Lacos de Memoria PDF
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O Editor
Adriano Botelho de Vasconcelos
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INOCNCIA MATA
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LAOS DE MEMRIA E OUTROS ENSAIOS SOBRE LITERATURA ANGOLANA
Se fssemos infinitos
Fssemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece.
Bertold Brecht
15
Laos de memria: a escrita-testemunho como
teraputica na literatura africana os casos de
Angola e da Costa do Marfim*
*
Este texto continua uma reflexo iniciada aquando do Colquio da APLC Associao
Portuguesa de Literatura Comparada, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa:
Memria e Esquecimento: concepo, recepo, intercepo, 20-21 de Janeiro de
2005.
se convoca um passado bem diferente daquele antes textualizado
histrico, no j idealizado. Assim, um dos territrios da enunciao
ps-colonial o desvelamento da continuidade da lgica colonial
de dominao, agora internalizada, para alm dos inter-
relacionamentos global/local nas relaes internas transversais, que
cruzam o interior destas sociedades. Este deslocamento do olhar
para o interior, para as relaes de poder internas torna-se, neste
contexto, um dos critrios configuradores da esttica ps-colonial,
caracterizada pela persistncia dos muitos efeitos da colonizao e,
ao mesmo tempo, por seu deslocamento do eixo colonizador/
colonizado ao ponto de sua internalizao na prpria sociedade
descolonizada (Hall, 2003: 110).
o que acontece em Maio, Ms de Maria (1997), do angolano
Boaventura Cardoso, e Al no Obrigado (2000), do costa-
marfinense Ahmadou Kourouma. Nestes romances, os autores
ultrapassam os limites do passado reinventado e falam de factos
histricos: no primeiro caso, o quotidiano de represso e medo que
se seguiu tentativa de golpe de estado de 27 de Maio de 1977; no
segundo caso, a memria das crianas-soldados da Libria e da
Serra Leoa que, abandonadas de afecto, vive(ra)m um quotidiano
terrvel amenizado pelo sonho de terem nas mos dlares americanos
e uma kalashnikov! Em ambos os casos, ferozes fbulas polticas
sobre uma frica muito real, portanto na contramo do discurso
celebrativo de que se fez a nao literria, anterior nao cultural e
cvica.
So factos histricos recentes de que os destinadores e sujeitos
so internos, e no j o outro: no primeiro caso, Maio, Ms de Maria,
trata-se do clima de angstia e medo, engendrado pela aco da polcia
de segurana do Estado de Angola, a DISA, clima que se seguiu ao
27 de Maio de 1977, quando uma faco do MPLA, que ficou
conhecida como fraccionista, ensaiou um golpe de Estado, no
sucedido: seguiram-se perseguies nocturnas, prises, torturas,
execues sumrias, valas comuns e desaparecimentos e, embora
poucas famlias angolanas tivessem escapado angstia de no terem
podido fazer o luto dos filhos, este episdio ainda um vazio no
discurso historiogrfico angolano, apesar de ser cada vez menos
silenciado no discurso poltico e afectivo dos agentes sociais; no
segundo caso, Al no Obrigado, a memria do inferno que
foram as guerras tribais dos anos 90, na Libria e na Serra Leoa, em
que meninos de 7-14 anos eram recrutados e iniciados em rituais de
sangue para engrossarem exrcitos criminosos em guerras fratricidas
e no despiciendo o facto de, no Brasil, o tradutor ter optado
pelo ttulo Al e as Crianas-soldados1: guerras levadas a efeito pelos
senhores da guerra nacionais, com a cumplicidade e o
protagonismo dos pases vizinhos e da (dita) Comunidade
Internacional, que o guineense Carlos Lopes define, na esteira de
Joo Cravinho2, como projeco antropomrfica de uma entidade
imaginria por detrs daquilo que se pensa ser um consenso ou a
opinio preponderante sobre determinado tema (2005: 6). Esta
narrativa, em enunciao em primeira pessoa, desenvolve-se atravs
de percursos de vrias crianas que, abandonadas de afecto e de
proteco familiar e social, se tornaram crianas-soldados, vivendo
um quotidiano terrvel amenizado pela sensao de poder que lhes
do uma kalashnikov nas mos, dlares americanos nos bolsos e um
lder-pai, pois, como diz Birahima, o menino narrador,
1
Ahmadou Kourouma, Al e as Crianas-soldados, So Paulo, Estao Liberdade, 2003
[Traduo de Flvia Nascimento].
