Imagens e Objetos Sacros Na Bíblia - Florêncio Dubois

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Objectos Sacros

. na

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..., Edi<;it< <l'.-\ PAL.\ \'R.\.

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JPabre Jf Iorendo lDuboia


BARNABITA

.Irrtage1is . ...
.. ....
e

Qbjectos Sacros
.. na

...
. .
~<lio d' A PALAVRA

... - .&elem elo Par -


1936

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approvao Episcopal

Mi~ mna bela e utilssima pl'odnclo da pena


fecitnda do Padre Dubois.

. na O culto das imagens, tiio profimdamente..,radicado


alma brasileim e tiio .)'udemente combatido .jJela
incoerencia protestante, encontra neste livro magnifica
defesa.
Quem ler estas paginas sem rezmdiai a logica,
caso o no seja ainda, ficai pel'lmadido de qite as
imagens sagradas mel'ecem a i;enerao que a Igreja
que!' lhes dediquenws.
Autorizamos a impiesso e dfrulgao deste livro

e o recomendcunos aos nossos a11iados diocesanos.
Ao benemerito auto1 as nossas benos.

Belm, 22 /J,e Maio de 1936 . .
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t ANTO:NIO, Are. do Par

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BlllMIBllEllRF.11111&111111
BB11BlllBElll!ElBHBIMll !lllll

I
IDOLO OU IMAGEM?

.. Imagem no fms. ( Exoli,o, XX, 4)

~1/ESTAS_ palavr~1s os prot~stantes f.arejam a ?oiidem-


A naao das imagens e os cathohcos a dos idolos.
Quem tem razo ?
***
Os mestres na lngua hebraica affirmam que o
~~fu~~~~~~e~~~~~~
imagens destinadas ao culto de adorao.
Citam como exemplos: o temunah, bezerro de
ouro. . . . . o tem.una~ ou esta.tua abominada por
!saias (XLIV. 13) ..... os t~munahs, ou imagens que
Ezequiel viu thuribuladas no templo. (VIII. 10) .....
Portanto, a temunah do Exodo visaria os idolos
e nunca as imagens de enfeite ou venerao.
O texto hebraico no d razo aos amigos p'l"o-
testantes.
***
.. Passaremos traduci'.o grega.
Eidolon o termo usado pelos Setenta, l onde
o hAbraico trlt'Z temun'h. Na Biblia, eidolon indica ora
um deidade, ora o material da esculptura, ora o
acto de entalhar. Entretanto, qualquer diccionario
d~fine eidolon comv imagem, apparencia, simulacro,
es:['rectro, viso. O vocabulo evoca ideias de cousa
falsa, ca, enganadora. Por isso eidolon ficou reser-
vado aos falsos deuses, ao passo que eikon serviu
para as effigies pias. ..

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7 IMAGEN"S E OBJECTuS SACROS ~A BIBLIA I

"'
Na religio orthocloxa, entre os russos e gregos,
a cone christ e o idolo pago.
-como estamos vendo, o grego no favorece a
these da Reforma
***
Em latim, S. Jeronymo tradnziu temnrwh e ei-
dolon pelu nome sculptile. Que Yale o sculptile da
Vulgata, ao lado do seu pae grego e do seu av "'
hebr.:ico? Filho ou neto dGsrespeitador, vir contra-
dctal-os, segundo o costume dos moos para com os
antigos? Nada disso! Sculptile, como tenwnah e
eidolon, applica-se a falsos deuses.
Forcellini fornece tres exemplos de sculptile
como carapuas de dolos pagos... ..1.Yo fareis para
vs idolos mi imagens de esculptura ( Lei:itico, XXVJ,
I) ..... Abandonaram o templo do Senhor Deus de seus
paes e sel'ram aos bosques e s estatuas, e tal peccado
chamou pela ira do Senhol' contra Jud. (II Paialip.
XXIV, 18) ..... Cortae ~us bosques e queimae suas
esulpturas. ( Deuter. VII. 5 )-.
Nestes tres topicos o sculptile designa claramente
dolos e no imagens, no entender ele Forcellini.

***
A philologia lana de si a theoria protestante,
que pretende fazer chiar nas imagens o ferrete
reservado aos idolos.
A historia, mas isto ou~ro cont-'>, mostra que
o interdcto visava supersti,es. A prohibio ei-:a, a
um tempo, religiosa e patriotica. RELIGIOSA: No
fars para ti imagens de esculptl.lra nem figura al-
guma. . . nem as adorars, nem lhes dars ctCto.
PATRIOTICA: N:1o ters deuses extrangeros d~nte
de mim.
***

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I Il\1AGEXS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 8

O hebraico temunah faz ponta,ria contra os idolos.


Idem, o grego eidolon.
Idem o latim sculptile.
'idem o contexto e a historia.
Com a maxima ba vontade, no desencovamos
no imagens no fars a reprovao das figuras des-
tinadas a um culto de honra e respeito, como so a,s
dos santos.

EXE'l\IPLO
O Bemai;enturado Ignacio de Azevedo

Em 1572 embarcara com Luiz de Vasconcellos,


quarto governador-geral do Brasil, o jesuta Ignacio
de Azevedo, que trazia uma copia de uma das Madonas
de So Lucas. Na altura da Madeira, as naus lusas en-
contraram-se com cinco veleiros do corsario Thiago
Soria (Jacques Souri ) que no acceitou a batalha.
Adeante, o jesuita tevea imprudencia de passar-
se, com quatro novios, para uma embarcao que,
sosinha, ia ter a Las Palmas. Surprehendidos pelo
pirata, os portuguezes morreram, vendendo car~ a
vida.
O padre Ignacio de Azeved.o foi atirado ao mar,
apertando nas mos a estampa de Nossa Senhora.
.. Como fl.uctuasse perto, sem largar o precioso quadro,
os calvinistas iaram-no outra vez a bordo, amarra-
ram-lhe os b~aos a~ longo do corpo e, de novo, o
larn;aram ao oceano, mas a imagem continuou

Mais
. .
boiando, at a esquadra huguenote desapparecer.
. tarde, uma caravella catholica recolheu a
gl\i,vura que trouxe para a Bahia onde, durante
muitos annos, foi venerada na, S.
O bom christo morre abracado com a imagem
de Nosso Senhor ou de N.ossa Senhora.

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81111Ml&lRH!lrilli 7f!llllimllrlll11
llllUUll!i 'lllllilllll'~jllllll!Jllll!llllillllll''llllUUlllllllllllJllll''llllllillll:lllll!illlll,~jllllllUllllllllllllllll
~'ISflaJ!rl1Dlll ~~1t~~n~~i111n111 ~~

II
AS RAZES DE MOYSS
J'i. ua;N:-' ministros luthernnos objectnxam a Frederico
$"'~ II qn'"' uma lei era anti-biblica.
-= :Moyss, replicou o J:ei, dirigia. sens hebreus
como entendia, e eu mando nos meus prussianos como
bem me parece.
Effectivamente, o imagens no fars concerne os
judeus e somente os judeus.
Foi edictado logo aps o captiveiro. O povo li-
bertado era resmungo. Queixava-se da falta d'agua,
das caminhadas, do calor, do man e, vez por outra,
sentia saudades pelas cebolas do Egypto. E se fra
to somente pelas cebolas ! Na verdade, os israelitas
haviam-se embelecado pelas sup~rsties pharaonicas.
Temos aqui elucidada a repulsa aos deuses extmngeiros
e, nesta repulsa, esto ensaccados os deuses do
Egypto, ainda vivazes na cachola dos fugitivos .
., Os hebreus haviam visto, apreciado, admirado e
adorado os dolos esculpidos ou pintados nas sepiql-
- turas, nos palacios e... templos. Traziam comsigo
um cheirinho de idolatria. E quando o Deus de Israel
lhes impunha tantos cansaos atravez elo deserto, os
jndcns, por esprito de contradico, tendiam a julgar
nrnis camaradas os deuses das ;uargene-- do Nilo. _
D'ahi uma lei occasional, que chamariamos de
emergencia, para prohibir imagens que facilmente se
transformariam em idolos. Claro - que esta lei, im-
posta- pelos perigos da hora, no tem mais razo Je
ser, para quem desconhece as tentaes pharaonicas.

***

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JI DIAGEXS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 10.

...
Que a lei fosse cl'i, occasi.o, bastam a prova-lo
ns especificaes de Moyss1 q ne bem conhecia os
fracos de sua gente.
o Legislador condemnon representaes do que
ha em cima, porque os Egypcios adoravam o sol, a
luz1 o vento, alguns passaros e, entre outros, o ga-
vio Horus ..... do que ha em baixo da terra, porque
os Egypcios adoravam o gato, a cobra, o td!l.ro Apis
"'(~ o chacal Annbis ..... do .que ha nas aguas po:i;,que
os Egypcios adoravam o jacar e at o rio Nilo.
Esta enumera:lo circumstanciada attinge visivel-
mente, e to sonente, as crendices niloticas, mas
estas no seduzem o christo que estima as imagens,
e tem nojo aos idolos.

Bom conhecedor do povinho, Moyss previa que


a transgressM da lei de.,Jehovah se faria de um modo
egypcio. E de facto a primeira idolatria foi do be-
zerro de ouro, proximo parente do boi Apis.
Sciente de que a idolatria se enviscerara no
povo, ainda mal limpo das grosseirias do culto pha-
raonico, o Libertador toma rnedi<las severas e public'!t
decrMos appropriados1 para qulO. se no reproduzam
ns vergonheiras do exlio.
.
... Ora, desde que a Synagoga entregou os pontos
e que a Egreja entrou em scena1 os christos con-
servaram de Movss tuoo quanto a Egreja conservou,
e ab~donaram"" tudo quanto a Egreja abandonou.
Mesmo se houvesse repellido as imagens pias de en-
volta com os dolos. o chefe hebraico no teria di-
reit'O.. nossa obediei1cia, uma vez que nos guiamos
pel.a Lei Nova. ""
l\foyss exigiu a circumc1sao: porque ser que
os protestantes no a praticam? Moyss prohibiu a .
. ""

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1L IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA lI


..
carne de porco : acaso os prot~tantes dispensam um
pouco de chourio ou de linguia?
EXEMPLO
Um Santo morre fitando wna Imagem

So Joo Jos da Cruz, fallecido em 1734, ao


cah:i~ vctima de apoplexia,, disse ao irmo leigo que
o can-egava para a cama : "Tenha cuidado com esta
imagem de Nossa Senhora l "
Tratava-se de um quadro, collocado face ao leito,
de maneira que fosse facilmente vi to pelo enfermo.
Durante cinco dias, o Santo fi co u inerte, mas seus
olhos entre abriam-se: de vez em quando. E o doente
contemplava extasiado o rosto armtvel da Virgem1
que lhe sorria maternnlmente.
No minuto sLTpremo, b'.tnh'.ldo em celestes deli-
cias, com o cora:to cheio de bmurn filial, Joo Jos
da Cruz demorou o derr<ldciro ollur sobre a Madona,
que parecia indicar-lhe o c~n.
E a alm'l do s:.t!lto alou-se, na crrlnn dos pre-
d~stinados. Realisara-se a piedos:1 invocao da Ave
Maria : rogae por ns agora1 e na hora da n_ossa
morte.

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rRSilRIMili!:llfliF.lilil~lrRll
11e1m1llllEISllliUBiiii~:11a

III

UMA ESCAMOTEAO?

Jl Ex-Padre, fallecido jornaleco protesta~1te, dcpa-


... ramos, urna vez, uma caricatura engraadinha,
em dptico. De um lado,um sacerdote unificao-ra, a
gornma ::irabica, S dois primeiros mandamentos.
Amar a Deus e no fazer imagens ficavam reduzidos
a amar a Deus, com escamoteao do no fazer ima-
gens. Do outro lado, o sRcerdote, com urna bruta te-
soura, fazia o trabalho inverso : do decimo preceito
extrahia o nono e o decimo, para completar a conta
de dez, alterada pela supprcsso do no fazer imagens.
Que horror e qe hypoerisia ! Horna faz contas
de chegar. Aqui rouoa um pouco de leite, e alli,
afim de encher a medida, ;iccrescenta agua. Os ca-
tholicos so mestres na fraude.

* **
Calma, Juvenal !
A Egreja no precisa emswlmar o imagens no "'
fars, que lhe no d enxaquecas, por significar idofos
no fcws. Interesse no tem em dar sumio de
texto que lhe favoravel.
Como explicar, ento, a inexistencia do imagens
no fars no eecalogoromanista ? .
Mui facilmente.
Os decalogos principaes so tres: o hebraico, o
pliOtestante e o catkolico. O primeiro veio do Talmud,
o s~gundo de Philon e o terceiro de S. Agostinho,
mas os tres so eguaes na substancia, divergindo
apenas na apresentao.
. .

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13 nIAGE:\.S E oBrE _; ro.:; SACR..:)~ ~A urnr.u III

T AL~IGD: ... I.~Sou o f:lenhor teu Deus.


2. - Amars a Deus e n;io fors
_imagens.
PHILOX .... I.-Amar a Deus.
2.-Xo fars imagens.
S. Ag:ostinho ... I.- Amnr a Deus.
2. - No jurar seu sauto nome.
Adoptnmos a formula de S. Agostinho, como po-'"'
deri::lmos ter ficado com de Philon ou do Talmnd.
Alias, Luthero e os lnthcrauos seguiram a classifi-
cao agostiniana, to criticada pelos antipapistas
modernos.
Anglicanos, cal\'inistas, baptistas, socinianos e
outros preferem a lio de Philon. Que lhes f;u:11
bom proveito! De gostos e de C'res preferi,'el no
polemicar.
**:.f.
Relativamente ao Tdrnucl, os amigos protestant0s
foram prestinutnos. Por um jogo ele prestidigitao,
abafaram o primeiro mandamento: sou o Senhor teu
l}.eus. E comearam pelo segundo: amar a Deus. Os
amigos separados fizeram com o Talmucl o que nos
accusam de ter feito ""Gom Philon: escamotearam l.rnrn
phrase e imping'iram outra, como substituta.
No digam: desta agua no beberei ! Os diFsid ~11- ..,
tes tm de vidro o telhado e atiram pedras uo vizi-
nho. Arrastam um rabo de r-ha e guerem morige-
n1r os outros. Se resvalaram na bipartiilo e:\:pro-
brada aos catholicos, melhor ponham a viola 110
s;1cro e niio ensinem o respeito pelos textos.
O protestnntismo o papae carnngLieijo que til.izia
ao filhinho: menino, Voc anda torto.

