Computação Gráfica Aplicada A Eng. Civil

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DIOGO AMORIM CASTRO

COMPUTAO GRFICA APLICADA A ENGENHARIA:


Estudo de Caso do Laboratrio de Engenharia da Computao (UEFS)

FEIRA DE SANTANA
2010
DIOGO AMORIM CASTRO

COMPUTAO GRFICA APLICADA A ENGENHARIA:


Estudo de Caso do Laboratrio de Engenharia da Computao (UEFS)

Trabalho apresentado coordenao do curso de


graduao em Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Feira de Santana, como requisito
parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. MSc. Luis Claudio Alves Borja.

FEIRA DE SANTANA
2010
2

FOLHA DE APROVAO

DIOGO AMORIM CASTRO

COMPUTAO GRFICA APLICADA A ENGENHARIA:


Estudo de Caso do Laboratrio de Engenharia da Computao (UEFS)

Projeto de pesquisa apresentado banca Examinadora de qualificao


da disciplina TEC 174 Projeto Final II, do curso de Engenharia Civil da
Universidade Estadual de Feira de Santana, ministrada pela professora
Eng Eufrosina Cerqueira e pelo professor Eng Gerinaldo Costa.

Feira de Santana, 27 de Julho de 2010

________________________________________________________
Professor orientador: MSc. Luis Claudio Alves Borja
Universidade Estadual de Feira de Santana

________________________________________________________
Professor: MSc. Cristovo Csar Carneiro Cordeiro
Universidade Estadual de Feira de Santana

________________________________________________________
Professor: MSc. Nilo Mrcio de Andrade Teixeira
Universidade Estadual de Feira de Santana
3

Dedico esse trabalho aos meus pais,


irmos, minha esposa e meu filho.
4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me iluminado durante a elaborao deste trabalho.


Aos meus pais Edmundo e Lourdes, e meus irmos Mrcio, Edmundo Filho e
Macelly por todo apoio e simplesmente por existirem na minha vida.
minha esposa Ktia pelo amor e companheirismo de toda hora.
Ao meu filho Guilherme pela inspirao que proporciona a minha vida.
Ao meu orientador Luis Borja por todo aprendizado e suporte que me proporcionou.
Aos amigos da Republica A casa dos 7 Engenheiros, em especial Felipe.
Aos amigos conquistados durante minha passagem pela UEFS.
Aos amigos e familiares de Livramento, minha amada terra natal.
A toda equipe da GEPRO pela colaborao com o material para o estudo de caso e
em especial a Cleberson pelo apoio na modelagem com SketchUp.
E por fim a todos contriburam de alguma forma com este momento.
5

RESUMO

CASTRO, D. A. Computao Grfica Aplicada a Engenharia: Estudo de Caso


do Laboratrio de Engenharia da Computao (UEFS). Feira de Santana, 2010.
Trabalho de Concluso de Curso. Engenharia Civil, UEFS.

O projeto constitui uma das primeiras etapas do processo de produo, e, exerce


uma funo fundamental na aquisio da qualidade na construo de edifcios, bem
como na possibilidade de reduo de custos. A especializao de projetistas
contribuiu na produtividade, entretanto a segmentao e o seqenciamento das
atividades comprometeram a coerncia entre os projetos.

Propostas inovadoras que se baseiam no desenvolvimento integrado de projetos,


juntamente com o incremento de novas ferramentas computacionais, tornam mais
viveis, no s a reduo de interferncias, como tambm estudos mais elaborados
de uma determinada disciplina. A modelagem tridimensional permite criar maquetes
eletrnicas, muito parecidas com a edificao real. Estas maquetes podem ser
exploradas tanto no desenvolvimento e apresentao do projeto, ou ainda como
ferramenta de ensino e capacitao profissional dos envolvidos no processo.

Esta pesquisa busca mostrar, algumas vantagens da modelagem tridimensional na


elaborao de projetos, quando comparado ao modelo tradicional em 2D. Dentre os
pontos destacados, esto aqueles em que o uso da modelagem 3D poderia auxiliar
o projetista numa melhor visualizao do conjunto e de partes especficas, bem
como a evitar interferncias fsicas entre sistemas. Essas falhas normalmente esto
ligadas a algumas das caractersticas da representao bidimensional (simbolismo,
fragmentao, ambiguidade, etc.), que podem induzir projetistas de diferentes
disciplinas a solues incompatveis, devido a no visualizao destas
interferncias.

Palavras-chave: Projeto, Representao Tridimensional, Interferncias Fsicas.


6

ABSTRACT

CASTRO, D. A. Applied Computer Graphics Engineering: A Case Study of the


Laboratory of Computer Engineering (UEFS). Feira de Santana, 2010.
Completion of course work. Civil Engineering, UEFS.

This project is one of the first productions stages, and exerts a key role in the
acquisition of the construction of buildings as well as the possibility of cost reduction.
The expertise of designers contributed to productivity, though the segmentation and
sequencing of activities undertaken to consistency between projects.

Innovative proposals based on the integrated design process, along with the
increment of new computational tools, makes more viable, not only the reduction of
interference, but further studies in a particular discipline. The three-dimensional
modeling allows you to create electronic mockups, very similar to the real building.
These mockups can be used both in the development and presentation of the project
and a tool of education as a professional training of those involved in the process.

This research aims to demonstrate some advantages of three-dimensional modeling


in the preparation of projects, compared to the traditional 2D. Among the points
highlighted are those where the use of 3D modeling could help the designer to a
better observation of the general and specific parts, while avoid physical interference
between systems. These failures are usually related to some characteristics of two-
dimensional representation (symbolism, fragmentation, ambiguity, etc.), which can
lead designers from different disciplines to solutions incompatible in consequence of
not viewing these interferences.

Keywords: Design, Three-dimensional Representation, Physical Interference.


7

SUMRIO

1 INTRODUO ................................................................................................ 11

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 12

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 14


1.2.2 Objetivos Especficos...................................................................................... 14

1.3 MTODO DA PESQUISA ...................................................................................... 14

2 CONSTRUO CIVIL PROJETOS E EXECUO ..................................... 16

2.1 PANORAMA GERAL ............................................................................................ 16

2.2 O PROJETO NA CONSTRUO CIVIL .................................................................... 20

2.3 DEFINIES DE PROJETO NA CONSTRUO CIVIL ................................................ 22

2.4 SNTESE HISTRICA DA EVOLUO DO PROJETO ................................................. 23

2.5 ETAPAS DO PROCESSO DE PROJETO NA CONSTRUO CIVIL ................................ 24

2.6 COMPATIBILIZAO DE PROJETOS ...................................................................... 27

2.6.1 Dimenses da Compatibilizao de Projetos .................................................. 30

2.7 DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PROJETOS E A ENGENHARIA SIMULTNEA ....... 32

2.7.1 Desenho Assistido por Computador (CAD) .................................................... 34


2.7.2 Sistemas BIM - Building Information Modeling, .............................................. 35

3 APLICAES DA MODELAGEM GRFICA EM 3D NA ICC ......................... 39


3.1.1 A concepo do projeto .................................................................................. 40
3.1.2 A apresentao do projeto .............................................................................. 41
3.1.3 O 3D na compatibilizao do projeto .............................................................. 42
3.1.4 O ensino e a capacitao de profissionais envolvidos .................................... 44

3.1 ALGUNS SISTEMAS DE CAD ............................................................................... 45


3.1.1 O AutoCAD ..................................................................................................... 45
8

3.1.2 Google SketchUp ............................................................................................ 47

4 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................... 50

5 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 51

5.1 LOCALIZAO ................................................................................................... 51

5.2 EMPREENDIMENTO ............................................................................................ 52

5.2.1 Tipologia e solues arquitetnicas utilizadas ................................................ 53


5.2.2 Tipologia do sistema estrutural adotado ......................................................... 57
5.2.3 Tecnologia e procedimentos executivos ......................................................... 58

6 APRESENTAO, ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS ............. 60

7 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................ 73

7.1 CONCLUSO ..................................................................................................... 73

7.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................. 74

REFERNCIAS ..............................................................................................74
9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Origens de problemas patolgicos das construes (MOTTEU &


CNUDDE, 1989 apud MELHADO, 1994). ................................................................. 18
Figura 2 - Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifcio
ao longo de suas fases (CII, 1987 apud MELHADO, 1994). ..................................... 19
Figura 3 - Grfico que relaciona o tempo de desenvolvimento de um
empreendimento e o custo mensal das atividades, com a idia de um maior
"investimento" na fase de projeto (BARROS & MELHADO, 1993 apud MELHADO,
1994). ........................................................................................................................ 21
Figura 4 - Quadro comparativo entre etapas do processo de projeto descritas por
autores nacionais (MIKALDO JNIOR, 2006). .......................................................... 25
Figura 5 - Modelo do processo de projeto de edificaes (RODRGUEZ e HEINECK,
2002). ........................................................................................................................ 29
Figura 6 Comparao entre a Engenharia Simultnea e a Engenharia Seqencial
(Weck apud Arantes e Andery, s/d). .......................................................................... 33
Figura 7 Modelo integrado do BIM (REVISTA TCHNE, 2007, pg.44). ................. 36
Figura 8 Comparao entre o CAD e o BIM (REVISTA TCHNE, 2007, pg.45). ... 37
Figura 9 Processo de projeto em 2D e 3D (Adaptado de FERREIRA, 2007) ......... 40
Figura 10 Representaes de projeto em 3D (FLORIO, 2007). ............................. 42
Figura 11 Verificao de incompatibilidade no modelo tridimensional (Adaptado de
MIKALDO JNIOR, 2006) ......................................................................................... 43
Figura 12 Interface do AutoCAD verso 2008 (CASTRO, 2010) ............................ 46
Figura 13 Central de aprendizagem no Google SketchUp. (CASTRO, 2010) ........ 48
Figura 14 Localizao da UEFS na cidade de Feira de Santana (Adaptado
ERBASE, 2004) ......................................................................................................... 51
Figura 15 Localizao do Objeto de Estudo no Campus da UEFS (Adaptada de
GEPRO, 2010) .......................................................................................................... 52
Figura 16 - Planta baixa pavimento trreo (GEPRO, 2010) ...................................... 53
Figura 17 - Planta baixa pavimento superior (GEPRO, 2010) ................................... 54
Figura 18 - Planta de cobertura (GEPRO, 2010) ....................................................... 54
Figura 19 - Planta de implantao com perfil do terreno (GEPRO, 2010) ................. 55
Figura 20 - Fachada frontal (GEPRO, 2010) ............................................................. 56
Figura 21 - Fachada posterior e corte (GEPRO, 2010) ............................................. 56
10

Figura 22 Locao das sapatas (GEPRO, 2010) ................................................... 57


