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Exemplos Transformada de Fourier

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Transformada de Fourier

TRANSFORMADA DE FOURIER

0. CONSIDERAES INICIAIS
SRIES DE FO URIER: descrevem funes peridicas no
domnio da freqncia (amplitude e fase).
TRANSFORMADA DE FOURIER: estende esta descrio para
funes no peridicas.
Qual a necessidade da TF se j foi estudada a
Transformada de Lap lace (TL), que na verdade faz o
mesmo?
A Transformada de Fourier (TF) no uma nova
transformada, mas sim um caso especial da Transformada
de Laplace bilateral (limite inferior menos infinito e no
zero), onde a parte real da freqncia complexa s nula.
A TL unilateral utilizada para determinar a resposta de
circuitos eltricos lineares a uma perturbao que ocorre,
aps estabelecidas as condies iniciais.
+
_ { f (t )} = F ( s) = 0
f (t ) e st dt (1)

A TF pode ser interpretada como caso limite da Srie de


Fourier quando o perodo T tende para infinito.

1. DEFINIO DA TRANSFORMADA DE FOURIER

Considere inicialmente a forma exponencial da Srie de Fourier


dada por

f (t ) = Cn e
j n 0 t

n =
t0 +T T 2 (2)
C = 1 1
n T t
j n 0 t
f (t ) e dt = f (t ) e j n 0t dt
0
T T 2

onde considerou-se t0 = -T/2 na equao (2) anterior.


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Transformada de Fourier

Para transformar uma funo peridica numa funo


aperidica, basta fazer o perodo T da funo peridica tender a
infinito.
A distncia entre as freqncias harmnicas dada por

2
= ( n + 1) 0 n0 = 0 = (3)
T
Nota-se pois que medida que o perodo T aumenta, a
distncia entre as freqncias harmnicas torna-se cada vez
menor. No limite quando T tende a infinito no existe mais
distncia entre as freqncias harmnicas e desta forma a
freqncia contnua.
Pela equao (3) tem-se que

1 0
= = (4)
T 2 2
Desta forma, quando T tende a infinito, tem-se que

1 d

T 2 (5)
n0 ( frequncia contnua )

De acordo com a primeira das equaes (2) os coeficientes Cn


tambm variam inversamente com o perodo T. Quando T tende
a infinito, estes coeficientes tendem a zero. No entanto, de (2)
vem que
T 2

Cn T =
T 2
f (t ) e j n 0 t dt

Desta forma, quando T tende a infinito


+
Cn T f (t ) e j t dt (6)

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Transformada de Fourier

A integral presente na equao (6) conhecida como


Transformada de Fourier da funo f(t) e representada por
+
Y { f (t )} = F ( ) = F ( j ) = f (t ) e j t dt (7)

A Transformada Inversa de Fourier obtida explicitamente


investigando o comportamento da primeira das equaes (2)
quando T tende a infinito. Assim
+ +
1
f (t ) = Cn e
n =
j n 0 t
= ( C nT ) e j n t
n =
0

T
=
(8)
+
1 +
= (C T ) e
n =
n
j n 0 t
=
2 2
(C T ) e
n =
n
j n 0 t

No limite, quando T tende a infinito, a freqncia harmnica n0


se torna a freqncia contnua , o somatrio se torna uma
integral e a equao (8) pode ser escrita como
+
1
f (t ) = F ( ) e j t d (9)
2

Exemplo Determinar a TF do pulso da figura abaixo

Vm

/2 /2 t

+ 2 + 2
e j t
F ( ) = Vm e j t dt = Vm =
2 ( j ) 2
(10)
=
Vm
( j )
( e j 2 e j 2
)

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Transformada de Fourier

Como

e j b = cos b j sen b
jb e j b e j b = j 2sen b
e = cos b + j sen b
Logo

Vm sen ( 2 )
F ( ) = j 2sen ( 2 ) = Vm (11)
( j ) 2

Lembrar que para a mesma funo , suposta peridica

Vm

/2 /2 T /2 T+ /2 t

Vm sen ( n 0 2 )
Cn = (12)
T n 0 2

Traando o grfico para as


funes F() em (11) e Cn em
(12) percebe-se que quando a
funo peridica passa a ser
aperidica, o espectro de
freqncia que inicialmente
discreto, passa a ser contnuo.
No entanto, o leitor pode
perceber que em todos os
casos a forma de onda a
mesma.