***

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III DUGEXS E osrncros SACR')S NA BIBLIA 14


(
Podia 8. Agosti11ho vasai' num s mtmdamento
o amar a Deus e o inrn.gens no fars?
Podia, e muito bem. Os seis primeiros versiculos
eon<:rensarn-se em tres palavras: amar a Deus. Adorar
a Deus e fugir elos iclolos o mesmo preceito. For-
c_:,osarnente, o amigo de Deus inimigo de falsos
deuses. Leiamos aruradamente o principio do capi-
tulo vigesimo, no Exodo, e veremos q ui:, tudo se
.. reduz ::io amor pelo Altissimo.

lil ,.
~
9 '" ~ "'' '" ..,., 1> ~!~ <J -;r, "'' "'' ~ 'l'' _,
V
~
~ ~
:-:. Depo is falloLL o Senhor todas ~l

~~ cs~~1K~ ~~~aso:
1
Senhor teu Deus, ~l
,, que te tirei da ten-a do Egypto, ,.
t' da casa da serddo. ;j
f, ro~dra~~e t~~li~ ~~Lses extrangei- ~l
1
~ ~
,: 4- No FARS para ti imagens ~:
f' ~ eticulptma, nem figura alguma -;.j
~ de tudo.o que ha em cima no cu, ~l
,, e do que ha em baixo na terra, ~
1' nem de cousas q Lte haja nas aguas 71
:".. debaixo da terra. ~
~; 5- No as adorar"' , nen1 lhes ~
1' dar culto: porqLLe eu sou o Se, ~l
:-:. nhot teu Deus forte e zeloso, que ~l
~: ,inga in'l'quidade dos paes nos ':
r- til hos _a t tetceir~ e quarta gera- .;:
~ o d aquelles que me abonecem. ~l
~, 6- E que usa de misericordia at ':
t' mil gcra,e com aquelles, que me ~
~ ~nam , e que gt1ardam os meus pre- ~l
~ ceitos. ( Exodo, XX). ~
t"
A.!-l.~~~!~a -;.T'~~T' o~~l!..~.!L "'
.a


A ordem claris&irna. No precisas de outros "'
deuses porque sou teu Deus, protector dos que me
tm amor e respeito e castigador severo dos que me

...

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15 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA IJJ

desprezarem por deid'ttdes ~xtrangeiras,,. Nisso ha


nm mandamento unico : amrtr o Deus verdadeiro,
o Deus de Israel.
To legitima a classificao de S. Ago~inho,
como a do Talmud e de Philon ; to acertado o
resumo dos catholicos, como o dos protestantes e dos
hebraicos.
EXEMPLO
Como as inwgens falam

A frequentar ms companhias, um jovem perde-


ra os bons costumes e a f. A farra era seu ideal,
e sabemos quantos peccados entram na forra.
Por mera curiosidade ou intuito de fazer hora,
o moo entrou numa egreja e, para distrahir-se,
comeou a comtemplar as imagens, como um turista
interessado em cousas da arte.
Numa das capellas havia uma tela, onde se via
o rei David, de joelhos, a ch0rar seus peccados, na
atitude que teria o m017archa penitente, ao compr
o Miserere, grito da alma arrependida. E as lagri-
rnas de David, apanhadas num calice de ouro, eram
aDresentadas por um anjo ao Deus de misericordia,
qual offerta valiosa. . _
. Em baixo, o pin:or desenhara as celebres pala-
Yras de S. Agostinho "David peccon urna vez e
chorou toda a vida; tu peccas toda a vida e no
choras siquer uma vez". .
A scena e os dizeres cal:iram fundo n esprito
do jovem que, envergonhado pelo seu teor de vida,
derramou lagrimas de arrependimento e melhorou de
costumes. O peccador enc011trara . . no piedoso quaq_ro,
o melhor dos conselheiros e pregadores.

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rfl1Rl1Hii111Hl.H ill1HllllRllMlll1
lllJIHl!Hil lllWllBllBllllM!IRlll
.

IV

AS IMAGENS NAS EDIES CATHOLICAS


... DA BIBLIA

ji't atoarda sustentar que evitamos referencias s.ima


4'.:~ gens. Se fosse exacto, nossos opositores no uti-
lisariam a traduco do padre Antonio Pereira de
Figueiredo, approvada em 1842 pela rainha Maria
II, aps consulta ao patriarclrn eleito de Lisba.
Desejaramos nos citassem uma edi.o catholica,
onde falte o terrivel trecho. Se o texto consta nas
Biblias usadas pela EgTeja, quer isso dizer que a
Egreja no fica nervosa com o imagens no fa1s.
Qualquer pessa pode- adquirir a edio Garnier em
dois volumes, e l enconti-ar o texto integral do
padre Figueiredo, como tambem os cornmentarios
manhosamente dispensados pelos editores da rua das
Janellas Verdes.

O. imagens no fars jamais causou desmaios em
Roma. . ~ ._

***
Se ha tentativas de dissimulao ou de altera-
o na Bi~ia de ll"erreira de Almeida, cara aos
cavitlheiros anti-romanos . .Onde Figueiredo traduz
francamente no as adorars nem lhes dars culto, o
p1;ptestante vem C~'Il biocos : no te encurva1;s a ellas
e ~m as se1v-s.
Figueiredo prohibe a adorao e o culto, Almei-
da a reverencia e o servio. Bem sabemos que
etymologicamente1 a palavra grega significava incli

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17 IMAGEKS E OBJECTOS SACROS :X_\ BIBLIA IV

nao 011 rnrva.tnra, mas evob.1i n at significar ado-


rao. Assim, o baptismo era no principio abluo,
acto de lavar, mas com o tempo veiu a desig1111r o
primeiro dos sacramentos. No lieito pr curvatnra
emvez de adorao, servio emvez de culto, l;n-a-
gem emvez de baptismo, porque devemos dar aos
vocabnlos o sentido que estava na inteno do autor
e que est..l, na comprehenso do leitor.
ridculo pensar que_Moyss falasse em attit11- ""
des <lo corpo, em curvaturas on inclinaes: elk
francamente, ~em rodeios, prohibiu adorar deuses
extrangeiros. E ridculo pensar qne Moyss alludisst>
a servios, termo ultra-vago: sem usar de rodeios,
condemnou o culto dos dolos.
- Mas, na origem, a adorao era, em grego, desi-
gnada pelo acto de curvar-se, e o culto pelo acto d<->
servir!
- Concordo, porem as palavras evoluem, abando-
nam o sentido primitivo e tom:1m um novo. Querem
um exemplo? Escrupulo-queria dizer, no principio, ,
nma pedrinha no sapato. Sim, nma pedrinha qn<->
muito incommodava o caminhante. Hoje, escrupnlo
mula tem com pedrinha: passou a inquietao de~
<onsciencia. E o senhor Almeida no diria , j 110 Cll
tempo: tenh um esc:'upulo no sapato.
Assim no ha razo de mudar latria em l ' n1-
vatnra, nem culto em servio. Na realidade, penrn-
te os leitores do seculo vigesimo, a traduco de
Ferreira uma trahio, volu:itari:i, ou no.
E so os catholicos que alteram a Biblia ! -

***
:N" ossas Bblias no encobrem, pois, o perigoso
topieo. At comprazem-se em defend-lo contra os
ardis protestantes.

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IV IMAGENS E ('BJECTOS SACROS NA BIBLIA 18

,, . ,,
t> ~'t''"t'"";oT'-;.1'7' t> ~!~ 4 -;.~,?I"~i,-;r,-;-i' <1

r- 9rmagens no fars de esculptu- ;j


:~ ra, nem figura alguma elo <Jne ha ~
. V-
::
em cima no cu, e tlo que ha em
lrn.ixo na terra, e do que ha debaixo
.:-l
''
tlas ag uas da terra. Nem as ado ~l
::
~
rars n em lhes dars culto. ,,
~
~ ~
1> ~!~ ~1~ ~!,_ o ~' ~(~ ~i' o ~!~~z ~1~ <>

Este d0rreto prohibe actos de latria, como a-
quelles qne se realisaYam l'J.ea11te dos idolos egyJ'l'cios,
o que ro11st;rrnm de preces e sacrificios. Basta relr
o prineipio do deealogo: Sott o 0enh01 tett Dens que
te tirei da term do Egypto, da casa da se1'cidao. O
Senhor no fnla 1rns curvaturas caras ao amigo Fer-
reira ele Almeida. Alli e3t condemnada a adorao,
o culto supremo e no aJguns signaes exteriores de
respeito, como seria uma inclinao ou saudao.
At o proprio Luth~ro traduz anbeten que quer
d;zer adorar, idolatrm E inntil forar o texto, para
assesta-lo C'ontrn uma simples homenagem ou contra
irnagells 11::10 idolatricas.

EXEMPLO
. O Fnmcis<mw aos ps do Crncifi:ro

O protestante Se lrn bart escrevo em Leben nnd
Oesinn1111ge11:
Sempre tenho presente, deantc dos olhos, um
francisc-ano aj,pclbndo:O- 110 jardim do convento, aos
ps 'tle uma imagem do Christo. O Salvador parecin,
sangrnr niuda , sob o noite dos algozes. Quando
entrei, o frade le,untou-se. Seus ollrnres irradiaYarn
m~ll'I pied11cl0 sua Ye.
- Bellissimo quadro, padre! disse eu.
- O origillal ;1incln mais sublime, respondeu.
---Elltiio, pot'li ne no se dirige ao original ?

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19 IMAGE:'i'S E OBJECTOS SACROS N"A BIBLIA IV

-Consta-me que bOs protestante, porem deveis


saber que a arte apenas me ~egnncla, a imaginao.
Meu espirito demora no verdadeiro Christo. Acaso
podeis ornr sem uma imagem de1mte drl alma?- No
ser{t preferivel que, em vez de nossa fraca phantasia,
venha a mo de um mestre pintar-nos o retrato
dos Santos?

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V
O TEXTO NOS CATECISMOS
... SUPERIORES DA EGREJA
~Z E a Egreja lucra sile'hciando a prohibid" dos
~ idolos, seus rnanuaes devem passar sobre o
texto, como gato em brazas.
O concilio de Trento, que Briand confundia com
o conselho dos Trinta, votou, em 1546, a edio of-
ficial do seu catecismo e, mais tarde, sob a chefia
de So Carlos Borromeu, reuniu uma commisso. A
parte referente ao decalogo foi confiada a Galesinus.
Finalmente, em 1566, vieram luz as duas edies:
a latina de Poggiani ~ a italiana de Paulo Manucce.
No segundo capitulo da terceira parte, l est
o imagens mio fars. L est num livro official, qua-
lificado livro de ouro por Leo XIII. Traduzido em
todas as linguas europeas e na lingua arabe levou
aos christos e musulmanos o formidavel imagens rtrJ,o
farl!s, sem medo e sem rebuo.;i.
A Egreja provava que no se receiava de Moyss
e fazia aluir o aleive que lhe atiravam, de mascarar
as Escripturas.
***

A edio salesiana de Nictheroy traz, pag. 396,
o grande cavallo de Troia fabricado pelos pala-
din~s do livre-exafhe. Occulta-se quem tem culpas
no cartorio. De consciencia limpa, o catholicismo
nada tem que dissimular: sua doutrina uma casa
de vidro, dentro da qual todos podem arriscar um
olho. Q,uem no deve no teme.

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21 Illl..\.GE:'l"S E OBJEC"ros s_~CR')S XA BIBLIA V
..
App~llamos, agom, pam "Jm ach' r:::.al'io: as IN-
NOVAOES DO ROMA~IS.:110, li\To ou pmnpbleto
Yolumoso da livraria Fraga LinHr ~. Porto, .. 1881.
CurYando-se aos facto3, o auctor rita ciecismos
romanos que trazem o espantalho mal eugouado
pelos protestantes.
Na Ragfoa 143, apparece o :\lAXUAL DAS ES-
COLAS l\OR:M:AES E SUPERIORES DA DUPLA ..
1\IO}f ARCHIA, ( Austria) iue publica os mandamen-
tos como no Exodo ( pag. G!1, 18-!7, Vienna ). Os
paizes essencialmente c:ttholico3, mesmo rodeados de
lutheranos e calvinistcts, no fugiam ao desafio e,
de Bblia bem aberta, acceitanun a contenda.
As mesmas L.YXOVAES fonfessam que o ca-
. tecismo das Egrejas do Imperio Francez, ( 1806, pag.
51 ), exige a recitao dos :\fanclamentos co mo os
dictou 1\foyss. E todos S il bem o ri gor com que, aps
a Concordata, Kapoleo fi sc-ali,Sa\'a o ensino religioso,
ministrado som bm df! sua q ucridH U ui ver"'ida1e,
dentro dos artigos organicos. _
Leiam tambem o BREVIARIO DO CHR1STAO,
de Guillois, edio do Porto ( Aloysio Gomes da Silva,
1'382) e e1icoutraro, pag. l:?, cm latim e portnguez,
o topico em questo.. Seria de enxabido along:lr a
lista dos manuaes superiores, que divulgam esta pas-
sagem. Os auctores at aqui aclduzidos demonstram
sufficientemente que a EgTeja leal com as Sa 0 Ta- ""
das Letras, e que jamais te.r e a ousadia de lanar
sobre ellas o menor Yn.
:::*::-:

O BreYiario Christo explic-ci muito bem coJJ0


que se deyem representar Deus e os Santos.
A SSma Trindade fignrnda por tres pessas :
este symbolo, relatinnnente moderno, foi inicialmente
prohibido pela Santa St', inimiga de novidades. To-

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... "'

V Ill.lGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA. 22

d.avia, Bento XI r2tiro a condemna-10 .. . Deus appa-


1rece como aucio venerando, senta.do num throno~
traz ..,um globo llit mil.o e sobre o globo mnci cruz,
para manifestar que dono do Uni veno e rei:Mrador
<los males ca11sados pelo pecca.do ... O Filho sobre-
tudo representado na cruz e na ceia. . . O E3pirito
Santo vem em lingtta.s de fogo ou em forma de
pomba, a relembrar o dia de Pentecostes 4'>u o bap-
.. tismo de Jesus.. . N ossn .senhora pintada c~m o
1\Ienino nos bra.os, ou, geralmente, com mrnL cora
<le estrellas na cabea e uma serpente debaixo dos
ps, em symbolismos que facilmente se comprehen-
<lem... Os santos tm na cabea o resplendor ou a
aureola, com emhlemns que lltes destacam o poder e
~l vida ... NatLtrnlmente, <L Egreja no se responsa-
bilisa pelas faltas de alguns artistas, desprovidos do
espirito christo.
.. EXE1IPLO
01> dois ,modelos
Celebre a Ceia de Leonardo de Vinci, que tem
:seu lugar de honra em todos os lares fieis. Para
terminar o q aaclro, nas paredes do refeitorio -do
mOflteiro de ~- ~[aria da.s G1,;;was em Milo, mais ..
tarde transformado em quartel, o artista gastou qua-
torze annos. Tambem preciso notar que o painel
media quasi 20 metros de comprimento.
Para o rosto de Jr.sus serdu de modelo um jovem
pie~oso e de bons cstumes, Frnncisco Bandinelli,
,c uja physionomia reflectia uma virtude angelical.
Leonardo de Vinci descobrira, neste rapaz, <1 belleza,
<LRerenidadc e a rrnreza que bem caberiam na face
<lo.Divino Mestre.
Definiram, como dissemos, q natorze a nnos. O
derradeiro persona1?;em a pintar era Judas Iscariote.
O artista descobriu, 11unrn tasca, um indhiduo de

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23 DIAGE.NS E OBJECTOS SACROS XA 'BIBLIA V
.
aspecto hediondo, que tractlZia os negrumes de
uma alma viciosa. Para modelo do apostolo trahidor,
no se poderia encontrar expresso mais repe:Uente.
E l se foi o tratante, atraz do pintor, bancar de
Judas na tela.
Emquanto estendia as tintas, Leonardo de Vinci,
dotado de grande memoria,- procurava lembrar-se
onde YI:t este homem, pois tinha a impresso do ..
j visto.
De repente, deixou cahir o pincel : o modelo de
Judas servira, quatorze annos antes, para modelo
de Jesus.
A imagem de Jesus inspira o amor a Deus e ao
bem. A imagem de Judas espelha Yicios e trahies.

