Rosicler Martins Rodrigues - O Homem Na Pré-História
Rosicler Martins Rodrigues - O Homem Na Pré-História
Rosicler Martins Rodrigues - O Homem Na Pré-História
homem
na pr-histria
2 a edio
Edio reformulada
=111 Moderna
Existe uma grandeza no modo de se ver a vida, com seus mltiplos
poderes, como sendo inicialmente soprada pelo Criador em
algumas formas ou em uma s e que, enquanto este planeta foi
girando de acordo com as leis da gravidade, de um comeo to
simples tenham evoludo e continuem a evoluir em infinitas e
maravilhosas formas.
Charles Darwin
A origem das espcies
Sumrio
Apresentao
1 D e onde viemos?
4 A histria de Lucy
7 O Homo sapiens 36
8 O caador de imagens 42
1 0 O homem, hoje 52
Consideraes finais 55
Apresentao
c a p t u o
De onde viemos?
m
:
mundo mgico que satisfaz reli-
giosidade dos seres humanos.
As explicaes cientficas so-
bre a origem da Terra e dos seres
"Assim o s c u s e a terra e tudo q u e existe
foram a c a b a d o s . E, havendo D e u s a c a b a d o vivos so mais recentes do que o
s u a obra, no stimo dia d e s c a n s o u . "
mito bblico, pois foi somente no
fim do sculo 19
que certos fatos da
natureza levaram
alguns estudiosos a concluir que todas as espcies tm sua "E formou o Senhor
D e u s o homem
origem na aurora da vida. No caso da espcie humana, l do p d a terra e
soprou em s e u
no passado distante existiu uma espcie que pode ter sido
nariz o flego d a
ancestral do homem e tambm do chimpanz. vida. E o homem foi
feito alma vivente.
Naquela poca, as ideias sobre o passado dos seres E d i s s e o Senhor
humanos causaram espanto e indignao. Alguns at D e u s : 'No bom
q u e o homem
aceitaram que as espcies mudam atravs do tempo, e s t e j a s ' . Ento
fez cair um s o n o
uma vez que j tinham sido encontrados muitos fsseis pesado sobre Ado
de animais pr-histricos. Mas afirmar que um ser to e este adormeceu.
E tomou D e u s uma
inteligente como o ser humano tem a mesma origem do de s u a s costelas e
p s a carne em s e u
chimpanz, j era demais!
lugar e d a costela
Muitos consideraram revoltantes tais ideias sobre a tirada d e Ado
formou D e u s uma
origem da espcie humana, contrrias aos ensinamentos mulher."
bblicos, e no pouparam o criador da Teoria da Evoluo
Charles Darwin quando ele publicou, em 1 8 7 1 , seu livro A
origem das espcies. Os jornais da poca publicaram caricaturas,
ridicularizando suas ideias.
Depois de Darwin, muitos outros cientistas se dedicaram a in-
vestigar o passado da humanidade recolhendo pistas que ajudaram a
reconstituir como eram e como viviam nossos remotos ancestrais.
mui Charles Darwin, autor da
Teoria da Evoluo, q u e
revolucionou o s conceitos
s o b r e o ser humano.
Professor Ictlossauro:
"O fssil q u e o s s e n h o r e s
e s t o vendo pertenceu a
algum animal inferior; o s
dentes s o muito frgeis, a
mandbula muito fraca, e o
que mais intriga c o m o e s t e
animal teria conseguido obter
comida".
As pistas mais importantes so o s s o s que mostram se seus
donos eram do sexo masculino ou feminino, jovens ou adultos,
altos ou baixos, velhos ou jovens, m a s no revelam se eram
peludos ou no, gordos ou magros, negros ou brancos. As ima-
gens desses indivduos pr-histricos foram criadas por artistas
que se b a s e a r a m nos dados dos cientistas e em sua prpria
imaginao.
