Energia Termelétrica - Online 13maio2016 PDF
Energia Termelétrica - Online 13maio2016 PDF
Energia Termelétrica - Online 13maio2016 PDF
Captulos
claro que, como coordenador deste livro, qualquer erro ou omisso de minha
inteira responsabilidade.
MAURICIO T. TOLMASQUIM
Apresentao
Visando a subsidiar e a esclarecer tomadores de deciso no governo e no setor
privado, membros da academia, organizaes ambientais, e demais setores da sociedade
com interesse na questo da energia eltrica no Brasil, o presente livro Energia
Termeltrica tem como objetivo caracterizar o aproveitamento eltrico a partir da
biomassa, gs natural, carvo mineral e urnio no Pas, apresentando para cada uma
dessas fontes o panorama mundial e nacional da termeletricidade, a estrutura da cadeia
do combustvel, a caracterizao tcnica e econmica, as questes socioambientais e o
potencial de gerao, entre outros aspectos.
Tal objeto tem sido parte sistemtica dos estudos elaborados rotineiramente pela
EPE. De fato, desde a implantao do Novo Modelo do Setor Eltrico, o planejamento da
expanso da oferta de energia eltrica no Brasil tem se apoiado em uma srie de estudos
produzidos pela EPE, tais como: o Plano Decenal da Expanso de Energia (PDE), o Plano
Nacional de Energia (PNE), alm de diversas notas tcnicas com temas especficos sobre
energia.
Por sua vez, o PDE guarda relao com os estudos de planejamento de horizonte
mais extenso, consolidados no Plano Nacional de Energia PNE, no qual so examinadas
com mais detalhamento as questes tecnolgicas, com ateno especial para aquelas que
se caracterizam como vetores portadores de alteraes no futuro, tais como tecnologias
de armazenamento de energia eltrica, veculos eltricos, smart grids, etc. Por seu carter
e alcance estratgicos, o PNE submetido ao Conselho Nacional de Poltica Energtica
(CNPE), subsidiando as diretrizes orientadoras, entre outras, do planejamento da
expanso em um plano ttico, tal como se pode classificar o PDE.
Por seu carter eminentemente estratgico, o enfoque natural dos estudos baseou se
primordialmente nas anlises feitas no mbito do PNE. O PNE incorpora mudanas
profundas ocorridas nos ambientes energticos nacional e mundial nos ltimos anos, com
reflexos nas principais condies de contorno, conforme listadas a seguir:
Insero de tecnologias de baixo carbono;
Dessa forma, este livro, composto de cinco captulos, o resultado dos estudos
conduzidos pela EPE em relao ao funcionamento do sistema eltrico nacional e s fontes
associadas termeletricidade na matriz eltrica brasileira, compreendendo-se que o
funcionamento das usinas termeltricas resulta em um seguro nos perodos de escassez
hidrolgica ou de indisponibilidade de gerao elica e solar, contribuindo para a garantia
do suprimento de energia e reduzindo o risco de dficit no sistema.
Por outro lado desafios maior participao da biomassa como fonte de energia
eltrica ainda se impem de modo geral e especificamente a cada tipo de biomassa. De
modo geral, os custos de investimento em bioeletricidade devem considerar plantas de
pr-processamento e armazenamento da biomassa. Especificamente, pode-se citar, entre
outros, os desafios relacionados questo da produtividade e qualidade da cana, os custos
mais elevados das tecnologias mais eficientes, elevado grau de endividamento das usinas,
a melhoria no escoamento da bioeletricidade no caso da biomassa da cana; j no caso da
lenha, o desenvolvimento de tecnologias avanadas de converso da lenha em energia,
para aumento da produtividade dos plantios entre outros; e, por fim, no caso da gerao
eltrica a partir dos resduos, o desenvolvimento tcnico e comercial em larga-escala de
plantas com alta eficincia e garantia de fornecimento contnuo a um preo baixo.
10 ENERGIA TERMELTRICA
O captulo 4 trata da gerao termeltrica a carvo mineral que, em funo dos seus
impactos ambientais, tem sido fortemente questionada em todo o mundo. O
desenvolvimento de tecnologias com maior eficincia de converso de energia tem se
mostrado essencial para o maior aproveitamento da fonte, uma vez que a intensidade de
emisses de gases produtores do efeito estufa do carvo significativamente superior de
outros combustveis, como o gs natural. Adicionalmente, para o carvo mineral existe a
preocupao com a emisso de poluentes atmosfricos.
Ainda que o carvo brasileiro apresente um baixo poder calorfico e elevados teores
de cinzas e enxofre, a disponibilidade de reservas dessa fonte fssil e o desenvolvimento
de tecnologias menos poluentes sugerem que a gerao trmica a carvo apresente um
grande potencial de expanso, que atinge 17.000 MW. No que se refere ao rendimento, a
referncia mundial aponta para desempenho mdio em torno de 32%. Nas usinas mais
novas, como plantas que utilizam tecnologia combusto pulverizada, os rendimentos
alcanam rendimentos maiores (35%), podendo chegar a mais de 40% em plantas que
operam com ciclo supercrtico (SC) ou ultra supercrtico (USC). Para estas plantas se faz
necessrio carves de qualidade superior.
MAURICIO T. TOLMASQUIM
Sumrio
SISTEMA ELTRICO BRASILEIRO ................................................................................................... 19
1 INTRODUO .............................................................................................................................. 19
5 REFERNCIAS .............................................................................................................................. 35
GS NATURAL.............................................................................................................................. 36
1 INTRODUO .............................................................................................................................. 36
5.1 INTRODUO................................................................................................................. 88
5.2 ASPECTOS OPERACIONAIS ................................................................................................ 89
5.3 ASPECTOS ECONMICOS ................................................................................................. 93
5.3.1 Custos de investimento ...................................................................................... 93
5.3.2 Custo de operao e manuteno ..................................................................... 94
5.3.3 Custo do combustvel ......................................................................................... 95
5.3.4 Custo nivelado..................................................................................................... 96
CARVO..................................................................................................................................... 217
3.1 CONCEITOS BSICOS EMPREGADOS NA DEFINIO DE RESERVAS DE CARVO MINERAL ............ 237
3.1.1 As reservas de carvo mineral ......................................................................... 240
3.1.2 A produo brasileira de carvo ...................................................................... 244
3.1.3 Importao de carvo ....................................................................................... 249
dimenses continentais;
82 789 MW Total
62% 132 878 MW
7 000 MW
5%
19 619 MW
15% 21 480 MW
1 990 MW
2% 16%
A estrutura da rede de transmisso do SIN extensa e complexa, como pode ser visto
na Figura 3. Em 2014, a rede de transmisso, em tenso acima de 230 kV, somava mais de
116.000 km de extenso.
hidrotrmico de grande porte, com forte predominncia de usinas hidreltricas, parte com
reservatrios de regularizao e com mltiplos proprietrios.
Neste contexto, foi criado em 1998, o Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS),
que o rgo responsvel pela coordenao e controle da operao das instalaes de
gerao e transmisso de energia eltrica no SIN, sob a fiscalizao e regulao da Agncia
Nacional de Energia Eltrica (Aneel). O ONS uma pessoa jurdica de direito privado, sob
a forma de associao civil, sem fins lucrativos.
Para atendimento aos seus objetivos o ONS convive com diversas restries de
cunho regulatrio (Condicionantes Legais, Procedimentos de Rede e Polticas do MME) e
fsicas (Condicionantes Ambientais e de Uso Mltiplo das guas e Restries Operacionais
das usinas).
$ baixo
$ zero
vertimento
$ alto
Apesar deste exerccio ter sido apresentado com apenas dois nveis iniciais de
deciso (apenas usar a gua dos reservatrios ou as trmicas) existem diversos estgios
de armazenamentos iniciais e custos de trmicas que podem gerar mltiplos cenrios de
deciso. Como a ocorrncia futura de vazes incerta, este um tpico problema de
deciso sob incerteza onde a chave para a melhor escolha est na abrangncia de cenrios
futuros avaliados, para que a deciso quando simulada para todos os cenrios futuros,
resulte nos menores custos, em mdia, para o consumidor.
Custo Futuro
Em adio reduo dessas incertezas com o tempo (horizontes de mais curto prazo
possuem menores incertezas) e necessidade de aumento do detalhamento para a
operao em tempo real (interdependncia G e T), h a justificativa para a diviso da
operao em etapas com a utilizao de modelos de otimizao com caractersticas e
objetivos distintos.
Mdio PEN
Plano
horizonte: 5 anos
prazo Energtico etapas: mensais
Anual
NEWAVE
OPHEN
Programao Acompanhamento horizonte: 1 semana
Dirio da
diria etapas: hora DESSEM*
Operao
Hidroenergtica
*futuro
desse modelo so as funes de custo futuro, que traduzem para os modelos de outras
etapas (de curto prazo) o impacto da utilizao da gua armazenada nos reservatrios.
Nesse sentido, o Plano Decenal de Expanso 2024 (PDE 2024) adotou como uma das
principais diretrizes a priorizao da participao dessas fontes renovveis para atender
28 ENERGIA TERMELTRICA
180 000
160 000
140 000
120 000
206.447 MW
100 000
132.878 MW
80 000
60 000
40 000
20 000
0
dez-2014
dez-2015
dez-2016
dez-2017
dez-2018
dez-2019
dez-2020
dez-2021
dez-2022
dez-2023
dez-2024
FONTE: EPE [PDE 2024]
Figura 7 Evoluo da capacidade instalada no SIN 2014-2024
Fonte: EPE (2015)
Hidreltrica
27.2 MW
37%
Outras fontes
renovveis
35 MW
47%
Termeltrica
10 MW
Nuclear
14%
1.4 MW
2%
Fonte: EPE [PDE 2024]
Figura 8 Participao das fontes na capacidade instalada 2015-2024
Fonte: EPE (2015)
PLANEJAMENTO E OPERAO DO SISTEMA ELTRICO BRASILEIRO 29
HIDRO
117 GW
56.7%
NUCLEAR
3 GW
1.6%
UTE
EOL
30 GW
BIO 14.3%
24 GW SOL PCH
11.6%
7 GW 18 GW
8 GW
3.3% 8.7%
3.8%
Apesar de ser notrio que a variao do mercado muito maior que a variao da
capacidade de armazenamento, a Figura 10 no suficiente para afirmar que a segurana
do sistema ser decrescente no horizonte decenal. Outras fontes de energia alm das
fontes controlveis (hidreltricas com capacidade de estoque e termeltricas flexveis)
contribuem para o atendimento ao mercado e, dentro das caractersticas de cada uma,
possvel estimar uma contribuio para determinados nveis de confiabilidade, embora
seja inegvel a necessidade de aumentar a capacidade de armazenamento.
Figura 10 Crescimento do Mercado de Energia do SIN x Energia Armazenvel Mxima
PLANEJAMENTO E OPERAO DO SISTEMA ELTRICO BRASILEIRO
31
32 ENERGIA TERMELTRICA
Na Figura 11, foi considerado um cenrio com baixa afluncia incremental s usinas
a fio dgua. Ressalta-se, entretanto, que o perfil do mercado lquido e as concluses so as
mesmas para os cenrios de alta afluncia.
Varivel Descrio
Outras fontes renovveis, que possuem perfil de gerao superior no perodo seco,
como elicas e termeltricas a biomassa, contribuem para essa complementao. Alm
dessas fontes, as usinas termeltricas sero de suma importncia para prover a garantia
necessria ao atendimento do mercado e, nessas condies, cresce a importncia das
interligaes regionais. A deciso da poltica operativa, a ser definida luz de informaes
mais detalhadas da operao a cada ano, definir os montantes de deplecionamento
aceitveis dos reservatrios no perodo seco.
O nvel de armazenamento dos reservatrios ser impactado pela gerao mdia das
fontes no controlveis. J o tempo de gerao mxima das fontes controlveis ser
consequncia da curva de carga horria lquida, que foi modificada pela gerao
instantnea das fontes intermitentes conforme descrito anteriormente.
PLANEJAMENTO E OPERAO DO SISTEMA ELTRICO BRASILEIRO 35
4 CONSIDERAES FINAIS
O Sistema Eltrico Brasileiro possui uma complexidade natural que demanda
investimentos constantes em metodologia e ferramentas computacionais que auxiliem na
tomada de deciso de operao energtica.
Atualmente, o ONS j enfrenta desafios associados aos conflitos pelo uso da gua,
especialmente em situaes de escassez do recurso hdrico, como a que o Brasil enfrentou
no trinio 2013-2015; e tambm desafios diversos associados manuteno da
confiabilidade do sistema frente baixa gerao hidreltrica associada, recorrendo ao
combustvel fssil das usinas termeltricas para atendimento da carga. Esta operao
muitas vezes questionada por ser muito cara, porm o recurso disponvel que deve ser
utilizado para manuteno da segurana no atendimento.
5 REFERNCIAS
EPE. (2015). Plano Decenal de Expanso de Energia 2024. Ministrio de Minas e Energia,
Empresa de Pesquisa Energtica. Braslia: MME/EPE.
2.1 Conceitos
O conceito de recursos petrolferos est vinculado s quantidades de
hidrocarbonetos presentes naturalmente na crosta terrestre, enquanto suas estimativas
relacionam-se s quantidades totais em acumulaes conhecidas e ainda por descobrir.
estimativas das reservas provada, provvel e possvel dever ser de pelo menos
10%.
PRODUO
RESERVAS
1P 2P 3P
PETRLEO TOTAL INICIALMENTE IN-PLACE (PIIP)
PIIP DESCOBERTO
RECURSOS
CONTINGENTES
1C 2C 3C
IRRECUPERVEL
RECURSOS PROSPECTIVOS
DESCOBERTO
PIIP NO
IRRECUPERVEL
<----------Amplitude da incerteza ------->
A classificao proposta por SPE (2011) divide os recursos in place em dois grandes
grupos: recursos descobertos e recursos no descobertos. Enquanto o grupo de recursos
no descobertos classifica-se somente como recursos prospectivos, o primeiro grupo
divide-se em reservas comerciais e recursos contingentes (subcomerciais). Estes se
referem quelas quantidades de petrleo ou gs natural potencialmente recuperveis, de
reservatrios descobertos, por meio de projetos de desenvolvimento, mas cuja produo
no ainda comercialmente vivel devido a uma ou mais contingncias. J os recursos
prospectivos (no descoberto) referem-se a quantidades de petrleo ou gs natural que,
em uma determinada data, sero potencialmente recuperveis a partir de acumulaes
no descobertas, porm passveis de ser objeto de futuros projetos de desenvolvimento.
GS NATURAL 39
A seguir sero apresentadas breves definies para cada um dos tipos de recursos de
gs. A Figura 2 apresenta o conceito de tringulo de recursos que permite comparar
reservatrios convencionais e no convencionais a partir da relao entre a distribuio
volumtrica de hidrocarboneto e caractersticas de permeabilidade do reservatrio com
as tecnologias e os custos necessrios para a produo destes. Vale notar que tanto a
2 Livre traduo para o termo best estimate, que pode ser entendido como estimativa mais
segura, ou mais conservadora.
40 ENERGIA TERMELTRICA
8,2% 6,5%
4,1%
7,6%
Amrica do Norte
Amricas Central e do Sul
Europa e Eursia
31,0% Oriente Mdio
frica
42,7% sia-Pacfico
O Oriente Mdio concentra 43% das reservas globais de gs natural, que equivalem a
80 trilhes de m3. Na Amrica do Norte, os Estados Unidos se destacam com reservas de
10 trilhes de m3, ocupando o 5 lugar no ranking das maiores reservas provadas de gs
natural. Nas Amricas Central e do Sul, a Venezuela possui a 8 maior reserva mundial,
com 6 trilhes de m3. Os membros da Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo
(OPEP3) concentram 51% das reservas mundiais, totalizando 95 trilhes de m3. As trs
maiores reservas provadas do mundo pertencem ao Ir (34 trilhes de m 3), Rssia (33
trilhes de m3) e ao Catar (25 trilhes de m3) (Figura 4). O Brasil ocupa a 31 posio no
ranking das maiores reservas provadas de gs natural, com cerca de 460 bilhes de m 3
(ANP, 2015a).
3 Ir, Iraque, Kuwait, Arbia Saudita, Venezuela, Catar, Lbia, Emirados rabes Unidos, Arglia,
Nigria, Equador e Angola.
GS NATURAL 43
300 Ir Rssia
Catar Turcomenisto
Estados Unidos Arbia Saudita
250 Emirados rabes Unidos Venezuela
Nigria Arglia
Total mundial
200
trilhes de m3
150
100
50
Esta tendncia de crescimento no incio do sculo XXI evoluiu de cerca de 2,5 trilhes
de m3 em 2000 at valores prximos a 3,5 trilhes de m3 em 2014. A Figura 6 mostra os
10 maiores produtores mundiais de gs natural e a evoluo de suas produes a partir de
2000. Em primeiro lugar encontram-se os Estados Unidos, seguidos pela Rssia, somando
1,3 trilhes de m3 produzidos em 2014 e juntos correspondendo a quase 40% da
produo mundial. Nesse horizonte, a produo nacional anual evoluiu de 7,5 bilhes de
m3 em 2000 para 20 bilhes de m3 em 2014, o que situou o Brasil na 30 colocao no
ranking dos produtores mundiais.
44 ENERGIA TERMELTRICA
50%
45%
40%
Petrleo e derivados
35%
30% Carvo
25%
GN
20%
Renovveis e resduos
15%
10%
Nuclear
5%
Outros
0%
1971 1977 1983 1989 1995 2001 2007 2013
Figura 5 Participao de diferentes fontes na oferta de energia primria total mundial 1971 a
2013
Nota: Outros incluem importao e exportao de eletricidade e calor produzido para venda.
Fonte: Elaborao prpria a partir de IEA (2015a)
2.500
bilhes de m3
2.000
1.500
1.000
500
2.500
bilhes de m3
2.000
1.500
1.000
500
600
500
400
300
200
100
1.200
Importao lquida
1.000
Produo de gs Seco
800
600
bilhes de m3
400
200
-200
-400
Figura 10 Projeo da produo de gs natural processado e das importaes lquidas dos EUA
Fonte: EIA (2015b)
A partir das grandes mudanas ocorridas nos Estados Unidos, derivadas da forte
recuperao ocorrida na indstria do gs natural em razo da retomada do crescimento
GS NATURAL 49
da produo, o tema da explorao dos recursos no convencionais passou a ser visto com
grande interesse, no s de setores acadmicos e empresariais, mas da sociedade de uma
forma geral. Nesse contexto, a discusso dos aspectos econmicos ganha relevncia, e tem
relao direta com a disponibilidade de infraestrutura que viabilize a explorao e a
comercializao do produto, com o acesso a insumos e a recursos naturais, principalmente
os recursos hdricos, e com as condies criadas para o descarte de resduos gerados. No
menos importantes so as estruturas institucionais de governo, de agentes de mercado e
da sociedade organizada, que desempenham significativo papel para que os benefcios
gerados pelo crescimento econmico no sejam acompanhados de prejuzos sociedade e
ao meio ambiente.