...

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.
llllliWl!ilfrllE.llrilRlllllDlll'lll
11111n11111:11111ll1111 rlllkmJJ111111111111111111w1111 ~ 11111i111111111111111111 n1: 111u1111111illlllllllif1JJUUJI 1111111111111111Ull1111
IWil~!~l~IWilb.IWil~.dl'tlal~ ~ ~~
...
..
VI
O SILEKCIO DOS CATECISMOS
ELEMENTARES
V -;.4, -;T' ";!-;' ";-T' ~,,,, ~ ~ <J , .., ~., 7;' 7f' 9
~ ~
:' Ha vinte e nove catecisnJOs -;~
f~ usados cm Roma, Italia, Frana, ~
,, Belgica, Austria, Baviera, Site ia, ,,
t" Polonia, Irlanda, Inglaterra, Hes- ;1
f;. panha e Portugal, ern >inte e sete -3l
V.. dos quaes e t ornittido totalrnen- ..'l
' te o segundo mandamento; em "
f;. doi delles est mutilado, e omen- ~
:~ te expressa uma parte. No est, _,i,
1' pois, proYado que a Egreja de 7i
f;. Roma esconde ao povo o segundo .;;
,, m.,andamento? . ..'l
~ ~
6 ~k~!~ ~!~~ 7'' ~~' D ~k~!~~~ 6
mSTA~ palavras sensacionaes So de um pastor-do.utor
- ou de um doutor-pastor Caul, a quem pedunos
venia. para ponderar que o imagens no fars n~o
po~ constar em Resumos da Doutrina Christ, em
Cartilhas, em Doutrinas Abreviadas, em Catecismos
Infantis com perguntas e respostas brevissimas, ao
alcance das crianas.
-;TVi'7''71"7T' t> ~~ ' -;.r,-;.T'7f'~1'7i' <i.
.. ~ f;. Qaundo era menino, falaYa como ~
~ menino, julgava como menino, dis- .;J
~ ,, corria como menino; mas depois ,:
.... }i que cheguei a ser hoinem feito, dei -;.,
f;.de mo a cousas que eram de ~
ifill! :~ menino . (I aos Co r. XIII-11). ~
~ ~
~k ~~!.~o '?f''-~ -:fT' o ~k ~li-~~ oQ
~
D

...
...

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25 I.MAGENS E OBJECTOS l'.L.\.CRO:;- ~A IlIBLIA VI

Assim procede o Jnstc1io da Eclucao.


Nas Geographias h1fantis, os mappas dispensami
o nome de eiclades de segunda plana , {'ontentando-se
em eitar t>apitat>s e centros de importrrneia. Ser:i que
o editor tcndone c1'iminosamente O("Cttltar a existen-
tia das eentemts de localidades nw1wionadas no eurso
~mpcrior?
~i11g1:1ein o snstentan-. Entiio porque exigir do A

A B ~C da doutr:ina o contendo dos <atecismos supe-


riores? Cada cousa no seu tempo! Antes do alimento
forte, a criana c:omea pelo leite e pela papa, como.
8. Paulo.
Poderiarnos prolongar n comparn;\o c>om os ma-
nuaes de g,Tmnatica, arithmetiea, historia e desenho,
srnnrnarios nas aulas infe1io1es e drsenvolvidos nos
annos seguintes. Roma nil.o se fez 11mn dia. De gTo
em gro a gallinha enche o papo. Devagar Yae-se
ao longe. :N enhnm militar comec;on com os bordados
de general on com o basto t7e maredrnl.
Poderamos :rngme1lt1u n lista dos proioqnios,
que nos aconselham n seriao ou graduao nos
esfo1os, mas a verdade tfw evidente qne dispensa
n~iores demonstraes.
A Instrnco Rel~iosa romo n Esrolnr. Rep:1rte
seus programmas em dementar, primario, medio e
supe1ior. Aos pequenitos o Estado entrega abeceda-
rios1 aos mo<;os tratados de rhetoriea. Assim a
Egreja: s crianas fornece a l'artilha, aos adultos
o tratado de apologetica. -
Se1ia contraproducente impr, aos meninos e
tambem a ce1tos maiores, o texto i11te~rnl do deealo_go.
Desde o tempo de S. Agostinho, em todoC os
povos christos1 as Dez Palavnis foram encurtadas
em formulas que continham apenas a essencia, o
sumo, o t'Xtracto de eada mandamento.

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VI IMAGENS E OBJITCTOS SACROS NA BIBLIA

Um alumno protestante ~ar emmaranhado no


cipoal da longa cita<1 e nem sempre ter memoria
para decorar quinze versiculos. Pelo contrario, o
a.lum11.o catholico no hesitar em recitar, de cabo a
rabo, os dez preceitos assim resumidos .
.1-Amar a Deus sob1e todas as cousas.
2-No jttrar seu santo nome em vo .
.'J-Guardar domingos e festas.
4---Honrar pae e me.
5-No matar.
6-Guardar castidade.
7-No furtar.
8-Nlio lecantar falso testemunho .
.9-Nlio desejar a mulhe1 do proximo.
10-Nlio cobiar bens alheios.
So phrases curtas, faceis, que facilmente cantam
na memoria, a anteric. chamando as seguintes pelo
auxilio da cadencia. Resum'ndo assim o Decalogo,
a. Egreja, sem afastar-se da letra, abreviou os periodos,
de modo a condensar o espirito da Lei.
Criticar este methodo peccar contra a ba
pedagogia, desconhecer a psychologia ou mentari-
dadl'! infantil.
EXEMPLO
Heres pelo Crucifixo

;)urante a "persegui.o de 1779, na Cochinchina,
trinta e dois catechistas foram encerrados na cadeia.
No limiar da priso, por um requinte de malvadez,
os ;.nandarins havmm collocado, bem atravessada
na porta, uma imagem de Jesus Crucificado. S tec
riam sabida e liberdade os que pisassem o sagrado
emblema, no acto de deixarem a cadeia.



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.
27 IMAGENS E OBJECTOS SACROS KA BIBLL\ VI

Dois covardes, a1~edrontados pela perspectiva


do captiveiro e dos supplicios, tiveram a triste co-
ragem de calcar o principal symbolo do christo,
mas trinta recusaram trahir f, para conser-\arem
uns restos de vida terrena.
Pois bem, os trinta foram soltos com muitos
elogios, por parte dos mandarins que sabiam reco-
nhecer a- intrepidez, e os dois r enegados foram en-
xotados no meio de apupos e baldes .
...

..

.. . 1 .... 1'

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. ..,
.
aa1m111111E111au1111111m:ar111
llBliMllllBElllllEBJl!lfM!&l!I
.
i .. VII

. DEUS NA BIBLIA MANDOU



FABRICAR IMAGENS

~
r> , , , ~ "';r1' ,.,, -;.-::, D ~.V- o ~ "T' 7'' -;.,, ~., <J
~
~ ~
1
" "E o Senhor lhe disse: Faze "'
!E- uma serpente de metal, e pe-na ~
:~ por signal: todo o que sendo ~
~: ferido olhar por ella, viver. Fez, ~:
1' P'JiS Moyss, uma serpente de ;j
~~ metal { pl-a por signal. (Nu- ~:
,,,, mer. XXI-8). ::
~ ~
o~l!_~l~~o ?l'~J' ~ -;-1' '-'~V-~l~~!~o


.
AJ .. A COBRA DE BRONZE. . . De ordem do
Senhor, Moyss f~ fabricar o que ha em baixo na

terid:'. uma cobra de bronze. Ha fieis mais catholicos
do que o papa, mas ha tambem biblistas mais bibli-
Ct!i,.do que a BibliiP? E estes censuram, em nome das
Escripturas, uma obra que as Escripturas celebram.
As imagens apparecem, aqui e acol, no Livro Santo,
ordena.das pelo proprio Deus que as teria prohibido.



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29 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA VlI

B)... OS CHERUBINS BE OLIVEIRA ...

o -;r.;- .,,, "T' ~'i'' 7i'~ o~!~ o "'i'' ;T' ''i'' .,,, "'' o
~ ~
:: 23. E poz no oraculo dois che- ::
:' rubins de pau de oliYeira. de dez ;:
~ covados de altura. . . 29. E fez ~:
,, esculpir todas as paredes do :: "'
:' templ~ em roda de entalhes e 7-l
o molduras: e nellas fez cherubins o
f; ~5.p~n~~tal~oudi~~~-~~~it~~t~a~;l: :1
~ mas, e relevo3 mui saccados fora: ;1
~ e cobriu tudo com chapas <l<' .;j
-
,, ouro . (IH Reis VI).
~

a ,,, ,,, ,,, o ;-., 7~,-'


------ (t;;JiW,Sll
1
~-, o,,, ,,, ,,, o
-------~-
~
,

Aqui no mais voga a prohibio das fignras


do que ha no cu. Salomo, o sapiente, mandou en-
talhar de oliveira duas figuras do que ha no cu,
dAis cherubins alados. Cnmulo dos cumulos, collo-
cou-as no oraculo, no Santo dos Santos, l onde os
sacerdotes vinham orr. Isso demonstra que a pro-
hibio no era absoluta. A lei era para a miualha
que podia escorregar na idolatria, mas no para os
chefes que, assistidos por Deus, no corriam o mesmo
perigo. -

C). . . OS CHERUBINS DE OURO. . . Cinco ca-


ptulos aps a condemnao da:-- imagC'us, o Expdo
traz ordem para a fabricao de dois cherubins de
ouro, trabalhados a martello. Seria possvel que o
Livro Sacro se atrapalhasse to depressa? E a infal-
libilidade bblica onde ficaria ?

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.

VIJ IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA l:HBLIA 30

il t> 7i" 'T'-;.'i'' -;.T'~ ~!'o ~1'- a -;.T.;- '!'' -;.r, 7'' 7"' <J

~ ~
t~ M~;~~ ~~l~~~/~~sFa~a~'3c;~l~~er~ ;;
i[ fl :: dois chembins de oiro trabalha- ::
r;- dos 30 ma rteJ!O; n a~ cill3 ti e xtrP- ;1
f;j f; midades do oraculo . ( E:rndo, ~
t~ XXV-18 ). ~l

!lfi
1
~
~!~ ~l~ ~l.~ o ~i' "Wr ~T' o~~ ~k ~V-
~
<J

O Exodo XX de3toa do Exodo XXV, mas a"" d.is-


paridade s apparente. 810 excluidas as imagens
particulares, que podem occasionar um eulto pago,
mas no as publicas) destinadas ao deroro do templo. A
prova, est em que o Ex:odo permittc inrngens para
o oraculo) lugar de orao.
D ) ... O MAR DE FUNDICO ... Este um mar
de figuras. Ern uma grande bacia onde os sacerdo-
tes lavavam as nos,, aps a immola<; 1:1.o dos hois.
bodes ou carneiros.

t> ,!''T'7f'-;.T''T~ o~!~ o -;i': "~"i''';''~'''l' <J


~ ' . ~
' < J<~ firma va-SC ~ohrP doz(' ho1,;. '
t; ti:es dos qu aes olha,am parn o ~l
:, Scpten t ri o':' e hC's parn o Ord- ,:
r: den te, e o mar e~tant C'lll cima ;:
.. f; delles : ns partes posteriorrs clrll e~ ~l
t~ sr escondiam pa ra a pa r tr ele ~
:: dentro. (HI Rei ~ Yrf, 20). ,,
. ~: ,;:.~;<i~~~ ~~.~~e~~n~~~t~~l;s :i~:i~ ~
t cantos, che rubin~. (' lee;; e pal- ;j
~ mas, com o re pre. ntandn a figura -'l
'"' de um homem <' Ili p , de ral ::
r- modo que est('~ no pareciam ;1
~~ g-ra,'ados, mas de Yulto~ postos ao ~
!; redor., . (III Reis, VIL i)() ). ,,
~ ~
o~!~~.!!~o ~r;--~ -;r, u~!~~!~~.!.~c

...

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..
31 IMAm;xs E OBJECTos SACROS );'A BIBLIA VII

E) . .. OS LEES DO THROXO DE SALOMO...

~
'''~':'7-''''-;'' t> ~!~ <t ~1'-~l~~!~ ~~~!'4.,
~
1' Fez mais o rei Salomo um ;~
,~ irrande throno de marfim. e o
Q
.:-:
,
,, guarneceu de ouro mais relnzen- ,:
1' te, 19-o qual tinha. . . dois lees ;:
~ ao p <le cada mo, 20, e doze .:-~ ..,
:: leesiu_hos postos sohre os sei;; de- ::
t graus 'd e uma parte e de outra. ;1
~ (IH Reis, X) .:-:
~ ~
O ~k, ~J.~ .!-k_ D ~., ~ ~., D~!~~!~~~ G

Os lees ao p de cada mo parecem charada.


Explica-se: o throno era sustentado por dnas mos,
debaixo <las qnaes estavam os lees. Como pretender
que a Escriptura nbomina se ns esculptnras, CIUando
Salomo: no tempo de mt gloria e sabedoria, mandava
esculpir no proprio pala Aio no proprio throno duzias
de reis do deserto. Bem se v que a Biblia abria
excepes, quando julgava a proposito.

F) ... A VISO D..E EZEQUIEL... (VIII-10-lr) ...

O propheta descreve seteuta andos a incen&ffem


reptis e outros nnimnes cnjas effigies adornavam o
Templo do Senhor. Eram obrns. <lo tempo de Salomo,
que os israelitas, supernticiosos na ..alma, hav-iam,
promoYido a deidades.
Fecharemos aqui a enmnernco. Os seis factos,
escolhidos entre mnitos outros, <lemonstram ~iue
l\Io~ss n<io lanou uma condemnao radical, mas
relatiYa. ~e na Biblia surgem tantas figuras, bem
pode a Egreja ter snas imagens.

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...

VII D'l:AGEXS E' OBJECTOS SACROS XA BIIlLIA 32

~"CE MPLO

}.finucins Felix

Escreveu, contra os idolos, o apologista Minucius
Felix, no segundo seculo da nossa era : "Quando
nasce o deus ? Fundido, forjado, esculpido, ainda no
deus. Ei-lo na solda, erguido e collocado ~obre um
pedestal, mas ainda no deus. Vem a ser enfeitado,
consagrado, invocado: cl'!'egou finalmente a 1'1.eus,
aps a consagrao feita pelos homens".
Os protestantes utilisaram o texto d3 :M:inucius
Felix contra as imagens. Poderiamos utilisa-lo contra
as Biblias das Janellas Verdes.
A madeira serrada, posta no banho, dissolvida,
mas ainda, no Biblia. Reduzida a papa, estirada,
seccada, papel, mas ainda no Biblia. Vae debaixo
da machina, besuntada de tinta em forma de letras,
dobrada em paginas, ~nas ainda no Biblia. Enca-
dernada, posta a venda, r~ebida com beatice ei-la
Biblin, finalmente.
O material da estatua passa a sagrado depois de
receber os traos do Santo e de ser bento para o
culto. Assim, o papel da Biblia venerando dep~is
de receber a palavra divina:. vale a ideia, no a
materia. Considerando a madeira, podemos dizer: eu
te conheo, meu pau de laranjeira. Contemplando as
feies, podemos affirmar : eu te \'enero, meu Santo
Antonio.



.


