvel S, do passo de tempo anterior ( o C) .
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TABELA 2
Parmetros de entrada iniciais utilizados para ajuste do modelo
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Aps o devido ajuste dos parmetros, obteve-se boa correspondncia entre o
modelo e as medies no efeito diferenciado da temperatura do ar para os pontos
estudados. As Figuras 3, 4 e 5 mostram as temperaturas mdias do ar observadas
e simuladas. A concordncia considerada boa, considerando os valores
aproximados (ou considerados do modelo original), alm da estimativa de clculo
de diversos parmetros de entrada.
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FIGURA 4 - Comparao entre as temperaturas do ar observadas e simuladas do ponto de
observao 2, Tap2 = temperatura do ar calculada (simulada) e
Tobs.p2 = temperatura do ar observada (medida)
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FIGURA 5 - Comparao entre as temperaturas do ar observadas e simuladas do ponto de
observao 3. Tap3 = temperatura do ar calculada (simulada) e
Tobs.p3 = temperatura do ar observada (medida)
TABELA 3
Comparao estatstica entre temperaturas calculadas e observadas
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FIGURA 6 - Componentes calculadas do Balano de Energia - ponto 1, onde: M = armazenamento
de energia; R = fluxo de radiao lquida; H = fluxo de calor sensvel para o ar; LE = fluxo de calor
latente e S = fluxo de calor no solo. (unidades utilizadas: )
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FIGURA 7 - Simulao de situao futura - ponto 3
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3.2. Avaliao do Modelo
importante observar, porm, que o modelo foi testado e calibrado para a cidade
de Macei, e no para outras localidades, com caractersticas climticas
diferenciadas, especialmente quanto umidade do ar e amplitude trmica anual e
sazonal.
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4. CONCLUSES
evidente que a maior parte dos modelos climticos urbanos vistos na literatura
tcnica disponvel baseia-se em locais com um banco de dados climticos
considervel, tendo essas pesquisas, ainda, todo o suporte cientfico
(instrumentao e pesquisas prvias) necessrio. A modelagem matemtica ,
portanto, j bastante usada hoje em pesquisas sobre climatologia urbana para
cidades de latitudes mdias.
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inegvel a importncia, hoje, na climatologia urbana, de uma abordagem mais
quantitativa dos fenmenos, para que as decises tomadas no mbito do
planejamento urbano sejam baseadas em informaes mensurveis e,
especificamente, mostrem informaes mais imediatas com o uso de simulaes.
Sabe-se que a legislao urbanstica nas cidades brasileiras tem mantido uma
perspectiva de regulao do mercado imobilirio, tornando-se instrumento de
especulao e de valorizao imobiliria, em detrimento da incluso de novas
demandas sociais relativas qualidade ambiental e ao uso racional de recursos
naturais (ASSIS, 2007).
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REFERNCIAS
OKE, T.R. Boundary layer climates. Routledge: New York, 1996, 435p.
OKE, T.R.; Zeuner, G.; Jaureghi, E. The surface energy balance in Mexico City,
Atmospheric Environment, vol. 26B, n. 4, p. 433-444, 1992.
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TSO, C.P. A survey of urban heat island studies in two tropical cities, Atmospheric
Environment, vol.30, n. 3, p. 507-519, 1996.
TSO, C.P.; CHAN, B.K.; HASHIN, M.A. An improvement to the basic energy balance
model for urban thermal environment analysis. Energy and Buildings, n.14, p.143-
152, 1990.
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