2
O autor refere-se ao seguinte livro de Joo Gomes Cravinho: Vises do Mundo. As
Relaes Internacionais e o Mundo Contemporneo, Instituto de Cincias Sociais, Lisboa,
2002.
3
A traduo portuguesa optou, incompreensivelmente, pelo plural crianas-soldado.
As duas narrativas, quais relatos testemunhais, so percursos de
personagens que funcionam como metonmias de existncias
africanas; ambas se erigem em relatos que actualizam estratgias
completamente diferentes embora coincidam no facto de serem
movimentos temporais retrospectivos que relatam eventos anteriores
ao seu incio (Reis, 1994: 29), num gesto que activa a memria do
narrador omnisciente (Maio, Ms de Maria) e de Birahima, o menino-
narrador (Al no Obrigado). No primeiro caso, o incio da narrativa
cuja primeira sequncia (todo o primeiro captulo) a missa
(totalmente carnavalizada, mais parecendo uma sesso de exorcismo),
que culmina com a morte do protagonista, Joo Segunda, e da cabra
Tulumba (in absentia) conduz o leitor pelos meandros do passado
remoto e recente da personagem, um velho assimilado negro,
seduzido pelas benesses da colonizao e cptico da independncia,
at aos estertores do colonialismo e aos dois primeiros anos da
independncia marcados por uma inexorvel dinmica:
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Ahmadou Kourouma, Ahmadou Kourouma: contra regimes totalitrios. Entrevista
a Ana Paula Conde, publicada na seco Cultura-e do site do Banco do Brasil, no dia
20 de Outubro de 2003, mas retirada da publicao Tempestade Comunicao.
6
Entretien. Le Franais dans le Monde, nr. 89, mars, 2001.
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Existem outros exemplos de discurso do tipo frequentativo, mas so de natureza
repetitiva, que no acrescentam, em termos de mais-valia semntica, significao
textual. Dois exemplos: Al no obrigado a ser justo em todas as coisas desta terra. E
pronto. Ou Al , na sua imensa bondade, nunca deixa vazia uma boca que criou.
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Maio, Ms de Maria
as guas da memria em movimento*
O passado traz consigo um ndice
misterioso, que o impele redeno.
Walter Benjamin
*
Rita Chaves, Tania Macdo & Inocncia Mata (Org.), Boaventura Cardoso a Escrita
em Processo, S. Paulo, Alameda/Unio dos Escritores Angolanos, 2005.
8
Ver: Inocncia Mata, Literatura angolana: fices e realidades um olhar diacrnico
(1997). Literatura Angolana, Silncios e Falas de uma Voz Inquieta, Luanda, Kilombelombe,
2001.
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Inocncia Mata, Maio, Ms de Maria um livro que fala da histria atravs da
religio. Mar Alm Revista de Cultura e Literatura dos Pases Africanos de Lngua
Oficial Portuguesa, n. 1 Fevereiro de 2002 (Lisboa), pp. 133-134.
10
A frase de Fleishman Everybody knows what a historical novel is. The English
Historical Novel Walter Scott to Virginia Woolf, Baltimore/London, The Johns Hopkins
Press, 1971.
11
Sobre os modelos de explicao historiogrfica, ver: Hayden White, Trpicos do
Discurso: Ensaios sobre a Crtica da Cultura, So Paulo, Edusp, 1994.
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Entendo aqui por mediao, na esteira de Fredric Jameson, o termo dialctico
clssico entre a anlise formal de uma obra de arte e o seu cho social, ou entre a
dinmica interna da estrutura esttica e a base scio-poltico-econmica, isto , a
relao entre nveis e instncias e a possibilidade de adaptao das anlises e descobertas
de um nvel para outro (Fredric Jameson, O Inconsciente Poltico: a Narrativa como Acto
Socialmente Simblico, So Paulo, Editora tica, 1992, p. 35).
