Conceito Rosacruz Do Cosmos
Conceito Rosacruz Do Cosmos
Conceito Rosacruz Do Cosmos
ROSACRUZ DO COSMOS
Ou
CRISTIANISMO MTISCO
Fraternidade Rosacruz
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CREDO OU CRISTO?
No ama a Deus quem ao semelhante odeia,
e lhe espezinha a alma e o corao.
Aquele que se vale da ameaa do inferno para limitar
e anuviar-nos a Mente, no compreendeu ainda nossa meta final.
Max Heindel
UMA PALAVRA AO SBIO
O fundador da religio crist emitiu uma mxima oculta quando disse: Quem
no receber o Reino de Deus como uma criana, no entrar nele (Mc
10:15). Todos os ocultistas reconhecem a imensa importncia deste
ensinamento de Cristo, e tratam de viv-lo dia a dia.
Outras adotam uma atitude ctica to logo descobrem que a obra contm
alguma coisa a cujo respeito nada leram nem ouviram anteriormente, ou sobre
a qual ainda no lhes ocorrera pensar. E, provavelmente, repeliro como
extremamente injustificvel a acusao de que sua atitude mental o cmulo
da autossatisfao e da intolerncia. Contudo, esse o caso, e desse modo
fecham suas Mentes verdade que eventualmente possa estar contida naquilo
no que rejeitam.
H mais uma razo para que se tenha muito cuidado ao emitir um juzo:
muitas pessoas tm suma dificuldade em retratar-se de qualquer opinio
prematuramente expressa. Portanto, pede-se ao leitor que suspenda suas
opinies, de elogio ou de crtica, at que o estudo razovel da obra convena
do seu mrito ou demrito.
Dizer que esta exposio infalvel seria o mesmo que pretender que o autor
fosse onisciente. At os prprios Irmos Maiores nos dizem que eles mesmos
enganam-se, s vezes, nos juzos que fazem. Assim, est fora de qualquer
UMA PALAVRA AO SBIO 7
O que nesta obra se afirma deve ser aceito ou rejeitado pelo leitor segundo o
seu prprio critrio. Ps-se todo o empenho em tornar compreensveis os
ensinamentos e foi necessrio muito trabalho para poder express-los em
palavras de fcil compreenso. Por esse motivo, em toda a obra usa-se o
mesmo termo para expressar a mesma ideia. A mesma palavra tem o mesmo
significado em qualquer parte. Quando pela primeira vez o autor emprega uma
palavra que expressa determinada ideia, apresenta a definio mais clara que
lhe foi possvel encontrar. Empregando as palavras mais simples e
expressivas, o autor cuidou constantemente de apresentar descries to
exatas e definidas quanto lhe permitia o assunto em apreo, a fim de eliminar
qualquer ambiguidade e para apresentar tudo com clareza. O estudante poder
julgar em que extenso o autor logrou o seu intento. Entretanto, tendo-se
esforado o possvel para sugerir as ideias verdadeiras, considera-se tambm
na obrigao de defender-se da possibilidade de a obra vir a ser considerada
como uma exposio literal dos ensinamentos Rosacruzes. Sem esta
recomendao este trabalho teria mais valor para alguns estudantes, mas isto
8 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Segundo uma narrativa hindu, aquele que tenha duas linhas semicirculares na
palma da mo, na articulao exterior do polegar leva consigo um gro de
arroz. Isto quer dizer que ser bem recebido e hospitaleiramente tratado onde
quer que v. O autor tem o sinal mencionado, e, no seu caso, o prognstico se
cumpriu maravilhosamente. Em todos os lugares encontrou amigos, e por eles
foi bem tratado. O mesmo aconteceu com o Conceito Rosacruz do Cosmos.
A Dra. Alma Von Brandis facilitou os meios para a primeira aproximao
com os ensinamentos Rosacruzes. Comandante Kingsmill e Jessie Brewster
auxiliaram-no lealmente na parte literria, Mrs. M. E. Rath Merril e Miss
Allen Merril executaram certo nmero de desenhos, e quanto a Wm. M.
Patterson no s prestou ao autor servios pessoais, mas ainda prestou o seu
auxlio financeiro para que este livro pudesse ser oferecido pelo preo de
custo. Este trabalho foi, portanto, produzido com Amor. Ningum, com ele
relacionado, recebeu e deve receber um centavo de recompensa. Todos,
desinteressadamente, deram tempo e dinheiro. Portanto, o autor deseja
expressar todo o reconhecimento a eles, esperando que venham a encontrar
outras e maiores oportunidades de exercerem os seus prstimos com igual
desinteresse.
Max Heindel
Seria mais exato dizer que o Corpo Vital formado por prismas em vez de
pontos, posto que, refratando-se atravs desses minsculos prismas que o
fludo solar incolor muda para um tom rosceo, tal como outros escritores,
alm do autor, tm indicado.
UMA PALAVRA AO SBIO 9
Buda, grande e sublime, pode ser a Luz da sia, mas Cristo ainda ser
reconhecido como a Luz do Mundo. Assim como o Sol ofusca a luz das
mais brilhantes estrelas nos cus e dissipa todo o vestgio de trevas,
iluminando e vivificando todos os seres, assim, em futuro no muito distante,
a verdadeira religio de Cristo h de superar e anular todas as outras religies,
para eterno benefcio da humanidade.
A cada nascimento passa a existir entre ns o que parece ser uma vida nova.
Vemos a pequena forma viver e crescer, e converter-se pouco a pouco em
fator de nossas vidas durante dias, meses ou anos. Chega por fim um dia em
que a forma morre e se decompe. A vida que veio, no sabemos de onde,
passa ao invisvel alm, e ento com tristeza indagamo-nos: De onde veio?
Por que esteve aqui? Para onde foi?
esforo paciente e perseverante pode realizar esse despertar, que no pode ser
comprado nem atingido por caminhos fceis.
Todos admitem que seja necessria prtica para aprender-se a tocar piano, e
que seria intil pretender-se ser relojoeiro sem antes passar-se pelo
aprendizado. Mas quando se trata da alma, da morte, do alm ou das origens
do ser, muitos creem saber tanto quanto qualquer outro e avocam-se o direito
de emitir opinio, apesar de nunca terem consagrado a tais assuntos ao menos
uma hora de estudo.
evidente que ningum pode esperar que sua opinio sobre um assunto fosse
considerada, se nele no versado. Em assuntos jurdicos, quando so
chamados peritos a opinar, examina-se em primeiro lugar a sua competncia.
Sua opinio de nada valer se no ficarem comprovados sua proficincia e
conhecimento sobre o assunto em causa.
Se o leitor, que compreendeu bem esta ideia perguntar o que deve fazer para
obter o conhecimento direto, ter na seguinte histria a ideia fundamental do
ocultismo:
Certo dia um jovem foi visitar um sbio, a quem perguntou: Senhor, o que
devo fazer para tornar-me um sbio? . O sbio no se dignou responder.
Depois de repetir a pergunta certo nmero de vezes sem melhor resultado, o
jovem foi embora, mas voltou no dia seguinte com a mesma pergunta. No
obtendo resposta ainda, voltou pela terceira vez e novamente fez a pergunta:
Senhor, o que devo fazer para tornar-me um sbio? .
Ento, disse o sbio, para te tornares sbio deves desejar a sabedoria com a
mesma intensidade com que desejavas o ar. Deves lutar por ela e excluir de
tua vida qualquer outro objetivo. Essa e s essa deve ser, dia e noite, tua nica
aspirao. Se buscares a sabedoria com esse fervor, meu filho, certamente
tornar-te-s sbio.
que mesmo aqueles que puderam ver as coisas durante toda a vida esto muito
longe de ter um conhecimento total deles. Para conhecermos apenas uma parte
infinitesimal das coisas que lidamos na vida diria requer anos inteiros de
aplicao e rduos estudos, e invertendo o aforismo Hermtico assim como
em cima, embaixo, conclumos obviamente que o mesmo deve acontecer
nos outros mundos. certo que h muito mais facilidade em adquirirem-se
conhecimentos nos Mundos suprafsicos do que na condio fsica atual, mas
no to grande que elimine a necessidade de um estudo concentrado e a
possibilidade de algum erro nas observaes. De fato, o testemunho dos
pesquisadores ocultistas competentes e qualificados prova que se deve prestar
muito mais cuidado a observao l do que aqui.
Suponhamos que um jornal envie vinte reprteres a uma cidade para que
faam reportagens descritivas da mesma. Os reprteres so ou devem ser,
observadores treinados. Sua misso ver tudo, e devem ser capazes de fazer
to boas reportagens sobre o assunto, como justo e cabvel esperar. Todavia,
o mais provvel que dos vinte reprteres, nem dois apresentem descries
exatamente iguais da cidade. O mais provvel que sejam totalmente
diferentes. Embora algumas delas possam conter em comum as caractersticas
mais relevantes da cidade, outras podem ser singulares na qualidade e na
quantidade da descrio.
Mas isto no tudo. Para compreender-se o Mundo Fsico que o mundo dos
efeitos, necessrio compreender-se o mundo suprafsico, que o mundo das
causas. Vemos os bondes em movimento pelas ruas, escutamos o tilintar dos
aparelhos telegrficos, mas a fora misteriosa que causa esses fenmenos
permanece invisvel para ns. Dizemos tratar-se da eletricidade, mas o nome
nada explica. Nada sabemos da fora em si mesma: vemos e ouvimos
unicamente os seus efeitos.
A casa ainda invisvel para todos, menos para o arquiteto, que a torna
objetiva no papel. Ele desenha o plano, e por meio dessa imagem objetiva do
seu pensamento-forma os trabalhadores constroem a casa de madeira, de ferro,
ou de pedra, exatamente de acordo com esse pensamento-forma originado
pelo arquiteto. Assim o pensamento-forma se converte em realidade material.
1. Mundo de Deus
2. Mundo dos Espritos Virginais
3. Mundo do Esprito Divino
4. Mundo do Esprito de Vida
5. Mundo do Pensamento
6. Mundo do Desejo
7. Mundo Fsico
Como o ter Qumico, este ter tem tambm seus polos positivo e
negativo. As foras que trabalham pelo polo positivo so aquelas que
atuam na fmea durante o perodo de gestao, capacitando-a para o
trabalho ativo e positivo de formao de um novo ser. Por outro lado, as
foras que trabalham pelo polo negativo do ter de Vida do ao macho a
capacidade de produzir o smen.
ter de Luz: Este ter tambm positivo e negativo. As foras que atuam
pelo seu polo positivo so as que geram o calor do sangue nos animais
superiores e no ser humano, convertendo-os em fontes individuais de calor.
As foras que atuam pelo seu polo negativo operam atravs dos sentidos,
manifestando-se como funes passivas de viso, audio, tato, olfato e
paladar. So tambm as que constroem e nutrem os olhos.
Nos animais de sangue frio, o polo positivo do ter de Luz o veculo das
foras que fazem circular o sangue. Quanto s foras negativas, estas
atuam do mesmo modo que nos animais superiores ou no ser humano com
relao aos olhos. Onde estes no existem, as foras que trabalham pelo
polo negativo do ter de Luz, possivelmente, constroem e nutrem outros
rgos sensoriais, conforme o faz em tudo o que possui tais rgos.
OS MUNDOS VISVEL E INVISVEIS 29
Nas plantas, as foras que atuam pelo polo positivo deste ter de Luz
produzem a circulao da seiva. Portanto no inverno, quando o ter de Luz
carece de Luz solar, a seiva deixa de fluir, at que o Sol do vero volte a
recarreg-lo com sua fora. As foras que atuam pelo polo negativo do
ter de Luz formam a clorofila a substncia verde das plantas e
tambm cobrem as flores. Numa palavra, todas as cores de qualquer Reino
da Natureza so criadas mediante a ao do polo negativo do ter de Luz.
Por esse motivo os animais tm as cores mais acentuadas no dorso, e as
flores as tm no lado mais exposto luz solar. Nas regies polares da terra,
onde os raios do Sol so mais fracos, todas as cores so atenuadas. No caso
de alguns animais elas se acham to parcamente formadas que no inverno
chegam a desaparecer, ficando brancos esses animais.
O Mundo do Desejo
Como o Mundo Fsico e qualquer outro Reino da Natureza, o Mundo do
Desejo tem sete subdivises, denominadas Regies, mas no tem como o
Mundo Fsico, as grandes divises correspondentes s Regies: Qumica e
Etrica. A matria de desejos no Mundo do Desejo persiste atravs das suas
sete subdivises ou regies, como substncia para a concretizao dos desejos.
Assim como a Regio Qumica o Reino da forma e assim como a Regio
Etrica o lar das foras que conduzem as atividades vitais nessas formas,
capacitando-as a viver, mover-se e propagar-se, assim tambm as foras do
Mundo do Desejo, trabalhando no Corpo Denso despertado, impelem-na a
mover-se em tal ou qual direo.
Embora seja certo que a matria do Mundo do Desejo um grau menos densa
do que a matria do Mundo Fsico, no devemos absolutamente imaginar que
tal matria seja matria fsica sutilizada. Esta ideia, muito embora defendida
por alguns que estudaram as filosofias ocultas, absolutamente errnea, e
causada principalmente pela dificuldade em dar-se descries completas e
claras, necessrias a uma perfeita compreenso dos mundos superiores.
Infelizmente nossa linguagem, feita para descrever as coisas materiais,
completamente inadequada para descrever as condies dos Reinos
suprafsicos. Consequentemente, tudo o que se diz sobre esses Reinos deve ser
tomado mais como semelhana do que como descrio exata.
OS MUNDOS VISVEL E INVISVEIS 31
Desta ligeira descrio pode-se entender como difcil ao nefito que acaba
de abrir os olhos internos encontrar seu equilbrio no Mundo do Desejo. O
clarividente treinado logo deixa de espantar-se com as descries impossveis
fornecidas pelos mdiuns. Eles podem ser perfeitamente honestos, mas as
possibilidades de paralaxe e a dificuldade de conseguirem um foco perfeito de
viso so to grandes e de natureza to sutil que seria surpreendente se
pudessem apresentar uma descrio correta. Todos ns, na infncia, tivemos
que aprender a ver, conforme podemos comprovar observando um beb: por
ser totalmente incapaz de avaliar distncias, ele tenta de igual modo alcanar
objetos no outro lado da sala, na rua, ou na Lua. O cego que acaba de
recuperar a viso, de incio, muitas vezes, fecha os olhos para ir de um lugar a
outro. E at que aprenda a usar seus olhos, -lhe mais fcil guiar-se pelos
outros sentidos do que pela viso. Da mesma forma aquele, cujos rgos
32 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Conta-se algo de Cristo que ilustra este ponto. Uma vez, caminhando com
Seus discpulos passaram pelo cadver de um cachorro em estado de
putrefao. Os discpulos voltaram o rosto, comentando com aborrecimento o
nauseante espetculo, mas Cristo olhou o cadver e disse: As prolas so
menos alvas que seus dentes. Ele estava determinado a encontrar o bem
naquilo, pois sabia do benfico efeito que produziria no Mundo do Desejo ao
dar-lhe expresso.
O Mundo do Pensamento
O Mundo do Pensamento tambm se compe de sete Regies de diversas
qualidades e densidades e, semelhana do Mundo Fsico, o Mundo do
Pensamento dividido em duas principais divises: a Regio do Pensamento
Concreto, que compreende as quatro regies mais densas, e a Regio do
Pensamento Abstrato, que compreende as trs regies de substncias mais
sutis. O Mundo do Pensamento o mundo central dos cinco mundos onde o
ser humano obtm seus veculos. Aqui se unem esprito e corpo. Este Mundo
tambm o mais elevado dos trs onde presentemente tem lugar a evoluo
humana. Os outros dois mundos superiores, no que diz respeito ao ser humano
em geral, so ainda praticamente uma esperana.
Como seu nome indica, esta Regio o lar das Foras Arquetpicas que
dirigem a atividade dos arqutipos na Regio do Pensamento Concreto. Desta
Regio que o esprito trabalha na matria de maneira formativa. O
Diagrama 1 demonstra esta ideia em forma esquemtica: as formas, nos
mundos inferiores, sendo reflexos do Esprito nos mundos superiores. A
quinta Regio que a mais prxima do ponto focal pelo lado do Esprito,
reflete-se na terceira Regio, a mais prxima do ponto focal pelo lado da
Forma. A sexta Regio reflete-se na segunda, e a stima na primeira.
Sabendo que na gua existe ar, se imaginarmos o ar contido na gua (do nosso
exemplo) como representando o Mundo do Pensamento, podemos obter uma
imagem mental mais clara da maneira como o Mundo do Pensamento, mais
fino e sutil do que os outros dois, os interpenetra.
Cada um dos Planetas do nosso Sistema Solar tem esses trs Mundos que se
interpenetram. Se imaginarmos cada um desses Planetas consistindo de trs
Mundos como sendo esponjas individuais, e o quarto Mundo o Mundo do
Esprito de Vida como sendo a gua contida em um vaso maior, na qual
nadem separadas, essas esponjas trplices, compreenderemos que, assim como
a gua do recipiente maior enche o espao compreendido entre as esponjas e
as compenetra, assim tambm o Mundo do Esprito de Vida se difunde pelos
espaos interplanetrios e interpenetra os Planetas individuais. Este Mundo
estabelece um vnculo comum entre os Planetas e do mesmo modo que para
ir-se da Amrica frica necessrio ter-se um barco e poder dirigi-lo, assim
tambm se requer um veculo apropriado ao Mundo do Esprito de Vida, sob
controle consciente, para poder-se viajar de um a outro Planeta.
O cientista ocultista sabe que isso exato na Regio Qumica, e que o mineral
no possui um Corpo Vital de ter separado. E, como o ter planetrio o
nico que envolve os tomos do mineral, compreende-se ento a diferena
acima. Como j dissemos, necessrio ter um Corpo Vital, um Corpo de
Desejos separados, etc., para poder expressar as qualidades correspondentes
aos diferentes Reinos, porque os tomos do Mundo do Desejo, do Mundo do
Pensamento e at dos mundos superiores interpenetram o mineral, da mesma
forma que interpenetram o Corpo Denso humano. Se a interpenetrao do ter
44 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Em certos casos o Corpo Vital deixa parcialmente o Corpo Denso como, por
exemplo, quando a mo adormece. Pode-se ver ento a mo etrica do
Corpo Vital pendendo como uma luva, sob o brao denso. E os pontos,
introduzindo-se novamente na mo fsica, causam o mesmo formigamento
peculiar j referido. s vezes, na hipnose, a cabea do Corpo Vital divide-se e
pende para os lados da cabea do Corpo Denso, metade sobre cada ombro, ou
permanece em volta do pescoo como a gola de um suter. A ausncia do
formigamento ao despertar deve-se ao fato de que, durante a hipnose, parte do
Corpo Vital do hipnotizador substituiu parte do Corpo Vital da vtima.
A fora vital do Sol que nos rodeia como um fluido incolor absorvida pelo
Corpo Vital atravs da contraparte etrica do bao, onde passa por uma
curiosa transformao de cor. Torna-se rosa-plido e se espalha pelos nervos,
percorrendo todo o Corpo Denso. Em relao ao Sistema Nervoso, a fora
vital o mesmo que a eletricidade para o telgrafo. Embora haja fios,
aparelhos e telegrafistas, tudo em boa ordem, se no houver eletricidade ser
impossvel enviar mensagens.
O Corpo de Desejos est radicado no fgado, assim como o Corpo Vital est
no bao.
todas as divises dos trs mundos. O animal carece de um elo dessa cadeia: a
Mente; a planta carece de dois elos: a Mente e o Corpo de Desejos; e o
mineral carece de trs dos elos da cadeia necessria para funcionar
conscientemente no Mundo Fsico: a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo
Vital.
est por trs da cortina. Se um animal ferido este sofre, mas no tanto quanto
o Esprito-Grupo. O dedo, no tendo conscincia individualizada, move-se
conforme a vontade do ser humano assim como os animais se move sob os
ditames do Esprito-Grupo. Ouve-se falar de instinto animal e de instinto
cego. No existe essa coisa indefinida e vaga como instinto cego. No h
nada cego na maneira como o Esprito-Grupo guia seus membros, mas h
isto sim, Sabedoria escrita com maiscula. O clarividente treinado, quando
funciona no Mundo do Desejo, pode comunicar-se com esses Espritos-Grupo
das espcies animais e constatar que so muito mais inteligentes do que uma
grande porcentagem de seres humanos. Pode observar o maravilhoso tino que
demonstram ao dirigir os animais, que so os seus corpos fsicos.
Uma ilustrao tornar isto mais claro. A mo do ser humano o seu servo
mais valioso; sua destreza permite-lhe responder a mais ligeira ordem. Em
algumas profisses, tais como a de caixa de bancos, o delicado tato das mos
torna-se to sensvel que ele capaz de distinguir uma moeda falsa de uma
verdadeira. Isto se processa to maravilhosamente que quase se pode pensar
que a mo foi dotada de inteligncia individual.
Ora, o mesmo acontece com o Esprito: cada passo para baixo, cada descida
para a matria mais densa para ele o mesmo que para o msico seria vestir
as luvas. Cada passo para baixo limita seu poder de expresso, mas acostuma-
se a essas limitaes e encontra seu foco, do mesmo modo que o olho
encontra seu foco depois de entrar numa casa escura em dia claro de vero.
Ao brilho do Sol a pupila contrai-se dentro dos seus limites. Assim, ao entrar
na casa tudo parece escuro, mas conforme a pupila se dilata e admite a luz, o
ser humano pode ver to bem na escurido da casa como via luz do Sol.
Todos os bois pastam erva e todos os lees comem carne, mas aquilo que
alimento para um ser humano pode ser veneno para outro. Isto mais uma
ilustrao da absoluta influncia do Esprito-Grupo. Tal influncia contrasta
com a do Ego, que faz cada ser humano necessitar de uma poro de alimento
diferente da que precisa outro. Os mdicos notam com perplexidade a mesma
peculiaridade ao administrar medicamentos. O mesmo medicamento atua
diferentemente sobre cada indivduo, enquanto em dois animais da mesma
espcie produz sempre efeitos idnticos. Isto se d porque todos os animais
seguem os ditames do Esprito-Grupo e da Lei Csmica, agindo sempre
semelhantemente, sob circunstncias idnticas. Somente o ser humano pode,
at certo ponto, seguir seus prprios desejos dentro de limites determinados.
certo que seus erros so muitos e graves, o que leva muitas pessoas a julgar
que melhor seria que o ser humano fosse obrigado a seguir o caminho reto.
Mas se assim fosse nunca aprenderia a retido. As lies de discernimento
entre o bem e o mal no podem ser aprendidas sem o exerccio da livre
escolha do prprio caminho, e sem que se aprenda a rejeitar o erro como uma
verdadeira matriz de dor. Se agisse com retido apenas por no ter outra
alternativa nem oportunidade de agir diferentemente, ele seria um autmato e
no um Deus em evoluo. Como o construtor aprende pelos seus erros,
corrigindo-os nas edificaes futuras, assim tambm o ser humano, atravs de
62 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
seus tropeos e das dores que produzem, alcana uma sabedoria superior do
animal (por ser autoconsciente) o qual s atua sabiamente porque a isso
impelido pelo Esprito-Grupo. No devido tempo o animal alcanar o estado
humano, ter liberdade de escolha, cometer erros e por eles aprender, tal
como acontece atualmente conosco.
O madeiro inferior da Cruz indica a planta, que tem suas razes no solo
qumico, mineral. Os Espritos-Grupo das plantas esto no centro da Terra.
Como devemos recordar, se encontram na Regio do Pensamento Concreto
que, assim como os outros mundos, interpenetra a Terra. Destes Espritos-
Grupo emanam fluxos ou correntes em todas as direes para a periferia da
Terra, exteriorizando-se atravs e ao longo das plantas ou rvores.
Este registro muito mais importante do que a memria a que temos acesso
consciente a chamada memria voluntria ou Mente Consciente porque
esta ltima deriva de imperfeitas e ilusrias percepes dos sentidos.
memria dos atos praticados no Corpo Denso; dos desejos, sentimentos e das
emoes do Corpo de Desejos e dos pensamentos e das ideias na Mente
produzem o crescimento da Alma Intelectual. Por forma semelhante, os
desejos e as emoes mais elevados do Corpo de Desejos formam a Alma
Emocional.
Morte e Purgatrio
Assim, o ser humano constri e semeia at que chegue a morte. Ento o tempo
da sementeira e os perodos de crescimento e amadurecimento ficaram para
trs. chegado o tempo da colheita, quando o esqueltico espectro da morte
surge com sua foice e sua ampulheta. Este um bom smbolo. O esqueleto
simboliza a parte do corpo de relativa permanncia; a foice representa o fato
de que essa parte permanente a qual est prestes a ser colhida pelo esprito, o
fruto da vida que vai terminar; a ampulheta indica que a hora soar somente
depois que todo o tempo da vida tenha decorrido, em harmonia com leis
imutveis. Quando chega esse momento os veculos se separam. Como a vida
no Mundo Fsico terminou o ser humano no necessita mais do seu Corpo
Denso. O Corpo Vital que, conforme j explicado, tambm pertence ao
Mundo Fsico, retira-se pela cabea, deixando o Corpo Denso inanimado.
A pessoa agonizante foi colocada com seu leito num dos estrados da balana,
e no outro puseram pesos at o equilbrio. Em todos os casos notou-se, que no
momento preciso em que a pessoa agonizante exalava o ltimo suspiro, o
estrado contendo os pesos descia subitamente, elevando o leito e o corpo
colocados no outro estrado. Demonstrava, pois, que alguma coisa invisvel,
mas pondervel tinha abandonado o corpo. Os jornais logo anunciaram em
letras garrafais, por todo o pas, que o Dr. McDougall tinha pesado a alma.
Mas essa alguma coisa invisvel no a alma. Existe uma grande diferena.
Os reprteres precipitaram-se ao tirar suas concluses e ao afirmarem que os
cientistas tinham pesado a alma. A alma pertence aos Reinos superiores, e
nunca pode ser pesada em balanas fsicas, ainda que possam acusar variaes
da milionsima parte da um grama em vez de um dcimo de ona.
O que os cientistas pesaram foi o Corpo Vital, que formado por quatro
teres que pertencem ao Mundo Fsico.
Quando o ser humano se liberta do Corpo Denso, que era o mais considervel
empecilho ao seu poder espiritual (como as luvas grossas nas mos do msico,
do exemplo anterior), tal poder volta-lhe de novo at certo ponto. Com isso
ele pode ler as imagens contidas no polo negativo do ter Refletor do seu
Corpo Vital, que o assento da memria subconsciente.
Toda sua vida passada desfila nesse momento ante sua viso como um
panorama, apresentando os acontecimentos em ordem inversa. Os incidentes
do dia que precedeu a morte vm em primeiro lugar, e assim seguem para trs
atravs da velhice, idade viril, juventude, meninice e infncia. Tudo revisto.
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 75
O suicida, que procurou fugir da vida, apenas descobre que est mais vivo do
que nunca, e que se encontra na mais lastimvel condio. capaz de
observar aqueles a quem, com seu ato, talvez tenham prejudicado e, pior que
tudo, tem uma inexplicvel sensao de estar oco. A parte da aura ovoide,
que geralmente contm o Corpo Denso, est vazia e, ainda que o Corpo de
Desejos tenha tomado a forma do Corpo Denso descartado, ele se sente como
uma concha vazia, pois o arqutipo criador do corpo persiste, por assim dizer,
como um molde vazio na Regio do Pensamento Concreto por tanto tempo
quanto deveria viver o Corpo Denso. Quando uma pessoa morre de morte
natural, mesmo no vigor da vida, a atividade do arqutipo cessa e o Corpo de
Desejos por si mesmo se ajusta para ocupar toda a forma. Mas no caso do
suicida, o horrvel sentimento de vazio permanece at o tempo em que
deveria ocorrer a morte natural.