Figura 23 Laje com blocos de EPS pronta para concretagem (O AUTOR, 2010) .. 57
Figura 24 Vista posterior Fachada sul (O AUTOR, 2010) ................................... 58
Figura 25 - Perspectiva noroeste da obra (O AUTOR, 2010) .................................. 58
Figura 26 - Vista posterior Concretagem da laje (O AUTOR, 2010) ...................... 59
Figura 27 Frente da obra (O AUTOR, 2010) .......................................................... 59
Figura 28 Planta de cobertura destacando o elemento rufo (Adaptado de
GEPRO, 2010) .......................................................................................................... 60
Figura 29 Ilustrao 3D destacando o elemento rufo (O AUTOR, 2010) ............. 61
Figura 30 Representao do edifcio em 2D (Adaptado de GEPRO, 2010) .......... 61
Figura 31 Representao do edifcio em 3D (O AUTOR, 2010)............................. 62
Figura 32 Vrias vistas do edifcio (O AUTOR, 2010) ............................................ 62
Figura 33 Indicao do corte no modelo tridimensional ......................................... 63
Figura 34 - Corte obtido atravs do modelo 3D ........................................................ 63
Figura 35 Passeio virtual pelo edifcio .................................................................... 64
Figura 36 Anlise da insolao na edificao ........................................................ 64
Figura 37 Interferncia entre instalao sanitria e o forro (O AUTOR, 2010) ....... 65
Figura 38 - Sanitrio para deficiente (Adaptado de GEPRO, 2010) ........................ 65
Figura 39 Modelagem de interferncia entre instalao sanitria e forro. .............. 66
Figura 40 Planta baixa trreo (detalhe do sanitrio de deficientes) (Adaptado de
GEPRO, 2010) .......................................................................................................... 66
Figura 41 Extenso da viga V3 (Adaptado de GEPRO, 2010) ............................... 67
Figura 42 Interferncia entre eletrodutos e a viga V3 (O AUTOR, 2010) ............... 67
Figura 43 Representao dos quadros de distribuio em 2D (Adaptado de
GEPRO, 2010) .......................................................................................................... 68
Figura 44 Parede que suporta os quadros de distribuio (O AUTOR, 2010) ........ 68
Figura 45 Representao em 3D da posio dos quadros de distribuio (O
AUTOR, 2010)........................................................................................................... 69
Figura 46 Diagramao dos quadros de distribuio em 3D (O AUTOR, 2010) .... 69
Figura 47 Interferncia entre eletrocalha e parede (O AUTOR, 2010) ................... 70
Figura 48 Representao das eletrocalhas (Adaptado de GEPRO, 2010)............. 70
Figura 49 Interferncia entre eletroduto e verga (O AUTOR, 2010) ....................... 71
Figura 50 Interferncia entre eletroduto e verga (Adaptado de GEPRO, 2010) ..... 71
11

1 INTRODUO

A estabilidade econmica brasileira alcanada ao longo dos ltimos anos permitiu


conquistas tecnolgicas nos diversos setores que contribuem para a formao da
riqueza nacional. Na indstria da construo civil no foi diferente e o Brasil
apresentou potenciais avanos contribuindo para encurtamento nos tempos de
execuo das obras e impulsionou o crescimento da produo.

A partir 1991 com a vigncia do Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n8078 de


11/09/1990), que estabelece responsabilidades nas trs etapas do empreendimento
(projeto, execuo e ps-ocupao) e com a criao do Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade PBQP, as empresas vm buscando continuamente a
melhoria da qualidade do seu produto, tanto com intuito de satisfazer as exigncias
do mercado e reduo de custos, como tambm por estratgia de marketing da
empresa (MELHADO, 1994).

Consoante ao contexto surgiu uma necessidade de realizao de uma verificao


prvia do produto dos diversos agentes envolvidos no processo de projeto, com o
objetivo de se analisar a coerncia e a coordenao entre eles, e, de acordo com
Rodriguez (2005), com propsito de se evitar paradas e retrabalhos devido a
interferncias entre os variados projetos no decorrer da execuo da obra.

Nos ltimos anos, surgiram propostas de mudanas fundamentais buscando o


desenvolvimento integrado de projetos (ROMANO et al, 2001), e, juntamente com o
incremento de novas ferramentas computacionais, fica ainda mais vivel no s a
reduo de interferncias ainda nos lances iniciais do projeto, como tambm estudos
mais elaborados de uma determinada disciplina.

O uso da computao grfica vem sendo, cada vez mais utilizada na construo
civil, nos escritrios, etc. Ela permite criar modelos ou maquetes eletrnicas
prximas a edificao real a ser construda.
12

As maquetes eletrnicas e o uso da realidade virtual tambm podem ser explorados


como ferramenta de ensino ou capacitao profissional, visto que facilitam a
visualizao de um elemento, portanto ajudando-o na compreenso do
funcionamento de objetos, plantas dentre outros mais complexos.

1.1 JUSTIFICATIVA

O forte crescimento que o segmento da construo civil tem vivenciado nos ltimos
anos, fruto provavelmente da melhoria do grau de investimento e a existncia de
uma forte demanda reprimida, vem alavancando a busca da otimizao de
processos e procedimentos para a melhoria dos ndices de produtividade, qualidade
e rentabilidade dos empreendimentos.

Muitas vezes, problemas ocorridos na obra nascem ainda na etapa de projeto,


devido a uma elaborao com falhas no planejamento e ausncia de interao e
comunicao entre as diversas especialidades criadoras envolvidas, o que responde
por uma enorme parcela das perdas na eficincia produtiva. Romano et al (2001)
destaca que, a origem de boa parte dos conflitos entre os projetos das edificaes,
reside na segmentao e o seqenciamento das atividades de projeto.

Neste contexto, torna-se interessante a criao de mecanismos que possibilitem a


melhoria na qualidade do projeto e de seus produtos e processos (ROMANO et al
2001), e que sejam adequados s exigncias sucedidas com a recente evoluo que
o segmento vem alcanando. Torna-se tambm importante uma boa apresentao
do contedo com propsito de mostrar da melhor forma o produto aos interessados,
reduzindo ao mximo as ambigidades e aumentando de tal forma a confiana dos
clientes e demais integrantes do processo.

No que diz respeito ao desempenho produtivo e qualidade final do produto, deve-


se ainda dar a merecida relevncia do investimento no aperfeioamento da
qualidade dos projetos potencializando estes resultados no somente
13

competitividade, mas tambm garantindo resultados positivos para todo o ciclo de


vida do empreendimento (MELHADO, et al, 2005).

Ainda que, a necessidade de coordenar e compatibilizar projetos sejam fruto da


separao entre o exerccio projetual e a execuo da obra, existem outros fatores
que a justificam na contemporaneidade, tais como:

Especializao cada vez maior das diferentes reas de projetos;

Constituio de equipes de projeto situadas em diferentes localidades;

Solues tecnolgicas agregadas nos empreendimentos muito rapidamente.

De acordo com Solano (2005), no sub-setor de edificaes da indstria da


construo civil so raros os casos principalmente nas pequenas empresas em
que existam procedimentos voltados para o projeto bem elaborado com a devida
interao entre os diferentes projetistas envolvidos no processo de criao.

Entretanto, segundo Romano (2001), ultimamente vrias aes vem sendo


implementadas para a integrao do binmio projeto/execuo por meio do
desenvolvimento integrado de projetos.

Recentemente, diversos autores entre eles Solano (2005), Mikaldo (2006), Ferreira
(2007), etc. abordaram acerca da importncia da compatibilizao de projetos e os
mtodos para que se possa realiz-la, dentre eles destaca-se a utilizao de
softwares de CAD com sobreposies de projetos 2D e a integrao dos projetos em
modelos em 3D e tambm o mtodo FMEA - Failure Mode and Effect Analysis ou
Anlise do Modo e Efeito de Falhas, destacando as vantagens e tendncias em se
utilizar tais modelos.

Muitas das ferramentas utilizadas na compatibilizao de projetos trabalham com a


representao ou simulao de modelos geomtricos em plataformas de desenho
assistido por computador (CAD).

Dessa forma, acredita-se que a aplicao de programas computacionais de


modelagem sobre o objeto de estudo, vai permitir reconhecer contribuies
14

importantes da aplicao destas ferramentas para a integrao de projetos e a


compatibilizao do binmio projeto/execuo.

Este trabalho vem, como uma tentativa de mostrar algumas destas aplicaes e
suas vantagens no desenvolvimento de projetos de engenharia, caso sejam
utilizados recursos da modelagem geomtrica tridimensional assitida por
computador.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Comparar a representao do modelo em 2D com o modelo em 3D,


verificando parmetros como facilidade de leitura de projeto, observao do
conjunto e das partes.

1.2.2 Objetivos Especficos

Analisar a aplicao da modelagem grfica computacional em projetos de


engenharia.
Avaliar benefcios na compatibilizao entre projetos utilizando as ferramentas
de modelagem escolhidas.
Identificar problemas durante o processo de compatibilizao.

1.3 MTODO DA PESQUISA

Reviso bibliogrfica atravs de livros, artigos cientficos, teses, dissertaes,


normas tcnicas, peridicos (jornais, revistas, etc.), internet;
15

Estudo de projetos j existentes;


Modelagem do empreendimento em 2D e depois em 3D;
Observao de campo, com registro fotogrfico.

Anlise e discusso dos dados;

Resultados.
2 CONSTRUO CIVIL PROJETOS E EXECUO

2.1 PANORAMA GERAL

A Indstria da Construo Civil (ICC) confronta-se com um processo de produo


complexo, inerente no s sua natureza e s peculiaridades do empreendimento a
ser construdo, mas tambm sua organizao e modo de gesto. As diferentes
partes envolvidas neste processo apresentam-se de maneira fragmentada e cada
uma com seus prprios interesses, s vezes at conflitantes, no que diz respeito s
caractersticas e objetivos do empreendimento (FABRICIO, 2002).

Uma das particularidades da indstria da construo civil pode ser observada


inclusive no layout (arranjo produtivo) e seu fluxo de produo. Ao contrrio do
arranjo fixo (linha de montagem) de outras indstrias, onde muitas vezes os recursos
transformadores so fixos e o produto em transformao que se locomove (fluxo),
na construo civil o produto em transformao est em local fixo e os recursos
transformadores que se locomovem.

Diferentemente das demais indstrias, na ICC h uma dificuldade a mais, pois cada
novo empreendimento de construo exige uma formulao e projeto prprio, pois
neste setor no existem produtos idnticos, uma obra pode ser muito parecida com
outra, entretanto nunca ser idntica. Dessa forma, a cada empreendimento
realizado, a concepo e projeto devem mobilizar mltiplas tcnicas e agentes para
realizao da sua tarefa (FABRICIO, 2002).

O ritmo acelerado nos ltimos anos a construo civil contribuiu de maneira ainda
mais acentuada na composio do PIB na economia brasileira. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, em 2008, esse crescimento ficou em
torno de 8% contribuindo para afastar os efeitos da crise financeira mundial da
economia brasileira.
17

Entretanto, apesar dos ltimos avanos na construo civil praticada no Brasil, esta
ainda rotulada como um setor atrasado se comparada aos demais setores,
principalmente pela mo-de-obra desqualificada, pelos altos ndices de desperdcio
e baixa produtividade e nvel de industrializao. (FONTENELLE, 2002 apud
MIKALDO JR, 2006).

Segundo Agopyan (2001), at recentemente, estimava-se uma taxa de desperdcio


em torno de 25% do custo final do empreendimento, entretanto, na atualidade existe
uma maior preocupao quanto reduo de perdas.

As exigncias dos empreendedores em busca da concluso o mais rpido possvel


de suas obras, para 'aproveitar' os bons momentos econmicos ('boom') reduziu
consideravelmente o tempo para projetos, para planejar, pensar, refletir, aferir e
optar por melhores alternativas." E esta colocao legtima na atualidade, visto que
frequentemente esse tipo de comportamento, se estabelece entre empreendedores
e projetistas, na rea de edificaes (CAMBIAGHI, 1992 apud MELHADO, 1994).