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1811iMllililElll'llF.rRl11iHillll
.
lllli&llllllHllBlRIJJlllmrli
! Bll

VIII
OS CHERUBINS DO EXODO (XXV-18-22)
~s protestantes acastellam-se num silencio calcula-
IWJ do. ::\Jlndem facilmente ao Exodo XX, do ima- ..
gen.~ .:.mio far., mas deiXaJl.1 na penumbra o Exodo
XX\!, do chel'ubins fms. Usam ele dois pesos e duas
medidas, conforme o freguez. Citam o Exodo que os
favorece, mas nsam do apagadol' quando o Exodo
n:1o lhes vae missinha.
Texto, se me convens, eu te approveito, mas, se
iJo formas ao meu lado, deixo-te na bagagem.
Fala, pois, o Senhor a Moyss.
0 ~.,;,,-;r''l'-;r' e> .!-1~ <l -;.T,-;T,.._,T'"'''-;T' <t
~ ~
.' 18 Fars,.tambem dois cherubins '
f~ de Qiro trabalhados ao martello, ~l
,, nas duas extremidades do oraculo. ,,
:' 19 lTm chernbim estar a um -;.1
,, 1a d o, outro ao ou t ro.
I' '1
-;.1
,, 20 Cubram ambos os lado do ,,
:..- propiciatorio com a azas esten- -;l
f~ didas, e cobrindo o oraculo, est~ ~l
:~ "o olhando um para o outro, com ,,
:~ os rostos virados para o propicia-
~ torio, com o qual se cobrir a '
;i
,, arca. ,,
~ ~
~ ~
I> , , , ,,,., , , , o
_ _ _ _ _ _ ... _ l
-;.":', o,,, ,,, ,,, <l
~;---~
-------
\ 'l~\i .1- -

Azas estendidas, fitando-se mutuamente, os dois


(hcrnbins cst:lo a relembrar os anjos que ladeiam o
sa.e rario, nns egrejas catholi<as. t'a.bricados de o<ro
e a martello, so imagens do que ha no cu, contra
a deciso tio Exodo XX. No haver eontra.dico
entre o capitnlo XX e o eoll<'ga XXV?

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VIII IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 34

N:1o ha, nem poq~ haver; desde que ambos so


filhos Jegitimos da inspfrno divina. A Biblia no
um sargento qu< d uma ordem e logo a contra-ordem.
:e' que os dois casos so diversos.
O Exodo XX no admitte falsos deuses, idolos,
representaes supersticiosas, estatuas de estylo egyp-
cio, figuras extrangeiras, deidades pags e, finalmen-
te, tudo quanto os israelitas tinham o costd'ine inve-
terado de adorar na terra.dos Pharas.
O Exodo XXV encommenda imagens pias, che-
rubins nitidamente hebraicos, estatuas devotas, figuras
ornamentaes que, sobre o Oraculo, em cima da Arca
da Alliana, perto da mesa sagrada e dos pes de
proposio, realariam o culto nacional.
O Exodo XX detesta as representaes de dei-
dades, como Roma as detesta. A caraa do chacal
Anubis escandalisava Moyss, como a estatua de
.Jupiter melindrnva os primeiros christos. Se o Le-
gislador r eduziu a cTnza ~ bezerro de ouro, foi
porque aquillo relembrava o boi Apis, condemnado
pelo Exodo XX. Assim, quando morriam recusando
incenso a Diana ou Venus, ou Juno, os martyres
obedeciam ao Exodo XX.
Agora, o Exodo XXV acG.nselha os Cherubins
como os aconselha Roma. Adorna os altares de Israel
como Roma os altares da egreja catholica. Fala s
almas pelo martello do ourives, como Roma pelo
pincel de Miguel-Anjo ,.pu frn Angelico.
Os protest11'ntes acceitam o Exodo XX, mas en-
coquinam o .\XV. Mais respeitoso da Escriptura, o
romanismo acata os dois capitulos, entre os quaes
n~enxerga contraico.
Num dado collegio, o director, quando interro-
gado sobre o passadio, limitava-se em chamar o
alumno mais rechonchudo e gorducho, cuja apparen-

...
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...

35 IMAGENS E oBJEcTos s_-\.cRos NA BIBLIA VIII

eia florida era o melhor reclame para cosiuha do iu:-


ternato: ao mesmo tempo, o ladino regente occultava
os collegiaes magricellas. -
Assim procedem os protestantes com a Biblia,
ainda que mal comparando. Trazem a publico o texto
que lhes parece gordo e dissit'nulam o que se lhe$
afigura magrinho.
EXEMPLO
Impemdar sem logica

Em 761, S. Estevam de Auxencio compareceu,


qual accusado perante o juiz. deante do implacavel
iconoclasta, o imperador Constantino Copronymo.
-Tratas de hereje ao imperador ?
-Herejes so os profanadores das imagens.
-Pretendes que, pisando a imagem de Jesus,
pisamos a pessa de Jesus? -
Sem dizer palavra,- o santo bispo tirou do bolso
uma pequena moeda, que trazia a effig"ie do monar-
cha e do principe herdeiro. E perguntou ironicamente:
-Sem offender o imperador e o prncipe, ser~
me- licito calcar a2s ps esta moeda?
-Se tal fizeres, s homem morto.
-Ento, a medalha de um rei tem valor, e no
tem valor a medalha do rei dos reis ? O chefe da "'
crte celestial somenos ao chefe de uma crte
terrestre?
E num desafio ao orgulho do Copronymo, S.
Estevam de Auxencio atiron ao cho a moeda e col-
locou o p em cima. O santo f0i carregado d -gri-
lhes, fechado numa tetrica masmorra e barbara-
mente espancado. at que veiu a fallecer de nma
paulada sobre o craneo.
Nem sempre foram logicos os despotas.

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"'
"'
lllillBll1HfiEillliEilllilBJ:lfii1l
lllllll!MlllBHllllEUBttailllll
.
IX
IMAGENS EM PROFUSO N TEMPLO

~~RAEL teve apenas um templo : o de .Jerusalem,


"' . edificado por Salomo, para abrigar o Santo dos
Santos e a Arca da Allian'rt. Alli aboletaram-se, !Tuma
profuso incrivel, as esculpturas, os baixos-relevos e
os bordados prohibidos pelo Exodo ( na these pro-
testante), como representao de creaturas que ha
no ceu e na terra.
Abramos o II dos Paralipomenos ou das Chro-
nicas, capitulo terceiro.

,, JrW-;T'7r'"i''"'i'' o~~ o 7''7f',.T~ "T'?i'~,,~


t>

t' 7... T~mbem na casa (do Senhor) 1'


~ cobriu as traves, os humbraes, e ~
:, as suas paredes, a as suas portas, ;
r' com oiro: e lavrou cherubins nas ~
~ paredes. .t~
~ ~
e~~~~!,_ o '?''-Te
~
, ...r ~r-: o~~~~a
t;

Raciocinemos: ou Salomo desconhecia o imagens


nao fars, e e~1. ignoriitnte, o que no se admitte num
rei l'ie tanta sabedoria. Ou conhecia e transgredia o
preceito, o que no se admitte num rei de tamanha
santidade naquella epoca. Terceira hypothese: Sa-
lohro julgava, co1o julgam hoje os catholicos, que
o Exodo favorecia os lavores para culto de venera-
9o, ou para simples enfeite.


..

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.
37 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA IX

t>
~
'l'' "7f' o ~~o ?i'' 7f'?f~ -T' ~, ~o
-;.T~i' -;.r.;
-
:' 10. . . Tambem fez na casa da 7J
~~ santidade das santidades dois che- ~
~; rubins de feio d' andantes.. e ,,
1' cobriu-os de ouro. -;1
:~ 11. . . E, quanto s azas dos che- .!l
:~ rubins, o seu comprimento era de :~
1' vinte covados, e tocava na parede -:;j
V- da casa: e a outra aza de cinco ~
:; covados. e tocava na aza do outro "
:' cherubim. .;j "'
V- 12.."": Tambem a aza do outro ~J
'
~
cherubim era de cinco covados, e ~ ''
~ tocava na parede da casa: era 71
~ tambem a outra aza de cinco co- ~
~- vados, e estava pegada aza do , 1
t"' outro cherubim. ;j
:~ 13. . . E as azas destes cherubins .;j
:; se estendiam vinte covados: e e~- ,,
t' tavam postos em p, e os ~eus ;j
V- rostos virados para a casa. ~:
~ ~
r> ~~!!-~o /T' 7_ L,-' ' ' ' 0
~1'-~!~~V- o
- 1';'0

Francamente, numa- terra em que era prohihido


esculpir, os artistas do escopro ou cinzel no soffriam
do desemprego~ como em nossos dias em que a arte
vive livremente. E estas transgre ..;;ses ( ?) do Exodo
d~vam-se no templo de Jerusalem onde, no tempo
de Pilato, no pode&:tm penetrar as aguias dai le-
gies romanas, sem irritao dos israelitas.
O peior que os violadores ( ? ) do Exodo no
se contentam com cherubins esculpidos. Alli, collo-
caram egualmente uns cheruins bor~ados.

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...

IX lMAGENS J;; OBJECTOS SACROS NA BIBL[A 38

***
Falamos no mar de fundio, verdadeiro deposito
de brt?.haria de bronze.
Vejmn o TI das Chronicas ou Paralipomenos,
capitnlo IV :
' -;-7, ~i'"1"-~1''~T' o~~ o -;.7'~l'~T'-;.T'7f' o
f~ 2 E um mar fundido q ~e tinha ~
~ dez c{),iados de uma borda out:.;a, ~
:~ e redondo 11a circumfcrencia; tinba ::
1' covados cinco de alto, e um cordo -;.l
~ de trinta covados guarnecia todo ~
,, o seu ambito. ,,
I' 3 E por baixo do cordo havia -;.l
~ figuras de bois, e por dez covados ~
,, no exterior alguns rele.vos que, ~
~' divididos em duas ordens, rodea- ~1
f~ vam o bojo do mar. E os bois eram ~l
,, . fundidos. ~
:' 4 E o mesmo mar estava assen- 7l
t:. U.do sobre doze bois, tres dos ~
,, quaes ol,).ia,am para o se ptentrio, ~
1' e outros tres para o occidrutc, e ''
t~ outros tres para o meio-dia, e os ~
:, tres que restavam, para o oriente, ,,
1' tendo o mar em cima de si; e as ~
~ partes posteriore~ dos bois esta-"'~
~
t>
...
:, vam para a parte interior do mar. ,,
~!!-~!~~z_o ~T'~ -;.l'' o:-!~~~!~
~
4

No templo de Jerusalem, os sacerdotes requin-


tavam no esr.irito m>Saico. Como explicar tanta
escu!ptura na casa de Deus, se realmente estas obras
fossem abominadas na Antiga Lei? Tamanha abun-
daueia numa epoca prohibicionista ! Quantas officinas
h~ria, se houvesse liberdade na estatuaria? E'
.inutil fttgir da logica : Salomo no encomrnendaria "'
tantas obras de arte, se fossem realmente prohibidas
pelo Exodo.


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$9 IMAGENS E OBJECTOS SA CROS NA BIBLIA JX

Convem repisa-1~ o Decalogo condemnou os


idolos e permittiu as imagem:-:
r.
EXEMPLO
No se atira numa Cn1.z !
Durante a guerra com a Russia, em 1854, os
anglo-fra.IJ.cezes, para fazerem urna diverso cam-
panha da Crimea, apoderaram-se de Bomarsund, no ...
golfe de Botnia. O general Niel, cornmandante do
corpo de engenheirqs, recebera ordem de arrasar a
cidade. Ia comear o bombardeio quando avistou
uma cruz, a dominar urna torre.
-No posso mandar o bnzes contra esta cruz,
murmurou o general. L, na terra, minha me
nunca me perdoaria.
Dirigiu-se aos soldados :
-N~ haveria dois voluntarios, para treparem
naquella ' torre, desprenderem-a cruz e trazerem-na
aqui? ~

-Prompto, senhor general ! clamaram a um


'~empo trinta voz~~
. Com algum trabalho e muito perigo, o emblema
sagrado foi destacado, carregado com respeito e- en-
'tregue ao general. Niel, mais tarde marechal de
Frana, levou para sua cidade natal a cruz russa
que, .ainda hoje, enfeita a egreja de 1\foret. Tambem
provieram de Bomarsund as_lampadas que ardem,
actualmente, no santuario ele Noss:i Senhora_ das
Victorias em Paris.

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"'
X
IMAGENS NO 'L'HRONO DE SALOMO
(II Paralip. IX ou Chronicas)

-;r-:.o;r, 7"'~''~'' o ~1~07-"'"'7''7''~''~'' <I
~ ~
~ .;i
~ 17 Fez mais o rei Salomo um ~
!'" grande throno de marfim, e o ?j
:~ g-uarneceu de oiro mui luzente. ~
:: u 18 O qual tinha seis degraus e ~
f-: o alto do throno era redondo pelo ,,,
:~ espaldar, e duas mos, uma de uma ~
~: parte, outra da outra, sustinham
:' o assento e havia dois lees ao p ~
~ de cada mo. ~
:: 19 E doze leesinhos postos sobre
1' os seis ~egraus de uma parte e de ~
'' outra; no se fez obra similha11te ~
~
-
em nenhum dos reinos. :i
-v
~ ~
t> ~!~~!~~!~o ~., ~ ~.,



$ ALOMO i1o interpretou o Exodo XX como fariam,
mais tarde, os amigos protestantes. Se queremos
comprehender a Lei 1 dev~mos vr como foi logo
applicada.
.Ora, os r~is mais virtuosos, como, David e Sa-
lom(:), festejaram ou fabricaram imagens pias: logo
estas no eram contra a . .Lei Mosaica.
'- Protector da ~statuaria ou fundio mostrou-se,
no auge do prestigio, o rei Salomo, celebre pela
sapiencia. Chefe da nao, constructor do templo,
..
este monarcha foi tambem escriptor sacro, como
Moyss. So delle os ProYerbios, o Ecclesiastes e o


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...

41 IMA<rnN8 1<~ OBJECTOS SACROS NA BIBLIA X


Cantar dos Cantares. Assistido nor Deus 1ws escriptos,
seria tambem amparado nos actos, emquauto se
manteve fiel ao Senhor.
Depois de enriquecer com figuras ;i easd, do
Senhor, embellezou o seu palacio de Oph<>l. na col-
lina ao sul do Templo, e l mandou armar um
throno de marfim onde installou respeitaveJ familia
de lees, ..symbolos da realeza.
O throno repousava sobre duas mii.os e debaixo -
de cd.da mo havia dois li;es grandes, que domina-
vam a tropa de leesinhos, esculpidos nos degraus
do throno. Ainda aqui no triumpha o rnayPns nao
f'ars. E pouco se comprehende que os protestantes
descubram a condemnao das figuras, num texto
que no impediu Moyss nem alomito de fabricarem
esculpturas ou obras de fundio.
Depois de preparar imagen pia como os che-
rubins, o rei da Sabedoria tratou do estatuas profanas,
como as da familia leonina, ..reunida em redor do
throno de marfim.
Quando os hebreus exigiram de Aaro o bezerro
de ouro, Moyss castigou severamente os rebeldes,
mas quando Salomo enche de lees o throno regio,
n~o ha ira do Senhor porque no so adora.dos os lees.
Admitte-se que e povinho, em sua ignoraneia,
tratasse de estatuas, revelia do texto condemnador,
mas um rei afamado pela sabedoria_, um conhecedor ...
e ;rnetor das leis, um auctor sacro nflo cahiria no
peccado de interpretar mal 1..m text9. a ponto de
fabrir.ar objcctos condemnados pelo mesmo text~. O
rn-i<riptor tio Ecclesiastes tem o maximo rspeito pelo
escriptor do Ex.odo: 8alomo no foz opposio a
Moyss. E e Salomo entende - ele occupar-se -:10
fabrico de imagens pias ou profanas. porque Moyss
deixou, no Exodo XX, plena liberdade aos filhos de
Deus, comtanto que no cahissem na. idolatria .