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Professor congols (Congo-Kinshasa), em conferncia na FLUL, no dia 27 de Outubro
de 1997.
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As frases
ficaram simples para que atravs de uma senha
se entenda como fomos hbeis em usar das cobras
as sombras at para nas gavetas anularmos
o nome dos irmos.
Assim,
acreditando na utilidade
desta aritmtica da morte,
se finaram os meus amigos,
precoce e nobremente
mas sem construir
o sonho que lhes soprava a vida.
Apenas me legaram
este dever de memria!...
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(...)
Devo dizer-vos que
a memria no azeda,
luz e necessidade vital
da nossa identidade,
no traz po boca
das novas geraes!
(Bonavena, 2003: 24-25)
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Laura,
Companheira de jangada.
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*
Este texto continua e amplia a conferncia proferida na Fundao Luso-Americana
para o Desenvolvimento, em Lisboa, no dia 19 de Outubro de 2000, por ocasio do
encontro com Pepetela, subordinado ao tema Cultura do Desenvolvimento, Cultura
e Desenvolvimento, Desenvolvimento da Cultura.
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Fao aqui uma rpida mas talvez necessria diferenciao entre crtica e recepo:
esta, a recepo, refere-se anlise e ao destino histrico da obra, isto , como uma
obra e o seu autor foram recebidos ao longo de uma determinado espao-tempo;
enquanto a crtica pode ler-se, segundo Franco Meregalli, como uma recepo que
utiliza a leitura como uma operao ulterior (Locha Mateso, La Littrature Africaine et
sa Critique, Paris, AC.C.T./ditions Karthala, 1986, p. 8).
15
interessante Pepetela afirmar, a propsito deste romance, t-lo escrito para discutir
consigo prprio certos temas. Cf. Inocncia Mata, Pepetela e seus leitores estudantes
estrias (histricas) que ficam por contar. Revista frica Hoje (Lisboa), Novembro
de 1997.
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Apud Helen Tiffin, Post-colonial Literatures and Counter-discourse. Bill Ashcroft,
Gareth Griffiths & Helen Tiffin (ed.), The Post-colonial Studies Reader, London and
New York, Routledge, 1995.
17
A esta lista devem ser acrescentados hoje: Jaime Bunda, Agente Secreto (2001),
Jaime Bunda e a Morte do Americano (2003) e Predadores (2005).
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Na reordenao da distopia,
a seduo da histria
A obra de Pepetela assinala, nesta procura de um outro modo de
escrever o pas, uma novidade que o romancista assume: a recorrncia
Histria para a compreenso e a gesto do presente, como a
corroborar Ngugi Wa Thiongo em palavras que resgato da epgrafe:
Falo do passado principalmente porque estou preocupado com o
presente (Thiongo, 1988). E o presente hoje faz-se de uma grande
preocupao da intelligentzia, aquela que une as sensibilidades, e
que , paradoxalmente, aquela que parece desuni-las: a construo
da nao. O prprio escritor interroga-se em entrevista autora deste
texto:
Ser que se pode hoje falar de Angola
como uma nao? Ou apenas um projecto de nao?
Ou ainda menos do que isso? Ora, a Histria ajuda a
enquadrar este problema e talvez at tenha algumas
respostas. Um pas que tem estado em guerras cruis
constantes e no se fraccionou (nem parece ter
tendncia para isso) porque tem algum cimento
muito forte a lig-lo. A questo : de onde veio esse
cimento?
H evidentemente outros factores, at de
ordem poltica, mas sem dvida que a Histria tem
peso nesse processo. E neste caso pode dizer-se que
ideolgico considerar-se o passado como fonte de
conhecimento do presente. (Pepetela, 1999: 114)
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Harry Shaw, The Forms of Historical Fiction Sir Walter Scott and his Successors,
Ithaca & London, Cornell University Press, 1983.
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No s curiosidade v, eu tenho
sentido da Histria e da necessidade de a
alimentar, embora os padres e outros europeus
digam que no temos nem sabemos o que
Histria
(...)
