Utilização de Fitoterapia No Tratamento e Prevenção Da Doença de Parkinson - Márcia Santos MICF 36306
Utilização de Fitoterapia No Tratamento e Prevenção Da Doença de Parkinson - Márcia Santos MICF 36306
Utilização de Fitoterapia No Tratamento e Prevenção Da Doença de Parkinson - Márcia Santos MICF 36306
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Universidade do Algarve
Faculdade de Cincias e Tecnologia
Departamento de Qumica e Farmcia
Monografia
Mestrado Integrado em Cincias Farmacuticas
Orientando:
Mrcia Romeira dos Santos
Orientador:
Prof Dr Maria da Graa Costa Miguel
ii
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Declaro ser o autor deste trabalho, que original e indito. Autores e trabalhos
consultados esto devidamente citados no texto e constam da listagem de referncias
includa.
iii
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Agradecimentos:
Epgrafe:
Education is the most powerful weapon which you can use to change the
world.
Nelson Mandela (1918-2013), Nobel da Paz em 1993, lder, advogado e presidente da
frica do Sul
iv
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
ndice
Lista de Abreviaturas viii
ndice de Tabelas xi
ndice de Figuras xii
1. Resumo/Abstract xiii
2. Introduo 1
3. Fisiopatologia da Doena de Parkinson 2
4. Etiologia da Doena de Parkinson 3
5. Sintomas 9
5.1- Sintomas Motores 9
5.2- Sintomas Sensitivos 10
5.3- Sintomas Disautonmicos 10
5.4- Sintomas Psiquitricos 10
5.5- Outros Sintomas 11
6. Progresso da Doena Consoante os Diferentes Estgios 12
6.1- Estgios 1 e 2 12
6.2- Estgios 3 e 4 13
6.3- Estgios 5 e 6 13
7. Diagnstico Clnico da Doena de Parkinson 14
8. Tratamento Farmacolgico na Doena de Parkinson 16
8.1- Levodopa 17
8.2- Inibidores da MAO B 23
8.3- Anticolinrgicos 25
8.4- Agonistas da Dopamina 26
8.4.1- Efeitos Adversos dos Agonistas da Dopamina 28
8.5- Inibidores da COMT 29
8.6- Amantadina 31
9. Modificaes genticas a nvel neuronal/Transplante celular na doena de
Parkinson 31
10. Fitoterapia na Doena de Parkinson 35
10.1- Utilizao da Fitoterapia como Monoterapia 35
10.2- Utilizao da Fitoterapia como Terapia Adjuvante 35
v
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.21- Pimenta 60
12.22- Poligala 61
12.23- Polygonum 61
12.24- Psoralea 62
12.25- Pueraria 62
12.26- Rhodiola 63
12.27- Salvia 63
12.28- Scutellaria 63
12.29- Tripterygium 64
13. Patentes que contm formulaes com misturas de extratos 64
13.1- Ayahuasca 66
14. Outros Compostos Utilizados para o Tratamento da Doena de Parkinson 68
14.1- L- ergotioneino 68
14.2- Toxina Botulnica 69
15. Outros Efeitos Estudados nas Plantas 69
16. Concluses Finais 70
17. Referncias Bibliogrficas 72
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Lista de Abreviaturas
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
TSG- 2,3,4',5-tetrahydroxystilbene-2-O--d-glucoside
UK- United Kingdom
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
ndice de Tabelas
Tabela 4.1- Protenas associadas ao aparecimento da doena de Parkinson e respetivas patologias associadas
Tabela 5.4.1 - Tratamento na doena de Parkinson consoante certos sintomas (psiquitricos e autonmicos)
Tabela 12.5.1- Efeito da utilizao de Cannabis sativa nos sintomas gerais da doena de Parkinson
Tabela 12.5.2- Efeito da utilizao de Cannabis sativa nos tremores caractersticos da doena de Parkinson
Tabela 12.5.3- Efeito da utilizao de Cannabis sativa na bradicinesia caracterstica da doena de Parkinson
Tabela 12.5.4- Efeito da utilizao de Cannabis sativa na rigidez caracterstica da doena de Parkinson
Tabela 13.1- Efeitos teraputicos das diversas plantas estudadas na Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
ndice de Figuras
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
1. Resumo/Abstract
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
xiv
2. Introduo
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Foi no ano de 1912 que foram descritos pela primeira vez os corpos de incluso
como sinal de doena de Parkinson, por Friedrich Heinrich Lewy, designando-se por
este motivo, corpos de Lewy. Muitas mais descobertas relacionadas se fizeram desde
ento e, atualmente, sabe-se que estes corpos so agregados constitudos por -
sinuclena e ubiquitina, que se localizam no interior dos neurnios. Apenas em 2007 se
esclareceu que estes corpos no causam a doena em si mas sim os seus sintomas
(Wakabayashi et al., 2007).
A perda das clulas anteriormente mencionadas na substncia nigra foi
verificada por Tretiakoff em 1919 e s muito mais tarde, em 1986, que se estabeleceu,
devido aos estudos feitos por Jellinger, que a doena de Parkinson consiste na perda de
neurnios a nvel da substncia nigra pars compacta, podendo a perda ser unilateral ou
assimtrica, podendo estas perdas ocorrer tambm no ncleo dorsal do vago, no locus
coeruleus e no ncleo basal de Meynert. Em 82 a 100% dos casos, os depsitos dos
corpos de Lewy encontram-se em vrios ncleos aminrgicos localizados em regies
subcorticais e medulares, bem como no crtex cerebral e na cadeia ganglionar simptica
(Werneck, 2010).
Atualmente, sabe-se tambm que no apenas a perda neuronal a nvel do
sistema dopaminrgico, a responsvel pelo aparecimento sintomtico caracterstico
desta patologia. Por exemplo, a nvel do sistema noradrenrgico, verifica-se que existe
2
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
seus mecanismos tm apenas que ver com o facto de, no caso da doena espordica, esta
ter a si associado o aparecimento dos corpos de Lewy, que so na sua maioria
constitudos por -sinuclena (Jankovic et al., 2007).
Pode tambm surgir o caso de a mutao ser uma multiplicao do gene
codificante da -sinuclena. Nesta situao o fentipo tambm autossmico
dominante. Estudos levados a cabo para inferir as alteraes em termos fenotpicos,
levaram a concluir que no caso de pessoas com duplicao do gene, a doena aparecia
perto dos 48 anos, ao passo que pessoas com quatro cpias do gene tinham a doena por
volta dos 38 anos, ou seja, quanto maior a expresso em termos de -sinuclena, mais
tendncia ter o indivduo em manifestar a doena numa idade mais jovem (Jankovic et
al., 2007).
Quanto a DJ-1, parkin, PINK1 e ATP13A2, estes sofrem mutaes de perda de
funo maioritariamente, causando parkinsonismo a nvel hereditrio recessivo, cujo
aparecimento surge geralmente com menos de 40 anos (Lees et al., 2009).
As mutaes a nvel do gene parkin so as segundas mais comuns, sendo que as
dos outros trs genes so bastante raras. No caso de parkin, este verifica-se ser
responsvel por um parkinsonismo recessivo. O doente apresenta os sintomas clssicos
mas tem melhores resultados na resposta teraputica com levodopa, apresentando
tambm sintomas menos graves relativamente s distonias e aos distrbios do sono. A
nvel de alteraes patolgicas verifica-se, por sua vez, uma perda dos neurnios
dopaminrgicos na substncia nigra pars compacta. At atualidade no se encontra
bem estabelecido qual o mecanismo responsvel por esta perda (Jankovic et al., 2007).