No fcil encontrar o s s o s de seres humanos que morre-
ram h dez mil, cem mil ou at um milho de anos. Uma das
razes que havia poucos seres humanos naquele tempo. Muitos
morriam devorados por animais. Os que morriam de doenas
se decompunham, e os o s s o s expostos a o sol e chuva viravam
p . que o vento levava.
Os o s s o s que e s c a p a r a m de virar p s o aqueles que fi-
caram soterrados em p o o s de asfalto ou em p n t a n o s . Assim
p r o t e g i d o s foram s e tornando mineralizados c o m o p e d r a s .
Esses o s s o s fossilizados foram encontrados por cientistas que
investigam o p a s s a d o , ou casualmente por trabalhadores que
cavavam a terra p a r a construir alicerces ou tneis. Muitos des-
ses o s s o s estavam em p e d a o s , que foram colados c o m o um
quebra-cabea.
Outras pistas importantes para a investigao do p a s s a d o
s o os fsseis de outros animais e de plantas, pois permitem
recriar o cenrio onde nossos ancestrais viviam.
Fundamentais na investigao do nosso p a s s a d o s o os
instrumentos de pedra fabricados pelos homens pr-histricos,
pois ajudam a imaginar como era a sobrevivncia do dia a dia
naqueles tempos.
Os esqueletos e os instrumentos de pedra s o , portanto, a s
principais pistas para descobrir a origem da nossa espcie. Mas
h muitas outras e, quanto mais recente for a p o c a pesquisada,
mais variadas e numerosas sero e s s a s pistas, tornando mais
fcil investigar o p a s s a d o .
Pedras l a s c a v a m
outras p e d r a s at
que f i c a s s e m com
bordas cortantes,
o suficiente para
rachar rvores,
quebrar o s s o s ,
servindo tambm
c o m o arma d e
defesa.
Depois d e bem
pontiagudas, a s
p e d r a s serviam
para tirar o couro
d e animais e fur-
lo e tambm para
desenterrar razes,
alm d e s e r e m b o a s
pontas d e lana.
13
c a p t u l o
14
Tambm s o primatas o mico, o m a c a c o - a r a n h a e
c e n t e n a s d e outros m a c a c o s do mundo d a s rvores, bem
c o m o o babuno e o mandril, q u e vivem no cho, alm do
lmur, do g l a g o e outros m e n o s conhecidos.
Postura ereta
Todos os primatas so capazes de ficar em p, embora s os
humanos tenham postura ereta constante, o que foi uma grande
conquista, pois ficar em p libera as mos, permite enxergar mais
No chimpanz, a coluna
vertebral n o fica em linha reta
com a s pernas, e o s msculos
d a s c o x a s no c o n s e g u e m
mant-lo e m p por muito
tempo. Ao andar, ele apoia a s
c o s t a s d a s m o s no cho.
As mos
Todos os primatas tm mos, mas nenhum tem a habilidade
dos seres humanos, que so capazes de enfiar uma linha na agulha,
girar uma chave de fenda com fora, tocar violo com destreza.
O mico tem mos desajeitadas porque todos os seus dedos
se movem de uma s vez. Os dedos das mos de outros macacos
movem-se melhor, mas somente o polegar
do chimpanz e do homem capaz de
~~7\ encostar nos outros dedos e segurar
;r u at mesmo uma bolinha. Observe
os desenhos:
Mico Chimpanz
Macaco
A viso
Ter m o s hbeis n o serviria muito a o s
primatas se eles no fossem capazes de perceber
a que distncia esto os objetos. Essa outra se-
melhana entre os animais desse grupo: sua viso
em terceira dimenso permite-lhes avaliar a que
distncia esto as coisas.
Vivendo nas rvores fundamental enxergar
bem, porque na hora de saltar de galho em galho
preciso avaliar corretamente a distncia entre
eles.
Muitos primatas tambm percebem cores,
encontrando com facilidade as folhas e os frutos
preferidos no meio da vegetao.
O homem anda ereto, tem os olhos distantes
do cho e percebe a que distncia esto os objetos.