Assim se perderam todos os
documentos da conquista e fundao da cidade e
todos os mambos e makas que aconteceram nesses
anos todos at chegada dos malufos. Depois somos
ns que no temos sentido da Histria, s porque
no sabemos escrever. Eu, pelo menos, sinto grande
responsabilidade em ver e ouvir tudo para um
dia poder contar, correndo as geraes, da mesma
maneira que aprendi com outros o que antes
sucedeu. (AGF: 1997: 120-121).
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o que acontece em Estao das Chuvas (1996) de Jos Eduardo Agualusa, ou Os
Anes e os Mendigos, de Manuel dos Santos Lima, e at em alguns dos pequenos contos
de Da Palma da Mo (1998), de Manuel Rui (que logo no incio nos baralha com a
advertncia de que Isto [os contos] a realidade e qualquer semelhana com a fico
mera coincidncia, recuperando um jogo com a verdade, tpico da estrias luandinas,
que o prprio Pepetela havia j resgatado em O Co e os Calus).
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Palestra proferida na 3 edio da Festa da Lngua Portuguesa Encontro com
escritores distinguidos com o Prmio Cames. Cmara Municipal de Sintra, 7-9 de
Maio de 2001. Publicado em: Rita Chaves & Tania Macedo (Org.), Portanto... Pepetela,
Luanda, Edies Ch de Caxinde, 2002.
23
Velho Joo em Mensagem, Casa dos Estudantes do imprio, Lisboa, ano XIV, n 2.
Artur C. Pestana, Artur Pestana ou Carlos Pestana publicou ainda alguns poucos
contos: As cinco vidas de Teresa. Garibaldino de Andrade e Leonel Cosme (Org.),
Novos Contos dfrica, S da Bandeira, Col. Imbondeiro, 1962; A revelao. Joo
Alves das Neves, Poetas e Contistas Africanos, Porto Alegre, 1963.
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Events happen, facts are constituted by linguistic description. Hayden White,
Figuring the nature and times deceased: literary theory and historical writing. Ralph
Cohen, The Future of Literary Theory, New York/London, Routledge, 1989, p. 35.
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Mas compulsemos ambos os finais com o de A Gerao da Utopia: apesar da
possibilidade de reinicializao que o final sugere, a sesso carnavalizante do culto da
Igreja da Esperana e Alegria do Dominus, com a participao, cumplicidade e
patrocnio de Malongo (empresrio) e Vtor (poltico), metonmias dos novos mandantes
do pas, metfora de um novo ciclo em que os dois poderes esto de mo dadas no
aproveitamento do vazio que a realidade criou no esprito do povo. E essa aliana,
Anbal, o Sbio, considera-a catastrfica, j em 1992. E hoje, mais de uma dcada
depois?!
27
interessante notar que a autoria desta Histria de Angola annima, pois tratando-
se de uma trabalho de equipa, os nomes dos autores no vm indicados o que refora
ainda mais o alcance mtico deste grande relato da nao angolana.
28
Conferncia sobre Direito, Democracia, Cidadania, organizada em Luanda pela
Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, de 2 a 4 de Maio de 2001.
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A entrevista foi para o ar no dia 15 de Janeiro e comeou a circular na internet no dia 16.
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Angolense, Luanda, 27 de Janeiro a 03 de Fevereiro de 2001.
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Interessante neste contexto a conversa entre Lueji e o irmo Chinyama sobre a
ideia de Tchinguri acerca do exrcito e do povo ideias perigosas para os Tubungo,
como considerou a prpria Lueji (Lueji, 1989: pp. 162-165).
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Publicado nos Estados Unidos, em ingls, na RAL (Research in African Literature),
com o ttulo: Under the sign of a projective nostalgia: Agostinho Neto and Angolan
post-colonial poetry (no prelo).
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1974
Quimbanguleiros32 de todos os muceques erguem o
verde
despertar das cidades
com blindagens de leo palma
no eco encardido das ndegas
1994
Nossas crianas roem os dentes
neste cu etlico de balas perfumadas
2004
Nossa Senhora Santa Ana da Muxima
ainda marmoriza o pas do rio Bengo
mas os deuses j no escarram mais o mel
da angstia em nossas bocas de papel
32
Quimbanguleiros eram estivadores das construes dos grandes edifcios do tempo
colonial. Eram operrios no qualificados que misturavam o cimento areia e
transportavam a argamassa, os tijolos e outros materiais pelos andares acima da a
kimbangula (carregar s costas). Ao lado de cada edifcio e construo, as mulheres dos
bairros pobres chegavam para instalarem as suas cozinhas, paneles e carvo, para
venda de funge com peixe de leo palma, por um preo muito mdico, altura do
bolso do kimbanguleiro da a expresso com blindagens de leo palma/no eco
encardido das ndegas.