J nas mutaes em DJ-1, verificam-se mutaes de mudana de local de
splicing, delees, mutaes missense e truncadas, estando ligadas a um parkinsonismo
do tipo autossmico recessivo. Ainda pouco se sabe atualmente acerca das funes de
DJ-1, no entanto, nos estudos elaborados apurou-se que a perda de funo ou funo
reduzida de DJ-1 desencadeia o aparecimento de doenas relacionadas com o stress
oxidativo, como por exemplo, a doena de Parkinson, podendo ento inferir-se que esta
protena tem capacidades neuroprotetoras (Jankovic et al., 2007).
As mutaes em PINK1, tal como as anteriores, esto tambm relacionadas com
a forma de parkinsonismo autossmico recessivo. Pouco se sabe acerca da importncia
de PINK1, no entanto, em estudos com neuroblastomas nos quais se colocou estes em
contacto com um inibidor proteassmico, MG132, verificou-se que os neuroblastomas
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Tabela 4.1- Protenas associadas ao aparecimento da doena de Parkinson e respetivas patologias associadas
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Doena de Parkinson
-
Corpos de Lewy Dominante
sinuclena
LRRK-2 Corpos de Lewy (na maior parte dos casos) Dominante
GBA Mutaes dominantes de perda de funo
Corpos de Lewy
aumentam o risco
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
estes efeitos atravs da sua converso a MPP+, converso esta possvel graas
monoaminoxidase B (MAO-B), sendo depois encaminhado para a mitocndria atravs
do transportador da dopamina, onde se ir acumular e originar radicais livres. Por sua
vez, o 6-OHDA tambm tem um mecanismo semelhante, sendo igualmente
transportado pelo transportador da dopamina e originando igualmente radicais livres.
Por fim, a rotenona origina a formao de espcies reativas de oxignio por inibio
direta do complexo I. (Li et al., 2013).
Existem tambm clulas que podem auxiliar na melhor compreenso da doena
de Parkinson, na medida em que possibilitam a avaliao dos resultados das vrias
teraputicas utilizadas na mesma bem como os respetivos efeitos secundrios, sendo
exemplos as clulas PC12 e as SH-SY5Y (Li et al., 2013).
5. Sintomas
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
causa associada. Este fator, associado a uma boa resposta aquando do tratamento com
levodopa, constituem bons indicadores de que de facto se est na presena da patologia
(Werneck, 2010).
Numa amostra com 139 doentes, Aarsland et al. (1999) verificaram de 61% dos
doentes Parkinson apresentavam no mnimo, um sintoma a nvel psiquitrico. A
depresso tinha lugar de destaque, sendo que 38,1% dos doentes a apresentaram,
seguindo-se as alucinaes e a ansiedade com 26,6 e 20,1%, respetivamente,
apresentando menores percentagens, a apatia e a agitao, com percentagens bastante
semelhantes entre ambas (16,5%, aproximadamente). Com menor percentagem ainda
de referir o comportamento exuberante, a desinibio e a euforia. Curiosamente,
verificou-se que esta ltima coincidia na maioria das vezes com o estgio on da doena,
ao passo que a depresso geralmente ocorre no estgio off (Aarsland et al., 1999).
Nazem et al. (2008) verificaram que em 116 doentes com Parkinson, 28%
apresentavam ideao de morte. Destes 116 doentes, 4% chegaram mesmo a tentar
suicidar-se. Os mesmos autores verificaram ainda que este tipo de sintomatologia pode
surgir alguns anos antes do aparecimento da doena.
Os doentes com doena de Parkinson apresentam tambm vrios distrbios a
nvel do sono: insnia, sonhos atpicos, ataques narcolpticos durante o dia e ainda
alteraes funcionais a nvel do sono REM (Rapid Eye Movement), sendo que estes, tal
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Tabela 5.4.1 - Tratamento na doena de Parkinson consoante certos sintomas (psiquitricos e autonmicos)
Sintoma Tratamento
Insnia Ajuste na posologia, clonazepam, tcnicas de higiene no sono
Depresso Amitriptilina, inibidores da recaptao da serotonina e noradrenalina
Fadiga Selegelina ou amantadina
Sonolncia diurna Modafilina
Alucinaes Recurso a antipsicticos (quetiapina, clozapina), ajuste na posologia
Obstipao Laxantes osmticos (macrogol)
Estabilizadores anticolinrgicos urinrios, desmopressina para casos noturnos,
Incontinncia
verificao da medicao
Impotncia Sildenafil, vardenafil, tadalafil
Dor Relaxantes musculares, ajuste na posologia
Aumentar o influxo de sal e gua, fludrocortisona, midrodina, epinefrina,
Hipotenso ortosttica
ajuste na posologia
Injees de toxina botulnica linguais, aplicao sublingual de gotas oculares
Salivao
de 0,5% de atropina
Propanolol, propantelina, aplicao tpica de cremes com alumnio, ajuste na
Sudorese
posologia
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
6.1 Estgios 1 e 2
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
6.2 Estgios 3 e 4
6.3 Estgios 5 e 6
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Figura 6.3.1 - Alteraes interneurais causadas pela doena de Parkinson; Em (a) verifica-se a presena de um
corpo plido, sendo que em (b) e (f) pode tambm verificar-se este corpo assinalado pelas setas bem como uma outra
alterao assinalada pela cabea da seta, sendo esta um corpo de Lewy, ambas em clulas melanizadas da
substncia nigra. Nas restantes (c), (d) e (e), possvel verificar-se a presena de neurites de Lewy.
Perante tudo o que foi anteriormente mencionado, alguns estudos sugerem que o
diagnstico desta patologia seja feito inicialmente por um profissional de doenas
associadas ao movimento, visto que se verificou que quando o diagnstico era feito
apenas por um neurologista, cerca de 25% dos doentes aos quais tinha sido
diagnosticada doena de Parkinson, na realidade apresentavam uma outra patologia.
Desta forma, foi estabelecido um conjunto de critrios que se encontram descritos
abaixo (adaptados de Davie, 2008), agrupados pelo UK Parkinsons Disease Society
Brain Bank (Davie, 2008; Lees et al., 2009).
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
instabilidade postural que no seja causada primeira vista por disfuno vestibular,
cerebelar ou propriocetiva.
Segundo passo: Critrios de excluso para a doena de Parkinson
(i) Historial de enfartes repetidamente com progresso de sintomas parkinsonianos
(ii) Historial de ferimentos a nvel cerebral de forma repetida
(iii) Historial de encefalite definitiva
(iv) Crises culo-gricas
(v) Tratamento neurolptico no incio dos sintomas
(vi) Mais que um familiar afetado
(vii) Remisso constante
(viii) Apenas caractersticas unilaterais aps 3 anos
(ix) Paralisia supranuclear a nvel do olhar
(x) Sinais cerebelares
(xi) Envolvimento severo autonmico inicial
(xii) Demncia severa inicial com perturbaes na memria, linguagem e
atividades
(xiii) Sinal de Babinski
(xiv) Presena de tumor cerebral
(xv) Resposta negativa a elevadas doses de levodopa (caso a m absoro esteja
excluda)
Terceiro passo (Critrios de suporte para a doena de Parkinson (trs ou mais so
necessrios para o diagnstico definitivo da doena de Parkinson)
(i) Iniciao unilateral
(ii) Tremor em repouso presente
(iii) Distrbio progressivo
(iv) Assimetria persistente afetando principalmente o local de iniciao
(v) Resposta excelente (70-100%) levodopa
(vi) Sintomas severos induzidos pela levodopa
(vii) Resposta levodopa por 5 ou mais anos
(viii) Decurso clnico de 10 ou mais anos.