De 1973 ao incio deste sculo (IEA, 2015b), o gs natural passou da quarta para a
segunda posio no ranking das fontes mais utilizadas na gerao de eletricidade,
contribuindo com cerca de 20%, desde ento, de toda energia eltrica produzida no
mundo (idem). O carvo a fonte mais utilizada, com 41% da gerao de eletricidade
mundial (ibidem). A partir dos dados organizados pela Agncia Internacional de Energia
(2016, 2014b), o consumo mundial de gs natural para gerao de eletricidade pode ser
7 Cenrio central no World Energy Outlook 2014, que descreve uma trajetria baseada na
continuao das polticas existentes, assim como a implementao de forma cautelosa de novas
polticas (IEA, 2014b).
GS NATURAL 51
6.000
Estados Unidos
Rssia
5.000 Japo
Mundo
4.000
TWh
3.000
2.000
1.000
Figura 13 Distribuio percentual das reservas provadas nacionais de gs natural por Unidades
da Federao 2014
Nota: Inclui as reservas dos campos cujos Planos de Desenvolvimento esto em anlise. As
reservas dos campos de Roncador e Frade, Sapinho, Caravela e Tubaro esto totalmente
apropriadas, respectivamente, nos Estados do RJ, SP, PR e SC.
Fonte: Elaborao prpria a partir de ANP (2015a) e Wikimedia Commons (2007).
35
Mar Terra Pr-sal
30
25
20
bilhes m3
15
10
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
12
bilhes de m3
10
6 Terra
Mar
4
0
RJ ES AM SP BA MA SE AL RN CE
A relao entre as reservas e a produo (R/P) atingiu 14,8 anos em 2014 (ANP,
2015a). Isto , mantendo-se o ritmo de produo atual de gs natural, as reservas
provadas nacionais atuais se esgotariam em aproximadamente 15 anos. A Figura 16
apresenta a evoluo das reservas brasileiras de gs natural e da relao
Reserva/Produo entre 2004 e 2014, que mostra uma tendncia de reduo do indicador
R/P, com algumas oscilaes, devido taxa de crescimento no consumo deste energtico
ser maior que a taxa de adio de novas reservas.
500 25
450
Reservas (bilhes de m3)
400 20
Figura 16 Evoluo das reservas provadas brasileiras de gs natural e da relao R/P, de 2004 a
2014.
Fonte: EPE a partir de ANP (2015b)
A maior parte do gs natural extrada dos reservatrios junto com o leo (67% da
produo nacional gs associado), ento o seu aproveitamento pode ser feito de trs
formas. O gs natural pode ser utilizado para gerao de energia na prpria plataforma,
reinjetado no reservatrio com o objetivo de aumentar a recuperao de petrleo ou
transferido para uma unidade de processamento de gs natural UPGN, onde ser tratado
e processado, produzindo-se gs natural especificado que ser enviado para os centros
consumidores. Nos campos de produo com gs associado ao petrleo, parte do gs no
reinjetado e que no tem mercado consumidor acaba sendo queimado (ANP, 2015a). Em
campos de gs no associado, toda a infraestrutura de produo se destina extrao
deste energtico, minimizando a queima e reduzindo as perdas. A queima de gs natural
vem apresentando tendncia de queda ao longo dos ltimos anos, como mostra a Tabela 1.
GS NATURAL 55
Tabela 1 Queima e perda mdia de gs natural no Brasil
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
35 Oferta de gs nacional
Absoro em UPGNs (GLP, C5+)
30 Consumo em transporte e armazenamento / Ajustes
Consumo nas unidades de E&P
25 Queima e perda
Reinjeo
bilhes de m3
20
15
10
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
liquefeito (GNL). O pas importa cerca de 50% do gs natural necessrio para atendimento
do mercado nacional (MME, 2015), conforme ilustrado na Figura 18.
40 60%
35
50%
30
40%
25
bilhes de m3
20 30%
15
20%
10
10%
5
0 0%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
2014, por exemplo, a maior parte do GNL importado pelo Brasil (56%) teve origem na
Nigria e Trinidad e Tobago (ANP, 2015a)8.
40
35
30
25
bilhes de m3
20
15
10
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
3 3
8 Em 2014, o Brasil importou 67,2 milhes de m da Argentina, e exportou 90,5 milhes de m
para aquele pas (ANP, 2015a).
58 ENERGIA TERMELTRICA
O gs natural, por sua vez, aumentou a sua participao na gerao eltrica a partir
do ano 2000. Desde 2012 corresponde segunda fonte na matriz eltrica brasileira,
conforme ilustrado na Figura 22. Desde 2013 responde por mais de 10% da gerao
eltrica do Pas. Em 2014, foram produzidos 81 TWh de eletricidade a gs natural, o que
representa um crescimento de vinte vezes em relao ao ano 2000 (EPE, 2015b). Vale
ressaltar que aquele foi um ano seco e se utilizou muito mais as termeltricas do que o
normal.
Gs natural
13%
Biomassa
7%
Derivados de
Petrleo
6%
Carvo e
Hidrulica derivados
65% 4%
Elica Nuclear
2% 2%
700
600
500
OUTRAS RENOVVEIS
NUCLEAR
400
TWh
OUTRAS NO RENOVVEIS
300 BIOMASSA
GS NATURAL
200
HIDRULICA
100
0
1970 1981 1992 2003 2014
Considerando-se:
3 3
12 30 milhes de m /d provenientes de importao da Bolvia (GASBOL), mais 41 milhes de m /d
referentes s capacidades dos terminais de regaseificao dos trs terminais de GNL instalados
atualmente no pas.
62 ENERGIA TERMELTRICA
Estima-se que o comrcio de GNL deva triplicar at 2040 (EXXON MOBIL, 2014).
Caso a taxa de crescimento da capacidade de liquefao se mantenha constante aps 2030,
a oferta mundial poder se aproximar de 3.500 milhes de m 3/dia em 2050. A Figura 24,
apresenta esta estimativa de crescimento at o ano de 2050.
3
15 Considerando os atuais 41 milhes de m /d (terminais da Baa de Guanabara/RJ, Baa de Todos
3
os Santos/BA e Pecm/CE), mais 47,5 milhes de m /d previstos para entrar em operao at
3
2020 (terminais de Rio Grande/RS, Suape/PE e Sergipe/SE) e os 50 milhes de m /d adicionais
que poderiam ser instalados at 2050.
68 ENERGIA TERMELTRICA
Adicionalmente, a ESGN pode ser utilizada para obteno de contratos mais atrativos
de compra e transporte de gs natural, permitindo maiores ganhos provenientes da
variao de preos deste energtico.
minas abandonadas.
de estocagem varia de 10% a 30% do consumo dirio nacional (EUA: 18%, Frana: 29%,
Alemanha: 24%) (CEDIGAZ, 2014).
a gs em ciclo simples tm uma eficincia relativamente baixa, entre 36% e 39%, devido
alta temperatura dos gases de exausto (LORA, 2004, ARRIETA et al., 2004). Contudo, uma
usina inicialmente construda para operar em ciclo simples, pode posteriormente fechar o
ciclo.
mdia na faixa de 55% a 58%, com perspectivas de atingir eficincias de at 63% (LORA,
2004, ISHIKAWA et al., 2008). Alm disso, os ciclos combinados a gs e vapor podem ser
utilizados para gerao de eletricidade em uma ampla faixa de potncia, desde alguns
quilowatts at gigawatts, com a possibilidade de diversas configuraes ofertadas por
diferentes fabricantes ao redor do mundo (ARRIETA et al., 2004; NASCIMENTO et al.,
2004a; TOLMASQUIM, 2005). As eficincias das turbinas a gs tendem a ser mais elevadas
para unidades de capacidades maiores. Aumentos de eficincia podero ser obtidos pelo
aumento da temperatura de admisso dos gases na turbina. Turbinas a gs operando com
temperatura na ordem de 1700C podero elevar a eficincia para uma faixa em torno de
63%, conforme exibido na Figura 31. Em contrapartida, maiores temperaturas de
operao levam ao aumento das emisses de xidos de nitrognio (NOx) e maior risco de
degradao dos componentes da turbina, para os quais devero ser desenvolvidos
aperfeioamentos nos sistemas de combusto, materiais resistentes a altas temperaturas
e corroso, entre outros (IEA, 2012a).
empregando motor de combusto interna numa central termeltrica a vapor, como ser
mostrado no item 4.2.4.
opera com gs, o motor trabalha de acordo com o ciclo Otto, em que o cilindro
alimentado por uma mistura pobre19 de ar-combustvel e a ignio iniciada a partir de
uma centelha. Por outro lado, quando opera em ciclo Diesel (ignio por compresso), a
operao realizada conforme os motores Diesel convencionais. As mquinas de duplo
combustvel so importantes onde o fornecimento de gs natural no confivel. Neste
caso, o leo Diesel o combustvel alternativo, ficando em reserva para ser utilizado em
situaes de emergncia (back-up) (TEIXEIRA e COBAS, 2004).
destas usinas operava bem abaixo da sua capacidade instalada, muitas vezes em regime de
stand by. As que continuam em atividade tm em mdia 40 anos de operao (ANEEL,
2016). No final da dcada de 1990, devido necessidade crescente de energia no pas,
principalmente nos horrios de pico, surgiram projetos de gerao utilizando turbinas a
gs movidas a gs natural. Devido s vantagens, como o baixo custo de investimento por
quilowatt instalado, o tempo de construo reduzido, o acionamento rpido e a
flexibilidade operacional no acompanhamento da carga, as centrais trmicas a gs
operando em ciclo simples eram ideais para trabalhar na ponta da gerao. Entretanto,
ofereciam desvantagens como o custo da energia gerada relativamente elevado, devido ao
combustvel muitas vezes importado e atrelado ao dlar, e eficincia mais baixa em
relao tecnologia de ciclo combinado. Sendo assim, no ano 2000, o governo brasileiro
escolheu as usinas termeltricas de ciclo combinado, principalmente as que utilizavam
como combustvel o gs natural, como principal tecnologia para gerao eltrica a ser
implantada no pas de forma emergencial. Assim, a termeletricidade passou a ter
importncia estratgica, ganhando participao mais significativa na matriz energtica
brasileira (TOLMASQUIM, 2005).
Assim, fato que corrobora a afirmativa anterior que o parque gerador brasileiro
conta apenas com equipamentos (principalmente turbinas a gs) importados de diversos
fabricantes internacionais, como: Alstom, GE, Pratt & Whitney, Rolls Royce, Siemens e
Wrtsil. Outros setores, como o de caldeiraria, engenharia e turbinas a vapor foram
analisados por PROMINP (2006). Nesses setores, a capacidade industrial brasileira
varivel. Enquanto os setores de caldeiraria passavam por uma fase de ressurgimento, o
de turbinas a vapor era considerado suficiente para o atendimento das demandas da
indstria nacional de petrleo e gs.
5.1 Introduo
As caractersticas tcnicas e a estimativa dos custos de novos projetos de gerao so
elementos necessrios para os estudos de expanso dos sistemas eltricos. Os custos de
construo, de operao e manuteno, juntamente aos fatores de desempenho de novas
usinas de gerao eltrica tm um papel importante na escolha das alternativas de
expanso de capacidade que podero atender demanda futura de eletricidade. Esses
parmetros tambm permitem avaliar a sensibilidade do sistema eltrico s restries de
controle ambiental de poluentes e s limitaes de emisses de gases do efeito estufa.
GS NATURAL 89
adicionais que devem ser balanceados com os ganhos sistmicos (IEA, 2012a, LIMA e
MENDES, 2004).
Tempo de partida
(a partir do estado 40 a 60 min < 20 min 1 a 6 horas 1 a 10 min 13 a 24 horas
20
quente )
Tempo de zero a
1 a 2 horas < 1 hora 2 a 6 horas < 10 min 15 a 24 horas
100% de carga
20 O estado trmico influencia no tempo necessrio para a partida da turbina. Quanto maior o
nmero de horas de parada da planta antes, maior ser o tempo necessrio para a nova partida
da unidade. O regime de partida pode ser desde o estado quente (paradas de 6 a 10 horas),
desde o estado no-resfriado ou morno (desde 6-10 horas e 60-90 horas) e desde o estado frio
(mais de 60-90 horas de parada) (LORA et al., 2004).
21 US$ 580 - 800/kW (LORA, 2004).
92 ENERGIA TERMELTRICA
Nos estudos de expanso de longo prazo, alm das caractersticas tcnicas devem ser
analisadas as questes ambientais, principalmente das emisses de poluentes e gases do
efeito estufa, bem como as condies de oferta do combustvel. A regulamentao do setor
eltrico brasileiro exige a garantia de suprimento de combustvel para as trmicas, caso
contrrio, as usinas perdem o lastro fsico que garante os contratos. Isso significa que
necessrio haver capacidade de oferta e/ou importao e infraestrutura de transporte de
gs natural para atender o consumo mximo das trmicas, mesmo que elas no sejam
despachadas.
estimado entre um ano e meio e trs anos, dependendo da tecnologia a ser utilizada e da
capacidade a ser instalada (IEA/NEA, 2015, IEA, 2010b, TOLMASQUIM, 2005, LORA et al.,
2004).
Legenda: TGCS: turbina a gs de ciclo simples; TGCC = turbina a gs de ciclo combinado; N/D:
no disponvel
a b c d e
Notas: US$2009. US$2012. US$2012 (convertido taxa de 0,6312012/US$2012). US$2013. Custo
total de operao.
TGCS 35 42 10 20 45 70
TGCC 52 60 20 60 30 45
A partir dos parmetros apresentados na Tabela 11, podem ser calculadas faixas de
variao do custo nivelado, considerando uma taxa de desconto de 8% a.a. Os resultados
dos custos nivelados para as TGCS e TGCC so apresentados na Tabela 12.
GS NATURAL 97
Tabela 11 Parmetros tcnico-econmicos de termeltricas a gs natural
TGCS TGCC
1
Custo especfico US$/kW 600 - 1000 900 - 1300
O&M fixo US$/kW.ano 13 18
O&M varivel US$/MWh 4 6
Custo de combustvel US$/MMBtu 10 10
Rendimento % 35 55
Fator de capacidade % 30 70
Vida til anos 30 30
Legenda: TGCS: turbina a gs de ciclo simples; TGCC = turbina a gs de ciclo combinado.
1
Notas: Refere-se ao custo especfico de uma UTE completa (incluindo equipamentos, obras
civis, conexo eltrica, montagem e comissionamento, dentre outros).
6 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS
Por fim, h que se considerar que no existe gerao de energia sem impactos
socioambientais. A escolha da melhor configurao da matriz de gerao de energia
eltrica passa por incluir a avaliao dos custos, benefcios e impactos socioambientais.
Adicionalmente, cada empreendimento submetido ao licenciamento ambiental, no qual
so avaliados se os impactos socioambientais gerados pela atividade esto em nveis
aceitveis e de acordo com legislao vigente.
6.2 Benefcios
As usinas termeltricas a gs natural so largamente empregadas e apresentam
caractersticas tcnicas desejveis, como flexibilidade operacional e independncia de
GS NATURAL 99
disponibilidade hdrica local. Portanto, caso a usina seja instalada em reas de baixa
disponibilidade hdrica, ser imperativo o uso de tecnologias de resfriamento de baixo
consumo de gua, sob pena de no se obter a outorga.
Assim como ocorre com os poluentes atmosfricos locais (NOx, SOx e MP), o gs
natural emite menores quantidades de CO2 quando comparado a outras opes fsseis
como o carvo e derivados de petrleo. Em ordem de grandeza, uma usina a gs natural
tpica apresenta fator de emisso de CO2 (tCO2/MWh) inferior a 50% quele apresentado
por uma usina a carvo mineral (IPCC, 2006).
Outro ponto a ser observado a gerao de efluentes lquidos, que no caso das
usinas a gs natural so representados pela gua de processo e pelo esgoto sanitrio. A
gua de processo, principal descarga, corresponde s purgas do sistema de resfriamento e
arrefecimento/purgas de caldeiras. O lanamento da gua de processo e esgoto sanitrio
sem o devido tratamento pode causar alterao da qualidade do solo e de cursos d'gua
com interferncia na biota aqutica. De forma a mitigar esses impactos, os efluentes
devem ser tratados e dispostos adequadamente, respeitando-se os limites impostos pelos
102 ENERGIA TERMELTRICA
Produo de efluentes Alterao da qualidade do solo e cursos d'gua; Realizar o tratamento adequado dos efluentes lquidos;
O
lquidos Interferncia na fauna e flora aqutica. Monitoramento dos efluentes lquidos e do corpo hdrico receptor.
ENERGIA TERMELTRICA
emisses atmosfricas e tambm pode ocorrer apreenso por parte da populao devido
ao risco de ocorrncia de vazamentos.
7 CONCLUSES
60
50
40
milhes m3/dia
30
20
10
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
42.636
40.000
30.000 27.365
MW
20.000 18.272
3.001
10.000
0
30% 70%
Fator de capacidade
70%, conclui-se que o potencial terico de gerao a partir desta fonte localiza-se numa
faixa aproximada entre 43.000 MW e 18.000 MW respectivamente.
estratgia de preos e quantidades de energia a serem ofertados nos leiles que considere
suas restries de custos de combustvel e operao flexvel. Sendo que, nessa contratao
por disponibilidade de energia, os riscos decorrentes da variao da produo em relao
garantia fsica da usina so alocados aos agentes de distribuio e repassados aos
consumidores regulados. Como o ONS realiza o despacho das usinas no SIN de forma
centralizada, a competitividade da gerao eltrica depende das condies de contratao
entre a oferta e a demanda e o grau de flexibilidade operacional necessria na operao.
8 REFERNCIAS
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Jeff Dahl.
50 8%
Gerao Bioeletricidade, TWh
Lenha
45
7%
40 Lixvia
6%
Participao da Bioeletricidade
35
20
3%
15
2%
10
1%
5
0 0%
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
Diversas outras biomassas, alm do bagao, da lixvia e da lenha, tambm podem ser
utilizadas para gerao eltrica. A Tabela 1 apresenta a classificao de empreendimentos
termeltricos biomassa no Banco de Informaes sobre Gerao (BIG) da Agncia
Nacional de Energia Eltrica (ANEEL).
A participao das palhas e pontas na gerao eltrica tende a ser ainda mais
significativa com o tempo. Uma vez que a queima da palha com vistas a facilitar a colheita
manual ocasiona poluio atmosfrica, este procedimento tem sido inibido por meio de
legislao e de acordos estabelecidos entre o poder pblico e a iniciativa privada, que
visam sua eliminao atravs da mecanizao da colheita. No Centro-Sul, como resultado
das diversas legislaes 4 estaduais especficas para este fim, acima de 90% da cana j
colhida de forma mecanizada.
3 Por razes agronmicas, um percentual de 60% a 50% da palha e ponta total produzida deve ser
deixada no campo, com funes de proteger o solo e adubao.
4 O Projeto de Lei Federal n1712/2007, ainda em tramitao, objetiva eliminar este
procedimento em todo territrio nacional.