..
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X IMAGirns ~] R.rnC'J'OS SACHOS NA BIBLIA 42

Os protestantes j~lga,m que, na epoca do es-


plendor, Salorn:to n.o sabia distinguir entre imagens
e idolos. Prova isso q ne os amigos no frequentaram
o curso de sapic~11eia salomonica.

EXE.MPLO

Ad1iertencia,.de Rttskin
""
O grande critico de arte, .John Ruskin, escreveu,
sobre a cathedral de Amiens, um livro intitulado A
BIBLIA DE AMIENS. Deante do porto da Virgem,
faz uma advertencia a uma visitante anglicana que,
porventura, fosse tentada de sorrir, perante a inge-
nuidade dos artistas.

':Cara protestaute., minha leitora, se vier aqui,


venha educadamente. Queia recordar que o culto
de uma mulher, faUecida ou viva, jamais prejudicou
s creaturas humana.s ... que o culto pelo dinheiro,
o culto pelos cabellos, o culto pelo bicornio e pen-
nacho fazem e fizeram um mal muito peior... e qe
todo" offendam o Deus do Ctlor da Terra e das Es- ""
trellas mil e mil vezes mais do que os absmdos e
deliciosos erros commettidos pelas geraes dos seus
filhos simples, em rela.o a tudo qmmto a Virgem-
Me poderia, querer~.a, faria, on experimentaria
por elles".

Certamente, a singeleza dos artistas mais agra-


da 1 a Noss~t Senhora do que o puritanismo que se
escandalisa com certas phantasias artistias.

***


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43 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA X

e> ~'-;.T'7i''-;.T'
'11 'T''T'"'i"~~ -c1 t> 4~T'~''.iT' \V <T'~7i'~T' 4
~ ~~ ~
!'" Um catholico norte-ame-~ :.;- -Para que? Para dar .,4
~ ricano, amigo do Cardeal ~ ~uma prova de respeito a ?;
:' Gibbons, encontrava-se em ~ ; Henrique Olay. "'
~ Richmond quando se inau- -;4 ~ -Sim, nem mais nem ~
f'. ~urava o monumento do ~l ~menos? Eu Yejo deante de~
,' illustre Henrique Olay. ": :; mim a argilla (Olay), mas ":
~ .Apenas cahiu o vu e ~l :' no vejo Henrique. ~l
V- apparec"lram as nobres fei ~ :-. -Ora vamos; no seja ~J
:' es do grande estadista :: :; to exigente; respeite a ": "'
~de'.' Kentucky, os especta ~:.;- imagem de to preclaro~
~dores tiraram instinctiva- ~l ~filho da .America. ~l
mente o chapo e rompe- ': )' -E o sr. no seja to ' 4
~raro em enthusiasticos ~l ~ incon equente! O sr. tira o ~i
~ applausos. ~ :~ chapo deante desta esta- ~l
' S o catholico permane- , :; tua, qne diz S~l' a cima-
~ ceu de cabea coberta. ~ 1' gem de He1mque Olay, -;j
:j
r- -Homem, porque no se ~ 1~ e logo ri-se de mim se tiro :l
,; desco~re _?.perguntou-lhe:::;. chapo ycrante um cru~
:.;- certo mdiv1duo que estava -;1 1' c1fixo. Pois que um cru 1
V- a seu lado. ~ :-. cifixo, seno a imagem do ~l
; -E para que hei de eles- 1 :' Divino Redemptor, que pa- ':
~ cobrir-me? respondeu o in ~ :~ d~ceu e morreu por ns ~l
r.- terpellado. - ~l ~ n'uma cruz? ~:
~ " ~' #4
e>~!~~ "T' ~ 'T' ~~!~o C>~~k ~.,~~ ..."'' ~~~l~.a

...

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.. ...
"'
llllllllfm/llHilllllllElllll:fmllllllll
111Ml11JHlU1JJfjlllllliiiiillllll

XI

-IMAGEM MILAGROSA NA BIBLIA

~110 livro dos N umeros pompeia uma ima~m mila-


41s~ grosa. No de here, de santo ou de anjo:
de reptil. Pela cobra pecca'a a humanidade, cah'T.ndo
na perdio: pela cobra salvam-se os hebreus no
deserto.
No areial, o povo exhausto ou malhumorado
queixa-se contra Deus e Moyss, em obsequio ao
dictado: o dia do beneficio a vespera da ingrati-
do. E todos murmuram: Porque nos tiraste do
Egypto ? Para virmos a morrer neste deserto ? Fal-
ta-nos po, no ha &gua ! Nossa alma enfastia-se
deste levissimo manjar, que. o man !

Como collegiaes insatisfeitos com a cosinha,


como soldados descontentes com o rancho, os hebreus
protestam contra o tratamento, que no lhes pare<!e
na itltum dos seus mereciment~. E tm saudade do
tempo em que passavam fome, trabalhavam muito
e apanhavam de chicote.
Quem d o po d o castigo. O Senhor enviou
contra os protes-tat~rios~ em grande quantidade, cobras
de fogo, de picadas dolorosas e facilmente fataes.
Em pouco tempo, o acampamento estava cheio de
pef..;,!.as a se contoI"eerem em dres. J no se lem-
bravam mais da monotonia do man. Arrependidos
da insolencia, pediram perdo. E J ehovah disse a
Moyss:



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45 IMAGENS E OBJEC'l'OS SAC.}{08 NA lHilLIA XI

...
o 7:'".. ?'-;.T'"T'"'T' o '!t o ;r~ ..,.,,,.,,~'l''-;.y' o
f, Faze u:a se~p:nte
de metal e
:' pe-na por sig-nal: todo o ferido ~l
~
ili :~ que para ella olhar viver. ~ez, ~
:: pois, Moyss uma serpente de J
:' metal e pl-a por signal e os fe- ~
~ ridos que para ella olhavam, sa- ~
~;. ravam. (Num. XXI- -8). ~,,
-
o ~!t-&.. :!t- o 'F 'I,~\' 7f' o~~&.. ~k o ..

***
Temos uma derogao ao imagens no fm. s, do
que ha em baixo na tena. Se ha crcatura que ras-
teje baixo sobre a terra, cxactamcnte o reptil.
O Senhor manda esculpir ou fundir uma cobra de
bronze. Quem manda? Manda quem prohibira. A
quem manda? Manda a quem encarregara de edictar
e fiscalisar a prohibio. Co:1trndico? De modo
nenhum! Se Deus man~la fahricar uma imagem,
porque jamais condemnou as imagens, e sim os idolos.
A serpente MILAGROSA, apesar de bronzea.
"~Viver quem fitar a serpente... Saravam os feri-
dos que para ella olhavam " Havia no reptil .., um
poder curador. Don0 vi 11 ha Pstc poder? Do metal?
Mas nunca ouvimos dizer que o 111l'tal ueutralisasse
de longe o veueno da casca vcl. Du serpente? Mas ..
a serpente, quando nrw mata, aleija. De Deus? Cer-
tamente, e de Deus que curav::i por 1neio da imagem.
Que tal? No pode, ainda hoje, Deus valer por
meio de image11s de santos (1uc, evidentemente, so
menos prejudiciaes do que as ja.raracas? ,,,
A serpente foi CULTUADA. E com que fer or !
Levantada no meio do acampamento, era olhada
ardentemente. E os olhares, dirigidos em obediencia
a Deus, constituiam um acto de f e de esperana,

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XI 1M.A.G.1rns E OBJEcTos SACROS NA BIBLIA 46

uma. orao muda, porem eloquente. Acompanhados


de gemido~ e de contt~.o, estes olhares valiam peht
mais ardente das supplicas. Jamais um catholico
arra&i:ou-se deante de uma estatua da Virgem, como
os hebreus deante da serpente de bronze.
A serpente era o SYMBOLO DO CHRISTO NA
CRUZ. Pelo menos, o que S. Joo affirma (III. 14).
"Como no deserto Mo.vss ergueu a serpente, assim
con vem seja erguido o filho do homem, par que no
perea e sim tenha a vid1t: eterna quem nelle ~cre
ditar" Como os israelitas ficaram livres do perigo
pela serpente de bronze, assim os christos so cu-
rados do peccado pela cruz. A cobra no deserto deu
cabo de picadas venenosas: assim, a cruz no Cal-
vario deu cabo da ferida cansada,, na humanidade,
pela cobra do Edeu.
No acham que, uum povo a quem eram prohi-
bidas as imagens, a Biblia deu muita importancia .
cobra de bronze ? E ~orq ue os catholicos no pode-
riam confiar nas santas IP,,agcns, mais do que os
hebreus no reptil de metal?
EXEMPID

Goethe e o quadro n~ tempestade

Era uo dia 16 df\ 11u:d o de 1787.
Goethe viajava ua Jtalia, para estudar e admi-
rar as belleza~ d'aqu~la patria da arte. E, numa de
suas excurses, achou-se navegando nas proximidades
de Capri, a linda sereia que a tantos turistas attrahe.
De repente, dfl.Seuca.deiou-se formidavel tempes-
ta'ttoc1 e o barco foi danando, como doido hysterico,
no dorso das ondas encapelladas. No parecia que o
navio pudesse resistir aos furores do mar. Houve
tumulto a bordo, gritos, correrias, desesperos. Alguns

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47 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA XI

queriam atirar-se s cri:idas para fugirem ao naufra-


gio, mais on menos como o simplorio que pulava no
rio para escapar chuva.
Goethe manteve-se immovel e impassiveL -
Devido ao seu genio olympico ?
No. O poeta reviu, naquelle momento de angus-
tias, um quadro que outrora lhe calara muito no
esprito: a tempestade no lago de Genesareth. Revia
a scena iiitidamente, qual o artista a fixara sobre a ..
tela- E paiecia-lhe ouvir,-bem claramente, a implo-
rao dos discpulos do Mestre.
-Domine, safra-nos, perimus: Senhor, salvae-nos,
que perecemos.
Ento Goethe, apesar de no ser dos mais
christos, convidou os passageiros a repetirem, todos
juntos, a supplica dos Apostolos. Foi seguido o con-
selho do poeta, e uma orao fervorosa resoou, de
envolta com os rugidos do temporal.
D'ahi a pouco a calma _yoltava sobre o mar
e dentro dos coraes.
Al est como um quadro inspirou, no momen-
to opportnno, um acto de f salvfica.

(vejam Spirago: Metodica speciale, pJ.g. 163, Tt1rim, 19!0}.

..

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..

aa1JH111a~iraras11111m:rmra
8Bi18118lll~Bll.HBBiHlllJll
...


XII

A ARCA SANTA

@}, UANDO Jesus disse queviria, com Filho de 1'eus,
~ num throno de nuvens, direita do Pae Celeste,
Caiphaz tapou as ouas e rasgou a tunica. No
faam o mesmo os protestantes, neste tempo de roupa
cara, se eu lhes disser que; na Biblia, existe um
cofre santo e q uasi adorado ~ a Arca de Allian~"'
tambem chamada a Arca de Deus.

e> '?f~'l''i~;;';T~ o~!~ o ;T'~T;--~'r,'"'-;r: ~i'


~ ~
:' 2. E J~yantou-se Dadd, C' partiu, ;j
~- e todo o po,o com os Yarrs t!e ~l
:: Juda., que esta ,-am com elll', parn :~
:' tra,,;erem a arca de Dcns, sobrr a -~
I!. qual inYocado o nome do Srnhor ~l
1
~ dos exercitos, que tem o ~eu as- ::
f, sento nella, sobre o; chrrubin~. ;:

I!. ( U REIS oli SAMUEL, Vl) .'l
,, "4
e> ~!~..!!~ ..'!!a o -..., f,~( T; a ~!~ ..!!~ ~!' 4

.
Quanta h~nra para um cofre! E' arca de Deus,
sobre ella invocado o nome do Senhor, e o Senhor
tem nella o seu throno. Nunca attribuimos a cente-
sh..;a parte destas pterogativas a uma imagem, porqne
dellas no fazemos o throno de Deus. Se nossas
imagens merecem desprezo por serem de madeira,
f_aremos notar que a Arca de Alliana era de taboas,
embora revestida de ouro.


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49 IMAGENS E OBJEC'ros SACROS NA BIBLlA Xll


..
o -;.T' 'T' ""'' -;..r~T' o~!~ o 7T' -;.'t' ;.T' ~;r, 'T' 4
~ ~
~ 5. E David, e tC'da a casa fle -;~
~ Israel, a~fa alegrias peran~ o ~
~.- Senhor, com toda a sorte de ms- ..:-l
trumentos de pau de faia : harpas, '
~ psalterios, tamboris, panrleiros e .;1
11 cymbalos. ~
~ ~
D~~~!/-!-Jl-0 7f'~ ";j' O_:.!~~!-.!t-D

1Jma bonita orchestr a tocar deante da Arca,


ou, como diz o texto, deante do Senhor, como se a
Arca fosse o Senhor! O cofre pio era muito amimado:
vivia no santo dos santos, era guardado pelos levitas,
carregavam-no em procisso: tocar deante dclle era.
tocar deante de Deus, porque nellc Deus tronejava.
Se um artefacto no merece honras pias, se peccado
cultuar imagens de pau, como que David e a casa
de Israel preparam alegrias para a. Arca, e alegrias
rituaes, alegrias religiosas ?

li ,.,,,,
t> 'f' ;~ 'T' 'T'~ o !-l~ o ;.F~~ -;.T';.T,,T, <1
6... Mas logo que chegaram
..,,,,
li
~
~
eira de Naccon, lanou Osa a mo ~
arca de Deus, e a susteve: porque
os bois escouceavam e a tinhau1
..,,,,
,,~ ~ito pender.
~
7. .. E o Senhor indignou-se gran- ..:-l
il r'
~
demente contra Osa, e o feriu pela ,,
sua temeridade: e caiu morto alli ,,
mesmo junto Arca de Deus.
,, ..,, ..
~ ,,
~
D ~l~ ~li- ~!J'- o .,,, ~- 'T' o ~li.. ~.!l. !-1'... D
li
Navegamos de surpreza em surpreza. Quando
objectam que nossas estatuas n merecem respE>~o,
porque s.o de bronze ou de pedra como os idolos,
responder podemos que, embora de madeira, a Arca
era to sublime que o toca-la, mesmo para impedir-lhe
o tombo, era crime digno de morte. Por bem fazer.