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
balano de um dos lados do corpo, sendo tambm comum, a j referida perda a nvel
gustativo e olfativo como um dos sintomas iniciais da doena. Numa fase mais tardia,
surge ainda o salivar devido aos problemas de deglutio que vo surgindo, a hipofonia
e ainda problemas a nvel postural (Davie, 2008; Lees et al. 2009).
A teraputica no incio da doena depende de vrios fatores, como por exemplo,
a presena de outras possveis patologias que o doente em causa apresente, a idade do
doente, o seu estado em termos cognitivos, sendo tambm importante a opinio do
doente. Aps o incio do tratamento escolhido, deve depois avaliar-se se se verificou
uma melhoria dos sintomas aps o mesmo, bem como avaliar se o doente consegue
levar uma vida independente, sendo capaz de executar as suas atividades dirias,
verificando ainda se os efeitos secundrios associados teraputica so graves ou no
(Davie, 2008).
Apesar de cada doente dever ser tratado de forma individualizada, nesta temtica
existem algumas ilaes no que diz respeito ao tratamento farmacolgico que podem ser
em geral adotadas para todos os doentes. So elas as seguintes:
- A levodopa o frmaco de eleio para o tratamento da doena de Parkinson
quando esta se torna sintomtica, sendo assim utilizada em primeira linha. Deve ainda
ser introduzida sempre que se verifique que o doente no est a responder da forma
desejada ao tratamento dos sintomas com outros frmacos antiparkinsnicos,
nomeadamente no caso de acinsias (Tarsy, 2014).
- Os agonistas da dopamina podem ser utilizados em associao com outros
frmacos ou substncias e tambm em monoterapia, aquando de uma fase inicial da
doena. Estes frmacos atrasam em geral o incio do tratamento com recurso levodopa
e verificam-se ineficazes em pacientes que no tm resposta teraputica a esta (Tarsy,
2014).
- Os inibidores da MAO, como a rasagilina e a selegilina so em geral ineficazes
como monoterapia, porm podem ser utilizados numa fase inicial da patologia (Tarsy,
2014).
- Os frmacos anticolinrgicos s devem ser utilizados em doentes com menos
de 70 anos, no devendo ser utilizados por doentes sem tremores e que apresentem
demncia. Fora estas situaes, constituem o grupo de frmacos mais eficazes em
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
8.1 Levodopa
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
se sabe o papel de cada uma destas subfamlias de forma precisa (Gracies e Olanow,
2002).
Como j anteriormente referido, a levodopa atualmente a substncia mais
eficaz para o tratamento da doena de Parkinson no que diz respeito ao principal
sintoma causado pela mesma, que so as alteraes motoras. Alm disto, verifica-se
ainda que os doentes em tratamento com a levodopa apresentam melhorias a nvel da
ansiedade e do humor, tambm possveis sintomas decorrentes da doena (Tarsy, 2014).
Por vezes, mesmo com a administrao concomitante de um agente inibidor da
descarboxilase ou da COMT com a levodopa, podem ocorrer os efeitos adversos dos
vmitos e nuseas, sobretudo numa fase inicial do tratamento. Desta forma, muito
importante que se inicie o tratamento com levodopa numa dose mais baixa e ir
aumentando gradualmente. Caso isto no traga melhorias, pode recorrer-se aos
antagonistas da dopamina (domperidona, por exemplo), antes da administrao da
levodopa (Gracies e Olanow, 2002; Tarsy, 2014).
Verifica-se que numa fase inicial do tratamento o efeito da levodopa de longa
durao, chegando mesmo a exceder a semi-vida plasmtica da mesma, no entanto, com
o passar do tempo, dado que se est na presena de uma doena neurodegenerativa,
estes efeitos deixam de ser de to longa durao. A durao do efeito da levodopa est
relacionada com a capacidade das extremidades pr-sinpticas de armazenarem e
regularem o lanamento da dopamina, capacidade essa que acaba por diminuir com o
progresso da doena, resultando consequentemente numa menor durao do efeito da
levodopa. Os doentes de Parkinson entram assim numa fase chamada on e off, em que
no on as suas capacidades motoras esto normalizadas e no off surgem os tremores
caractersticos e a discinesia. Com o decorrer desta situao, verifica-se que no pico
plasmtico da fase on, o doente comea a adquirir a discinesia, no entanto, isto tambm
pode ocorrer numa fase mais terminal do perodo on (discinesia disfsica) (Gracies e
Olanow, 2002; Jann, 2011).
Desta forma, um dos grandes desafios passa por uma dosagem adequada para o
doente, de forma a que este, por um lado beneficie dos efeitos anti-parkinsonicos da
levodopa e por outro, no tenha muitas discinesias, o que se torna complicado, visto que
so dois conceitos discordantes, isto , se por um lado a dose de levodopa a necessria
para cobrir o efeito anti-parkinsoniano, isso ir causar no doente movimentos
involuntrios, mas se por outro lado, a dose for baixa, no conseguir exercer o efeito
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
necessrio para o doente. Assim, rapidamente conclui-se que esta doena por ser
degenerativa, em algum ponto a teraputica deixar de conseguir cobrir o efeito
desejado para o doente, sendo que nessa altura entra em considerao a cirurgia
(Gracies e Olanow, 2002; Tarsy, 2014).
Outros efeitos secundrios descritos decorrentes do tratamento com levodopa
podem ser alucinaes (que podem ir desde alucinaes benignas, mas por outro lado
podem chegar tambm demncia caracterstica da doena de Alzheimer,
especialmente nos doentes com mais de 70 anos), sedao (diretamente relacionada com
a dose), confuso, entre outros. Para se contornar as alucinaes e tambm os estados de
confuso ocasionais, deve-se, em primeiro lugar, tratar outras possveis causas alm da
medicao com levodopa que possam estar a contribuir para estes efeitos secundrios
(infees, possveis leses a nvel cerebral) e eliminar medicao do doente que tenha
efeitos a nvel cognitivo e/ou cause delrio, sendo exemplos os agonistas da dopamina, a
selegilina, amantadina, anticolinrgicos, entre outros (Jann, 2011; Tarsy, 2014) Aps
este processo, deve diminuir-se a dose de levodopa a ser administrada para o mnimo
possvel necessrio para controlar a mobilidade. Deve depois considerar-se a insero
na teraputica de um agente neurolptico atpico, por exemplo, a clozapina, iniciando
uma dosagem baixa entre 12,5 e 25 mg, aumentando gradualmente at se atingir a
dosagem necessria para o doente. Apesar dos seus efeitos benficos para as
alucinaes, fulcral atentar que a clozapina tem a si associados riscos a nvel
hematolgico, pelo que necessrio monitorizao ao fazer esta teraputica (Gracies e
Olanow, 2002).
H estudos que mostram que a levodopa pode ter capacidade de acelerar a
degenerao a nvel neuronal por formao de espcies oxidantes. A levodopa ao ser
oxidada pela MAO forma perxidos, os quais podem formar o radical citotxico
hidroxilo. De salientar que estes estudos no se aplicam para neurnios dopaminrgicos
de indviduos ou animais que no apresentem a doena, no entanto, isto passvel de
acontecer num doente de Parkinson, pelo facto do SNC destes doentes estar em
constante estado de stress oxidativo, no entanto, estes estudos no so absolutamente
conclusivos, pelo que, devido a isto, continua a recorrer-se teraputica com levodopa
(Garcies e Olanow, 2002; Tarsy, 2014).