Destaca-se o Governo do Estado de So Paulo que, em acordo com atores do setor, promulgou
em setembro de 2002 a Lei n 11.941,que estipulou um cronograma gradativo de extino da
queima da cana-de-acar, a partir da safra 2002, e determinou a sua erradicao para o ano de
2021 nas reas mecanizveis e 2031 para reas no mecanizveis. A Secretaria de Meio
124 ENERGIA TERMELTRICA
Com a colheita mecanizada, a palha tambm pode ser utilizada como combustvel
para cogerao. Aumentando a quantidade de biomassa de cana, haver um incremento na
gerao de excedentes de bioeletricidade, comercializao nos mercados regulado e livre
so uma realidade no cenrio nacional.
Com base na relevncia das fontes para a gerao eltrica atual e nas projees do
Plano Nacional de Energia 2050, este item foca no aproveitamento da biomassa da cana-
de-acar, da lenha de florestas energticas e nos resduos.
2 PANORAMA
3
Biomassa Slida
42
Resduos
Biogs
75
TWh Biocombustveis Lquidos
228
Oceania e frica
4,74
1%
sia
117
27% Europa
176
40%
Amricas
141
32%
180
Gerao eltrica biomassa, TWh
160
140
Brasil
120
Canad
100
Estados Unidos
80
Europa
60
Amricas
40 sia
20 Oceania e frica
0
2000 2005 2009 2010 2011 2012
Figura 4 Evoluo da gerao eltrica a biomassa de 2000 a 2012, para as regies do mundo, e
para os maiores geradores nas Amricas
Fonte: Elaborado a partir de WBA, 2015; WBA, 2014 apud IEA statistics.
180
ndia
Gerao eltrica biomassa, TWh
160
140 Japo
120 China
100 Europa
80 Amricas
60 sia
40 Oceania e frica
20
0
2000 2005 2009 2010 2011 2012
Figura 5 Evoluo da gerao eltrica a biomassa de 2000 a 2012, para as regies do mundo, e
para os maiores geradores na sia.
Fonte: Elaborado a partir de WBA, 2015; WBA, 2014 apud IEA statistics.
17.973
Bioenergia, TWh
Total Renovvel, TWh
13.229
11.046
4.807
2.261
1.299 1.569
442 740 764 768
Figura 6 Gerao eltrica de base renovvel total e a biomassa no mundo, em 2012 e nos
cenrios Novas Polticas, Polticas Atuais e Cenrio 450.
Fonte: Adaptado de IEA, 2014.
A Agncia Internacional de Energia (2014) traa trs cenrios para o futuro da oferta
de energia: 1) manuteno das polticas atuais, 2) introduo de polticas de incentivo de
fontes renovveis e mitigao de emisses, e 3) limitar a concentrao de gases de efeito
estufa na atmosfera em 450 ppm para evitar um aumento superior 2C na temperatura
global mdia. A gerao de bioeletricidade conforme estes cenrios mostrada na Figura
6.
3
0,2
Incremento na gerao eltrica, 1000
0,4
0,1 0,4
0,02 0,4
0,4 0,40
0,1
2 0,41 Outras*
0,32
0,27 Solar PV
TWh
1,0
0,5 0,8 1,0 Bioenergia
1
Elica
1,1 Hidrulica
0,9 0,9 0,8
0
2000-2012 2012-2020 2020-2030 2030-2040
Histrico Projeo
*A categoria "Outras" inclui energia geotrmica, solar concentrada e ocenica.
Figura 7 Incremento na gerao eltrica de base renovvel mundial por fonte, histrico e
cenrio de Novas Polticas.
Fonte: Adaptado de IEA, 2014.
5 Alemanha, Estados Unidos, Itlia, Espanha, China, Japo, Reino Unido, Frana, ndia, Blgica,
Grcia, Holanda, ustria, Portugal, Dinamarca.
BIOMASSA 129
Oriente Mdio 4
Japo 8
Rssia 10
frica 11
Brasil 12
sia e Oceania 13
Sudeste Asitico 14
Leste Europeu/Eursia 14 2014-2025
Amrica Latina 16
2026-2040
ndia 18
Estados Unidos 34
Unio Europeia 39
China 61
OECD 98
sia 105
No-OECD 151
Mundo 249
Giga-Watt
Figura 8 Capacidade adicional acumulada de gerao renovvel por regio e por fonte, no
cenrio Novas Polticas, GW
Fonte: Adaptado de IEA, 2014.
660
Histrico
Bilhes de US$ (2013)
Projetado
Acumulado a partir de 2014
290
220 220
150
Continua.
Tabela 2 (Continuao)
10 11 12
Fonte APE PIE REG Total
Biogs-AGR Unid. 2 2
kW 1.722 1.722
Capim Unid. 2 1 3
Elefante kW 64.000 1.700 65.700
Carvo Vegetal Unid. 1 3 3 7
kW 7.200 30.900 13.297 51.397
Casca de Arroz Unid. 1 3 8 12
kW 5.800 20.525 19.008 45.333
leos vegetais Unid. 2 2
kW 4.350 4.350
Total Geral Unid. 94 234 188 517
kW 3.047.848 10.337.289 552.512 13.938.849
* Um empreendimento termeltrico a bagao, com 1.200 kW, consta como no informada a
destinao de energia. Fonte: Elaborado a partir de ANEEL, 2016b.
12 500
11,0
Bagao e Lixvia, GW
Outras fontes, MW
10 383
Total Produo Independente de Energia 400
8
300
6 9,7
200
4
115
2 78 236
51 66 100
2 45
1,7 1,9 4,4 66 78
- 0,7 40 44 26 0
Figura 10 Capacidade instalada de gerao eltrica a biomassa em operao, por fonte, total e
por produtores independentes de energia eltrica, em janeiro de 2016
Fonte: Elaborado a partir de Aneel, 2016.
13 Uma breve descrio do atual modelo do setor eltrico, e dos modelos anteriores est
disponvel em http://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/onde-
atuamos/setor_eletrico
14 CCEAR Contratos de Comercializao de Energia Eltrica no Ambiente Regulado.
BIOMASSA 135
GW
0,33
Produo Independente de Energia
Autoproduo de Energia
0,22
0,18
0,08
0,05
0,02
15 CCEAR por Disponibilidade - Os custos decorrentes dos riscos de no gerao sero assumidos
pelos agentes compradores (distribuidoras), e eventuais exposies financeiras no Mercado de
Curto Prazo, positivas ou negativas, sero assumidas pelas distribuidoras, com repasse ao
consumidor final, conforme mecanismo definido pela Aneel.
16 CCEAR por Quantidade - Os riscos de no gerao so assumidos integralmente pelos geradores,
cabendo a eles todos os custos referentes ao fornecimento da energia contratada, devendo
existir mecanismos especficos para o rateio dos riscos financeiros decorrentes de diferenas de
preos entre submercados e eventualmente impostos aos agentes de distribuio que
celebrarem contratos nessa modalidade.
136 ENERGIA TERMELTRICA
contratada. Os leiles A-5 e A-3 so para novos empreendimentos (LEN), e o A-1 para
empreendimentos existentes. Os leiles de ajuste tm por objetivo complementar a carga
de energia necessria ao atendimento do mercado consumidor. A energia adquirida pelas
distribuidoras revendida para os consumidores finais.
17 No BIG, este empreendimento est cadastrado para consumo de lixvia como principal
combustvel. Entretanto, trata-se de uma instalao localizada em centro de pesquisa sobre
aproveitamento energticos de resduos slidos de modo geral.
BIOMASSA 137
0,8 0,05
Resduos Florestais e Bagao
Autoproduo de Energia
GW - Outras Fontes
0,7 Produo Independente de Energia
0,04
0,6
GW
0,5 0,03
0,4
0,3 0,02
0,2
0,01
0,1
* *
0,0 0
2500
Cavaco de Madeira - Quantidade
Cavaco de Madeira - Disponibilidade
Energia contratada - MW mdios
2000
Bagao de Cana - Quantidade
Bagao de Cana - Disponibilidade
1500 Total
1000
500
0
2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
A lixvia, que se destaca no parque gerador instalado, no tem participado dos leiles
de energia no ambiente regulado, comercializando seus excedentes apenas no mercado
livre.
45
40
Energia contratada - MW mdios
35
30
Casca de Arroz
25 Capim Elefante
20 Biogs
15
10
5
0
2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Figura 14 Bioeletricidade de biogs, capim elefante e casca de arroz contratada nos leiles do
mercado regulado, por quantidade e por disponibilidade, em leiles realizados at 2015
Fonte: Elaborado a partir de CCEE, 2015.
O Mercado de Curto Prazo pode ser definido como o segmento da CCEE onde so
contabilizadas as diferenas entre os montantes de energia eltrica contratados pelos
agentes e os montantes de gerao e de consumo efetivamente verificados e atribudos
aos respectivos agentes. As diferenas apuradas, positivas ou negativas, so contabilizadas
para posterior liquidao financeira no Mercado de Curto Prazo e valoradas ao Preo de
Liquidao das Diferenas (PLD). No Mercado de Curto Prazo no existem contratos,
ocorrendo a contratao multilateral, conforme as Regras de Comercializao (CCEE,
2016).
140 ENERGIA TERMELTRICA
2.500
2.000
MW mdios
1.500
1.000
500
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
ACR Extracertame
3 RECURSOS ENERGTICOS
Neste tem, so apresentados premissas e inventrios da disponibilidade potencial
de biomassa para gerao eltrica exportvel para o Sistema Interligado Nacional (SIN),
atravs de unidades de cogerao ou gerao eltrica, em gerao centralizada ou
distribuda.
Figura 16 Mapeamento de reas para expanso das atividades agrcola e florestal no Brasil
900
Florestas Plantadas
600
500 Agricultura2
400
Pecuria
300
200 Pantanal
100
Amaznia
0
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
* Inclui outras reas de preservao e reas dos demais biomas, reas urbanas, corpos dgua
etc.
Figura 17 Projeo dos usos do solo no Brasil at 2050
2015). A rea agrcola deve ter um crescimento de 79% chegando 137 milhes de
hectares, sendo a soja, o milho e a cana-de-acar as culturas que ocupam maiores
extenses de terra. A rea florestal tem o potencial de alcanar 15 milhes de hectares,
dos quais 3,8 milhes de hectares podem ser para florestas energticas.
250
Populao, milhes de habitantes
200
150
100
50
-
2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Figura 18 Projeo do crescimento das populaes, urbana e rural, e do PIB per capita do
Brasil, de 2015 a 2050
100% 70
60
50
60% 40
40% 30
20
20% 19,3
10
0% -
2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Figura 19 Evoluo da composio dos resduos slidos urbanos e do PIB per capita, at 2050
A partir da Figura 19, depreende -se que medida que a renda aumenta, a frao
orgnica dos resduos slidos urbanos diminui. A frao de reciclveis, papel, plsticos e
metais, usados em uma diversidade de produtos descartveis, aumenta.
0,60 0,50
Produo per capita de RSU,
0,50
0,37
0,40
t/hab/ano
0,30
0,20 0,22
0,18
0,10
-
2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Figura 20 Projeo da produo per capita de resduos slidos urbanos totais e da frao
orgnica, no Brasil, de 2015 a 2050
146 ENERGIA TERMELTRICA
Em relao coleta dos resduos slidos urbanos no Pas, dados do Sistema Nacional
de Informaes Sobre Saneamento (SNIS) relatam que em 2014, a cobertura foi de 98,6%,
no mesmo nvel que nos anos anteriores. Por outro lado, sua disposio final ainda
problemtica, havendo um volume significativo depositados em lixes e aterros
controlados. A participao de aterros sanitrios tem crescido nos ltimos anos, em parte
pela existncia da Lei 12.30519.
A quantidade de acar contido na cana feita atravs do ndice ATR acar total
recuperado, que consiste em uma unidade de medida muito utilizada no setor
sucroenergtico. Sua presena na cana vai influenciar na remunerao e na quantidade de
produtos (acar e etanol) que poder ser obtido.
20 No caso de cana-energia, esta operao no seria necessria, e a cana seria colhida com pontas
e folhas.
21 Parte restante da cana aps a colheita, de onde se origina a rebrota.
22 Via hidrlise termoqumica da biomassa.
148 ENERGIA TERMELTRICA
1.000
Produo de Etanol,
150 Bilho de litros
800
600 100
400
50
200
0 0
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
Cana para Acar Cana para Etanol Etanol Total
26 Para comparao, um volume de 1.000 litros de etanol hidratado tem um teor energtico de
0,51 tep.
27 O Poder Calorfico Inferior (PCI) do biometano foi assumido como igual ao do gs natural seco,
3 3
que de 8.800 kcal/Nm (0,88 tep/1.000Nm ).
28 O etanol pode ser utilizado para gerao termeltrica em conjuntos motogeradores e turbinas a
gs, como ser apresentado no tem 4. Entretanto, esta alternativa no considerada nesta
anlise, porque o uso veicular do etanol deve se manter economicamente mais atrativo do que
o uso para gerao eltrica.
BIOMASSA 151
Tabela 5 Parmetros de produo e teor energtico das biomassas da cana
Fator de Produo Contedo Energtico
Biomassa Slida
kg biomassa/t colmo tep/t biomassa
Bagao total 270
29
0,213
Bagao excedente 80
Ponta e Palhio (15% umidade) 155 0,362
3 3 3
Biomassa Dissolvida Nm biogs /m etanol tep biogs/ m etanol
Vinhaa (Biogs) 150 0,079
50
Energia Primria, Mtep
40
30
20
10
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
29 Considera-se que 30% do bagao total excedente em uma usina moderna. O bagao
excedente corresponde ao bagao que sobra aps atendida toda a necessidade energtica da
usina, portanto podendo ser comercializado ou utilizado para exportao de bioeletricidade.
Este valor pode chegar at a 50%.
152 ENERGIA TERMELTRICA
acares no colmo apresenta um mximo, e caso esta no seja realizada, a planta utilizar
esta reserva para voltar a crescer (produzir fibras), at o incio do prximo ciclo 30.
30 Esta no seria uma limitao para a cana-energia, pois o que se busca mesmo o teor de fibra.
Entretanto, as condies climticas poderiam impedir as operaes de colheita.
31 Emisses fugitivas so aquelas no pretendidas, so decorrentes de vazamentos, situaes
anormais etc.
32 Nesta anlise, a produtividade florestal tomada como o Incremento Mdio Anual (IMA) obtido
pela razo entre o volume comercial produzido em um hectare e a idade da plantao.
BIOMASSA 153
45
38,1
Produtividade, m3/ha-ano
40
35 31,3
30 27,5
25
25 22 20 18 22
18 18 18,8
20 15 13,7 16,2
15
10 5,5 3,5 6
5 2
0
Sucia Finlndia Estados frica do Chile Austrlia Indonsia Nova Brasil
Unidos Sul Zelndia
Eucalipto Pinus
250
35
30
Milho de metros cbicos
200
100 15
10
50
5
- -
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
a produo agrcola do pas em 2014, com 70%, 9,5% e 9%, respectivamente. A Figura 26
apresenta as curvas das projees das produes de soja e milho no horizonte do estudo.
600
Produo de gros, milho de
500
400
tonelada
300
200
100
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
33 i.n. in natura.
156 ENERGIA TERMELTRICA
400
350
milho de toneladas
300
Palha agrcola,
250
200
150
100
50
-
150
Potencial energtico da
palha, Mtep
100
50
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
200 3,5
Rebanhos bovino e suno,
160
140 2,5
120 2
100
80 1,5
60 1
40
0,5
20
- 0
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
Figura 28 Projeo dos rebanhos de bovinos de leite e corte, sunos e de aves no horizonte de
estudo
450
350
Esterco pecuria, Mt
250
150
50
-50
20
Potencial de Biometano,
15
Mtep
10
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
Devido ao elevado teor de umidade da frao orgnica dos RSU, em torno de 50% em
peso, o aproveitamento energtico deste resduo por incinerao pouco eficiente, sendo
sua biodigesto para produo de biogs mais indicada. Por esta razo, o contedo
energtico desta fonte de biomassa ser estimado em termos da quantidade de biometano
equivalente potencialmente recupervel por biodigesto.
BIOMASSA 159
Os efluentes sanitrios, embora contenham uma carga orgnica que pode ser
convertida em biogs, no sero comtemplados neste estudo, pois o nvel de diluio
elevado e o potencial energtico bastante limitado em comparao com os RSU 34.
35
30 1,5 (Mtep)
25
20 1
15
10 0,5
5
0 0
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
34 A gerao eltrica a partir de biogs de efluentes sanitrios pode ter como objetivo o suprir
parte da demanda de energia das Estaes de Tratamento de Esgoto (Auto-consumo).
160 ENERGIA TERMELTRICA
Transesterificao
Destilao
Fischer-Tropsch
Motor de Combusto
Motor de Combusto
Ciclo Combinado/
Ciclo Combinado/
Turbinas Gs/
Turbina Gs/
Purificao
Ciclo Vapor/
Vapor
Ciclo
Diesel Etanol,
H2 Comb. Butanol
Sintticos Biodiesel
Combustvel
Biometano
Clula
O ciclo Rankine com reaquecimento utiliza duas turbinas. Aps o vapor passar pela
primeira turbina de alta presso ele reaquecido, a uma presso menor que a anterior,
mas a uma temperatura idealmente igual da primeira alimentao. Em seguida o vapor
passa pela segunda turbina de baixa presso. Entre as vantagens deste arranjo est o
aumento da durabilidade do equipamento por evitar a condensao na fase de expanso
com consequente dano s aletas da turbina. Outra vantagem o aumento da eficincia do
ciclo.
35 A cogerao com biomassa tambm feita na indstria de papel e celulose (usando a lixvia e
resduos florestais), instalaes de beneficiamento de madeira (com lenha, cavacos e serragem),
etc., onde se demandam calor e eletricidade para os processos.
36 O condensador permite um maior salto entlpico, ou seja, maior a diferena entre a entalpia do
vapor que entra na turbina e do vapor que sai da turbina. Quanto maior esta diferena, maior a
converso da energia contida no vapor em eletricidade.
37 Perodo em que no h a colheita da cana e a usina no produz acar e etanol, aproveitando
este tempo para manuteno dos equipamentos.
BIOMASSA 163
Vapor Turbogerador
Gerador de
Biomassa Vapor
Vapor
Turboacionadores
Condensador
Dessuper-
Alvio Vapor saturado aquecedor
Condensado
gua
Processos
gua de reposio
Tabela 11 Parmetros para uma usina sucroalcooleira usando ciclo vapor com condensao e
extrao 82 bar de presso, na safra e na entressafra
Parmetro Safra Entressafra Unidades
Gerao eltrica 196 232 kWh/t cana
Energia Excedente 155 232 kWh/t cana
1,43 1,21 t bagao (50%)/MWh
Consumo de Combustvel
0,61 0,52 t palha (15%)/MWh
Eficincia da Gerao Eltrica 19 23 % com base no PCI
Fonte: Elaborado a partir de LARSON, WILLIAMS e LEAL, 2001.
