Capítulo 1 - Resgate em Threshold

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Captulo 1 - Resgate em Threshold

Parte 1 - Preldio
Threshold, Soladain, 17 de thaumont de 1012

Derfel sorveu um gole da densa e escura cerveja que lhe foi servida. O lquido desceu-lhe
garganta abaixo aplacando a sede e lhe fazendo suspirar.
- Ento, c estamos. - comentou com seus companheiros, limpando a espuma do ralo bigode
pueril.
Turkus sorriu, mostrando os dentes amarelos atrs da volumosa barba ruiva, encharcada de
cerveja e guisado, levantou a caneca e props um brinde.
- Que comece a aventura!
Chongas precisou ficar em p sobre a cadeira para alcanar as canecas dos outros. Sequer
sentou, bebeu ali mesmo e ergueu os dois braos:
- Nunca me senti to vivo!
Os trs haviam viajado por trs dias at chegar cidade. Threshold, honestamente, no era bem
o que eles esperavam. Os viajantes falavam de uma cidade grande, organizada e com oportunidades
para quem quisesse prosperar. O que encontraram foi uma ilha fluvial atulhada de gente, com ruelas
estreitas, lixo e esgoto por todos os lados. No entanto, a estalagem O Ogro Trapaceiro (ou, talvez,
sua cerveja) comeava a lhes fazer notar as pequenas belezas da ltima Fronteira, como era
conhecida.
A viagem comeara trs dias antes, em Kelvin. Derfel, filho do Lorde Cadarn, de Kelvin, havia
completado seus estudos e ornado-se clrigo de Petra pela Igreja de Karameikos. Como costume entre
as famlias nobres, o jovem pediu a seu pai para realizar a Cerimnia da Ruptura, em que o jovem
deixa sua casa com poucos pertences, renega seu sobrenome e vaga pelo mundo, s voltando quando
seus feitos forem dignos de nota.
Para a maioria dos campnios e membros de outras raas tal atitude trata-se de uma tolice
extravagante e desnecessria; um modo que as famlias nobres encontraram para livrarem-se de
herdeiros inconsequentes. Porm, h alguns entre eles que invejam essa oportunidade. Chongas um
deles. Filho de um comerciante halfling de Kelvin, pediu permisso de seu pai para acompanhar o
amigo de infncia Derfel em sua jornada. Ex-aventureiro, o pai de Chongas deu a bno ao filho com
lgrimas nos olhos. No entanto, no permitiu seguir viagem sem que levasse uma vasta reserva de
comida. Apesar da quantidade, o estoque acabou no segundo dia de jornada.
J Turkus no est em uma simples jornada: sua busca fazer seu nome entrar para a histria.
Filho do Cl Mo de Martelo, uma das mais ricas de Forja Alta, Turkus decidiu largar a vida de aprendiz
de ferreiro e tornar-se um aventureiro. Seu pai, Bucko Mo de Martelo, bradou que nenhum filho seu
seria um vagabundo andarilho e que se Turkus deixasse a cidade, deveria encontrar um novo nome de
famlia. Orgulhoso, Turkus cunhou o nome Forja Quebrada e entalhou seu prprio braso: um martelo
sobre uma bigorna, representando a quebra da tradio.
Assim, os trs acabaram unindo-se com uma ideia em comum: desbravar o reino de Karameikos
(ou at mesmo alm de suas fronteiras) em busca de ouro e glria. Segundo os bardos, a melhor
cidade para iniciar uma companhia de aventureiros Threshold, o resto j sabemos.

Parte 2 - Um Grito na Noite


- Com licena - disse um velho de barbas desgrenhadas e quase sem dentes - vocs so novos
por aqui, no? No, no respondam: eu conheo todos os meus clientes. Bebam, por favor, sua rodada
por conta da casa. Sabem, no so bons tempos para viajantes em Threshold, especialmente
comerciantes. Muitos tm desaparecido.
- Eu j disse que coisa do Anel de Ferro. - comentou um homem gordo, na mesa ao lado.
- No diga esse nome! - exclamou uma senhora mais ao longe.
- Mas se verdade! Conhecem o Phill, da loja de tecidos? Pois bem, sumiu da prpria cama, com
a mulher ao lado!
- Se voc conhecesse a mulher dele, tambm sumiria sem ser visto! - uma outra pessoa
comentou.
As gargalhadas ecoaram pelo salo, mas foram rapidamente cortadas por um grito feminino
vindo da rua. Quase como em reflexo, a maioria dos clientes levantou-se e correu porta a fora, assim
como nossos amigos.
Uma vez no exterior da estalagem, uma mulher de seus 40 anos, muito bonita, estava cada ao
cho, com uma imensa mancha vermelha no rosto. Desesperada

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