Quais As Eventuais Causas e Consequências Da Delinquência em Angola
Quais As Eventuais Causas e Consequências Da Delinquência em Angola
Quais As Eventuais Causas e Consequências Da Delinquência em Angola
Refere-se, esta questo, aos factores que fazem com que menores de idade cometam
actos criminosos. A delinquncia juvenil s pelo facto de ter como base os jovens,
tambm v-se como causas o abandono dos familiares. O individuo delinquente e o no
delinquente podem ser produtos personalisticos duma mesma sociedade, qui da
mesma famlia1. Os jovens por no encontrarem o que no seio familiar no tm partem
para rua procurando coisas que na qual iro se apoderar.
Para Barros de Oliveira (1990) o delinqunte uma personalidade falida por no ver
satisfeitas as suas necessidades fundamentais (de amor, segurana, insero social, etc.),
ou ento por se ver arrastado por maus exemplos e sedues de outros colegas, dos
meios de comunicao social, ou da prpria sociedade injusta, competitiva, agressiva e
materialista. Muitas vezes a famlia no consegue compensar essas contrariedades
sociais.
1
Pimenta. Maria da Encarnao, Pincipais causas e Consequncias da Delinquncia
em Angola Modelos de Delinquncia, Volume I, Calada das Letras, 4 Edio, 2013,
Pg. 34.
2
Crime ou delito o facto voluntrio declarado punvel pelo Cdigo Penal. Vide
Artigo 1 - Conceito de Crime. Princpio da Legalidade, Cdigo Penal angolano.
3
Vide, Sobre a delinquncia Activa (violncia, roubo, vandalismo, abusos sexuais,
prostituio) e Passiva (Droga e Alcoolismo), Barros de Oliveira, Grande Mistrio,
Edio do Seminrio do Corao de Maria Carvalho, 5 Edio 1990, Pg. 111-159; e
Dr. Gregori Chavlovski, Droga, 2005.
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 1
DELINQUNCIA JUVENIL
verdade que a criminalidade infantil praticada por crianas e adolescentes que actuam
em forma de grupos chega a tornar-se mais perigosa e ofensiva pelos seus mtodos de
actuao. Sobretudo pelo facto de actuarem com muita frequncia e em qualquer
esquina onde as vtimas so abordadas e de formas inesperadas6.
4
Vide, para mais detalhes sobre o uso e abuso de drogas, a obra do Dr. Gregori
Chavlovski, Droga, 2005.
5
Vide, para melhor esclarecimento nos termos legais, a Lei n 25/11 de 14 de Julho de
2011, Lei Contra a Violncia Domstica em Angola, publicada no dirio da
Repblica: I Srie n 133, em 13 de Janeiro de 2014
6
CFR PIMENTA, Encarnao, o.c. pg. 29.
7
Vide, Artigo xxxx do Cdigo Penal Angolano.
8
Os actos em questo vm tipificados no Cdigo Penal angolano como Crimes Contra a
Propriedade e Contra as Pessoas, concretamente nos artigos
9
Vide, Artigo 493 do Cdigo Penal Angolano.
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 2
vrios tipos de armas: desde pistolas de vrios calibres, armas automticas de guerra,
punhais, canivetes, cacos de garrafas; granadas, etc. Recorrem ainda ao uso de gs
lacrimogneo para imobilizar as vtimas (por vezes com auxilio de drogas e de
mscaras), viaturas ligeiras e motos rpidas.
Regra geral, os bandos tm uma trajectoria histrica que comea no bairro ou na rua
com a formao de um pequeno grupo de amigos e que pode ir fortalecendo, tudo em
funo das questes socioafectivas dos membros e da atmosfra social, podendo vir a
culminar num esquadro temvel e de renome (ENCARNAO PIMENTA, 20113).
A idade com que um individuo pode iniciar a sua actividade num bando situa-
se entre os 5 aos 10 anos. Iniciam o seu treino atirando pedras contra janelas e
portas, e aos telhados dos vizinhos, trepam a muros e rvores para espreitar e,
na primeira oportunidade fazem o seu primeiro assalto. Outra grande actividade
dos bandos infantis o de arremessar garrafas ao lado dos adultos quando estes
passam, com o objectivo de os assustar e os intimidar, a fim de comearem a ser
temidos. Para alm dos que se dedicam venda de droga usando mtodos e
tcticas subtis em que se servem de pombos-correio da droga e do crime
organizado.
Ao transcrito se torna evidente como esses factos so reais na nossa sociedade, uma vez
que, acreditamos, no haver algum que no tenha se deparado com tal situao no seu
bairrro, princpalmente nas zonas perifricas ou sub-urbanas. Situaes que devem ser
desde cedo acauteladas para que no evolua para actos de delinquncia graves.