3
N.R.: que o Corpo Denso
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 77
amado ouro e os seus ttulos. Seus herdeiros surgiro e, talvez com expanses
de alegria, falaro do velho avarento e bobo (a quem no veem, mas por
quem so vistos e ouvidos), abriro o cofre, e ainda que ele se atire sobre o
ouro para proteg-lo, metero suas mos atravs dele, no sabendo e nem se
importando com ele que est ali. Esses herdeiros gastaro todo o ouro, no
obstante o sofrimento e a raiva impotente daquele que o juntou.
lcool. Mas ele preocupou-se, isto sim, com o seu ouro, e o alcolatra com a
bebida. Assim, a infalvel lei d a cada um, aquilo que necessita para
purificar-se de seus maus desejos e hbitos.
Esta a lei que, simbolizada pela gadanha da segadora, a morte, diz: o que o
ser humano semear, isto tambm colher. E a lei de Causa e Efeito, que
regula todas as coisas nos trs Mundos e em cada Reino da natureza: fsico,
moral e mental. Por toda parte atua inexoravelmente, ajustando todas as coisas
e restabelecendo o equilbrio, onde quer que o menor ato tenha produzido um
distrbio. O resultado dessa atuao da lei pode manifestar-se imediatamente
ou tardar anos ou vidas inteiras, porm, algum dia e em algum lugar, far-se-
justia e a equivalente retribuio. O estudante deve notar, de modo especial,
que o trabalho da lei inteiramente impessoal. No universo no existe nem
recompensa, nem castigo. Tudo resultado da lei invarivel. A ao desta lei
ser elucidada, completamente, no prximo captulo, onde a veremos
associada outra grande lei do Cosmos que tambm opera na evoluo do ser
humano. A lei que agora consideramos a Lei de Consequncia.
Recordemos que quando o ser humano deixa o Corpo Denso, ao morrer, sua
vida passada se lhe apresenta como imagens, as quais nesse momento no
produzem nele nenhum sentimento.
incidente de sua vida passada revivido, quando chega o ponto em que tenha
ofendido algum, ele mesmo sofre a dor que a pessoa injuriada sofreu. Vive
todas as tristezas e sofrimentos que causou aos outros, e aprende quo
dolorosa a mgoa e quo duro suportar a tristeza que causou. Alm disso,
fato j mencionado, o sofrimento nesse mundo muito mais intenso porque
ali o ser humano no tem Corpo Denso para atenuar a dor. Talvez por isso a
durao da vida ali seja reduzida a um tero para que o sofrimento possa
perder em durao o que ganha em intensidade. As medidas da Natureza so
maravilhosamente justas e certas.
4
San Francisco - cidade do estado da Califrnia, EUA
5
New York cidade do estado de New York, EUA
80 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Esse agudo e preciso sentimento ser de valor imenso nas vidas futuras. Ele
estampa no tomo-semente do Corpo de Desejos uma impresso indelvel de
si mesmo. As experincias sero esquecidas nas vidas futuras, mas o
Sentimento subsistir, de modo que quando novas oportunidades para repetir
os erros das vidas passadas se apresentarem, este Sentimento falar com toda
a clareza e de maneira inequvoca. Essa a pequenina voz silenciosa que
nos adverte, ainda que no saibamos por que, mas quanto mais claro e
definido tenha sido o panorama das vidas passadas tanto mais amide, forte e
claramente, ouviremos essa voz. Vemos assim quo importante
proporcionarmos ao esprito em transio um ambiente de absoluta quietude.
Assim fazendo, ajudamo-lo a colher o mximo benefcio da vida que terminou
e a evitar a repetio dos mesmos erros em vidas futuras. Lamentaes
histricas e egostas podem priv-lo de grande parte do valor da vida que
passou.
A Regio Limtrofe
O Purgatrio ocupa as trs regies inferiores do Mundo do Desejo. O Primeiro
Cu est nas trs Regies superiores. A Regio Central uma espcie de
territrio neutro nem cu nem inferno. Nesta Regio encontramos as pessoas
retas e honestas, que a ningum injuriaram, mas que estiveram to absorvidas
pelos seus interesses que nada pensaram sobre a vida superior. Para elas o
Mundo do Desejo um estado da mais indescritvel monotonia. No h
nenhum negcio nesse mundo, nem existe ali nada que para um ser humano
de tal espcie possa substitu-lo. Passa um perodo de tempo mui penoso, at
que aprende a pensar em outras coisas que no sejam escritas mercantis e
82 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
contas correntes. Aqueles seres humanos que pensaram nos problemas da vida
e chegaram concluso de que tudo acaba com a morte; que negaram a
existncia das coisas que esto alm do mundo material, esses sentiro
tambm aquela terrvel monotonia. Esperavam o aniquilamento da
conscincia, mas ao invs disso vo se achar com uma percepo maior das
pessoas e das coisas que os circundarem. Habituaram-se a negar essas coisas
to veementemente que, amide, acreditaro que o Mundo do Desejo uma
alucinao. Pode-se ouvi-los exclamar com o mais profundo desespero:
Quando acabar isto? Quando acabar isto? .
O Primeiro Cu
Quando termina a existncia purgatorial, o esprito purificado ascende ao
Primeiro Cu, que est situado nas trs Regies mais elevadas do Mundo do
Desejo. Os resultados dos sofrimentos so incorporados ao tomo-semente do
Corpo de Desejos, o que lhe comunica a qualidade de reto sentimento que
atuar, no futuro, como impulso para o bem e repulso ao mal. Aqui o
panorama do passado se desenrola de novo para trs, mas ento as boas obras
6
Vesvio vulco localizado no golfo de Npoles, Itlia, a cerca de nove quilmetros a oeste
de Npoles
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 83
A tica de dar, produzindo uma lio espiritual sobre aquele que d, foi
descrita de forma belssima em Viso de Sir Launfal, de Lowell8. O jovem e
ambicioso cavaleiro, Sir Launfal, envergando brilhante armadura e vestido
com luxuosas roupas, parte do seu castelo em busca do Santo Graal. No seu
escudo resplandece a cruz, o smbolo da benignidade e ternura do Nosso
Salvador, o Ser amoroso e humilde, mas o corao do cavaleiro est repleto de
orgulho e desdm para com os pobres e necessitados. Ele encontra um leproso
mendigando e com um gesto de desdm atira-lhe uma moeda, como se
atirasse um osso a um co faminto. Porm...
7
N.R.: Walt Whitman (1819-1892) poeta, ensasta e jornalista americano
8
N.R.: James Russell Lowell (1819-1891) poeta romntico, crtico, satrico, escritor,
diplomata e abolicionista americano
84 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
no so as verdadeiras.
Ao regressar, Sir Launfal encontra seu castelo ocupado por outro, sendo
impedido de nele entrar.
De novo encontra o leproso que, outra vez, lhe pede uma esmola. Mas o
cavaleiro agora responde de outro modo.
Ele partiu em duas, sua nica cdea de pio, ele quebrou o gelo da beira do
crrego
A Santa Cela mantida, na verdade, por tudo que ajudamos o outro em sua
necessidade.
H uma classe de seres que goza uma vida especialmente formosa no Primeiro
Cu: as crianas. Se pudssemos v-las, logo cessariam nossos pesares.
Quando uma criana morre antes do nascimento do Corpo de Desejos, isto ,
antes dos catorze anos, no vai alm do Primeiro Cu porque no
responsvel pelos seus atos, do mesmo modo que o feto que se contorce no
tero no responsvel pelo incmodo que causa sua me. Portanto, a
criana no tem existncia purgatorial. O que no foi vivificado no pode
morrer, portanto o Corpo de Desejos de uma criana, junto com a Mente,
persistir at o novo nascimento. Por essa razo, essas crianas so capazes de
recordar suas vidas anteriores, como o caso que se narra em outro lugar.
Quando uma criana morre h sempre algum da famlia sua espera. Mas na
falta disto, sempre existe quem a adote com sentimento maternal porque
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 87
9
N.R.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) - autor e estadista alemo que tambm fez
incurses pelo campo da cincia natural
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 89
Isto j foi dito antes, mas nunca ser demais incutir na Mente. Nesta relao, a
ilustrao do caracol muito proveitosa. A matria, que esprito cristalizado,
corresponde concha do caracol, que vem a ser cristalizada. Outra boa
comparao: a fora qumica que move a matria, tornando-a apta para a
construo da forma, corresponde ao caracol que move sua casa. Portanto, o
que atualmente caracol ser concha daqui a algum tempo, e o que agora
fora ser matria quando se cristalizar futuramente. O processo inverso de
transmutao de matria em esprito processa-se tambm continuamente. A
fase mais elementar deste processo ns vemos na decomposio, quando o ser
humano abandona seus veculos: o esprito de um tomo separa-se facilmente
do esprito mais inferior que se manifestava como matria.
O Segundo Cu
Finalmente o ser humano, o Ego, o Trplice Esprito, entra no Segundo Cu.
Est envolto na Mente, que contm os trs tomos-sementes a quintessncia
dos trs veculos abandonados.
Quando o ser humano, ao morrer, perde seus Corpos Denso e Vital, encontra-
se nas mesmas condies de uma pessoa adormecida. O Corpo de Desejos,
conforme explicado, no possui rgos prprios para uso. De um ovoide
transforma-se ento numa figura parecida com o Corpo Denso abandonado.
Facilmente se compreende que deve haver um intervalo de inconscincia
semelhante ao sono antes de o ser humano despertar no Mundo do Desejo. Por
conseguinte, no raro acontecer a certas pessoas permanecerem, durante
longo tempo, incertas do que se passou com elas. Notam que podem pensar e
mover-se, mas no compreendem que morreram. s vezes at muito difcil
conseguir faz-las crer que esto realmente mortas. Compreendem, sim, que
algo est diferente, mas no so capazes de entender o que seja.
Ento, vem o despertar. O esprito est agora em sua ptria, seu lar o mundo
celeste. E o despertar traz-lhe ao esprito o som da msica das esferas.
Aqui a quintessncia dos trs corpos assimilada pelo Trplice Esprito. Tanto
quanto o ser humano tenha trabalhado sobre o Corpo de Desejos durante a
vida, purificando seus desejos e emoes, assim ser a quintessncia desse
Corpo amalgamada ao Esprito Humano, melhorando-o para o futuro.
Tanto quanto o Esprito Divino tenha salvado do Corpo Denso pela reta ao,
tanto ser-lhe- amalgamado para proporcionar melhores ambientes e
oportunidades no futuro.
a fauna so alterados pelo ser humano sob a direo de Seres elevados que
mais tarde descreveremos. Por conseguinte, o mundo exatamente o que ns
prprios, individual e coletivamente, temos feito dele, e ser tal e qual como o
fizermos. Em tudo quanto ocorre, o ocultista v uma causa de natureza
espiritual manifestando-se a si mesma, inclusive o alarmante aumento de
frequncia das perturbaes ssmicas, que tm origem no pensamento
materialista da cincia moderna.
certo que causas puramente fsicas podem produzir tais perturbaes, mas
tal explicao ser a ltima palavra sobre o assunto? Podemos explicar,
amplamente, as coisas s pela observao daquilo que aparentam,
superficialmente? Certamente que no! Vejamos: dois homens discutem na
rua. Subitamente um esmurra o outro, fazendo-o cair. Um observador poder
afirmar que um pensamento de dio foi a causa original do golpe. Outro
poder sustentar que viu o brao erguer-se, os msculos contrarem-se,
seguindo-se o soco que derrubou a vtima. Isto tambm verdade, porm
mais certo dizer-se que o golpe no teria sido desfechado se no houvera
existido primeiramente um pensamento de dio. De modo equivalente, diz o
ocultista, se no houvesse como causa o materialismo no se produziriam as
convulses ssmicas.
Falamos atrs das foras que trabalham pelos polos positivo e negativo dos
diferentes teres. O ser humano mesmo uma parte dessas foras. Aqueles a
quem chamamos mortos so os que nos ajudam a viver. Por sua vez eles so
ajudados pelos chamados espritos da natureza aos quais governam.
Instrutores das mais elevadas Hierarquias Criadoras dirigem o trabalho do ser
humano. Ajudaram-no a construir seus veculos antes de ter alcanado
conscincia de si mesmo, do mesmo modo que ele prprio constri atualmente
seus veculos durante o sono. Mas no transcurso de sua vida celeste esses
instrutores ensinam-no conscientemente.
Ao matemtico que tem de lidar com o espao, ensinam o delicado ajuste dos
trs canais semicirculares, os quais esto situados dentro do ouvido interno,
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 93
que apontando, cada um, em uma das trs direes do espao, do a faculdade
da percepo abstrata. O pensamento lgico e a habilidade matemtica esto
em proporo preciso do ajuste desses canais semicirculares. A habilidade
musical depende tambm do mesmo fator, mas alm da necessidade do devido
ajuste dos canais semicirculares, o msico precisa do rgo de Corti
extremamente delicado. H no ouvido humano cerca de dez mil dessas fibras,
e cada uma pode diferenar cerca de vinte e cinco gradaes de tons. No
ouvido da maioria das pessoas essas fibras no respondem seno de trs a dez
das gradaes possveis. Entre os msicos comuns o maior grau de eficincia
de uns quinze sons por fibra, mas um maestro, que capaz de interpretar e
traduzir a msica do Mundo Celeste requer maior grau de acuidade para
distinguir entre as diferentes notas e perceber a mais ligeira desarmonia nos
mais complicados acordes. Pessoas que requerem rgos de to extrema
delicadeza para expresso de suas faculdades devem receber o maior cuidado,
como exigem seu mrito e elevado grau de desenvolvimento. Nenhuma outra
classe to elevada quanto dos msicos, o que muito lgico, pois enquanto
o pintor atrai sua inspirao principalmente do mundo da cor o mais
prximo, o Mundo do Desejo o msico tenta trazer-nos, traduzida em sons
terrenos, a atmosfera do nosso lar celeste, a que, como espritos, pertencemos.
sua a misso mais elevada, pois como meio de expresso da vida anmica, a
msica reina suprema. Compreende-se que a msica seja diferente e a mais
elevada de todas as artes se considerarmos que uma esttua ou um quadro,
uma vez criado, so permanentes. Sendo evocaes do Mundo do Desejo eles
so, por conseguinte, mais facilmente cristalizados. J a msica, sendo do
Mundo Celeste, mais evasiva e deve, portanto, ser recriada cada vez que a
queiramos ouvir. No pode ser aprisionada, conforme o demonstram as
tentativas infrutferas de faz-lo parcialmente por meio de aparelhos
mecnicos, tais como o fongrafo ou pianola. A msica assim reproduzida
perde muito da comovente doura e frescor do seu prprio mundo e que traz
alma recordaes de sua verdadeira ptria, falando-lhe numa linguagem tal
que nenhuma beleza expressa em mrmore ou tela pode igualar.
O ser humano percebe a msica atravs do mais perfeito rgo dos sentidos
do corpo humano. A viso pode no ser perfeita, mas a audio o , no sentido
de no deformar o som que ouve, enquanto o olho altera muitas vezes o que
v.
Vemos, pois que o ser humano aprende a construir seus veculos no Mundo
Celeste e a us-los no Mundo Fsico. A Natureza fornece toda classe de
experincias de maneira to maravilhosa e com sabedoria to consumada que,
quanto mais profundamente penetramos nos seus segredos, mais
impressionados ficamos com a nossa prpria insignificncia e mais cresce
nossa reverncia a Deus, cujo smbolo visvel a Natureza. Quanto mais
aprendemos Suas maravilhas, mais compreendemos que esta estrutura
universal no a vasta e perptua mquina em movimento, que os irrefletidos
querem fazer crer. Seria to pouco lgico como imaginar que, atirando-se ao
ar uma caixa de tipos, os caracteres se organizassem por si ss quando
cassem ao cho, formando um formoso poema. Quanto maior a complexidade
do plano mais poderoso o argumento em favor da teoria de um Inteligente e
Divino Autor.
O Terceiro Cu
Tendo assimilado todos os frutos de sua vida passada e alterado a aparncia da
Terra de maneira a proporcionar-lhe o ambiente requerido em seu prximo
passo em busca da perfeio; tendo tambm aprendido, pelo trabalho nos
corpos dos outros, a construir um corpo apropriado sua manifestao no
Mundo Fsico; e tendo, por ltimo, dissolvido a Mente na essncia do Trplice
Esprito, o esprito individual sem envolturas sobe a mais elevada Regio do
Mundo do Pensamento o Terceiro Cu. Aqui, pela harmonia inefvel deste
mundo superior, fortifica-se para a prxima imerso na matria.
Pode-se, porm, perguntar: por que devemos renascer? Por que devemos
voltar a esta limitada e miservel existncia terrena? Por que no podemos
adquirir experincia nesses Reinos superiores sem necessidade de vir a Terra?
Estamos cansados desta enfadonha e penosa vida terrena!
Isto pode parecer uma doutrina muito dura, de modo que o corao grita e
protesta veementemente ante o pensamento de que essa ideia possa ser
verdadeira. Todavia, essa a verdade. Examinada, compreendemos que,
apesar de tudo, a doutrina no to severa.
O ser humano tambm est numa escola a escola da experincia. A ela deve
voltar muitas vezes antes que possa conseguir dominar todo o conhecimento
do mundo dos sentidos. No h vida terrena, por mais rica que seja de
experincia, que fornea esse conhecimento. Por isso a Natureza decreta que
ter de voltar Terra depois de intervalos de repouso, a fim de prosseguir o
trabalho no ponto em que o deixou, da mesma maneira que uma criana
prossegue o estudo na escola a cada dia, aps o intervalo de uma noite de
sono. No argumento contra esta teoria dizer que o ser humano no recorda
as vidas anteriores, uma vez que no podemos relembrar sequer todos os
acontecimentos da nossa vida atual! No recordamos das dificuldades que
tivemos para aprender a escrever, contudo dominamos a arte de escrever, o
que prova que a aprendemos. Todas as faculdades que possumos demonstram
que as adquirimos, alguma vez em algum lugar. Mas existem pessoas que se
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 97
Alm do mais, se no houvesse volta Terra que utilidade teria a vida? Por
que lutar por nada? Por que uma existncia feliz num cu eterno deveria ser a
recompensa de uma boa vida? Que benefcio poderia produzir uma boa vida
num cu onde todos so felizes? fora de dvida que num lugar onde todo
mundo feliz e contente no h necessidade alguma de simpatia, de
sacrifcios, nem de bons conselhos! Ningum ali precisaria disso. Mas na
Terra h muitos que os necessitam e as qualidades humanitrias e altrusticas
so da maior utilidade para a humanidade que luta. Portanto, a Grande Lei que
trabalha para o bem traz o ser humano de volta ao mundo com os tesouros que
adquiriu para benefcio dele mesmo e dos demais, ao invs de permitir que
tais tesouros se desperdicem no cu, onde ningum deles necessita.
muito importante lembrar este fato porque existe uma grande tendncia para
pensar que tudo o que atualmente existe resultado de algo que existiu antes.
Mas se assim fosse no haveria margem para esforos novos e originais e para
novas causas. A cadeia de causas e efeitos no uma repetio montona. H
sempre um influxo contnuo de causas novas e originais. Esta a espinha
dorsal da evoluo a nica realidade que lhe d sentido e a converte em algo
mais que a simples expanso de qualidades latentes. a Epignese o livre
arbtrio, a liberdade para inaugurar algo inteiramente novo e no uma simples
escolha entre dois cursos de ao. Este importante fator o nico que pode
explicar de modo satisfatrio o sistema a que pertencemos. A Involuo e
Evoluo por si mesmas so insuficientes, mas juntas com a Epignese
formam uma perfeita trade de esclarecimento.
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 99
Raciocinando por analogia, podemos ver logo que o mesmo deve acontecer
com os veculos superiores. O ocultista cientista sabe disso, mas mesmo sem a
sua clarividncia, a razo pode demonstrar que assim deve s-lo. Do mesmo
modo que o Corpo Denso preparado lentamente dentro da cobertura
protetora do tero para a vida separada e individual, assim tambm os demais
corpos nascem gradualmente e vo entrando em atividade em tempos
diferentes. Esses tempos, mencionados na descrio a seguir, sendo
aproximados, so, contudo bastante exatos para servir ao propsito geral de
provar a relao entre o microcosmo e o macrocosmo o indivduo e o
mundo.
Durante os primeiros anos as foras que operam pelo polo negativo do ter
Refletor so tambm extremamente ativas. Nesses anos as crianas podem
ver os mundos superiores, e frequentemente, tagarelam sobre aquilo que
veem, at que o ridculo ou castigos impostos, pelos mais velhos, por
contarem histrias fazem-nas desistir de falar.
102 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Isto explica por que todas as qualidades negativas so ativas no ente recm-
nascido, porm, antes que possa usar seus diferentes veculos, suas qualidades
positivas devem ser amadurecidas.
10
N.R.: Society for Psychical Research (SPR) uma organizao sem fins lucrativos que se
iniciou no Reino Unido e depois se constituiu em outros pases. O seu fim declarado a
compreenso dos "eventos e habilidades comumente descritas como psquicas ou paranormais
atravs da promoo e apoio a importantes pesquisas nesta rea" e "examinar alegados
fenmenos paranormais de maneira cientfica e imparcial."
O SER HUMANO E O MTODO DE EVOLUO 103
O rubor da vergonha outro fato que mostra a ligao do Ego com o sangue:
este, impelido cabea, esquenta demais o crebro, paralisando o pensamento.
O medo um estado de autodefesa do Ego contra algum perigo externo. Em
tal situao o Ego impele o sangue para o centro do corpo; o rosto empalidece,
pois, o sangue abandona a periferia do corpo e perde calor; o pensamento
paralisa-se; o sangue fica gelado; o corpo treme e os dentes batem como
quando a temperatura desce devido s condies atmosfricas. No estado
febril o excesso de calor produz o delrio.
Uma das maiores objees que se faz doutrina teolgica ortodoxa, tal como
se apresenta, sua completa e reconhecida impropriedade. Das mirades de
almas que foram criadas e habitam este Globo desde o princpio da existncia,
mesmo que este princpio no v alm dos seis mil anos, insignificante o
nmero das que se salvariam: apenas cento e quarenta e quatro mil! As
demais seriam torturadas para sempre! E assim o demnio teria sempre a
melhor parte. De modo que at poderamos dizer, como Buda: Se Deus
RENASCIMENTO E A LEI DE CONSEQUNCIA 109
permite que tais misrias existam, Ele no pode ser bom, e se Ele no tem o
poder de impedi-las, no pode ser Deus.
O plano de salvao dos telogos, porm muitssimo pior do que isso, uma
vez que dois ou trs em dois mil uma proporo imensamente maior do que
o plano teolgico ortodoxo de salvar unicamente 144.000 dentre todas as
mirades de almas criadas. Podemos, pois, sem medo de errar, rejeitar esta
teoria tambm, j que inexata, porque irrazovel. Se Deus onisciente Ele
deve ter desenvolvido um plano mais eficaz. E assim Ele o fez. O que ficou
dito apenas teoria dos telogos. Os ensinamentos da Bblia so, conforme
veremos adiante, muito diferentes.
11
N.R.: uma pennsula a leste de Nova Jersey, na entrada da baa de Nova York, NY, EUA
110 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
O progresso natural no segue uma linha reta, conforme est implcito nessas
duas teorias. Nem mesmo segue um caminho circular, o que significaria uma
infinidade de voltas nas mesmas experincias e o emprego de apenas duas
dimenses do espao. Todas as coisas se movem em ciclos progressivos para
que possam aproveitar plenamente todas as oportunidades de progresso
oferecidas pelo universo de trs dimenses. , pois, necessrio vida em
evoluo tomar o caminho de trs dimenses a espiral que segue
continuamente para frente e para cima.
Assim acontece com o Sol. Levanta-se todas as manhs, mas a cada dia
progride em sua jornada anual.
Por toda a parte encontra-se a espiral: para frente, para cima, para sempre!
Ser possvel que esta lei, to universal em todos os outros Reinos, no o seja
tambm na vida do ser humano? Dever a Terra despertar a cada ano do seu
sono invernal; devero a rvore e a flor viverem de novo e somente o ser
humano morrer? No possvel! A mesma lei que desperta a vida na planta
RENASCIMENTO E A LEI DE CONSEQUNCIA 111
para que cresa outra vez, traz o ser humano de volta para adquirir novas
experincias e avanar ainda mais para a meta da perfeio. Portanto, a teoria
do Renascimento, que ensina a necessidade de repetidas incorporaes em
veculos de crescente perfeio, est em perfeito acordo com a evoluo e
com os fenmenos da Natureza, o que no ocorre com as outras duas teorias.
Considerando a vida sob o ponto de vista tico, podemos inferir que a Lei do
Renascimento e sua companheira, a Lei de Consequncia, juntas constituem a
nica teoria que satisfaz o senso de justia e est em harmonia com os fatos da
vida, conforme os vemos ao nosso redor.
Alm disso, atravs dessas leis que podemos ver o modo de emancipar-nos
das indesejveis posies ou ambientes, e como alcanar qualquer grau de
desenvolvimento, no importando quo imperfeitos sejamos presentemente.
Assim como no podemos fazer outra coisa seno continuar nossa vida a cada
manh desde o ponto onde a largamos na noite anterior, assim tambm, por
nossas obras nas vidas passadas, criamos as condies sob as quais agora
vivemos e trabalhamos. Do mesmo modo estamos criando, presentemente, as
112 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
12
N.R.: Thomas Alva Edison (1847-1931) inventor e empresrio americano. Entre as suas
contribuies mais universais para o desenvolvimento tecnolgico e cientfico encontra-se a
lmpada eltrica incandescente, o fongrafo, o cinescpio ou cinetoscpio, o ditafone e o
microfone de grnulos de carvo para o telefone. Edison um dos precursores da revoluo
tecnolgica do sculo XX. Teve tambm um papel determinante na indstria do cinema.
13
N.R.: Siegfried Wagner (1869-1930) foi um compositor e maestro alemo, filho de Richard
Wagner
14
N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) maestro, compositor, diretor de teatro e
ensasta alemo
15
Bach - A Famlia Bach foi de grande importncia na histria da msica por cerca de duzentos
e cinquenta anos, com mais de 50 msicos e vrios compositores notveis. Seu membro mais
proeminente, e qui o mais notvel compositor da histria, foi Johann Sebastian Bach (1685-
1750). A dinastia musical comeou com o trisav de Johann Sebastian, Veit Bach (nascido antes
de 1545 e morto por volta de 1576), e se extinguiu com seu neto Wilhelm Friedrich Ernst Bach
(1759-1845)
RENASCIMENTO E A LEI DE CONSEQUNCIA 113
16
N.R.: Livro onde narra a origem das tradies do Vedanta, do Yoga e do Samkhya; registra o
pensamento de uma poca quando estas ideias ainda no estavam rigidamente divididas em
sistemas autnomos
17
N.R.: O Apocalipse
18
N.R.: Ap 3: 12
RENASCIMENTO E A LEI DE CONSEQUNCIA 115
19
N.R.: (1809-1894) - mdico americano, professor, palestrante e autor
20
N.R.: O Nutilo Enclausurado
116 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Devido Precesso dos Equincios, o Sol move-se para trs atravs dos doze
signos do Zodaco razo aproximada de um grau de espao a cada 72 anos;
atravs de um signo (30 graus de espao) a cada 2.100 anos,
aproximadamente, completando todo o crculo em cerca de 26.000 anos.
acidentes e outros acontecimentos do passado. Tambm lhe foi dito que outro
acidente ocorreria no dia 21 de julho ou no stimo dia aps, parecendo esta
ltima data ser a mais perigosa, isto , o dia 28 do mesmo ms. Foi alertado
ainda sobre qualquer meio de transporte, e indicadas as partes ameaadas de
ferimento: peito, espduas, braos, e a parte inferior da cabea. Como estava
plenamente convencido do perigo, ele prometeu ficar em casa nesse dia.