Os problemas com a teraputica de levodopa em cerca de 50% dos doentes tm
incio aps 5 anos de tratamento com a mesma. Relativamente aos custos associados,
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
atrasar a teraputica a introduzir com outros agentes teraputicos para esta doena
(Jann, 2011).
No que diz respeito s formulaes comerciais mais comuns de levodopa
destacam-se o Sinemet que existe nas dosagens de 10/100, 25/100 e 25/250 mg de
carbidopa e levodopa, respetivamente. Existe tambm uma formulao (Parcopa) que
consiste igualmente em carbidopa e levodopa com a diferena que tem libertao
imediata, apresentando-se na forma orodispersvel. Existe ainda em certos pases, a
combinao de levodopa com outro inibidor da descarboxilase (benserazida),
patenteados como Madopar ou Prolopa, nas dosagens de 12,5/50, 25/50 e 50/200 mg
(Tarsy, 2014).
Verifica-se, atravs dos estudos elaborados ao longo dos anos que as
complicaes a nvel motor caractersticas da doena de Parkinson tm uma
proporcionalidade direta com dosagens de levodopa mais elevadas e idade mais jovem.
No estudo DATATOP foi assim apurado que a levodopa quando administrada numa
dose mais baixa s passados cinco anos que surgiram os efeitos a nvel motor, ao
passo que, numa dosagem mais elevada estes demoraram apenas dois anos a surgir e
ocorreram em 30% dos doentes. Por sua vez, em vrios estudos entre populaes mais
jovens (40 a 59 anos) e mais envelhecidas (mais de 70 anos), verificou-se que as
discinesias nos mais jovens tiveram maior incidncia, concretamente 50% para 16%,
sendo este ltimo valor, o obtido para a populao com mais de 70 anos. Nos estudos de
STRIDE-PD, o mesmo tipo de resultados foi tambm obtido (Tarsy, 2014).
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
8.3 Anti-colinrgicos
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
levodopa exibiram menos efeitos secundrios a nvel de sonolncia e edemas nas pernas
(efeitos secundrios do pramipexole), alm de que exibiram melhores resultados em
termos de controlo dos sintomas caractersticos da doena (Tarsy, 2014).
Desta forma, verifica-se que j existem vrios estudos que demonstram que o
ropinirole e o pramipexole, por exemplo, tm resultados quase to bons quando
comparados levodopa e que pode utilizar-se esta teraputica isoladamente com bons
resultados num tempo mdio de 3 anos de doena. Devido a estes resultados, atualmente
est a optar-se por iniciar a teraputica isoladamente com os agonistas da dopamina at
que os resultados deixem de ser satisfatrios apenas com esta teraputica, adotando-se
posteriormente como adjuvante da teraputica, a levodopa. (Gracies e Olanow, 2002;
Tarsy, 2014).
No entanto, as opinies dividem-se, pois nem todos os neurologistas concordam
com esta abordagem teraputica e julgam que outros fatores tm de se ter em conta,
como a idade do doente em causa e tambm o seu estado cognitivo, para que a partir da
se tenha a melhor abordagem teraputica possvel para cada doente (Gracies e Olanow,
2002).
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
doentes, o que aumenta a probabilidade que uma situao destas ocorra (Gracies e
Olanow, 2002; Tarsy, 2014).
Verifica-se ainda que a utilizao a nvel transdrmico de rotigotina pode causar
reaes alrgicas locais, que geralmente desaparecem com a interrupo da
administrao. Como j referido, no caso da apomorfina acontece tambm a situao de
reaes a nvel cutneo, sendo tambm possveis casos de doentes que exibem
problemas neuropsiquitricos decorrentes desta medicao (Tarsy, 2014).
Existem tambm estudos que indicam que os recetores da dopamina diminuem a
concentrao de prolactina. Por este motivo, obviamente que este tipo de substncias
est contraindicado em mulheres que se encontrem a amamentar, dado que provoca uma
diminuio na produo de leite (Tarsy, 2014).
Como tambm j referenciado, a pergolida foi retirada dos Estados Unidos no
ano de 2007, devido ao facto de poder aumentar a probabilidade de doenas cardacas
que comprometem as vlvulas cardacas. Julga-se que isto se deve ao facto da pergolida
ativar os recetores do tipo 5-HT 2B da serotonina expressos na rea das vlvulas
cardacas, o que pode contribuir para uma expanso da rea das mesmas (Tarsy, 2014).
Por fim, verifica-se tambm uma associao entre os agonistas da dopamina e
certos impulsos como compras compulsivas, comportamento sexual compulsivo e
tambm tendncia para o jogo, sendo que num estudo canadiano com 297 doentes a
prevalncia destas situaes para os doentes que se encontravam a fazer agonistas da
dopamina foi de 13,7% (Tarsy, 2014).
29
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
30
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
introduzido na Europa, desde que com um controlo cuidado a nvel heptico ao longo de
todo o processo de tratamento (Tarsy, 2014).
importante referir que o entacapona e o tolcapona s so utilizados em
associao com a levodopa (Tarsy, 2014).
8.6 Amantadina
31
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
32
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
tendo em conta tudo o que vem sido discutido ao longo do trabalho de extrema
importncia (Ambasudhan et al., 2014).
Os modelos mais utilizados nos estudos deste tipo de transplantao foram feitos
com macacos e com roedores previamente expostos a MPTP (1-methyl-4-phenyl-
1,2,3,6-tetrahydropyridine). Os primeiros estudos demonstraram baixos nveis de
sobrevivncia e tambm a nvel da recuperao da induo do comportamento por
anfetaminas/apomorfinas. Estudos posteriores, como o de Zeng et al. (2004), de
Sonnatag et al. (2007) e de Yang et al. (2008) apresentaram resultados semelhantes, o
que no foi muito animador, pois os resultados no foram ao encontro do esperado. No
entanto, em estudos semelhantes elaborados por Kawasaki et al. (2000), Kim et al.
(2002) e Takagi et al. (2005), desta vez com recurso a clulas ESCs de primatas e
roedores, respetivamente, demonstraram resultados promissores, melhorando a
recuperao a nvel comportamental destes animais. Com o avanar tecnolgico foi
possvel obter-se populaes de neurnios dopaminrgicos a nvel do mesencfalo mais
homogneos, melhorando isto tambm os resultados, o que foi demonstrado com
resultados em roedores, possibilitando assim a construo de uma escala, sendo este um
passo crucial, pois possibilitou saber os nveis de toxicidade e os nveis teraputicos.
Apesar de tudo isto, colocou-se a questo do caso de uma sobre inervao poder causar
discinesias induzidas a nvel dopaminrgico, devido a estes mesmos transplantes. Desta
forma, optou-se por utilizar neurnios dopaminrgicos do tipo A9, geneticamente
modificados, permitindo desta forma que se fizesse o crescimento e substituio do
tecido mas tambm que este crescimento no atingisse limites excessivos (Ambasudhan
et al., 2014). Assim, estudos tm sido desenvolvidos tendo em vista a aplicao clnica
deste procedimento. Os testes elaborados so feitos atravs da comparao com
placebos. Apesar de se verificar que o transplante de facto revela resultados otimistas,
dado que as clulas dopaminrgicas conseguem sobreviver e a dopamina lanada e
consegue atingir os locais pretendidos, coloca-se tambm a questo destes mesmos
resultados no serem fruto do efeito placebo, dado que so muito variveis consoante os
doentes (Ambasudhan et al., 2014). Repare-se que isto faz sentido, dado que perante as
expectativas dos doentes aquando da transplantao e dos testes a elaborar, pode acabar
por libertar-se dopamina, fazendo isto com que os resultados sejam variveis, o que vai
ao encontro dos resultados obtidos e, neste caso, acaba por no permitir uma correta
interpretao dos mesmos (Ambasudhan et al., 2014).
