O Conceito de Cultura - Def.
O Conceito de Cultura - Def.
O Conceito de Cultura - Def.
Introduo
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Principalmente da UNESCO, quando trata da questo do respeito s diferenas e da diversidade cultural.
Pois, como Marx escreveu, o processo de desenvolvimento do ser humano , de forma
simultnea, um processo de humanizao da natureza e de naturalizao do gnero
humano. (MARKUS, 1974).
Em que pese a importncia da anlise dos diversos significados do conceito de
cultura, optou-se, neste trabalho, por outro caminho, o de procurar explicitar o que seja
a cultura na perspectiva marxista.
Desse modo, o trabalho o elemento fundante do ser humano, pois como explica
Engels,
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Neste trabalho iremos tratar sobre hominizao e humanizao com a seguinte definio: hominizao:
o processo de evoluo biolgica que resulta na espcie humana. A humanizao resultado da cultura
material e intelectual historicamente acumulada. (DUARTE, 1999).
p. 70) afirma que o aparecimento e o desenvolvimento do trabalho, condio primeira
e fundamental da existncia do ser humano, acarretaram a transformao e a
humanizao do crebro, dos rgos de atividade externa e dos rgos do sentido.
Conforme Vieira Pinto assinala (1985, p.122), diferentemente do animal, no ser
humano a capacidade de resposta realidade aumentou em qualidade e intensidade,
porque ao longo do processo de hominizao, as alteraes que ocorreram devido a sua
ideao reflexiva, criaram novas aes sobre o ambiente, e por meio disso o ser
humano exerceu atos originais, no realizados antes por sua espcie. Essas aes foram
se acumulando na conscincia comunitria numa forma de hereditariedade social
dos saberes adquiridos, pois devido aos seus importantes resultados, foram guardados,
acumulados e transmitidos. Nessa direo Vieira Pinto afirma que
E por ltimo, Leontiev (Idem, ibidem) cita o terceiro estgio que, segundo o
autor, o momento do surgimento do homem semelhante ao atual, ou seja, o Homo
sapiens. Este estgio compe a fase fundamental, a viragem. o perodo em que a
evoluo do homem se liberta inteiramente da sua vinculao com as alteraes
biolgicas decisivamente lentas, que se transmitem por hereditariedade. Deste modo,
somente as leis scio-histricas regem a evoluo do ser humano.
Entendemos, portanto, que no processo de hominizao, o ser humano comea a
lidar com os primeiros instrumentos, com as formas rudimentares de trabalho na
sociedade, porm a transmisso e a definio das modificaes anatmicas eram
garantidas predominantemente pela ao da hereditariedade.
Ou seja, o aparecimento do ser humano atual advm quando o mesmo j possui
os atributos biolgicos necessrios para o seu desenvolvimento scio- histrico
ilimitado. Passa a existir ento a cultura, um modo diferente de transmisso e
apropriao das transformaes e desenvolvimento da espcie, que como produto do
trabalho, diferencia o ser humano dos outros animais. Leontiev (1978) explica que
Leontiev (1978) explica que o contato com os objetos e fenmenos criados pelo
ser humano importante, mas no suficiente para o atual estgio de desenvolvimento do
gnero humano, pois seu contato com o mundo mediatizado pela sua relao com os
outros homens, por meio da comunicao (linguagem), condio necessria e
especfica da vida do ser humano em sociedade (LEONTIEV, 1978, p. 265-266).
Desse modo,
Mas o ponto principal que deve ser bem sublinhado que este
processo deve sempre ocorrer sem o que a transmisso dos resultados
do desenvolvimento scio-histrico da humanidade nas geraes
seguintes seria impossvel, e impossvel, consequentemente, a
continuidade do progresso histrico [...] O movimento da histria s ,
portanto, possvel com a transmisso, s novas geraes, das
aquisies da cultura humana, isto , com educao. (Idem, p. 272-
273).
Referncias:
DUARTE, Newton. Por uma educao que supere a falsa escolha entre
etnocentrismo e relativismo cultural. In. DUARTE, Newton & DELLA FONTE,
Sandra Soares. Arte, Conhecimento e paixo na formao humana. Autores Associados,
Campinas, 2010.
MARKUS, Gyorgy. Teoria do Conhecimento no jovem Marx. RJ: Paz e Terra, 1974.
MARX, Karl. Processo de trabalho e processo de valorizao. In. ANTUNES, R.
(org.) A dialtica do trabalho. SP: Expresso popular, 2004.
MARX, Karl. & ENGELS Friedrich. A Ideologia Alem. Boitempo Editorial, SP,
2007.
MARX, Karl. O capital. Crtica da economia poltica. SP: Abril Cultural, 1983, t. I, v. I