BIOMASSA 165
Gaseificao da Biomassa
A gaseificao converte a biomassa (ou outros combustveis) em um gs que pode
ser queimado em turbinas gs ou motores de combusto. O processo de gaseificao
envolve duas etapas. Na primeira, ocorre a pirlise do material, formando lquidos e gases,
a partir da frao voltil, e carvo. Na segunda etapa ocorre a gaseificao, propriamente
dita, dos hidrocarbonetos lquidos e do carvo, a altas temperaturas e na presena de um
agente oxidante. Os produtos da gaseificao so uma mistura de gases (rica em CO,
contendo ainda H2, CO2, CH4, outros hidrocarbonetos e N 2 se o ar for utilizado) e carbono e
cinzas. Estas duas etapas ocorrem em zonas diferentes do gaseificador, no sendo
necessrios equipamentos distintos (IRENA, 2012).
Fonte de calor: Pode ser direto (dentro do reator via combusto) ou indireto
(fornecido de uma fonte externa ao reator).
Presso: Presso atmosfrica ou presses elevadas.
Gases de Exausto
Biomassa Gs combustvel Ar
Secador Gaseificador Limpeza dos
Gases
Ar
Caldeira de
Gases de Exausto
Recuperao
Vapor
Turboacionadores Turbogeradores
Turbinas Gs
Vapor saturado
Alvio Ar
Processo
Condensador
Ciclo Gs
Embora tradicionalmente motores do Ciclo Diesel venham sendo mais usados, por
razes de preocupao ambiental, especialmente relativos s emisses de NOx e material
particulado (PM, da sigla em ingls), seu uso tem sido gradativamente reduzido nos
Estados Unidos e em outros pases industrializados. Em consequncia, motores de Ciclo
38 O modelo LM6000 originalmente era dedicado ao uso do gs natural e foi convertido para usar
tambm etanol.
168 ENERGIA TERMELTRICA
Otto para gs natural, que tambm podem gerar a partir de biogs tm sido cada vez mais
usados. A eficincia eltrica varia de 29,7% at 37% para equipamentos de 100 kW at 5
MW de potncia, respectivamente. A eficincia global em cogerao, da forma inversa,
varia de 78% a 73% (USEPA, 2007).
A biodigesto pode ser dividida em quatro fases: hidrlise, que a primeira fase do
processo, onde a matria orgnica complexa (polmeros) quebrada em parte menores e
mais simples; acidognese, onde os produtos da hidrlise so convertidos em substratos
para metanognese; a acetognese, que tambm converte os produtos da acidognese que
no sofrem metanognese diretamente; e por ltimo, a metanognese que a produo de
metano dos substratos por bactrias anaerbias (AL SEADI et al 2008).
170 ENERGIA TERMELTRICA
Carboidratos Acares
cidos
Carboxlicos
lcois
Gorduras cidos cidos Metano
Graxos Acticos Dixido de
Hidrognio Hidrognio Carbono
Dixido de
Protenas Aminocidos Carbono
Amnia
Dentro do digestor, pela via mida, a carga diluda para atingir o teor de slidos
desejado e ali permanece durante o tempo de reteno designado. Para a diluio, uma
ampla variedade de fontes de gua pode ser utilizada, como gua limpa, gua de reuso
(esgoto tratado), ou lquido recirculante do efluente de digestor. Frequentemente
necessita-se de um trocador de calor a fim de manter a temperatura no vaso de digesto.
As impurezas do biogs so retiradas para que o produto esteja de acordo com a
necessidade da sua aplicao. No caso de tratamento residual, o efluente do digestor
desidratado e o lquido reciclado para ser usado na diluio da carga de alimentao. Os
bio-slidos so aerobiamente tratados para a obteno do produto composto,
BIOMASSA 171
39 http://12redmonkeys.blogspot.com.br/2014/07/bio-digesters-and-miracle-of-poop.html
BIOMASSA 173
40 http://bio-gas-plant.blogspot.com.br/2011/06/vaitheesh-warans-biogas-plant-photos.html
BIOMASSA 175
41 www.revistaconexaorural.com.br/2015-04-sansuy-participa-da-agrishow-destacando-
biodigestor-19171
176 ENERGIA TERMELTRICA
Cogerao
Gerao Eltrica
Ciclo Vapor com Condensao Biomassa excedente da cana
Bagao excedente (30%) 20
Ponta e Palha
Armazenamento Transformao
de-acar quando deixadas no campo aps a colheita dos colmos, as palhas agrcolas e os
resduos de florestas no dedicadas gerao de energia (papel e celulose, carvo vegetal
e madeira para outros fins). O aproveitamento deste tipo de biomassa requer coleta e
transporte at o centro de transformao, o que pode no se viabilizar economicamente,
devido baixa densidade energtica do material e, se for o caso, grande distncia de
transporte.
deste tipo de cadeia energtica. Outro exemplo pode ser a peletizao ou fabricao de
briquetes de forma distribuda, para aumentar a densidade energtica da biomassa,
viabilizando assim o transporte para gerao termeltrica em outro local.
6 CARACTERIZAO TCNICO-ECONMICA
Este tem apresenta valores tpicos nacionais e internacionais de parmetros
tcnicos e econmicos utilizados no planejamento da oferta de bioeletricidade. O foco
dado na ltima etapa das cadeias da bioeletricidade, onde o biocombustvel convertido
em eletricidade atravs das tecnologias descritas no tem 4. Os custos decorrentes das
etapas anteriores, quando relevante, so tratados como custos de combustvel. Ao final,
so apresentados os custos nivelados da bioeletricidade gerada a partir das fontes
consideradas.
Ponta e Palha
Tradicionalmente, a ponta e a palha eram queimadas para facilitar a colheita, que era
feita manualmente. Com as restries s queimadas do canaviais no Estado de So Paulo, a
partir da Lei Estadual 11.241 de 2002, esta biomassa passou a ser deixada como cobertura
do campo. Para seu aproveitamento, necessrios a coleta e o transporte at a usina,
incorrendo em custos para oferta deste combustvel na usina. Existem vrios sistemas
disponveis para a coleta da ponta e palha, inclusive a colheita integral da cana-de-acar.
50
45
40 Briquetagem
Custo do Palhio, US$2015/t
35
Peletizao
30
25 Fardo Algodoeiro
20
Picado a granel
15
10
Fardo Cilndrico
5
0 Colheita Integral
15 50 100
Distncia no transporte
Neste item, ser adotado como custo combustvel da palha o valor de U$(2015)19/t.
Este valor semelhante ao custo do sistema de fardo algodoeiro com 50 km de distncia
de transporte. Considerando-se a eficincia da tecnologia com ciclo vapor, o custo da
ponta e palha na bioeletricidade seria de U$(2015) 22/MWh.
Biogs de Vinhaa
A vinhaa, sendo resduo da destilaria, da mesma forma que o bagao, no tem custo
combustvel associado sua disponibilidade. Entretanto, para se produzir o biogs
necessria a construo de biodigestores, e para sua utilizao como combustvel
complementar na caldeira necessrio investimento para adaptao desta, sendo
considerado neste estudo o custo de retrofit adotado para o bagao e ponta e palha.
16
14
Valor Lenha, U$(2015-Dez)/m3
12
10
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Figura 44 Valor de mercado mdio da lenha, no Brasil, de 2000 a 2014, em dlares americanos
atualizados para dezembro de 2015
Fonte: Elaborado a partir de IBGE, 2016b.
49 O valor em EPE, 2014b de US$ 1.186/kW para o ano de 2011. Aqui, foi atualizado pelo IPCA de
dezembro de 2015, sobre o valor de dezembro de 2011.
BIOMASSA 185
Resduos Agrcolas
A situao dos resduos agrcolas a semelhante a da ponta e palha da cana-de-
acar. So necessrios sua coleta e transporte at uma unidade termeltrica, incorrendo
em custo de combustvel.
Por se tratar de uma fonte energtica praticamente inexplorada no pas, neste estudo
sero adotados os custos, bastante conservadores, relacionados na NT Economicidade e
Competitividade do Aproveitamento Energtico de Resduos Rurais, publicada pela EPE
em 2014. Sendo assim, ser adotado o custo de US 37,5/t bbs, igual ao modelado para um
transporte de 100 km (DE OLIVEIRA, 2011). Considerando-se a tecnologia de gerao
eltrica com ciclo vapor, o custo combustvel dos resduos agrcolas no custo da
bioeletricidade varia entre cerca de US$ 39/MWh e US$ 45/MWh, em funo da origem da
palha, soja ou milho, respectivamente. Estes valores sero adotados como as margens
inferior e superior.
No que se refere ao custo de oportunidade dos resduos agrcolas, outros usos, como
biofertilizantes e camada de ao protetora do solo, poderiam ser citados como custos
positivos. Porm, com vistas a minimizar este impacto nos sistemas produtivos e para
186 ENERGIA TERMELTRICA
evitar este custo positivo, considerou-se nos modelos a coleta de apenas uma parcela do
resduo.
Bagao 0 0 11 63
7* 44** 3* 19**
Ponta e Palha 22 22 33 85
Biogs de Vinhaa 16* 53** 7* 22** 0 0 23 75
Flor. Energticas 25 26 11 13 51 49 89
Res. Agrcolas 34 15 39 45 88 94
Res. Pecuria Bovina -50 -25 25 50
Res. Suinocultura -25 -13 50 63
53 53 22 22
Res. Avicultura -14 -7 61 68
RSU (Biodigestor) -34 0 41 75
* Cana retrofit (margem inferior). ** Cana retrofit (margem superior) ou Cana greenfield.
94
89
85
Custo nivelado, US$/MWh
75 88 75
68
63 63
49 50 50 61
41
33
23 25
11
7 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS
O termo biomassa aqui empregado abrange vrias matrias primas, a saber: bagao,
palha e ponta da cana de acar, lenha, carvo vegetal, resduos urbanos, biogs, lixvia,
leos vegetais, resduos vegetais (casca de arroz, por exemplo) e outras culturas plantadas
(capim elefante, por exemplo).
Porm, o que se percebe atualmente que boa parte dos resduos agropecurios e
urbanos no so aproveitados, o que significa um desperdcio considervel em termos
energticos.
Tendo em mente a diversidade de matrias primas e as vrias vias para obteno das
mesmas feita tambm uma breve discusso sobre os impactos socioambientais
associados s cadeias de produo das vrias formas de biomassa.
7.2 Benefcios
O uso da biomassa para gerao de energia eltrica apresenta vantagens para o
sistema eltrico, tanto em termos tcnico-operacionais quanto em termos
socioambientais.
A medida de mitigao mais importante no que diz respeito ao tema uso e ocupao
do solo uma boa avaliao de alternativas locacionais. Devem ser consideradas variveis
como a existncia de vegetao nativa, ecossistemas sensveis, disponibilidade hdrica,
proximidade com a rea fonte de matria prima, entre outros. Caso haja supresso de
vegetao nativa, podem ser adotadas medidas compensatrias como a recomposio de
reas com espcies nativas. Outras medidas que visam minimizar a perda de habitat e a
interferncia na fauna so o resgate de fauna e o monitoramento dos ecossistemas. Vale
mencionar tambm o impacto sobre a paisagem, dependendo do local onde a usina for
implantada. Solues paisagsticas como a implantao de cintures verdes podem
minimizar esse impacto.
Outro tema importante o transporte da biomassa, que pode gerar impacto sobre a
infraestrutura viria devido ao trfego de veculos pesados tanto na fase de construo
quanto de operao. A circulao de veculos pesados ainda gera a emisso de poluentes
atmosfricos e rudos e aumenta o risco de acidentes com a populao e com a fauna. A
poluio do ar e a sonora tambm provocam afugentamento da fauna local. As medidas de
mitigao so um bom planejamento logstico, evitar os horrios de maior trfego,
manuteno adequada do maquinrio e a manuteno das vias utilizadas para transporte
da biomassa. Adicionalmente podem ser implantados planos de preveno de acidentes
que contemplem, por exemplo, a implantao de lombadas, radares e placas de
sinalizao.
consumo de gua, reduo de desperdcios e reuso de gua. Cabe destacar, entretanto, que
o uso da gua sujeito outorga, que tem como objetivo garantir os direitos de acesso aos
recursos hdricos pela populao e os diversos usos. Desta forma, caso a usina seja
instalada em reas de baixa disponibilidade hdrica, ser imperativo o uso de tecnologias
de resfriamento de baixo consumo de gua, sob pena de no se obter a outorga.
Outro ponto a ser observado a gerao de efluentes lquidos, que no caso das
usinas a biomassa so representados pela gua de processo e pelo esgoto sanitrio. A gua
de processo, principal descarga, corresponde s purgas do sistema de resfriamento e
arrefecimento/purgas de caldeiras. O lanamento da gua de processo e esgoto sanitrio
sem o devido tratamento pode alterar a qualidade do solo e da gua e, consequentemente,
interferir na biota como um todo, especialmente na aqutica. De forma a mitigar esses
impactos, os efluentes devem ser tratados e dispostos adequadamente, respeitando-se os
limites impostos pelos padres de lanamento previstos na legislao ambiental. Alm
disso, devem-se monitorar os efluentes lanados e a qualidade da gua do corpo hdrico
receptor. No caso de usinas de acar e lcool e de papel e celulose, essas indstrias geram
outros efluentes lquidos que tambm devero ser tratados. Essas indstrias tendem a
investir em um sistema nico de tratamento de efluentes para toda a planta industrial.
Com relao emisso de gases de efeito estufa, a biomassa considerada uma fonte
benfica que contribui para a mitigao das mudanas climticas, pois considera-se que,
no caso de biomassas plantadas, como a cana-de-acar e a madeira, o CO2 emitido na
combusto o mesmo que foi absorvido da atmosfera no processo de fotossntese
realizado pela planta. Portanto, assume-se um balano nulo de emisses de CO2. No caso
da combusto do biogs de aterro considera-se que o benefcio ainda maior, pois o
carbono emitido na combusto do biogs seria emitido na forma de metano (CH4) caso
no fosse captado e esse gs possui um potencial de aquecimento global (Global Warming
Potential GWP) de 28 vezes o do CO2 (IPCC, 2013).
BIOMASSA 195
Por outro lado, o contingente de trabalhadores atrados pela obra pode acarretar
sobrecarga dos equipamentos e servios pblicos e alterao da organizao social,
econmica, cultural e poltica da regio. Como medida mitigadora, preciso
redimensionar os equipamentos e servios sociais da regio, buscando melhorias na
infraestrutura e garantir o atendimento da populao residente, alm de aes para
fortalecimento da gesto pblica.
Cabe ressaltar que os impactos associados cadeia da biomassa residual devem ser
contabilizados nas atividades produtivas que geram os resduos (agricultura, pecuria,
florestas no energticas, industrial e urbana) e no tm fins de gerao de energia
eltrica. Portanto, assume-se que a produo do resduo est vinculada atividade
produtiva e que os principais impactos no aproveitamento energtico dos resduos tm
natureza positiva considerando a grande problemtica da disposio inadequada de tais
rejeitos.
pode ser uma soluo rentvel para o tratamento de resduos da pecuria intensiva,
especialmente na suinocultura e avicultura onde j existem projetos bem sucedidos no
Brasil. Tambm pode ser uma soluo interessante para o tratamento da vinhaa, o
principal efluente da indstria sucroalcooleira e que hoje utilizado na ferti-irrigao,
procedimento no qual a vinhaa lanada diretamente no solo na rea dos canaviais. O
tratamento via biodigesto da vinhaa alm de gerar o biogs, gera tambm o digestato,
uma espcie de lodo, que pode ser aproveitado como fertilizante e, pela sua consistncia
mais slida, facilmente transportado.
8 CONSIDERAES FINAIS
400
Potencial de bioeletricidade, TWh
350
300
250
200
150
100
50
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
200
180
Potencial de bioeletricidade, TWh
160
140
120
100
80
60
40
20
0
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
140
Potencial de bioeletricidade, TWh
120
100
80
60
40
20
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
Figura 49 Oferta potencial de bioeletricidade de florestas energticas, com ciclo vapor e BIG-
GTCC, at 2050
350
300
Bioeletricidade Potencial, TWh
250
200
150
100
50
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
18
16
Bioeletricidade Potencial, TWh
14
12
10
8
6
4
2
0
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
70
60
Bioeletricidade Potencial, TWh
50
40
30
20
10
-
2014 2018 2022 2026 2030 2034 2038 2042 2046 2050
8.2 Desafios
55 Estima-se que haja, no Pas, cerca de 50 milhes de hectares de pastos com algum grau de
degradao, especialmente em reas de Cerrado.
56 As ICGs foram dimensionadas para tornar menos custoso o processo de escoamento de energia
para dois ou mais geradores, pois os investimentos no sistema de conexo so realizados pelos
transmissores. No caso da biomassa, a procura por este tipo de facilidade foi aqum das linhas
de transmisso j construdas nos estados de MS e GO.
BIOMASSA 211
230 kV) esto sujeitos ao pagamento da TUSD - Tarifa de Uso do Sistema Eltrico de
Distribuio. A Resoluo Normativa ANEEL 77, 18 de Agosto de 2004 prev 50% de
desconto na TUSD para usinas elicas, de biomassa ou cogerao com potncia menor ou
igual a 30 MW. Em dezembro de 2015 foi promulgada a Lei 13.203, que expande este
limite de desconto para empreendimentos com base em fontes solar, elica, biomassa ou
cogerao qualificada, cuja potncia injetada nos sistemas de transmisso ou distribuio
seja maior que 30 MW (trinta MegaWatts) ou menor ou igual a 300 MW (trezentos
MegaWatts). Este era um pleito antigo do setor, pois vrias usinas estavam expandindo
sua capacidade instalada para gerao de energia e os descontos nas tarifas de
transmisso no incentivavam este movimento.
A bioeletricidade ainda conta como obstculo ao seu amplo uso a baixa eficincia de
algumas usinas, que possuem caldeiras com baixa presso de operao. Mesmo que a
moagem seja em quantidade adequada para exportao, o perfil tecnolgico no
suficiente para tal. Alm disso, seria oportuno ampliar a sua rea de atuao para outras
regies produtoras, como as unidades do nordeste, por exemplo. Ademais, o consrcio
com outras culturas poderia alavancar seu potencial e tornar esta atividade ainda mais
atrativa.
Dada a sua contribuio inegvel matriz energtica nacional, este segmento vem
chamando a ateno dos principais atores do setor, nas esferas governamentais e
privadas. A base desta indstria nacional e seu crescimento impulsiona a gerao de
empregos e impostos. Assim, esforos vm sendo feitos dentro dos pilares do novo marco
do setor eltrico, almejando a maior segurana energtica, a modicidade tarifria e a
universalizao da energia, para aumentar a participao desta fonte.