33
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Alm deste fator, verifica-se tambm que no caso dos doentes que sejam
imunodeprimidos, isto pode tambm ser um problema, dado que estes apresentaram
mais efeitos secundrios, no esquecendo que esto muito mais suscetveis a possveis
infees, resultando isto em ltima instncia, numa possvel rejeio do implante. Para
estes casos, surge assim a alternativa de criar bancos de clulas hESC (Ambasudhan et
al., 2014).
Aps o transplante propriamente dito, conveniente que os doentes sejam
seguidos pelo menos durante um perodo de dois anos, no qual se apura os resultados a
nvel da melhoria da sintomatologia, tanto subjetivamente, como tambm atravs do
recurso a tcnicas como tomografia com emisso de positres (PET), com vrios tipos
de ligandos, de forma a que os estudos tenham, devido a este acompanhamento durante
dois anos, significado clnico (Ambasudhan et al., 2014).
Outro fator a ter em conta o estado de transplante timo das clulas
dopaminrgicas. Segundo apurado por Ganat et al. (2012), atravs de estudos com
ratinhos com clulas ESC transgnicas, o estado ideal para a transplantao o estado
de neuroblasto, apurando-se ainda que o nmero necessrio para se verificar benefcios
a nvel clnico de pelo menos, 100000 neurnios dopaminrgicos per putamen (Hagell
e Brundin, 2001).
Assim, conclui-se que na atualidade, os principais desafios passam por conseguir
reproduzir resultados a nvel clnico, clulas estveis a nvel gentico e tolerveis pelo
sistema imunitrio, correta integrao das clulas do tipo A9 homogneas nos circuitos
corretos no hospedeiro, ao mesmo tempo que se evitam possveis efeitos secundrios
que tragam malefcios para o doente (Ambasudhan et al., 2014). Outros autores colocam
tambm outras estratgias, sendo exemplos a pr-diferenciao dos hESCs (Doi et al.,
2012) ou clulas que possibilitem o bloqueio de vias tumorgnicas (Parish et al., 2005;
Jung et al., 2007).
Outra proposta consiste na mesma em clulas hESCs geneticamente modificadas
de forma a expressar uma forma ativa do fator de transcrio MEF2CA (Myocyte
Enhancer Factor 2ca), dado que este aumenta os resultados positivos relativamente aos
transplantes atravs das suas caractersticas antiapoptticas, aumentando as
probabilidades de sobrevivncia a nvel dos implantes (Ambasudhan et al., 2014). O
MEF2 (Myocyte Enhancer Factor-2) tambm traz benefcios, na medida em que ativa
vrios genes, destacando-se o Nurr1 (recetor nuclear relacionado com protena 1), que
34
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
permite que haja diferenciao a nvel neuronal das clulas A9 in vitro e in vivo,
atuando tambm na inibio de 5-HT, responsveis pelas discinesias (Ambasudhan et
al., 2014). Este modelo apresentou resultados positivos em roedores, tanto a nvel
comportamental como tambm a nvel do nmero de neurnios gerados (Ambasudhan
et al., 2014).
Num estudo efetuado por Cui (2003), verificou-se que o tratamento com
Madopar no demonstrou resultados significativos aquando da administrao
simultnea com produtos naturais base de plantas (Chung et al., 2006).
35
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Katzenschlager, em 2003, no seu estudo verificou que houve um dos casos cuja
administrao de Mucuna pruriens (30 g), causou entre outros efeitos, vmitos, tonturas
e nuseas. J Carroll et al. (2004), nos seus estudos, verificou que nenhum dos doentes
tinha necessitado de cuidados hospitalares, no entanto, houve alguns efeitos secundrios
que mereceram destaque, nomeadamente nos estudos com Cannabis sativa, em que se
registaram 37 casos versus os 15 que se registaram no grupo placebo. Os efeitos
fizeram-se notar tanto a nvel fsico como psicolgico, destacando-se infees do trato
urinrio, xerostomia, casos tanto de diarreia como de obstipao, sendo que no campo
psicolgico se destacam a parania, estados de confuso, problemas de concentrao e
letargias (Chung et al., 2006).
11.1 Estilbenoides
36
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
SY5Y, o que, segundo Chao et al. (2008), se deve inibio de JNK (c-Jun N-terminal
kinases) e atravs de um aumento nos nveis de SIRT1 (NAD-dependent deacetylase
sirtuin-1) citoslicos.
TSG (2,3,5,4-tetrahidrostilbeno-2-O-d-glucosido), o qual foi isolado de
Polygonum multiflorum tambm demonstrou ter uma ao protetora contra a toxicidade
induzida por MPP+ (1-methyl-4-phenylpyridinium) em clulas PC12 e SH-SY5Y. Os
trs estilbenos atrs referidos apresentam uma atividade anti-Parkinson semelhante,
apesar dos grupos funcionais e da sua posio no anel bsico do estilbeno variarem.
Contudo, a forma reduzida dos estilbenos (os derivados bibenzlicos) pode nem sempre
apresentar uma atividade anti-Parkinson similar, j que a partir de cinco destas
estruturas estudadas, apenas uma (crisotoxina) foi capaz de ter atividade inibitria da
neurotoxicidade induzida por 6-OHDA nas clulas SH-SY5Y, concluindo-se assim que
no caso das formas reduzidas dos estilbenoides h uma maior especificidade a nvel
estrutural (Song et al., 2012).
11.2 Flavonoides
37
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
38
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
importncia a nvel comercial. Por exemplo, a patente registada como US6217875 tem
capacidade de inibio da lipoxigenase e a patente US8034387 utilizada para prevenir
e tambm para tratar deficits a nvel cognitivo e a nvel da memria, que resultam da
inflamao e do stress oxidativo, da idade e tambm das condies neurolgicas. Esta
ltima patente, LasoperinTM preparada atravs de extratos de Scutellaria e Acacia,
sendo composta por 75,7% dos flavonoides do tipo Free-B-Ring, em especial destaque a
baicalina, e por 10,3% de flavonas, tendo neste caso como composto de destaque as
catequinas (Mythri et al., 2012).
Existem tambm muitas outras substncias com potencial antioxidante, sendo
exemplo as proantocianidinas oligomricas, presentes em vrias flores, vegetais, frutos
e sementes, tendo tambm um importante papel a nvel do stress oxidativo e dos
radicais livres. Um exemplo a semente de uva que contem extrato de proantocianidina
que confere esta proteo, protegendo ainda o DNA. Um estudo elaborado por Debasis
et al. (2000), demonstrou que o tratamento celular com 100 mg/mL deste produto
reduziu a capacidade de apoptose do tabaco (300 mg/mL) em 85%, resultados bem mais
satisfatrios que a combinao de vitaminas C e E, que reduziram apenas 46% (Morais
et al., 2003).
11.2.1 Quercetina
39
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
11.3 Catecis
40
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
apopttica e antioxidante tanto in vitro como in vivo nos modelos MPTP e 6-OHDA
(Zhao et. al, 2010). De referir que o equinacsido muito provavelmente, segundo
tambm apurado por estes autores, um no-pptido indutor dos fatores neurotrficos,
tendo assim um papel importante na preveno da neurodegenerao caracterstica da
doena de Parkinson (Song et al., 2012).