Segundo John Watson citado por feldman (2001), ``as pessoas no so intrinsecamente
boas ou ms, elas modificam-se facilmente com os factos ou situaes de seu
ambiente. Watson dizia tambm que: ``na infncia um meio ambiente rico ou pobre,
relaes felizes ou no com os pais determinam habitos e comportamentos, tanto
motores ou viscerais. o meio que determina totalmente o futuro psicolgico de uma
criana. Um filho de msicos ter ouvido musical apenas porque escuta msica durante
todo o dia, dada a profisso dos seus pais. Se Mozart tivesse sido separado do seu pai,
mestre de capela, desde o nascimento e confiado a um vaqueiro ou a um ferreiro, nunca
teria possudo esse dom para msica e nunca se teria tornado Mozart.
10
CFR PIMENTA, Encarnao, o.c. pg.15
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 4
CAUSAS REFERENTES AO CONTEXTO SOCIAL
Em Angola, a guerra e suas consequncias fizeram com que uma grande parte da
populao viva em situao de pobreza extrema. Assim, dados oficiais revelam que
68% da populao pobre, com um rendimento mensal inferior a 392 kwanzas,
correspondentes a U$ 1.7/perdiun, sendo 28% a viverem abaixo do limiar de pobreza,
com uma renda correspondente a 1 dolar por dia. Cerca de 43% vivem em zonas rurais
contra 57% que vivem em zonas urbanas (ENCARNAO PIMENTA, 2013).
Apesar de a guerra ter o seu peso bruto na questo da delinquncia em Angola, contudo,
actualmente, os grandes vectores da delinquncia juvenil condimentada pela violncia
podemos afirmar como sendo os pais, os professores, os mestres, tutores, amigos da
famlia, a televiso, com os seus filmes de violncia (inclusivamente numa parte
significativa dos desenhos animados) dolos (cantores, artistas de cinema, desportistas
com condutas desabonatria). Porqu? Devido forma como hoje transmitem os
valores do passado e do presente aos mais novos da sociedade... (ENCARNAO
PIMENTA, 2013)
A familia pode ser definida como sendo uma instituo social que une os individuos
num grupo, que coopera para a prossecuo de um objectivo comum e que consiste na
criao e educao das crianas nascidas no seu seio11
Os adultos entre os quais, pais, tios e avs, andam todos preocupados com o estado
deprimente da actual situao moral da juventude. Mas, esquecem, ou ignoram, que so
eles os principais responsveis e culpados dessa situao, porque no criaram ambiente
diferente de educao para os seus filhos, sobrinhos e netos, ou seja, no souberam
educar de modo diferente. A gerao posterior resultado da atitude e aco da gerao
precedente. No h nenhuma gerao que cai do cu, ou vem de marte.
11
VIEGAS. Ftima O papel da familia e da sociedade civil na construo de uma
nova mentalidade Estudos e opinies, revista n 6, Julho Dezembro, 2010, Pg. 37.
12
Vide, Artigo 35 da Constituio da Repblica de Angola.
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 6
respeito por s e pelos outros com profundo autoconhecimento de si mesmo e dos
limites que nos separam dos outros...13
Se o indivduo nasce e cresce num ambiente que partida se supe ser normal, contudo
suas aces perturbam os demais membros da famlia e da sociedade, porque devemos
adimitir a hiptese de que este individuo no de facto, normal14.
Terry Faw (1981) citado por Maria da Encarnao Pimenta (2013, Pg. 115-116) diz
que as principais psicopatologias nos adolescentes tm as suas bases nos conflitos e
confuses que assolam muitos adolescentes. Estes conflitos criam uma atmosfera
propcia ao desenvolvimento de psicopatologias e podem impel-los a delinquncia. Os
problemas manifestados pelos adolescentes incluem reaces psicofisiolgicas, assim
como retraimento.15
13
PIMENTE, C., Os 7 casamentos, Luanda, 2009, Pgs. 12-13.
14
CFR PIMENTA, Maria da Encarnao, o.c. Pg. 115
15
Terry Faw, 1981, Psicologia do Desenvolvimento: infncia e adolescncia. So
Paulo: McGraw-Hill doBrasil, 1981. (Coleco Schaun).
16
Ibidem, Pg. 116.
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 7
metade dos jovens angolanos so rfos de pais vivos e mortos), a impune
agresso e violncia familiar contra os mais frgeis da famlia, os nascimentos
indesejados, famlias numerosas e sua promiscuidade familiar, bullyng no seio
familiar, a guerra e as suas consequncias. Estas so pram mim as bases dos
principais conflitos a nvel sociofamiliar e que podem levar os jovens a
enveredar pela deliquncia.
Quanto a Enurese outra das grandes perturbaes que afligem e incomodam uma
grande parte de jovens deliquentes. A enurese o acto de molhar os lenois. Este
fenmeno verifica-se mais nas crianas at mais ou menos os sete anos de idade,
sobretudo nas do sexo masculino e sobretudo na poca fria em que a criana ou adulto
sente uma enorme preguia de levantar-se para ir acasa de banho acabando adormecer e
molhar a cama. A incapacidade de inibir, ou seja, de reter a sada da urina facilitada
pelo sonho que o indivduo tem de que esta na casa de banho ou no pinico a urinar.
Terminada a aco, o indivduo ou continua a dormir ou acorda em funo do incmodo
que os lenois molhados causam quando o indivduo se vira.