A lenha para fins energticos tem sido principalmente consumida para gerao de
calor. A utilizao para fins exclusivos de gerao eltrica tem ganho espao nos ltimos
anos, e h perspectivas de um grande crescimento no mdio prazo. A EMBRAPA
FLORESTAS (2016) relaciona alguns desafios para que tais perspectivas se tornem
realidade, tendo como base o desenvolvimento sustentvel da cadeia produtiva: a)
desenvolver germoplasma adaptado s diferentes realidades do territrio nacional; b)
212 ENERGIA TERMELTRICA
57 Estas plantas tambm podem incluir tratamento com aditivos e uma srie de outros
beneficiamentos, novamente como consequncia das biomassas e tecnologias de converso.
BIOMASSA 213
9 REFERNCIAS
ABRAF Associao Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Anurio Estatstico
Ano-Base 2012. Braslia. 2013.
AL SEADI, T.; RUTZ, D.; PRASSL, H.; KTTNER, M.; FINSTERWALDER, T.; VOLK, S.;
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02/02/2012. 2010.
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BIOMASSA 215
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Brasil (STAB). 13 SBA (Ribeiro Preto/SP). 24 e 25 de outubro de 2012.
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for Utility Scale Electricity Generating Plants. Abril de 2013.
USEPA [United States Environmental Protection Agency]. Combined Heat and Power
Partnership. Biomass Combined Heat and Power Catalog of Technologies. Setembro
de 2007.
A designao carvo mineral aqui tratada ser utilizada para tipificar as quatro
etapas da formao evolutiva do carvo: turfa, linhito, hulha, antracito, sendo a turfa o
menos carbonificado e o antracito o mais carbonificado.
Tais rochas fazem parte dos combustveis minerais (carves, folhelhos betuminosos
e os petrleos ou betumes). A turfa, de baixo contedo carbonfero, constitui um dos
primeiros estgios do carvo, com teor de carbono na ordem de 55% a 60%; o linhito
apresenta um teor que varia de 61% a 78%; o carvo betuminoso (hulha), mais utilizado
como combustvel, contm cerca de 79% a 90% de carbono, e o mais puro dos carves, o
antracito, apresenta um contedo carbonfero superior a 90% (ANEEL, 2009).
O cenrio de Novas Polticas1 da World Energy Outlook (IEA, 2014) aponta que o uso
para gerao eltrica do carvo crescer 0,5% ao ano entre 2012 a 2040 indicando que a
1 Cenrio utilizado pela International Energy Agency - IEA onde os pases buscam cumprir seus
compromissos ambientais e energticos assumidos, com a maior utilizao de energias
220 ENERGIA TERMELTRICA
O documento aponta, ainda, que a China ultrapassou a Unio Europeia como maior
importador lquido de carvo no mundo, desde 2012, e se manter lder na prxima
dcada. Alm disto, aponta que a ndia exercer grande importncia aps este perodo e
ter condies de se igualar, ou at mesmo ultrapassar a China como maior importadora
de carvo mineral em termos globais.
93% 95%
81% 83%
69% 71%
61%
48%
44%
38% 39%
21%
Estimativas da IEA (2014) apontam que o ainda modesto, mas constante aumento da
participao da energia nuclear e do gs natural e a introduo de fontes renovveis
(como parte da iniciativa do governo para reduzir a intensidade de carbono do setor
eltrico) contribuiro para o aumento da participao no longo prazo dos no fsseis dos
28% atuais para 60% em 2050.
CARVO 223
1400
1000
800
600
400 783
538
200
286
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
No incio de 2000 as usinas de carvo na China eram compostas em sua grande parte
por pequenas plantas, antigas e ineficientes, a partir de 2004 a China implementou
polticas (Planos Quinquenais) que melhoraram a performance da sua frota, introduzindo
plantas mais modernas de alta eficincia e descomissionando 77GW de usinas pequenas
(de at 100 MW) e ineficientes com incorporaes de usinas superiores a 600 MW com
ciclos super crticos e ultra supercrticos.
Total 178
Fonte: ANEEL (BIG, 2016)
o conjunto III, tambm em ciclo aberto, conta com duas turbinas de 131 MW, cujo
entrada em operao deu-se em 1979 e 1980;
226 ENERGIA TERMELTRICA
o conjunto IV, em ciclo fechado, iniciou sua operao em 1997. Possui uma nica
turbina de 363 MW;
4.000
3.389
3.500 3.210
3.000
2.500 2.304
1.944 1.944
2.000
1.473 1.530
1.415 1.415 1.415
1.500
1.000
500
-
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
A usina de Figueira opera desde 1963, inicialmente com dois grupos geradores, dos
quais o segundo foi desativado em 1986; a partir de 1974, um terceiro grupo foi posto em
operao. A termeltrica opera atualmente 2 unidades geradoras. A usina termeltrica de
Figueira tem capacidade instalada de 20 MW e est autorizada pela Aneel a ampliar a
capacidade de gerao para 160 MW.
A Usina Candiota III integra o complexo de Candiota j em operao. A planta III, com
potncia de 350 MW, utiliza um processo de queima mais eficiente do carvo, ou seja, para
a produo de 1 MWh, so queimados cerca de 900 kg de carvo. As duas plantas mais
CARVO 227
antigas precisam de 1,15 mil kg para gerar a mesma energia. O suprimento combustvel
o carvo mineral PCI 3.080 a 3.500 kcal/kg com teor de cinzas (base seca) de 49,0% a
54,0%, de origem da mina de Candiota, fornecido pela Companhia Riograndense de
Minerao (CRM), atravs de correia transportadora.
A Usina Porto do Itaqui, cuja implantao foi iniciada em 2008, constituda de uma
unidade geradora em ciclo trmico simples a carvo mineral importado, com potncia de
360 MW e entrou em operao em 2013. A planta possui tecnologias de controle
ambiental, que promovem a queima limpa do carvo, reduzindo significativamente as
emisses de material particulado, enxofre e xido de nitrognio na atmosfera. O
fornecimento de carvo para esta usina se d atravs do porto de Itaqui (So Luiz,
Maranho), o qual possui capacidade para receber embarcaes do tipo Panamax, que
transportam grandes tonelagens de carga 3.
A planta trmica Sul Catarinense, tambm chamada de Usitesc, com potncia de 440
MW, localizada no municpio de Treviso, Santa Catarina, j dispe de licena prvia.
Dever utilizar como combustvel o carvo bruto com consumo previsto de 1.085
kg/MWh. O projeto USITESC prev, alm da instalao de uma usina trmica, a integrao
de mineradoras, indstrias que utilizam cinzas de termeltricas e indstrias que
produzem fertilizantes. Boa parte do sulfato de amnia usado no Brasil importado e a
produo estimada da USITESC, de 307.000 t/ano, contribuir para reduzir as
importaes do pas.
Carvo
metalrgico
(Coking coal);
322Mt
Carvo vapor
(steam coal);
1.054Mt
O carvo vapor conforme mostra a Figura 10 foi o responsvel por 77% da produo
total de carvo em 2014, o carvo metalrgico participa com 13% e o linhito com 10%.
Linhito;
810Mt
Carvo metalrgico
(Coking coal);
1.065Mt
Carvo vapor
(steam coal);
6.147Mt
Como mostra a Figura 11, a produo de carvo vapor nos Estados Unidos, segundo
maior produtor mundial e principal produtor da OCDE, estabeleceu desde 2014 um plano
para energias limpas onde para cada nova planta de carvo seria necessrio o emprego de
tecnologia para captura e armazenamento de carbono de acordo com a orientao de uma
meta de reduo de emisses de 30% at 2030 em comparao aos nveis de 2005. Ainda
que pese as novas polticas de uso do carvo limpo nos EUA, a produo de carvo vapor
vem apresentando reduo, em 2012 a reduo foi de 8% com relao ao ano anterior,
isto se deve a grande penetrao do gs natural em funo dos preos e disponibilidade
(oferta abundante de gs no convencional) como tambm por questes de
descarbonizao da economia norte-americana com fechamento de plantas de carvo
mais poluentes sem contrapartida de novos empreendimentos.
3.500
3.180
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000 769
570
468
500 246 251
190
35 36 61 78 84 94
0
450 408
400
350
300
250
195
200
150 132
100 76 79
27 31 32 33
50 7 9 10 16
0
As importaes de carvo vapor dos pases OECD sia e Oceania atingiram 245,2
milhes de toneladas em 2014 ou 72% do total comercializado no mundo neste ano. Face
234 ENERGIA TERMELTRICA
250 229
200 189
97
100
60
45 47
50 34
14 15 15 18 21 23 24 24
600 564,2
500
400
300 245,2
222,2
200
100
27,2 36,4
14,7 15,4
0
OECD OECD Europa OECD Asia e No OECD - No OECD - No OECD - No OECD -
Amricas Oceania frica + Outros Outros Outros sia e
Oriente Amricas Europa e Oceania
Mdio Eursia
Continua.
CARVO 237
Tabela 4 Reservas provadas de carvo mineral - 2014 [Mt] Continuao
Antracito e Sub-betuminoso
Pases Total Participao R/P
Betuminoso e linhito
frica do Sul 30.156 - 30.156 3,4% 116
Zimbbue 502 - 502 0,1% 120
Outro - frica 942 214 1.156 0,1% 379
Oriente Mdio 1.122 - 1.122 0,1% *
Total Oriente Mdio e frica 32.722 214 32.936 3,7% 122
Os Recursos Minerais podem ser estimados principalmente por gelogos, com base
nas informaes geolgicas, com alguma participao de outras disciplinas. Para as
estimativas de Reservas de Minrio, as quais constituem uma parcela dos Recursos
Minerais Indicados e Medidos (mostrados na parte interna do polgono tracejado da
Figura 16), necessrio que sejam considerados os diversos fatores que afetam a
minerao, a saber, lavra, metalurgia, impostos, comercializao, direitos minerais,
assuntos legais, meio ambiente, fatores sociais e governamentais, na maioria dos casos
devendo ser efetuadas com participao de disciplinas diferentes. Em algumas situaes,
Recursos Minerais Medidos podem ser convertidos em Reservas de Minrio
ProvveisD30, devido s incertezas associadas aos fatores modificantes levados em
considerao na converso de Recursos Minerais para Reservas de Minrio. (JORC,1999)
que o combustvel desta jazida possa apresentar rendimento de 60%. Contudo, so jazidas
profundas com coberturas mnimas de 500 metros, chegando at 800 m, a serem
mineradas predominantemente em subsolo o que exige vultosos investimentos numa
regio desprovida de infra-estrutura mineira. Em linhas gerais seriam necessrios
investimentos em duas ferrovias, cobrindo uma distncia de aproximadamente 500 km
(EPE, 2006).
No mesmo estado, na parte central, existem jazidas cujo carvo admite algum
beneficiamento e transporte de curta distncia, entretanto, como esto localizadas em
reas de solo irregular, seu aproveitamento em larga escala dificultado. So dez jazidas
no total, dentre elas destacam-se Charqueadas, Leo, Iru e Capan.
Finalmente, ainda no estado do Rio Grande do Sul, h as Jazidas Leo I e Leo II. A
primeira situa-se no municpio de Minas do Leo, na proximidade de Porto Alegre
Atualmente, a mina produz a partir da rea da Boa Vista, mina a cu aberto que emprega
CARVO 243
Em Santa Catarina, encontra-se a jazida Sul Catarinense, onde ocorrem dez camadas
de carvo, sendo Barro Branco e Bonito as mais importantes, em termos econmicos. De
acordo com Gomes et al (2003), estes depsitos so os mais intensamente explorados nas
ltimas dcadas no Brasil, devido s propriedades coqueificveis do mineral e do consumo
nas plantas termeltricas do complexo Jorge Lacerda, em Tubaro (SC).
As minas de Barro Branco e Bonito ofertam um carvo de poder calorfico que pode
ser classificado como de baixo a mdio, admitindo algum beneficiamento e transporte a
curta distncia. As partes a cu aberto e de subsolo rasas j foram quase todas mineradas,
de modo que h uma crescente dificuldade dessa jazida em manter um ritmo intenso de
lavra, com minas profundas e estruturalmente difceis. A Tabela 7 apresenta as
caractersticas do carvo das referidas minas.
Figura 19 Consumo brasileiro e origem do carvo mineral utilizado para fins energticos e
siderrgicos.
Fonte: CGEE e EPE (Balano Energtico Nacional ,2015).
No Rio Grande do Sul a produo de carvo ROM em 2014 cresceu 71% comparados
produo de 2004. Em relao ao ano anterior expanso foi de 4%, participando com
47% da produo total. O carvo do estado tem aplicao principal para a indstria
termeltrica, como vem sendo aproveitado na regio de Candiota.
Devido a este fato a perspectiva para o setor depender da entrada em operao de novas
usinas hidreltricas e das condies climticas. A Figura 20 mostra a produo de carvo
ROM por estado produtor.
10.000.000
Paran S. Catarina R.G. do Sul
9.000.000
8.000.000
7.000.000
6.000.000
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
1996
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Figura 20 Produo de ROM por Estado Produtor (toneladas)
Fonte: ABCM, 2015
A produo e o consumo de carvo mineral vapor vem crescendo nos ltimos anos,
devido valorizao do insumo para alavancar diversos seguimentos produtivos da
economia nacional, principalmente a gerao eltrica. O consumo por carvo mineral
nacional conforme o DNPM (2014) se distribui pelos seguintes setores: eltrico (81,1%),
papel e celulose (4,9%), petroqumicos (3,3%), alimentos (2,9%), cermico (2,6%),
metalurgia e cimento (1,3%) e outros (2,7%). O consumo de carvo vapor para uso
trmico apresentado na Figura 21.
10.000.000
8.000.000
6.000.000
4.000.000
2.000.000
0
1991
1994
1997
2000
2003
2006
2009
2012
1990
1992
1993
1995
1996
1998
1999
2001
2002
2004
2005
2007
2008
2010
2011
2013
2014
Figura 21 Consumo de carvo vapor Vendas (toneladas)
Fonte: ABCM, 2015
9.000.000
CE2900
8.000.000
CE5500
7.000.000 CE FINO
6.000.000 CE-6000/6500/6800
5.000.000 CE-5700/5900
CE-4200
4.000.000
CE-4700
3.000.000
CE-3700
2.000.000 CE-3100
1.000.000 CE- 5200/5400/5000
0 CE-3300
CE-4500
internacionalmente. O valor trmico do linhito bem menor e, por isso, mais utilizado
para gerao termeltrica local. As caractersticas bsicas de carves tpicos desses pases
so apresentadas na Tabela 10.
Outra diferena que torna o carvo americano mais competitivo ao carvo brasileiro
o menor manuseio de produtos e rejeitos. Como a minerao do carvo americano
realizado principalmente pelo mtodo de cmara e pilares com minerador de desmonte de
camadas no necessrio processos que reforcem o teto e, por conseguinte menos
produtos que contaminem o ROM reduzindo rejeitos na etapa de beneficiamento. A
combinao de uma maior escala de produo de carvo lavado e a ocorrncia de uma
parcela de carvo metalrgico ao carvo vapor gera maior valor agregado ao carvo
produzido.
caso de depsitos rasos, o carvo poder ser lavrado a cu aberto, dependendo do terreno
onde mina est localizada. Naturalmente, carves minerados a cu aberto tendem a
apresentar um custo de extrao mais competitivo, de modo que apenas nas reservas
onde tal mtodo no economicamente vivel, o combustvel lavrado por minerao
subterrnea (EPE, 2007).
produo de uma mina utilizando mtodo Longwall (uma seo de longwall e duas ou trs
sees de minerador contnuo) pode ultrapassar 7 milhes de toneladas por ano.
4.3 Beneficiamento
De acordo com a ABCM, o beneficiamento mineral consiste numa srie de processos
que visam reduo da matria inorgnica, tais como rocha (estril) e impurezas,
existente no carvo a fim de melhorar sua qualidade. Com o beneficiamento o minrio
bruto - ROM (run-of-mine) torna-se utilizvel que de imediato no aproveitvel,
reduzindo o material mineral associado ao carvo como: argilas, piritas, calcrios e xidos
(silcio).
CARVO 259
4.3.1 Fragmentao
Existem trs tipos de processos de fragmentao do carvo mineral em estado bruto:
i) o Desmonte que na etapa da lavra, com o auxlio de explosivos visa reduzir blocos
volumosos para alimentao da etapa de britagem; ii) a Britagem uma fragmentao
grossa, possui diversas etapas e alimenta a moagem e a iii) Moagem que constitui uma
fragmentao mais fina e origina o produto adequado a concentrao ou processos de
pelotizao, lixiviao, combusto, etc.
4.3.2 Classificao
O processo de classificao objetiva a separao de um material em duas ou mais
fraes de tamanhos distintos. Esta separao baseada na velocidade com que as
partculas atravessam um meio fluido (gua).
O mtodo por meio do Hidrociclone (Figura 34) bastante difundido e a sua maior
aplicao se d em circuitos fechados de moagem. baseado na sedimentao centrfuga e
seu desempenho influenciado pelas dimenses do equipamento, variveis operacionais e
propriedade fsica dos slidos. Este mtodo possui elevada capacidade em relao ao
volume e rea ocupada, possui baixo custo de investimento e dotado de um controle
operacional simples.
262 ENERGIA TERMELTRICA
4.3.3 Concentrao
Aps a classificao o sub processo de concentrao ocorre para separar o carvo
puro dos rejeitos. A concentrao pode ser realizada de forma magntica, onde existe uma
resposta de um mineral a um campo magntico, pode tambm ser baseada na
condutividade eltrica dos minerais presentes em um sistema e por ltimo a concentrao
gravimtrica no qual partculas de diferentes densidades, tamanhos e formas so
separadas de outras por ao da fora de gravidade ou foras centrfugas conforme a
Figura 35. Os parmetros operacionais que influenciaro o processo so: a caracterstica
do leito, distribuio do minrio, frequncia e amplitude (partculas finas possuem
frequncia elevada e baixa amplitude e partculas grossas possuem menor frequncia e
maior amplitude), gua na alimentao, faixa granulomtrica (1300mm e 1mm) e
capacidade de alimentao (150 a 300 m3/h).
CARVO 263
4.3.4 Flotao
Flotao como mostrado na Figura 36 o processo que visa separar seletivamente
uma ou mais espcies minerais, em polpa, atravs de sua adeso s bolhas de ar
introduzidas dentro de uma clula de flotao, com posterior levitao e remoo de
agregados bolha/partcula em uma camada de espuma. Este processo explora diferenas
nas caractersticas interfaciais entre as diversas espcies minerais suspensas em uma fase
aquosa. O sistema flotao utilizado para uma gama de minerais entre eles o uranio,
nibio, ferro, metais pesados e leos.
4.3.5 Desaguamento
O Desaguamento serve para separar os slidos contidos em uma polpa, pela
passagem do lquido filtrado atravs de um meio poroso. A separao do slido e do
lquido se d pelo fenmeno da sedimentao por gravidade (Figura 37).
O carvo o principal produto de escoamento por meio desta ferrovia que em 1996
foi privatizada. Em 1999 Tambm para atender s necessidades do minrio, a empresa
criou a Transferro Operadora Multimodal, visando a descarga, a movimentao e o
abastecimento de silos. (ABCM, 2014). A Figura 39 apresenta a malha ferroviria
catarinense de escoamento.