11.6 Terpenos
41
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
42
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
43
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
44
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
11.9 Sulforafano
Este composto pode ser obtido em alimentos como nas crucferas, sendo um
composto organosulfrico. O sulforafano que est presente de forma natural existe sob a
forma de um derivado glucosinolato, pertencendo classe dos isotiocianatos. Este
composto possui tal como os anteriores, propriedades antioxidantes, tendo tambm um
importante papel como estimulador natural da destoxificao de enzimas. Um exemplo
reportado o caso da famlia qual pertencem os brcolos, que tem ao nas enzimas
de fase I e II. A patente US6812248 utiliza os sulforafanos e os seus anlogos no
tratamento de doenas degenerativas, como a doena de Parkinson. Quando
administrado, este produto patenteado possui propriedades neuroprotetoras a nvel
neuronal e tambm antioxidante por captura dos radicais livres. Esta atividade pensa-se
ser possvel devido ativao da via Nfr2 (Nuclear Factor-like 2) (Mythri et al., 2012).
Na figura seguinte, 11.1, encontram-se algumas estruturas qumicas de
compostos presentes em plantas referidas no presente trabalho.
45
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
OH OH
O
HO HO O HO
OH OH N
OH HO N
OH OH O
Resveratrol Quercetina cido protocatecuico Nicotina
OH
HO OH O
O
H H
HO H S
H O
O O S C
N
O
Eugenol
HO
OH H
OH Panaxatriol Sulforafano
HO OH
O
OR
O O - -
O 3 PO OPO 3
O O O
- -
O 3 PO OPO 3
HO OH -
OPO 3
OH
12.1 Acanthopanax
46
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.2 Alpinia
12.3 Astragalus
12.4 Camellia
47
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
48
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
49
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Venderov et al. (2004), nos seus estudos com recurso Cannabis sativa em
doentes com Parkinson, verificaram que, de facto, esta espcie vegetal pode ter vrios
efeitos a nvel teraputico importantes a ter em linha de conta, dos quais aqui ficam
descritas algumas concluses importantes. Estes estudos foram aprovados pelo
Research Ethics Committee of the General University Hospital em Praga, com o
respetivo consentimento de todos os participantes no estudo, os quais preencheram
igualmente um questionrio annimo acerca de utilizaes prvias de Cannabis sativa e
tambm sobre a frequncia, durao e partes da planta utilizadas e, no caso dos
indivduos que respondessem afirmativamente, estes foram tambm inquiridos se
notaram alguns efeitos a nvel da melhoria dos sintomas da doena de Parkinson
aquando da utilizao de Cannabis sativa. Foram tambm inquiridos acerca da
teraputica que se encontravam a fazer naquele momento, bem como da utilizao de
outras possveis drogas de abuso (Venderov et al., 2004).
A utilizao de Cannabis sativa fez-se em 85 doentes (55 homens, 29 mulheres
e 1 indivduo sem resposta) dos 339 que responderam ao questionrio enviado. Estes
doentes no tinham nunca utilizado Cannabis sativa com efeitos recreativos, tendo
experimentado apenas aps um congresso que teve lugar na Repblica Checa acerca
desta temtica. Nenhum dos doentes interrompeu a sua teraputica farmacolgica apesar
da utilizao de Cannabis sativa, que se verificou na maioria dos doentes ser
administrada uma vez por dia. Aps a utilizao de Cannabis sativa, os resultados
foram os seguintes (adaptado de Venderov et al., 2004):
Tabela 12.5.1- Efeito da utilizao de Cannabis sativa nos sintomas gerais da doena de Parkinson
Sintomas gerais
Total No Sem
Melhorou
(n) melhorou resposta
Durao da utilizao de
Cannabis sativa
Menos de 3 meses 27 5 16 6
3 ou mais meses 54 33 15 6
Sem resposta 4 1 2 1
Total 85 39 33 13
Tabela 12.5.2- Efeito da utilizao de Cannabis sativa nos tremores caractersticos da doena de Parkinson
Tremores
Total No Sem
Melhorou
(n) melhorou resposta
Durao da utilizao de
Cannabis sativa
Menos de 3 meses 27 3 17 7
3 ou mais meses 54 22 20 12
Sem resposta 4 1 1 2
Total 85 26 38 21
50
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Tabela 12.5.3- Efeito da utilizao de Cannabis sativa na bradicinesia caracterstica da doena de Parkinson
Bradicinesia
Total No Sem
Melhorou
(n) melhorou resposta
Durao da utilizao de
Cannabis sativa
Menos de 3 meses 27 6 12 9
3 ou mais meses 54 31 16 7
Sem resposta 4 1 1 2
Total 85 38 29 18
Tabela 12.5.4- Efeito da utilizao de Cannabis sativa na rigidez caracterstica da doena de Parkinson
Rigidez
Total No Sem
Melhorou
(n) melhorou resposta
Durao da utilizao de
Cannabis sativa
Menos de 3 meses 27 5 12 10
3 ou mais meses 54 26 15 13
Sem resposta 4 1 1 2
Total 85 32 28 25
Assim sendo, verifica-se que apenas 4 dos doentes no estudo tiveram efeitos
negativos relativamente aos seus sintomas da doena de Parkinson aquando do recurso a
Cannabis sativa. O alvio dos sintomas da doena de Parkinson verificou-se (aps
efetuada a mdia de todos os doentes) aos 1.7 meses aps o incio da utilizao de
Cannabis sativa, sendo que, como se conclui atravs das tabelas, aps os 3 meses de
utilizao que se verifica uma elevada melhoria nestes mesmos sintomas,
nomeadamente no respeitante a bradicinesia, tremor e rigidez muscular (principais
sintomas da doena de Parkinson). Verificou-se ainda que a idade, a parte da planta
utilizada e ainda o tempo que cada doente tinha a doena diagnosticada no foram
fatores influentes no tratamento com recurso a Cannabis sativa (Venderov et al.,
2004).
Apesar de os doentes descreverem uma melhoria nos sintomas, no que diz
respeito discinesia, no se pode aferir que isto seja completamente certo, dado que
muitos dos doentes de Parkinson no se do conta de que sofrem de discinesias, pelo
que no se consegue bem inferir a veracidade deste resultado. Por outro lado, h ainda
outro fator importante a referir, que o facto de os doentes s notarem melhorias a
partir de cerca de 2 meses depois da utilizao de Cannabis sativa. Isto porque, desta
51
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
forma pouco provvel que a melhoria sentida nos sintomas fosse efeito placebo. Dado
que a Cannabis sativa ilegal no pas onde decorreu o estudo (Repblica Checa), este
estudo tem por esse mesmo motivo vrias limitaes, no entanto, importante referir
que o mesmo uma base importante para que novos estudos sejam feitos (Venderov et
al., 2004).
12.6 Cassia
12.7 Chrysanthemum
12.8 Cistanche
52
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.9 Cuscuta
12.11 Gastrodia
No que diz respeito ao gnero Gastrodia, existe uma espcie (Gastrodia elata
Bl.), pertencente famlia Orchidaceae, cujos tubrculos quando secos, possuem
potencialidades teraputicas para a doena de Parkinson. O extrato etanlico, verificou-
se proteger as clulas SH-SY5Y, face toxicidade induzida por MPP+, em estudos
feitos em humanos. Alm disso, verificou-se ainda que o principal composto do extrato,
o lcool vanlico, tem capacidade de atenuar o stress oxidativo, protegendo, ainda, as
clulas dopaminrgicas MN9D contra a apoptose induzida por MPP+ (Li et al., 2013).
53
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.12. Gengibre
12.13 Gingko
12.14 Ginseng
54
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
sobrevivncia celular. Alm disto, os ginsensidos Rb1 e Rg3 atuam tambm como
agentes protetores dos neurnios contra a ao do glutamato (Jia et al., 2009).