O autor foi, por aquele tempo, ao norte de Seattle, e uns poucos dias antes da
data crtica escreveu ao Sr. L., prevenindo-o novamente. O Sr. L. respondeu
que haveria de lembrar-se da recomendao e teria cuidado.
A questo era averiguar por que o Sr. L., tendo completa f na predio, no
dera melhor ateno ao aviso. A explicao veio trs meses aps, quando se
recomps suficientemente para poder escrever. Na carta dizia: Eu julguei que
o dia 28 era 29.
Nunca demais insistir que, embora haja alguns casos que no podem ser
evitados, o ser humano dispe de certa margem de livre arbtrio para
modificar algumas causas j postas em movimento. Como disse a poeta22:
21
N.R.: nome dado a vrias cadeias montanhosas do Mxico
22
N.R.: Ella Wheeler Wilcox
RENASCIMENTO E A LEI DE CONSEQUNCIA 119
Na Quarta poca o ser humano evoluiu alm do estado animal tinha Mente.
A atividade do pensamento esgota as clulas nervosas; mata, destri e leva
decomposio. Por isso, o alimento do Atlante era, por analogia, constitudo
de cadveres. Matavam para comer, razo pela qual a Bblia diz que Nimrod
era um caador poderoso25. Nimrod representa o ser humano da Quarta
poca.
Nesse meio tempo o ser humano desceu mais profundamente na matria. Seu
primeiro corpo etreo formou o esqueleto interno que se tornou slido. Perdeu
tambm gradativamente a viso espiritual que possua nas pocas anteriores,
pois assim estava determinado, isto , ele estava destinado a recuper-la num
estgio superior, mais a conscincia prpria que at ento no possua. Tinha,
porm, durante as primeiras quatro pocas, um conhecimento maior do
mundo espiritual. Sabia, por exemplo, que no morria e que quando seu corpo
se gastava era como as folhas secas sendo descartadas pela rvore no outono
outro corpo nascia e ocupava seu lugar. Portanto ele no apreciava realmente
as vantagens e oportunidades da existncia concreta na vida terrena.
A gua vinha sendo usada somente nos Templos, mas agora isso mudou.
Baco, o deus do vinho, apareceu, fazendo com que sob sua gide os povos
mais avanados se esquecessem de que h uma vida superior. Ningum que
oferea tributo ao esprito mistificador do vinho de qualquer licor alcolico
(produto da fermentao e putrefao) poder conhecer alguma coisa do Eu
Superior, o verdadeiro Esprito, nica fonte de toda vida.
Tudo foi uma preparao para a vinda de Cristo, portanto da mais alta
significao que o Seu primeiro ato tenha sido transformar a gua em vinho
(Jo 2: 2-11).
com os Seus ensinamentos. Portanto explicou: Nem este homem pecou nem
seus pais; mas isto para que as obras de Deus se manifestem nele (Jo 9:3).
A interpretao ortodoxa diz que o ser humano nasceu cego para que Cristo
tivesse uma oportunidade de realizar um milagre, mostrando Seu poder.
Estranha e caprichosa maneira essa de Deus obter glria, condenando um ser
humano a muitos anos de cegueira e misria para no futuro, mostrar o Seu
poder! Consideraramos o ser humano que agisse de tal modo um monstro de
crueldade.
Bem mais lgico pensar que deve haver outra explicao. Atribuir a Deus
uma conduta que, num ser humano, qualificaramos com palavras muito
duras, totalmente irrazovel.
Cristo fazia distino entre o corpo do ser humano fisicamente cego e o Deus
interno nele, o seu Eu Superior.
Finalmente, ainda que a maioria das pessoas no recorde suas vidas passadas,
algumas h que recordam. E todos podem consegui-lo, desde que vivam de
modo a poderem obter esse conhecimento. Requer grande fortaleza de carter
conhecer o destino iminente, que pode estar suspenso sobre nossas cabeas,
negro e sinistro para alguns, manifestando-se como horrendo desastre. A
Natureza ocultou-nos bondosamente o passado e o futuro para no nos roubar
a paz da Mente, impedindo o sofrimento antecipado daquilo que nos est
reservado. Quando alcanamos maior desenvolvimento aprendemos a aceitar
com equanimidade todas as coisas, vendo em todo infortnio o resultado de
nossos passados erros. Ento, sentir-nos-emos gratos por termos pago
obrigaes contradas, sabendo que delas restaro cada vez menos, at o dia
da libertao da roda dos nascimentos e mortes.
Vivera com seu pai, o Sr. Roberts, e outra mame numa casinha solitria, de
onde no se via nenhuma outra casa. Prximo havia um arroio, em cuja
margem algumas flores cresciam (nesse ponto a menina correu para fora,
trazendo na volta alguns amentos). Havia tambm uma tbua sobre o arroio,
tendo sido advertida para no cruz-lo atravs da mesma no receio de que
casse. Um dia o pai abandonou-as, a ela e me, para no mais voltar.
Quando acabaram os alimentos sua me deitou-se na cama, onde ficou muito
quieta. Por fim, disse singularmente: ento eu tambm morri, mas no morri.
Eu vim para c.
Era a vez de o Sr. Roberts contar a sua histria: h dezoito anos vivera em
Londres, onde o pai era cervejeiro. Apaixonando-se pela jovem criada da casa,
o pai ops-se, mas ele casou e fugiu com ela para a Austrlia. Ali, rumaram
para o campo, construram uma pequena granja, e edificaram uma casinha
126 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
junto a um arroio, exatamente como dissera a menina. Ento eles tiveram uma
filha. Um dia, quando esta tinha perto dos dois anos, o pai saiu cedo com
destino a uma clareira algo distante da casa. Ali um ser humano armado deu-
lhe voz de priso, alegando que ele fora o autor do roubo de um banco
justamente na noite em que deixara a Inglaterra. O Sr. Roberts pediu ento
que lhe fosse permitido ver sua mulher e filhinha. O guarda recusou, julgando
tratar-se de uma armadilha para faz-lo cair nas mos dos confederados, e
obrigou-o, de arma apontada, a caminhar at a costa. Dali foi enviado
Inglaterra e submetido a julgamento, quando pde provar sua inocncia.
O Sr. Roberts exibiu na ocasio algumas fotos suas, de sua esposa e da filha.
Por sugesto do Sr. X foram elas misturadas com certo nmero de outras e
mostradas menina, que sem vacilar assinalou as fotografias de seus antigos
pais, mesmo tendo o Sr. Roberts mudado bastante em seu aspecto fsico.
SEGUNDA PARTE
COSMOGNESE E ANTROPOGNESE
CAPTULO V A RELAO DO SER
HUMANO COM DEUS
Nos Captulos precedentes consideramos as relaes do ser humano com trs
dos cinco Mundos que formam o campo de sua evoluo. Descrevemos
parcialmente esses Mundos e assinalamos os diferentes veculos de
conscincia por meio dos quais se relaciona com eles. Estudamos tambm sua
relao com os outros trs Reinos: Mineral, Vegetal e Animal assinalando as
diferenas nos veculos e nos graus de conscincia entre o ser humano e cada
um desses Reinos. Seguimos o ser humano atravs de um ciclo de vida nos
trs Mundos e examinamos a atuao das Leis gmeas de Consequncia e
Renascimento, relacionadas com a evoluo humana.
uma tarefa das mais difceis, tendo em vista os conceitos mal definidos
acerca de Deus e que existe na Mente da maioria dos leitores da literatura que
trata desse assunto. certo que os nomes em si mesmos no tm maior
importncia, mas importa muito que saibamos o que pretendemos significar
com um nome, caso contrrio os mal-entendidos continuaro. Se escritores e
instrutores no empregarem uma nomenclatura comum, a atual confuso
tornar-se- maior. Quando empregada a palavra Deus seu significado
sempre incerto; trata-se do Absoluto ou Existncia Uma; do Ser Supremo, que
o Grande Arquiteto do Universo; ou de Deus, que o Arquiteto do nosso
Sistema Solar?
compenetrando-se uns aos outros, pelo que Deus e os outros Grandes Seres
mencionados no se encontram distantes no espao. Eles permeiam cada parte
dos seus prprios Reinos e at Reinos de maior densidade do que os seus
prprios. Todos esto presentes em nosso mundo, e de fato mais prximos de
ns do que os nossos ps e mos. uma verdade literal que n'Ele vivemos,
nos movemos e temos o nosso ser, porque nenhum de ns pode existir fora
das Grandes Inteligncias que, com Sua Vida, interpenetram e sustentam o
nosso mundo.
O mesmo princpio atua nos Planos Csmicos. O mais denso deles o stimo
(contando de cima para baixo). E representado no Diagrama como o maior de
todos por ser o plano com que estamos mais relacionados, e tambm para
indicar suas principais subdivises. Contudo, na realidade ocupa menos
espao do que qualquer um dos outros Planos Csmicos. Mas, apesar disso,
devemos ter em mente que incomensuravelmente vasto, para alm de quanto
a Mente humana possa conceber. Sua amplitude abarca milhes de Sistemas
Solares semelhantes ao nosso, campos de evoluo de muitas categorias de
seres cujas condies so aproximadamente idnticas s nossas.
A RELAO DO SER HUMANO COM DEUS 129
Nada sabemos dos seis planos csmicos superiores ao nosso. Diz-se que so
os campos de atividade de grandes Hierarquias de Seres de indescritvel
esplendor.
No primeiro Captulo de So Joo este grande Ser chamado Deus. Deste Ser
Supremo emanou o Verbo, o Fiat Criador, sem o qual nada do que foi feito
se fez. Este Verbo o Filho unignito nascido do Pai (o Ser Supremo) antes
de todos os mundos, mas positivamente no o Cristo. Grande e glorioso
como Cristo , elevando-se muito acima da mera natureza humana, Ele no
esse Exaltado Ser. Certamente o Verbo se fez carne, no no sentido limitado
da carne de um corpo, mas carne de tudo quanto existe neste e em milhes de
outros Sistemas Solares.
A RELAO DO SER HUMANO COM DEUS 131
Desse trplice Ser Supremo procedem os Sete Grandes Logos. Estes contm,
em si mesmos, todas as grandes Hierarquias, as quais se diferenciam mais e
mais conforme vo se difundindo atravs dos vrios planos csmicos. (Veja-
se o Diagrama 6). H quarenta e nove Hierarquias no Segundo Plano
csmico; no terceiro h trezentas e quarenta e trs Hierarquias. Cada uma
destas , por sua vez, capaz de divises e subdivises setenrias. Deste modo,
no Plano Csmico inferior, em que se manifestam os Sistemas Solares, o
nmero de divises e subdivises quase infinito.
Todavia, nem todos esses diferentes Seres continuam sua evoluo no incio
de uma nova manifestao. Alguns precisam esperar at que tenham sido
O ESQUEMA DA EVOLUO 133
A fora interna do ser que est evoluindo que faz com que a evoluo seja o
que , no apenas um mero desenvolvimento de possibilidades germinais
latentes; que faz com que a evoluo de cada indivduo difira da de qualquer
outro; que prove o elemento de originalidade e d lugar habilidade criadora
que o ser que esteja evoluindo cultive para que possa se tornar um Deus. Essa
fora chamada Gnio e, conforme j exposto, sua manifestao a
Epignese.
134 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Os Sete Mundos
Podemos empregar um exemplo familiar para ilustrar a formao de um
Cosmos. Suponhamos que um ser humano deseja construir uma casa para nela
morar. Primeiramente escolher um lugar apropriado. Depois proceder a
construo, dividindo a casa em vrios cmodos de finalidades especficas:
cozinha, sala, dormitrios e banheiro, e moblia-os de maneira que sirvam ao
particular propsito a que se destinam.
Conforme vimos, existem sete Mundos. Cada um deles tem um grau, uma
medida diferente, de vibrao. No mundo mais denso (o Fsico) a medida
vibratria, incluindo as ondas luminosas que vibram centenas de milhes de
vezes por segundo, , no obstante, infinitesimal quando comparada
rapidssima vibrao do Mundo do Desejo, o mais prximo do Fsico. Para
ter-se uma ideia acerca do sentido e da rapidez vibratria, talvez o mais fcil
seja observar as vibraes calorficas que irradiam de uma estufa muito quente
ou de um radiador de vapor prximo de uma janela.
Os Sete Perodos
O esquema evolutivo efetuado atravs destes cinco Mundos em sete grandes
Perodos de Manifestao, durante os quais o Esprito Virginal ou vida que
est evoluindo, se converte primeiramente em ser humano, depois em Deus.
Quando o ser humano passou atravs desses mundos na sua descida, suas
energias eram dirigidas por Seres Superiores que o assistiram a dirigir sua
energia inconsciente para dentro, a fim de construir os veculos apropriados.
Por ltimo, quando avanou suficientemente, e j na posse do Trplice Corpo
como instrumento necessrio, esses elevados Seres abriram-lhe os olhos e
fizeram-no olhar para fora, para a Regio Qumica do Mundo Fsico, cujas
energias poderia conquistar.
O ESQUEMA DA EVOLUO 137
1. Perodo de Saturno
2. Perodo Solar
3. Perodo Lunar
4. Perodo Terrestre
5. Perodo de Jpiter
6. Perodo de Vnus
7. Perodo de Vulcano
No se deve pensar que os Perodos acima tenham algo a ver com os Planetas
que se movem em suas rbitas em torno do Sol, juntamente com a Terra. De
fato, nunca se repetir suficientemente que no h relao alguma entre esses
Planetas e esses Perodos. Os Perodos so simplesmente encarnaes
passadas, presentes ou futuras da nossa Terra, condies atravs das quais
passou, est passando ou passar no futuro.
Quando a onda de vida deu sete voltas em torno dos sete Globos, completando
as sete Revolues, terminou o primeiro Dia da Criao. Seguiu-se uma Noite
Csmica de repouso e assimilao, depois da qual teve incio o Perodo Solar.
Como a noite de sono entre dois dias da vida humana e o intervalo de repouso
entre duas vidas terrestres, esta Noite Csmica, de repouso, depois de
completado o Perodo de Saturno, no foi um tempo de inatividade, mas uma
fase de preparao para a atividade a ser desenvolvida no prximo Perodo
Solar, em que o ser humano em formao precisava submergir mais
profundamente na matria. Portanto, fizeram-se necessrios novos Globos,
cujas posies nos sete Mundos tinham que ser diferentes das ocupadas pelos
Mundos do Perodo de Saturno. A preparao desses Globos novos e as
demais atividades subjetivas estiveram a cargo dos espritos que esto
evoluindo durante o intervalo entre os Perodos a Noite Csmica. Como isso
se processa podemos ver a seguir:
Perodo Solar como ncleo para o Globo B, passando este Globo a situar-se na
Regio do Pensamento Abstrato.
A onda de vida agora circula sete vezes em torno dos sete Globos durante o
Perodo Solar, descendo e subindo sete vezes atravs dos quatro Mundos ou
Regies em que esses Globos esto situados. Efetua sete Revolues no
Perodo Solar, da mesma forma que no de Saturno.
circulou trs vezes em torno dos sete Globos e est agora no Globo D, em sua
quarta Revoluo.
O Fio de Ariadne que nos guiar atravs desse labirinto de Globos, Mundos,
Revolues e Perodos, ser encontrado quando recordarmos e fixarmos na
Mente que os Espritos Virginais a onda de vida que est evoluindo
tornaram-se completamente inconscientes quando comearam sua
peregrinao evolutiva atravs dos cinco Mundos de substncia mais densa
que a do Mundo dos Espritos Virginais. O propsito da evoluo torn-los
completamente conscientes e capazes de dominar a matria de todos os
mundos, por isso as condies estabelecidas nos Globos, Mundos, Revolues
e Perodos esto ordenadas, tendo em vista tal finalidade.
28
N.R.: Charles Howard Hinton (1853-1907) matemtico e escritor de fico cientfica
britnico
146 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Este livro, especialmente este captulo, no pode ser lido de maneira casual.
Cada sentena tem seu valor e o sustentculo de tudo o que se segue, ao
mesmo tempo em que pressupe o conhecimento do que antecede. Se o livro
no for estudado profunda e sistematicamente, tornar-se- a cada pgina mais
incompreensvel e confuso. Por outro lado, se ao longo da leitura estuda-se e
medita-se bem, cada pgina ser iluminada pelo acrscimo do conhecimento
adquirido no estudo das precedentes.
Nenhuma obra desta classe, que trate dos aspectos mais profundos do Grande
Mistrio do Mundo e dirigida compreenso da Mente humana em seu atual
estado de desenvolvimento, pode ser escrita de maneira a ser assimilada numa
ligeira leitura. Contudo, as fases mais profundas que possamos compreender
no momento nada mais so do que o abc do esquema, o que nos ser
revelado quando nossas Mentes forem capazes de melhor compreender em
posteriores estados de desenvolvimento, como super-homens.
O Perodo de Saturno
Os Globos do Perodo de Saturno eram formados de substncia muito mais
rarefeita e sutil que a da nossa Terra, como se tornar evidente pelo estudo dos
Diagramas 7 e 8, que o estudante dever ter mo para referncia, enquanto
estuda este assunto. O Globo mais denso desse Perodo estava situado na
mesma parte do Mundo do Pensamento ocupada pelos Globos mais sutis do
Perodo atual a Regio do Pensamento Concreto. Estes Globos no tinham
consistncia, no sentido atual da palavra. Calor a nica palavra que mais
se aproxima da ideia do que era o antigo Perodo de Saturno. De to escuro,
uma pessoa que conseguisse entrar no seu espao nada poderia ver. Tudo em
torno dela seria escurido, mas poderia sentir o seu calor.
29
N.R.: que o Corpo Denso
148 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Portanto o ser humano deve o mais elevado e o mais inferior dos seus veculos
o Esprito Divino e o Corpo Denso evoluo do Perodo de Saturno. Os
Senhores da Chama prestaram a essa manifestao auxlio voluntrio, sem que
nada os obrigasse a faz-lo.
Recapitulao
Antes de iniciar-se a atividade em qualquer Perodo, feita uma recapitulao
de tudo o que antes foi feito. Devido espiral do caminho evolutivo, esta
atividade processa-se, cada vez, em um grau superior daquele estado de
progresso que se recapitula. Esta necessidade tornar-se- evidente ao
descrevermos o trabalho dessa recapitulao.
O Perodo Solar
As condies durante o Perodo Solar diferiam radicalmente das do Perodo
de Saturno. Em lugar dos Globos-Calor do ltimo, os Globos do Perodo
Solar eram esferas luminosas, brilhantes, de consistncia anloga dos gases.
Estas grandes esferas gasosas continham tudo que havia sido desenvolvido no
Perodo de Saturno e, analogamente, as Hierarquias Criadoras permaneciam
em sua atmosfera.
Da mesma maneira, e por anlogas razes, pode-se dizer que no Perodo Solar
o ser humano atravessou a existncia vegetal. Tinha um Corpo Denso e um
Corpo Vital, identicamente s plantas. Sua conscincia, como a destas, era a
de sono sem sonhos. O estudante compreender plenamente esta analogia
estudando o Diagrama 4, no Captulo intitulado Os Quatro Reinos. Nele se
mostram, esquematicamente, os veculos de conscincia que possuem os
minerais, as plantas, os animais e o ser humano, e a conscincia particular que
resulta de sua posse em cada caso.
O Perodo Lunar
Assim como a caracterstica principal dos escuros Globos do Perodo de
Saturno foi descrita pelo termo Calor, e a dos Globos do Perodo Solar
como Luz, ou calor resplandecente, assim a caracterstica principal dos
Globos do Perodo Lunar pode ser descrita como Umidade. O ar, tal como o
conhecemos, no existia ento. No centro estava o ncleo gneo, ardente.
Prximo a ele e em consequncia de contato com o frio do espao exterior,
havia umidade densa. Pelo contato com o ncleo gneo central essa umidade
densa transformava-se em vapor quente, que se lanava para a periferia,
esfriava e tornava ao centro novamente. Por isso os cientistas ocultistas
chamam gua aos Globos do Perodo Lunar, e descrevem a atmosfera
daquele tempo como Nvoa gnea. Este foi o cenrio do novo passo da vida
que est evoluindo.
Pelo final do Perodo Lunar houve uma diviso no Globo que era o campo da
nossa e de outras evolues, que no mencionamos antes para no confundir,
mas com as quais nos familiarizaremos agora.
Parte desse grande Globo foi cristalizada pelo ser humano, dada a sua
incapacidade de conservar a parte que habitava no elevado grau de vibrao
sustentada pelos demais seres dali. Quando essa parte alcanou certo grau de
inrcia, a fora centrfuga do Globo em rotao arrojou-a ao espao em
rodopios, onde comeou a circular em torno do brilhante e incandescente
ncleo central.
156 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Os seres lunares naquele ltimo estgio eram tambm capazes de emitir sons
ou gritos. Eram sons csmicos e no expresses individuais de alegria ou de
dor, porque nesta poca o indivduo ainda no existia. O desenvolvimento da
individualidade veio depois no Perodo Terrestre.
A OBRA DA EVOLUO 157
Outra Hierarquia Criadora cuidou especialmente dos trs germes dos Corpos:
Denso, Vital e de Desejos, conforme evoluam. Foram eles que, sob a direo
de ordens mais elevadas, fizeram o principal trabalho nesses corpos,
empregando a vida que est evoluindo como uma espcie de instrumento.
Essa Hierarquia chamada Senhores da Forma. Tinham evoludo tanto que
puderam encarregar-se do terceiro aspecto do esprito no ser humano o
Esprito Humano no seguinte Perodo Terrestre.
Alm destes, houve, ainda, um terceiro Reino, uma nova onda de vida.
Comeou sua atividade no princpio do Perodo Solar. a onda de vida que
atualmente anima nossos animais.
A nova onda de vida do Perodo Lunar era constituda da classe inferior. Era a
parte mais densa, o mineral, devendo ficar entendido que no era to dura
como os minerais atuais; sua densidade era anloga da madeira.
A classe 5 da nossa lista era mineral, mas por ter passado alm do mineral
durante o Perodo Solar, possua algumas caractersticas vegetais.
A classe 4 era quase vegetal, evolua para planta antes do trmino do Perodo
Lunar. Todavia, pertencia mais ao Reino Mineral que as duas classes
imediatas, que formavam o Reino superior. Podemos agrupar as classes 4 e 5
e formar um Reino de grau intermedirio, um Reino vegetal-mineral,
ATRASADOS E RECM-CHEGADOS 163
A classe primeira era composta pelos pioneiros da onda de vida dos Espritos
Virginais. No Perodo Lunar passaram uma existncia anloga do animal.
Assemelhavam-se aos animais dos nossos tempos por terem os mesmos
veculos e por estarem sob a direo de um Esprito-Grupo, que abrangia toda
a famlia humana. Sua aparncia era muito diferente da dos animais atuais,
conforme se viu pela descrio parcialmente dada no captulo anterior. No
pousavam na superfcie do Planeta, flutuavam suspensos por uma espcie de
cordes umbilicais. Em vez de pulmes tinham brnquias e por elas
respiravam o vapor quente da neblina gnea. Tais condies de existncia
lunar ainda so recapituladas na atualidade, durante o perodo de gestao. Em
certa altura do desenvolvimento, o embrio possui brnquias. Os seres lunares
desse tempo tinham, como os animais, a espinha dorsal horizontal.
Alm das nomeadas, houve tambm uma nova onda de vida (o atual Reino
Mineral) que entrou na evoluo ao princpio do Perodo Terrestre.
Como dissemos, nos trs primeiros Perodos o ser humano construiu seu
Trplice Corpo com a ajuda que lhe prestaram outros seres superiores, mas
no havia poder coordenador, pois o Trplice Esprito, o Ego, estava separado
dos seus veculos. Agora chegou o tempo prprio para unir o esprito e corpo.
geralmente sabido que o suco gstrico atua sobre o alimento para colaborar
na assimilao. Contudo, muitos poucos, salvo os mdicos, sabem da
existncia de muitos outros diferentes sucos gstricos, cada um deles
apropriados a cada classe de alimentos. As investigaes de Pavlov
demonstraram alm de toda a dvida, que h uma classe de suco para a
digesto da carne, outra para a do leite, outra para a das frutas cidas, etc. Isso
explica por que nem todas as misturas de alimento fazem bem. O leite, por
exemplo, necessita de um suco gstrico completamente diferente daquele
170 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
necessrio para qualquer outro alimento, com exceo dos amidos que no
podem ser digeridos com facilidade se forem misturados com outros alimentos
alm dos cereais. Bastaria isso para mostrar uma sabedoria maravilhosa. o
Ego que age subconscientemente e seleciona os diferentes sucos, cada qual
apropriado a um ou diversos alimentos que se introduzem no estmago, e
dotados da quantidade de energia necessria digesto. Porm, ainda mais
maravilhoso o suco gstrico filtrar-se no estmago antes do alimento ali
chegar.
O sangue uma das mais elevadas expresses do Corpo Vital. O Ego guia e
controla o instrumento denso por meio do sangue, portanto, tambm o meio
empregado para agir sobre o Sistema Nervoso. Durante parte da digesto, atua
parcialmente atravs do Sistema Nervoso, mas, especialmente ao comear o
processo digestivo, atua diretamente sobre o estmago. Quando, nas
experincias cientficas citadas, os nervos foram inibidos, foi atravs do
sangue que permaneceu aberto o caminho direto e, por esse modo, o Ego
recebeu a informao necessria.
o Ego que impele o sangue para o crebro. Toda vez que o corpo vai
adormecer, o sangue abandona o crebro, como se pode provar colocando um
ser humano sobre um plano horizontal em equilbrio. Ao adormecer, baixar
do lado dos ps e levantar-se- do lado da cabea. Durante o ato sexual o
sangue concentra-se nos rgos respectivos, etc.
32
N.R.: uma das duas partes do Sistema Nervoso Perifrico est relacionado com os
movimentos voluntrios; a outra parte chamada de Sistema Nervoso Autnomo
33
N.R.: uma das duas partes do Sistema Nervoso Autnomo est relacionado com os
movimentos involuntrios dos msculos como no-estriado e estriado cardaco, sistema
endcrino e respiratrio; a outra parte chamada de Sistema Nervoso Parassimptico
172 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Desde essa poca, o Corpo Vital ligou-se muito firmemente com o Corpo
Denso na maioria das pessoas, porm no tanto nas chamadas sensitivas.
Nessa dbil conexo est a diferena entre a pessoa psquica e a comum,
inconsciente de tudo que no sejam as impresses dos cinco sentidos. Todos
os seres humanos passam atravs deste perodo de ntima conexo dos seus
veculos para experimentarem a consequente limitao de conscincia.
exaurida. como uma broca que vai furando metais duros: deve parar e ser
guardada durante algum tempo para recuperar-se.
A cincia moderna sorriria ante a ideia de que a vida pudesse existir num
Globo em formao. Isto devido cincia no poder dissociar a Vida da
Forma, e s poder conceber a Forma quando se apresenta slida, perceptvel
por algum dos nossos cinco sentidos.
verdade que a Teoria Nebular sustenta que toda existncia (quer dizer: todas
as formas, mundos no espao e quaisquer formas que possam haver neles)
surgiu da nebulosa gnea, mas no reconhece o fato ulterior sustentado pela
cincia oculta: a nebulosa gnea Esprito. Tambm no reconhece que toda a
atmosfera que nos rodeia e o espao entre Mundos, Esprito, e que existe um
intercmbio constante entre a Forma dissolvendo-se em Espao e o Espao
cristalizando-se em Forma.
34
N.R.: ICor 15: 31
GNESE E EVOLUO DO NOSSO SISTEMA SOLAR 179
Uma palavra foi empregada originalmente para expressar o estado das coisas
entre manifestaes. Entretanto, tem sido to usada em sentido material que
perdeu seu primitivo significado. Dita palavra Gs.
Algum julgar que esta palavra muito antiga e tenha sido usada quase
sempre como sinnimo de um estado de matria mais sutil do que os lquidos.