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Amanh
entoaremos hinos liberdade
quando comemorarmos
a data da abolio desta escravatura
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tristezas os olhos
de onde me olhas
detrs de um tempo passado,
o tempo das promessas antigas.
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Importante zona mineira no municpio da Jamba, no interior da provncia da Hula
(zona fronteiria, entre as provncias da Hula e do Kunene), pertencente Companhia
Mineira do Lobito. O ferro era escoado pelo Porto do Namibe (ex-Momedes),
especialmente construdo para esse efeito, e onde hoje existe o projecto de um Terminal
Mineralfero.
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Os filhos de Eva
no tm a memria do den.
Foi com o silncio
que a serpente se fez pagar.
Eles passam por ela indiferentes
e
caminham sem retorno.
Nem a solido de Eva
nem o pranto de Ado
lhe arrepiam os passos.
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As cores esto
na natureza.
O mundo no
a preto e branco.
(MAD, As cores esto l)
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Subsarianos somos
sujeitos subentendidos
subespcies do submundo
subalimentados somos
surtos de subepidemias
sumariamente submortos
do subdlar somos
subdesenvolvidos assuntos
de um sul subserviente.
Velho negro
Vendido
e transportado nas galeras
vergastado pelos homens
linchado nas grandes cidades
esbulhado at ao ltimo tosto
humilhado at ao p
sempre sempre vencido
E forado a obedecer
a Deus e aos homens
perdeu-se
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Perdeu a ptria
e a noo de ser
Reduzido a farrapo
macaquearam seus gestos e a sua alma
diferente
Velho farrapo
negro
perdido no tempo
e dividido no espao!
Ao passar de tanga
com o esprito bem escondido
no silncio das frases cncavas
murmuram eles:
Pobre negro!
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A viso de ptria de Lima Barreto (1881-1922), num texto publicado precisamente
em 1961 (ano do incio da luta armada em Angola), sintetiza aquela que eu gostaria de
expressar como relevando da poesia angolana contempornea. Cito-a por isso:
(...) a Ptria, esse monstro que tudo devora, continuava vitoriosa nas idias dos
homens, levando-os morte, declarao, misria, para que, sobre a desgraa de
milhes, um milhar vivesse regaladamente, fortemente ligados num sindicato macabro.
Afonso Henriques Lima Barreto, Numa e a Ninfa. Obras Completas, volume III, So
Paulo, Editora Brasileira, 2 edio, 1961, p. 226.
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******
Guardo a memria do tempo
em que ramos vatwa,
os dos frutos silvestres.
Guardo a memria de um tempo
sem tempo
antes da guerra,
das colheitas
e das cerimnias.
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A me chegou
no estava sozinha
o cesto que trazia
no estava bem acabado
a me chegou
no tinha as tranas direitas
a me chegou e o pano que trazia
no estava bem alinhado
a me chegou com olhos maduros
os olhos da me
no olhavam
na mesma direco
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a me chegou
e no era ainda o tempo
do po do leite azedo
e das crianas.
A me chegou e a fala que trazia
no estava bem preparada
a me chegou
sozinha
com as falas da desgraa da misria do leite fermentado e
do barulho.
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Considero apenas Retrato das Mos, que um dos dois segmentos do livro Festa da
Monarquia (2001), de Joo Maimona (o outro precisamente Festa da Monarquia). Na
verdade, as duas partes no constituem um conjunto, antes funcionando de per si, ideia
que at o prprio autor pareceu perfilhar ao solicitar prefcios diferentes para cada
uma. Quando fiz o prefcio de Retrato das Mos, fi-lo para um livro de poesia, Retrato
das Mos; desconhecia que o livro seria parte de uma publicao, Festa da Monarquia.