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Transformada de Fourier

2. CONVERGNCIA DA INTEGRAL DE FOURIER

Para que uma funo possua a Transformada de Fourier, basta


que a integral de Fourier seja convergente, ou seja, basta que a
equao (7) tenha um valor finito.
Em geral, funes f(t) que so bem comportadas e que diferem de
zero em um intervalo de tempo finito vo possuir Transformada de
Fourier.
NOTA: funo bem comportada uma funo contnua e limitada
em todos os pontos de seu domnio.
Se f(t) diferente de zero em um intervalo de tempo infinito, a
convergncia da integral de Fourier depende do comportamento de
f(t) quando t tende a infinito. Assim, vai existir a Transformada de
Fourier se uma das condies de Dirichlet for atendida, ou seja, se
+

f (t ) dt existir.

Exemplo Determinar a TF da funo mostrada abaixo.

K
K e-at

+ +
F ( ) =

f (t ) e j t dt = K
0
e a t e j t dt =

+
+
( a + j )t e ( a + j )t
=K e dt = K =
0 (a + j ) 0 (13)

K e ( a + j )t = K K
+ a + j [ ]
0
= 1 0 =
a + j a + j

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Transformada de Fourier

NOTAS:

Existem muitas funes de interesse prtico que a integral de


Fourier no converge. Por exemplo:
(a) f(t) = K (constante)
(b) f(t) = K sent (senide)
(c) f(t) = K u(t) (degru)
Nestes casos utiliza-se um subterfgio matemtico para clculo
das Transformadas de Fourier destas funes, descrito a
seguir:
1) Criar uma funo de aproximao que possua Transformada
de Fourier e que possa se tornar arbitrariamente prxima da
funo de interesse;
2) Calcular a TF desta funo de aproximao;
3) Calcular o limite da TF obtida quando a funo de
aproximao tende para a funo de interesse.

Exemplo Determinar a TF da funo f(t) = A (constante).

Ae 2t Ae 2t
Ae1t 2 < 1 Ae 1t

A integral de Fourier de f(t) = A no converge, logo esta funo no


possui a princpio uma Transformada de Fourier. Para clculo da
TF deve ser aplicado o subterfgio matemtico apresentado
anteriormente.
1) Criar a funo de aproximao;

t f (t ) = Ae t para < t < 0


f (t ) = Ae ; >0 t
(14)
f (t ) = Ae para 0 < t < +

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Transformada de Fourier

2) Calcular a TF desta funo de aproximao;


0 +

Ae Ae
t
F ( ) = e j t dt + t
e j t dt =
0

0 ( + j ) t +

= A e dt + e ( ) e j t dt =
+ j t

0
e ( + j ) t 0 e ( + j ) t +
= A + =
(
+ ) (
+ ) 0
j j (15)

1 0 0 1
= A + =
( j ) ( + j )
1 1 2 A
= A + =
+ +
2 2
j j

3) Calcular o limite da TF calculada quando a funo de


aproximao tende funo de interesse.
A figura abaixo mostra a funo F() calculada em (15) para
alguns valores de . O leitor pode ver que medida que
diminui, a funo tende para a forma da funo impulso (t).

2 A = 0,5 A =1
F ( ) =
2 + 2

=1

=5

freqncia (rad/s)

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Transformada de Fourier

Assim, analisando mais pormenorizadamente a funo F()


v-se que:
2 A
F ( ) = (16)
2 + 2
(a) Em = 0, a funo F() tende para 2A/

lim 2 A =
0

(b) governa a durao de F() . Se tende a zero, a durao


de F() tambm tende a zero.

lim 2 A =
0

(c) A rea sob a funo F() independe de e vale 2 A.


+ +
2 A 1
rea =

+
2 2
d = 4 A
0
+
2 2
d = 2 A (17)

Assim sendo, a funo F() vai valer:


(18)
F ( ) = 2 A ( )

3. USO DA TRANSFORMADA DE LAPLACE PARA


CLCULO DA TRANSFORMADA DE FOURIER

Uma outra forma para se calcular a Transformada de Fourier


fazer uso de tabelas de Transformadas de Laplace Unilaterais,
desde que haja a convergncia da Integral de Fourier. Uma
condio para a convergncia da Integral de Fourier obtida
quando todos os plos de F(s) esto no semi-plano esquerdo.

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Transformada de Fourier

REGRAS BSICAS DE USO DA TL PARA CLCULO DA TF:

Regra 1. Se f(t) = 0 para t 0 (denominada de funo de tempo


positivo), ento pode-se obter a TF diretamente da TL
de f(t) substituindo s por j, ou seja

Y { f (t )} P _ { f (t )} s = j
(19)

Exemplo Determinar a TF da funo de tempo positivo f(t)


abaixo.