No, esta palavra foi empregada pela primeira vez em Fsica, obra que
apareceu em 1663, escrita por Helmont35, um Rosacruz.
35
N.R.: Jan Baptista van Helmont (1579-1644) mdico, qumico e fisiologista belga
36
N.R.: ou Paracelsus - Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim
(1493-1521) fsico, botnico, alquimista, astrlogo e ocultista suo-germnico
37
N.R.: John Amos Comenius (1592-1670) bispo protestante da Igreja Moraviana,
educador, cientista e escritor checo
38
N.R.: Francis Bacon (1561-1626) filsofo, estadista, cientista, jurista, orador,
ensasta e autor ingls
39
N.R.: por vezes grafado como Jacob Boehme (1575-1624) filsofo e mstico
luterano alemo
180 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
40
N.R.: cidade ao sul da Alemanha atual
41
N.R.: nome dado a Shakespeare em homenagem aonde ele nasceu: Stratford-on-Avon
e o que mais fazia: Bard, quer dizer: escrever poesias e contador de estrias
GNESE E EVOLUO DO NOSSO SISTEMA SOLAR 181
A cor talvez nos permita conceber, melhor do que por outro modo qualquer, a
unidade de Deus e dos Sete Espritos ante o Trono. Veja-se o Diagrama 11,
abaixo:
Os sete Planetas que gravitam em torno do Sol so os Corpos Densos dos Sete
gnios Planetrios. Seus nomes so: Urano, com um satlite; Saturno com oito
luas; Jpiter, com quatro; Marte com duas; a Terra com uma Lua; Vnus e
Mercrio.
42
N.R.: 106.194 quilmetros
184 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
O Conceito Rosacruz do Cosmos ensina que est reservada aos Planetas uma
evoluo ulterior. Quando os seres de um Planeta se desenvolvem at certo
grau, o Planeta converte-se em Sol, o centro fixo de um Sistema Solar. Se
esses seres evoluem em maior grau ainda, aquele Sol alcana o mximo de
esplendor, transforma-se em zodaco, convertendo-se, por assim dizer, em
matriz de um novo Sistema Solar.
aquela evoluo. Todos os seres que se encontram nos diversos Planetas ter-
se-iam consumidos se tivessem permanecido no Sol.
A Terra, incluindo a Lua, foi depois arrojada do Sol e, por ltimo, aconteceu o
mesmo a Vnus e a Mercrio. A estes e a Marte nos referiremos mais tarde,
ao falar da evoluo do ser humano sobre a Terra. No momento no so
necessrias maiores consideraes.
precursores. Esto nesse caso os seres que habitam a nossa Lua. Quanto a
Jpiter, provvel que os habitantes de trs de suas luas possam reunir-se
vida do Planeta-pai. Admite-se que uma delas, no mnimo, uma oitava
esfera, anloga nossa prpria Lua, onde se processa o retrocesso e a
desintegrao dos veculos adquiridos. o resultado da demasiada aderncia
existncia material por parte de seres que esto evoluindo que chegaram a to
deplorvel fim.
43
N.R.: tambm chamada de Epfise Neural
188 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A poca Hiperbrea
No transcurso do tempo, em diferentes pontos do Globo incandescente,
comearam a formarem-se crostas ou ilhas, no meio do mar de fogo.
A rapidez das vibraes do Globo original que agora o Sol teria rapidamente
desagregado os veculos humanos se a Terra no se desprendesse. Cresceriam
com grande rapidez, comparado com a qual seria lentssimo o crescimento dos
cogumelos. Isto , seriam velhos o tempo em que deveriam ser jovens.
O Sol age sobre o Corpo Vital. fora que trabalha pela vida, e luta contra as
foras lunares que trabalham para a morte.
A poca Lemrica
Nesta poca apareceram os Arcanjos (a humanidade do Perodo Solar) e os
Senhores da Mente (a humanidade do Perodo de Saturno). Os Senhores da
Forma, que tinham a seu cargo o Perodo Terrestre, ajudaram aquelas
Hierarquias. Os primeiros ajudaram o ser humano a construir o Corpo de
Desejos, e os Senhores da Mente deram o germe mental maior parte dos
pioneiros, que formavam a classe 1 na classificao do Diagrama 10.
Nascimento do Indivduo
O Diagrama 1 mostra que a personalidade a imagem refletida do Esprito, e
a Mente o espelho ou foco.
Separada a Terra do Sol e, pouco depois, arrojada a Lua, as foras dos dois
luminares no encontraram modo de expressar-se como anteriormente. Alguns
corpos tornaram-se melhores condutores de umas foras e outros de outras.
Influncia de Marte
Na parte do Perodo Terrestre que precedeu separao dos sexos, durante as
trs Revolues e meia entre a diferenciao de Marte e o comeo da poca
Lemrica, Marte seguia uma rbita distinta da que agora percorre. Sua aura
192 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
(essa parte dos veculos sutis que se estende para fora do Planeta denso)
compenetrou o corpo do Planeta central polarizando internamente o ferro.
Quando o Ego entrou na posse dos seus veculos, foi necessrio empregar
parte dessa fora na construo do crebro e da laringe, originariamente partes
do rgo criador. A laringe formou-se enquanto o Corpo Denso tinha a forma
de saco dilatado, j descrita, forma ainda mantida no embrio humano.
Conforme o Corpo Denso se verticalizou, parte do rgo criador permaneceu
com a parte superior do Corpo Denso, convertendo-se em laringe.
Desta forma, a dual fora criadora que, no objetivo de criar outro ser,
trabalhara anteriormente em uma s direo, dividiu-se. Uma parte dirigiu-se
para cima, para construo do crebro e da laringe, o meio para o Ego pensar
e comunicar pensamentos aos demais seres.
44
Elena Petrovna Blavatskaya (1831-1891) - mais conhecida como Helena Blavatsky ou
Madame Blavatsky, responsvel pela sistematizao da moderna Teosofia e cofundadora da
Sociedade Teosfica
45
Alfred Percy Sinnett (1840-1921) escritor e tesofo britnico
194 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
a Sexta poca. Depois disso nada mais haver que possamos denominar
propriamente de raa.
Alm das Hierarquias Criadoras que deram aos seres humanos seus veculos
durante a Involuo e ajudaram-nos a dar os primeiros passos na Evoluo, a
humanidade teve tambm, como Guias imediatos, seres muito mais
desenvolvidos. Para realizar essa obra de amor, esses Guias vieram dos
Planetas situados entre a Terra e o Sol: Vnus e Mercrio.
Divinos. Certamente, eram reis pela graa de Deus, isto , pela graa dos
Senhores de Vnus e de Mercrio que, para a infantil humanidade, eram como
deuses. Guiaram e instruram os reis para benefcio do povo, no para se
engrandecer e arrogarem-se direitos a expensas deste.
Influncia de Mercrio
O propsito dos Senhores de Mercrio, em todo esse tempo, assim como o
objetivo dos Hierofantes dos Mistrios, desde esse tempo, e o de todas as
escolas de ocultismo, em nossos dias, era e ensinar ao candidato a arte de se
dominar. O ser humano estar qualificado para governar os outros na
proporo, unicamente na proporo, em que seja capaz de domnio prprio.
Se os nossos atuais legisladores ou dirigentes das massas pudessem dominar-
se a si prprios, teramos novamente o Milnio, ou Idade de Ouro.
Nas primeiras trs e meia Revolues, Marte polarizou o ferro, o que evitou a
formao do sangue vermelho e impediu a entrada do Ego no corpo at
adquirir o conveniente grau de desenvolvimento.
Nas ltimas trs Revolues e meia, Mercrio agir para libertar o Ego dos
veculos densos, por meio da Iniciao.
196 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A Raa Lemrica
Encontramo-nos agora em condies de compreender as informaes
seguintes, referentes s entidades humanas que viveram na ltima parte da
poca Lemrica.
Enquanto o Sol era interno e a Terra era parte do grande Globo luminoso o ser
humano no precisava de nenhuma iluminao externa; ele era luminoso.
Quando a Terra obscura foi separada do Sol, tornou-se necessrio poder
perceber a luz e o ser humano a percebia quando os raios incidiam sobre ele.
Do nascimento do seu corpo nada sabia. No podia v-lo, nem ver outras
coisas, mas percebia os seus semelhantes. Era uma percepo interna, um
tanto semelhante quando percebemos pessoas ou coisas em sonhos. Todavia,
com uma diferena importantssima: estas percepes internas eram claras e
racionais.
Nada conhecia, portanto, sobre o corpo e nem sequer sabia que tinha um
corpo, do mesmo modo que no sentimos que temos estmago quando em boa
198 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A linguagem era algo santo, no, como a nossa, uma linguagem morta, um
simples arranjo de sons. Cada som emitido pelos lemurianos tinha poder sobre
os semelhantes, sobre os animais e sobre a Natureza circundante. Portanto,
46
N.R.: Gn 4: 25
47
N.R.: ISm 1: 19
48
N.R.: Lc 1: 34
49
N.R.: Gn 2: 9
EVOLUO DA TERRA 199
Embora o lemuriano fosse um mago nato, nunca empregou mal seus poderes,
porque se sentia relacionado com os Deuses. Sob a direo dos Mensageiros
de Deus, dos quais j falamos, suas foras foram dirigidas construo de
formas nos Reinos vegetal e animal. Para o materialista, pode ser mui difcil
compreender como poderiam efetuar essa obra sem verem o mundo ambiente.
certo, eles no podiam ver, tal como compreendemos essa palavra ou como
vemos atualmente os objetos exteriores com nossos olhos fsicos. No
obstante, assim como as crianas, nos dias de hoje, so clarividentes enquanto
permanecem em inocncia imaculada, sem pecado, assim tambm os
lemurianos, que eram puros e inocentes, possuam uma percepo interna que
lhes proporcionava uma vaga ideia da forma externa de qualquer objeto, muito
iluminada internamente, como qualidade anmica, por uma percepo
espiritual nascida da pureza e da inocncia.
EVOLUO DA TERRA 201
O plano de Deus no pode ser reduzido a nada. Cada ato uma semente para a
Lei de Consequncia. Ns colhemos o que semeamos. As ervas daninhas das
ms aes trazem em si tristeza e sofrimento; e quando as sementes delas
carem no corao castigado e forem umedecidas pelas lgrimas do
arrependimento, a Virtude florescer, definitivamente. Se no Reino do nosso
Pai s o Bem pode perdurar, no uma verdadeira bno a certeza de que
apesar do mal que faamos, o Bem triunfar por fim?
A Queda do Homem
Cabalisticamente descrita, a experincia de um casal que, certamente,
representa a humanidade. A chave encontra-se nos versculos da Bblia em
que o Mensageiro dos Deuses, anuncia mulher conceber teus filhos com
dor. A soluo est tambm implcita na sentena de morte que foi
pronunciada, concomitantemente.
Quando seus olhos foram abertos e a conscincia foi dirigida para fora, para
os fatos do Mundo Fsico, alteraram-se as condies. A propagao foi
dirigida no pelos Anjos, mas pelos seres humanos. Ignoravam a operao das
foras solares e lunares e abusaram da funo sexual, empregando-a para
gratificar os sentidos. Da resultou a dor que passou a acompanhar o processo
da gestao e nascimento. A conscincia focalizou-se no Mundo Fsico, se
bem que as coisas no apareceram com nitidez at a ltima parte da poca
Atlante. S ento comeou a conhecer a morte como soluo de continuidade
que se produzia na conscincia, ao passar para os mundos superiores depois
de morrer, e quando retrocedia ao Mundo Fsico para renascer.
O crebro o elo entre o esprito e o mundo externo. O ser humano nada pode
saber acerca do mundo externo a no ser por intermdio do crebro. Os rgos
dos sentidos so condutores que levam ao crebro os impactos do exterior, e o
crebro o instrumento que interpreta e coordena esses impactos. Os Anjos
aprenderam a obter conhecimento sem necessidade de crebro fsico. Seu
veculo inferior o Corpo Vital. Pertencem a uma evoluo diferente e nunca
estiveram aprisionados em um corpo to denso e pesado como o nosso. A
EVOLUO DA TERRA 203
Os Anjos amam sem desejo, mas o ser humano teve de passar pelo egosmo.
Deve desejar e trabalhar para adquirir sabedoria egoisticamente, a fim de
poder alcan-la desinteressadamente, em estgio mais elevado.
Os Espritos Lucferos
Estes espritos eram uma classe de atrasados da onda de vida dos Anjos. No
Perodo Lunar estavam muito alm da grande massa que atualmente constitui
a mais elevada humanidade. No progrediram tanto como os Anjos, a
humanidade adiantada do Perodo Lunar. Estando mais adiantados do que a
humanidade atual, era-lhes impossvel tomar um Corpo Denso como ns
fizemos, mas, por outro lado, no poderiam obter conhecimento sem um rgo
interno, um crebro fsico. Estavam, portanto numa situao estranha, por
assim dizer a meio caminho entre o ser humano, que tem crebro, e os Anjos
que no necessitam dele. Em uma palavra, eram semideuses, mas
encontravam-se numa condio muito sria. O nico caminho que puderam
encontrar para se expressarem e adquirir conhecimento foi o crebro fsico do
ser humano. Atravs dele podiam fazer-se compreender por um ser fsico,
dotado de crebro, o que os Anjos no podiam fazer.
Desde esse tempo, agem no ser humano duas foras. Uma, a dos Anjos,
dirige-se para baixo, para a propagao e, por meio do Amor, forma novos
seres na matriz. Os Anjos so, portanto, os perpetuadores da raa. A outra
fora a dos Espritos Lucferos, os investigadores de todas as atividades
mentais. Dirige para cima, para o trabalho cerebral, a outra parte da fora
sexual.
Quando nasce uma raa, as formas, animadas por certo grupo de espritos tm
a inerente capacidade de evoluir somente at certo grau. Na Natureza nada
pode parar. Quando uma raa atinge o limite de sua evoluo, os corpos ou
formas dessa raa comeam a degenerar, caindo de forma para forma at a
raa extinguir-se.
Diz-se que onde entra a raa branca as outras raas desaparecem. Os brancos
tm sido acusados de terrveis opresses sobre as outras raas, tendo
massacrado multides de nativos indefesos e desprevenidos, como prova a
conduta dos espanhis com os antigos peruanos e mexicanos, se temos que
apontar um entre tantos exemplos. As obrigaes resultantes de tais abusos de
confiana, de inteligncia e de poder sero pagas at o ltimo centavo, por
aqueles que neles incorreram. Todavia, ainda que os brancos no tivessem
massacrado, escravizado, martirizado e maltratado as antigas raas, elas
desapareceriam, sem bem que mais lentamente. Tal a Lei da Evoluo, a
ordem da Natureza. No futuro, quando os corpos das raas brancas forem
habitados por Egos que atualmente ocupam corpos das raas vermelha, negra,
amarela ou parda, tero degenerado tanto que tambm desaparecero, para
serem substitudos por outros e melhores veculos.
50
Ou bushman que vivem na regio rural, inexplorada, conhecida como bush da Austrlia
EVOLUO DA TERRA 207
A poca Atlante
Os cataclismos vulcnicos destruram a maior parte do continente da Lemria
e, em seu lugar, surgiu o continente Atlante, onde est atualmente o Oceano
Atlntico.
Da parte sul do Planeta vinha o alento ardente dos vulces, ainda muito ativos.
Do norte chegavam rajadas de ventos gelados da regio polar. No continente
Atlante juntavam-se essas duas correntes, pelo que a atmosfera sempre estava
sobrecarregada de uma neblina espessa e pesada. A gua no era to densa
como agora, continha maior proporo de ar. A atmosfera da Atlntida,
nebulosa e pesada, tinha muita gua em suspenso.
Atravs dessa atmosfera nunca brilhava o Sol com claridade. Aparecia como
que rodeado de uma aura de luz vaga, como acontece com as luzes das ruas,
em tempo de neblina. O Atlante s podia ver a uma distncia de poucos
metros em qualquer direo, e os contornos de todos os objetos prximos
pareciam indefinidos e incertos. O ser humano guiava-se mais pela percepo
interna do que pela viso externa.
A separao desses dois pontos dava percepo do Atlante poder muito mais
agudo nos mundos internos do que no Mundo Fsico, ainda obscurecido por
essa atmosfera de neblina densa e pesada. Com o decorrer do tempo, a
atmosfera foi-se tornando mais clara, e os pontos citados aproximaram-se
pouco a pouco. No mesmo ritmo, o ser humano perdeu o contato com os
mundos internos, que lhe pareciam mais obscuros medida que o corpo
fsico53 se delineava. Finalmente no ltimo tero da poca Atlante, o ponto do
Corpo Vital uniu-se ao ponto correspondente do Corpo Denso. Desde esse
51
N.R.: que o Corpo Denso
52
N.R.: tambm chamada de Hipfise
53
N.R.: que o Corpo Denso
EVOLUO DA TERRA 209
A Rmoahals foi a primeira raa dos Atlantes. Tinham muita pouca memria,
unicamente relacionada com a sensao. Recordavam-se das cores e dos sons
e com isso desenvolveram, at certo ponto, o sentimento. Os lemurianos no
tinham sentimento algum, na mais sutil expresso da palavra. Possuam o
sentido do tato, podiam sentir as sensaes fsicas de dor, de comodidade e
conforto, mas no as sensaes espirituais ou mentais, como a alegria, a
tristeza, a simpatia ou antipatia.
A segunda raa atlante foi a dos Tlavatlis. Comearam a sentir seu valor como
seres humanos separados. Tornaram-se ambiciosos, pediam recompensa pelas
suas obras. A memria tornou-se um importante fator na vida da comunidade.
A recordao das proezas de alguns fez o povo eleger, para Guia, o que
tivesse realizado feitos mais importantes. Foi o germe da realeza.
Finalmente, na poca Atlante foi-lhe dada a Mente, para que tivesse propsito
na ao. Como o domnio do Ego era excessivamente dbil e a natureza
passional (de desejos) muito forte, a Mente nascente uniu-se ao Corpo de
Desejos, originando a astcia, causa de todas as debilidades dos meados do
ltimo tero da poca Atlante.
Tal a sbia deciso dos Irmos Maiores: guardam este e outros profundos
segredos da Natureza at que o ser humano se encontre em condies de
empreg-los para melhoramento da raa, para glria de Deus, e no para
aproveitamento ou engrandecimento pessoal.
com contornos bem definidos, porm, isto tambm se obteve com a perda da
viso dos mundos internos.
Sob a direo de uma grande Entidade, a raa semita original foi levada para
Leste do continente Atlante, atravs da Europa, para a grande extenso das
estepes da sia Central, atualmente denominada Deserto de Gobi. Ali ela foi
preparada para converter-se na semente das sete raas da poca ria, dando a
ela, potencialmente, as qualidades que deviam ser desenvolvidas por seus
descendentes.
Anteriormente, vistes Aqueles que vos guiavam. Sabeis, porm, que h Guias
de maiores graus de esplendor, superiores aos primeiros, que nunca vistes,
mas que vos guiaram sempre, grau a grau, na evoluo da conscincia.
Exaltado e acima de todos esses Seres gloriosos est o Deus invisvel, criador
do cu e da terra sobre a qual estais. Ele quis dar-vos domnio sobre toda a
terra, para que possais frutificar e multiplicar-vos nela. Deveis adorar a este
Deus invisvel, mas ador-Lo em Esprito e Verdade, e no fazer nenhuma
imagem d'Ele, nem procurar pint-Lo semelhante a vs, porque ele est
presente em todas as partes e alm de toda comparao ou semelhana. Se
seguirdes os Seus preceitos Ele vos abenoar abundantemente e vos
cumular de bens. Se vos afastardes dos Seus caminhos, os males viro sobre
vs. A escolha vossa. Sois livres, mas devereis sofrer as consequncias de
vossos prprios atos.
Logo, ensina-se ao ser humano a adorar a Deus com oraes e a viver a vida
em bondade; a cultivar a f num Cu onde obter recompensas no futuro, e a
abster-se do mal, para que possa livrar-se do castigo futuro do Inferno.
EVOLUO DA TERRA 215
Por ltimo, chega a um ponto em que pode agir bem sem pensar na
recompensa ou no castigo, simplesmente porque justo agir retamente.
Ama o bem por ser o bem e procura ordenar sua conduta de acordo com este
princpio, sem ter em conta seu benefcio ou desgraa presente, ou os
resultados dolorosos em algum tempo futuro.
A poca ria
A sia Central foi o bero das raas rias. Todas derivaram dos semitas
originais. desnecessrio descrev-las aqui. Suas caractersticas j so
conhecidas atravs das investigaes da histria.
Os nomes das raas que apareceram sobre a Terra durante a Quinta poca, at
agora, so os seguintes:
Duas raas mais se desenvolvero na nossa poca atual, uma delas a Eslava.
Quando, no transcurso de algumas centenas de anos, o Sol, pela Precesso dos
Equincios, tenha entrado no Signo de Aqurio, o povo russo e as raas
eslavas em geral alcanaro um grau de desenvolvimento espiritual que os
levar muito alm de sua condio atual. Ser a msica o fator principal para
atingir esse objetivo porque, nas asas da msica, a alma por ela exaltada pode
voar at o prprio Trono de Deus, onde o intelecto no pode chegar. O
desenvolvimento assim obtido no permanente, por ser unilateral e no estar
em harmonia com a lei da evoluo. Para ser permanente, o desenvolvimento
baseado na lei de evoluo deve ser equilibrado. Por outras palavras, a
espiritualizao deve expandir-se atravs ou, pelo menos, ao mesmo tempo
que o intelecto. Por esse motivo, a civilizao eslava ser de vida curta, mas
EVOLUO DA TERRA 217
grande e feliz enquanto durar, porque ter nascido da dor e do sofrimento sem
conta. A lei de Compensao lhe levar ao oposto a seu devido tempo.
Dos eslavos descender um povo que formar a ltima das sete raas da
poca ria. Do povo dos Estados Unidos descender a ltima de todas as
raas deste esquema evolutivo, que comear seu curso ao princpio da Sexta
poca.
Quem quiser ser meu discpulo, que tome sobre si a sua cruz e siga-me55.
... quem no abandonar tudo o que tenha no pode ser meu discpulo56.
Isto no quer dizer que devemos deixar ou desprezar os laos familiares, mas
que devemos elevar-nos acima deles. Pai e me so corpos e todas as
relaes so questes da raa, pertencentes Forma. As almas devem
reconhecer que no so corpos, nem raas, mas sim Egos lutando pela
perfeio. Se um ser humano se esquece disto e se identifica com a raa
aderindo a ela com fantico patriotismo o mesmo que fossilizar-se,
enquanto seus companheiros passam a outras alturas do Caminho da
Realizao.
54
N.R.: Mt 10: 37
55
N.R.: Mt 16: 24
56
N.R: Lc 14: 26
CAPTULO XIII RETORNO BBLIA
Em nossos tempos, o esprito missionrio muito forte. As igrejas ocidentais
enviam continuamente missionrios ao mundo inteiro para converter aos seus
credos os povos de todas as naes. Nesses esforos de proselitismo no esto
ss; o Oriente iniciou tambm uma forte invaso dos campos ocidentais. Muitos
cristos, descontentes com os credos e dogmas clericais, em busca da verdade
que satisfizesse aos anseios de sua inteligncia e de uma explicao adequada
dos problemas da vida, familiarizaram-se com os ensinamentos orientais do
Budismo, Hindusmo, etc., e muitos os aceitaram.
57
N.R.: Gn 12: 7
58
Cidade de So Francisco na Califrnia, Estados Unidos. Refere-se ao terremoto nessa cidade em
1906.
220 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Para alcanar este esperado fim, ser necessrio selecionar outro povo
escolhido nas atuais linhagens de reserva. Ser o ncleo donde possa surgir a
nova raa. Tal escolha no se far contra a vontade dos escolhidos, cada ser
humano deve eleger-se e entrar voluntariamente nas fileiras.
Foi exatamente o que aconteceu com os espritos renascidos nos corpos da raa
judia. Ligaram-se a ela de modo to firme que nela sempre renascem. Uma vez
judeu sempre judeu o seu lema. Esqueceram-se completamente de sua
natureza espiritual e gloriam-se do fato material de serem sementes de Abrao.
Portanto, no so carne nem peixe. No tomaram parte alguma do
desenvolvimento da raa ria. Entretanto, so mais avanados do que os
59
N.R.: Ap 21: 1
RETORNO BBLIA 221
remanescentes dos povos Atlantes e Lemricos, que ainda temos entre ns.
Converteram-se num povo sem ptria, uma anomalia na humanidade.
Limitados nessa ideia de raa, o Lder do seu tempo viu-se obrigado a abandon-
los e perderam-se. Para que pudessem cessar de considerarem-se separados de
outros povos, os Lderes dirigiram outras naes contra eles em diversas
ocasies e foram levados como escravos, arrancados do pas em que se tinham
localizado. Tudo foi em vo, negaram-se abertamente a mesclarem-se com os
outros e outras vezes voltavam como um s ser humano a suas ridas terras.
Surgiram profetas de sua prpria raa que, por amor, os exortavam predizendo o
desastre, mas sem resultado.
A rejeio de Cristo pelos judeus foi a prova suprema da sua aderncia raa.
Da por diante, todos os esforos para salv-los em conjunto, dando-lhes profetas
especiais e instrutores, foram abandonados. Provada a inutilidade de mant-los
americano
61
N.R.: personagem bblico identificado nos Evangelhos como "salteador" ou "assassino"
62
N.R.: Ex 21: 24
222 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Alm dessas grandes dificuldades, devemos tambm saber que dos quarenta e
sete tradutores da verso do Rei Jaime63 (a mais comumente usada na Inglaterra
e Amrica) unicamente trs conheciam bem o hebraico e, desses trs, dois
morreram antes da traduo dos Salmos. A ata que autorizava a traduo,
tenhamos tambm em ateno, proibia aos tradutores todo o pargrafo que
pudesse desviar grandemente ou perturbar as crenas j existentes. evidente,
63
N.R: Tambm conhecida como Verso Autorizada do Rei Jaime, uma traduo inglesa da
bblia realizada em benefcio da Igreja Anglicana, sob ordens do rei Jaime I, no incio do sculo
XVII.
ANLISE OCULTA DO GNESIS 225
64
N.R.: ou Martinho Lutero (1483-1546) foi um monge agostiniano e professor de teologia
germnico que se tornou uma das figuras centrais da Reforma Protestante.
65
N.R.: considerado como um dos trabalhos mais importantes da Cabal, no misticismo judaico.
E faz parte dos livros que seriam cannicos para os judeus.
66
N.R.: Ou Torah, ou, ainda, Tor o nome dado aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento,
o Pentateuco: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio e que constituem o texto central
do judasmo.
226 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
O Talmud esteve em mos da escola Massortica68 que, desde o ano 590 at 800
D.C., permaneceu, principalmente, em Tiberades69. Depois de enorme e
pacientssimo trabalho, escreveu-se um Antigo Testamento Hebreu, o mais
prximo ao original que temos atualmente.
67
N.R.: ou Talmude um livro sagrado dos judeus, um registro das discusses rabnicas que
pertencem lei, tica, costumes e histria do judasmo. um texto central para o judasmo
rabnico.
68
N.R.: dos massoretas ou massorticos que eram escribas judeus que se dedicaram a preservar e
cuidar das escrituras que, atualmente, constituem o Antigo Testamento.
69
N.R.: Cidade ao norte de Israel.
ANLISE OCULTA DO GNESIS 227
No Princpio
A primeira sentena do Gnesis um bom exemplo do que j indicamos a
respeito da interpolao do texto hebraico, interpretao que pode mudar-se
colocando diferentemente as vogais e dividindo as palavras de outra maneira.
H dois mtodos bem conhecidos para ler essa sentena. Por um deles, a
traduo : No princpio criou Deus os cus e a terra; pelo outro : Tomando
da sempre existente essncia (do espao) a dupla energia formou o duplo cu.