As rotas que envolvem trfego por portos, esto sujeitas a uma limitao dada pela
capacidade operacional dos portos. Para o transporte internacional, os navios so mais
comumente utilizados, em tamanhos que variam a partir de 40.000 DWT: i) Handysize -
40-45.000 DWT5; ii) Panamax - 60-80.000 DWT e iii) Capesize vessels superior a 80.000
DWT .
neste caso transportado por navios tipo Panamax de at 80.000 toneladas, compatveis
com o calado do Porto de Itaqui e Pecm de onde seguir at a trmica atravs de correia
transportadora coberta e estocado, enfim, no terreno da usina em pilhas com capacidade
para 30 dias de operao. A Figura 41 ilustra a logstica para o carvo importado
realizado no Brasil.
A liberao de calor transferida gua que circula nos tubos que envolvem a
fornalha, transformando-a em vapor superaquecido. A turbina abastecida e movimenta
seu eixo. O vapor condensa nas superfcies do tubo do condensador, sendo o calor latente
removido utilizando a gua de resfriamento de uma fonte fria que levada ao
condensador pelas bombas de circulao. O condensado, logo aps as bombas, passa pelo
aquecedor de baixa presso, o desaerador, a bomba de alimentao e os aquecedores de
alta presso, retornando de novo para a caldeira, a fim de fechar o ciclo. O eixo da turbina,
acoplado a um gerador, transforma seu movimento giratrio em eletricidade que
convertida para a tenso requerida e fornecida aos consumidores por meio das linhas de
transmisso (Oliveira, 2009).
270 ENERGIA TERMELTRICA
Sistemas avanados
A maioria das caldeiras opera com o chamado fundo seco. A maior parte das cinzas
arrastada com os gases de combusto exigindo, portanto sistemas eficientes de limpeza
dos gases. Em alguns casos so utilizados ciclones queimadores possibilitando o uso de
maior granulometria no carvo. As caldeiras PCC foram desenvolvidas para coincidir com
as escalas das turbinas a vapor, que tem sada entre 50 e 1300 MW. A maior parte das
unidades em operao da ordem de 300 MW sendo poucas as grandes, com sadas a
partir de uma nica caldeira/turbina com mais de 700 MW chegando a 1300 MW.
coque de petrleo e antracito, com alta converso de C. Combustveis com baixo ponto de
fuso das cinzas como biomassas tambm so bem processadas nos CFBCs pelo fato
destes operarem a baixa temperatura (800-900C), bem como combustveis com alto teor
de cinzas (at 70%) pelo fato de exigir baixa concentrao de C no leito.
O consumo especfico dos PFBC cerca de 10 a 15% menor do que o PCC. O tamanho
das unidades de demonstrao do PFBC da ordem de 80 MW, mas unidades industriais
so limitadas pela capacidade das turbinas a gs e se situam entre 250 e 360 MW. No que
se refere a eficincia trmica, PFBC geralmente superior a 40% atingindo a cerca de
50%. O esquema de uma usina com tecnologia a leito fluidizado circulante ilustrado na
Figura 45.
Nesta tecnologia, o maior poder de gerao de energia vem da turbina a gs: 60-70%
e os trs tipos de gaseificadores disponveis leito fixo, leito fluidizado e leito de arraste. Os
de leito fixo utilizam carvo britado; os de leito fluidizado utilizam carvo modo e os de
arraste, carvo pulverizado. As plantas de IGCC podem ser configuradas para facilitar a
captura de CO2, onde o CO convertido em CO2 pela reao com vapor dgua,
aumentando sua concentrao como tambm a de H2 no gs de sntese. O CO2 ento
separado para seu seqestro.
NOx se reduzem em cerca de 90%. Atualmente, existe uma quantidade muito pequena de
plantas de IGCC no mundo, comparativamente quantidade de plantas de carvo
pulverizado, por serem mais caras e complexas. Existem plantas operando nos Estados
Unidos e na Europa, especialmente na Holanda e na Espanha.
Outro fator que pode impactar os custos de uma termeltrica a carvo mineral
tambm so as restries ambientais, que podem exigir uma planta com maior eficincia e
dispositivos adicionais para controle/reduo de emisses de gases poluentes, por
exemplo, tecnologias de CCS. Com relao eficincia, as usinas utilizando ciclos ultra-
supercrticos similares a que esto sendo construdas atualmente na Alemanha, com
eficincia acima de 43%, tm seus custos acrescidos em cerca de 30%, se comparadas s
usinas tradicionais de carvo pulverizado com eficincia de 35% (ABCM, 2014). Os custos
de investimento e de O&M das tecnologias de CCS, por sua vez, so incertos, pois
dependem de futuros desenvolvimentos e disseminao dessas tecnologias.
EPC para a maioria das plantas a carvo mineral analisadas, utilizando ciclos supercrticos
e ultra supercrticos, oscilaram entre 863 e 3.732 US$/kW, a grande amplitude observada
deve-se s diferentes tecnologias, qualidade do combustveis utilizados e utilizao ou no
de tecnologias CCS.
Estimativas feitas pela CERA para custos de investimento variam entre 1.800 e 4.000
US$/kW para projetos termeltricos convencionais carvo mineral, enquanto que as
projetos utilizando tecnologia IGCC tm estimativa de custos de investimentos entre 2.500
e 5.800 US$/kW.
4.000
3.732 Mnimo Mdio Mximo
3.500
3.246
3.000
2.500
2.080
2.000
1.500
1.000 863
500
0
International Energy Agency - IEA/NEA EIA/DOE
De acordo com os estudos realizados pela IEA/ OECD - 2015 no que diz respeito aos
custos de operao e manuteno, a projeo dos especialistas consultados no estudo
situam-se em um intervalo entre US$ 4,07 e US$ 18,52 / MWh, com mdia em US$ 9,66 /
MWh. A amplitude desse intervalo explicada pelas diferenas nos custos entre os pases,
principalmente nos preos pagos mo-de-obra, juntamente com os diversos preos
pagos pelo combustvel. Os custos de investimento representam por volta de 50% do total
286 ENERGIA TERMELTRICA
De acordo com o relatrio Anual Energy Outlook 2015 (EIA, 2015), na indstria de
gerao de energia eltrica, independente da fonte, os projetos a serem concludos na
prxima dcada tiveram seus custos estimados aumentados em mais de 50%, e as
condies atuais da economia mundial apresentam muitas incertezas no que diz respeito
ao comportamento futuro das principais variveis que impactam os custos de
investimentos, por exemplo, disponibilidade e custo das matrias primas e financiamentos
(Tabela 18).
7 No Brasil, as UTEs Pres. Mdici, Charqueadas e So Jernimo, por exemplo, so supridas por
carvo de origem de minas a cu aberto, enquanto que as UTEs como Figueira e Jorge Lacerda
so atendidas por combustvel de origem de minas subterrneas.
8 Publicao: Coal Trader International e International Coal Report.
9 A sigla FOB pode ser traduzida por Livre a bordo. Neste tipo de frete, o comprador assume
todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria, assim que ela colocada a bordo do
navio.
10 A sigla CIF pode ser traduzida por Custo, Seguros e Frete. Neste tipo de frete, o fornecedor
responsvel por todos os custos e riscos com a entrega da mercadoria, incluindo o seguro
martimo e frete.
11 Em geral, os preos internacionais so cotados em base GAR (gross as received), exceto para a
Europa ARA, Japo e Coria e, para o carvo procedente de Richards Bay, cotados em base NAR
(net as received).
288 ENERGIA TERMELTRICA
Bay FOB (frica do Sul) 6.000 kcal/kg NAR, 1% de enxofre e 16% de cinzas e Newcastle
FOB (Austrlia) 6.300 kcal/kg GAR, 0,8% de enxofre e 13% de cinzas (PNE 2030). A Figura
49 a seguir, mostra a evoluo histrica dos preos internacionais e a evoluo do preo
mdio do carvo nacional (BEN, 2015).
250
Northwest Europe marker price
50
0
1987 1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008 2011 2014
O preo do carvo no mercado internacional est fixado em torno de US$ 90/ton (BP,
2015), embora logo aps a crise financeira internacional (2008) tenha custado mais que o
dobro. Entre 1985 e 2002, a expanso da oferta mundial por meio de uma maior utilizao
do gs natural para a gerao de energia eltrica propiciou, at certo ponto, uma
estabilidade nos preos do carvo. No obstante, at 2009, os preos elevados no tiveram
efeito significativo sobre a demanda no mercado internacional, mesmo porque, no setor
eltrico, o preo do gs natural, o principal competidor do carvo, tambm se apresentou
elevado.
O documento Annual Energy Outlook (US EIA, 2015) aponta que nos EUA a
competio entre carvo e gs natural na gerao de eletricidade dever se estender no
longo prazo, especialmente em determinadas regies produtoras de gs. Enquanto a
participao do gs natural na gerao total de eletricidade norte americana crescer
1,5% a.a entre 2012 e 2040, o carvo mineral reduzir 0,6% a.a no mesmo horizonte no
caso de referncia. A participao do gs natural passar de 18% (2012) para 25% (2040).
Neste mesmo contexto, o carvo perde importncia para o gs natural como a maior fonte
de gerao de eletricidade norte-americana a partir de 2030, onde sua participao na
produo total de energia eltrica decresce, de 30% em 2012 para 22% em 2040.
180
164,3
160
140
118,4
120
100 88,0
80
60 53,0
40
23,5 23,0
20
0
Figueira (6000) Complexo S.JERONIMO CHARQUEADAS P.MEDICI A e B CANDIOTA 3
- PR J.Lacerda (4200) - RS (3100) - RS (3300) - RS (3300) - RS
(4500)-SC
No pas, o preo do insumo nacional est atrelado ao tipo de jazida a ser lavrada. No
caso de carvo a cu aberto com baixa cobertura, como a jazida de Candiota (RS), o preo
atual da ordem de R$ 50,00 a tonelada de carvo bruto com poder calorfico entre 3.100
e 3.500 kcal/kg, enquanto para jazidas com minerao subterrnea, como as localizadas
em Santa Catarina, o valor situa-se na faixa entre R$ 60,00 e R$ 80,00 a tonelada de carvo
bruto. Para carves com poder calorfico superior a 4.500 kcal/kg o preo atinge
patamares superiores a R$ 200,00 a tonelada para carves beneficiados (ELETROBRAS,
2014). A Figura 50 apresenta os preos de carvo praticados no Brasil, conforme valores
de referncia para o reembolso da Conta de Desenvolvimento Econmico (CDE).
290 ENERGIA TERMELTRICA
Mnimo Mximo
120,0
104,8 111,3 107,6
100,6
100,0
83,7
80,0 82,8
80,0 70,9
60,0
40,0
20,0
0,0
IEA, 2015 EIA/DOE Estimado Nacional Estimado Importado
7 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS
nacional, que apresenta baixa qualidade, a gerao de energia geralmente realizada nas
chamadas usinas boca de mina, com maior relevncia na regio sul do pas, onde se
concentram as reservas brasileiras. J caso seja adotado o carvo importado, de melhor
qualidade, as usinas so de modo geral implantadas junto a terminais porturios.
Por fim, h que se considerar que no existe gerao de energia sem impactos
socioambientais. A escolha da melhor soluo passa por pesar os custos, benefcios e
impactos socioambientais. Adicionalmente, cada empreendimento submetido ao
licenciamento ambiental, no qual so avaliados se os impactos socioambientais gerados
pela atividade esto em nveis aceitveis e de acordo com a legislao vigente.
7.2 Benefcios
As usinas termeltricas a carvo mineral so largamente empregadas em todo o
mundo e apresentam caractersticas tcnicas, como alto fator de capacidade, que trazem
ganhos de confiabilidade ao sistema eltrico. Alm disso, o carvo mineral apresenta
vantagem sobre os demais tipos de combustvel devido ao menor de risco de variaes de
preo e interrupo de suprimento, aspectos que conferem maior segurana energtica ao
pas.
O setor tem investido na busca da eficincia e reduo dos seus impactos ambientais
com o desenvolvimento das chamadas tecnologia limpas do carvo (clean coal
technologies). Ressalta-se a significativa reduo de emisses de poluentes atmosfricos
com o uso de equipamentos de abatimento de emisses e o ganho de eficincia com
caldeiras em leito fluidizado; e tambm o desenvolvimento de tecnologias para captura e
armazenamento de carbono para reduo das emisses de gases de efeito estufa, no caso,
CO2.
flexibilidade locacional evita conflitos pelo uso do solo e possibilita a seleo de locais com
menor sensibilidade socioambiental para implantao.
Alterao da qualidade do ar; Escolha de stio que favorea a disperso atmosfrica de poluentes;
Efeitos na sade da Realizar modelagem de disperso de poluentes atmosfricos;
Emisso de populao local Monitoramento das emisses;
poluentes (MP, NOX e SOX); O Emprego de equipamentos de abatimento emisses conforme tipo de
atmosfricos poluente (como queimadores Low NOx, dessulfurizador, precipitador
Acidificao da gua das
eletroesttico)
chuvas (NOx e SOx); Disperso em chamins adequadas;
Receita Aumento na arrecadao de tributos (positivo); Aes para fortalecimento da gesto pblica;
C/O
Incremento na economia local (positivo); Fomento das atividades econmicas locais.
12 Duto uniforme com estreitamento pontual. Esta condio causa aumento da velocidade do fluxo
e reduo de presso no ponto, o que permite o uso para mistura de gases ao fluido.
CARVO 303
Figura 57 Ciclones
Fonte: Braga et al.,2005.
O abatimento das emisses de SOx pode ser realizado de diferentes modos, sendo o
uso de calcrio (CaCO3) ou cal (CaO) mais frequentemente empregado no contexto
brasileiro como reagentes de dessulfurizao devido eficincia e economicidade. Tais
substncias reagem com o SOx removendo-o da corrente gasosa. Eles podem ser
adicionados na combusto, no caso do uso da tecnologia de leito fluidizado na caldeira, ou
na ps-combusto, na qual os gases exaustos so enviados para equipamentos
dessulfurizadores externos caldeira.
7.3.6 Coqueima
A coqueima consiste na substituio de parte do combustvel fssil utilizado em uma
planta de gerao de energia eltrica ou industrial, por parte renovvel, em geral
biomassa. Essa uma medida efetiva e que pode ser adotada no curto prazo para a
reduo de emisses atmosfricas, especialmente de CO2.
Desta forma, a coqueima pode constituir no curto prazo, uma alternativa para pases
que procuram a reduo das suas emisses de GEE e o cumprimento dos acordos
internacionais estabelecidos, sem comprometer grandes investimentos. No entanto, ainda
existem questes quanto viabilidade da implementao deste tipo de opo, o que tm
condicionado sua efetiva disseminao em escala industrial. As principais questes
decorrem de incertezas tcnicas, econmicas e ambientais (Baxter e Koppejan, 2004),
muitas delas derivadas da falta de experincia e de conhecimentos de toda a temtica
associada.
Figura 59 Projeto de P&D Coqueima carvo e biomassa no Complexo Term. Jorge Lacerda (SC)
Fonte: EPE, 2014
CARVO 307
Uma vez capturado, o CO2 dever ser transportado at o local aonde ser utilizado
(indstrias) ou ao local onde ser armazenado. As opes para o transporte de CO 2 so
basicamente as mesmas existentes e j utilizadas para outros fluidos como o gs natural, o
petrleo, biocombustveis etc.: transporte por dutos, transporte rodovirio em caminhes
apropriados e o transporte em navios (Figura 60).
14 Formaes salinas so rochas sedimentares saturadas com guas de formao que contm altas
concentraes de sais dissolvidos. Eles so bastante abundantes no mundo e contm enormes
quantidades de gua que so imprprias para a agricultura ou o consumo humano (IPCC, 2005).
15 Um fluido atinge o estado supercrtico em condies de temperatura e presso acima do
chamado ponto crtico. No caso do CO2 isso ocorre a 31,3C e 72,9atm. Os fludos supercrticos
tm densidades, viscosidades e outras propriedades que so intermedirias entre aquelas da
substncia em seu estado gasoso e em seu estado lquido (CARRILHO et al., 2001).
CARVO 309
Enhanced coal bed methane recovery: Esta rota se aplica a camadas de carvo
cuja explorao economicamente invivel. Normalmente camadas de carvo
contm metano (CH4) associado. Este mtodo consiste em injetar CO2 de forma a
expulsar o metano contido nessas camadas de carvo. O CO2 preenche o espao
antes ocupado pelo metano e armazenado permanentemente.
Figura 60 (a) Esquema geral de Captura, Transporte e Armazenamento de carbono; (b) Opes
para armazenamento geolgico de carbono.
Fontes: (a) Global CCS Institute (2014); (b) IPCC (2005)
310 ENERGIA TERMELTRICA
A cadeia de produo energtica a partir do carvo mineral inclui vrias etapas que
variam de acordo com a tecnologia empregada, podendo, no entanto, ser generalizada
como se segue:
explorao e minerao do carvo;
beneficiamento do carvo;
transporte do carvo;
armazenamento do carvo;
queima do carvo para produo de energia;
Aps a minerao, o carvo pode ser beneficiado, o que gera rejeitos slidos, que
tambm so depositados no local das atividades. A posterior separao de carvo
CARVO 313
coqueificvel de outras fraes de menor qualidade forma novos depsitos, que cobrem
muitos hectares de solos cultivveis.
8 CONCLUSO
17 Entende-se que a questo da recuperao da lavra em cada jazida perde importncia na medida
em que, para efeito desta avaliao, somente esto sendo consideradas reservas lavrveis, em
cuja definio o aspecto da recuperao j est implicitamente considerado (EPE, 2007).
18 O beneficiamento consiste na separao do material indesejvel contido no carvo, assegurando
assim a qualidade desejada ao carvo, ou seja, assegurando melhor rendimento do carvo de
acordo com o seu uso final.
CARVO 315
Algumas usinas tambm utilizam a queima combinada (mistura de carvo ROM e carvo
beneficiado) na proporo definida pela tecnologia empregada na planta.
9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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Curso Carvo Mineral. Curso promovido pela SATC-Associao Beneficente da
Indstria Carbonfera de Santa Catarina em Cricima/SC. Novembro de 2015.
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conceitos termodinmicos. Qum. Nova, So Paulo , v. 24, n. 4, p. 509-515, 2001.
CARVO 317
CGEE [Centro de Gesto e Estudos Estratgicos]. Roadmap Tecnolgico para Produo,
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318 ENERGIA TERMELTRICA
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biomassa e clula a combustvel: sistema com clula tipo PEMFC.. In: Encontro de
Energia no Meio Rural, 6, Campinas. 2006.