= 0 para t 0
f (t ) at
= e cos 0t para t > 0
Utilizando a propriedade em (19) basta fazer

s+a j + a
Y { f (t )} = _ {e at cos 0t}s = j = =
( s + a ) + 02 s = j ( j + a ) + 02
2 2

Regra 2. Como o intervalo de integrao da TF vai de a +,


uma funo de tempo negativo (funo nula para
tempos positivos) pode possuir uma TF. A TF de
funes de tempo negativo pode ser obtida calculando-
se a TL de f(t) e substituindo s = j, ou seja

Y { f (t )} = _ { f (t )}s = j (20)

Regra 3. Uma funo que no se anula nem para tempos


positivos, nem para tempos negativos, pode ser
considerada como uma soma de duas funes, uma de
tempo negativo e outra de tempo positivo. Assim, pata a
determinao de sua TF podem ser utilizadas as regras
1 e 2 anteriores. Isto quer dizer que se

f + (t ) = f (t ) para t > 0
f (t ) = f (t ) para t < 0

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Transformada de Fourier

Ento
f (t ) = f + (t ) + f (t )
e desta forma

Y { f (t )} = Y { f (t ) + f (t )} =
+

= Y { f (t )}> Y { f (t )} =
+
(21)
= _ { f (t )} > _ { f ( t )}
+
s = j s = j

Exemplo Determinar novamente a TF da funo f(t) = e-a|t|.

f + (t ) = e at para t > 0
f (t ) = e at para t < 0
Assim

_ {f +
(t )} = _ {e at } =
1
s+a
_ { f ( t )} = _ {e at } =
1
s+a
Finalmente pode-se calcular a TF da funo pedida, ou seja,

Y { }
e
a t
=
1
+
1
( s + a ) s = j ( s + a ) s = j
=

1 1 2a
= + = 2
( j + a ) ( j + a ) + a 2
Regra 4. Se f(t) par, ento

Y { f (t )} = _ { f (t )}s = j + _ { f (t )}s = j (22)

Regra 5. Se f(t) mpar, ento

Y { f (t )} = _ { f (t )}s = j _ { f (t )}s = j (23)

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Transformada de Fourier

4. USO DE LIMITES PARA CLCULO DA TRANSFORMADA


DE FOURIER

4.1. TF da funo sinal [sgn(t)]

u (t )
1

e t u (t )
t
e t
[ u (t )]
1
u (t )

A funo sgn(t) pode ser expressa por


sgn(t ) = u (t ) u (t ) (24)

Para calcular sua TF necessrio:


(a) Estabelecer uma funo de aproximao para sgn(t)

t t
sgn(t ) = lim
0
e u (t ) e u ( t ) (25)

Logo,considera-se como funo aproximao a funo dada


por
t t
f (t ) = e u (t ) e u ( t )
f + (t ) f (t )

(b) Calcular a TF da funo aproximao

1 1
Y { f (t )} = =
( s + ) s = j ( s + ) s = j
(26)
1 1 j 2
= = 2
( j + ) ( j + ) + 2
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Transformada de Fourier

(c) Calcular o limite da TF calculada quando a funo


aproximao tende funo de interesse

j2 2
lim Y { f (t )} = = (27)
0 j

4.2. TF da funo degrau unitrio [u(t)]

u (t ) 1
sgn(t )
1/2 2


t t
1
sgn(t )
2

Para calcular sua TF faz-se:

(a) Estabelecer uma funo aproximao para u(t)


A funo u(t) pode ser expressa por

1 1
u (t ) = + sgn(t ) (28)
2 2

(b) Calcular a TF da funo aproximao

1 1
Y { f (t )} = Y + Y sgn(t ) =
2 2
1 1 j2 1 (29)
= [ 2 (t ) ] + = ( t ) +
2 2 j

(c) Neste caso no necessrio o clculo do limite pois a


funo degrau unitrio foi obtida pela soma correta (e no
aproximada) de duas outras funes.

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Transformada de Fourier

4.3. TF da funo co-seno [cos(t)]


Sabe-se que a TFI dada por

+
1
F ( ) e
j t
f (t ) = d (30)
2

Seja ento

F ( ) = 2 ( 0 ) (31)
0
Ento, utilizando a propriedade de
filtragem da funo () vem que
+
1
f (t ) = 2 ( 0 ) e jt d = e j0t (32)
2

Assim

Y {e } = 2 ( )
j 0 t
0
(33)

Como
j t
e 0 = cos 0t + j sen 0t e j 0 t + e j 0 t
j 0 t cos 0t = (34)
e = cos 0t j sen 0t 2

Ento

Y {cos 0t} =
1
2 Y {
e j0 t
+}Y e j0 t
{=
}
1
= 2 ( 0 ) + 2 ( + 0 ) = (35)
2
= ( + 0 ) + ( 0 )

O leitor pode perceber que o resultado j era esperado, uma vez


que um cos0t s contm uma freqncia, que a prpria 0.
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Transformada de Fourier

5. APLICAO DA TRANSFORMADA DE FOURIE R NA


SOLUO DE CIRCUITOS ELTRICOS

Existem duas razes bsicas para que a Transformada de


Laplace seja mais utilizada que a Transformada de Fourier na
anlise de circuitos eltricos:
1. A Transformada de Laplace existe para um nmero maior
de funes;
2. A Transformada de Laplace permite que se introduza as
condies iniciais de funcionamento do circuito com mais
facilidade.