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...
.
50 IMAGENS E OBJECTOS flACROS NA BIBLIA XJI
.
mal haver: o bom do- Osa pagou caro seu gesto ...
ousado. E' que s os levitas podiam tocar no cofre
ultra-santo, mais venerado do que a mais popular
de nssa.s imagens.
D ,.,, 71" .__,, ";-T' .,,, o ~1~ o ,.T, ,.,, 7i'' .._.., ,.,, <I
iJ ~
: II... E este\'e a arca do Senhor
~
;1
:~ tres meses em casa de Obededom .!l
:: de Geth: e o Senhor l\!)enoou :~
t Obededom e tod_o a sua casa. . . ;l
~ 12... ~ vieram dizer ao rei Da~id .!l
IL que o Senhor tinha abenoado a ::
I" Obededom por causa da Arca de ;l
:~ Deus... .!l
~ ~
t> ~ .!l~ ~1' D -;.-:, ~ ~T' D ~k ~!~ ...'!~ <I

Somos os Obededons dos nossos oratorios domes-


ticos, onde esperamos que Deus nos abenoe pelas
nossas imagens, como abenoou a casa de Obededom
pela Arca. A virtude emanada do cedro da Arca-
ou que de l pareciP., emanada- acaso no poderia.
existir no taperib de nossa.~ imagens? Bem sabemos
que a beno do Senhor no era attrahida. pelo
cedro, e sim pela piedade de Obededom. Da mesma,
sorte, exigimos q ne acceitem que as graas celestes
no brotam do taperib, e sim do nosso respeifo
pel"8 santos.
t> ,.i,-T''T'#-T'-;.i' o~!~ o;T'~T'-;.T'~-;.T' <1
~
,, 12... Foi, pois, David e trouxe ~ ,,
~ da casa de Obededom a arca de .!l
:; Deus para a cidade de David com ::
:' g'r.>zo. . . 13. . . E succedeu que, ~1
:~ quando os que levavam a arca do .!l
:; Senhor tinham dado seis passos, ~
.iJ : sacrificava bois e carneiros ceva- 'l
:'!! <los. . . U ... E David saltam com .!J
:; toclas as suas foras deante do ::
~ Senhor: e estava David cingido ;1
:~ com ephod de linho. .!l
~ ~
O.!!~.!!~~~ D 7i' ~ 7f' O ~~k~~ <I



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XII IMAGENS E BJEC'fOS SACROS NA BIBLIA 51

Acompanhemos a prociss~o, pelo menos mental-


mente. David dana deante do Senhor, representado
por um cofre que encerra as taboas da lei. A-cada
meia duzia de passos, o povo estaciona e os animae's
so degolados e offerecidos deq.nte da Arca. Nunca
paramos tanto com um andor de santo, nem jamais
mettemos- a faca em bois ou carneiros ! Alem disso, ..
Davt:l salta e dana de a7'egria, como os marujos no
Cirio de Nazareth, em Belem do Par. Concluso
protestante: os israelitas no adoram a Arca, mas
os catholicos adoram a imagem, perto da qual no
fazemos a centesirna parte das alegrias de David.
o ~T' ''i'' ~'i'' 7I'' ~i' o .:-J.~ o ;.T' -;'t' -;.r.;- -T' ";-f' o
~
,, 17 ... Introduziram, pois, a Arca ~
,,
:~ do Senhor, e a collocaram no seu ~
1
' lugar, no _.fneio elo t.abernaculo, ''
~ que Dadct tinha preparado; e .;i
t~ Dafld offcrecen holocaustos e sa- ~
:; crificios de aco de graas dean- ~:
: te do Senhor ... 18... E tendo aca- ;j
''
~
bado de offerecer os holocaustos ~
,,
,, e os sacrifi cios de aco de graas, ~~
:; abenoou o P'" em nome <lo ;1
~ ~enhor dos exercitos. ~
""
o~~~.!.~~l~O ;.T' 'e~;'i'' o~~~~!!.a '
Parece aquillo uma festa de santo. Terminada
a procisso, a imagem reGolloca.d?. no nicho ou
sobre o altar, o povo entoa a ladainha e canticos,
e, finalmente, o clero d a beno do Santissimo.
Infelizmente, o dcmonio inspira- aos catholicot",..as
festas dos santos, mas era o Senhor que guiava David
nas ceremonias, algo esquipaticas, em honra da
Arca de cedro ! ! !

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...

52 IMAGENS E OBJECl'OS SACROS NA BIBLIA XII

EXEMPl".:O

O quad10 de Pra Angelico e o iimo Leigo

Fra Angelico pintara uma Nossa Senhora to


angelical, que um irmo leigo, muito santo mas in-
genuo, correu ao jardim, colheu uma rosa e veiu,
funmdo a tela, cravar a flr na mo da VJrgem.
Indignado pelo estrago da obra-prima, o povo
avanou, decidido a castig'rr o impn1dente, que-riso-
nho fitava a imagem, sem dar pela ira popular.
Felizmente sobreveiu l!'ra Angelico que, comprehen-
dendo o gesto do leigo, acalmou os animos. Mostrou
que o velhinho procedera por piedade, e no pelo
desejo de prejudicar a pintura.
As imagens s so mudas para quem no as
sabe ouvir.
Maria Santssima apparecia to meiga, to ma-
terna, to candida q ul! s lhe faltava mover os labios
para pedir uma flr. O boITI. velhinho, que lia cla-
ramente na physionomia de Maria Santssima, teve
a intuio do pedido e foi ao canteiro em busca da
rosa.
.As rosas e os lyrios que Nossa Senhora nos
pede maternalmente, so actos '"'de piedade para com
Deus e de caridade para com o proximo .



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lllllfBlllltllElllllltE8111Hl8l
llllliBllllll!E:llllll.Ellll!llBlllB

XIII
A TENDA UNOIDA

~ gramphone iconoclasta s tem um disco: pro-


W hibido cultuar objectos de madeira., pedra ou
metal.
E o culto da serpente de bronze"(
E o culto da arca. de cedro~
E o cnlto do Tabernaeulo "t
Deste ainda no falrtmos. Leiam e apreciem :
t) o;.r~;r.;-;r,o;.r-:;r, o~!~ o -;r'7f'''T''T'~' 4
~ ~
:, E acontecen no <lia em que ''
t.; Movs~ a c.:;bou <le levantar o ta- ~
:~ bet:.._acnlo e o ung iu e o sanctifi .!-I
~; cou ... ( Num. Vlf- l ). ~!
~ ~
~ ~
1>~!~~~ko 'i'"'"W.r 'F o~~~~-4

l\fas que cousa era este tabernaenlo qne Moyss


ungiu e sanctificon, ~omo benzemos e santificamos
nossas imagens. Era um quadrilatero, dividido em
duas partes. A primeira 'divisii.o, de vinte covados ..,
(13m20 ), chamava-se santo ou sanetuario. A segunda
de seis covados por seis ( q\ wsi 4m. X 4m ) era o
santo dos santos, resern1do ao gro saC'erdote e
Arca de Alliana. A sepa.nu,"o entre o santo e o
santo dos santos era de cortinas,~prega.das em qug...tro
columnas douradas, sobre pedestaes de prata.
Fm corriam varandas on alpt>ndres, cobertas
de tela. O tecto centml era de pelles de cabra, for-
radas de panno.

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. ..

54 IMAGENS E OBJEGTOS SACROS NA BIBLIA XIII

Este conjuncto de curos~ cortinas, columnas, e


telas foi ungido, consgr.do, sanctificado em grande
pompa. E ns, no teriatilos o direito de benzer os
retralios dos nossos protectores, }lorq ue taes retratos
so de papel ou de tela !
t> . , , , ';\'"' 'T' ;T' 'T' o ~.!~o ' ' ' T' 'f' 71'' -;6'
~
1
' 10. . . Ento Moyss tomou o
~
~
, azeite da unco e ungiu 'l'I taber- ~
,
1 1
~. naculo e o santificou, e tudo o que :-J
~ havia irnlle ... 12... Depois derPR- ~
i' mou do azeite da unco sobre a ,1
li
..
~
~;
I'
cabea de Aaro, e o ungiu para
santifica-lo. (Levtico, Vm).
o. ~1'- ~!~~~o T' '-~ "T' a ~~l~ ~!~ 4
~
~':

O azeite da uncilo ! Os catholicos tm o azeite


da uncilo e at da extrema-unco. Os protestantes,
to zelosos pelas usan~as de l\foyss, no tm um
pingo do azeite da ;,;;nco. Porque esta falta? O
curioso que o mesmo ol&a serve para Linir o ta-
bernaculo e a cabea de Aaro. O curioso ainda
que o linimento, embora provindo da oliveira, chega
a sanctificar uma tenda e uma pessa quando nossas
imagens, coitadihas, no tm o direito de edific!hr
e cnsolar o christo. ...
Com ritos ass.z complicados, a barraca foi
sanctificada, recebeu um caracter religioso, ficou
destinada ao servi<;o divino. Benzida, ungida, consa-
grada, depende dos le.;ritas e sacerdotes. E' uma ar-
mao inviolvel e .ai de quem profana-la, apesar
de ser construco meramente humana!
Estes ritos devem, no nariz protestante, cheirar
a "-paga.nice, a idlatria., desde que Moyss ousa
communica.r um valor sobrenatural a um conjuncto
de ta.boas, columnas, estacas, telas, couros e cortinas.
A venerao pelas imagens, tambcm feitas de ma-



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...

XIII IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 55

teria perecivel, fica m~ito aqqem da venerao pela


tenda dos israelitas. Uma eff1gie requer apenas um
pouco de agua benta, o signal da cruz e uma breve
formula, para tornar-se digna de um culto mod~rado.
O Tabernacnlo exigiu ceremonias identicas, mas leva~
das ao centuplo. No ha mal, portanto, em imitar
d~ longe o grande Moyss, que foi o maior cultuador
de artefactos sacros.
-Ms os hebreus no adoravam o Tabernaculo? ..
-Nem adoramos a e~tatua do santo.
-Os hebreus no dirigiam oraes ao Taberna-
culo !
-Rezavam fora do Tabernaculo, como rezamos
ao p das nossas imagens. Q,uem rezava dentro eram
os sacerdotes.
-Mas os hebreus no faziam promessas ao Ta-
bernaculo !
-Ora, se faziam! Havia promessas collectivas
e individuaes. Collect:as; cada: tribu dava um boi e
cada duas tribus um c11rro, para o transporte da
Tenda que exigia doze bois e seis carros. Individuaes:
sem contar dons em flr de farinha, azeite, novilhos,
carneiros, bodes, etc., cada chefe de tribu tinha de
p~sentear pratos de prata no valor de 130 siclos
( 390$000? ), bacias d~ dez siclos de ouro ( 440$()(>.()?)
e uma taa de dez siclos de ouro.
Os catholicos so menos generosos quando trazem
flres, toalhas, velas e castiaes, para o preparo "'
do altar dos santos. Mais generosos, embora forada- .
mente, ernm os israelitas com a Tend:i Santa.
EXEMPLO
So Thomaz e So Boaventura
So Thomaz em amigo e admirador de So
Boaventura: o Anjo da Escola invejava santamente

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5G IMAGENS E 03JECTOS SACROS NA BIBLIA XIII
..
os conhecimentos do 'l):rntor Seraphico. Era mera
humildade porque, em saber ou santidade, no sa-
b e mo~ qual dos dois theologo8 merea a palma: se
o dominicano, se o franciscano.
Um dia., SU,o Thomaz foi edificar-se em compa-
nhia do seu santo rival, a quem perguntou inge-
nuamente: ..
-Irmo Boaventura, onde a,ppr.endesteo as cou-
sas sublimes que vaes es~evendo ?
;. Se a palestra fosse entre mundanos, Boaventura
fingiria acanhamento e modestia. Que seus escriptos,
diria elle, no prestavam para nada, que tudo era
bondade do amigo, que nem valia a pena falar nisso,
etc., e tal, e cousas e lou'3as. Mas o franciscano, que
de tudo dava gloria a Deus, nem sequer pensou
que a pergunt'.1 do collega era muito elogiosa. E
.respondeL1, apontando o crucifixo, que de tanto bei-
jado se tornara luzidio:
-Aqui est o mE"m mestre!
. , Quando a alma sabe seiTtir e meditar, a imagem
do Senhor o mais profundo dos livros.

. .
...

..

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. -

IRHalRIRBIRlllllB.
1m:111BmmiBlllHUJlll

XIV

UM CENTRO CULTURAL DE
MADEIRA: O ALTAR ...
mi argumento-dynamite sempre o mesmo: cousas
~ materiaes no merecem culto. A letra mata, mas
o esprito vivifica: os protestantes recusam conside-
rar a ideia que anima os objectos, e param na
mesquinhez da materialidade. No culto prestado
Arca de Alliana, cobra de bronze e ao Taberna-
culo, os judeus pensavam em Deus, e no no pau
da Arca, ou no metal da serpente, ou nas pelles
da Tenda.

Admiremos, agora, o super-culto prestado


madeira do altar ou, se quizerem, ao altar de ma-
deira. Trata-se da ara dos holocaustos, sita no adro
d:> Tabernaculo: era quadrangular com 1 m 98 de
altura e 3 m 30 de lar-"ura. Consagraram-na no mf'lBmo
dia em que os sacerdotes eram consagrados. Vejam
o livro dos N umeros, VII:
o -;r;- --;'i'' 7r' 'T' -.,.,
e> -,,., ?' ~'i'' 71" _..,- o~!~
..
~
!'
"'
84 EstM as coisas que se offe- -:.1
,,
~ receram pelo - prncipes de Israel _;:
:' na ded~cao do altar, no dia em :~
~ que fm consagrado: doze pratos -:.:
~ rle prata: doz~ redomas de prat8,.. ~:
' e doze gTozinhos de oiro: :
f; 85 Pesando cada prato cento e -;l
~ trinta siclos, e cada redoma se- ~,
tenta: 1le sorte que todos os vasos ~l
li ~ de prata juntos pesavam dois mil ~

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..

58 IMAGENS E OB.JECTOS SACROS NA BIBLIA XIV

:~ e l!jnatrocentos siclos pelo peso do ~:


'' sanctuario: ''
~ ~
!"' 86 Doze grozinhos de oiro "'
:~ cheios <le incenso, ele dez siclos ~l
:: cada um pelo peso do sanctuario, ~:
1 e todos juntos faziam cento e vinte -;.:
:~ siclos de oiro: ~
:: 87 Doze bois da manada para o ~
: holocausto, doze carneiros, doze 'I
.. ~ cordeiros de um anno com lrs suas
~ Jibae91 : doze bodes pelo peccado.
~
~l
:~ 88 Para as hostias dos pacific<1!; ~
,, vinte e quatro bois, sessenta car- "
f: ueiro , sessenta bodes, sessenta ~
,, cordeiros de um anuo. Estas so ,,
I' as o1fertas, que se fizeram na ':-l
~ dedicao do altar, quando foi ~l
1, ungido. ~l
~ ~
O~!~~!~~~? ?f'~-' ,.,, 0 ~!~ ~!~ ~~ D

Dedica.o, consagrao, unco, estas palavras,


estranhas ao vocabulaiio protestante, so muito da
terminologia catholica, poiS" Roma conservou de
Moyss mais usanas do que a Reforma, que nos
quer, entretanto, ensinar o espirito de Moyss. Ainda
usamos o oleo santo, mas substituimos as aspers~
de sangue pelas asperses de agua benta.
..
E' idolatrico benzer imagens de papel ou de
madeira, quando um pouco de acacia receoe unces
w e asperses, durante oito dias de consagrao, pro-
longados por doze dias.de sacrificios. Aquillo est a
relembrar os triduos, septenarios, novenarios e quin-
zena.rios em honra, dos padroeiros. Porque julgar

"E um bode pelo.peceado. . . Doze vezes surge esta


feio na Egreja o que declaram bonito na synagoga?

phrase no capitulo setimo dos Numeros. Que tem o


.
bode com o peccado dos homens ? Era o bode emis-
sario, ou lgum bode para o sacrificio. Sabem a que


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"
..