Nuclear
1 INTRODUO
As expectativas por um aumento do consumo mundial de energia, as preocupaes
crescentes com a segurana energtica e as presses ambientais, sobretudo com relao
s emisses de gases de efeito estufa, tm sempre recolocado a opo nuclear na agenda
dos fruns mundiais de energia. De um lado, a experincia acumulada desde os acidentes
de Three Mile Island (TMI) e Chernobyl e os avanos tecnolgicos verificados (transio
tecnolgica), especialmente no que se refere extenso da vida til dos empreendimentos
e ao tratamento dos rejeitos, concorrem no sentido de tornar essa opo energtica, uma
alternativa efetiva. De outro, porm, conjugar a utilizao desse tipo de energia com as
preocupaes com custos crescentes, aceitao pblica e o problema dos resduos
parecem ser a questo central a ser superada e que vem inibindo uma retomada mais
vigorosa do setor.
no Japo e na Coreia do Sul, por motivo de segurana energtica. Ainda neste perodo, o
investimento em novas usinas nucleares tornou-se menos atraente do que o investimento
em alternativas, mais especificamente o ciclo combinado gs natural.
Eslovnia 1
Holanda 1
Ir 1
Armnia 1
frica do Sul 2
Romnia 2
Mxico 2
Bulgria 2
Brasil 2
Paquisto 3
Argentina
Eslovquia
3
4
438 reatores em operao
Hungria 4 381 GW de capacidade instalada
Finlndia 4
Sua 5
Repblica Checa 6
Espanha 7
Blgica 7
Alemanha 8
Sucia 10
Ucrnia 15
Reino Unido 16
Canad 19
ndia 21
Corea 24
China 28
Rssia 34
Japo 43
Frana 58
EUA 99
Frana 1
Finlndia 1
Brasil 1
Argentina 1
Ucrnia 2
62 reatores em construo
Eslovquia 2 60,4 GW de capacidade instalada adicional
Paquisto 2
Japo 2
Bielorssia 2
Corea 3
Emirados rabes 4
EUA 5
ndia 6
Rssia 8
China 22
Dos 30 pases geradores de energia nuclear, em 16 esta fonte representa pelo menos
25% da energia produzida internacionalmente. Conforme mostra a Figura 4, a seguir, a
Frana o pas que mais dependente desta fonte de energia com 77% do total, enquanto
que a Blgica, Repblica Tcheca, Finlndia, Hungria, Eslovquia, Sucia, Sua, Eslovnia e
Ucrnia obtm um tero ou mais de participao. Pases como Itlia e Dinamarca mesmo
no possuindo nenhuma instalao nuclear em seu territrio obtm cerca de 10% de
participao da fonte nuclear em suas matrizes devido importao de energia de pases
produtores.
Japo 0,0
China 2,4
Brasil 2,9
ndia 3,5
frica do Sul 6,2
Alemanha 15,8
Canad 16,8
Reino Unido 17,2
Rssia 18,6
EUA 19,5
Espanha 20,4
Coreia 30,4
Finlndia 34,6
Repblica Checa 35,8
Hungria 53,6
Frana 76,9
Brasil 1.884
Espanha 7.121
Reino Unido 9.373
Sucia 9.651
Alemanha 10.799
Ucrnia 13.107
Canad 13.500
Corea 21.667
China 24.025
Rssia 24.654
Japo 40.290
Frana 63.130
EUA 98.708
Os Estados Unidos, por meio da sua agncia reguladora NRC (Nuclear Regulatory
Commission), expressaram confiana no uso da energia nuclear, contudo, protocolos de
segurana ficaram mais conservadores, principalmente pelo fato de o pas possuir uma
NUCLEAR 327
grande parcela de seu parque gerador nuclear em idade prxima ao final de sua vida til.
Por sua vez, alguns pases na Europa, como o Reino Unido, consideraram que a energia
nuclear necessria, e que as lies aprendidas com o acidente de Fukushima poderiam
ser incorporadas nos requisitos tcnicos dos novos projetos.
1 Na poca do acidente, 30% da demanda de energia eltrica no Japo era suprida pela gerao
nuclear.
328 ENERGIA TERMELTRICA
protegidos contra roubo, sabotagem ou acidente. Assim todo o material utilizado requer
cuidados e salvaguardas para as instalaes e manuseio do material nuclear. Anualmente,
aproximadamente 20 toneladas de plutnio so produzidas no mundo subproduto da
indstria nuclear e o estoque mundial de plutnio estimado pelo Stockholm
International Peace Research Institute (SIPRI) em 500 mil toneladas.
Figura 7 Produo e Reservas segundo classificao de custos RAR e IR (mil tU) - 2013
Fonte: Uranium 2014: Resources, Production and Demand (IAEA, 2014)
urnio, dos quais 74.000t da China (34%), 53.000t da Unio Europeia (24%), 45.000t dos
EUA (21%) e 45.000t da sia (21%).
24.865
17.235
11.180
6.635
3 Mesmo que, no perodo compreendido entre 1980 e 2008, a eletricidade gerada pelas plantas
nucleares tenha aumentado 3,6 vezes, enquanto a disponibilidade de urnio cresceu apenas
2,5%.
332 ENERGIA TERMELTRICA
41,1%
16,2%
8,9%
7,2%
5,8% 5,3%
4,3% 3,4%
2,7% 1,7%
1,0% 0,7% 0,7% 0,4% 0,6%
usina de Angra 3 (1405 MW), ora em construo, possui as mesmas caractersticas que
Angra 2, e foi comprada junto KWU em 1976 juntamente com Angra 2. Diversos
equipamentos foram adquiridos e o incio das obras se fez em junho de 1984, tendo se
estendido at abril de 1986, quando as obras foram paralisadas. A usina, conforme
cronograma divulgado pela Eletrobrs Termonuclear- Eletronuclear (empresa
responsvel pela construo e operao) entrar em operao em 2019.
Com relao aos resduos de alta atividade (elementos combustveis utilizados nos
reatores das usinas), o Programa Nacional de Gesto de Rejeitos, sob a responsabilidade
da Eletronuclear e da CNEN, prev a construo de um depsito intermedirio de longa
durao para combustveis irradiados6. Ademais, a Eletronuclear neste perodo pretende
construir outras piscinas no interior das usinas, para armazenar o material durante toda a
vida til das plantas, enquanto no se conclui o depsito final.
6 Pela atual poltica estipulada pela CNEN, o depsito inicial de rejeitos deve se situar prximo s
fontes produtivas, sob a responsabilidade da operadora. Aps um perodo de tempo os rejeitos
devero ser transferidos para um depsito final, sob a guarda definitiva da CNEN.
342 ENERGIA TERMELTRICA
1961 1966 Cooperao Francesa Urnio na Bacia do Jatob-PE; Urnio associado ao molibdnio,
CNEN / CEA Poos de Caldas-MG
1975 1988 NUCLEBRS Descoberta das jazidas /depsitos; Amorinpolise Rio Preto-Go
(1975); Planalto de Poos deCaldas (Depsito de Cercado); Itataia-
CE (1976); Lagoa Real-BA (1977); Rio Cristalino (1978).
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
1993
1973
1978
1983
1988
1998
2003
2008
2013
O depsito de Santa Quitria, por sua vez, est localizado na parte central do Estado
do Cear, a cerca de 45 Km a sudeste da cidade de Santa Quitria. A jazida de Santa
Quitria possui reservas geolgicas de 142,5 mil toneladas de urnio associado ao fosfato.
A reserva lavrvel tem 79,5 milhes de toneladas de minrio, nessa jazida pode-se
aproveitar tambm cerca de 300 milhes de m de mrmore, totalmente isento de urnio.
346 ENERGIA TERMELTRICA
A INB prev que exista um potencial nacional para recursos classificado como
especulativo da ordem de 500.00 toneladas de U3O8. A Figura 16 apresenta a localizao
das reservas potencias brasileiras conforme dados da INB.
Algumas jazidas contm urnio associado a outros minrios e a carvo. Nestes casos
possvel o estabelecimento do modelo de parceria pblica-privada (PPP) em que a
empresa parceira invista e explore os demais enquanto a INB representante da Unio
para exercer o monoplio constitucional (Constituio: Art. 21 Inciso XXIII e Art. 177) ,
que dispe do direito de lavra de minrios e minerais nucleares, fique com o urnio.
7 Vale ressaltar que o urnio no o nico combustvel nuclear. O Trio tambm serve para a
mesma aplicao e desde o nascimento da indstria nuclear existe o interesse no uso do Trio
porque ele muito mais abundante na Terra que o Urnio. Embora os ciclos de combustvel
com base no Trio venham sendo estudados h mais de 30 anos, a escala muito menor que o
ciclo do Urnio e do Plutnio. As pesquisas vm sendo conduzidas na Alemanha, na ndia, no
Japo, na Rssia, no Reino Unido e nos Estados Unidos (HYLKO, 2008).
NUCLEAR 349
yellowcake, composto de U3O8. Importante destacar que este xido serve a todas as
tecnologias de reatores nucleares, sendo hoje considerado uma commodity. Cada MW
instalado em reator de tecnologia gua leve (LWR) consome tipicamente 178 kg/ano de
U3O88.
Aps um conjunto de operaes com o objetivo de descobrir uma jazida e fazer sua
avaliao econmica (prospeco e pesquisa), determina-se o local onde ser realizada a
extrao do minrio do solo, e o incio dos procedimentos para a minerao e para a
produo do yellowcake.
8 As usinas com reatores nucleares que utilizam gua leve comum para moderao e refrigerao
e urnio enriquecido como combustvel constitui cerca de 90% da capacidade nuclear em
operao no mundo e aproximadamente 85% da capacidade em construo.
9 O urnio um co-produto quando ele uma de duas commodities que deve ser produzidas para
tornar uma mina econmica. Ambas as commodities influenciam a produo. O urnio como co-
produto produzido utilizando mtodos de minerao a cu aberto ou subterrnea. O urnio
considerado um subproduto quando ele um produto secundrio ou adicional. O urnio
subproduto pode ser produzido com um produto principal ou com co-produtos, tambm
utilizando a minerao a cu aberto ou subterrnea.
NUCLEAR 351
4.1.2 Converso
Aps o beneficiamento, o U3O8 ainda necessita ser refinado antes da converso em
hexafluoreto de urnio (UF6) para posterior enriquecimento. Na usina de converso, o
U3O8 dissolvido e purificado, obtendo-se ento o urnio nuclearmente puro. A seguir,
convertido para o estado gasoso preparado para o enriquecimento isotpico.
Depois do refino inicial, que pode envolver a produo do nitrato de uranila, o U 3O8
reduzido em um forno pelo hidrognio para formar o dixido de urnio. Este ento reage
em outro forno com cido fluordrico (HF) para formar o tetrafluoreto de urnio (UF4). O
UF4 ento alimentado em um reator de leito fluidizado com flor gasoso para produzir o
UF6.
4.1.3 Enriquecimento
O urnio encontrado na natureza consiste basicamente de dois istopos, o U-235 e o
U-238 nas propores de 0,711% e 99,3%. Embora mais abundante, o istopo U-238 no
contribui diretamente para o processo de fisso (embora o faa indiretamente atravs da
formao de istopos fsseis de plutnio).
Alguns reatores utilizam o urnio natural como combustvel, mas a maioria dos
reatores atuais (reatores de gua leve) utiliza o urnio enriquecido, onde a proporo do
istopo U-235 aumentada de 0,7% para cerca de at 5%.
cerca de 1% mais leve do que as demais, e esta diferena na massa a base para ambos os
processos.
10 A separao isotpica do urnio pode ser realizada baseada nos princpios da fotoexcitao. Em
geral, o processo de enriquecimento utiliza trs sistemas principais, que so os sistemas laser,
ptico e o mdulo de separao. Lasers ajustveis podem ser desenvolvidos para fornecer uma
radiao altamente monocromtica. A radiao destes lasers pode ser utilizada em estgios em
srie para fotoionizar espcies de um istopo especfico sem afetar os demais istopos. As
espcies afetadas so ento modificadas fsica ou quimicamente, o que permite a separao do
material. Algumas das vantagens do enriquecimento a laser o menor consumo de energia e
custo de capital, a utilizao de mdulos de separao relativamente simples e prticos e que o
enriquecimento pode ocorrer em uma passagem atravs do separador. Uma das desvantagens
que a produo um processo em batelada e parte do processo deve ser realizada a vcuo.
11 Se U-235 constituir mais de 20% considerado urnio altamente enriquecido (HEU).
356 ENERGIA TERMELTRICA
nutrons que impede a reao em cadeia, e significa que um nvel de enriquecimento mais
alto de U-235 no produto necessrio para compensar. Sendo mais leves, ambos os
istopos tendem a se concentrar na corrente do enriquecido (ao invs do esgotado), de
forma que o urnio reprocessado que re-enriquecido para ser utilizado como
combustvel deve ser segregado do urnio enriquecido novo. A presena do U-236 em
particular significa que o urnio reprocessado pode ser reciclado apenas uma vez (pelo
menos at um novo processo de enriquecimento a laser possa ser aplicado para remov-
lo).
4.1.4 Reconverso
O processo de reconverso, ilustrado na Figura 18, corresponde ao retorno do gs
UF6 ao estado slido, sob a forma de p de dixido de urnio (UO2). A reconverso do gs
em p objetiva concentrar o urnio de maneira apropriada para sua utilizao como
combustvel.
12 A AOI uma licena temporria, que tem durao de um ano. A INB pode solicitar sua
renovao at que a CNEN conceda a Autorizao de Operao Permanente (AOP).
358 ENERGIA TERMELTRICA
As pastilhas sinterizadas passam, ainda, por uma etapa de retificao para ajuste fino
das dimenses. Aps a retificao, todas as pastilhas sinterizadas so verificadas atravs
de medio a laser, que rejeita aquelas cuja circunferncia estiver fora dos padres
adequados.
xido de urnio empobrecido para a produo de combustvel MOX, com cerca de 8% Pu-239 .
O plutnio tambm pode ser utilizado em reactores de neutrons rpidos. (WNA,2015)
362 ENERGIA TERMELTRICA
O calor absorvido pelo refrigerante pode acionar diretamente uma turbina a vapor
ou trocar calor com um circuito secundrio, que far este servio. Nos reatores PWR
(pressurised water reactor), por exemplo, mais utilizados, usada gua14 tanto para
moderador quanto para refrigerante. A gua do circuito primrio mantida a presso
suficiente para no vaporizar e troca calor com um circuito secundrio, onde formado
vapor que aciona a turbina, movimentando o gerador. Grandes quantidades de gua so
utilizadas para resfriar a gua no condensador. Nos reatores BWR (boiling water reactor),
que tambm utiliza gua comum para os dois servios, a gua do circuito primrio se
vaporiza e aciona diretamente a turbina. H menos equipamentos, mas a radiao tem
uma propagao maior, atingindo mais equipamentos na instalao (EPE, 2006). Na
Figura 22 pode ser visualizado o processo de gerao de energia a partir de um reator
PWR, desde a reao nuclear at a conexo rede eltrica.
A maioria dos reatores em operao utiliza tanto a gua para resfriamento quanto
como moderador (o grafite tambm pode ser usado como moderador), so os
denominados Pressurized Light-Water-Moderated and Cooled Reactor (PWR), ou gua
fervente, os Boiling Light-Water-Cooled and Moderated Reactor (BWR). Alguns reatores
usam gua pesada, chamados de Pressurized Heavy-Water-Moderated and Cooled Reactor
(PHWR). Tambm esto disponveis os High-Temperature Gas-Cooled, Graphite-Moderated
Reactor (HTGR), de alta eficincia e segurana 15.
Do tipo GMR so os modelos GCR (Gas Cooled Reactor), que tem dixido de carbono
ou o hlio como meio refrigerante, usados na Inglaterra e Frana com denominaes de
Magnox e AGR (Advanced Gas Cooled Reactor) e os modelos LWGR (Light Water Cooled
Graphite Reactor) ou RBMK (Reaktor Bolshoy Moschnosty Kanalny), que usam gua
como meio refrigerante, muito associados ao acidente de Chernobyl. Os reatores FBR
foram inicialmente desenvolvidos para uso em submarinos nucleares, dando origem ao
modelo russo BN que usa sdio lquido como refrigerante.
15 Por ocasio do acidente de Fukushima, cerca de 65% das usinas nucleares em operao usavam
reatores do tipo PWR, enquanto que 25% usavam reatores do tipo BWR, dentre essas a usina
nuclear de Fukushima Daiichi. Segundo a nota de esclarecimento da Eletronuclear a respeito
desse acidente (publicada em seu portal), para problemas de perda total da alimentao
eltrica, como ocorrido em Fukushima, reatores do tipo PWR seriam mais seguros, pois
permitem aos operadores um tempo maior para restabelecimento da energia. Por outro lado,
no se pode afirmar que a tecnologia PWR seja mais segura que a BWR, tendo em vista o
acidente da usina nuclear de Three Mile Island, em 1979, nos EUA, que usava reatores do tipo
PWR.
NUCLEAR 365
Essas tecnologias representam grande evoluo para a indstria nuclear, pois devido
ao aumento das temperaturas conseguidas, que passariam dos atuais 330C dos reatores
gua leve, para algo entre 510C e 1.000C torna-se possvel a produo termoqumica de
hidrognio. O Departamento de Energia dos Estados Unidos vem desenvolvendo cinco das
seis tecnologias de Gerao IV apresentadas na Tabela 10 (a nica que no vem sendo
desenvolvida a de resfriamento com sdio).
16 O hidrognio pode ser produzido pela gerao nuclear a partir da quebra termoqumica da gua.
Os processos termoqumicos em geral so mais eficientes e mais baratos que a eletrlise da
gua. Vale ressaltar que a demanda de hidrognio vem crescendo rapidamente: alm do grande
consumo na produo de combustveis lquidos, existe tambm a possibilidade de seu uso no
transporte ou como combustvel na gerao de energia distribuda (FORSBERG, 2001).
368 ENERGIA TERMELTRICA
Sodium-cooled 150-500
Sdio 550 / Baixa U-238 Eletricidade
fast reactor 500-1500
Very high
temperature Hlio 1000 / Elevada UO2 250 Eletricidade
reactor
Fonte Adaptado de: Introduction to Generation IVNuclear Energy Systems and the International Forum
(http://www.gen-4.org/PDFs/GIF_introduction.pdf)
Por fim, existe o projeto International Reactor Innovative & Secure (IRIS), que conta
com amplo consrcio para o desenvolvimento de reatores avanados modulares de
terceira gerao. Tal projeto caracteriza-se por mdulos de 335 MW utilizando gua
pressurizada, mas pode ser construdo com potncia inferior (WNA, 2014b). O
combustvel utilizado inicialmente semelhante ao do Light Water Reactors - LWR17 (com
5% de urnio enriquecido ou MOX).
A IAEA em sua publicao Nuclear Technology Review, 2014 (IAEA, 2015) considera
que os reatores de Gerao III devero ser a principal tecnologia para gerao de energia
nuclear at 2050. Contudo, a partir de 2020 esperado que a indstria nuclear lance em
escala no comercial os Reatores de Pequeno e Mdio porte (SMRs) da Gerao III+ e de
Gerao IV (Figura 24). Sua reduzida dimenso e complexidade podem resultar em um
custo de capital reduzido e um tempo de construo menor. Isto se torna uma
caracterstica importante para o desenvolvimento desta tecnologia em diversos pases,
onde a disponibilidade de capital limitada. Cabe ressaltar que esta tecnologia no
substitui os reatores de maior porte, alm de necessitar de uma regulao especfica para
sua viabilizao.