Wen et al. (1996) demonstraram nos seus estudos que, atravs da infuso de
ginsensidos Rb1, conseguiu-se recuperar neurnios CA1 do hipocampo, evitando
danos celulares letais. Onde existe mais ginseng, verifica-se que h menor incidncia de
doena de Parkinson. De notar que na Amrica do Norte a prevalncia de 200 casos
em 100000 pessoas, ao passo que na China tem-se 44 casos em cada 100000 pessoas
(Jia et al., 2009).
Ainda acerca desta temtica, nos estudos in vivo efetuados por Van Kampen et
al. (2003) em roedores, verificou-se que a administrao prolongada do extrato G115
trouxe vantagens a nvel da neurotoxicidade induzida pela doena de Parkinson, atravs
da proteo contra o MPTP, que uma das substncias consideradas como indutoras da
doena de Parkinson. Os roedores expostos a esta substncia que se encontravam a fazer
tratamento com ginseng, verificou-se que exibiam menor perda neuronal a nvel da
substncia nigra pars compacta. Alm disso, constatou-se ainda que o transportador da
dopamina a nvel estriatal (DAT) tambm ficou protegido face ao tratamento com
ginseng. J em estudos in vitro concluiu-se que as saponinas presentes no ginseng
aumentaram as clulas do neuroblastoma (SK-N-SH) dopaminrgicas (Jia et al., 2009).
Nestes mesmos estudos, verificou-se ainda que o ginsensido Rg1 interfere com
a formao de espcies reativas de oxignio, caracterstica tambm da doena de
Parkinson, por interrupo do mecanismo de formao das mesmas, e que este mesmo
ginsensido tem um efeito protetor tambm na apoptose induzida pelo MPTP na
substncia nigra em ratinhos (Jia et al., 2009). Tal efeito julga-se ser devido a uma
maior expresso de Bcl-2 (B-cell lymphoma 2) e Bcl-xl (B-cell lymphoma-extra large) e
de uma expresso menor na sntese de monxido de azoto e tambm do gene bax,
havendo tambm uma ativao da inibio a nvel da caspase-3 (Jia et al., 2009).
12.15 Gynostemma
55
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.16 Hypericum
12.17 Ligusticum
desta substncia (Lloret et al., 2013). Inclusive, na ndia, este tratamento com recurso s
sementes de M. pruriens utilizado na atualidade como teraputica para a doena de
Parkinson, bem como anti-depressivo. As suas sementes foram pela primeira vez
isoladas em 1937 e devido presena de levodopa, sempre foram alvo de estudos na
utilizao da doena de Parkinson (Katzenschlager et al., 2003; Mythri et al., 2012).
Da anlise qumica desta planta, verificou-se que possua terpenoides,
flavonoides, antraquinonas, saponinas, taninos, entre outros compostos, possuindo ainda
lpidos, minerais, hidratos de carbono, lecitina, fibras e esteroides (Mythri et al., 2012).
A percentagem em levodopa no extrato das sementes de M. pruriens de
aproximadamente 7-10%. Estudos feitos quer in vitro quer in vivo, demonstram que
uma dosagem de 600 mg/kg do extrato destas sementes no possui efeitos txicos para
o doente. Um estudo feito por Subramanian et al. (2010), estabeleceu que M. pruriens
possua atividade anti-Parkinson, evitando ainda a discinesia, no entanto, dado que a
administrao do extrato em p era feita por via oral, verificou-se alguma intolerncia a
este nvel. Existe na ndia uma formulao que consiste no p da planta com a adio de
um edulcorante com a designao comercial de Zandopa. Este agente verificou-se ter
melhores resultados que a levodopa em estudos com ratinhos, algo que se deve
provavelmente ao facto de outros compostos presentes em M. pruriens terem tambm
capacidade de auxiliar no alvio dos efeitos secundrios ou ainda aumentar a
concentrao da levodopa (Mythri, 2012).
Dados os resultados satisfatrios obtidos, estudos tm sido levados a cabo com o
objetivo de melhorar ainda mais esta espcie vegetal no tratamento da doena de
Parkinson. Assim, foi recentemente patenteada uma combinao de sementes de M.
pruriens numa percentagem de 55-99%, juntamente com os frutos de Piper longum
numa percentagem de 10-35% e ainda com razes de Zingiber officinalis numa
percentagem 5-15%, estando a patente registada como US6106839. Este produto
patenteado foi administrado numa doente durante 11 anos, a qual estava diagnosticada
com doena de Parkinson, numa dosagem de 2-6 g/dia, dos 52 aos 61 anos, verificando-
se resultados mais satisfatrios quando comparados com uma teraputica convencional
(Mythri et al., 2012).
Existe ainda outra patente, US7470441, cuja extrao das sementes feita com
recurso a produtos orgnicos e est abaixo da dose considerada como teraputica de
levodopa. No entanto, verificou-se que exibe resultados satisfatrios, devendo-se isto,
57
Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
uma vez mais, provavelmente ao facto de outros compostos presentes aumentarem a sua
absoro, como o caso do cido ctrico, ascrbico e dos compostos orgnicos presentes.
A vantagem desta patente que a administrao pode ser feita com a levodopa ou
isoladamente e pode ser de aplicao tpica, oral ou parentrica. Esta formulao
verifica-se no provocar os efeitos secundrios caractersticos da teraputica com
levodopa. Esto ainda demonstrados efeitos benficos na proteo contra 1-metil-4-
fenilpiridinio e sulfoximina butionina, e um favorecimento em termos da recaptao da
serotonina (Mythri et al., 2012).
No artigo de Lloret et al, do ano de 2013, relatado um estudo feito em nove
doentes, dos quais quatro eram homens e cinco mulheres, um destes doentes sofreu
vmitos aps a ingesto de 30 g de Mucuna, motivo pelo qual foi excludo do estudo.
De seguida ingesto de Mucuna, a dois dos doentes foi administrada amantadina
(200 mg), a trs foi-lhes administrado pergolida (3,2 mg), e aos outros trs foi
administrado a cada um pramipexole (1.4 mg), ropinirole (18 mg) e cabergolina (6 mg).
Todos os doentes tomaram igualmente uma dose diria de levodopa de 572 mg. Como
resultados deste estudo, verificou-se que a durao da fase on foi 21,9% mais longa com
a administrao de M. pruriens do que apenas com o tratamento com levodopa e
carbidopa, em cerca de 37 minutos. Verificou-se igualmente um facto curioso, em que o
tempo da transio da fase on para a off foi aumentado por 19,8% aquando da utilizao
de 30 g de Mucuna, correspondendo a mais 46 minutos, nos quais os doentes
atravessavam uma fase parcialmente on, mas foi 26,6% menor quando se utilizou
apenas 15 g de Mucuna (Lloret et al., 2013)
Assim, em termos farmacocinticos concluiu-se que a concentrao de levodopa,
nomeadamente, o seu pico plasmtico, foi significativamente maior aquando da
utilizao concomitante de 30 g de M. pruriens, sendo que para esta situao tambm se
verificou uma maior AUC, o que indica que com a administrao concomitante de 30 g
de M. pruriens possvel uma maior biodisponibilidade comparativamente a
administrao de levodopa com carbidopa isoladamente. Estes resultados no eram de
esperar e os autores julgam dever-se ao facto de Mucuna ter sido administrada sob a
forma de suspenso, dado que na forma dispersvel possibilita uma maior absoro a
nvel intestinal. Alm disto, estes resultados podem tambm dever-se ao cido ascrbico
adicionado a M. pruriens, com o fim de manter a estabilidade da formulao e que pode
ter colaborado tambm para uma maior absoro, como j referido. H tambm a
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
hiptese que M. pruriens pode conter na sua constituio um agente que promova um
efeito de bloqueio relativamente degradao de levodopa, no entanto, ainda no
existem at data estudos que demonstrem a veracidade do supra-mencionado (Lloret et
al., 2013).