XIV IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 59

serviam os salpicos de sangub'? Responde o Levitico:


para a expiao dos peccados do povo, do prncipe
ou do sacerdote. ( Cap. VIII e IX ). _
Accreditam os antigos biblistas que o sangue de
bode, novilho ou carneiro consegue apagar as culpas
de Israel, porem no accreditam nas preces feitas
deante de um quadro. Tenham paciencia, mas a
imagem; hoje em dia, agrada mais do que o sangue_
do .bode, dentro de uma -egreja. O prestigio do santo
, para os catholicos, superior ao sangue de bode.
Engraado que os peccados do povo ficavam
gravados nas pontas ou nos cornos do altar. Que
diriam os quebra-santos, se fossemos depr nossas
supplicas nas mos de uma imagem? Como Moyss,
daramos aspecto material a uma cousa espiritual.
'T' ~' ~ ,,, -;T.;- o ~V- o 7'' ;.1"' 7i' ''~ ' ' ' '
r~ O peccado de Jud est escl'ipto ~l
:;. com ponto,iro de ferro, com ponta ~i
~ de_ diamante: est gra\'ado na ~l
,, taooa do seu corao e nos cornos ''
:~
~
dos vossos altares. ~~
~ (Jeremias XVII-1). ,.
t'"" ~
D.!-l!..~~o ?f'~?l' O.!-.!t.~l!..~o

Outra virtude d~ ponta de acacia: tornava in-


violavel o criminoso que nella se agarrasse, salvo
no caso de homicdio premeditado. Refugiado perto
de uma imagem pia, o chris_to no poderia contar
com a proteco do santo.- No costuma o povo
pegar-se com o santo, tal qual o hebreu com a ponta
do altar? A Bblia attribue ou poderes moraes a um
pedao de accacia: com que di:-eito menoscabaN os
biblistas uma estatua, por ser de cedro ?
Aos despresadores do material dos objectos
pios faremos notar que o altar ficava desconsa-
grado, quando se lascava uma das quatro pontas.

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...

60 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA XIV

Portanto, a Escriptura .reconhece qualidades religio-


sas num pedao de madeira. Com que justia ou
logica podem os adversarios sub-estimar o pau de
laranj~ira de uma imagem ? A perda de uma lasca
de acca,cia tirava ao altar todo o valor cultua!. No
vamos to longe, e no pretendemos que um dedo
quebrado prive do seu caracter pio uma estatua.
Jesus disse que o altar tinha o dom d"" sancti-
iicar as offertas, como refere S. Matheus, (XXIII, 19).
Pois bem, um quadro pode.ter o dom de sancti~ar
nossas oraes, nossos pedidos, bem como nossos
coraes, pela influencia que o symbolo exerce sobre
a intelligencia e sensibilidade.

EXEMPLO
A belleza de Maiia

Perguntou a sorori"Bernadette uma criana:


-Irm, viu a Nossa Sen'hora?
- Vi, filhinha.
- E era linda ?
O rosto da vidente illuminou-se, transfigurou-s~
e a i"esposta veiu suave, refor,>ado com um olhar
extatico e uma expresso indizvel.
-Era to bella que, por t-la visto uma vez,
nasce o desejo da morte para tornar a v-la.
Em Lo urdes, q uan<!o a policia imperial descon-
fiava da pastorinha, o commissario Jacomet dissera:
-Affirmas que a Virgem bella. Vejamos como!
,._- Oh, meu senh~r, era superir a todas as senho-
ras que at agora encontrei.
-Mas no era mais bella do que a senhora
Cazenave ou a senhora Peyrahitte?

..
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XIV IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 61
.
-Oh, muito mais! Elias-no podem com Ella.
Bernadette tinha ogeriza a certas estatuas de
Nossa Senhora :
-Minha ba Me, como vos desfiguram ! Estes
artistas, quando vos virem, ho de ficar logrados.
Vejam esta papeira que fizeram Santa Virgem!
Nunca disse que Ella erguia a cabea, mas sim que
levantava o olhar. ..
- Outra vez, para telm uma ideia da celestial
formosura, apresentaram uma senhorita, celebre em
Lyo pela belleza : era uma fina flr da alta socie-
dade. E perguntaram :
-A Virgem era assim bonita?
A modesta camponeza fitou as feies do modelo
e, esboando um muchocho de desdem, respondeu
sem hesitar :
-Era muito mais bella do que aq uillo.
Toda a vida, Berna'.'lette conservou, bem impressa
na retina, a viso da Immaculada, e no havia viso
terrestre capaz de empanar o brilho da Apparecida .

...

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.
fllll/RllllllRllllElllllllR/111lill
1BBJIB.Jlll&HBIJlEWJBlfR/i!BlllJ
..
.. XV

ALFAIAS RELIGIOSAS NA BIBLIA


A Egreja costuma benzer ou consagra:; objectos
.. A destinados ao culto: paramentos, toalhas, missaes,
pedras de ara., calices, os!ensorios, etc. ..
E' um uso biblico:

ii)! ,, '!' 'l' 'T' 'T' ,._,.,~o ~!t. o 'T' 'T' ~'i'' "'T.; ;4, ,,
4

Levitico VIII-1. . . Tomou ou- -


,,,,-' trosim 'I

li -
,, que ungiu o Tabemaculo com -,,,,'
do oleo da unct;.o, com

-
,,
I' todas as suas alfaias ... 11. .. E
como ao santificar fizesse sete
7,
~,,
I'
,,,. Ye~~s asperso sobre (l altar, o
li) I' u ngm e sanctificou com o oleo ~
,,,,
li
- todos os seus vasos, e a bacia com
,, sua base... Numeros YIJ-1. .. Acon- ,,,,
~

,,-
I' teceu porem que no dia em que ~
,,,,
a ,,
Moyses acabou o Tabernaculo e o
t' levantou, ungiu e sanctificou com -
,,,,
todos os seus vasos, como tamber -,,

IJ
",,-
I' ..
o altar com todos os seus ,-asos .
'~~!~.!!!-o -;.T''-~-,T' t:~k*-~ Q
,,
-
Se Moyss ungiu os vasos e a pia, no foi, com
certeza, pelo prazer .,_<le besunta-los. Quiz significar
que, dora em deante, estes objectos passavam do
profano ao sagrado. Eram do templo, da liturgia,
do servio divino e s deviam ser zelados pelos
:h,vitas. E' exactltmente o que faz a Egreja, ao de-
clarar pios seus quadros e certos objectos cultuaes.
- Mas o Exodo no condemnou as alfaias li-
turgicas?


..
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..
XV IMAGENS E OBJECTOS PJ. CROS NA BIBLIA 63

Se repelliu qualqur imagem, por sr da mo


do homem, curial que no toleraria a benzio e
unco de louas, metaes e tecidos. Tanto isso
verdade que os amigos protestantes no poss~em,
nos actos de culto, jarros, vasos, paramentos, calices
sagrados, bblias bentas, cruzes, pedras de ara, sa-
crarios e outras supersties romanistas, que impedem
de adorar~Deus em esprito e verdade.
Se Myss voltasse ao mundo, havia de estra- ..
nhar -a falta de umas tant::s cousas, que realavam
o esplendor das ceremonias hebraicas. As alfaias so
menos falantes, ou menos expressivas do que as
imagens, na vida religiosa. No ha motivo, pois, para
recusar s representaes dos santos nm pouco da
consagrao que a Bblia concedeu a certas peas
da mobilia do Tabernaculo. Vemos na Escriptura
jarros bentos, ungidos e sagrados e no poderamos
ter na Egreja imagens pias ?
O Legislador entendia accrescentar uma virtude
aos apetrechos cultuaes,__ Roubar uma das alfaias
antes da beno, seria furto: rouba-Ias depois de
consagradas, seria sacrilegio. Por conseguinte, Moyss
conferia ao metal, ao panno, loua um qid reli-
giO"lo, como, pela beno de uma gravura devota, a
Egreja communica um_qu de sagrado.
No so fieis ao Livro Santo os amigos separa-
dos quando recusam ter, em suas casas de culto,
uma pia, o oleo da unco, um castial, uma luz, ..
um candelabro, um altar, cousas que existiam no
Tabernaculo. Violam o rito hebraico, minuciosamente
organisado por Moyss e descripto em varias partes
da Escriptura.
E ainda querem ensinar o respeito pelo Exodo !
A que serviam as alfaias? Aqui, havemos de
vr objectos materiaes que recebem um poder so-
brenatural, superior ao de nossas estatuas ou de

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...
...

64 IMAGENS E OBJECTOS SACRns NA BIBLIA XV

nossos quadros. O oleo sanctificava as alfaias, como


diz o Levitico, no texto supra.
Sanctificar de Deus, porem Moyss, como
delegado de Deus, sanctific:wa pias e vasos ... Sanc-
tificar tornar conforme lei divina~ como que
alfaias podem ser C(mformes com a lei de Deus, se
no tm consciencia, como objectos materiaes que
so? Moyss sanctificou as alfaias dandiv-lhes um
.. destino snto, como e o cl\so de nossas imagens que,
neutras pela materia, so"' piedosas pelo fim vi~ado.
Ao verbo sanctificar o Levtico accrescenta, no
versculo 15 do mesmo capit11lo VIII, para fazer alli
a expi(U,'tio (pelo hebraico) e pam fazer supplicao
(pelo texto grego). Assim, as alfaias seriam instra-
mentos de expiao e intermediarios de supplicao.
Haver peccado em supplicar e em fazer peniteiicia
deante das imagens ?
Encontra muitos apoios na Biblia a supersti(J
:romanista das imagens.
Tudo era sacro na belio das alfaias : sacro o
oleo, sacro o numero sete das asperses, sacro o
caracter communica.do, sacro o fim dos objectos,
sacro o celebrante. Depois disso podemos, sem o
menor escruptdo, pingar um pouco de agua beilta
sobre pint11ras ou esc11lptura9r afim de incorpora-las
no rl das cousas sacras. Ungidos, sanctificados,
centros de expiao, focos de supplicao, os objectos
do Tabernac11lo legitimam, a mais no poder, a
beno das nossas inwagens..
EXEMPLO
A .. mobilia d<>S santos

Devemos respeitar as cellas dos servos de Deus,


a mobilia que utilisaram, as roupas que vestiram.
Foram testemunhas da virtude heroica dos donos



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XV lMAUENS E OBJECTOS SACROS NA BlBLIA 65

de muitas aces sublimes q71e no chegaram ao


nosso conhecimento. So como as amostras dos ri-
gores praticados no silencio, e por ellas pod~mos
adivinhar muita cousa dos grandes merecimentos
alli adquiridos.
Na vida do servo de Deus Paulo Tronchet, da
auctoria !e frei Antonio Morei ( pag. 149) conta-se
a experteza de um pintor, encarregado de represen- ..
tar ~ onze mil virgens. ~
Como as santas no podiam caber todas na tela,
o artista limitou-se em representar um grande cas-
tello, em cuja porta est uma das companheiras de
S. Ursula. A jovem aponta para o solar e diz, num
rotulo que o pintor lhe fez pe1to dos labios: aliae
sunt intus, as outr.1s esto a.qni dentro do castello.
Assim so as poucas cousas que nos ficam do
santo. Ellas representam algum episodio, mas pare-
cem dizer: "As demais virtuc.~s foram praticadas
alli dentro, nesta cella, entre esta mobilia".

..

.
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..
!lllllBl&llBM1!11Hllll11Rl!8& .
lBll!llllllllllBlllllBlillBIMIBll
..
.. XVI

PEDRAS ORACULARES NA BIBLIA

~ ~:rosRAS estatuas so de pedra: no ouvem, nem


"' W falam. "'
-Na Bihlia, ha duas "Pedras que responde-.i. ao
consultante. E se respondem porque ouvem e falam.
-Ser possi vel ?
-Leiam o Exodo XXVIII-30 :
~ 7i' ~T' ~T' 'T' -;.T' o~!~ o ''i'~ ..,,, ~ "T' ?i' '
~ ~
:: No racional do juizo has de pr ;J
:' Doutrina e Verdade, as quaes es- "'I
~~ taro sobre o peito de Aaro, ~
:; quando clle entrar presena do ~
r; ~enhor. E levar sempre sobre o ,.,
~ peito o.juzo dos filhos de Israel ~
:: na presena do Senhor. ::
~ ~
~ ~
r> ~!~~!~~l!_c ";-T,~#-l~ o~!~~k~Jt..o


"' Ferreirn tle Almeida disn,ensa-se de traduzir e
diz simpleslllente Urim e Thummim, para designar
as duas pedrns ('Ontidas no racional ou peitoral. At
certo ponto tem razito porque o sentido de Urim e
Thumruim 11io <.' dos mais cla,ros. Mas que pedras
eram essas qu<' o grifo-sacerdote trazia na bolsa do
racional 011 peitoral ?
Urirn e Thnmmim, diz o Lexico de Brockhaus,
s~':> duas p<1lavra!:>'" de sentido escuro, que Luthero
traduz por Luz e Direito: designavam o oraculo que
se encontni rn no Ephod do sacerdote israelita, e,
s perguntas. respondiam por sim e por no. Cha


..
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XVI IMAGENS E OBJEC'fOS SACROS ;.;-A BWLIA 6...,

mavam a isso interro~r Iabwe on Deus. Os livros


de Samuel relatam muitos C<t'.'dos elo emprego desse
oraculo. O codigo sacerdotal (veja 110 Pent11teneo )
destinava este oraculo apenas ao gr.o-saeerdote.
Para interrogir Deus ou eonsllltar o Senhor, ou
perguntar a Jahv- tres expresses sy11011ymns - o
gro sacerdote puxava, da bolsa do nwioual, uma
da.s pedras ao acaso. Urirn, Doutrina ou Luz era
sim; Thu::nmim, Verdade ou Direito, era niio. 2\'Iuita ..
vez as respostn.s vinham 1nenos laconicas. O facto
que - sobre o peito do sacerdote estava o juizo do
povo de Israel, juzo representado por duas pedras.
-Mas que tm as duas pedras com as ima-
gens? perguntar o protestante a bater o p.
-Tem muita cousa. No alardeiam os amig-os
que Deus no pode intervir por meio das imagens
que so de i)edra, de madeint ou de ferro? Como
que o Senhor respondia por meio elas pedras Urim
e Thummim? Os amigos to1:.;em o nariz ante os
bentinhos, escapularios e medallrns que os catholicos
trazem sobre o peito, cmo symbolos da proteco
de um santo ou de Deus. Agora, toca-nos a vez de
acharmos graa com as duas pedras que ficavam, no
nU?.ional do juizo, sobre o peito de Aanio, quando
elle consultava o Senhor. Um dia da eaa, owtro
do caador. Expliquem, se puderem, como que
duas pedras, trazidas sobre o thomx, podiam dar o
sim ou o no i3 perguntas feitas ao Altssimo. Em vez "'
de confiar nas pedras Urim e Thummirn, a Egi~eja
prefere valer-se dos escapularios ou dos santos.
Ulim e Thummim so dois mineraes incommodos,
collocados no sapato da logica dos adversarios. Como
diz .o Lexico de Brockhaus, a- Escriptura rel~a
muitos casos de consultas por meio das duas pedras.
Leiam, por exemplo, o primeiro dos Reis (ou de
Samuel), capitulo XXII!:

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68 IMA(iE,'\S '~ OBJECTOS SACROS NA BIBLIA XIV

.
C> , . , , . , . ,
,,
7l' ,.,,-;,;-o~!/. o ,.~ ,.., ,.,, ~ ..;,, (J
~

f' 9 '"rendo David sido avisado 1


l
~
~
que Saul lhe machinava secreta- ~
q
,, mente a runa, disse para o pon- ~
i' tifice Abiathar: Torna o efod. '1
f~ 10 E David disse: Senhor Deus ~l
~~ de Israel, o teu seiTo soube que ~l
' Saul se prepara para vir a Ceila, ''
~ para destru.ir esta cidade pM minba ~~
,, causa. ,,
1' 11 l!ntregar-me-ho pois os Jm- -;.~
~: bitantes ele Cela nas suas mos? ~l
:: e vir Saul co mo o teu sen o o ~~
1 oud u? Senhor Deus <le farnel, d -:.1
~ a conhecer i to ao teu ser>o. E .;i
:, respondeu o Senhor: Ha de vir. ,,
t' 12 E disse David: Acaso os lrn- -:.1
fE- bitantes de Ceila me entregaro a ~
r, mim, e a gente que est commigo,
I' nas mos de Saul? E o Senhor
f~ respondeu: IIo de entregar.
,,t!. .,. (I Reis XXIII).
t>~~~--~V-- "''~-"iT'

Alguma vez, dispensado o gro sacerdote, o rei


ent~a \'a, pessoalmente no Santo dos Santos.