Por isso enxerga melhor e sua viso tem mais al-
cance do que a dos animais que andam de quatro.
Essas caractersticas foram muito importantes para
A percepo de
a sobrevivncia da nossa espcie. Ainda hoje essas profundidade maior
qualidades nos ajudam a sobreviver em vrias situa- nos primatas, q u e tm o s
olhos c o l o c a d o s lado a
es, principalmente no trnsito das cidades. lado na face, pois o c a m p o
d e viso d e um olho s e
s u p e r p e a o do outro.
Tempo de crescimento
Comparados a outros mamferos, os primatas demoram a se
libertar dos cuidados da me. O ser humano o mais dependente.
Quando nasce, no consegue sequer ficar em p e s por volta dos
oito anos que comea a se soltar para o mundo.
Durante o longo tempo em que dependem dos pais, os filho-
tes de primatas aprendem muita coisa. E tudo o que aprenderem
ensinaro para os filhos.
Com a p e n a s um ano d e idade, o gato s o b e nos muros,
c a a , defende s e u territrio e atinge a maturidade social e
sexual. O gorila e o homem, com um ano d e idade, s e q u e r
sobrevivem s e m a proteo d a m e e de outros adultos.
18 Maturidade social
17
16
15
14 Maturidade sexual
13
CD 12
T3
11
cs
10
0)
9
~o 8 Fim da infncia
CO
O 7
c
6
< 5
4
3
2
1
Nascimento
Gato Gorila Homem
Linguagem
Os seres humanos tm a capacidade de emitir sons extrema-
mente variados, que so combinados para formar palavras com
que expressam sentimentos, fatos e
ideias. Assim formada a linguagem.
Desde os tempos pr-histricos ela
usada para transmitir o conhecimento
atravs das geraes. Dessa maneira, o
No incio, a s figuras e o s
sinais eram g r a v a d o s nos
p a r e d e s d e rocha.
conhecimento ampliado e modificado atravs do tempo, resultando
na evoluo da cultura humana, que est sempre se renovando e
criando novos caminhos para o futuro.
Entre os primatas, os humanos so os nicos que tm lingua-
gem elaborada. Por meio dela, o conhecimento vai se ampliando e
a histria da humanidade vai sendo contada atravs do tempo.
c a p t u l o
S e tirarmos
o s plos do
chimpanz, fica
vidente s u a
semelhana
corn o homem.
c a p t u l o
A histria de Lucy
Famlia d e
australopitecos,
conforme
imaginamos que
fossem.
O s australopitecus
caadores
andavam a r m a d o s
e s a b i a m atacar
em grupo. Nos
e m b a t e s , venciam
o s maiores, que
s s a b i a m atirar
p e d r a s e no eram
organizados.
dominao do fogo
ti*
Pitdown Mauer
* Vertesells
Escale. EUROPA
Torralba/ , \ Choukoutien
Ambrna
ASIA
\
\
5 Olrgesailie
OCEANO
OCEANO a NDICO
ATLNTICO
Quem s a b i a fazer fogo
devia s e r muito admirado e O Homo erectus viveu na frica e
respeitado entre o s Homo
erectus. Isso porque no
tambm nas regies muito frias da Europa,
n a d a fcil atritar um onde sua sobrevivncia s foi possvel porque
pau contra uma pedra at
conseguir calor suficiente ele dominava o fogo. At essa poca, todos
para a c e n d e r gravetos s e c o s
os animais tinham sua sobrevivncia regulada
pelas condies da natureza. Mas, no momen-
to em que dominou o fogo, o Homo erectus tornou-se o primeiro
animal capaz de carregar o calor para onde quer que fosse.
O fogo criou um ambiente seguro e aquecido. Ao redor da
fogueira, os nossos remotos antepassados se sentavam para cortar e
assar carne, comer, dormir, amar e sonhar. Com um vocabulrio que
aumentava pouco a pouco, foram criando os mitos que contavam
a histria e a origem do fogo e de todas as coisas.