A enurese causada por razes vrias incluindo o stress da guerra. O stress causado
pela guerra, associado a outros factores, tais como a fome e a misria, ou o seu oposto,
abundncia associada a avareza, o desemprego e desocupao dos jovens ou o
desregramento na vida. O neurtico precisa de mais ateno e de solues de alguns dos
seus conflitos psicolgicos com ajuda e compreeno dos mais velhos. O grito do
enurtico : Salvem-me, porque sou mijo e ningum me compreende17
17
CFR PIMENTA, Encarnao, o.c. pg. 122.
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 8
CONSEQUNCIAS DA DELINQUNCIA JUVENIL
a) O que deve a polcia fazer quando deparada com um menor que tenha
cometido crime?
Para a prossecuo dos seus objectivos, a lei confere legitimidade polcia para a
utilizao da fora estritamente necessria e proporcional, para repelir qualquer situao
que possa constituir ameaa ou que possa violar direitos, liberdades e garantias dos
cidados.
Da, que em alguns casos, seja compreensvel a violncia policial uma vez que se parte
do princpio de que a lei permite que se possa violar um direito para a garantia de outros
(nmero superior).
A verdade que cada vez mais, pesssoas menores esto envolvidas com actos que
violem direitos de outrem, sobretudo com a pratica de condutas criminosas.
Mas a grande questo saber se a policia na sua actuao perante elementos que
cometem actos tipificados na lei penal como crime, deve agir de igual forma, tratando-
se de adulto ou menor.
Para tentar perceber que procedimento deve a polcia quando perante um menor que
tenha cometido um acto tipificado na lei penal como crime, importante fazer uma
incurso ao cdigo penal angolano nos seus artigos 47, 48 e 49, bem como a lei do
julgado sobre os menores.
Em primeiro lugar preciso avaliar a idade do menor e o tipo de acto tipificado como
crime cometido.
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 9
A lei (artigos 42 e 43)18 destingue entre inimputabilidade absoluta e inimputabilidade
relativa. H um propsito legal desta distrino.
Um menor, de 10 anos de idade, numa briga de crianas, com uma garrafa, que tenha
tirado a vida a outro menor na via pblica, mesmo na presena de uma patrulha
polcial. Qual o procedimento dessa patrulha?
Um acto tipificado como roubo ou furto (que muito comum nos menores, sobretudo
na realidade angolana, tendo em conta o nmero de menores considerados vadios na via
pblica) de fcil enquadramento a actuao policial de acordo com o Cdigo Penal
(artigos 48 e 49) ou seja:
Um acto de extrema violncia praticado por um menor, a entrega aos pais fica
claramente condicionada gravidade do facto. Nesses casos a jurisprudncia entende
que o menor deve merecer tratamento especial (internamento). Exemplo de um menor
que cometa acto tipificado como homicdio.
d) Menor abaixo de 12 anos que cometa crime menos grave dentro de espao
fachado ou pblico fora de flagrante delito:
18
Vide, Cdigo Penal Angolano.
Instituto Superior Politcnico Internacional de Angola Pgina 10
e) Menor abaixo de 12 anos que cometa crime menos grave dentro de espao
fechado ou pblico fora de flagrante delito:
Caso chegue ao conhecimento da policia e se pea que haja interveno policial, nos
casos em que o menor seja considerado vadio (sem pais nem tutores) aberto um
processo e o menor encaminhado pelo Inac (poder haver casos que pela hora o menor
poder estar sob custdia policial).
f) Menor abaixo de 12 anos que cometa crime menos grave na via pblica em
flagrante delito:
g) Menor abaixo de 12 anos que cometa crime muito grave dentro de espao
fechado ou pblico fora de flagrante delito:
h) Menor dos 12 aos 15 anos que cometa crime grave dentro de espao fechado
ou pblico fora de flagrante delito:
i) Menor dos 12 aos 15 anos que cometa crime menos grave na via pblica em
flagrante delito:
Os menores que tenham pais ou tutores, estes so notificados e abre-se um processo que
encaminhado ao Ministrio pblico Sobre o Julgado de Menores, normalmente
entregue a guarda dos pais ou tutores.
k) Menor entre os 12 e 15 anos que cometa crime muito grave na via pblica
em flagrante delito:
Sobre os autos:
Nome e morada do menor (dados completos) e os dados completos dos pais ou tutores,
caso existam (incluir cpias de identificao).
No caso de tutela temporria da policia em funo da hora em que o menor deve ser
encaminhado por no ter pais nem tutores, o menor nunca dever ser colocado dentro de
uma cela.
Sobre os relatrios:
Fazer sempre constar as ocorrencias e a actuao policial nos relatrios policiais dirios,
semanais, semestrais e anuais.
Da, apelarmos que a instruo dos jovens deve comear no seio familiar,
clarividentemente, para que no se tornem delinquentes. Ademais, o combate da
delinquncia juvenil deve comear no seio familiar e nas escolas, na idade em que ainda
se consegue educar uma criana de modo a esta poder destinguir o bem do mal, o certo
do errado.