Parece-me que a publicao conjunta se deveu, apenas, a um exerccio de engenharia
financeira.
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*
Este ensaio continua a minha leitura apresentada durante a cerimnia de lanamento
do livro Tbua decorrida no Centro Cultural Portugus de Luanda, em Junho de 2004.
A sair em: Portuguese Literary and Cultural Studies, vol. 15: Remembering Angola,
Editor: Victor Mendes; Guest Editor: Phillip Rothwell, published by Center University
of Massachusetts Dartmouth (2006).
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1. Transmutaes da alma na
poesia de Botelho de Vasconcelos
Os heris so as memrias das nossas/tragdias. (p. 92)
Disse uma vez o escritor brasileiro Manoel de Barros que no
gostava de palavra costumada (1997: 71) palavra de efeito
previsvel, conhecido, consensualmente partilhado; palavra de efeito
consensual e no problematizante; palavra que, mesmo que nomeie
a realidade, no a interrogue e a invective; enfim, palavra que no
produza efeito tico e performativo, isto , que no leve aco.
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e dissensos ptrios:
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36
Quando o original deste livro me chegou s mos para prefcio, ainda tinha como
ttulo Olmias, ttulo que o autor aproveitou para o livro seguinte: Olmias (Luanda,
UEA, 2005).
37
Inocncia Mata, Invectivando o silncio: a Luz revitalizadora. Prefcio a Tbua,
op. cit., pp. 11-16.
38
Entrevista de Botelho de Vasconcelos a Aguinaldo Cristvo: Vasconcelos: onde
exista uma injustia social estar sempre presente a pena dos poetas. Vasconcelos &
Aguinaldo Cristvo, Discursos & Entrevistas & Ensaio, ABV, Grfica EAL Inserto do
livro Tbua.
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Um deus que tambm erra, luz, fogo, mo, trigo, terra, barro,
hmus, mortos que (j) podem falar, numa insistncia na imagtica
revitalizante e de reconverso do desencanto e do desfazer das
incertezas. Alis, os elementos primordiais Luz (Ar), Fogo, Terra,
gua nas suas verses metonmicas so o leitmotiv deste relato da
revitalizao qual, antes, relato de nao , em inmeros poemas,
como, por exemplo, neste Oh! luz que foi descansar na lagoa para
fazer o espelho ou essoutro Oh! luz que veio por detrs do teu
corpo como, entre muitos outros... O poema tambm labora, no
seu percurso de significao, contra o monolitismo ideolgico e
identitrio da utopia que se constituiu sob imperativos nacionalistas
e, por urgncia performativa, se fez panfletria, com palavras
desempregadas de tertlias e poetas sem cais e assim vigorou durante
o perodo de consolidao da nacionalidade poltica:
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As frases
ficaram simples para que atravs de uma senha
se entenda como fomos hbeis em usar das cobras
as sombras at para nas gavetas anularmos
o nome dos irmos. (p. 94)
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Ngonga o osso dos espritos (p. 52), para que cada uma (runa,
segundo Klee, ou osso, segundo o Velho Kinga) funcione no corpo
reconstitudo do passado:
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39
Alexandre Potebnia, Notas sobre a teoria literria. Apud Vtor Chklovski, A arte
como procedimento. AAVV, Teoria da Literatura: Formalistas Russos (1976), Porto
Alegre: Editora Globo, 3 edio, p. 39.
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A cicatriz delicada
como se tivssemos que olhar para a memria
com uma outra escolha e astcia.
(...)
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INOCNCIA MATA
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*
Expresso da prpria (Ana) Paula Tavares escrita na dedicatria ao livro Ex-Votos
(2003), oferecido autora deste texto: Para a Cency, que tem a cincia dos lugares
(...). Texto lido na cerimnia da entrega do Prmio Mrio Antnio 2004, da Fundao
Calouste Gulbenkian. Publicado em: Revista Ecos Literatura & Lingustica. Instituto
de Linguagem da UNEMAT Universidade do Estado do Mato Grosso (Cceres).
Estudos Portugueses e Africanos: Memria, Sujeito e Ensino de Lnguas. Agosto de
2004-Jan. 2005, Ano III, n 3.