O fogo tambm era usado para caar, como indicam as ossadas
de elefantes encontradas em vrios pntanos da Europa. S o tantos
ossos que, supe-se, a manada era empurrada para o pntano por
homens empunhando tochas de fogo.
Para caar, os Homo erectus se comunicavam para combinar
a diviso das tarefas. Eles tambm davam nomes aos animais e s
plantas, aos lugares e instrumentos, aos sentimentos. Assim, pouco
a pouco, o nmero de palavras foi aumentando.
W
: -
. .
9 |
35
O Homo erectus tinha crebro maior e memria melhor do
que o australopiteco e o Homo habiis. A estrutura de sua garganta
transformava sons em palavras e foi o desenvolvimento da lingua-
gem, mais do que tudo, que permitiu a transmisso do conhecimento
atravs das geraes.
Pouco a pouco, os Homo erectus foram sendo selecionados
pelo ambiente de cada lugar.
Em seus mil anos de existncia, os Homo erectus enfrentaram
desafios com perseverana e imaginao, resolveram seus problemas
e sobreviveram. A espcie humana deve seu nascimento ao sucesso
desses nossos bravos antepassados.
c a p i t u o
O Homo sapiens
~~ O caador de imagens
H~9>
c a p t u l o
A domesticao de plantas
e animais
O s sinais n e s s a s p e q u e n a s p e d r a s foram
feitos h d o z e mil a n o s . Para ns, n o tm
significado, m a s certamente queriam dizer
muita c o i s a para o s criadores d o s smbolos.
humana se estendeu no tempo e no espao, por todo o planeta, atravs
das geraes.
De acordo com as convenes da sociedade moderna, o
nascimento da escrita estabeleceu um marco entre o fim da pr-
histria e o incio da histria e das mais antigas civilizaes do
planeta. Mas se pensarmos na histria da Terra, a pr-histria
faz parte dela.
No c h a m a d o C r e s c e n t e Frtil, a s s i n a l a d o no
m a p a p e l a cor, a s a l d e i a s a g r c o l a s j existiam
h d e z mil a n o s . S i t u a d a entre o s rios Tigre e
Eufrates, e s t a regio d a M e s o p o t m i a (hoje
Iraque), n o m e q u e quer dizer "entre rios". J e r i c ,
J a r m o e Ur s o c o n s i d e r a d a s a s c i d a d e s m a i s
a n t i g a s do mundo.
c a p t u l o
O homem, hoje
Nossa viagem termina quando, dez mil anos atrs, alguns seres
humanos se fixaram onde havia grande fartura de animais (que logo co-
mearam a ser criados, depois de domesticados) e onde a terra era frtil
para plantar vegetais. Construram moradias definitivas, que se transfor-
maram em vilas, originando as cidades mais antigas do mundo.
A pr-histria foi ficando para trs quando os homens riscaram
na argila e na pedra os primeiros sinais, contando o que pensavam
e o que sabiam.
Mais de trs milhes de anos separam as primeiras pedras
lascadas do domnio do fogo. H o intervalo de quinhentos mil
N a s c e m o s para
respirar ar puro.
M a s respiramos ar
poludo.
anos entre as primeiras fogueiras e a domesticao dos animais e
das plantas. Mas apenas oito mil anos separam o surgimento das
cidades do lanamento da primeira espaonave. medida que a
cultura do homem foi se ampliando e se modificando, o mundo foi
mudando cada vez mais rapidamente.
N a s c e m o s para ver
o cu e a s g u a s
cristalinas. M a s o cu
e s c u r e c e u d e fuligem
e muitos rios e s t o
morrendo.
N a s c e m o s com pernas
b o a s para andar e correr.
Mas ficamos horas
sentados.
N a s c e m o s para comer alimentos s a u d v e i s e beber g u a
pura. M a s c o m e m o s c o m i d a s com agrotxicos e b e b e m o s
g u a com s u b s t n c i a s qumicas que no fazem parte dela.