A "presso psicolgica" que o empreendedor exerce, motivada por fatores de


instabilidade do mercado e pelas precises comerciais envolvidas, pode ser maior
para o projetista do que verdadeiramente tais fatores demandariam. Esta ao na
maioria das vezes prejudica a qualidade do projeto, comprometendo o sucesso
pleno do empreendimento (CAMBIAGHI, 1992 apud MELHADO,1994).

Esta baixa valorizao do real valor da etapa da concepo e detalhamento resulta


em projetos entregues obra repletos de falhas e de lacunas, e isto gera grandes
perdas de eficincia nas atividades de execuo, bem como ao prejuzo de
caractersticas do produto que foram previamente idealizadas. Isso comprovado
devido grande incidncia de patologias em edifcios atribudas a falhas de projeto,
os quais podem representar at 46% do total, de acordo com a Figura 1 (MOTTEU &
CNUDDE, 1989 apud MELHADO 1994).
18

Figura 1 - Origens de problemas patolgicos das construes (MOTTEU & CNUDDE, 1989
apud MELHADO, 1994).

De acordo com os autores Melhado (1994), Mikaldo Jnior (2006), a falta de


racionalizao e coordenao do projeto influencia diretamente na taxa de
desperdcios, pois aumenta o nmero de interferncias entre projetos, originando
paradas e retrabalhos e, consequentemente, baixa a produtividade e qualidade do
produto final.

Em concordncia com Rodriguez (2005) apud Mikaldo Jnior (2006), a falta de


racionalizao e coordenao dos projetos implica diretamente nos custos do
desperdcio, dentre estes fatores destacam-se:

i. Superdimensionamento ou subdimensionamento dos sistemas;

ii. Paradas e retrabalhos devido a interferncias fsicas entre os projetos,


omisso de informaes ou informaes incorretas;

iii. Paradas e retrabalhos por indisponibilidade dos projetos nas obras;

iv. Baixa produtividade devido ao emprego de componentes sem padronizao;

v. Maior uso de recursos materiais e de mo-de-obra pela falta de


construtibilidade, operao e manuteno.
19

O correto seria investir em tempo e recursos para a elevao da qualidade das


etapas de projetos e suas peas grficas. Segundo Souza et al (1995), o projeto de
uma edificao o elemento fundamental na concepo do empreendimento e
existe uma grande necessidade de aprimoramento ainda na sua fase de elaborao
visando a interao com a parte executiva no intuito de majorar a otimizao do
processo agregando assim valor ao produto final. Portanto, conforme a Figura 2 o
projeto que possui o maior potencial para reduo dos custos de um
empreendimento.

Figura 2 - Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifcio ao


longo de suas fases (CII, 1987 apud MELHADO, 1994).

Neste contexto, as aes que valorizam a melhoria da qualidade na construo de


edifcios implicam em benefcios para o desenvolvimento da economia nacional, j
que ocorre uma melhor utilizao dos recursos aplicados e consequentemente leva
a melhores produtos, a maior produtividade e tambm permitindo uma maior
gerao de empregos (MELHADO, 1994).
20

2.2 O PROJETO NA CONSTRUO CIVIL

O projeto na ICC, assim como em outras reas, constitui uma das primeiras etapas
do processo de produo. Deste modo exerce uma funo fundamental na aquisio
da qualidade na construo de edifcios, j que, nesta etapa, so definidos os
conceitos de organizao do espao e a tecnologia que ser adotada na fase de
execuo.

De modo geral, ele deve informar o design e as caractersticas fsicas do produto a


ser construdo e tambm deve permitir o ingresso de inovaes tecnolgicas, e
buscar reduzir a ocorrncia de patologias futuras alm de garantir caractersticas de
qualidade, racionalidade e construtibilidade do empreendimento. Desse modo, um
bom projeto gera reflexos positivos na adequao ao uso, reduz o tempo total de
execuo da obra e os custos finais do empreendimento (FABRCIO, 2002).

Nas edificaes, os projetos podem ter alta variabilidade, a depender da sua


finalidade, do nvel de complexidade e em funo da quantidade de recursos
investidos no ato de construir.

Segundo Rufino (1999), dentre os principais aspectos que influenciam a qualidade e


produtividade do projeto, quatro itens merecem destaque:

i. Integrao entre projetos: Conseguida atravs de coordenao e


gerenciamento, diminuindo o improviso e a repetio dos erros;
ii. Simplificao de projetos: Reduzindo a variabilidade do processo, atravs de
padronizao, repetio e coordenao modular;
iii. Comunicao: Criando uma metodologia de transferncia de informaes,
sem margem para dvidas e ambiguidades;
iv. Integrao projeto produo: Otimiza o fluxo de produo, a seqncia de
tarefas e o layout do canteiro que gera uma melhor circulao de materiais,
equipamentos e mo-de-obra.

Observa-se ento, que para uma mesma tipologia de empreendimento com mtodos
executivos idnticos, existe uma correlao entre o nvel de qualidade dos projetos
21

(seu grau de detalhamento e harmonia entre as partes) com percentual de perdas de


materiais e na eficincia produtiva.

De acordo com Melhado (1994), qualquer esforo realizado durante o projeto


repercute em ganhos sensveis e justifica os custos reduzidos se comparados aos
que advm das modificaes que por ventura apaream posteriormente, visto que as
alteraes so muito mais simples de serem efetuadas ainda "no papel". Entretanto
muitas vezes o que ocorre na prtica corrente o contrrio, o que acarreta em um
maior custo ao final do empreendimento, conforme ilustrado na comparao da
Figura 3.

Figura 3 - Grfico que relaciona o tempo de desenvolvimento de um empreendimento e o


custo mensal das atividades, com a idia de um maior "investimento" na fase de projeto
(BARROS & MELHADO, 1993 apud MELHADO, 1994).

Em sua tese de doutoramento, Melhado (1994), sugeriu que:


A evoluo do setor de construo de edifcios deve introduzir novas situaes, para as
quais a forma convencional de projetar um edifcio no est apta a oferecer respostas
adequadas; faz-se necessria uma maior integrao entre os especialistas que
participam do projeto. A tendncia de subdiviso cada vez maior do projeto em partes
distintas desenvolvidas por profissionais diferentes, dentro de um nvel de especializao
crescente, traz como decorrncia a necessidade de uma coordenao eficiente do
processo - tanto no que diz respeito informao utilizada (dados de entrada) quanto
deciso (dados de sada).
22

2.3 DEFINIES DE PROJETO NA CONSTRUO CIVIL

De acordo com a NBR 5674 (1999), projeto definido como uma descrio grfica
e escrita das propriedades de um servio ou obra de Engenharia ou Arquitetura,
onde constam seus atributos tcnicos, econmicos, legais e financeiros. No
dicionrio Aurlio encontram-se as seguintes definies para projeto: o que se tem
a inteno de fazer, (...) plano de realizar qualquer coisa, (...) ou mais
especificamente no setor de construo, estudo, com desenho e descrio, de uma
construo a ser realizada. No guia PMBoK, a denio de projeto um
empreendimento temporrio feito para criar um produto, servio ou resultado nico
(PMI, 2004 apud CARVALHO e MIRANDA, 2007).

Segundo Melhado (1994), a maior parte dos conceitos e definies presente na


bibliografia relacionada com o tema, para o termo projeto", esto ligados ao
procedimento ou prtica de projetar, com enfoque no sentido de criao,
envolvendo a idealizao, anlise e implementao de idias, e tambm no sentido
de resultados segundo as mudanas esperadas pela implementao do projeto.

Porm, quando se trata de projeto de edifcios, deve-se ultrapassar a viso do


produto ou da sua funo sendo o projeto afrontado, tambm, sob a tica do
processo (que no caso, a atividade de construir). Ele ainda deve ser encarado
como informao, de carter tecnolgico (como no caso de indicaes de detalhes
construtivos ou locao de equipamentos) ou no sentido puramente gerencial -
sendo til ao planejamento e programao das atividades de execuo, ou que a ela
do suporte (como no caso de suprimentos e contrataes de servios), portanto de
importncia crucial (MELHADO, 1994).

Na prtica corrente existe uma frequente dissociao entre a atividade de projeto e a


de construo propriamente dita. Melhado & Violani (1992) apud Melhado (1994),
apontam que no modelo tradicional de construo, o projeto geralmente entendido
como instrumento, esquecendo-se o seu prazo e o seu custo, fazendo jus a um
mnimo de aprofundamento e assumindo um contedo quase meramente legal, ao
ponto de torn-lo simplesmente indicativo e postergando-se grande parte das
decises para a etapa de obra.
23

2.4 SNTESE HISTRICA DA EVOLUO DO PROJETO

Conforme relatado por Graziano (2003), os escritrios tcnicos especializados em


arquitetura, estrutura e instalaes comearam a surgir por volta dos anos de 1960
devido ocorrncia de uma forte demanda imobiliria.

O surgimento dos escritrios especializados desencadeou a decadncia do modelo


anterior, onde os projetistas trabalhavam de forma conjunta, onde de tal modo estes
conseguiam uma boa integrao entre os participantes, pois vivenciavam um contato
direto com a obra, visto que as mesmas empresas que projetavam eram as que
construam, logo coordenavam o desenvolvimento de suas atividades.

Esta forma de trabalho inicialmente rendeu resultados satisfatrios, pois as equipes


de projetos contavam com um acervo intelectual que fora acumulado ao longo dos
anos de contato com a prtica da construo. Entretanto, nos anos posteriores os
construtores ficaram mais distanciados das atividades de projeto e os projetistas
perderam o contato com a execuo das obras por eles concebidas. Aumentaram-se
os prejuzos quanto soluo do projeto bem elaborado, j que os projetistas no
mais detinham o conhecimento das necessidades da construtibilidade e das
solicitaes das demais especialidades abrangidas no processo (GRAZIANO, 2003).

Verificou-se a partir dessa transio e da perda do elo entre os participantes o


aumento nos ndices de desperdcio na etapa construtiva, atingindo seu pice em
meados dos anos oitenta do sculo passado, foi onde se tornou mais evidente a
necessidade de compatibilizar os projetos, surgindo os coordenadores e/ou as
equipes internas ou externas de projeto, aumentando os custos das construtoras e
dos projetistas, visto que o trabalho de compatibilizao requer uma dedicao maior
de ambas as partes (GRAZIANO, 2003).
24

2.5 ETAPAS DO PROCESSO DE PROJETO NA CONSTRUO CIVIL

O processo tradicional de elaborao de projetos na construo de edifcios


constitudo por vrias etapas e especialidades de projeto, em que os principais so
os de arquitetura, estruturas, sistemas prediais, etc. Na medida em que se elaboram
os projetos, so desenvolvidas as solues em nvel crescente de detalhamento,
cumprindo as diferentes etapas de projeto.

