A Questão Da Presença
A Questão Da Presença
A Questão Da Presença
RENATO FERRACINI,
CHARLES FEITOSA
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Renato Ferracini ator, pesquisador, pai, marido, filho (mas neto no mais, infelizmente!). Usa Brincos.
Rizomtico. Prefere sempre a Esquerda. Crtico. Positivo Vital. Livre, Solto e Careca. Carrega sempre um pouco
de amarelo, sol e noite nos bolsos para distribuir gratuitamente. Mesmo j dito o mais importante salienta-se
que possui graduao em Artes Cnicas pela UNICAMP (1 993), mestrado (1 998) e doutorado (2004) em
Multimeios tambm pela UNICAMP. ator-pesquisador e atualmente Coordenador do LUME - Ncleo
interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da UNICAMP onde atua terica/praticamente em todas as linhas de
pesquisa do ncleo desde o ano de 1 993. professor com credenciamento pleno e orientador no Programa de
Ps-Graduao em Artes da Cena - UNICAMP e ministrou disciplinas em programas de ps-graduao - como
professor convidado - na USP, UFPB (especializao), FURB (especializao), Universidade de vora (Portugal)
e Universidade Nova de Lisboa (Portugal).
Charles Feitosa obteve graduao em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1 986), mestrado
em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1 990), doutorado em Filosofia na Albert-Ludwigs Uni-
versitt Freiburg / Alemanha (1 995), ps-doutorado em Filosofia pela Universidade de Potsdam-Alemanha
(2007) e pela Universidade de Paris VIII/Frana (201 3). Atualmente professor e pesquisador no Programa de
Ps-Graduao em Artes Cnicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Coordenador
do POP-LAB (Laboratrio de Estudos em Filosofia Pop). Coordenador do curso de bacharelado de filosofia da
UNIRIO. Tem experincia na rea de Filosofia, com nfase em Esttica moderna e contempornea, atuando
principalmente nos seguintes temas: corpo, imagem, performance, cultura brasileira e cultura pop.
PALAVRAS-CAVE 1 07
Presena, corpo, performance, cena.
ABSTRACT
In the live performance the body of the viewer seems to tune into the energy distri-
bution caused by other moving bodies. It can be said that the public dance with the
performer, feel the vertigo of motion, balance at the same pace, even without moving
the chair. The technical features of video, film or computer instead distort the sense
of the actor's effort, often conveying a spontaneous impression in every gesture. The
panting, sweat, errors and risks of live performance end up being eliminated after
editing. The transformation of live body fluid to the body exposed on the screen pas-
ses through a series of mediations and differences that imply a reduction in percep-
tion of movement possibilities. The purpose of the round-table is to reflect on the
limits and possibilities of the concept of "stage presence" in philosophy, theater and
contemporary arts of performance, emphasizing the media and technological trans-
formation of the relationship between body, space and time, both the artist on the
scene as the objects around, but also the general audience.
KEYWORDS
Presence, body, performance, scene.
Em Carlson:
De todo modo, devo dizer que concordo com Charles Feitosa com relao
palavra/conceito presena ser problemtica. Se uma palavra/conceito to proble-
matizada e com um histrico crtico to imenso no campo da filosofia, torna-se, no
mnimo, questionvel us-la no campo das artes cnicas. Temos, assim, duas pos-
turas possveis: 1 ) ou aceitamos a crtica do campo filosfico e mudamos a palavra
tornando esse conceito de fora imanente ontogentica renovado, com palavra no-
va no caso da proposta de Charles seria substitu-la pelo conceito de aconteci-
mento. 2) ou podemos manter a palavra e problematiz-la, inserindo nela camadas
de complexidade ao conceito de presence, dentro do campo das artes presenciais.
Ultimamente tenho preferido usar desse ltimo recurso e j o fiz recentemente com
o conceito/palavra treinamento em captulo de livro recentemente publicado. Per-
gunto-me: seria eu um conservador conceitual? Talvez sim se pensar em minha re-
lutncia em descartar conceitos problemticos no campo das artes cnicas. Porm,
prefiro pensar que sou cuidadoso: acredito que seria imprudente simplesmente re-
jeitar conceitos e palavras em um campo conceitual to recente como no campo
das artes cnicas. Quando digo recente, obviamente, refiro-me somente ao campo
conceitual dessa rea j que no campo da prxis temos um tradio milenar. E em
nome dessa tradio prtica milenar que ainda podemos problematizar e tornar
mais complexos conceitos somente seculares criados nesse campo.
E isso j vem sendo feito. Um livro lanado em 201 2 chamado Archaelogies
of Presence traz vrios artigos com o intuito de problematizar esse conceito dentro
do campo das artes cnicas. Todos os artigos lanam algum tipo de problematiza-
ouvirouver Uberlndia v. 1 3 n. 1 p. 1 06-1 1 8 jan.| jun. 201 7
o, complexidade e luz sobre o conceito de presena no campo das artes presen-
ciais, mas so importantssimos e reveladores os artigos de Josette Feral, Phillip
Zarrili, Gabriella Giannachi, Erika Fischer-Lichte. No seria possvel discorrer sobre
todos, portanto vou me ater apenas nessa ltima autora.
Erika Fischer-Lichte insere camadas de complexidade presena. Uma pri-
meira camada de presena seria aquela da coisa no espao. Uma mera presena
do corpo no tempo-espao do agora. Um simples estar no espao. A essa qualida-
de de presena ela d o nome de conceito simples de presena.
Outra camada diz respeito a uma certa intensidade de ser/estar da coisa.
Aqui j adentramos a um certo atributo da coisa no espao, que no poderia ser
chamado mais de coisa. Aquela velha capacidade do corpo-atuante em chamar a
ateno do pblico. Um certo brilho ou transiluminao como nos diria Grotowski.
Presena como intensidade ampliada do corpo no tempo/espao. Uma presena
que construda pelo atuante em seu cotidiano de treinamento, de trabalho, de
busca. Um certo Bios do ator, como coloca Barba, citado pela autora em seu artigo.
Para explanar sobre essa capacidade de intensificao a autora lana mo do con-
ceito de embodiment, (de difcil traduo em portugus, mas que seria algo como
corporificar, tornar-se corpo, corporificao, carnificao, encarnao). A presena
116 forte ou mais precisamente - o conceito forte de presena:
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