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(As vivas)
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LAOS DE MEMRIA E OUTROS ENSAIOS SOBRE LITERATURA ANGOLANA
A me chegou
no estava sozinha
o cesto que trazia
no estava bem acabado
a me chegou
no tinha as tranas direitas
a me chegou e o pano que trazia
no estava bem alinhado
a me chegou com olhos maduros
os olhos da me
no olhavam na mesma direco
a me chegou
e no era ainda o tempo
do po do leite azedo
e das crianas.
A me chegou e a fala que trazia
no estava bem preparada
a me chegou
sozinha
com as falas da desgraa da misria do leite fermentado e
do barulho.
(A me)
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LAOS DE MEMRIA E OUTROS ENSAIOS SOBRE LITERATURA ANGOLANA
(...)
A me preparou as palavras devagarinho
mas o que saiu da sua boca
no tinha sentido.
A me olhou as entranhas com tristeza
espremeu os seios murchos
ficou calada
no meio do dia.
(A me e a irm)
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INOCNCIA MATA
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LAOS DE MEMRIA E OUTROS ENSAIOS SOBRE LITERATURA ANGOLANA
Espigas
espigas brotam do Sahel
pioneiras da liberdade
a caminhar sem cautela
pela floresta carregada de espinhos
Amlia Dalomba
*
Publicado no Semanrio Angolense (Luanda), n 102, 4-11 de Maro de 2005.
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INOCNCIA MATA
Ou em Um grito+1:
Desafio-te
ao duelo da vida
tu
que tocas assduo
minha porta
com a lngua
flamejante de blasfmias
Um cristo
em cada
crucifixo
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LAOS DE MEMRIA E OUTROS ENSAIOS SOBRE LITERATURA ANGOLANA
(...)
sombra do coqueiro
deliram os ancios
defecaram onde comeram
e os sapos
os sapos
tomaram dos poetas
o lugar
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LAOS DE MEMRIA E OUTROS ENSAIOS SOBRE LITERATURA ANGOLANA
Espigas
espigas brotam do Sahel
pioneiras da liberdade
a caminhar sem cautela
pela floresta carregada de espinhos
(Espigas do Sahel)
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*
Este texto retoma algumas ideias da recenso da obra The Serial Killer e Outros Contos
Risveis ou Talvez No publicada na Revista Metamorfoses: Revista da Ctedra Jorge de
Sena para estudos Literrios Luso-Afro-Brasileiros/UFRJ (Rio de Janeiro), n 6,
Editorial Caminho e Ctedra Jorge de Sena, Agosto de 2005.
40
Joo Melo autor dos seguintes livros de poesia: Definio (1985), Fabulema (1986),
Poemas Angolanos (1989), Tanto Amor (1989), Cano do Nosso Tempo (1991), O Caador
de Nuvens (1993), Limites e Redundncias (1997) e A Luz Mnima (2004). Em 1991
publicou o ensaio Jornalismo e Poltica.
41
J as primeiras provas tipogrficas estavam a ser revistas quando foi lanado o quarto
livro de contos do autor, No Dia em que o Pato Donald Comeu pela Primeira Vez a
Margarida (Lisboa, Editorial Caminho, 2006).
42
Esta obra no ser considerada neste ensaio crtico porque j foi objecto de um
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INOCNCIA MATA
estudo anterior (cf. Inocncia Mata, Literatura Angolana: Silncios e Falas de uma Voz
Inquieta, Lisboa, Mar Alm/ Luanda, Kilombelombe, 2001).
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de Letras, Artes & Ideias, Pires Laranjeira ter intitulado o seu texto
da seguinte forma: De ir s lgrimas43!