A NBR 13531/1995 destrincha esse processo nas seguintes etapas:

i. Levantamento (LV): etapa destinada coleta de informaes de referncia


(dados fsicos, tcnicos, legais e jurdicos, e outros) que representem as
condies j existentes, que so de interesse na elaborao do projeto;

ii. Programa de necessidade (PN): etapa que determina as exigncias de


carter prescritivo ou de desempenho (necessidade e expectativas dos
usurios), que devem ser satisfeitas pela edificao;
iii. Estudo de viabilidade (EV): etapa na qual se elabora a anlise e as
avaliaes para a escolha e recomendao de alternativas para
concepo da edificao e de seus elementos, instalaes e
componentes;

iv. Estudo preliminar (EP): etapa em que ocorre a concepo e a


representao do conjunto de informaes tcnicas iniciais e aproximadas
precisas para a compreenso da configurao da edificao, podendo
existir solues alternativas;

v. Anteprojeto (AP) e/ou Pr-executivo (PR): etapa destinada concepo e


representao das informaes tcnicas provisrias de detalhamento da
edificao necessrias ao inter-relacionamento das atividades tcnicas de
projetos e suficientes elaborao de estimativas aproximadas de custos
e de prazos dos servios inerentes a obra;

vi. Projeto legal (PL): etapa da representao das informaes tcnicas


exigidas para analise e aprovao por parte dos rgos competentes para
25

obteno das licenas e demais documentos indispensveis para as


atividades de construo;

vii. Projeto bsico (PB): etapa opcional que se destina representao


tcnica ainda no completa ou definitiva, mas consideradas compatveis
com os demais projetos e suficientes licitao (contratao) dos servios
de obras correspondentes;

viii. Projeto para execuo (PE): etapa em que ocorre a representao final
das informaes tcnicas completas, definitivas, necessrias e suficientes
licitao e execuo;

Mikaldo Jnior (2006) idealizou uma tabela com as divises das etapas de projeto
segundo alguns autores brasileiros. Conforme a Figura 4, na qual se percebe que as
definies so similares, porm com algumas diferenas nas etapas iniciais e finais,
justamente devido dimenso do projeto como processo, que considera a
concepo e planejamento como etapa inicial e o acompanhamento da execuo e
uso como etapa final.

Figura 4 - Quadro comparativo entre etapas do processo de projeto descritas por autores
nacionais (MIKALDO JNIOR, 2006).

Melhado (1994) engloba os levantamentos, o programa de necessidades e o estudo


de viabilidade numa s etapa nomeada de idealizao do projeto e a considera
26

como a etapa na qual so realizadas apenas anlises sobre o potencial do terreno


que servir de base para elaborao das etapas posteriores.

O estudo preliminar, segundo Melhado (1994), a concepo e representao


grfica preliminar, que deve atender aos parmetros e exigncias da edificao a ser
concebida, possibilitando avaliar o partido arquitetnico adotado e a configurao
fsica das edificaes, inclusive a implantao no terreno.

Ainda na fase de estudo preliminar, so lanadas as solues bsicas para cada


projeto. Existe uma maior necessidade de se realizar reunies de definies. Tal
atitude propicia, futuramente, o desenvolvimento coesivo do processo de projeto,
aumentando potencialmente a identificao precoce de possveis falhas e/ou
conflitos entre solues afins dos diferentes participantes (MELHADO, 1994).

Os documentos tcnicos gerados neste ambiente so alterveis, visto que so


dependentes das necessidades do processo como a gerao de idias, cotaes,
negociaes, aprovaes, etc., que geram um considervel volume de resultados
parciais de projeto (SANCHEZ, et al, s/d).

O anteprojeto uma prvia do projeto legal, aprofundando-se nas questes


pertinentes e trazendo tona novas proposies, que sero ento aprovadas pelo
cliente. Somente a partir de ento sero preparadas as documentaes das
informaes, tais como desenhos, planilhas de composio de custos, relatrios
oramentrios, representaes grficas, maquetes, contratos, simulaes, e outros
de natureza mais especfica se necessrio.

No que diz respeito s especialidades de cada projeto, observa-se tambm que h


uma hierarquia entre a arquitetura e os demais componentes, pois esta ponto de
partida do processo, seguindo pela parte dos sistemas estruturais e os projetos de
instalaes de natureza diversa, as quais se desenvolvem com solues em nvel
crescente de detalhamento (FABRICIO, et al, 1998).

Convencionalmente neste setor comum que uma etapa de projeto de determinada


especialidade s seja iniciada com o fim de uma etapa de outra especialidade.
Observa-se, ento, que no existe paralelismo no processo. Uma simples ilustrao
deste fato ocorre na etapa de anteprojeto de estruturas que s pode ser iniciado
27

aps passar pelo seu precursor, que, neste caso, a etapa de anteprojeto de
arquitetura (FABRICIO, et al, 1998).

Segundo Fabrcio et al (1998), muitas vezes, no desenvolvimento dos projetos


pequena a participao da construtora e do usurio. Todavia, em compensao, a
influncia que o incorporador exerce bastante significativa.

Com relao ao processo de projeto do edifcio, alguns dos fatores mencionados


acima, colaboram para uma deficincia na qualidade do projeto como um todo, pois
esse desenvolvido sem uma viso sistmica, na qual deveriam ser consideradas
todas as necessidades e exigncias dos diversos clientes do processo. A
negligncia da viso sistmica e das necessidades dos futuros usurios aumenta a
necessidade de compatibilizao de projetos.

Este contexto abre pressuposto para a idealizao de novos mtodos para o


processo de projeto, tais como os que se baseiam nos fundamentos da engenharia
simultnea, que sero descritos com maiores detalhes nos captulos posteriores.

2.6 COMPATIBILIZAO DE PROJETOS

A expresso compatibilizao utilizada em muitas reas do conhecimento sempre


no sentido de explicar a capacidade de coisas coexistirem e concordarem entre si.
Na construo civil, a compatibilizao de projetos consiste na resoluo dos
conflitos existentes nos produtos advindo dos diversos projetistas buscando uma
melhor integrao entre tais projetos.

Segundo Picchi apud Mikaldo Jnior (2006), a compatibilizao de projetos a


identificao das interferncias entre os vrios projetos, por meio de uma
sobreposio dos mesmos, por meio de reunies com os diversos colaboradores e a
coordenao at que seja encontrada uma soluo para a tais interferncias.

Embora o processo de compatibilizao j esteja difundido no setor, acontecem na


prtica de muitas obras, que as interferncias fsicas (IF) entre a estrutura e as
28

instalaes so resolvidas nos prprios canteiros, com critrios que, por muitas
vezes, comprometem a qualidade e o custo do produto. Essas falhas tm origem na
ausncia ou na ineficincia da compatibilizao dos projetos, esta que deve ser uma
etapa em que se buscam solues para eliminar as falhas ocorridas durante a fase
de execuo, reduzindo paradas e retrabalho e em seguida o custo das edificaes.
Logo que detectadas, as incompatibilidades devem ser retiradas ou adequadas
antes da execuo dos projetos.

De acordo com Mikaldo Jnior (2006), embora no haja consenso na literatura,


sobre o escopo da compatibilizao, nota-se que existe a necessidade de verificar
interferncias fsicas e discutir informaes que interligam as caractersticas de cada
projeto.

Para obteno de resultado satisfatrio preciso um exerccio constante de


compatibilizao nas fases seguintes da elaborao dos projetos, realizadas
concomitantemente com a disposio entre as solues inseridas pelos diferentes
projetistas, sempre verificando os nveis de preciso advindos do detalhamento das
solues construtivas, das composies e dos dimensionamentos de espaos e
componentes.

Rodrguez e Heineck (2002) indicam que a compatibilizao fica facilitada na medida


em que ela introduzida a partir dos estudos preliminares. Ainda afirmam que a
compatibilizao deve aparecer logo nas primeiras etapas do projeto, desde os
estudos preliminares, anteprojeto, projetos legais e projeto executivo, indo de uma
integrao geral das solues at as verificaes de interferncias geomtricas das
mesmas, conforme ilustrado na Figura 5.
29

Figura 5 - Modelo do processo de projeto de edificaes (RODRGUEZ e HEINECK, 2002).

A falta de compatibilizao gera graves problemas durante a execuo da obra, e


diversas autoridades no assunto recomendam a valorizao da compatibilizao dos
projetos para a melhoria da soluo final do empreendimento.
30

2.6.1 Dimenses da Compatibilizao de Projetos

De maneira simplificada e de acordo com o pensamento de Solano (2005) existem


as seguintes dimenses para compatibilizar projetos de edificaes em incorporao
ou construo imobiliria.

a) Dimenso do plano estratgico do projeto

O compatibilizador trata do cumprimento da interao do cronograma fsico-


financeiro com o desenvolvimento dos projetos, focando na satisfao dos
clientes do projeto, desde projetistas at o consumidor final. Ainda fornece
diretrizes para processo de produo e conformidade do produto final.

b) Dimenso da pesquisa de mercado

O compatibilizador foca nas aes dos projetos para o cliente final e possibilita
que a representao grfica dos projetos atenda os requisitos de lay-out; dos
ambientes de permanncia prolongada e transitria, da relao entre lados dos
compartimentos da orientao solar, da vista do panorama e da acessibilidade.
Tambm regulamenta as prescries e o cumprimento do memorial descritivo
dos projetos atendendo os requisitos de esttica, de durabilidade e de facilidade
de manuteno.

c) Dimenso da viabilidade tcnico-econmica

O compatibilizador deve utilizar os indicadores geomtricos, de consumo, de


custos e de produtividade considerados no estudo de viabilidade econmico-
financeira do empreendimento para verificar possveis desconformidades com
este instrumento balizador do sucesso do empreendimento. Vrios indicadores
so conhecidos para o sub-setor da construo, como por exemplo: ndice de
compacidade, taxa de formas, taxa de armaduras, taxa de concreto, taxa de
esquadrias, taxa de tubos de esgoto, entre outros.

d) Dimenso da construtibilidade
31

a dimenso normalmente praticada pelos compatibilizadores e citada pelos


autores aqui indicados. Para atingir os objetivos do mtodo, o compatibilizador
deve pelo menos:

i. Elaborar listas de verificao das zonas vulnerveis podendo ser utilizado


os mtodos conhecidos como engenharia simultnea e FMEA Anlise
dos Modos e Efeitos de Falhas;

ii. Elaborar as regras para compatibilizao, devendo conter a ordem e os


itens, como por exemplo, verificar a atualidade, padronizao, controle
das verses e das desconformidades e alteraes nos documentos que
referenciaram o desenho;

iii. Elaborar o plano de compatibilizao em sintonia com o cronograma dos


projetos, sem esquecer que o nmero de interao grande e deve ser
calculada pela quantidade tempo disponvel;

iv. Compatibilizar os desenhos dos projetos dois a dois;

v. Manter o controle da compatibilizao, podendo ser utilizado os sistemas


compartilhados;

vi. Divulgar os resultados da compatibilizao amplamente entre os


intervenientes do projeto.

Embora seja a dimenso mais aplicada, geralmente as pequenas empresas no


compatibilizam seus projetos, transferindo para a produo da obra esta
responsabilidade, evidentemente com todos os efeitos negativos tambm j
destacados. At as mdias e grandes empresas aplicam esta dimenso, porm
muitas delas sem um mtodo definido, ficando restrita a sobreposio dos
projetos na procura de inconformidades que venham a comprometer o fluxo da
construo.
e) Dimenso da facilitao de fluxo da produo dos projetistas

Esta a dimenso no aproveitada por grande parte dos compatibilizadores e


consiste em fazer cumprir os prazos previstos no cronograma de projetos e para
compatibilizao dos mesmos, divulgando o processo de compatibilizao por
32

meio compartilhado. Somente liberando os desenhos quando as pendncias


sejam resolvidas, no cedendo presso do engenheiro de produo, pois a
obra no deveria ter sido iniciada antes dos projetos terem sido concludos e
liberados.