Para saber qual destas duas interpretaes correta muito se disse e escreveu. A
dificuldade est na necessidade de algo concreto e definido para o povo. Diz-se
que sendo uma explicao verdadeira todas as demais tm de ser falsas.
Evidentemente, no este o caminho para chegar verdade. Tendo muitos e
mltiplos aspectos, cada verdade oculta requer exame de mui diferentes pontos
de vista; cada um deles apresenta certa fase da verdade, e todos eles so
necessrios para chegar-se a uma concepo completa e definida daquilo que se
est considerando.
Esta sentena do Thorah, como muitas outras, poder ter muitos significados e
confundir o no esclarecido. Para o que tem a chave iluminadora porque, por
seu intermdio, v-se a sabedoria transcendental e a maravilhosa inteligncia dos
que inspiraram o Thorah.
A Teoria Nebular
Considerando a gnese e a evoluo do nosso sistema sob este novo prisma,
bem claro serem ambas as interpretaes da primeira sentena do Livro do
Gnesis necessrias compreenso do assunto. A primeira diz que a evoluo
228 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Alm disso, o Universo no uma mquina que, uma vez posta em marcha,
continua em perptuo movimento, sem causa alguma interna ou sem fora
diretriz. Tambm isto provado na experincia do cientista: desde o momento
em que deixar de fazer girar o azeite, tambm cessa a marcha ordenada dos seus
Planetas em miniatura e volta a ser a massa informe de azeite flutuando na gua.
Da mesma maneira, o Universo dissolver-se-ia imediatamente em sutilssimo
espao se Deus deixasse, por um momento, de exercer Sua atividade e cuidado.
As Hierarquias Criadoras
A segunda interpretao da primeira sentena d uma ideia mais completa de
Deus, quando fala da dupla energia. Indica as fases positiva e negativa do
Esprito Uno de Deus em manifestao. De acordo com os ensinamentos da
cincia oculta, representa-se Deus como um Ser composto. Isto se acentua ainda
mais nos versculos seguintes do captulo.
Aps descrever cada parte do trabalho da Criao, disse-se: e Elohim viu que
era bom. Isto se diz sete vezes, a ltima vez no sexto dia, quando foi criada a
forma humana.
ANLISE OCULTA DO GNESIS 231
O Perodo De Saturno
Como vimos, o princpio de nosso Sistema Solar e o trabalho das Hierarquias
Criadoras descrito pela cincia oculta harmoniza-se com os ensinamentos da
Bblia. Examinando, doravante, os ensinamentos da Bblia relativos aos
diferentes Dias da Criao, veremos sua concordncia com os ensinamentos
ocultos relativos: aos Perodos de Saturno, Solar e Lunar; s trs e meia
Revolues do Perodo Terrestre e s pocas Polar, Hiperbrea, Lemrica e
Atlante, anteriores presente poca ria.
O Perodo Solar
O Perodo Solar est bem descrito tambm no terceiro versculo, que diz: E os
Elohim disseram: Faa-se a luz, e a luz foi feita. Esta passagem tem-se
232 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
O Perodo Lunar
O Perodo Lunar descrito no sexto versculo, como segue: e os Elohim
disseram: haja uma expanso (traduzido como firmamento em outras verses)
nas guas, para que a gua se separe da gua. Isto descreve exatamente as
condies do Perodo Lunar, quando o calor da massa gnea brilhante e o frio do
espao exterior formaram uma coberta de gua em torno do centro gneo. O
contato do fogo com a gua gerou o vapor, que gua em expanso, conforme
descreve o versculo. Era diferente da gua relativamente fria que
constantemente gravitava para o centro gneo, ardente, para substituir o vapor
que surgia. Desta sorte, havia uma circulao constante da gua em suspenso e
tambm uma expanso, porque o vapor, arremessado do centro gneo formava
uma atmosfera de neblina ardente que se condensava ao pr-se em contato com o
espao externo, volvendo novamente ao centro para tornar a esquentar-se e
realizar outro ciclo. Assim, havia duas classes de gua e uma diviso entre elas,
como se descreve na Bblia. A gua mais densa estava mais prxima do centro
incandescente; a gua em expanso ou vapor estava fora.
O Perodo Terrestre
O Perodo Terrestre descrito a seguir. Antes de fazer essa descrio tratemos
das recapitulaes. Os versculos citados, assim como as descries feitas,
tambm correspondem aos Perodos que recapitulam. O que se diz do Perodo de
Saturno descreve tambm as condies do Sistema Solar quando emerge de
ANLISE OCULTA DO GNESIS 233
A Bblia concorda com a cincia moderna ao dizer que as plantas vieram depois
dos minerais. A diferena entre os dois ensinamentos refere-se ao tempo em que
a Terra foi expelida da massa central. A cincia afirma que foi expelida antes da
formao da crosta slida que pudesse chamar-se de mineral ou vegetal. Se
queremos designar por tais minerais ou vegetais os que atualmente conhecemos,
essa afirmao verdadeira. No havia substncia material densa, todavia, a
primeira incrustao ou solidificao que teve lugar no Globo era mineral. O
narrador da Bblia indica somente os incidentes principais. No se diz que a
crosta slida se fundiu quando foi expelida da massa central, como um anel que
se quebrou, reunindo-se depois os pedaos. Num corpo to pequeno como a
Terra, o tempo preciso para a cristalizao foi comparativamente curto. Por isso,
o historiador no o menciona, assim como no relata o desmembramento que se
produziu novamente quando a Lua foi expelida da Terra.
234 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A formao destas formas vegetais etreas foi auxiliada pelo calor externo,
depois da Terra separar-se do Sol e da Lua. Esse calor proporcionou-lhes a fora
vital para agrupar em sua volta uma substncia mais densa.
Isto tambm concorda com os ensinamentos da cincia material que diz: que os
anfbios precederam as aves.
Dirige os Anjos e, como Regente da Lua, Ele tem a seu cargo os seres
degenerados e malignos que nela existem. Com Ele esto tambm alguns
Arcanjos, que constituram a humanidade do Perodo Solar. Estes so chamados
Espritos de Raa.
Sabe-se que os Arcanjos, como Espritos e Guias de uma Raa, lutam a favor ou
contra algum povo, conforme as exigncias da evoluo dessa raa requererem.
No livro de Daniel, 10-20, um Arcanjo falando com Daniel, diz: Agora, voltarei
a lutar com o prncipe da Prsia; e quando eu for, vede que o prncipe da Grcia
vir.
pelo desejo e pela astcia, desobedeceu ordem. Sua Bblia fala que os filhos de
Deus casaram com as filhas dos homens, os compatriotas de grau inferior da
Atlntida.
A cincia oculta concorda com a opinio que diz ser isso mera mutilao das
escrituras originais da Bblia. Assevera-se que muitas partes dela so completas
invenes, mas no se faz a menor tentativa de provar, como conjunto, a
autenticidade do livro sagrado, na forma em que atualmente o possumos. Nosso
esforo atual uma simples tentativa para exumar alguns pedaos da verdade
oculta, e extra-los dessa massa de mal-entendidos e interpretaes incorretas em
que foram enterrados pelos diversos tradutores e revisores.
Logo, o poder que o ser humano agora emprega para melhorar as condies
externas foi empregado durante a Involuo com propsitos de crescimento
interno.
H forte tendncia em considerar tudo o que existe como resultado de algo que
foi. Olha-se a Evoluo como simples desenvolvimento de perfectibilidades
germinais. Tal concepo exclui a Epignese do esquema das coisas, no sucede
possibilidade alguma de construir-se algo novo, nenhuma margem para a
originalidade.
70
N.R.: Gn 3: 7
ANLISE OCULTA DO GNESIS 239
Partindo do mais simples organismo, a Vida, que agora ser humano, construiu
as Formas apropriadas s suas necessidades. Em devido tempo, medida que as
entidades progrediam, tornou-se evidente que novos aperfeioamentos deveriam
ser acrescentados s formas. Estes melhoramentos tornaram-se incompatveis
com as linhas de construo anteriormente seguidas. Deveria ser iniciada a
construo de novas formas, que no contivessem nenhum dos enganos
anteriores. Conforme a experincia ensinou, tais enganos impediram o
desenvolvimento posterior.
Dessa maneira, a vida que est evoluindo ficou apta a obter progressos
posteriores em novas formas e por graus sucessivos vai aperfeioando seus
veculos. Esse aprimoramento continua sem cessar, sempre adiante. Para estar na
vanguarda do progresso, o ser humano construiu seus corpos a partir de algo
semelhante ameba, da at forma humana do selvagem e, da, atravs de
sucessivos graus, at s raas mais avanadas, as que esto usando atualmente os
corpos altamente organizados na Terra. Entre as mortes e nascimentos estamos
constantemente construindo corpos para funcionar em nossas vidas. Alcanaro
um grau de eficincia maior do que o que tem atualmente. Se cometermos erros
de construo, durante os nascimentos, far-se-o evidentes quando empreguemos
o corpo na prxima vida terrestre. de suma importncia perceber e
compreender nossos erros, para evit-los vida aps vida.
Os pioneiros da nossa onda de vida (as raas rias) progrediram desde que
ocuparam formas parecidas com as dos nossos monos antropoides at o presente
estado de desenvolvimento, enquanto as Formas (que eram o elo perdido)
degeneraram e esto agora animadas pelos ltimos atrasados do Perodo de
Saturno.
humano, devendo notar-se que todas as formas, utilizadas pelos atrasados, esto
degenerando. Semelhantemente, os pioneiros da onda de vida que entrou em
evoluo no Perodo Lunar encontram-se entre as rvores frutferas, enquanto os
atrasados dessa onda de vida animam todas as outras formas vegetais.
O Reino Mineral a meta final das formas de todos os Reinos quando alcanam
o mximo de degenerao. O carvo de pedra exemplifica isto: resulta de
madeira petrificada ou de restos fossilizados de vrias formas animais. O prprio
granito, coisa que nenhum ser humano de cincia admitir, originalmente to
vegetal como o prprio carvo. O mineralogista erudito explicar que est
composto de blenda, feldspato e mica, porm o clarividente desenvolvido, que
pode ler a Memria da Natureza milhes de anos atrs, poder completar esta
afirmao dizendo: Sim, e o que chamais de blenda e feldspato no so mais do
que as folhas e pednculos de flores pr-histricas, e a mica tudo quanto resta
de suas ptalas.
Quanto Vida que emprega o vulo humano, teve existncia mineral no Perodo
de Saturno, vegetal no Perodo Solar e passou pelo estado animal no Perodo
Lunar. Como tem alguma margem para exercer a Epignese, alcanado o estado
animal segue adiante at chegar ao estado humano. O pai e a me do, de seus
corpos, a substncia de que se constri o corpo da criana, mas especialmente
nas raas superiores, a Epignese permite agregar algo, o que torna a criana
diferente de seus pais.
74
N.R.: Gn 2:7
244 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Nesse tempo, o ser humano nascente no tinha comeado a respirar por pulmes.
Tinha um aparelho semelhante a brnquias, o que presentemente, ainda se
encontra no embrio humano, quando passa pelos estados ante natais
correspondentes a essa poca. No tinha sangue vermelho e quente (porque
nesse estado no havia esprito individual) e toda sua forma era branda e flexvel.
Mesmo o esqueleto era mole como as cartilagens. Quando foi necessrio separar
a humanidade em sexos, o esqueleto tornou-se firme e slido.
A obra de Jeov foi construir ossos duros e densos dentro da substncia branda
dos corpos j existentes. Antes desse tempo, isto , durante as pocas Polar e
Hiperbrea, nem o ser humano nem o animal tinham ossos.
ANLISE OCULTA DO GNESIS 245
A Costela de Ado
A impossvel e grotesca maneira de realizar a separao dos sexos (descrita nas
verses comuns da Bblia e, quanto a este caso particular, no texto massortico
tambm) outro exemplo do que se pode fazer trocando as vogais no antigo
texto hebraico. Lido de uma maneira, a palavra costela, mas lido de outra,
que merece mais cuidadosa ateno e tem a vantagem de apresentar um sentido
comum, significa lado. Se a interpretao significar que o ser humano era
macho-fmea e que Jeov tornou latente um lado ou sexo de cada ser, no
violaremos a razo nem estaremos aceitando a histria da costela.
Os Anjos da Guarda
Durante as primeiras pocas e Perodos, enquanto a humanidade evolucionava
inconscientemente, era dirigida pelas Grandes Hierarquias Criadoras. Havia, por
assim dizer, uma conscincia comum a todos os seres humanos, um Esprito-
Grupo para toda a humanidade.
Portanto, era necessrio que algum, muito mais evoludo, ajudasse o esprito
individual e, gradualmente, preparasse o caminho para uni-lo completamente aos
seus instrumentos. Foi algo semelhante ao que se d com uma nao nova;
enquanto por si mesma no capaz de criar um governo estvel, protetorado de
uma nao mais poderosa que a resguarda dos perigos exteriores e das
dissenses internas. Idntica proteo foi exercida por um Esprito de Raa sobre
a humanidade nascente. Sobre os animais exercida pelo Esprito-Grupo, mas de
forma bastante diferente.
Jeov o Altssimo, o Deus de Raa. Tem, por assim dizer, domnio sobre todas
as Formas. o Legislador-Chefe, o Poder mais elevado na conservao da forma
e no exerccio de um governo ordenado. Os Espritos de Raa so Arcanjos.
Cada um deles tem domnio sobre grupos de pessoas, de povos, e sobre os
animais, enquanto os Anjos tm-no sobre as plantas. Os Arcanjos exercem
domnio sobre raas ou grupos de pessoas e tambm sobre animais, porque estes
Reinos tm Corpos de Desejos.
Por razes anlogas, os Anjos agem nos Corpos Vitais do ser humano, dos
animais e das plantas. Seus corpos mais densos so formados de ter, pois dele
estava composto o Globo D do Perodo Lunar, quando eles foram humanos.
ANLISE OCULTA DO GNESIS 247
Para guiar as Raas, os Espritos de Raa agem sobre o sangue, assim como o
Esprito-Grupo dirige os animais de cada espcie por meio do sangue.
Tambm o Ego governa o seu veculo por meio do sangue, mas com uma
diferena: o Ego age por meio do calor do sangue, enquanto o Esprito de Raa
(isto , de tribo ou famlia) age por meio do ar, conforme este penetra nos
pulmes. Est a razo de Jeov ou Seus Mensageiros terem soprado seu
alento nas narinas do ser humano, assegurando a admisso do Esprito de Raa,
dos Espritos de Comunidade, etc.
75
N.R.: Ef 2:2
76
N.R.: Thomas Paine (1737-1809) - poltico britnico, alm de panfletrio, revolucionrio, radical,
inventor, intelectual.
248 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Entre os judeus, no tempo de Cristo, o Esprito de Raa era mais forte do que o
esprito individual. Cada judeu pensava de si mesmo primeiramente como
pertencente a certa tribo ou famlia. Sua maior honra era ser semente de
Abrao. Tudo isso era obra do Esprito de Raa.
Antes do aparecimento de Jeov, quando a Terra era ainda parte do Sol, havia
um Esprito-Grupo-comum, composto de todas as Hierarquias Criadoras, que
governava toda a famlia humana. Porm, como se desejava fazer de cada corpo
o tempo e o instrumento flexvel e adaptvel de um esprito interno, isto se
traduzia numa diviso infinita de guias.
Jeov veio com seus Anjos e Arcanjos e fez a primeira grande diviso em Raas,
tornando influente em cada grupo, como guia, um Esprito de Raa, um Arcanjo.
E destinou um Anjo a cada Ego para que agisse como guardio, at que o
esprito individual fosse suficientemente forte e pudesse emancipar-se de toda
influncia externa.
Ele ensinou que a semente de Abrao se referia aos corpos e afirmou que,
antes que Abrao vivesse, o EU o Ego, j existia. O esprito individual
trplice iniciou sua existncia antes de todas as Tribos e Raas, subsistir at que
estas passem e, ainda mais, at quando no reste delas nem memria.
O Trplice Esprito no ser humano, o Ego, o Deus interno que o ser humano
corporal, pessoal, deve aprender a seguir. Por isso, Cristo disse que para ser seu
discpulo o ser humano devia abandonar tudo o que tinha. Seu ensinamento
dirigido emancipao do Deus interno. Incita o ser humano a exercer sua
prerrogativa como indivduo e a elevar-se sobre a famlia, a tribo e a nao. No
que deva menosprezar a famlia ou a ptria. O ser humano deve cumprir todos os
seus deveres, mas reconhecendo seu parentesco com o resto do mundo, deve
cessar de identificar-se com uma parte. Este o ideal dado humanidade por
Cristo.
Quando a mesma corrente de sangue sem mescla flui nas veias de uma famlia
durante geraes, as mesmas imagens mentais feitas pelos avs e pais so
reproduzidas nos filhos pelo Esprito de Famlia, que vive na hemoglobina do
sangue. O filho v-se a si mesmo como a continuao de uma longa linha de
antecessores que vivem nele. V todos os acontecimentos das vidas passadas da
famlia como se ele mesmo estivesse presente aos fatos, no compreendendo a si
mesmo como um Ego. No ele simplesmente Davi, mas sim o filho de
Abrao; no Jos, mas o filho de Davi.
Por meio desse sangue comum diz-se que os seres humanos viviam durante
muitas geraes. Atravs do sangue, os descendentes tinham acesso Memria
da Natureza, em que se conservavam essas recordaes. Razo de se dizer, no
quinto captulo do Gnesis, que os patriarcas viveram durante centenas de anos.
Ado, Matusalm e outros patriarcas no alcanaram pessoalmente to grandes
idades. Vivendo os antecessores na conscincia dos descendentes, estes viam as
vidas daqueles como se tivessem vivido suas vidas. Depois do perodo indicado,
os descendentes no pensaram mais de si como sendo Ado ou Matusalm. A
memria desses antecessores apagou-se e por isso diz-se que morreram.
Mais tarde foi dado ao ser humano o livre arbtrio. Chegara o tempo de preparar-
se para a individualizao. A primitiva conscincia comum, a clarividncia
involuntria, ou segunda vista, que constantemente mantinha ante os seres
humanos da tribo os acontecimentos das vidas dos seus antecessores e os fazia
sentirem-se intimamente identificados com sua tribo ou famlia, devia ser
ANLISE OCULTA DO GNESIS 251
Para realizar esta diviso de naes em indivduos, ditaram-se leis que proibiam
a endogamia, ou matrimnio em famlia. Da para diante, os casamentos
incestuosos comearam a serem olhados com horror. Assim foi se introduzindo
sangue estranho nas famlias da Terra, o que impediu gradualmente a
clarividncia involuntria, restringiu o sentimento de famlia e dividiu a
humanidade em grupos. Como resultado dessa mescla de sangue, a aderncia
famlia ir desaparecendo e o Altrusmo substituir o patriotismo.
Ento, voltar a adquirir a viso do mundo espiritual que perdeu com a mescla
de sangues, porm acrescida de uma faculdade mais elevada, uma clarividncia
voluntria e inteligente, com a qual poder ver o que quiser. Ela substituir a
faculdade negativa que, impressa em seu sangue pelo esprito de famlia, a esta o
prendia e exclua de todas as demais famlias. Sua viso ser universal e
empreg-la- para o bem de todos.
Os Espritos de Raa ainda existem e trabalham com o ser humano. Nos pases
em que o povo mais atrasado o Esprito de Raa forte. Quanto mais avanada
uma nao, mais liberdade tem o indivduo. Quanto mais o ser humano est em
harmonia com a lei do Amor, e mais elevados so os seus ideais, mais se liberta
do Esprito de Raa. O patriotismo, se bem que bom em si, uma cadeia do
Esprito de Raa. O ideal da Fraternidade Universal, que no se identifica com
nenhum pas ou raa, o nico caminho que conduz emancipao.
Cristo veio para reunir as diferentes raas em paz e boa vontade, de maneira que
todos os seres humanos, voluntria e conscientemente, sigam a lei do Amor.
254 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A Queda do Homem
Ainda sobre a anlise do Gnesis, podemos juntar mais algumas palavras sobre
a Queda, base do Cristianismo popular. Se no tivesse havido queda no
haveria necessidade de plano de salvao.
Assim, Lcifer abriu os olhos da mulher, e ela, vendo, ajudou o homem a abrir o
seu. Desta maneira, de forma real, se bem que obscura, comearam a conhecer
ou a perceberem-se uns aos outros e tambm ao Mundo Fsico. Fizeram-se
conscientes da morte e da dor, aprendendo a diferenciar o ser humano interno da
roupagem que usava e renovava cada vez que era preciso dar um novo passo na
evoluo. O ser humano deixou de ser um autmato. Converteu-se num ser que
podia pensar livremente, custa de sua imunidade dor, s enfermidades e
morte.
primitivos. Por isso, foi bem fundada a medida quando as Hierarquias Criadoras
impediram o ser humano de comer da rvore da vida, impedindo de renovar o
Corpo Vital. Se o tivesse conseguido ter-se-ia feito imortal, mas no poderia
mais progredir. A evoluo do Ego depende da evoluo dos seus veculos. Se
no pudesse obter novos e mais perfeitos veculos por meio de sucessivas mortes
e renascimentos, ter-se-ia estagnado. mxima oculta: quanto mais
frequentemente morremos, melhor poderemos viver. Cada nascimento
proporciona uma nova oportunidade.
Como vimos, o ser humano obteve o conhecimento por via cerebral, com o
concomitante egosmo, custa do poder de criar sozinho, e a vontade livre
custa da dor e da morte. Quando aprender a empregar a inteligncia para o bem
da humanidade, adquirir poder espiritual sobre a vida, e guiar-se- por um
conhecimento inato muito superior atual conscincia manifestada por via
cerebral, to superior a esta como a sua conscincia de hoje superior
conscincia animal.
A Evoluo da Religio
As duas partes anteriores desta obra familiarizaram-nos com o plano pelo qual o
atual mundo externo veio existncia e o ser humano desenvolveu o complicado
organismo que o relaciona com as condies exteriores. Em parte, tambm
estudamos a Religio da Raa Judaica.
CRISTO E SUA MISSO 259
Disto, os materialistas deduziram que a religio nunca teve uma origem superior
ao prprio ser humano. As investigaes histricas das eras primitivas deram-
lhes a convico de que o progresso do ser humano civiliza seu Deus e o
modela prpria imagem.
Que tal fora existe ningum poder negar. E chegou a tal estado de
desenvolvimento que, em vez de considerarmos a debilidade fsica um meio de
tornar a vtima presa fcil e proveitosa, reconhecemos nessa mesma debilidade
uma boa razo para proteger o dbil. O egosmo vai sendo corrodo lenta mais
seguramente pelo Altrusmo.
260 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Sabemos que aquela fora altrustica existe; sabemos que tem menor expresso
num povo pouco civilizado do que num de elevado padro social; e que falta
quase totalmente nas raas inferiores. Logicamente, conclui-se que em tempo
recuado, faltava por completo. Desta concluso surge a pergunta: que ou quem a
induziu?
Sem dvida, a personalidade material nada tem a ver com ela. Essa parte da
natureza humana sente-se at mais vontade sem a despertada fora altrustica.
Logo, o ser humano devia possuir latente essa fora do Altrusmo, dentro de si.
De outra maneira no a poderia ter despertado. Ainda mais, deve ter sido
despertada por uma fora da mesma espcie uma fora similar que j estivesse
ativa tal como a do primeiro diapaso que, depois que foi tocado, induziu a
vibrao no segundo.
Alm disso, as vibraes do segundo diapaso tornavam-se cada vez mais fortes
sob os contnuos golpes dados no primeiro, e a caixa de cristal que encerrava o
segundo no era obstculo algum induo do som. Assim tambm, sob a
continuidade do impacto do amor de Deus, dentro do ser humano, se desperta e
aumenta a potncia da fora de igual natureza, o Altrusmo.
Primeiramente, o ser humano viu-se impelido a temer a Deus. Para seu prprio
bem espiritual, foram-lhe dadas religies que tinham como base o ltego do
medo.
Depois, em segundo grau, ele foi induzido a certa classe de desinteresse que o
coagiu a dar parte dos seus melhores bens como sacrifcio. Isto foi conseguido
pelo Deus de Raa ou Tribo, um Deus zeloso que exigia a mais estrita reverncia
e obedincia, alm do sacrifcio dos bens que o ser humano ciosamente
apreciava. Contudo, esse Deus de Raa era um amigo todo poderoso, ajudava os
seres humanos em suas batalhas, e devolvia-lhes multiplicados os carneiros e
cereais que lhe eram sacrificados. O ser humano no chegara ainda ao estado de
compreender que todas as criaturas so semelhantes, mas o Deus de Tribo
ensinou-lhe a tratar benevolamente seus irmos de tribo e a fazer leis equitativas
e amplas para os seres humanos da mesma raa.
262 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Foi um grande e trabalhoso passo. Era fcil levar uma ovelha ou novilho ao
templo e oferec-lo em sacrifcio. Ao levar os primeiros frutos de suas colheitas,
de suas vinhas, de suas hortas, sabia que teria ainda mais e que o Deus da Tribo
voltaria a encher seus depsitos abundantemente. Agora, neste novo passo, j
no era questo de sacrificar os bens. Pediu-se que ele prprio se sacrificasse.
No num nico supremo sacrifcio, como o de um mrtir, o que teria sido
comparativamente fcil, mas que, dia a dia, de manh noite, agisse
misericordiosamente com todos. Devia desprender-se do egosmo e amar o
prximo, como tinha amado a si mesmo. Outrossim, no lhe era prometida
nenhuma recompensa visvel e imediata, devia ter f numa felicidade futura.
Ser de admirar que o povo ache difcil realizar este elevado ideal de agir bem
continuamente? coisa duplamente difcil porque exige que se relegue
completamente o prprio interesse, e pede-se a ele sacrifcio sem positiva
garantia de recompensa. gratificante constatarmos a prtica do altrusmo e
quanto este, para dignificao da humanidade, vem aumentando. A sabedoria
dos Lderes, conhecendo a fragilidade do ser humano, a tendncia a unir-se com
os instintos egostas do corpo e os perigos do desnimo diante de tal norma de
conduta, deram outro impulso edificante, ao incorporarem na nova religio a
doutrina do perdo dos pecados.
Esta doutrina desprezada por alguns filsofos muito avanados que tm a Lei
de Consequncia como suprema lei. Se acaso o leitor est de acordo com eles,
rogamos que aguarde a explicao que adiante se dar, demonstrando que ambas
CRISTO E SUA MISSO 263
Unicamente este Verbo foi engendrado por Seu Pai (o primeiro aspecto) antes
de todos os Mundos. Sem Ele nada do que foi feito se fez77, nem mesmo o
77
N.R.: Jo 1:3
264 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
terceiro aspecto do Ser Supremo, que procede dos dois aspectos anteriores.
Portanto, o nico engendrado o exaltado Ser que est alm de todo o
Universo, salvo unicamente o aspecto-Poder d'Aquele que O criou.
Por outra parte, os Iniciados desenvolvem veculos superiores, para eles mesmos.
Deixam de usar os veculos inferiores quando obtm a capacidade de empregar
um veculo novo e superior. Ordinariamente, o veculo inferior de um Arcanjo
o Corpo de Desejos. Cristo, o mais alto Iniciado do Perodo Solar, emprega
geralmente o Esprito de Vida como veculo inferior. Funciona to
conscientemente no Mundo do Esprito de Vida como ns no Mundo Fsico.
Rogamos ao estudante que note de modo particular este ponto porque o Mundo
do Esprito de Vida o primeiro Mundo Universal, conforme explicamos no
primeiro captulo, sobre os Mundos. Nesse mundo cessa a diferenciao e
comea a manifestar-se a unidade, pelo menos quanto ao nosso Sistema Solar.