No entanto, uma propriedade funcional da Transformada de


Fourier relativa convoluo no tempo, descrita a seguir, vai
proporcionar uma maneira eficaz de aplica-la na soluo de
circuitos eltricos quando se desejar a resposta estacionria.

Propriedade Funcional da Transformada de Fourier relativa


Convoluo no Tempo

+
y (t ) = x( ) h(t )d

Y ( ) = X ( ) H ( ) (55)

Exemplo Determinar i0(t) no circuito abaixo utilizando a TF,


quando ig(t) = 20 sgn(t).

A TF da excitao da forma i0(t)

I g ( ) = Y {20sgn(t )} = ig(t) 1
3

2 40 1
= 20 =
j j

As impedncias em cada uma das pernas do circuito acima so


respectivamente 1 e ( 3 + j ) .

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Transformada de Fourier

A relao entre as correntes I0() e Ig() a funo de


transferncia desejada (divisor de corrente), dada por
I 0 ( ) 1
H ( ) = =
I g ( ) 4 + j

A corrente I0() vai ser dada ento por


1 1 40
I 0 ( ) = I g ( ) = =
4 + j 4 + j j
40 K K2
= = 1+
j ( 4 + j ) j 4 + j
onde

40 40
K1 = = 10 e K2 = = 10
( 4 + j ) j = 0
j j =4

Desta forma

10 10 2 1
I 0 ( ) = = 5 10
j 4 + j j 4 + j
A corrente i0(t) vai ser dada ento por

i0 (t ) = 5sgn(t ) 10 e 4t u (t )

20sgn(t )
20

5sgn(t )
5

i0 (t ) t
5sgn(t )
5 10e 4t u (t )

ig (t )
20
20sgn(t )

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Transformada de Fourier

Exemplo Determinar i0(t) no mesmo circuito anterior se a


corrente ig(t) = 50 cos 3t.

A TF da excitao da forma i0(t)


3
I g ( ) = Y {50 cos 3t} = ig(t) 1
1
= 50 ( 3) + ( + 3)

As impedncias em cada uma das


pernas do circuito acima so respectivamente 1 e (3+j) .
A relao entre as correntes I0() e Ig() a funo de
transferncia desejada (divisor de corrente), dada por
I 0 ( ) 1
H ( ) = =
I g ( ) 4 + j

A corrente I0() vai ser dada ento por


1 50
I 0 ( ) = I g ( ) = ( 3) + ( + 3)
4 + j 4 + j
Desta forma, no tempo vai ser

50
+
( 3) + ( + 3) jt
i0 (t ) = Y 1
{ F ( )} = e d =
2
4 + j
e j 3t e j 3t e j 3t e j 3t
= 25 + = 25 5 e j 36,87 + 5 e j 36,87 =
4 j 3 4 + j 3
= 5 e j 3t e + j 36,87 + e j 3t e j 36,87 = 5 e j (3t 36,87) + e j (3t 36,87)

Lembrando que

e j b = cos b j sen b
jb e j b + e j b = 2 cos b
e = cos b + j sen b

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Transformada de Fourier

ento

i0 (t ) = 5 e
j ( 3t 36,87 )
+e
j ( 3t 36,87 )
= 10 cos ( 3t 36,87 ) A

NOTA: Uma vez que a fonte senoidal, ento a corrente i0(t)


pode ser calculada utilizando o mtodo dos fasores
(transformao fasorial). Cabe tambm lembrar ao leitor que
neste captulo sero utilizados os fasores associados aos
valores mximos, e no os fasores associados aos valores
eficazes, mais utilizados no dia a dia do analista de circuitos AC.
Assim procedendo vem que

1
I0 = Ig =
4 + j3 I0
3
1
= 500 = Ig 1
4 + j3 j3

500
= = 10 36,87
536,87

A corrente i0(t) vai ser dada ento por

i0 (t ) = 10 cos ( 3t 36,87 ) A

O leitor pode perceber que a anlise utilizando a transformao


fasorial bem mais rpida e mais simples do que a anlise
utilizando a Transformada de Fourier, sendo por isto a mais
utilizada nestes tipos de clculos.

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