Dentre todas citadas, a dimenso da construtibilidade mais aplicada na prtica das


construes. Neste contexto, o conceito dessa dimenso refora a conformidade da
adoo de solues de projetos que simplifiquem e melhorem o processo executivo,
sendo que quanto mais se acentua a construtibilidade mais a execuo est prxima
do processo timo de execuo. (MIKALDO JNIOR, 2006).

2.7 DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PROJETOS E A ENGENHARIA SIMULTNEA

Devido ao processo de evoluo na elaborao de projetos, mencionados


anteriormente, ainda h uma cultura inserida no mercado, em que a atividade
projetual baseada na segmentao e sequenciamento das atividades. E este fato
acarreta numa perda da viso sistmica no desenvolvimento do produto e de seus
possveis conflitos com as diversas disciplinas.

Na atualidade, geralmente cada projetista desenvolve sua atividade isoladamente,


trabalhando numa espcie de revezamento, que consiste numa sucesso
hierrquica, em que o projeto a soma das contribuies isoladas dos diversos
projetistas e agentes de deciso e, por isso, este esquema de trabalho tambm
conhecido como modelo de projeto hierrquico.

Aos poucos, porm com muita expectativa, vem sendo encorpada uma nova viso
que se baseia no desenvolvimento integrado dos projetos, visto que as
necessidades de compatibilizao so realizadas concomitantemente realizao
da tarefa, trazendo consigo um novo conceito, no que diz respeito elaborao de
projetos. Surge ento o modelo de projeto colaborativo.

A indstria da construo civil passa por um processo de busca por caractersticas


de industrializao e est implantando conceitos de organizao e montagem,
33

visando a reduo de prazos e custos. Essa tendncia abre caminho para a


engenharia simultnea, que comeou a ser utilizada no setor a fim de antecipar os
conflitos de projetos, assim como desenvolv-los mais rapidamente. Dentre os
resultados obtidos com a utilizao deste mtodo esto a otimizao do tempo na
fase de elaborao de projetos (principal objetivo) e a agilizao na parte de
execuo (SAES FILHO e SILVA, 2006).

Fabrcio (2002) destaca que o paralelismo de atividades presente no modelo


integrado busca otimizar o processo construtivo, atravs da simplificao de
produtos, eliminao de etapas e interfaces de processos, alm de reduzir o tempo
na concepo de novos produtos, de acordo com a Figura 6 .

Figura 6 Comparao entre a Engenharia Simultnea e a Engenharia Seqencial (Weck


apud Arantes e Andery, s/d).

Segundo Fabrcio (2002), a denominao Concurrent Engineering ou Engenharia


Simultnea (ES) foi sugerida e caracterizada originalmente pelo Institute for Defense
Analysis (IDA) do governo norte americano. Entretanto muitas de suas
caractersticas podem ser localizadas na indstria japonesa a partir da dcada de
34

1970. comum encontrar na literatura os termos Engenharia Concorrente ou


Engenharia Paralela.

Ao contrrio do processo de projeto tradicional, na viso da Engenharia Simultnea


a integrao considerada como algo indispensvel para uma melhoria no resultado
final da tarefa imobiliria, e de acordo com IDA - Institute for Defense Analysis
(1998) apud Mikaldo Jnior (2006, p.35), entende-se que:

Engenharia Simultnea uma abordagem sistemtica para integrar, simultaneamente


projeto do produto e seus processos relacionados, incluindo manufatura e suporte. Essa
abordagem buscada para mobilizar os desenvolvedores (projetistas), no incio, para
considerar todos os elementos do ciclo de vida da concepo at a disposio, incluindo
controle da qualidade, custos, prazos e necessidades dos clientes.

A definio proposta por Fabrcio (2002) diz que o desenvolvimento integrado das
diversas dimenses do projeto envolve a formulao conjugada da operao
imobiliria, do programa de necessidades, da concepo arquitetnica e tecnolgica
do edifcio e do projeto para a produo. E efetivado por meio da colaborao
entre o agente promotor, a construtora e os projetistas, bem como as contribuies
dos subempreiteiros e fornecedores de insumos.

2.7.1 Desenho Assistido por Computador (CAD)

Ainda que as tecnologias emergentes no estejam sendo utilizadas plenamente, no


h como negar que com o advento da computao grfica, obteve-se uma revoluo
no instrumental de representao do projeto. Na engenharia e na arquitetura os
sistemas de Desenho Assistido por Computador CAD (Computer Aided Design)
proporcionaram uma revoluo, substituindo o uso da prancheta, que j no
acompanhava os novos processos de projetos e se mostrava de desempenho lento,
realizado artesanalmente.

Os softwares CAD apareceram nos anos 1980, e entre diferentes tipos, destacaram-
se os que demandavam menor quantidade de processamento, os chamados CAD
geomtricos, que utilizavam como base na representao de informaes entidades
35

geomtricas (linhas, pontos, arcos, etc.) sendo este que melhor se adaptou ao
mercado. Logo esse tipo de CAD, tambm conhecidos como prancheta eletrnica,
popularizou-se e tornou-se essencial aos projetistas. O que pode ser facilmente
observado, pois, so raros os escritrios que no utilizam essa ferramenta hoje em
dia (AYRES FILHO e SCHEER, 2008).

De acordo com Ayres Filho e Scheer (2008 p.5), embora tenha se tornado padro
para a indstria da construo, o CAD geomtrico sempre foi um obstculo para a
comunicao eficiente entre os diversos agentes e os processos envolvidos na
produo. Esse pensamento considerado como entendimento de que houve uma
substituio de uma ferramenta por sua equivalente mais nova, sem que houvesse
reformulao no processo de produo. O suporte da tecnologia desses CADs
direciona para a soluo do problema da representao digital da geometria, e no
necessariamente para a transmisso de informao atravs do desenho.

O AutoCAD juntamente com outros softwares CADs geomtricos, promoveu uma


modernizao na elaborao dos desenhos, ao substiturem a tinta nanquim do
processo artesanal anterior, por arquivos digitais e plotagens, eliminando tarefas
repetitivas e complicadas (como a normografia) e facilitando a correo dos
desenhos (AYRES FILHO e SCHEER, 2008).

Entretanto, de acordo com Ayres Filho e Scheer (2008), o suporte que eles oferecem
ao processo de projeto vai pouco alm de uma prancheta melhorada, pois o
desenho agora feito na tela do computador, porm a gerao da informao a
mesma.

2.7.2 Sistemas BIM - Building Information Modeling,

A idia de desenvolver simultaneamente o projeto ganhou fora com o surgimento


de uma nova gerao de softwares direcionados ao desenvolvimento integrado de
projetos, que deve promover uma mudana radical em todo o processo de produo
da construo civil.
36

De acordo com Florio (2007), o grau de complexidade de alguns projetos


contemporneos exige novas tcnicas no gerenciamento das informaes. O
emprego das Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC) permite controlar
dados digitais dos projetos com geometria mais abstrata, e, de tal forma,
programando a sequncia de atividades relativas construo.

Com o incremento de uma nova tecnologia, conhecida como BIM - Building


Information Modeling, (Modelagem de Informaes para a Construo), os novos
softwares conseguem organizar, em um s arquivo eletrnico, um banco de dados
de toda a obra, tornando-se acessvel a todas as equipes de engenharia e
arquitetura envolvidas com a construo, conforme ilustrado na Figura 7.

Figura 7 Modelo integrado do BIM (REVISTA TCHNE, 2007, pg.44).

O BIM, diferentemente dos CADs tradicionais que apenas digitalizam o desenho,


atribuem informaes aos desenhos dando caracterstica prpria a cada elemento.
37

Assim, com essa nova ferramenta, uma viga ou outro elemento, por exemplo,
elaborada no CAD tradicional "entendida" pela mquina como um simples desenho
geomtrico (um conjunto de linhas sem significados), e as caractersticas dessa viga
so indicadas manualmente com um texto adicional na legenda do projeto (ver Figura
8). Nos softwares BIM, o desenho mais "inteligente", pois quando se desenha uma
viga, o projetista atribui propriedades, ou seja, parmetros (tipo de material,
dimenses, tipo de revestimento, resistncia etc.), que automaticamente so salvas
em seu banco de dados (TCHNE, 2007).

A partir do banco de dados constitudo com o desenho, so geradas


automaticamente as legendas e os textos do desenho. A riqueza de informaes
proporcionada pelo uso de objetos paramtricos possibilita a extrao automtica de
diversos tipos de representaes de determinado elemento construtivo, sem que
haja a necessidade de redesenh-lo. Como existem parmetros que determinam a
representao em cada situao (planta, corte, elevao e perspectiva, etc.), a
visualizao passa a ser funo de uma escolha do usurio, e no da gerao
manual de um desenho adicional (AYRES F e SCHEER, 2008, pg.4).

Figura 8 Comparao entre o CAD e o BIM (REVISTA TCHNE, 2007, pg.45).


38

A representao , portanto, automtica. Em outras fases da construo, porm,


tambm possvel extrair informaes em outros formatos, como tabelas de
quantitativos de material para a equipe de oramento. Nota-se neste instante, que
surge uma enorme vantagem em comparao aos softwares anteriores, pois com o
BIM, a simulao de novas idias fica mais rpida e completa.

A disseminao do BIM vem se firmando desde o desenvolvimento, h alguns anos,


dos softwares CAD paramtricos para a construo. Todavia, por serem
indispensveis para orientao das equipes de execuo dos servios, os projetos
em 2D permanecem no BIM, ressaltando uma grande diferena entre os CADs
geomtricos que, os documentos nesses arquivos eletrnicos esto
permanentemente ligados ao banco de dados da obra, ou seja, qualquer
modificao no modelo tridimensional automaticamente atualizada em todos os
arquivos bidimensionais e vice-versa, dispensando revises mais detalhadas. A
vantagem se torna mais visvel em projetos complexos, com centenas de plantas e
cortes, onde uma modificao no andamento do processo requereria um grande
numero de revises, que no BIM so geradas instantaneamente (TCHNE, 2007).
39

3 APLICAES DA MODELAGEM GRFICA EM 3D NA ICC

As ferramentas de CAD digitalizaram o processo de desenho, antes realizado na


prancheta. A modelagem de slidos algo como a prxima etapa na evoluo das
tcnicas de CAD em 2D ou 3D, e a sada fsica em ambos os casos a mesma, ou
seja desenho impresso (SPECK, et al, 2001).

A modelagem permite a reduo do ciclo de desenvolvimento dos produtos, desde


sua concepo at a sua venda e possibilita a personalizao de produtos,
elaborao de prottipos ou fabricao em pequenas sries, sem uma penalizao
exagerada nos custos. H uma influncia em todo o processo de projeto, desde os
esboos preliminares at modelo final e marketing dos produtos, cruzando por todas
as complexas etapas de design e engenharia. Do ponto de vista tcnico, ressalta-se
as seguintes contribuies da modelagem (SPECK et al, 2001):

i. Reduo do ciclo de desenvolvimento dos produtos;

ii. Utilizao conjunta de vrias ferramentas de projeto;

iii. Pr-montagem digital;

iv. Visualizao do produto;

v. Modelos rpidos e baratos;

vi. Possibilidade de variar o design;

vii. Melhora da comunicao com clientes e fornecedores;

Segundo Barberato apud Speck, (2001) os atuais modeladores slidos esto


revolucionando o desenvolvimento de novos produtos, visto que, com a elaborao
de um modelo eletrnico, podem-se visualizar cores, formas, volume, simular
movimento, aplicar testes de impacto, entre outros.
40

3.1.1 A concepo do projeto

De acordo com Ferreira (2007), a elaborao de projetos utilizando CAD 3D mais


demorada e complexa, quando comparado com o mtodo bidimensional, entretanto,
o maior tempo gasto nesta etapa se transforma em reduo de tempo na fase de
detalhamento e documentao, principalmente em projetos de maior complexidade.