Sua me, a Virgem Maria, possua, tambm, a mais elevada pureza humana, por
isso foi escolhida para ser a me de Jesus. O pai, Jos, era um elevado Iniciado,
capaz de realizar o ato de fecundao como um sacramento, sem nenhum desejo
ou paixo pessoal.
Podemos dizer, num parntese, que os Essnios constituam uma terceira seita na
Palestina, alm das duas mencionadas no Novo Testamento, os Fariseus e os
Saduceus. Os Essnios formavam uma ordem extremamente devota, muito
diferente da dos materialistas saduceus e completamente oposta aos hipcritas e
vaidosos fariseus. Evitavam toda meno de si e de seus mtodos de estudo e de
adorao. Este particular explica por que nada se sabe deles nem so
mencionados no Novo Testamento.
lei do Cosmos: por mais elevado que seja nenhum ser pode funcionar em
qualquer mundo sem um veculo construdo do material desse mundo (Ver os
Diagramas 8 e 14). Por esse motivo, o Corpo de Desejos era o veculo mais
baixo do grupo de espritos que alcanaram o estado humano no Perodo Solar.
Cristo no podia nascer num Corpo Denso. No tendo nunca passado por uma
evoluo semelhante do Perodo Terrestre, teria de adquirir, primeiramente, a
capacidade de construir um Corpo Denso como o nosso. Porm, ainda que
tivesse essa capacidade, seria inconveniente para um Ser to elevado empregar
energia na construo do corpo durante a vida pr-natal, a infncia, a juventude,
e lev-lo at a maturidade indispensvel.
Cristo usou todos esses veculos prprios e s tomou de Jesus os Corpos Vital e
Denso. Quando Jesus atingiu trinta anos de idade, Cristo penetrou nesses corpos
e empregou-os at o final de Sua Misso, no Glgota. Depois da destruio do
Corpo Denso, Cristo apareceu entre os discpulos em Corpo Vital, no qual
funcionou ainda durante algum tempo. O Corpo Vital o veculo que Ele
empregar quando aparecer novamente. Nunca tomar outro Corpo Denso.
Esta cesso foi consumada com pleno e livre consentimento de Jesus. Ele soube
que, durante a encarnao inteira, estava preparando um veculo para Cristo.
Submeteu-se alegremente, para que o desenvolvimento da humanidade pudesse
receber o gigantesco impulso que lhe foi dado pelo misterioso sacrifcio do
Glgota.
Como se v no Diagrama 14, Cristo Jesus possua os doze veculos que formam
uma ininterrupta cadeia desde o Mundo Fsico at o prprio Trono de Deus.
Portanto, Ele o nico Ser do Universo que est em contato, ao mesmo tempo,
com Deus e com o ser humano. capaz desta mediao porque experimentou,
pessoal e individualmente, todas as condies e conhece todas as limitaes
incidentais existncia fsica.
Cristo nico entre todos os Seres dos sete Mundos. Unicamente Ele possui os
doze veculos. Ningum, a no ser Ele, capaz de sentir to elevada compaixo
e compreender to amplamente a situao e as carncias da humanidade.
Ningum, s Ele, est qualificado para trazer o remdio que satisfaa todas as
nossas necessidades.
Todos os Espritos de Raa sabem disso e compreendem que suas religies so,
to somente, passos necessrios para atingir algo melhor. Todas as Religies de
270 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Raa, sem exceo, indicam Algum que vir, o que demonstra a assertiva
anterior. A religio dos persas indica a Mithras; a dos Caldeus, a Tammuz. Os
antigos deuses do norte previam a aproximao da Luz dos Deuses, quando
Surt, o brilhante Sol-Espiritual viesse substitu-los e uma nova e mais formosa
ordem se estabelecesse em Gimle, a Terra regenerada.
A lei deve ceder lugar ao Amor, e as raas e naes separadas devem unir-se
numa Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmo Maior.
A religio crist no teve ainda o tempo necessrio para realizar esse grande
objetivo. At agora o ser humano est sob a influncia do dominante Esprito de
Raa. Os ideais do Cristianismo ainda so demasiado elevados para ele. O
intelecto pode ver nesses ideais algumas belezas e facilmente admite que
devemos amar os nossos inimigos, mas as paixes do Corpo de Desejos
permanecem demasiado fortes. Sendo a lei do Esprito de Raa olho por olho,
o sentimento afirma: vingar-me-ei. O corao pede Amor, mas o Corpo de
Desejos anseia por vingana. O intelecto v, em abstrato, a beleza de amar os
nossos inimigos, mas nos casos concretos, alia-se aos sentimentos vingativos do
CRISTO E SUA MISSO 271
Embora o mundo esteja progredindo e, por exemplo, tenha sido fcil ao autor
assegurar boa assistncia s conferncias feitas em diversas cidades que visitou
(havendo jornais que lhe dedicou pginas inteiras e at primeiras pginas)
enquanto se limitou a falar dos mundos superiores e dos estados ps-morte, pde
comprovar que to logo era abordado o tema da Fraternidade Universal, seus
artigos passavam sempre para o cesto de papis.
78
N.R.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) - escritor, filsofo e poeta estadunidense
272 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Este estado resulta das Religies de Raa e seus sistemas de leis; por isso, todas
elas assinalam Aquele que deve vir. A religio crist a nica que no espera
Aquele que deve vir, mas sim Aquele que deve voltar. Sua volta se far quando a
Igreja se liberte do Estado. A Igreja, especialmente na Europa, est atrelada ao
carro do Estado. Os ministros de Igreja encontram-se coibidos por consideraes
econmicas, no se atrevem a proclamar as verdades que seus estudos lhes tm
revelado.
Alm de efetuar os ofcios sob a direo do Estado, o pastor da igreja visitada era
condecorado com vrias ordens conferidas pelo rei. O brilho das faixas oficiais
era um silencioso, mas eloquente testemunho da grande escravido a que est
submetida a Igreja pelo Estado. Durante a cerimnia, o pastor rogou pelo rei e
pelos legisladores, para que estes pudessem reger o pas sabiamente.
Enquanto existirem reis e legisladores, essa orao ser muito apropriada, mas
foi muito chocante ouvi-lo exclamar ao final: ...e, o Todo-Poderoso Deus
protege e fortifica nosso exrcito e armada.
79
N.R.: Mt 10:34
80
N.R.: Lc 2:14
CRISTO E SUA MISSO 273
A Estrela de Belm
A unificante influncia de Cristo foi simbolizada na formosa lenda da adorao
dos trs reis magos ou sbios do Oriente, to maravilhosamente descrita pelo
General Lew Wallace82, em sua encantadora histria Ben Hur.
81
N.R.: Walt Whitman (1819-1892) poeta, ensasta e jornalista americano
82
N.R.: Lewis "Lew" Wallace (1827-1905) - escritor, militar, advogado e diplomata dos Estados
Unidos da Amrica, autor do romance Ben-Hur.
83
N.R: Fp 2: 10
84
N.R: Fp 2: 11
274 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Diz-se que a Estrela de Belm apareceu ao nascer Jesus e guiou os trs sbios
para o Salvador.
No podemos dizer-te;
e procur-Lo intil,
85
N.R.: Gl 4: 19
86
N.R.: Pseudnimo de Johannes Scheffler (1624-1667) - Mstico cristo, filsofo, mdico, poeta,
jurista alemo
87
N.R.: pera de trs atos do com a msica e libreto do compositor alemo Richard Wagner
CRISTO E SUA MISSO 275
Em tal momento, nessa noite, aos que desejassem, pela primeira vez, dar um
passo na Iniciao, seria muitssimo mais fcil porem-se em contato consciente
com o Sol Espiritual.
Por esse motivo, nos antigos templos, os discpulos preparados para a Iniciao
eram levados pelas mos dos Hierofantes dos Mistrios e, por meio de
88
N.R.: Mt 27:51
89
N.R.: os sacerdotes da alta hierarquia dos mistrios
276 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Essa Estrela que brilhou na Santa Noite ainda brilha para o mstico na
obscuridade da noite. Quando o rudo cessa e a confuso da atividade fsica se
aquieta, ento ele entra em seu interior e procura o caminho que conduz ao
Reino da Paz. A brilhante Estrela est sempre ali para gui-lo e sua alma ouve a
cano proftica: Paz na terra e boa vontade entre os homens 90.
Quanto mais forte a luz, tanto mais profunda a sombra que projeta. Quanto
mais altos os ideais, mais claramente podemos ver nossos defeitos.
Enquanto o ser humano esteve plenamente sob o governo das Religies de Raa
de cada nao, cada uma destas era um conjunto unido. Os interesses individuais
90
N.R.: Lc 2:14
91
N.R.: Religio fundada por Maom. O mesmo que chamar de Islamismo ou Muulmanismo.
CRISTO E SUA MISSO 277
Durante cerca de dois mil anos temos concordado, de boca apenas, em agir e
dirigir a vida segundo a mxima: respondei ao mal com o bem. O corao
pede benevolncia e amor. Mas a razo pede beligerncia e medidas punitivas, se
no como vingana, pelo menos como meio de prevenir uma repetio de
hostilidades. Este divrcio entre o corao e a cabea impede o crescimento do
verdadeiro sentimento de Fraternidade Universal e a adorao dos ensinamentos
de Cristo, o Senhor do Amor.
Assim acontece com o Ego. Trabalha com um Trplice Corpo que governa, ou
deveria governar atravs da Mente, mas, triste diz-lo, este corpo, tem uma
vontade prpria, ajudado quase sempre pela Mente, e frustra os propsitos do
Ego.
Assim, o Ego, como sbio general, segue uma conduta semelhante. No comea
sua campanha adquirindo domnio sobre alguma das glndulas, porque estas so
expresses do Corpo Vital. -lhe impossvel adquirir domnio sobre os msculos
voluntrios, muito bem defendidos pelo inimigo. A parte involuntria do sistema
muscular, sob a direo do Sistema Nervoso simptico, seria tambm intil para
esse objetivo.
Com exceo dos pulmes, o corao o nico rgo do corpo atravs do qual
passa todo o sangue em cada ciclo.
92
N.R.: tambm chamada de Epfise Neural
93
N.R.: tambm chamada de Hipfise
CRISTO E SUA MISSO 281
O sangue, ao passar pelo corao, ciclo aps ciclo, hora aps hora, durante toda a
vida, grava os acontecimentos nos tomos-semente, enquanto permanecem
frescos. Prepara um arquivo fidelssimo da vida que, depois, na existncia ps-
morte, se imprimir indelevelmente na alma. O corao est permanentemente
em estreito contato com o Esprito de Vida, o esprito do amor e da unidade, o
que o torna o foco do amor altrusta.
Isto to instantneo que o corao tem tempo de efetu-lo antes da razo, mais
lenta, poder, por assim dizer, considerar a situao. Cr-se que o ser humano
pensa em seu corao e certo, porque assim ele . O ser humano,
inerentemente, em qualquer aspecto, um Esprito Virginal, bom, nobre,
verdadeiro. Tudo o que no bom pertence natureza inferior, o ilusrio reflexo
do Ego. O Esprito Virginal sempre est dando sbios conselhos. Se pudssemos
seguir os impulsos do corao, o primeiro pensamento, a Fraternidade Universal
seria realizada agora mesmo.
O Mistrio do Glgota
Durante os ltimos 2.000 anos, muito se tem escrito sobre o sangue
purificador. O sangue de Cristo tem sido exaltado nos plpitos como o soberano
remdio do pecado, como o nico meio de salvao e redeno.
Eis algumas objees doutrina da redeno (ou perdo) dos pecados por meio
da substituio e da redeno pelo sangue de Cristo Jesus. Iremos dar-lhes
resposta antes de demonstrar a lgica e a harmonia existente na Lei de
Consequncia e na expiao de Cristo.
Para conferir esse auxlio especial, a fim de redimi-los, foi preparada a misso de
Cristo. Ele disse que tinha vindo buscar e salvar os que estavam perdidos. Abriu
o caminho da Iniciao para todos os que quisessem alcan-lo.
94
N.R.: so um conjunto de cinco lagos situados na Amrica do Norte, entre o Canad e os Estados
Unidos.
95
N.R.: rio no leste da Amrica do Norte, na regio dos Grandes Lagos
96
N.R.: em torno de 16 quilmetros
284 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
pessoa vai alm de certo ponto e no perde a vida nos redemoinhos vertiginosos,
perd-la- indubitavelmente ao cair na catarata.
Suponhamos que um ser humano, cheio de piedade pelas vtimas dessas guas,
resolvesse colocar uma corda sobre as cataratas, ainda que soubesse serem tais as
condies que no poderia depois escapar com vida. Apesar disso, de seu prprio
gosto e livremente, sacrifica sua vida e coloca a corda, modificando o estado
inicial. As vtimas abandonadas podem agarrar-se corda e salvar-se.
Que pensaramos de um ser humano que, tendo cado na gua devido sua falta
de cuidado e estivesse lutando furiosamente contra a corrente, exclamasse:
Como? Salvar-me e procurar escapar ao castigo que a minha falta de cuidado
merece? Amparar-me no sacrifcio de quem sofreu sem culpa alguma e deu sua
vida para que outros pudessem salvar-se? No, nunca! Isso no seria digno de
um ser humano! Assumirei as consequncias dos meus erros! .
Se o ser humano encarasse o Sol durante muito tempo ficaria cego, porque as
vibraes da luz solar so to fortes que destruiriam a retina do olho. Mas pode
olhar sem temor a Lua, porque tem vibraes muito mais fracas. A Lua absorve
as vibraes fortes do Sol e reflete as restantes sobre ns.
Disso resultou uma raa que tinha o grau apropriado para separar o Corpo Vital
do Denso e o poder de despertar o Corpo de Desejos, durante o sono, do seu
estado de letargia. Deste modo, alguns foram postos em condies para a
286 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A misso de Cristo, alm de salvar os que estavam perdidos, foi tornar possvel a
Iniciao para todos. Jesus surgiu do povo comum, no foi um levita, classe para
quem era uma herana o sacerdcio. Ainda que no surgisse de uma classe de
instrutores, seus ensinamentos foram superiores aos de Moiss.
Cristo Jesus no negou Moiss, nem a Lei, nem os profetas. Pelo contrrio,
confirmando-os, demonstrou ao povo que eles, ao indicarem Aquele que deveria
vir, foram seus predecessores. Disse ao povo que tais coisas j tinham servido
aos seus propsitos e que, para o futuro, o Amor deveria suceder lei.
97
N.R.: Elias (Meu Deus Jav) foi um profeta e taumaturgo que viveu no reino de Israel
durante o reinado de Acab (sculo IX a.C.).
98
N.R.: Tambm grafado como: Sancara, Sankaracharya, Sancaracarya, Shankaracharya, Sankara,
Adi Sankara, Adi Shankaracharya e Adi Shankara, sendo tambm chamado de Bhagavatpada
Acharya (788-820) foi um monge errante indiano. Sua vida encontra-se envolta em mistrios e
prodgios que a tornam semelhante s de outros insignes mestres espirituais da humanidade.
99
N.R.: no Hindusmo, uma manifestao de Brahma, Vishnu e Shiva.
100
N.R.: Palavra em snscrito que quer dizer: significa "Lei Natural, "Realidade, "Presente de
Deus" ou "vida" no modo geral. Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado
como o "Caminho para a Verdade Superior".
101
N.R.: Antnimo em snscrito de dharma, e significa vcio ou pecado.
CRISTO E SUA MISSO 287
Ser morto mui diferente de morrer. O sangue, que tinha sido o veculo do
Esprito de Raa, devia fluir e ser purificado de toda influncia contaminadora. O
amor ao pai e me, com excluso de todos os demais pais e mes, devia ser
abandonado. De outra maneira, a Fraternidade Universal e o Amor altrusta que a
todos abarca no poderiam jamais converter-se em fatos reais.
O Sangue Purificador
Quando o Salvador, Cristo Jesus, foi crucificado, seu Corpo foi ferido em cinco
lugares, nos cinco centros por onde fluem as correntes do Corpo Vital. A presso
da coroa de espinhos produziu um fluxo no sexto centro tambm (isto um
vislumbre para os que j conhecem essas correntes. Uma explicao ampla no
pode, por enquanto, ser dada publicamente).
Quando o sangue fluiu desses centros, o grande Esprito Solar, Cristo, libertou-se
do veculo fsico de Jesus. Encontrando-se na Terra com Seus veculos
individuais, compenetrou os veculos planetrios, j existentes e, num abrir e
fechar de olhos difundiu Seu prprio Corpo de Desejos pelo Planeta, o que
permitiu, da para diante, trabalhar sobre a Terra e sobre a humanidade, de
dentro.
Naquele momento, uma poderosa onda de luz espiritual solar inundou a Terra. O
vu do Templo rompeu-se, o vu que o Esprito de Raa tinha colocado ante o
Templo, para resguard-lo de todos, menos dos poucos escolhidos. Desde aquele
tempo, o caminho da Iniciao ficou aberto para quem nele queira entrar.
Subitamente, como um relmpago, essa onda transformou as condies da Terra
no que diz respeito aos Mundos Espirituais. As condies densas e concretas,
obviamente, so afetadas muitos mais lentamente.
Sob a Lei, todos pecavam e, mais ainda, no podiam ser ajudados. No se tinham
desenvolvido at o ponto de poderem agir com retido, por Amor. Era to forte a
natureza de desejos que se tornava impossvel dirigi-la. As dvidas contradas
sob a Lei de Consequncia tinham tomado propores colossais. A evoluo ter-
se-ia demorado terrivelmente e muitos perderiam nossa onda de vida se no
fossem ajudados.
Por tais motivos, Cristo veio para buscar e salvar os que estavam perdidos102.
Limpou os pecados do mundo com o seu sangue purificador, o que lhe permitiu
entrar na Terra e na humanidade. A Ele, ao fazer essa purificao, devemos a
possibilidade de atrair para os nossos Corpos de Desejos matria emocional mais
pura do que antes. Ele continua trabalhando para ajudar-nos, tornando o
ambiente que nos rodeia cada vez mais puro.
102
N.R.: Mt 18:11
CRISTO E SUA MISSO 289
ncleo da nova f formado por Cristo. Jesus de Nazar, desde aquele tempo, tem
conservado a direo dos ramos esotricos, existentes em toda a Europa.
Os Irmos Maiores, Jesus entre Eles, tm lutado e lutam por equilibrar essa
poderosa influncia que, semelhante aos olhos da serpente, obriga o passarinho a
cair em suas fauces. Cada tentativa para iluminar o povo e para nele despertar o
desejo de cultivar o lado espiritual da vida uma evidncia da atividade dos
Irmos Maiores.
Possam seus esforos ser coroados de xito e apressar o dia em que a cincia
moderna, espiritualizada, encaminhe as investigaes sobre a matria, do ponto
de vista do esprito. Ento, e no antes, compreenderemos e conheceremos,
verdadeiramente, o mundo.
103
N.R.: povos de origem indo-europeia que habitava extensas reas da Europa pr-romana, eram
sacerdotes do lendrio povo celta.
CAPTULO XVI - Desenvolvimento Futuro e
Iniciao
Os Sete Dias da Criao
Ao Perodo Terrestre os Rosacruzes chamam Marte-Mercrio. Os grandes Dias
da Manifestao Criadora, pelos quais tm passado e passaro os Espritos
Virginais, em sua peregrinao atravs da matria, deram nome aos dias da
semana:
Dia da
Dia Correspondente ao Regido por
criao
Sbado Perodo de Saturno Saturno 1
Friday (sexta-feira) era assim chamado porque a deusa do norte que encarnava a
beleza chamava-se Freya. Por anlogas razes, os latinos chamavam-no Dies
Veneris, o dia de Vnus.
Esses nomes dos perodos nada tm a ver com os Planetas fsicos. Referem-se s
encarnaes passadas, presente e futuras da Terra. Como no dizer do axioma
hermtico: assim como em cima, em baixo, o macrocosmo tem suas
encarnaes como as tem o ser humano, o microcosmo.
A cincia oculta diz que h 777 encarnaes, o que no quer significar que a
Terra sofra 777 metamorfoses. Significa que a vida que est evoluindo faz:
7 Globos dos
7 Perodos Mundiais
Durante esse tempo, antes de atingir o estado humano, a onda que est evoluindo
passou atravs de quatro grandes estados de desenvolvimento, analogamente ao
animal. Esses quatro graus passados correspondem aos quatro graus que ainda
teremos de passar, bem como s quatro Grandes Iniciaes.
Uma diviso similar existe na forma dos animais atuais. Como a forma a
expresso da vida, cada grau de desenvolvimento desta corresponde,
necessariamente, a um desenvolvimento de conscincia.
I RADIADOS
1. Plipos (Anmonas marinhas, Corais)
2. Acalfios (Alforrecas107)
3. Asteroides (Estrelas Marinhas, Ourios do mar)
II - MOLUSCOS
104
N.R.: Jean Lopold Nicolas Frdric Cuvier (1769-1832) naturalista e zoologista francs
105
N.R.: Karl Maksimovich Baer (1792-1876) bilogo, gelogo, meteorologista e mdico
prussio-estoniano
106
N.R.: Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) naturalista, geologista e professor suo
107
N.R.: ou Acalefos; exe. Celenterados, guas-vivas
DESENVOLVIMENTO FUTURO E INICIAO 295
III - ARTICULADOS
7. Vermes
8. Crustceos (lagostas, etc.)
9. Insetos
IV - VERTEBRADOS
10. Peixes
11. Rpteis
12. Aves
13. Mamferos
108
N.R. sem cabea
109
N.R. ps nos intestinos
110
N.R. ps na cabea; exe. Polvo
296 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A lenda dos Maniqueus diz que h dois Reinos: o dos Luminosos e o dos
Sombrios. Estes ltimos atacam os primeiros e so derrotados. Devem se
castigados, mas como os Luminosos so perfeitamente bons (os Sombrios
completamente maus) no podem lhes infligir nenhum mal, pelo que os castigam
fazendo-lhes o Bem. Para isso, uma parte do Reino dos Luminosos se incorpora
ao dos Sombrios e, desta maneira, com o tempo, o mal transmutado. O dio
no ser dominado pelo dio; h de sucumbir ante o Amor.
Ao finalizar o Perodo de Vnus poder empregar a prpria fora para dar vida a
suas imaginaes e para exterioriz-las no espao, como objetos. Possuir, ento,
uma conscincia objetiva, consciente e criadora.
A parte do Corpo Denso que tenha sido trabalhada pelo Esprito Divino chama-
se Alma Consciente e, por fim, submerge-se no Esprito Divino, porque o Corpo
Denso a sua emanao material.
A Alma Consciente cresce pela ao, pelos impactos externos e pela experincia.
descrita, a alma extrada dele e absorvida pelo aspecto do Esprito que gerou o
Corpo. Assim:
A Palavra Criadora
A Mente o instrumento mais importante que o esprito possui, um instrumento
especial na obra da criao. A laringe espiritualizada e perfeita falar a Palavra
Criadora, mas a Mente aperfeioada decidir quanto forma particular e volume
de vibrao. A Imaginao ser a faculdade espiritualizada que dirigir a criao.
A humanidade atual ter a seu cargo a evoluo da onda de vida que comeou no
Perodo Terrestre e que, agora, anima os minerais. Atualmente estamos
trabalhando com eles por meio da imaginao, dando-lhes formas, fazendo com
eles barcos, pontes, trilhos, mquinas, casas, etc.
vaidade. De valor real to-s o que podemos levar para alm do umbral da
morte, como tesouro do esprito.
Podero parecer preciosas as plantas e suas flores protegidas pela caixa de vidro
de uma estufa. Contudo, se forem retiradas da estufa que as conserva em boa
temperatura, gelar-se-o e morrero, enquanto as plantas que crescem sob a
chuva e o sol, sob a calma e a tormenta, sobrevivero mesmo no inverno e
florescero cada ano.
Com o ser humano acontece algo semelhante. Ser muito duro lutar com a
pobreza e com a fome, porm, do ponto de vista da alma, infinitamente
prefervel a uma vida de grande luxo. Quando a fortuna um meio para pensar
filantropicamente, para ajudar os demais seres humanos a aperfeioar-se, pode
constituir uma grande bno para o seu possuidor. Mas quando utilizada com
propsitos egostas e opressivos no pode ser considerada seno como terrvel
desgraa.
O Ego est aqui para adquirir experincia por intermdio de seus instrumentos.
Essas ferramentas, que recebe em cada nascimento so boas, ms ou de pouco
proveito, de acordo com o que, para a sua construo, aprendeu nas experincias
passadas. Se desejarmos fazer algo vantajoso, temos de trabalhar com elas tais
como so.
Para a realizao desses trs graus, que podem ser vistos no mundo externo,
onde os grandes Guias da humanidade os colocaram, h trs ajudas.
A plena operao dessa ajuda pode ser vista no Dia de Pentecostes112. O Esprito
Santo o Deus de Raa e todos os idiomas so expresses dele. Esta a razo
por que os Apstolos, quando estavam plenamente unidos e submergidos no
Esprito Santo, falavam diferentes lnguas e podiam convencer os seus ouvintes.
Seus Corpos de Desejos tinham sido purificados de modo a produzir a desejada
unio. Isto um vislumbre daquilo que o discpulo alcanar algum dia: poder
falar todos os idiomas. Como exemplo histrico moderno podemos citar o Conde
de Saint Germain (uma das ltimas encarnaes de Christian Rosenkreuz, o
fundador da nossa sagrada Ordem) que falava todos os idiomas. Todos aqueles a
quem dirige a palavra acreditavam que ele fosse de sua prpria nacionalidade.
Ele tambm realizou a unio com o Esprito Santo.
So Paulo refere-se a esses estados quando diz: at que o Cristo nasa dentro de
vs 113 e exorta seus seguidores a desembaraarem-se de todos os empecilhos,
como os atletas numa corrida.
Essas so oraes ao Deus de Raa, o Deus que participa das batalhas do seu
povo, que aumenta seus rebanhos, enche os seus depsitos, cuida, enfim, de suas
necessidades materiais. Tais oraes nem sempre purificam. Surgem do Corpo
de Desejos, e podem resumir-se assim: Senhor, agora estou guardando todos os
teus mandamentos da melhor maneira que posso; espero que, em troca, tu fars a
tua parte.
Cristo deu humanidade uma orao que, tal como Ele mesmo, a nica e
universal. H nela sete oraes distintas e separadas, uma para cada um dos sete
princpios do ser humano: o Trplice Corpo, o Trplice Esprito e, o elo de
ligao, a Mente. Cada orao est particularmente adaptada para promover no
ser humano o progresso da parte a que dirigida.
A orao pela Mente tem por fim conserv-la do modo melhor como lao de
unio entre a natureza superior e a inferior.
114
N.R.: Mq 4: 4
MTODO PARA ADQUIRIR O CONHECIMENTO DIRETO 311
A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau
de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do corao. O intelecto
pede imperiosamente uma explicao lgica de todas as coisas, do mistrio do
mundo, do problema da vida e da morte. O preceito sacerdotal no procureis
conhecer os mistrios de Deus no explicou as razes e o modus operandi da
existncia.
Seria bom que o discpulo sempre recordasse que a lgica o guia mais seguro
em todos os mundos. Portanto, o que no seja lgico no pode existir no
Universo. Tambm no deve esquecer as limitaes das prprias faculdades,
nem que, s vezes, seriam necessrios poderes raciocinadores mais poderosos do
que os seus para poder resolver alguns problemas. Com efeito, h problemas que
s podem ter ampla explicao quando examinados luz de raciocnios muito
alm do presente estado de desenvolvimento da capacidade do discpulo. Outro
ponto que deve ter sempre presente: inteiramente necessria a confiana mais
absoluta no mestre.
A Cincia da Nutrio
Se, comeando pelo veculo denso, examinarmos os meios fsicos para melhor-
lo e convert-lo no melhor instrumento possvel do esprito e, depois, estudarmos
os meios espirituais conducentes ao mesmo fim, os demais veculos ficaro
includos nesse estudo. Este o mtodo que seguiremos.