5.2.2 Descomissionamento
O termo descomissionamento comumente utilizado para descrever toda a gesto e
aes tcnicas associadas com o trmino de operao de uma instalao nuclear e seu
subsequente desmantelamento para facilitar o trmino do controle dos rgos
reguladores (Eletronuclear, 2015).
Todas as plantas de gerao trmica seja carvo, gs ou nuclear, tm uma vida til
operacional finita, ou seja, onde no economicamente vivel oper-las. De um modo
geral, as usinas nucleares iniciais foram projetadas para uma vida de cerca de 30 anos,
embora algumas provaram ser capazes de geram muito alm disso. As plantas mais
recentes so projetadas para uma vida til de 40 a 60 anos (WNA, 2016).
370 ENERGIA TERMELTRICA
Nos prximos 20 anos algumas centrais nucleares chegaro ao fim da sua vida til,
incluindo aquelas que j sofreram o prolongamento de suas respectivas vidas (Figura 25).
O descomissionamento torna-se ento um tema cada vez mais importante para os
governos, rgos reguladores e para a prpria indstria nuclear.
35
32 33
30
25 24
Nmero de reatores
21 21
20 19 19 19
16
15 14 14
12 12
11 11
10 10 10
10 9 9
8
7
6 6 6 6 6
5 5 5 5 5
5 4 4 44 4 4
3 3 3 3 3
2 2 2
0
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47
Idade (anos)
De acordo com dados da IAEA at 2015, cerca de 150 reatores de potncia foram
totalmente desligados no mundo. Deste total, 112 representam reatores que esgotaram
vida til ou representam reatores de pesquisa e testes. Foram desligados prematuramente
por deciso poltica 27 reatores com vida operativa at 28 anos. Reatores desligados por
razes ligadas a algum tipo de acidente somam 11, destaca-se os reatores de Three Mile
Island 2, Chernobyl 4 e mais recentemente Fukushima Daiichi 1,2,3 e 4. A Figura 26
ilustra a participao por pas dos reatores desligados at 2015.
2% EUA
2% Alemanha
1% 2%
5% Japo
2%
3% Reino Unido
26% Frana
3% Rssia
Canad
3%
Itlia
5% Sucia
Ucrnia
10% 13% Espanha
Bulgria
Litunia
12% Eslovquia
13%
Outros
A IAEA admite trs opes possveis para o descomissionamento. Vale ressaltar que
no se considera uma opo melhor ou pior que outra, pois cada uma apresenta vantagens
372 ENERGIA TERMELTRICA
Por ltimo, existe a opo pelo sepultamento que envolve a reduo da rea onde se
dispe o material radioativo e, em seguida realiza-se a concretagem da instalao por um
tempo para que assim se garanta que a radioatividade no seja um problema futuro.
Ademais, seu papel tem sido reforado desde 1996, onde cada pas que opera usinas
nucleares esto submetidos a inspees regulares com estreita cooperao com a IAEA.
limitao dos problemas com o combustvel que encerram por causar graves
danos planta.
Quanto aos dispositivos de segurana, estes incluem uma srie de barreiras fsicas
entre o ncleo do reator e o ambiente externo. Somam-se os mltiplos sistemas de
segurana projetado para ocorrncias de falhas humanas. Os sistemas de segurana so
responsveis por cerca de um quarto do custo de capital de um reator.
NUCLEAR 375
controles administrativos;
efluentes radioativos.
O rgo regulador exerce forte influncia sobre o aspecto de segurana nuclear das
centrais dentro de sua competncia. No existe, portanto, uma regulao especfica que
oriente e fiscalize a execuo da poltica de Cultura de Segurana, cabendo a uma questo
poltica da organizao operadora em revisar constantemente suas prticas na
contribuio para a questo da segurana nuclear. Em ltima anlise, a base estabelecida
em uma declarao de poltica de segurana da prpria organizao e do prprio quadro
de pessoal. Isto torna um compromisso aplicao das normas internas e aes para
promoo da segurana e proteo das instalaes.
Nos ltimos anos, alguns fatos alteraram a evoluo da competitividade relativa das
diversas fontes de gerao disponveis no pas, afetando sua participao potencial no
378 ENERGIA TERMELTRICA
maiores avanos. Entre 2012 e 2014, treze pases possuam um fator de capacidade mdio
superior a 80%, enquanto os reatores franceses se situavam em 79,5%, devido a muitos
deles no corresponderem a energia de base. O Japo apesentou um fator mdio no
mesmo perodo de 2,6% pelo desligamento de 50 plantas aps o acidente de Fukushima
em 2011 e at 2015 apenas dois reatores foram religados ao sistema.
93,7 92,9
89,5 89,4 88,6 88,1 87,8 87,3 86,9 86,0
82,3 81,3 80,8 79,7 79,5
78,3 76,6 75,6
71,8 74,6
2,6
De modo geral, segundo a IAEA, (IAEA 2015) a tendncia dos pases da OCDE a
utilizao maximizada das usinas nucleares em detrimento ao aumento da capacidade
instalada, devido a sua economicidade e menos exigncia em termos de esforos
regulatrios e de aceitao pblica. Este esforo contempla o aumento dos fatores de
capacidade, com uprates das plantas existentes (troca de equipamentos e melhoria nos
sistemas de fluxo de calor) visando o aumento das horas de operao e a extenso da vida
til de 40 anos para at 60 anos.
Entre 1980 e 2010, a mdia mundial dos fatores de capacidade dos reatores
aumentou de 56% para 79%. Este resultado se deve a uma melhor gesto por parte das
utilities18, o que tem reduzido significativamente os perodos de parada planejada para
manuteno e reabastecimento e o aumento da vida til das plantas em operao.
18 Entre 1977 e 2013, a Comisso Reguladora Nuclear dos EUA (NRC) aprovou 149 uprates nos
Estados Unidos, totalizando cerca de 7 GW (o mesmo que construir cerca de 5 a 7 novos
reatores de grande porte). Novos uprates nos Estados Unidos e em vrios outros pases esto
agora limitados, embora as oportunidades permaneam na Europa e nos Rssia (IAEA, 2015).
382 ENERGIA TERMELTRICA
A outra metade dos custos de EPC refere-se aos custos relacionados infraestrutura
adicional necessria, como instalaes de transmisso, torres de resfriamento, gua
necessria operao da unidade, prdios administrativos, depsitos, estradas,
equipamentos de transporte, gerenciamento do projeto, dispndios com seu
desenvolvimento, licenas e autorizaes, impostos, recrutamento e treinamento. A
Tabela 16 apresenta a composio do custo de capital para novos projetos de reatores
nucleares.
7.000
6.215
6.000
5.366
5.000
4.249 Mnimo
4.000
3.000 Mdio
1.807
2.000
Mximo
1.000
0
International Energy Agency - IEA/NEA EIA/DOE
O fator tcnico mais importante que incide sobre os custos de O&M diz respeito
maior eficincia na queima do combustvel. Quanto maior a eficincia, menor a
necessidade de reabastecimento de combustvel e maior o fator de disponibilidade da
planta.
A queda na produo comea a ficar mais expressiva a partir de 1988 com o aumento
excessivo de estoques, causado pelo cancelamento de vrios projetos nucleares e a
entrada no mercado de urnio dos pases da ex-URSS, pressionando os preos para baixo.
No fim da dcada de 1980 e incio da dcada de 1990, o preo atinge menos de
US$10/libra.
Os anos 1990 so marcados por elevaes pontuais de preos, causadas por fatores
como a reduo de estoques disponveis para os mercados restritos, a falncia de uma
grande comercializadora de urnio (NUEXCO) e o abrandamento das restries de
importaes das ex-repblicas soviticas. De modo geral, no entanto, o mercado spot
apresentou uma tendncia de queda de preos a partir do final de 1996 que s reverteu de
forma mais consistente a partir de 2003. Nesse aspecto, o ano de 2005 especialmente
marcante nessa reverso de trajetria com elevao mais significativa de preos: no incio
deste ano o preo do urnio estava em US$21,20/libra e atingiu no fim do ano
US$36,50/libra, um aumento de mais de 50%. Pode-se dizer que esta trajetria est ligada
ao processo de elevao geral dos preos dos energticos, em especial do petrleo. O
volume total de vendas, neste ano, atingiu pouco menos de 30 milhes de equivalente de
U3O8 e investidores foram responsveis pela negociao de mais de 1/3 das compras
vista no mercado de urnio.
em junho. A partir da, ocorreu uma queda acentuada na cotao do urnio que se
justificou principalmente por trs razes: terremoto no Japo, que levou ao fechamento da
maior usina nuclear do mundo; um incndio no final de junho em duas plantas nucleares
alems, que obrigou o fechamento das mesmas; e pelo nmero de negcios reduzido com
o produto fsico diante da demanda baixa no vero do Hemisfrio Norte.
160,0
Mercado Spot Mercado Futuro
140,0
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
jan/98
jan/01
jan/04
jan/07
jan/10
jan/13
out/98
jul/99
out/01
jul/02
out/04
jul/05
out/07
jul/08
jul/11
jul/14
out/10
out/13
abr/12
abr/15
abr/00
abr/03
abr/06
abr/09
6.2.2 Descomissionamento
Os custos de descomissionamento das centrais nucleares so de responsabilidade do
operador ou do proprietrio da planta e esto diminuindo progressivamente,
contribuindo apenas para uma pequena parcela do custo total da gerao eltrica.
NUCLEAR 391
Segundo estudos realizados pela Nuclear Energy Agency e pela IAEA, em 1999, os custos
foram desagregados em relao s atividades geralmente desenvolvidas nos programas de
descomissionamento: aes de pr-descomissionamento, atividades para o desligamento,
aquisio de equipamentos e materiais gerais, atividades de desmontagem, tratamento e
eliminao de rejeitos, segurana e vigilncia, limpeza e paisagismo, gerenciamento de
projetos, combustvel e outros custos. O no cumprimento ou a simples prorrogao de
uma fase especfica pode representar um aumento dos custos totais de
descomissionamento, principalmente em funo da expanso dos custos com
armazenagem e vigilncia.
120,0
Mnimo Mximo 110,8
104,8
101,0
100,0
91,8
80,0
69,6
60,0
49,1
40,0
20,0
0,0
IEA, 2015 EIA/DOE Estimado
7 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS
Por outro lado, a crescente busca por fontes de energia limpa, com baixa emisso de
gases responsveis pelo aquecimento global tambm conhecido como Efeito Estufa
(GEE) - e poluentes atmosfricos, juntamente com a necessidade de se agregar
confiabilidade e baixo custo de operao ao SIN, convergem para aumentar a viabilidade
de novas usinas nucleares. Alm disso, deve-se destacar a experincia acumulada desde os
primeiros grandes acidentes nucleares (Three Mile Island e Chernobyl), os avanos
tecnolgicos, especialmente na rea de reprocessamento e tratamento de rejeitos e a
extenso da vida til dos empreendimentos.
fato indica necessidade de maior articulao e discusso com a populao para que possa
ser definida a estratgia de expanso nuclear no Brasil.
Por fim, h que se ponderar que no existe gerao de energia sem impactos
socioambientais. A escolha da melhor soluo passa por pesar os custos, benefcios e
impactos socioambientais. Adicionalmente, cada empreendimento nuclear submetido ao
licenciamento ambiental e nuclear. No primeiro so avaliados se os impactos
socioambientais gerados pela atividade esto em nveis aceitveis e de acordo com a
legislao vigente. O segundo garante que a implantao do empreendimento no
provoque riscos indevidos para os trabalhadores, a populao e o meio ambiente.
7.2 Benefcios
As usinas termeltricas so largamente empregadas e apresentam caractersticas
tcnicas desejveis, como flexibilidade operacional e menor vulnerabilidade climtica, o
que traz ganhos de confiabilidade ao sistema e confere maior segurana energtica ao
pas.
19 A Eletronuclear, juntamente com o Garta Coppe UFRJ e a EPE, est desenvolvendo um estudo
de localizao de stios nucleares no Brasil baseado em metodologia desenvolvida pelo EPRI
Eletric Power Research Institute. O estudo considera critrios de excluso e evitao de reas
para a seleo de stios, abordando aspectos ambientais, socioeconmicos, de segurana, entre
outros.
NUCLEAR 397
gua, o que impacta na disponibilidade hdrica para outros usos. Cabe destacar,
entretanto, que o uso da gua sujeito outorga, que tem como objetivo garantir os
direitos de acesso aos recursos hdricos pela populao e os diversos usos. O consumo de
gua pode ser minimizado em usinas termeltricas por meio de tecnologias de
resfriamento de baixo consumo de gua, reduo de desperdcios e reuso de gua, ou at
mesmo buscar alternativas como uso de gua salgada.
Nas usinas nucleares em operao hoje no pas, pelo fato de se localizarem no litoral,
utiliza-se gua do mar como fonte fria externa. Neste processo a gua do mar captada,
circula no sistema de resfriamento e devolvida com temperatura mais elevada. Sendo
assim, deve-se controlar e monitorar a temperatura de retorno para no comprometer a
qualidade da gua e afetar a biota no local de despejo.
Outro ponto a ser observado a gerao de efluentes lquidos, que no caso das
termeltricas so representados pela gua de processo e pelo esgoto sanitrio. A gua de
processo, principal descarga, corresponde s purgas do sistema de resfriamento e
arrefecimento/purgas de caldeiras. O lanamento da gua de processo e esgoto sanitrio
sem o devido tratamento pode causar alterao da qualidade do solo e dos cursos d'gua e
interferncia na fauna e flora aqutica. De forma a mitigar esses impactos, estes devem ser
tratados e dispostos adequadamente, respeitando-se os limites impostos pelos padres de
lanamento previstos na legislao ambiental. Alm disso, deve-se monitorar os efluentes
lanados e a qualidade da gua do corpo hdrico receptor.
Produo
Gerenciamento dos resduos slidos
de
Alterao da qualidade do solo e cursos d'gua C/O/PO Tratamento e destinao adequados
resduos
Priorizar, sempre que possvel, o reaproveitamento
slidos
NUCLEAR
399
Tema Impactos Fase Medidas
400
Solidificao, compactao e confinamento em contineres
Alterao da qualidade do solo e dos cursos d'gua especiais
Produo
Efeitos na sade Armazenamento em repositrios licenciados Implementao de
de rejeitos O
Interferncia na flora e fauna medidas, projetos, programas operacionais e procedimentos para
radioativos
Doses externas (efeitos biolgicos no detectveis) minimizao de rejeitos
Monitorao ambiental e radiolgica
ENERGIA TERMELTRICA
Produo
Alterao da qualidade do solo e dos cursos d'gua Realizar o tratamento adequado dos efluentes lquidos
de efluentes O
Interferncia na fauna e flora aqutica Monitoramento dos efluentes lquidos e do corpo hdrico receptor
lquidos
De modo geral, as seguintes etapas esto envolvidas e sero tratadas nesse item:
Enriquecimento de urnio;
Converso de urnio
Na converso, o yellowcake dissolvido e purificado para obter o urnio
nuclearmente puro, que aps convertido para o estado gasoso, hexafluoreto de urnio
(UF6).
Enriquecimento de urnio
O processo de enriquecimento envolve o aumento da concentrao do istopo U-235
no gs de UF6 por meio de separao pela pequena diferena de massa dos istopos U-235
e U-238, produzindo o gs de UF6 enriquecido.
Fabricao de combustvel
Os processos de fabricao do combustvel nuclear variam de acordo com a
tecnologia de reator. De modo geral, o gs de UF 6 sofre reconverso para retornar ao
estado slido e obter p de dixido de urnio (UO2). Em seguida, so fabricadas a pastilhas
de UO2, que aps tratamento so inseridas nas varetas combustveis que constituem o
elemento combustvel.
8 CONSIDERAES FINAIS
De acordo com diferentes estudos, a perspectiva que o consumo de energia
primria no mundo apresente taxas de crescimentos significativas at o final deste sculo,
dependendo de premissas demogrficas, tecnolgicas e econmicas. Vale ressaltar que
esse aumento ser mais expressivo nos pases em desenvolvimento.
No entanto, cada vez mais demandado pela sociedade que esse aumento da oferta
de energia deva ocorra desvinculado do aumento das emisses de gases de efeito estufa.
Apesar de diversas fontes de energia poderem contribuir neste sentido, o seu
desenvolvimento em larga escala enfrenta limitaes econmicas e tcnicas. Dentre estas
cabe ressaltar a gerao termonuclear, tecnologia capital intensivo.
Por outro lado, constitui-se em uma opo capaz de contribuir para a segurana
energtica (operao na base do sistema), dado seu elevado desempenho operacional
(alto fator de capacidade e disponibilidade) e perspectiva de funcionamento por longo
prazo (vida til de at 60 anos), cujo custo de combustvel tem sido pouco suscetvel a
oscilaes, representando certa segurana face volatilidade dos preos do petrleo e do
gs natural no mercado internacional.
NUCLEAR 409
gerao de energia eltrica esto limitados ao valor das reservas brasileiras medidas e
indicadas e definidas, hoje, para um custo de explorao inferior a US$ 40/kg U 3O8 e
inferior a US$ 80/kg U3O8 e recursos para gerao de energia eltrica incluem todas as
reservas medidas, indicadas e inferidas definidas, hoje, para um custo de explorao
inferior a US$ 80/kg U3O8.
Com relao ao consumo de urnio, foi calculado de acordo com dados da INB,
15.000 t de U3O8 por cada nova unidade PWR de 1000MW pelo perodo da vida til (60
anos). A Tabela 24 apresenta a demanda por urnio.
20 Fatores de converso para o custo do combustvel: 3.412.142 Btu/MWh e heat hate de 10.400
Btu/kWh para uma energia produzida de 1000 MWh/kg U3O8.
412 ENERGIA TERMELTRICA
Padronizao da tecnologia;
Opinio pblica.
414 ENERGIA TERMELTRICA
Estes aspectos, somados necessidade de formar nos pas uma indstria pesada que
permita uma maior nacionalizao do parque gerador (o ndice de nacionalizao na
construo das plantas nucleares um requisito que est associado a necessidade de um
maior investimentos em indstria pesada e para a cadeia de suprimentos para as usinas
nucleares), alm da formao tcnico-profissional que suporte esta expanso (recursos
humanos podem representar um problema para o futuro devido idade mdia elevada
dos trabalhadores dos diversos setores da indstria nuclear, associado necessidade de
formao imediata de novos profissionais), a soluo para a questo do gerenciamento
dos rejeitos de alta radioatividade e a tecnologia de reatores que servir de plataforma
NUCLEAR 415
9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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gerao e uso da energia nuclear no Brasil e no mundo. Disponvel em:
http://www.aben.com.br/. Acesso em 10/03/2016.
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Santos, Ricardo Lus Pereira dos. A Energia Nuclear no Sistema Eltrico Brasileiro/
Ricardo Lus Pereira dos Santos Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014.