Ainda segundo Ferreira (2007), a sequncia de atividades do mtodo em 2D so a


interpretao da representao grfica, anlise, codificao em forma grfica e
atividades de (re)interpretao, conferncia e correo (Figura 9). Na conferncia
preciso reinterpretao da soluo grfica, repetindo o ciclo anterior at a soluo
final. Este processo de interpretao e codificao do desenho tcnico demanda
grande carga cognitiva em situaes no convencionais o que pode propiciar a
ocorrncia de erros, mesmo com profissionais experientes, em funo da
representao sinttica e parcial, que gera a necessidade de reinterpretaes
pessoais.

Figura 9 Processo de projeto em 2D e 3D (Adaptado de FERREIRA, 2007)

No modelo tridimensional (Figura 9) a interpretao seguida por um processo em


que o projetista modela, visualiza, corrige o modelo, analisa e volta a modelar at
que esteja em condies de fazer a codificao final. Assim a maioria dos erros
geomtricos verificada simultaneamente elaborao do projeto devido
facilidade de visualizao (FERREIRA, 2007).
41

De acordo com Florio (2007), durante a atividade projetual deve-se reconhecer o


problema, reestrutur-lo e manipular ferramentas para a sua soluo, tanto nos
aspectos estticos e funcionais como tcnico-construtivos. Sendo que, no ambiente
3D a visualizao espacial do que est sendo concebido melhorada sensivelmente
e a reflexo durante a ao torna-se um tipo de experimentao e pode contribuir
para que se adquiram novas compreenses e descobertas no processo de projeto.

Dessa forma o modelo tridimensional permite uma melhor visualizao e maior


coerncia entre os elementos e, assim, antecipa a resoluo dos problemas ainda
no modelo virtual. Existe a possibilidade da anlise de diversas solues o que ajuda
a definir o escopo do projeto de modo mais refinado.

3.1.2 A apresentao do projeto

De acordo com Kymmel apud Souza (2009), os modelos 3D permitem que a


compreenso do projeto seja acessvel a um publico maior, no restringindo apenas
aos que conhecem as simbologias e representaes de desenho. Isto facilita o
entendimento do cliente e do usurio final ajudando na formulao de solues mais
alinhadas s suas necessidades. Assim na visualizao de um elemento torna-se
desnecessrio o exerccio de imaginao constante em que modelo 2D obriga aos
usurios.

Ainda na apresentao pode-se recorrer a recursos como criao de animaes com


passeios virtuais e interativos em tempo real, animao de objetos em cenas que
percorrem o edifcio, projeto de geometria complexas ou ainda renderizaes que
proporcionam imagens quase idnticas a imagem real. Outra vantagem criao de
sees instantneas concebidas em qualquer parte do modelo, podendo assim
fornecer um maior numero de ilustraes do projeto conforme ilustrado na Figura 10.
42

Figura 10 Representaes de projeto em 3D (FLORIO, 2007).

3.1.3 O 3D na compatibilizao do projeto

Mikaldo Jnior (2006), Ferreira (2007), discutem sobre as limitaes da


representao bidimensional em projetos de AEC e as possibilidades de aplicaes
da modelagem 3D na compatibilizao espacial dos projetos das diferentes
especialidades.

De acordo com estudo realizado por Ferreira (2007), as caractersticas da


representao 2D, que mais podem gerar problemas na anlise do processo de
projeto so:

a) Ambiguidade: A mesma representao pode ser interpretada de mais de uma


forma, mesmo que adicionada de notas, smbolos ou esquemas, em geral em
algum ponto do contexto do desenho que pode no ser claramente percebido.

b) Simbolismo: O objeto representado por smbolo cujas dimenses e formas


no tm relao com objeto real que representa.

c) Omisso: Na tentativa de tornar o desenho mais sinttico, so contidas


informaes consideradas bvias para o especialista que est projetando.
Porm, a informao geralmente desconhecida dos outros participantes, e
por no ser representada, acabam no sendo levada em considerao.
43

d) Simplificao: O projetista simplifica uma determinada representao,


alterando o volume real do objeto ilustrado. Esse problema semelhante ao
do simbolismo, ao no ser que a simplificao guarde algumas relaes de
forma e dimenso com o modelo real, porm esta caracterstica no as
representa explicitamente.

e) Fragmentao: Est relacionada com a separao da informao em vrias


vistas ortogrficas (plantas, elevao, corte) e pode ser agravada com a
eventual representao destas vistas em folhas separadas. O esforo
cognitivo aumentado quando necessrio correlacionar informaes
representadas em duas vistas diferentes, favorecendo o erro. No desenho
mecnico as vistas devem ser sempre alinhadas, facilitando a correlao dos
detalhes das vistas.

Quando o modelo desenvolvido tridimensionalmente, geralmente so reduzidas as


incompatibilidades entre os sistemas. Entretanto, existe a possibilidade da
compatibilizao de projetos desenvolvidos sequencialmente por especialistas
separados e, posteriormente, sobrepostos de maneira tridimensional (Figura 11),
conforme realizado por Mikaldo Jnior (2006) em sua dissertao em que se
observa que o modelo 3D permite maior deteco de interferncias fsicas que o
modelo tradicional.

Figura 11 Verificao de incompatibilidade no modelo tridimensional (Adaptado de


MIKALDO JNIOR, 2006)
44

De acordo com Mikaldo Jnior (2006, p.136) quanto maior esforos dedicados ao
desenvolvimento dos projetos integrados, menores sero os esforos necessrios
ao processo de compatibilizao de projetos.

3.1.4 O ensino e a capacitao de profissionais envolvidos

Recentemente, ocorreram muitos avanos na utilizao de ferramentas


computacionais no ensino e isto certamente foi devido popularizao dos micro-
computadores e do fcil acesso internet em escolas, universidades etc. Existe
ainda uma maior oferta de programas gratuitos e de licenas para fins educacionais,
disponibilizas por programas pagos - o que facilita o acesso do estudante aos
softwares.

De acordo com Prado (2008), com o uso de modeladores 3D o aluno passa a


compreender o espao, as formas e seu preenchimento, bem como a sua utilizao
e dessa forma acaba desenvolvendo no apenas o domnio do desenho de
observao, de criao e tcnico, mas tambm, sua interao em relao aos
conceitos da disciplina estudada.

A ilustrao de um projeto em perspectiva, a compreenso do funcionamento de um


equipamento ou at o comportamento de um elemento estrutural quando submetido
a uma solicitao, por exemplo, so algumas das possibilidades que podem ser
exploradas de modo mais prximo ao real quando usados modelo 3D.

Do mesmo modo que, no ensino existem vrias possibilidades de aplicao destes


recursos computacionais na capacitao profissional. Segundo Cattani (2001), existe
a viabilidade de aplicar tais mtodos para usurios de baixo ndice de escolaridade,
caso tpico de grande parte dos operrios da ICC.

Ainda de acordo com Cattani (2001, p.213), no Brasil, os trabalhadores da


construo civil, assim como outras reas de produo, geralmente so carentes de
informaes tcnicas que os qualifiquem profissionalmente, estando receptivos a
todas as formas de aprender seus ofcios.
45

3.1 ALGUNS SISTEMAS DE CAD

Embora a utilizao dos recursos de computacionais no setor da construo civil


tenha um pequeno uso, se comparado com a indstria da manufatura, o emprego de
recursos em escritrios de projetos (entre eles editores de texto, planilhas
eletrnicas e sistemas CAD) vm crescendo nos ltimos anos. O incremento dessas
ferramentas deve-se principalmente ao aumento da capacidade de processamento
dos computadores, a reduo relativa dos preos e o aparecimento de aplicativos
direcionados ou gerais (NASCIMENTO; SANTOS, 2003; ANDRADE, 2004 apud
BIZELLO e RUSCHEL, 2007).

Os softwares utilizados podem ser comerciais, quando preciso pagar pela licena
de utilizao, ou livres, quando a licena gratuita. Em sua grande maioria, os
softwares utilizados na Arquitetura, Engenharia e Construo - AEC so
proprietrios e em alguns setores, como o de projetos, tem altos valores de
aquisio e necessrios em vrias estaes de trabalho. O AutoCAD a maior
referncia do tipo software proprietrio (BIZELLO e RUSCHEL, 2007).

Dentre os softwares que j integrados a tecnologia BIM os principais destaques so


o Revit da Autodesk e o Achicad da empresa Graphisoft. O Revit possui verses
direcionadas em diferentes reas, como na rea de projetos arquitetnicos (Revit
Architecture), ou em projetos estruturais (Revit Structure) ou ainda de instalaes
mecnicas, eltricas e hidrulicas (Revit MEP - mechanical, electrical, and
plumbing), todas verses com interoperabilidade entre si.

3.1.1 O AutoCAD

O AutoCAD um software do tipo CAD (computer aided design ou projeto assistido


por computador) criado e comercializado desde 1982 pela Autodesk, Inc.(ver Figura
12). O programa desenvolve tecnologias 2D e 3D, que possibilitam aos usurios ver,
46

simular e analisar o desempenho de suas idias sob condies realistas mais cedo
no processo de projeto (AUTODESK, 2010).

Figura 12 Interface do AutoCAD verso 2008 (CASTRO, 2010)

Os estudos de Freitas e Ruschel, 2000; Tse, Wong e Wong, 2005 apud Ruschel
(2007) apontam uma utilizao de 59% e 93%, respectivamente, do produto
AutoCAD, da Autodesk como software convencional de CAD. O programa
utilizado geralmente, na elaborao de peas de desenho tcnico em duas
dimenses (2D) e tambm para criao de modelos tridimensionais (3D). Alm dos
desenhos tcnicos, o software vem disponibilizando, em suas verses mais
recentes, vrios recursos para visualizao em diversos formatos. largamente
aproveitado na arquitetura e engenharias e ainda dentre outros ramos da indstria.
O AutoCAD atualmente disponibilizado apenas em verses para o sistema
operacional Microsoft Windows, embora j tenham sido comercializadas verses
para UNIX e Mac OS.

A partir da verso R14 (publicada em 1997) o programa potencializa a expanso de


sua funcionalidade, por meio da adio de mdulos especficos para desenho
arquitetnico, SIG, controle de materiais, etc. Outra caracterstica marcante do
AutoCAD o uso de uma linguagem consolidada de scripts, conhecida como
47

AutoLISP (derivado da linguagem LISP) ou uma variao do Visual Basic. A verso


atual o AutoCAD 2011, que otimiza os recursos existentes e incorpora novas
ferramentas.

3.1.2 Google SketchUp

Originalmente o programa SketchUp foi desenvolvido pela empresa norte americana


At Last Software e comprado em 2006 pela Google. Esta, ao assumir o controle
tomou a iniciativa de criar uma verso gratuita e a disponibilizou para download na
internet. Esta atitude, juntamente com outros fatores, que logo em seguida sero
comentados, possibilitou uma grande aceitao do Google SketchUp, no somente
no globalizado mercado de trabalho, mas tambm em universidades do mundo
inteiro (GOOGLE, 2010).