Qual a fonte desse acmulo de matrias que produz a morte? Como o corpo
nutrido pelo sangue, qualquer substncia nele existente deve ter estado
primeiramente no sangue. A anlise mostra que o sangue tem substncias
terrosas da mesma classe dos agentes da solidificao. Devemos notar que o
sangue arterial contm mais substncias terrosas do que o sangue venoso.
A pele e o sistema urinrio salvam o ser humano de uma morte prematura. Sem
eles, que eliminam a maior parte das substncias terrosas que absorvemos nos
alimentos, no viveramos nem dez anos.
O banho geral de grande valor como meio de conservar a sade do corpo. Deve
ser tomado, frequentemente, pelo aspirante vida superior. A transpirao,
sensvel ou insensvel, expulsa muito mais substncias terrosas do que qualquer
outra funo.
MTODO PARA ADQUIRIR O CONHECIMENTO DIRETO 317
No se deve crer que a gua contenha menor quantidade de calcrio por ter sido
fervida. A crosta que se deposita no fundo da chaleira deixada pela gua
evaporada, que sai como vapor.
Nenhum indivduo que mate pode chegar muito acima no caminho da santidade.
Notemos, todavia que, comendo a carne, agimos pior do que se realmente
matssemos. Com efeito, para evitar cometer pessoalmente essas matanas,
obrigamos um semelhante115, forado por necessidades econmicas, a dedicar
sua vida inteira ao assassnio. Isso o brutaliza em tal extenso que a lei no lhe
permite atuar como jurado nos julgamentos por crimes capitais, porque o seu
trabalho o tem familiarizado demasiadamente com a matana.
Os iluminados sabem que os animais so nossos irmos mais jovens e que sero
humanos no Perodo de Jpiter. Nesse tempo, ajud-los-emos, tal como os
Anjos, que eram seres humanos no Perodo Lunar, esto a ajudar-nos agora.
115
N.R.: um ser humano, um irmo ou irm
318 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Contudo, podem ser usados vrios produtos animais muito importantes, como o
leite, o queijo e a manteiga. Tais produtos so o resultado de processo de vida.
Transform-los em alimento no causa nenhum sofrimento. O leite, fator
importantssimo para o estudante ocultista, no contm substncias terrosas e,
por conseguinte, exerce influncia como nenhum outro alimento.
Durante o Perodo Lunar, o ser humano foi alimentado com o leite da Natureza,
alimento universal. O emprego do leite tem certa tendncia a pr-nos em contato
com as foras csmicas, que capacitaro para curar os outros.
A fruta fresca contm gua da classe mais pura e melhor, capaz de penetrar no
sistema de uma maneira maravilhosa. O suco de uvas particularmente um
dissolvente admirvel. Purifica e estimula o sangue e abre-lhe caminho nos
capilares j secos e endurecidos, sempre que o processo de endurecimento no
tenha ido demasiado longe. O tratamento pelo suco de uvas sem fermentar, torna
fortes, vigorosas e cheias de vida as pessoas de olhos cansados, plidas e de
compleio pobre. A crescente permeabilidade permite ao esprito manifestar-se
com mais liberdade e com renovada energia. A Tabela seguinte, com exceo da
ltima coluna, foi copiada das publicaes do Departamento de Agricultura dos
MTODO PARA ADQUIRIR O CONHECIMENTO DIRETO 319
O nmero de calorias (por dia) necessrio para sustentar o corpo sob diferentes
condies, mostra-se na Tabela seguinte:
Dos vegetais digerimos somente 83% das protenas, 90 % das gorduras e 95%
dos hidratos de carbono.
Das frutas assimilamos 85% das protenas, 90% das gorduras e 90% dos hidratos
de carbono.
Sob o ponto de vista oculto, toda conscincia do Mundo Fsico resulta da luta
constante entre os Corpos de Desejos e Vital.
Com a mesma classe de alimentos, a pessoa serena e jovial viver muito mais,
gozar de melhor sade e ser mais ativa do que a pessoa melanclica que perde
o domnio prprio. A ltima produzir e lanar por todo o organismo mais
corpsculos brancos destruidores do que a primeira. Se os seres humanos de
cincia analisassem os corpos dessas duas pessoas, notariam que existe uma
quantidade muito menor de substncias terrosas no corpo da pessoa jovial do que
no corpo do irascvel.
A Lei da Assimilao
Segundo a lei da assimilao uma partcula forma parte do nosso corpo quando,
como espritos, a dominamos e sujeitamos a ns mesmos. Nesse caso,
recordemos que as foras ativas so principalmente os nossos mortos, que
entraram no cu. Ali aprendem a construir corpos para us-los aqui, porm
trabalham de acordo com certas leis que no est em seu poder modificar. Em
toda partcula de alimento h vida. Antes de podermos incorpor-la pela
assimilao, necessrio que a dominemos e a sujeitemos. Em caso contrrio,
no poderia haver harmonia no corpo, cada parte agiria independentemente,
como acontece quando, pela morte, a vida coordenadora se retira do corpo. Esse
o processo de desintegrao, precisamente o oposto da assimilao. Quanto
mais individualizada est a partcula que se h de assimilar, tanto maior energia
necessria para digeri-la e tanto menos tempo permanecer, procurando logo
alguma sada para libertar-se.
Objeta-se algumas vezes que tambm arrebatamos a vida dos vegetais e frutas
que comemos. Objeo baseada numa imperfeita compreenso dos fatos.
Quando a fruta est madura, j realizou o seu propsito: agir como matriz da
semente. Se no aproveitada, apodrece e perde-se. Alm disso, destinada a
servir de alimento ao animal e ao ser humano, ao cair no solo frtil proporciona
semente oportunidade de germinar. O vulo e o smen dos seres humanos so
estreis sem o tomo-semente do Ego reencarnante e sem a matriz do Corpo
Vital. Assim tambm, qualquer ovo ou semente, se isolados, so desprovidos de
vida. Mas se lhe so proporcionadas as condies necessrias de incubao, a
vida do Esprito-Grupo neles penetra aproveitando a oportunidade para garantir a
produo de um Corpo Denso. Se esmagarmos ou cozinhamos o ovo ou a
semente, ou no lhe so proporcionadas as condies necessrias para a vida, a
oportunidade se perde. Isto tudo.
116
N.R.: 1850-1919: escritora e poeta estadunidense.
330 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
No seria mais belo o ser humano assumir seu papel de amigo e protetor do
fraco? A quem no agrada visitar o Central Park de Nova York, acariciar e dar
de comer s centenas de esquilos que correm de um a outro lado, na certeza de
que no sero molestados? Quem no se alegra ao ver o letreiro que diz: Sero
mortos os ces que forem apanhados caando esquilos? Isto duro para os ces,
sem dvida, mas evidencia o crescente sentimento favorecedor e protetor do
dbil contra a fora irracional e egosta do forte. Nada diz o letreiro dos prejuzos
que os seres humanos pudessem causar aos esquilos, o que seria inadmissvel.
To grande a confiana dos pequeninos e alegres animaizinhos na bondade do
ser humano que este no a violaria.
A Orao do Senhor
Voltamos a considerar as ajudas espirituais no progresso humano, podemos
comparar a Orao do Senhor (Pai Nosso117) como uma frmula abstrata ao
melhoramento e purificao de todos os veculos do ser humano. O cuidado a
prestar ao Corpo Denso est expresso nas palavras: o po nosso de cada dia dai-
nos hoje.
117
N.R.: Mt 6: 9-13
MTODO PARA ADQUIRIR O CONHECIMENTO DIRETO 331
Ao desencarnar, a maioria dos seres humanos deixa a vida fsica com o mesmo
temperamento que trouxe ao nascer. O aspirante deve conquistar,
sistematicamente, todos os arrebatamentos do Corpo de Desejos e assumir o
prprio domnio. Isto se efetua pela concentrao sobre elevados ideais, que
vigoriza o Corpo Vital. um meio muito mais eficaz do que as oraes da
igreja. O ocultista cientista prefere empregar a concentrao orao porque a
primeira realiza-se com o auxlio da Mente, que fria e insensvel, enquanto a
orao, geralmente, ditada pela emoo. Feita com devoo pura e impessoal,
dirigida a elevados ideais, a orao muito superior fria concentrao. Alis,
nunca poder ser fria, porque voa para Divindade sobre as asas do Amor, a
exaltao do mstico.
ao, firmemente, mas deve transmut-los em algo superior. Por meio de nobres
aspiraes, deve saber transcender o amor egosta que busca a posse de outro
corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundamentados em razes
pessoais egosticas.
O Amor pelo qual se deve aspirar unicamente o da alma; que abarca todos os
seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporo direta s necessidades
daquele que recebe.
A Fama pela qual se deve aspirar a que possa aumentar nossa capacidade de
transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para
a dor do seu corao.
O ser humano conheceu o bem e o mal quando seus olhos mentais se abriram.
Aquele que realiza a ligao da Mente ao Eu superior permanentemente,
pessoa de elevado entendimento. Se, pelo contrrio, a Mente est ligada
natureza emocional inferior, a pessoa tem mentalidade inferior.
Por tais razes, a orao para a Mente traduz a aspirao de nos libertarmos das
experincias resultantes da aliana da Mente com o Corpo de Desejos e de tudo
quanto tal aliana origina.
O Esprito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: Seja feita a
Vossa Vontade....
O Voto de Celibato
A perverso sexual, ou erotomania, comprova a afirmao dos ocultistas de que
uma parte da fora sexual constri o crebro: o erotomanaco converte-se em
idiota, incapaz de pensar, porque exterioriza no somente a parte negativa ou
positiva da fora sexual (seja ser humano ou mulher), empregada normalmente
pelos rgos sexuais para a gerao, mas exterioriza tambm parte da fora que,
dirigida ao crebro, organiz-lo-ia e tornaria apto a pensar. Da as deficincias
mentais que apresenta.
Os aspirantes vida superior, ansiosos por viver uma nobre vida espiritual,
muitas vezes olham a funo sexual com horror, por causa das misrias que o
seu abuso tem trazido humanidade. Nem querem ver o que consideram uma
impureza, esquecendo-se de que seres humanos como eles (os quais deram boas
condies aos seus veculos por meio de alimentao apropriada e saudvel, de
elevados e bondosos pensamentos e de vida espiritual) so, precisamente, os que
esto em melhores condies para gerar Corpos Densos apropriados s
necessidades de desenvolvimento das entidades que os esperam para renascer.
Todos os ocultistas sabem que, atualmente, muitos Egos elevados no podem
renascer, em prejuzo da raa, por no encontrarem pais suficientemente puros
para proporcionar-lhes os veculos fsicos convenientes.
uma grande verdade que nenhum ser humano vive somente para si. As
nossas palavras e aes afetam constantemente os outros. Se agirmos retamente,
podemos ajudar ou prejudicar vidas, mas se descuidamos nossos deveres
podemos frustr-las. Primeiramente, dos que esto em imediato contato conosco;
depois, dos habitantes da Terra e, talvez ainda, outras alm.
Ningum tem o direito de procurar a vida superior sem ter cumprido antes seus
deveres para com a famlia, o pas e a raa humana. Deixar tudo de lado,
egoisticamente, e viver unicamente para o prprio desenvolvimento espiritual
to repreensvel como desinteressar-se absolutamente pela vida espiritual. Antes,
ainda pior. Quem cumpre seus deveres na vida ordinria da melhor maneira
que pode, dedicando-se ao bem-estar dos que de si dependem, esto cultivando a
faculdade fundamental, o dever. E, certamente, avanar tanto que despertar
chamada da vida superior. Apoiado no dever anteriormente cumprido encontrar
grande auxlio nesse trabalho. O ser humano que deliberadamente volta as costas
aos deveres atuais para dedicar-se vida espiritual, com certeza ser coagido a
voltar ao caminho do dever, do qual se afastou equivocadamente. No poder
escapar sem que tenha aprendido a lio.
Certas tribos da ndia fazem muito boa diviso de sua vida: os primeiros 20 anos
so dedicados educao; dos 20 aos 40 dedicam-se criao da famlia, o resto
do tempo aplicado no desenvolvimento espiritual, sem nenhum cuidado fsico
que incomode ou distraia a Mente. Durante o primeiro perodo a criana
mantida por seus pais. No segundo, o ser humano, alm de sustentar a famlia,
cuida dos pais, enquanto eles esto dedicando sua ateno s coisas elevadas e,
durante o resto da vida, mantido por seus filhos.
justificado que o aspirante descuidasse seus deveres, dedicando todo seu tempo e
energia a propsitos espirituais.
Empregando a fora sexual do modo indicado, a funo ter lugar muito poucas
vezes na vida e, praticamente, toda a fora sexual poder ser empregada para fins
espirituais. No o uso, mas o abuso que produz todas as perturbaes e que
interfere com a vida espiritual. No h necessidade alguma de abandonar a vida
338 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
superior quando no se possa ser casto, nem necessrio ser estritamente casto
para passar pelas Iniciaes Menores.
118
N.R.: tambm chamada de Hipfise
119
N.R.: tambm chamada de Epfise Neural
120
N.R.: tambm chamada de Epfise Neural
340 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
121
N.R.: tambm chamada de Hipfise
MTODO PARA ADQUIRIR O CONHECIMENTO DIRETO 341
que por meio dele, podem ser lidos os mais secretos pensamentos. O Iniciado,
pelo voto mais solene, obriga-se a no empregar jamais esse poder para servir
seus interesses individuais, sequer em grau mnimo, nem para salvar-se de
qualquer dor ou tormento. Pode dar de comer a cinco mil pessoas, se o deseja,
mas no pode converter uma pedra em po para aplacar a prpria fome. Pode
curar os outros da paralisia ou da lepra, mas no pode usar a Lei do Universo
para curar suas prprias feridas mortais. Est ligado a um voto de absoluto
desinteresse e, por isso, sempre certo que o Iniciado, ainda que possa salvar os
outros, no pode salvar-se.
122
N.R.: tambm chamada de Hipfise
342 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Treinamento Esotrico
Na maioria dos seres humanos, a maior parte da fora sexual que, de modo
legtimo, deve ser usada pelos rgos da gerao, emprega-se na gratificao dos
sentidos. Nesses seres humanos h muito pouca corrente ascendente (Diagrama
17).
Quando o aspirante vida domina cada vez mais esses excessos e dedica sua
ateno a pensamentos e esforos espirituais, o clarividente educado pode
verificar que a fora sexual no utilizada comea a subir. Ao subir, em volume
cada vez maior, segue o caminho indicado pelas flechas no Diagrama 17,
atravessa o corao e a laringe, ou a medula espinhal e a laringe, ou a ambos ao
mesmo tempo, passando diretamente entre o Corpo Pituitrio e a Glndula Pineal
para o ponto obscuro da raiz do nariz, onde o Vigilante Silencioso, o mais
elevado esprito, tem Seu templo.
Quando o candidato tenha vivido deste modo o tempo suficiente para estabelecer
a corrente de fora espiritual, est apto e capacitado para receber instrues
esotricas. So fornecidos a ele, ento, alguns exerccios para pr em vibrao a
glndula pituitria. Essa vibrao faz a glndula pituitria chocar e desviar
ligeiramente a linha de fora mais prxima (Diagrama 17). Esta se choca com a
prxima, e o processo continua at que a fora da vibrao se esgota. Isto se
efetua de maneira parecida ao tocar-se uma nota num piano: ela produzir certo
nmero de sons harmnicos, a intervalos apropriados, os quais, por sua vez,
faro vibrar as cordas correspondentes do piano.
memria, sem a qual seria impossvel trazer de volta, nossa conscincia fsica,
as lembranas das experincias suprafsicas e delas obtermos todo o benefcio.
Essa , pois, de fato, a parte do Corpo Vital que o aspirante retm vida aps vida,
e que imortaliza como Alma Intelectual.
A parte mais sutil do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, capaz
de separao na maioria das pessoas (em realidade ela j possua essa capacidade
antes da vinda de Cristo). Assim, por meio da concentrao e do emprego de
frmula apropriada, as partes mais sutis dos veculos foram isoladas para serem
empregadas durante o sono ou em qualquer outra hora, deixando as partes
inferiores dos Corpos Vital e de Desejos encarregadas dos processos de
restaurao do veculo denso, a parte simplesmente animal.
Essa parte do Corpo Vital que sai est altamente organizada, como vimos. a
exata contraparte do Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente no esto
organizados, so teis unicamente porque esto ligados ao altamente organizado
Corpo Denso. Quando separados deste so instrumentos muito pobres. Por isso,
antes que possa separar-se do Corpo Denso, o ser humano precisa despertar os
centros sensoriais do Corpo de Desejos.
123
N.R.: Jo 1:29
346 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Na vida corrente o Ego est dentro de seus corpos, dirigindo suas foras para o
exterior. Toda a vontade e energia humanas esto empenhadas na tarefa de
dominar o mundo externo. Em nenhum momento ele capaz de livrar-se das
impresses do ambiente externo e trabalhar livremente sobre si mesmo nas horas
de viglia. Porm durante o sono, quando se apresenta essa oportunidade, porque
o Corpo Denso perde a conscincia do mundo, o Ego fica fora dos seus corpos.
Se o ser humano tiver que agir sobre os seus veculos, h de ser quando esteja
alheio ao mundo externo, como no sono, contanto que o esprito permanea
dentro e no pleno controle de suas faculdades, como sucede nas horas da viglia.
Enquanto no obtiver esse estado impossvel ao Esprito atuar internamente e
sensibilizar devidamente os seus veculos.
A seguir descobrir que pode, durante o sono, visitar qualquer lugar sobre a
superfcie da Terra e estud-lo muito melhor do que se l tivesse ido em seu
Corpo Denso, pois em seu Corpo de Desejos ele pode entrar em todos os lugares,
a despeito de portas e fechaduras. Se persistir, dia chegar finalmente em que
no precisar esperar o sono para desfazer a ligao entre os seus veculos, mas
poder libertar-se deles conscientemente.
Concentrao
A primeira prtica a efetuar-se a fixao do pensamento em um ideal e assim
mant-lo, sem permitir que se desvie. Tarefa sumamente difcil, ela deve ser
realizada regularmente pelo menos at que se possa alcanar algum progresso. O
pensamento o poder que empregamos na formao de imagens, cenas,
pensamentos-formas, de acordo com as ideias internas. o nosso poder
principal, e temos de aprender a mant-lo sob nosso absoluto controle de modo a
produzirmos no absurdas iluses induzidas pelas circunstncias exteriores, mas
sim imaginaes verdadeiras geradas pelo esprito, internamente. (Veja o
Diagrama 1).
Os cticos diro que tudo imaginao, mas, como j vimos antes, se o inventor
no imaginasse o telefone, etc., no possuiramos tais coisas. De modo geral suas
imaginaes no foram corretas ou certas no incio. Se o tivessem sido, os
inventos teriam funcionado com todo o xito desde o princpio, sem aqueles
muitos fracassos e experincias aparentemente inteis que quase sempre
precedem o aparecimento de um instrumento ou mquina utilitria e prtica.
Tampouco correta a princpio a imaginao do ocultista novato. A nica
maneira de imaginar-se corretamente conseguida pela prtica ininterrupta, dia
aps dia, exercitando-se o pensamento, pela vontade, a manter-se enfocado sobre
um assunto, objeto ou ideia, excluindo tudo o mais. O pensamento um grande
poder que costumamos desperdiar. Permitimo-lo fluir sem qualquer objetivo, do
mesmo modo que a gua se despeja no precipcio sem aproveitamento na
movimentao de uma turbina.
Os que tm viajado pela ndia falam-nos de faquires que mostram uma semente,
plantam-na e a planta cresce rapidamente ante os olhos atnitos das testemunhas,
produzindo frutos que o viajante pode provar. Isto resulta de uma concentrao
to intensa que o quadro se torna visvel, no somente para o prprio faquir, mas
tambm para os espectadores. Recordamo-nos do caso em que os membros de
350 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
uma comisso cientfica viram essas coisas maravilhosas com seus prprios
olhos, e sob condies tais que toda prestidigitao era impossvel, mas as
fotografias obtidas enquanto se efetuavam as experincias nada mostraram de
extraordinrio. Nem havia a menor impresso nas chapas sensveis, pois no
existiam objetos materiais concretos.
Talvez nada aparea durante muito tempo, mas o aspirante deve ter o cuidado de
no criar vises por si mesmo. Se a prtica for seguida fiel e pacientemente todas
as manhs, chegar o dia em que no momento que faa desaparecer a imagem, o
Mundo do Desejo que o rodeia abrir-se- aos seus olhos internos como num
relmpago. A princpio pode no ser mais do que um mero vislumbre, contudo
no deixa de ser um sinal daquilo que vir mais tarde, sempre que o deseje.
Meditao
Tendo praticado a Concentrao durante algum tempo, enfocando a Mente sobre
um objeto simples, construindo um pensamento-forma vivente atravs da
faculdade imaginativa, o aspirante pode aprender pela Meditao tudo o que se
refere ao objeto assim criado.
Observao
Um dos mais importantes auxlios ao aspirante que se esfora a observao. A
maioria das pessoas atravessa a vida quase s cegas. , literalmente, certo dizer
delas: tm olhos e no veem... tm ouvidos e no ouvem124. Na maior parte da
humanidade h uma deplorvel falta de observao.
At certo ponto, muitas pessoas podem desculpar-se pela sua falta de viso
normal. A vida urbana tem causado inmeros danos aos olhos. No campo a
criana aprende a usar os msculos dos olhos em toda a extenso, relaxando-os
ou contraindo-os, conforme seja necessrio para ver objetos a distncias
considerveis ao ar livre ou ao alcance da mo, dentro e fora de casa. Mas o filho
das cidades v praticamente todas as coisas de perto, e os msculos dos seus
olhos raramente so empregados para observar objetos a grandes distncias. Por
conseguinte, essa faculdade se perde em grande parte, resultando disso a miopia
e outros problemas da viso.
muito importante que o aspirante vida superior possa ver todas as coisas ao
redor de si de maneira clara, ntida, distinta, em todos os pormenores. Para os
que sofrem da vista, o uso de lentes como o abrir-se um mundo novo sua
frente. Em vez da anterior nebulosidade, tudo visto clara e definidamente. Se a
condio da viso requer o emprego de dois focos, no deve a pessoa contentar-
se com dois pares de culos, um para as coisas prximas e outro para as
distantes, que obrigam a mudanas frequentes. No somente porque as mudanas
so incmodas, mas tambm porque se pode esquecer um dos pares ao sair de
casa. Podem-se ter os dois focos num s par de lentes bifocais, e esses so os que
devem ser usados para facilitar a observao dos pormenores.
Discernimento
Quando o aspirante tiver cuidado de sua viso, deve observar sistematicamente
todas as coisas e todas as pessoas, e tirar concluses dos fatos a elas
relacionadas, a fim de cultivar a faculdade do raciocnio lgico. A lgica o
melhor instrutor no Mundo Fsico, assim como o guia mais seguro em qualquer
mundo.
Quando se pratica este mtodo de observao, necessrio ter bem presente que
deve ser empregado exclusivamente para agrupar fatos, no com o propsito de
124
N.R.: Mt 13: 13-14
MTODO PARA ADQUIRIR O CONHECIMENTO DIRETO 353
criticar, nem que seja por brincadeira. A crtica construtiva, que assinala os
defeitos e o modo de remedi-los, base do progresso. Mas a crtica destrutiva,
sem nenhuma finalidade superior, que destri de modo vandlico tudo quanto
toca de bom ou de mau, uma lcera do carter que deve ser extirpada. As
conversaes frvolas e os mexericos so estorvos, obstculos. Se bem que no
necessrio dizer que o branco negro, e dissimular que no se v a m conduta
alheia. A crtica sempre deve ser feita com propsitos de ajudar, no com o de
manchar, irresponsavelmente, o carter do nosso prximo quando nele
encontramos alguma pequena ndoa. Relembrando a parbola do argueiro e da
trave, voltemos nossa impiedosa crtica contra ns mesmos. Ningum to
perfeito que no necessite melhorar. Quanto mais impecvel o ser humano
menos se inclina a encontrar faltas nos demais e atirar a primeira pedra nos
outros. Ao assinalarmos alguma falta e indicarmos o meio de corrigi-la, devemos
fazer isso impessoalmente. Procuremos sempre o bem que se acha oculto em
tudo. O cultivo desta atitude de discernimento especialmente importante.
Contemplao
Diferentemente da Meditao, na Contemplao no necessrio esforo de
pensamento ou de imaginao para conseguir-se a informao desejada. Este
exerccio consiste simplesmente em mantermos o objeto ante a viso mental e
deixar que a alma dele nos fale. Repousando tranquilamente num div ou na
cama no de modo negativo, mas completamente alerta esperamos a
354 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Quando alcanamos esse estado, e pomos diante de ns, por exemplo, uma
rvore na floresta, ns perdemos de vista a forma por completo e s veremos a
Vida, que neste caso o Esprito-Grupo. Descobrimos ento, para nosso
assombro, que o Esprito-Grupo da rvore inclui os diversos insetos que dela se
alimentam. Assim, tanto o parasita quanto o tronco em que ele se prende so
emanaes do mesmo Esprito-Grupo, pois quanto mais subimos nos domnios
do invisvel menos formas separadas e distintas encontramos, e mais
completamente a Vida Una predomina, e imprime no investigador a noo
suprema de que no h seno Uma Vida a Vida Universal de Deus, em Quem
realmente vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. Os minerais, as plantas,
os animais e o ser humano todos sem exceo so manifestaes de Deus, e
este fato fornece a verdadeira base da fraternidade, uma fraternidade que inclui
tudo, desde o tomo at o Sol, porque todos so emanaes de Deus. Fracassaria
o conceito de fraternidade que se baseasse em outro princpio qualquer, como o:
das distines de classes, das afinidades de raa ou de ofcio, etc. O ocultista
compreende claramente que a Vida Universal flui em tudo que existe.
Adorao
Quando, por meio da Contemplao, se alcana esta altura, isto , quando o
aspirante compreende que de fato ele contempla Deus na vida que tudo
compenetra, deve dar um passo ainda mais elevado e atingir a Adorao. Atravs
deste exerccio ele se une fonte de todas as coisas, alcanando assim a maior
altura possvel de realizao pelo ser humano, at que chegue o tempo em que
essa unio se torna permanente, ao fim do Grande Dia de Manifestao.
O tempo necessrio para se alcanar resultados por meio dos diversos exerccios
varia de indivduo para indivduo, e depende da sua aplicao, grau de
desenvolvimento e dos seus registros no Livro do Destino, pelo que no se pode
estabelecer um tempo-padro. Alguns, que j esto quase prontos, obtm
resultados em poucos dias ou semanas. Outros tm de trabalhar durante meses,
anos e talvez durante uma vida inteira, sem obter resultados visveis. No
obstante, os resultados so uma realidade, de modo que se o aspirante persistir
fielmente obter algum dia, nesta ou em futura vida, a recompensa de sua
pacincia e fidelidade: os Mundos internos abrir-se-o aos seus olhos, tornando-
se cidado de Reinos onde as oportunidades so imensamente maiores do que no
Mundo Fsico somente.
125
N.R.: Lc 11:9
CAPTULO XVIII A Constituio da Terra e
Erupes Vulcnicas
Mesmo entre os cientistas ocultistas, a investigao da misteriosa constituio da
Terra considerada um problema dos mais difceis. Todo cientista ocultista sabe
que muito mais fcil investigar detalhada e profundamente o Mundo do Desejo
e a Regio do Pensamento Concreto e trazer os resultados de tais investigaes
ao Mundo Fsico, do que investigar completamente os segredos do nosso Planeta
fsico. Para consegui-lo plenamente preciso haver passado pelos nove
Mistrios Menores e pela primeira das Grandes Iniciaes.