Depois da guerra (que acabou em 2002), pensa-se que a
reconstruo, de que tanto se fala, seja tambm do homem angolano:
assim, The Serial Killer, o livro seguinte que, estranhamente, tem
como subttulo romance44, opera uma outra esta pequena
viragem: no existe, como nos outros dois livros anteriores, uma
unidade temtica, embora continue a ser uma escrita de escalpelizao
da situao sociopoltica angolana, num contraste, tipicamente
carnavalizante, entre a absurda lgica interna dos contos, como no
conto homnimo, e a fora libertadora da linguagem. Isso faz com
que muitas vezes a(s) narrativa(s) manifeste(m) incapacidade de se
manter(em) dentro dos limites das hiprboles cmicas, tornando as
situaes, ainda que inverosmeis externamente, absurdamente
verosmeis e a experincia da verosimilhana, diz-nos Propp,
uma das condies de comicidade (Propp, 1992: 204). O que
comeara por ser ridculo transforma-se em absurdo e essa
ultrapassagem dos limites, por causa da sua alogicidade, por vezes
esvazia a comicidade que comeara a desenhar-se, mesmo mantendo
uma forte inteno satrica.
Diferente , pois, este The Serial Killer, embora perfeitamente
enquadrado na dinmica exacerbante do autor, que chega pardia
entendida por Linda Hutcheon como uma repetio com distncia
crtica que permite a indicao irnica da diferena no prprio mago
da semelhana (1991: 47). Assim, pela pardia se revelam a
inconsistncia interior, o nonsense e o desfasamento que existe entre
os traos exteriores e o contedo interior. Nada escapa, nestes contos,
sanha satrica do autor que se manifesta em vozes narrantes to
verrinosas quanto possuidoras de uma cruel conscincia histrica:
43
JL Jornal de Letras, Artes & Ideias (Lisboa), 823 17 de Abril de 2002, p. 23.
44
Em entrevista a Aguinaldo Cristvo (ver bibliografia), o autor diz tratar-se de uma
gralha. S-lo- certamente, pois, embora diferente do anterior (como se ver), este
livro nada tem de contaminao deste gnero. Entrevistas. www.uea-angola.org
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45
Pires Laranjeira, A farra de bem contar. JL Jornal de Letras Artes & Ideias (Lisboa),
n 873, 17 de Maro de 2004, p. 22.
46
Joo Melo, O escritor deve ter a liberdade de escrever sobre tudo e da maneira que
entender. Entrevista de Aguinaldo Cristvo. Op. Cit.
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47
Identidade/ cor/ de burro fugindo, do livro de poesia Angola Angol Angolema
(1976), da autoria de Arlindo Barbeitos, que serve de epgrafe a Filhos da Ptria.
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Parece-me que o destino desta palavra se aproxima dessoutra indgena, que
ganhou, durante o sistema colonial portugus (particularizado pela poltica do
assimilacionismo cultural), uma carga estigmatizante, ainda hoje visvel em algum
discurso, mesmo de africanistas...
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Bibliografia literria:
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INOCNCIA MATA
1997
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de Caxinde, 2000
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Edies 70, 1979
PEPETELA, As Aventuras de Ngunga (1973), Lisboa, Edies 70,
1976
PEPETELA, Muana Pu, Lisboa, Edies 70/Luanda, Unio dos
Escritores Angolanos, 1978
PEPETELA, A Revolta da Casa dos dolos, Lisboa, Edies 70/
Luanda, Unio dos Escritores Angolanos, 1980
PEPETELA, O Co e os Cals, (1985), Luanda, Unio dos Escritores
Angolanos, 1988
PEPETELA, Mayombe (1980), Luanda, Unio dos Escritores
Angolanos, 3 edio, 1985
PEPETELA, Yaka, (1984), Lisboa, Edies 70/Luanda, Unio dos
Escritores Angolanos, 2 edio, 1985
PEPETELA, Lueji: o Nascimento dum Imprio, Luanda, Unio dos
Escritores Angolanos, 1989
PEPETELA, A Gerao da Utopia, Lisboa, Publicaes Dom
Quixote, 1992
PEPETELA, O Desejo de Kianda, Lisboa, Publicaes Dom
Quixote, 1995
PEPETELA, Parbola do Cgado Velho, Lisboa, Publicaes Dom
Quixote, 1996
PEPETELA, A Gloriosa Famlia: o Tempo dos Flamengos, Lisboa,
Publicaes Dom Quixote, 1997
PEPETELA, A Montanha da gua Lils. Fbula para Todas as Idades,
Lisboa, Publicaes Dom Quixote, 2000
SANTOS, Aires de Almeida, Meu Amor da Rua Onze, Luanda,
Unio dos Escritores Angolanos, 1987
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