O termo sketch em ingls significa esboo ou desenho rpido, e essa uma


caracterstica marcante deste aplicativo: ele proporciona uma experincia mais
prxima do desenho mo livre e de modelagem. O programa ainda merece
destaque pela rapidez e facilidade nas suas operaes, utilizando baixa taxa de
processamento, se comparado com os programas tradicionais mais robustos.

Segundo Pinto et al (2008), o software sketchup, tem a proposta de ser uma


ferramenta de uso natural, para quem conhece o ambiente papel/caneta e se insere
de maneira apropriada no uso como ferramenta de desenho no estagio inicial da
concepo de produtos.

O programa ainda traz outras inovaes, como a integrao com o Google Earth e
acesso a inmeras bibliotecas de objetos (3D warehouse armazm 3D) e outros
modelos disponveis gratuitamente no site de apoio. Existe tambm uma boa
quantidade de tutorias de aprendizado passo a passo na internet, comunidades e
fruns e uma central de aprendizagem no prprio programa (Figura 13).
48

Figura 13 Central de aprendizagem no Google SketchUp. (CASTRO, 2010)

O software atualmente est na stima verso e conta com duas verses. A gratuita,
que tem restries de algumas ferramentas e liberada apenas para fins no-
comerciais.

A verso paga (SketchUp Pro 7), alm de possuir todos os recursos da gratuita,
ainda conta com ferramentas mais especificas como o LayOut 2 e o Style Builder,
que possibilitam uma documentao e apresentao com qualidade profissional,
elaborao de relatrios em formato de tabela com base na entidades dos seus
modelos, e ainda com a criao de estilos personalizados. Permite tambm um
maior intercmbio de arquivos em diversos formatos 2D e 3D (DXF, DWG, 3DS,
PDF, entre outros). Esta verso ainda conta com suporte tcnico durante um perodo
de dois anos (GOOGLE, 2010).

Na ICC, o programa encontrou um vasto territrio a ser explorado e se inseriu neste


setor certamente devido a sua versatilidade. Tanto pode ser usado ainda na fase de
concepo de um projeto, como em estudos mais elaborados. Ainda possui recursos
que permitem adicionar detalhes aos seus modelos, sendo utilizado para confeco
49

de maquetes eletrnicas em substituio s tradicionais maquetes de papel, papelo


e outros materiais.

Pinto et al (2008) constatam em artigo apresentado no 8 Congresso Brasileiro de


Pesquisa e Desenvolvimento em Design, que o programa valoriza o momento da
elaborao, registro e apresentao e rastreio da idia e do conceito, visto que tal
conceito pode ser mostrado tridimensionalmente no ambiente digital sendo flexvel
no momento da criao. Mostra-se tambm no ganho de tempo de estudos
alternativos e simulaes do produto, realizadas no ambiente virtual.
50

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa adotou como estratgia metodolgica a reviso bibliogrfica e o estudo


de caso. Esta pesquisa tambm pode ser considerada como emprica, pois trata de
questes inseridas em ambiente natural, e que leva em considerao diversas
variveis que agregam conhecimento ao tema. Ainda pode ser de carter descritivo
e exploratrio. Descritivo porque procura compreender e mostrar uma problemtica
relativa representao grfica em projetos de engenharia. Exploratrio devido ao
fato de investigar solues e boas prticas para soluo dos problemas (YIN, 2005).

Entre as fontes consultadas destaca-se a reviso bibliogrfica levantada junto a


publicaes cientificas, entre dissertaes e artigos publicados.

Outra importante fonte foi a Gerncia de Projetos e Obras (GEPRO), unidade


responsvel pelos projetos e fiscalizao das obras no campus universitrio, permitiu
o acesso as peas grficas (projetos), memorial descritivo e outras informaes obre
a obra em estudo. Estas informaes foram fundamentais para a caracterizao do
prdio, aliado ao registro escrito e fotogrfico.

A modelagem do prdio, objeto de estudo, foi feita inicialmente do modelo


bidimensional, obtido junto a GEPRO que contava com as plantas baixas, plantas de
cortes e fachadas, na plataforma do AutoCad da Autodesk. Posteriormente,
tomando este modelo bidimensional como base, foi feita a modelagem tridimensional
da geometria do prdio, utilizando para isso o programa de desenho Sketchup da
Google em sua verso gratuita. A modelagem foi realizada por um dos estagirios
que compes a equipe de desenvolvimento de projetos da GEPRO.

Para auxiliar na anlise do prdio, foi realizado registro fotogrfico e uma srie de
visitas ao local da obra quando foram anotadas as observaes.

De posse dos modelos bidimensionais e tridimensionais produzidos e das fotos


feitas da obra, foi iniciado o processo de anlise. Na anlise foram consideradas
questes de concepo de projeto, facilidade de leitura e interpretao, e
compatibilidade.
51

5 ESTUDO DE CASO

5.1 LOCALIZAO

A obra est localizada no Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana


UEFS, situada na Avenida Transnordestina, Km 03, s/n, Bairro Novo Horizonte, no
municpio de Feira de Santana Bahia (Figura 14).

Figura 14 Localizao da UEFS na cidade de Feira de Santana (Adaptado


ERBASE, 2004)

A construo est sendo realizada na Avenida Projetada, paralela Avenida dos


Laboratrios com acesso pelo Parque Esportivo no Campus da Universidade (Figura
15). No total o prdio ocupar 967,12 m.
52

Figura 15 Localizao do Objeto de Estudo no Campus da UEFS (Adaptada de


GEPRO, 2010)

5.2 EMPREENDIMENTO

De acordo com GEPRO (2010), o empreendimento, objeto de estudo deste trabalho,


tem propsito atender o projeto de ampliao da infra-estrutura para os grupos de
pesquisa e ps-graduao em Cincias da Computao e visa dotar a instituio de
infra-estrutura e tecnologia apropriadas para a consolidao de sua estrutura de
pesquisa e ps-graduao.

A construo de trs laboratrios temticos, vinculados as linhas de pesquisa


priorizadas na proposta do Doutorado Multiinstitucional em Cincia da Computao,
permitir que as pesquisas j em andamento na UEFS, e que possuem aderncia a
esse eixo temtico, atraiam mais alunos de doutorado, sob orientao de
professores da UEFS (GEPRO, 2010).

O financiamento para a construo do laboratrio derivado de um convnio


firmado com a Financiadora de Estudos e Projetos FINEP. Esta uma empresa
pblica vinculada ao Ministrio da Cincia e Tecnologia, que tem por finalidade
apoiar estudos, projetos e programas de interesse para o desenvolvimento
econmico, social, cientfico e tecnolgico do Pas (GEPRO, 2010).
53

A aprovao e liberao do empreendimento responsabilidade do rgo gestor do


programa de edificaes pblicas do Estado, a SUCAB Superintendncia de
Construes Administrativas da Bahia.

A fiscalizao das obras no campus universitrio fica a cargo da Gerncia de


Projetos e Obras da UEFS (GEPRO), uma repartio ligada a UNINFRA - Unidade
de Infra-Estrutura e Servios da UEFS. A GEPRO tambm exerce a
responsabilidade sobre a elaborao dos projetos na obra.

5.2.1 Tipologia e solues arquitetnicas utilizadas

O programa arquitetnico, no pavimento trreo, composto de salas de aula,


biblioteca, sala do colegiado, gerencia de rede, vdeo conferncia, circulao, copa,
DML, sanitrios e os laboratrios de computao grfica e viso computacional, de
rede de computadores, de processos sinais, e de controle e automao e robtica
(Figura 16).

Figura 16 - Planta baixa pavimento trreo (GEPRO, 2010)

O pavimento superior possui salas de aula, coordenao e secretaria de ps-


graduao, circulao, sanitrios, hall de escada e ainda os laboratrios de sistemas
distribudos I, II e III e de engenharia de software I, II e III (Figura 17).
54

Figura 17 - Planta baixa pavimento superior (GEPRO, 2010)

A cobertura possui telha de fibrocimento ondulada, com duas guas, apoiadas em


estrutura de madeira e em pontaletes apoiados na laje de cobertura (Figura 18). O
telhado protegido por uma platibanda em alvenaria de bloco cermico com rufo em
concreto armado.

Figura 18 - Planta de cobertura (GEPRO, 2010)


55

A implantao da obra segue orientaes do plano de expanso da UEFS, com


espaos laterais dispostos de modo a permitir uma possvel futura ampliao,
conforme ilustrado na Figura 19.

Figura 19 - Planta de implantao com perfil do terreno (GEPRO, 2010)

No acabamento, a estrutura em concreto fica aparente nas vigas e pilares. Na parte


externa possui revestimento cermico at a altura dos peitoris, na parte interna
somente nas reas molhadas e laboratrios. Esquadrias externas em alumnio
anodizado e vidro (Figura 20 e Figura 21).
56

Figura 20 - Fachada frontal (GEPRO, 2010)

Figura 21 - Fachada posterior e corte (GEPRO, 2010)


57

5.2.2 Tipologia do sistema estrutural adotado

O sistema estrutural foi concebido em concreto armado com resistncia mnima de


25MPA. Na infra-estrutura, foram adotadas sapatas retangulares isoladas para todos
os pilares, ligadas umas s outras por cinta de amarrao e alvenaria de pedra, no
permetro das paredes (Figura 22). Na superestrutura os pilares possuem dimenses
variadas.

Figura 22 Locao das sapatas (GEPRO, 2010)

As vigas e as lajes so concretadas juntas, sendo que nas lajes foram adotadas
vigotas treliadas e nervuradas com blocos de EPS (Figura 23).

Figura 23 Laje com blocos de EPS pronta para concretagem (O AUTOR, 2010)
58

5.2.3 Tecnologia e procedimentos executivos

A execuo da obra ocorre de modo tradicional, com limpeza e compactao do


terreno com auxilio de mquinas de terraplenagem, escavao manual para as
fundaes (Figura 24).

Figura 24 Vista posterior Fachada sul (O AUTOR, 2010)

Foram utilizadas formas em madeira compensada e resinada (Figura 25). Corte,


dobra e montagem de ao realizada em bancada no prprio canteiro.

Figura 25 - Perspectiva noroeste da obra (O AUTOR, 2010)


59

O concreto produzido em betoneira na obra para os elementos de fundaes e


pilares, entretanto utilizado concreto usinado transportado em caminho betoneira
para vigas e lajes (Figura 26).

Figura 26 - Vista posterior Concretagem da laje (O AUTOR, 2010)

Levante em alvenaria de bloco cermico com instalaes embutidas quando


necessrias, e posteriormente revestidas com massa nica (Figura 27).

Figura 27 Frente da obra (O AUTOR, 2010)


60

6 APRESENTAO, ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS

A Figura 28 ilustra um exemplo da limitao da representao bidimensional, onde


para entender o elemento rufo, componente situado na cobertura da edificao, o
leitor requer experincia em desenho tcnico e habilidade de visualizao na
interpretao da representao grfica, j que este elemento est representado
apenas por linhas, smbolos e textos explicativos.