O Nmero da Besta
Ante a viso do clarividente treinado, do Iniciado nos vrios graus dos Mistrios,
a Terra apresenta-se composta de camadas, semelhana de uma cebola, cada
camada ou estrato cobrindo outra. H nove estratos e um ncleo central, dez no
total. Tais estratos so revelados ao Iniciado gradualmente, um estrato em cada
Iniciao, de modo que, ao final das nove Iniciaes Menores domina todas as
camadas, mas ainda no tem acesso aos segredos do ncleo central.
126
N.R.: Livro do Apocalipse
358 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
realizao, veremos que o nmero da Besta que o oculta 666. Somando esses
algarismos 6+6+6 = 18, e 1+8 = 9, teremos novamente o nmero da humanidade,
em si mesma a causa de todo mal que obstrui seu prprio progresso. Mais ainda:
o nmero dos que se salvaro se diz que de 144.000. Somando-se como antes
1+4+4+000 = 9, temos outra vez o nmero da humanidade, mostrando,
praticamente, que ela ser salva em sua totalidade, j que insignificante a
quantidade dos incapazes de progredir em nossa evoluo atual. Mesmo os
poucos que fracassam no estaro perdidos, mas progrediro num esquema
evolutivo futuro.
Quando em seu avano o ser humano passa pelas nove Iniciaes Menores
conseguindo, assim, penetrar em todos os estratos da Terra, precisa ainda ter
acesso ao ncleo central. Este se abre para ele mediante a primeira das quatro
Grandes Iniciaes, na qual aprende a conhecer o mistrio da Mente, essa parte
do seu ser iniciada na Terra. Quando ele est pronto para a primeira grande
Iniciao, sua Mente j foi desenvolvida a um grau que todos os seres humanos
alcanaro no final do Perodo Terrestre. Nessa Iniciao fornecido a ele a
CONSTITUIO DA TERRA E ERUPES VULCNICAS 359
chave do prximo estgio, e todo o trabalho que depois disso ele efetua, ser o
mesmo que a humanidade em geral efetuar no Perodo de Jpiter. Isto no nos
diz respeito atualmente.
Nas diversas escolas de cincia oculta diferem os ritos Iniciticos, como tambm
o que dizem sobre o nmero de Iniciaes, mas isto apenas uma questo de
classificao. Observe-se que as vagas descries que podem ser dadas tornam-
se ainda mais vagas medida que se sobe mais. Ainda que se fale de sete ou
mais graus, j da sexta Iniciao quase nada dito, e absolutamente nada das que
esto para alm. A razo disto advm de outra diviso: os seis graus de
Preparao e as quatro Iniciaes, que ao final do Perodo Terrestre conduzem
o candidato ao grau de Adepto. Portanto, sempre dever haver mais trs, caso a
filosofia da escola ou sociedade v to longe. O autor, porm, no conhece
ningum, alm dos Rosacruzes, que tenha algo a dizer sobre os trs Perodos que
precederam o Perodo Terrestre, a no ser a simples afirmao de que esses
perodos existiram. Mas nem so postos em relao muito definida com a nossa
atual fase de existncia. De maneira anloga, outros ensinamentos ocultos
afirmam, simplesmente, que haver mais trs esquemas evolutivos, porm no
fornecem pormenores. Claro, nessas circunstncias, as trs ltimas Iniciaes
no so mencionadas.
1. Terra Mineral: a crosta ptrea da Terra, com que lida a Geologia no tanto
que lhe tem sido possvel penetr-la.
2. Estrato Fludico: a matria deste estrato mais fludica que a da crosta
exterior, mas no lquida e sim parecida a uma pasta espessa. Tendo a
propriedade da expanso, como a de um gs excessivamente explosivo,
mantida em seu lugar pela enorme presso da crosta externa de modo que, se
esta fosse removida, todo o estrato fludico desapareceria no espao com uma
CONSTITUIO DA TERRA E ERUPES VULCNICAS 361
6. Estrato gneo: por estranho que parea este estrato possui sensaes. O
prazer e a dor, a simpatia e a antipatia produzem aqui seu efeito sobre a
Terra. Geralmente se supe que a Terra, em nenhuma circunstncia, pode ter
qualquer sensao. Contudo, quando o cientista ocultista observa colher o
gro maduro, cortar as flores ou, no outono, colher as frutas das rvores, sabe
do prazer experimentado pela Terra. semelhante ao prazer que a vaca sente
quando seus beres cheios so aliviados pelo bezerro sugador. A Terra
experimenta o deleite de nutrir sua prognie de Formas, e esse deleite
culmina no tempo da colheita.
362 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Por outro lado, quando se arrancam as plantas pela raiz, fica patente ao
cientista-ocultista que a Terra sente dor. Por essa razo, ele no come
alimentos vegetais que cresam debaixo da Terra. Em primeiro lugar, porque
esses vegetais so plenos de fora terrestre e carentes de fora solar; segundo,
por terem sido extrados com as razes, so venenosos. A nica exceo a esta
regra a batata, porque em seus primrdios crescia na superfcie da terra, e s
em tempos relativamente recentes comeou a crescer debaixo do solo. Os
ocultistas fazem o possvel para alimentar seus corpos com os frutos que
crescem ao Sol, pois estes contm mais fora solar, e sua colheita no causa
sofrimento algum Terra.
Poder-se-ia supor que os trabalhos nas minas produzem dor Terra. Pelo
contrrio, toda desintegrao da crosta dura produz uma sensao de alvio, e
toda solidificao fonte de dor. Quando uma torrente de chuva lava a
encosta da montanha, arrastando a terra para os vales, a terra sente-se mais
aliviada. Aonde a matria desintegrada se deposita de novo, como no baixio
que se forma na foz de um grande rio, produz-se uma correspondente
sensao de opresso.
com o progresso moral da humanidade, e que qualquer falha moral tem certa
tendncia a desencadear essas foras da Natureza produzindo devastaes
sobre a Terra, enquanto a busca de elevados ideais torna-as menos inimigas
do ser humano.
127
N.R.: duas cidades que foram destrudas por Deus com fogo e enxofre descido do cu, devido
prtica de atos imorais
364 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A lista dessas erupes durante os ltimos 2.000 anos mostra que sua frequncia
tem aumentado em proporo direta ao crescimento do materialismo.
Especialmente nos ltimos sessenta anos, na razo em que a cincia materialista
cresceu em sua arrogncia na absoluta e ampla negao das coisas espirituais,
aumentaram a frequncia das erupes vulcnicas. Enquanto nos primeiros mil
anos depois de Cristo houve apenas seis erupes, as ltimas cinco erupes
tiveram lugar num perodo de 51 anos, como veremos.
Nos primeiros mil anos ocorreram seis erupes; nos seguintes mil anos
aconteceram doze, ocorrendo as ltimas cinco num perodo de 51 anos, como
dissemos anteriormente.
Quando um ser humano morre, seu Corpo Denso desintegra-se, mas a soma total
de suas foras pode ser encontrada no stimo Estrato da Terra o Estrato
Refletor o qual se constitui num repositrio em que, como foras, as formas
passadas so armazenadas. Assim, conhecendo-se o tempo em que ocorreu a
morte de um ser humano, possvel encontrar sua forma nesse repositrio, se ali
o procurarmos. E no somente est ali armazenada, mas tambm multiplicada
pelo oitavo, ou Estrato Atmico, de modo que qualquer tipo pode ser
reproduzido e modificado por outros e empregado repetidas vezes para a
formao de outros corpos. Por conseguinte, as tendncias cerebrais de um ser
humano tal como Plnio, o Velho, podem ter-se reproduzido milhares de anos
depois, e ser, em parte, a causa da atual colheita de cientistas materialistas.
128
N.R.: tuberculose
366 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Mesmer, enviado pelos Irmos Maiores, foi mais do que ridicularizado. Mas
quando os materialistas, trocando o nome da fora por ele descoberta,
chamaram-na de hipnotismo ao invs de mesmerismo, tornou-se
cientfica, imediatamente.
Mais tarde, todavia, um francs que no era astrnomo, mas sim mecnico,
construiu um aparelho que demonstrava ampla possibilidade da existncia de tal
movimento. O aparelho foi exibido na Louisiana Purchase Exhibition, de Saint
129
Baixo Relevo do Antigo Egito esculpido no teto do prtico de uma cmara dedicada
Osiris no templo de Hathor de Dendera, no Egito
130
G. E. Sutcliffe astrnomo indiano
131
Pierre Simon Laplace (1749-1827) - matemtico, astrnomo e fsico francs
132
Nature: Revista mensal que ilustrava artigos populares sobre a natureza
CONSTITUIO DA TERRA E ERUPES VULCNICAS 367
Podemos citar muitos exemplos de ensinamentos ocultos que mais tarde foram
corroborados pela cincia. Um deles a teoria atmica, defendida nas filosofias
gregas e depois em A Doutrina Secreta, mas s descoberta em 1897, pelo
professor Thompson137.
Para muitos, as afirmaes feitas nas pginas anteriores podem ser consideradas
fantsticas. Que seja assim. Tempo vir em que todos os seres humanos
possuiro os conhecimentos aqui oferecidos. Este livro destina-se aos poucos
que, tendo libertado suas Mentes dos grilhes da cincia e da religio ortodoxa,
esto prontos a aceit-lo, at que provem estar ele errado.
142
N.R.: Tycho Brahe (1546-1601) - astrnomo dinamarqus
143
N.R.: Ptolomeu (90-?) - Cludio Ptolemeu ou apenas Ptolemeu ou Ptolomeu, cientista grego:
trabalhos em matemtica, astrologia, astronomia, geografia e cartografia
CAPTULO XIX CHRISTIAN ROSENKREUZ
E A ORDEM DOS ROSACRUZES
Antigas Verdades em Novas Roupagens
Nota-se entre o pblico um grande desejo de descobrir algo sobre a Ordem dos
Rosacruzes. Como em nossa civilizao ocidental e at entre os nossos
estudantes, no se compreenda bem o importante lugar ocupado pelos Irmos da
Rosacruz, conveniente dar algumas informaes autnticas sobre o assunto.
Tudo no mundo est sujeito lei, inclusive nossa evoluo, de modo que os
progressos espiritual e fsico caminham de mos dadas. O Sol o dador de luz
fsica e, como sabemos, caminha aparentemente de Leste para Oeste trazendo luz
e vida a todas as partes da terra. Mas o Sol visvel apenas uma parte do Sol,
assim como o corpo visvel apenas uma pequena parte do ser humano
composto. H um Sol invisvel e espiritual cujos raios estimulam o crescimento
anmico em todas as partes da terra, assim como o Sol visvel promove o
crescimento da forma. Este impulso espiritual tambm caminha na mesma
direo do Sol fsico, de leste para oeste.
A Religio Reinou suprema nas chamadas idades das trevas. Durante esse
tempo ela escravizou a Cincia e a Arte, atando-as de mos e ps. Depois veio o
perodo da renascena, quando a Arte floresceu em todos os seus domnios. Mas
a Religio era ainda muito forte, pelo que a Arte era frequentemente prostituda a
seu servio. Por ltimo, chegou a vez da Cincia moderna, que com mo de ferro
subjugou a Religio.
Uma Religio espiritual, porm, no pode unir-se com uma Cincia materialista,
assim como o azeite no pode misturar-se com a gua. Portanto, medidas foram
adotadas para espiritualizar a Cincia e tornar cientfica a Religio.
144
N.R.: Francis Bacon (1561-1626) - poltico, filsofo e ensasta ingls
145
N.R.: por vezes grafado como Jacob Bohme (1575-1624) filsofo e mstico luterano
alemo
146
N.R.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) - autor e estadista alemo que tambm fez
incurses pelo campo da cincia natural
147
N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) maestro, compositor, diretor de teatro e ensasta
alemo
372 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
glria ou de vaidade, tiram sua inspirao da mesma fonte, como fez e faz o
grande esprito que animou Christian Rosenkreuz.
Seu prprio nome a corporificao da maneira e dos meios pelos quais o ser
humano atual transformado em Divino Super Ser Humano. Esse smbolo,
quantas so necessrias para cobrir e ocultar da vista uma delas, veremos que so
necessrias 12 para cobrir uma dcima terceira. A ltima diviso da matria
fsica, o tomo verdadeiro que se encontra no espao interplanetrio, est
agrupado assim: doze em torno de um. Os doze signos do Zodaco que envolve
nosso Sistema Solar; os doze semitons da escala musical que contm a oitava; os
doze Apstolos que se agrupavam em torno de Cristo, etc., so outros tantos
exemplos desse agrupamento de doze e um. Por essa razo a Ordem dos
Rosacruzes tambm composta de 12 Irmos e mais um dcimo terceiro.
Mas h outras divises que devem ser notadas. Como vimos da Hoste Celestial
de Doze Hierarquias Criadoras que estiveram em atividade em nosso sistema
evolutivo, cinco se retiraram liberao, ficando sete ocupadas com o nosso
progresso ulterior. Harmoniza-se com isso o fato de que o ser humano de hoje, o
Ego Interno, o microcosmo, atuar externamente por meio de sete orifcios
visveis do seu corpo: dois olhos, dois ouvidos, duas fossas nasais e a boca,
estando os cinco orifcios restantes total ou parcialmente fechados: as glndulas
mamrias, o umbigo e os dois rgos de excreo.
Essas classes esto simbolizadas pelas trs pontas da estrela do nosso emblema,
que apontam para cima. Mais duas dessas Grandes Hierarquias esto a ponto de
retirar-se, sendo simbolizadas pelas duas pontas da estrela que se irradiam do
centro para baixo. As sete rosas indicam que ainda existem sete Grandes
Hierarquias Criadoras em atividade no desenvolvimento dos seres da Terra.
Como todas essas vrias classes, da menor maior, no so mais do que partes
de Um Grande Todo, a quem chamamos Deus, todo o emblema um smbolo de
Deus em manifestao.
O Cabea da Ordem est oculto do mundo externo pelos Doze Irmos, tal como
a esfera central do nosso exemplo anterior. Nem mesmo os discpulos da Escola
o veem, porm, nos servios noturnos do Templo, sua presena sentida por
todos a qualquer momento em que entre, sendo este o sinal para comearem a
cerimnia.
Reunidos em volta dos Irmos da Rosacruz, como seus alunos, h certo nmero
de Irmos Leigos, pessoas que vivem em diversas partes do mundo ocidental e
que so capazes de sair dos seus corpos conscientemente, comparecerem aos
servios e participar da obra espiritual no Templo. Foram iniciados todos e
cada um, no mtodo de assim atuar, por um dos Irmos Maiores, sendo que a
maioria capaz de recordar tudo o que lhe acontece. Todavia, alguns que
adquiriram, em vida anterior dedicada ao bem, a faculdade de deixar o corpo,
tm o crebro incapacitado a receber impresses do trabalho executado pelo Ego
fora do Corpo em razo de alguma enfermidade adquirida na presente existncia,
ou pelo hbito de tomarem drogas.
Iniciao
Sobre a Iniciao tem-se geralmente a ideia de que apenas uma cerimnia pela
qual algum se converte em membro de uma sociedade secreta e que, na maioria
dos casos, pode ser conferida a qualquer um disposto a pagar certo preo ou
soma em dinheiro.
376 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
A Iniciao pode efetuar-se por meio de uma cerimnia ou no. Mas observe-se
particularmente que ela a culminao inevitvel de prolongados esforos
espirituais do candidato, sejam conscientes ou no, e positivamente nunca pode
realizar-se at que, no requerido desenvolvimento interno, tenham sido
acumulados os poderes latentes que a Iniciao ensina a empregar
dinamicamente, assim como apertar o gatilho de uma arma descarregada no
produz nenhuma exploso.
Quando chega o tempo de passar ao segundo grau, a ele solicitado dirigir sua
ateno s condies da segunda Revoluo do Perodo Terrestre, conforme
registradas na Memria da Natureza. Ento, em plena conscincia, observa os
progressos alcanados nesse tempo pelos Espritos Virginais, tal como Peter
Ibbetson (o heri da obra Peter Ibbetson, de Jorge du Maurier150, cuja leitura
recomendamos por ser uma descrio grfica de certas fases de subconscincia)
observava sua vida infantil durante as noites em que sonhava de verdade.
Durante o primeiro grau ele segue a obra da Revoluo de Saturno e sua ltima
consumao na poca Polar.
150
N.R.: George du Maurier (1834-1896) cartunista e autor franco-britnico
378 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
Durante o quarto grau, ele v a evoluo da ltima meia Revoluo com seu
correspondente perodo de tempo em nossa estada sobre a Terra, a primeira
metade da poca Atlante, que terminou quando a atmosfera densa e nebulosa se
precipitou e o Sol comeou a brilhar, pela primeira vez, sobre a terra e o mar.
Ento terminou a noite de inconscincia, os olhos do Ego interno abriram-se por
completo e pde dirigir a Luz da razo para o problema da conquista do Mundo.
Foi a que nasceu o ser humano tal como hoje o conhecemos.
A Fraternidade Rosacruz
Com o objetivo de promulgar este ensinamento, foi organizada a Fraternidade
Rosacruz. Qualquer pessoa, desde que no seja hipnotizador, ou que seja por
profisso: mdium, vidente, quiromante ou astrlogo, pode inscrever-se como
Estudante do Curso Preliminar dirigindo-se Secretaria Geral. Para a Iniciao
no h taxas ou outras obrigaes. O dinheiro no pode comprar ensinamentos: o
avano depende do mrito.
casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituio no podia ser representada
por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).
Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem
cooperao de outrem; mas ainda que fosse to inocente e to casto como as
plantas, ele era tambm como elas: inconsciente e inerte. Para poder avanar,
necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a
metade de sua fora criadora foi retida com o propsito de construir um crebro
e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era
curvado para dentro, semelhante a um embrio, e a laringe atual era ento uma
parte do rgo criador, aderindo cabea quando o corpo tomou a forma ereta. A
relao entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudana de voz do
rapaz, expresso do polo positivo da fora geradora, ao alcanar a puberdade. A
mesma fora que constri outro corpo, quando se exterioriza, constri o crebro
quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso
sexual conduz loucura. O pensador profundo sente pouqussima inclinao
para as prticas amorosas, de modo que emprega toda sua fora geradora na
criao de pensamentos, ao invs de desperdi-la na gratificao dos sentidos.
Quando o ser humano comeou a reter a metade de sua fora criadora para o fim
j mencionado, sua conscincia foi dirigida para dentro, para construir rgos.
Ele podia ver esses rgos, e empregou a mesma fora criadora, ento sob a
direo das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos
O SIMBOLISMO ROSACRUZ 385
A gerao efetuava-se sob a direo dos Anjos, que em certas pocas do ano,
agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato
criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda no tinham
sido abertos, e embora fosse necessria a colaborao de uma parceira, que
tivesse a outra metade ou o outro polo da fora criadora indispensvel gerao,
cuja metade ele retinha para construir rgos internos, em princpio no conhecia
sua esposa. Na vida ordinria o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo
menos no que tangia ao Mundo Fsico. Isto, porm, comeou a mudar quando foi
posto em ntimo contato, como acontece no ato gerador. Ento, por um
momento, o esprito rasgou o vu da carne e Ado conheceu sua esposa. Deixou
de conhecer-se a si mesmo, quando sua conscincia se concentrou mais e mais
no mundo externo, perdendo ele sua percepo interna, a qual no poder ser
readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperao de outro ser para
criar, e no tenha alcanado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo
e voluntariamente, toda sua fora criadora. Ento voltar a conhecer-se a si
mesmo, como no tempo em que atravessava o estgio anlogo ao vegetal, mas
com esta importantssima diferena: usar sua faculdade criadora
conscientemente, e no ser restringido a empreg-la s na procriao de sua
espcie, mas poder criar o que quiser. Outrossim, no usar os seus atuais
rgos de gerao: a laringe, dirigida pelo esprito, falar a palavra criadora
atravs do mecanismo coordenador do crebro. Assim, os dois rgos, formados
pela metade da fora criadora, sero os meios pelos quais o ser humano se
converter finalmente em um criador independente e autoconsciente.
Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de gerao
ser substitudo por um mtodo mais puro e mais eficiente que o atual. Isto
tambm est simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre
os quatro braos. O madeiro mais comprido representa o corpo; os dois
horizontais, os dois braos; e o madeiro curto superior representa a cabea. A
rosa est colocada no lugar da laringe.
Como qualquer outra flor, a rosa o rgo gerador da planta. Seu caule verde
leva o sangue vegetal, incolor e sem paixo. A rosa de cor vermelho-sangue
mostra a paixo que inunda o sangue da raa humana, embora na rosa
propriamente dita o fluido vital no seja sensual, mas sim casto e puro. Ela , por
conseguinte, excelente smbolo dos rgos geradores em seu estado purssimo e
santo, estado que o ser humano alcanar quando haja purificado e limpo seu
sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, anlogo a Cristo.
Ao falar de sua purificao, So Joo (IJo 3: 9) diz que aquele que nasce de Deus
no pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir
absolutamente necessrio que o aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem
presente que a castidade absoluta no exigida enquanto o ser humano no tenha
alcanado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciaes, e que a
perpetuao da raa um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos:
mentalmente, moralmente, fisicamente e financeiramente, podemos executar o
ato da gerao, no para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifcio
oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente,
em repulsiva disposio mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo
privilgio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um corpo e
ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos tambm o
ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.
Includo em edies posteriores inglesas e brasileiras:
Os Edifcios
O trabalho comeou no fim de 1911. At aqui (1978), numerosas construes
foram erguidas, algumas das quais no mais existem. A Pro-Ecclesia, ou Capela,
na qual so levados a efeito diariamente dois servios de 15 minutos desde a sua
consagrao, em dezembro de 1913, foi totalmente reformada em 1962. Um
servio devocional com conferncias continua a ser efetuado aos domingos. Um
Edifcio de Administrao com dois andares foi terminado em 1917, e reformado
em 1962. No segundo andar esto as Secretarias de vrios departamentos:
Esotrico, dos Cursos por Correspondncia, Editorial, de Lnguas Estrangeiras e
Contbil. No primeiro andar situam-se os Departamentos de Expedio e a
Oficina Impressora, onde as Lies, a Revista Rays from the Rose Cross, os
panfletos, etc., so impressos. Em 1972 foi instalada uma impressora off-set.
Tel./fax. 0XX11-3107-4740
O Exerccio Noturno
O exerccio noturno, Retrospeco, mais valioso do que qualquer outro mtodo
para adiantar o aspirante no caminho da realizao. Seu efeito to profundo que
capacita a quem o pratica a aprender presentemente, no apenas as lies desta
vida, mas tambm lies que normalmente estar-lhe-iam reservadas para vidas
futuras.
que nossos pecados so apagados, nossas auras comeam a brilhar com o ouro
espiritual extrado por retrospeco das experincias dirias, e desse modo
atramos a ateno do Mestre.
O Exerccio Matinal
Concentrao, o segundo exerccio deve ser realizado pela manh,
imediatamente depois que o aspirante desperta. No se deve levantar para abrir
janelas nem fazer nenhum ato desnecessrio. Se a posio do corpo
confortvel, deve relaxar imediatamente e comear a concentrar-se. Isto muito
importante, pois no momento de despertar, o esprito acaba de retornar do
Mundo do Desejo, e nessa ocasio mais fcil retomar o contato consciente com
esse mundo do que em qualquer outro momento do dia.
O assunto da concentrao pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve
ser preferentemente de tal natureza que faa com que o aspirante se afaste das
coisas comuns dos sentidos, alm do tempo e do espao, e para isso no h
melhor frmula do que os cinco primeiros versculos do primeiro Captulo do
Evangelho de So Joo. Tomando-os como assunto de concentrao, sentena
por sentena, todas as manhs, com o tempo proporcionar ao aspirante uma
maravilhosa percepo do princpio do nosso Universo e do mtodo da criao
uma compreenso muito alm da que se poderia obter atravs dos livros.
Mas algum dia as condies inibidoras tero passado e seremos admitidos luz,
onde poderemos ver por ns mesmos.
Diz uma antiga lenda que a procura de um tesouro deve ser feita no sossego da
noite e em perfeito silncio. Pronunciar uma s palavra enquanto o tesouro no
estiver completamente escavado causaria, inevitavelmente, o seu
desaparecimento. uma parbola mstica que se refere procura da iluminao
espiritual. Se bisbilhotarmos ou contarmos aos outros as experincias de nossas
horas de concentrao perd-las-emos. Elas no podem suportar a transmisso
oral, por isso dissolver-se-o em nada. Precisamos, pela meditao, extrair delas
o pleno conhecimento das leis csmicas ocultas. Portanto, a experincia prpria
no deve ser comentada, haja vista que ela apenas o invlucro que esconde a
semente que contm. A lei de valor universal, como vai ficar evidente, porque
pode explicar os fatos e ensinar-nos como aproveitar oportunidades de
determinadas condies e a evitar outras. A critrio do seu descobridor, e para
benefcio da humanidade, ela pode ser revelada livremente. A experincia que
revelou a lei aparece, ento, em sua verdadeira luz como sendo apenas de
interesse passageiro, no mais digna de nota. Por isso o aspirante precisa
considerar tudo o que acontece durante a concentrao como sagrado, e deve
conserv-lo rigorosamente para si.
EPLOGO
uma inegvel verdade que o ser humano tem vida curta e atribulada, e entre
todas as vicissitudes da vida nenhuma tem o maior poder de fazer se voltar para
Deus do que o sofrimento no corpo. Podemos perder a nossa posio econmica
ou os amigos com relativa equanimidade, mas quando nos falta a sade e a morte
nos ameaa, at os mais fortes vacilam. Compreendendo a impotncia humana, e
poderosamente movido por uma necessidade premente, sentimos necessidade de
apelar para o socorro Divino, e quanto mais severamente a dor fsica nos aflige,
mais insistentemente vamos pedir ajuda Deus. Nada pode nos fazer orar to
fervorosamente como a dor no corpo.
Por isso, o ofcio sacerdotal sempre esteve intimamente ligado cura. Entre os
selvagens, o sacerdote era tambm o homem da medicina; na Grcia antiga o
templo de Esculpio151 era famoso pelas curas que eram operadas l; Cristo, em
Seus dias, curava totalmente o doente. A igreja primitiva seguiu essa prtica,
como evidente nas Epstolas; e certas ordens catlicas continuaram no esforo
de amenizar a dor, atravs dos sculos, desde aqueles tempos at os dias atuais.
No se pode negar que aquele consultrio com essa dupla funo deu aos
titulares um poder e tanto sobre as pessoas, e que esse poder foi, por vezes,
abusado. Tambm patente que a arte da medicina atingiu um estgio de
eficincia, o qual no poderia ter sido atingido, salvo pela devoo a um
determinado fim e objetivo. As leis sanitrias, a extino de insetos portadores
151
N.R.: o deus da Medicina e da cura da mitologia greco-romana
EPLOGO 395
152
N.R.: Galileu Galilei (1564-1542) - fsico, matemtico, astrnomo e filsofo italiano.
396 CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS
tambm, que os raios do Sol nos afetam de modo diferente pela manh, quando
nos atingem horizontalmente, do que ao meio-dia, quando caem sobre ns
perpendicularmente. Se os raios luminosos do Sol, que se movem rapidamente,
produzem mudanas fsicas e mentais, por que no teriam efeito correspondente
os raios persistentes dos Astros mais lentos? Se eles tm, ento eles so fatores
na sade que no devem ser negligenciados por um verdadeiro curador
cientfico.
Para executar este servio para a humanidade ser necessrio estabelecer a sede e
uma escola para educar os Auxiliares qualificados no uso da panaceia espiritual,
astrologia mdica e higiene. Eles, ento, levaro o auxlio e a cura definitiva para
todos os lugares. Um nmero considervel de mdicos j afiliado
Fraternidade Rosacruz e talvez um nmero maior sentir o chamado para
praticar o mtodo espiritual em combinao com seus procedimentos mdicos
tradicionais. No preciso que eles propagandeiem suas afiliaes
Fraternidade Rosacruz ou as curas conseguidas.
FIM