Pensa-se que a levodopa se encontra presente em M. pruriens com o fim
biolgico de proteger a mesma contra os ataques de insetos. Outras substncias que
tambm incluem levodopa so por exemplo a Vicia faba e Stizolobium deeringianum
(Lloret et al., 2013).
12.19 Paeonia
12.20 Panax
O extrato aquoso obtido a partir das razes e rizomas secos de Panax ginseng C.
A. Mey., da famlia Araliaceae, tem efeitos protetores em clulas SH-SY5Y,
nomeadamente na apoptose induzida por MPP+. O extrato G115 verificou-se bastante
eficaz contra os efeitos induzidos por MPP+ e MPTP em ratinhos (Li et al., 2013).
Verifica-se que o Panax ginseng possui acima de 30 ginsensidos, que
constituem as suas substncias ativas, no entanto os ginsensidos Rd, Rb1, Re e Rg1
so os mais importantes por apresentarem melhores resultados a nvel teraputico. O
primeiro deles, ginsensido Rd atua como um mediador da neuroinflamao em clulas
dopaminrgicas, atenuando este processo. Por sua vez, o ginsensido Rb1, verificou-se
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.21 Pimenta
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12.22 Poligala
12.23 Polygonum
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.24 Psoralea
O extrato aquoso obtido a partir das sementes da espcie Psoralea corylifolia L.,
membro da famlia Leguminosae, possui um componente com capacidade de inibir os
efeitos do transportador tanto da noradrenalina como da dopamina. P.coryfolia L.
possui ainda um anlogo do bacuchiol (3,2-hydroxybakuchiol), cuja atividade in vitro
est demonstrada em estudos como elemento capaz de conferir proteo a nvel
dopaminrgico, sendo que in vivo consegue inibir os transportadores da monoamina,
regulando tambm as funes da mesma (Li et al., 2013).
12.25 Pueraria
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
12.26 Rhodiola
12.27 Salvia
A partir dos rizomas e das razes secas de Salvia miltiorrhiza Bge., famlia
Labiatae, extraem-se os compostos cido salvianlico A e B e cido salvinico A, com
importantes propriedades na doena de Parkinson. Assim, o cido salvianlico A tem
efeitos neuroprotetores face s leses causadas por H2O2; o cido salvianlico B confere
proteo s clulas SH-SY5Y que se encontrem suscetveis a apoptose devido s aes
de MPP+ e de 6-OHDA, protegendo tambm clulas PC12 que contactem com H2O2 e
estejam suscetveis sua citotoxicidade. Por fim, o cido salvinico A tem tambm
capacidade de proteo das clulas a MPP+ (Li et al., 2013).
12.28 Scutellaria
12.29 Trypterygium
Tabela 13.1- Efeitos teraputicos das diversas plantas estudadas na Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
Por fim, tm sido levados a cabo estudos nos quais se apura o potencial das
clulas estaminais e isto porque estas j demonstraram ser teis numa grande variedade
de patologias, como diabetes, cancro, epilepsia, entre outras (Roper et al., 2012). Assim,
tm-se feito esforos no sentido de aumentar o potencial de cura das clulas estaminais
adultas residentes no corpo humano em vrios rgos, pois verifica-se que estas clulas
vo diminuindo a sua proliferao com o passar do tempo e como consequncia disto
surgem vrias patologias associadas idade, bem como um aumento nas doenas
cardiovasculares (Mythri et al, 2012).
Por este motivo tem sido to importante o estmulo da proliferao das clulas
estaminais, visto que estas podem contribuir visivelmente para uma melhoria de vrias
patologias ou at mesmo inibir o seu aparecimento, estando entre elas, a doena de
Parkinson (Roper et al., 2012) A patente registada como US7442394 um suplemento
que estimula a proliferao destas mesmas clulas estaminais in vitro e in vivo, aps
ferimentos e tambm em condies fisiolgicas, podendo desta forma ser aplicado na
doena de Parkinson (entre outras patologias) (Davis et al., 2008) Este suplemento
composto por carnosina, amora, extrato de ch verde, catequinas e vitamina D3 (Mythri
et al., 2012).
13.1 Ayahuasca
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
que esta ajudava no humor agressivo, dando tambm alguma sensao de leveza
corporal, diminuindo portanto a rigidez sentida (Serrano-Dueas et al., 2001).
Foi partindo destes estudos prvios que se pretendeu posteriormente apurar de
forma mais concreta os efeitos de ayahuasca. Os estudos foram feitos com 13 doentes,
sendo que em 4 dos quais (um apenas com Banisteriopsis caapi e os restantes com
misturas de outras plantas), foram possveis resultados imediatos, que consistiram numa
melhoria na rigidez, acompanhada de maior tremor e estados alucinatrios, aps 20
minutos da ingesto. De notar que no paciente que administrou Banisteriopsis caapi
isoladamente, as alucinaes no foram to exacerbadas. (Serrano-Dueas et al., 2001)
Foi ainda elaborado um estudo com uma amostra maior (30 doentes), no qual os
resultados foram verificados aps 1 h da administrao, durando at 4 h aps a mesma.
Verificou-se tambm neste estudo um agravamento nos tremores, acrescentando
tambm aos efeitos secundrios, vmitos e nuseas em todos os doentes, em maior ou
menor grau (Serrano-Dueas et al., 2001)
Como referido anteriormente, os efeitos psicotrpicos de ayahurveda s se
fazem sentir pelo facto de esta conter o DMT, proveniente de Psychotria viridis.
Quando esta ingerida oralmente inativa, dado que a MAO proveniente do
fgado e intestino inativa o seu metabolismo. No entanto, como Banisteripsis caapi
um inibidor da MAO, esta no consegue assim degradar o DMT, resultando isto nos
efeitos psicotrpicos sentidos pelos doentes, como as iluses e as alucinaes. Isto julga
dever-se a dois mecanismos de ao que se combinam (Serrano-Dueas et al., 2001).
Um deles envolve a harmalina, constitutiva de Banisteriopsis caapi, que se assemelha
estruturalmente serotonina e referido como um inibidor da MAO. Julga-se que este
mecanismo, em interao com os recetores da glutamina, acabe por potenciar os efeitos
anti-parkinson da levodopa, aliviando os sintomas caractersticos da doena. No
entanto, existem relatos de antagonistas do glutamato que possuem efeitos
alucinognicos e podem causar ainda distonia quando utilizados concomitantemente
com levodopa. A harmalina tambm um antagonista dos recetores NMDA (N-metil-
D-aspartato). Em estudos com ratos, verificou-se que a atividade locomotora era
melhorada, mas por outro lado, os efeitos motores aumentavam. Em estudos com
macacos tambm se verificou um aumento em termos de sintomatologia postural e
tremores. Dados os resultados destes estudos, julga-se assim que os efeitos sentidos
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Utilizao de fitoterapia no tratamento e/ou preveno da Doena de Parkinson
14.1 L-ergotioneino
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Nos estudos de Koo et al. (2004), apurou-se que o pr-tratamento com PJBH
(que contem a combinao de 18 plantas, entre as quais: Fructus rubi, Semen biotae,
Radix dipsaci, Ramulus cinnamomi, Cortex eucommiae e Fructus corni), apresentou
resultados bastante satisfatrios para o tratamento da doena de Parkinson, na medida
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