Figura 28 Planta de cobertura destacando o elemento rufo (Adaptado de GEPRO, 2010)

Vale frisar que no cotidiano de algumas empresas, certas operaes envolvem,


algumas vezes, profissionais que no so da rea de engenharia, ligados
administrao do negcio, que podem consultar documentos tcnicos e gerar
pedidos de compras ou executar outros procedimentos.
61

Entretanto, na representao tridimensional, conforme ilustrado pela Figura 29, a


geometria do elemento visualizada intuitivamente, sem que haja a necessidade de
grande esforo mental de abstrao. O entendimento praticamente imediato, pois
possvel enxergar volumetria, inclinao, interao com outras partes, etc.

Figura 29 Ilustrao 3D destacando o elemento rufo (O AUTOR, 2010)

A Figura 30 abaixo ilustra o modelo de representao fragmentada bidimensional,


pois para o melhor entendimento do desenho preciso analis-lo em conjunto com
outros desenhos. A profundidade das paredes fica representada convencionalmente
pela espessura das linhas.

Figura 30 Representao do edifcio em 2D (Adaptado de GEPRO, 2010)


62

Conforme a Figura 31, logo abaixo, o modelo 3D possibilita a interdependncia entre


as vistas do desenho, o que garante a integrao do conjunto e permite a
compreenso dos elementos construtivos do edifcio mais facilmente do que no
modelo fragmentado nas projees ortogonais em apenas duas dimenses.

Figura 31 Representao do edifcio em 3D (O AUTOR, 2010)

Outra vantagem quantidade imagens que pode extrair do modelo, escolhendo o


ngulo, ou o detalhe que se deseja mostrar, conforme ilustrado na Figura 32.

Figura 32 Vrias vistas do edifcio (O AUTOR, 2010)


63

No modelo 3D, outro diferencial, que se mostra muito til em projetos de maior
complexidade, a criao de cortes diretamente do modelo 3D (Figura 33 e Figura
34). Dessa forma, com apenas alguns comandos, possvel extrair sees
instantneas, em qualquer parte do objeto.

Figura 33 Indicao do corte no modelo tridimensional

O mais importante que estas sees, retiradas do modelo 3D, estaro sempre
atualizadas. Qualquer alterao feita no modelo ser automaticamente modificada
no corte ou na elevao.

Figura 34 - Corte obtido atravs do modelo 3D


64

Outra importante aplicao da modelagem tridimensional a possibilidade de


criao de cenas e animaes, conforme a sequncia da Figura 35. O modelo
permite criar vdeos como um passeio virtual que percorre a edificao. Esta
vantagem pode ser um diferencial, na apresentao do projeto aos seus
interessados.

Figura 35 Passeio virtual pelo edifcio

Com os recursos de criao de animaes, ainda podem ser elaborados estudos


mais especficos de certa disciplina, como por exemplo, o estudo de insolao da
edificao (Figura 36).

Figura 36 Anlise da insolao na edificao


65

As figuras a seguir representam uma interferncia encontrada entre as instalaes


sanitrias do sanitrio para deficientes do pavimento superior (Figura 37 e Figura 38)
e o forro do sanitrio especial situado logo abaixo.

Figura 37 Interferncia entre instalao sanitria e o forro (O AUTOR, 2010)

Ao executar as tubulaes erroneamente, o prolongador utilizado rebaixou a caixa


sifonada para alm da linha do forro que esconderia as tubulaes. Entretanto, ali
estava prevista uma esquadria J7 (ver Figura 39) logo abaixo da viga V3 (ver e
Figura 40), portanto o forro no poderia ser rebaixado alm da viga para ocultar as
instalaes sanitrias.

Figura 38 - Sanitrio para deficiente (Adaptado de GEPRO, 2010)


66

Esta incompatibilidade ocorreu devido falha na execuo, j que este nem sequer
executou como projetado. A soluo encontrada em obra foi um ajuste que cortou
parte do prolongador e readequou as tubulaes que chegam caixa sifonada. Este
tipo de problema est ligado caracterstica da fragmentao (viso parcial)
existente no modelo bidimensional, onde a representao em planta ou elevao
apenas uma parte do conjunto.

Figura 39 Modelagem de interferncia entre instalao sanitria e forro.

No modelo 3D, poderia ser gerado um corte ou uma ilustrao em perspectiva, em


partes especificas que merecem maior ateno, permitindo assim uma melhor
visualizao da situao, conforme ilustrado na Figura 39.

Figura 40 Planta baixa trreo (detalhe do sanitrio de deficientes) (Adaptado de GEPRO,


2010)
67

Conforme Figura 41 e Figura 42, verificou-se um grande nmero de interferncia


entre o projeto eltrico e de estruturas.

Figura 41 Extenso da viga V3 (Adaptado de GEPRO, 2010)

No trecho da viga V3, que est acima dos quadros de distribuio geral no
pavimento trreo, sobem vrios eletrodutos para o quadro no pavimento superior
(indicados com as setas maiores em vermelho na Figura 42). A ocorrncia, destas
interferncias, pode afetar o desempenho da viga V3.

Figura 42 Interferncia entre eletrodutos e a viga V3 (O AUTOR, 2010)


68

A Figura 43 exemplifica o tpico caso de simbolismo, os quadros de distribuio so


representados por smbolos, cuja dimenso e forma no tm relao direta com o
objeto real. A falta de proporo entre o smbolo adotado e o quadro de distribuio
pode ocasionar incompatibilidade entre as disposies dos quadros e a parede ou
outros (Figura 44).

Figura 43 Representao dos quadros de distribuio em 2D (Adaptado de GEPRO, 2010)

Figura 44 Parede que suporta os quadros de distribuio (O AUTOR, 2010)


69

Na representao tridimensional a analise feita de modo instantneo, pois ao


prever os espaos a serem utilizados pelos quadros de distribuio,
automaticamente verificado o arranjo entre os quadros e a parede (Figura 45 e
Figura 46).

Figura 45 Representao em 3D da posio dos quadros de distribuio (O AUTOR,


2010)

Essa verificao antecipa o problema para a fase de projeto, o que permite a busca
de uma soluo mais adequada. Deste modo, a compatibilizao no fica
postergada a solues improvisadas no prprio canteiro.

Figura 46 Diagramao dos quadros de distribuio em 3D (O AUTOR, 2010)


70

A seguir, conforme Figura 47 e Figura 48, representam mais um problema quanto a


interpretao na representao 2D. As eletrocalhas que alojam os cabos de
alimentao passam do corredor de circulao para os laboratrios na mesma
direo da porta, porm mais alta e prxima a viga (Figura 47 e Figura 48).

Figura 47 Interferncia entre eletrocalha e parede (O AUTOR, 2010)

Se durante a execuo fosse observado este detalhe, poderia ter sido previsto a
passagem na alvenaria para as eletrocalhas evitando posteriormente a quebra e
adequao da parede, o que gera retrabalho desperdcio de material e, por
consequncia eleva o volume de entulho e o custo da obra.

Figura 48 Representao das eletrocalhas (Adaptado de GEPRO, 2010)


71

A Figura 49 representa mais um caso de interferncia fsica entre estrutura e sistema


eltrico. O eletroduto que alimenta a tomada do DML cruza a verga da porta de
acesso. A situao um pouco complexa devido ao pouco espao para a passagem
do eletroduto, entretanto, com modelagem, no mnimo, seria mais fcil a visualizao
de outras opes.

Figura 49 Interferncia entre eletroduto e verga (O AUTOR, 2010)

Na representao em 2D do projeto eltrico aparece apenas a simbologia que indica


o interruptor simples com espelho. A visualizao em 2D simplificada, e no ajuda
muito na percepo espacial da verga (Figura 50).

Figura 50 Interferncia entre eletroduto e verga (Adaptado de GEPRO, 2010)


72

Dentre as vantagens de se utilizar o modelo 3D, talvez a mais marcante seja o seu
potencial em traduzir o objeto de estudo o mais fielmente possvel quando
comparado ao modelo real. A facilidade de leitura do conjunto ou de partes
especficas torna-se mais claras, visto que as imagens geradas tridimensionalmente
proporcionam automaticamente a identificao do que est sendo mostrado, assim o
leitor demanda menos esforo na abstrao para idealizar o objeto.
73

7 CONSIDERAES FINAIS

7.1 CONCLUSO

Ao observar aplicaes da modelagem 3D do edifcio, no referido estudo de caso,


foi possvel detectar pontos, em que falta interao ou clareza de comunicao entre
os projetos de arquitetura, estrutura e instalaes prediais.

Ao comparar a representao do modelo em 2D com o modelo em 3D, foi possvel


verificar parmetros intrnsecos ao modelo tridimensional, como por exemplo a
facilidade de leitura dos projetos, a observao do conjunto e de partes especficas
do projeto. Foi possvel ainda, a realizao de animaes, o que permitiu uma
melhor anlise sobre os efeitos da insolao no edifcio.

Embora no tenha sido realizado o processo de compatibilizao, entre os diversos


projetos que constituem o empreendimento, foram detectados em alguns pontos,
benefcios na percepo de incompatibilidades entre projetos utilizando as
ferramentas de modelagem escolhidas.

Dentre algumas caractersticas identificadas no processo baseado no mtodo 2D


de representao, nota-se que este impe limitaes anlise dos problemas
espaciais. A representao em 2D deveria ser o resultado final do processo de
projeto, ou seja, a documentao, e no apenas a nica ferramenta de anlise
geomtrica.

Dessa forma, o emprego da representao 2D como processo exclusivo de projeto,


pode se converter em solues menos adequadas, devido a ausncia de
informaes, decorrentes da omisso, ou do uso de simbolismo, ou devido a
ambigidade, ou ainda, pela combinao de diversos fatores que causam
parcialidade na viso do espao projetado.

Considerando esses aspectos, a representao em 3D, pode representar mais


fielmente a informao espacial, diminuindo abstraes, especialmente na etapa de
74

anlise. Vale ressaltar que, a anlise a atividade situada entre a identificao do


problema e a documentao final da soluo.Deste modo, acredita-se que a
modelagem tridimensional, torna-se mais importante em projetos de maior
complexidade, nos quais existam maiores quantidades de profissionais envolvidos,
estes que observam o mesmo objeto sob ticas diferentes.

Outra constatao importante, diz respeito potencialidade de uso de sistemas de


modelagem geomtrica computacional no apenas na anlise e concepo do
projeto, mas tambm na apresentao e simulao do projeto aos interessados.

A pesquisa no tem como objetivo reduzir a importncia da representao


bidimensional, sem dvida indispensvel no conjunto de um projeto bem resolvido
(como na sada final das peas grficas, documentao, e outros). Pelo contrrio
sugere a associao entre os diferentes modelos de representao, utilizando a
visualizao tridimensional como ferramenta que possibilite a deteco de modo
mais rpido de interferncias.

7.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

Esta pesquisa teve como escopo de trabalho, algumas aplicaes da modelagem


3D, na busca de uma melhor comunicao durante o processo de projeto.
Entretanto, o atual modelo de desenvolvimento de projetos passa por grandes
transformaes, sendo o incremento das tecnologias BIM, o principal agente neste
processo de transformao.

Por outro lado, os desperdcios de materiais, retrabalhos, tempos de esperas


aumentam os custos dos empreendimentos. Dessa forma, pode ser proposto aos
pesquisadores o desafio de realizar estudos buscando o desenvolvimento integrado
dos projetos, com auxilio de ferramentas e conceitos do BIM, visto que, este parece
ser um processo sem volta.
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