. mi t> -;..'' " ' ' ,..~ , . , ,
~
:'
-;T'' o ~!~o "T' -;rr' ~' ,.,, -;T' ..:1
I Reis XXX- 7 E disse para o
~
-;.:
;: pontfice Abiathar, filho de Aqui- ~:

~ :: tl,81ech: Chega-me c o efod. E


I' Abiathar chegou o efod a David.
::
";j
~ 8 E David consultou ao Senhor, ~:

l1i :: rlizendo: Perseguirei eu a estes


t'" ladresinbos, e apanhalo -hei eu,
;,,
:~ ou no? E o Senhor lhe respondeu : ~:
;J,,
e :: Persegue-os: porque inclubitalvel-
1' mente os apanhars, e os esbulha-
:~ ras da preza.
~
~:
~

o~!~.!~~!'-~''~~., c~~-~!~<a
IM

""

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~ .

XIV IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 69


..
Intervm de frequente o- ephod nestas consul-
tas. E' palavra de dois sentidos: 1. uma casula
0

do gro-sacerdote, com o racional sobre o peito;


2.o , diz o lutherano Brockhaus, uma imagem de
Deus e o nome de um objecto utilisado pelo sacer-
dote como oraculo . Imagem de Deus, ou objecto
oracular, o ephod prova que os symbolos existiam
na Bibli, como existem hoje na Egreja, com as al- ..
tera>!es impostas pelas c>.rcumstancias. Roma adap-
tou os symbolos mosaicos, a Reforma preferiu sup-
primi-los de vez. Dos dois methodos qual o mais
respeitador de Moyss?
Urim e Thummim desappareceram com os pro-
phetas que, communicando directamente com o Senhor,
evitavam entrar no oraculo e puxar pelas duas
pedras. Pensam alguns sabios que, alem das duas
joias, o gro-sacerdote consultava tambem as doze
pedras que, encastoadas no racional, representavam
as doze tribus de Israel. O p'Oblema interessante
pois indica como Deus, que hoje no nos pode ouvir
atravez das imagens, fazia, naquelle tempo, das
pedras as interpretes do porvir.
Se de cada estatua esperassemos o sim e o no
que o gro-sacerdote ~sperava de Urim e Thummim,
teramos o papel de oodes expiatorios, e arcaramos
com o peso das graolas dos oppositores que parecem
ignorar certas usanas supersticiosas ( ? ) da Bblia.
EXEMPI:O
O Crucifixo e Ca1'peaux

Num dado momento de sua agonia, Carpeaux


pediu o Crucifixo para beija-lo, mas quando os labios
iam attingi-lo o esculptor baixou o olhar sobre o
Christo. Reparou na deploravel banalidade do tra-

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w

...
70 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA XIV

balho. Segurou a cru:l' e afastou-a para melhor con-


templa-la. Neste minuto supremo, apezar de sua
cont1~io sincera e do seu impulso para, Deus, o
artista ficou sobranceiro ao homem, ao christo. E
disse num tom de exprobrao e tristeza:
-Como te ageitaram, meu bom Christo !
Aps um momento de ansia e dispnea, Carpeaux
w tomou de novo o folego e prometteu uma reparao :
-Se eu recobrar a. saude, farei um Christo
melhor do que este. Alias, no difficil. .. -
No fim,, a magoa do artista desapparece, e o
esculptor torna a ser homem de f, deante da morte
que se approxima. E accrescenta num suspiro:
-Como quer que seja, sempre a imagem do
meu Deus!
Levou o crucifixo aos labios e, repetidamente,
pz-se a beija-lo com acendrado fervor. E foi com
s.e rena piedade que, o olhar refulgente de f, recebeu
a Extrema U nco. '"'
Vejam Georges Leeomte: A vida heroica
e glol"iosa de Carpeaux, pag. 308.

*** .
Uma vez, Theresinha de Jesus atirava petalas
de rosas sobre o Crucifixo do pateo. Perguntaram-lhe:
- Est fazendo isso para alcanar uma gma?
-Oh! no! respoodeu vivamente, quero agradar
a Jesus. No quero dai para receber.

... ...

.."'
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- .
lli1il!lllll!llHll1!Rl!llH&lli:mll!RR
Ullill!WBl~IB'llllJHllllifBll

xvn
DEUS ENTRE ESTA.TUAS NA BIBUA
cher:1bins do propiciatorio. . .
r(:!Ths
~ Sobre o propiciatorio on tampa <la Area <le
Alli;u1<;a estavam, um de cada lado, dois ehernbins
de onro, que marcavam ou delimitavam, com as asas,
os lugar da consulta ao Senhor on da orao. Ponuu
:ts imagens mais . populares em lsrael. Eram o esca-
hello ou throno d Senhor e S. Paulo chama-os <"he-
n1hins de gloria. ( Hebr. IX. ).
Senhor Deus, diz Ezequias, que estil.s senta,do
sobre os cherubins, s tu s o Dens de todos os
reis da terra; tu fizeste o cu e a terra. (IV Reis,
011 II, rap. XIX, 15 ). -
Temos aqui, no corco da Bblia, duas estatnas
que deixam num plano mui inferior nossas imagens,
a.s qu;:ies nunca Deus fez a honra de falar. De faeto
di~emos que estas representaes so de amigos de
Dcns, mas nunca chegamos a fazer dellas o th1~ono
de Deus, como. eram -vs dois cherubins da Arca. O
llOSso cnlto mais modesto, e a honra prestada aos
~anfo..; t>mpallidece, como o sol deante da lna..

:
- o:-!~ o 'i'-;.''~":"~'T'7i' ,,
,, '6''7'7''~i'-;.1''
E>

Numeros YII. 9... E qua.n<lo -;.~


-0

~ Moyss entra,a na tenda da Con- .."J


:: gregao para falar com Pll<>. <>nt.o ';
t ouvia a voz q,iie fala,a dP eirn:i. ~
:~ do propiciatorio. que <'~t. sohn' ~ :i
:; a Arca do Te~t.Pnn111h o Pntre os :~
t dois cherubins: assim l'om <>l!<> -;.~
:~ falava. ~
~ ~
D~l~~!~~a '6'~_, ~i~ c~!_~~!~~i~o

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72 IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA XVII .
Que Yenerao no teri:nn os israelitas pelos
dois chernbius, entre s quaes Deus estava presente,
parn falar com l\Ioyss. Nunca tamanha distinco
couhc aos santos catholicos, parentes pobres ott
irmos menores d1ts esculpturns da Biblia. Quaudo
homenageamos uossos santos, obdecemos ao Deus
dos cherubins, imitamos o exemplo de Moyss, vamos
na companhia de Aaro, seguimos as pe;adas de
David e Salomo. E somos sequazes dos gro-sa-
eerdotes que, de rnriona.1 ~bre o peito, entraval.:J no
Santo dos Santos afim de orarem entre os cherubins.
Coincidencia curiosa, Luthero chama de Gna-
denstuhl, cadeira das graas, a cobertura da Arca, o
propiciatorio. Assim o centro das g1aas divinas era,
no tempo de l\foyss, entre duas estatuas que um
protestante chamaria de idolatricas, se estivessem
dentro de uma egrnja. E porque no poderia uma
imagem de santo sel', num grau menor, uma Gna-
denstuh!, um 'l cadeira de graas, toda a vez que um
catholico se dirige, "l'.le cora.o bem disposto, ao
padroeiro ou protertor?

***
Alem do casal de cllcrnbius alados, havia fto
Tabiernaeulo os cherubins de S,;llomo. esculpidos aa
madeira de oliveira e revestidos de ouro . Vejam.
-0utrosim, no IH dos Reis, capitulo VI e VII, a des-
eripo dos baixos-relerns ricos de cherubins,
palmas, ftres, lees, bois e coras que enfeitavam
as paredes do templo, sem o menor escrupulo pelo
imagens niio fa1s do Exodo. Se com tantos exemplos,
o protestante sustenta que as esculpturas e pinturas
er1tm repellidas entT'e os Hebreus, ento preferi \'el
no mais abrir urna Bblia.



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..
XVII IMAGENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA 73

Que significavam s chembins?


Ezequiel, na sua famosa viso, allude ao che-
rubim "que desdobrava as azas e protegia a Arca
e o pro_p iciatorio". (XXXIII-14 ).
L est a funco destas imagens: so protecto-
res da Arca, defensores invisveis do templo, guardas
do povo, testemunhas da presena de Deus.
Faz}i;tm do templo um lugar ainda mais sagrado.
Ora, se estas estatuas eram uma beno, podemos
diz-':', com toda a humilade, que nossas ima.gens
so tambem tutelares.
No templo de Salomo cherubins de ouro: em
nossas casas de orao imagens mais modestas. Em
ambos os casos principio o mesmo: a influencia
das imagens na f popular e na proteco da sociedade.

EXEMPLO
Anch'io son pittme

Antonio Allegri Corregio, mais tarde emulo de


Raphael, tinha em si o fogo sagrado da arte, mas
ainda no tivera <onsciencia do seu valor, nem ideia
d~ sua vocao~ Um bello dia, teve ensejo de con-
templar a SaQta CeQ.i.lia de Raphael. Longo te;apo,
ficou mudo de espanto, num extase admirativo.
Quando voltou a si, sahiu lanando, moda de Ar-
chimedes, o seu e.ur~ka, que se traduziu na excla-
mayo celebre: nneh ' io son Dittore.
-Eu tambem sou pintor!
A vista de utun obra de arte despertou as dis-
posies latentes dP 11111 futuro gTande pintor. Quem
dir quantas vezes, ;1 vista de m;m imagem de sa:i.to
no predispoz ou DtO despertou para a santidade
certas almas qne, sem a, eloqueucia de um quadro,
no teriam talvPz Otl\ido a voz da vocao.

...

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\jJ

74 IM ..\.GENS E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA XVII ...

O crucifia:o do demonio

Um mancebo, pintor de profisso, depois de ter


dissipado seus bens em clesitfogo de suas paixes,
... vin-se reduzido maior miseria.
Em seu desespero re~orreu ao demonio, olrere-
cendo-lhe a alma, com a condio ele ter o dinheiro
necessario para prolongar sua devassa existencia.
Satanaz, em forma visivel, ap1'jareceu ao jovem
imprudente, pedindo-lhe um escripto da doailo.
-:No me opponho 11 isso, respondeu o jovem
pintor; mas antes ele tudo, responde-me pergunta
q ne te vou fazer: Presenciaste a crucificao elo
Homem Deus? Viste'"O morrer?
-Sim, disse-lhe o dem~nio.
-Acaso poders fazer um retrato perfeitamente
semelhante ao Senhor crucificado, para delle me
.
servir no exercicio da minha profiso?
-Posso melhor do que ninguem, replicou o
demonio.
-Pois bem, quando o fizeres e m'o tiveres en-
tregue, passar-te-ei oclocumento; mas que seja um
quadro perfeito.
A condio foi acceita e, dias depois, o demonio
trazia a pintura promettida. Apenas o prodigo
viu a imagem, sentiu logo o corao ferido ele dr;
e entre gemidos e prantos, repetiu muitas vezes o
nome de Jesus, q ne logo poz em fuga o drago



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.... .
XVII IMAGENS E OBJECTOS SACROS XA BIBLIA 75

infernal, Ja prestes a apod"rar-se da presa ! O


documento fatal ainda estava nas mos do jovem,
felizmente.
O novo convertido dirigin-se para o convento
dos capnchinho3 onde expiou na penitencia as desor-
dens passadas, deixando como monumento o Crucifixo
que, por sua expresso to vinl, terna e lastimosa,
tem prod~zido admiraveis converses.

...

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.. .
..
...

Mlilmtillli'i~Iilir8Er8111Ml81r8
lllBIM!lBll~11.11JJH\BllfhRllllJJ
.

xvm
MIL ANNOS DE IMAGENS NA BIBLIA

. ~'r AI8 do que os hebreus emigrados, os palitstinenses


'1JJ foram observantes d~ Lei. Quando entibiavam
no rigorismo, eram apostrophados pelos reis ~pro
phetas, sem dispensa de algum casti~o divino.
l\foyss fabricou as primeiras imagens: a ser-
pente de bronze e os dois cheru~ins do Santo dos
Santos. Moyss sacrou ainda, pelo azeite da unco,
a Arca, o Tabernaculo, o altar, as alfaias e os mi-
nistros do culto. Finalmente, foi Moyss que, fazendo
de um mineral o interprete de Deus, consultou as
pedras Urim e Thummim pnra lr no porvir.
Conhecemos de -Moyss um sem numero de usos
que, imitados na Egreja <Jt.ltholica, so qualificados
de idolatria'! pelos protestantes. Estes, entretanto,
gabam-se de seguirem tudo quanto Moyss legislou.
Infelizmente para ella, a Reforma no tem o mono-
poJio da intelligencia dos Livros Sacros. Se o Ex'fldo
excommungasse as imagens, o prop,rio Moyss no
as teria mandado fabricar varias vezes.

***
Um dia, l\foyss poderia descer terra, e, entre
outras cousas, Yisitar uma casa de culto. Seria re-
cebido pelo pastor que se mostraria amavel, embora
ignorasse com quem teria a honra de falar.
-Que sala esta? perguntaria o Legislador.
- Uma casa de orao, onde cantamos hymnos
e commentamos a Bblia.

..
...
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"' .

XVIII IMAGENS E OBJECTOS SACROS KA BIBLIA 77

-Estou achando semi-nua ~sta sala de culto. No


vejo apparatos liturgicos.
-No temos disso aqui! Se fizer questo de
encontrar enscenaes cultuaes, pode dirigir-se {t
egreja romanista, ahi perto. Ns seguimos as pres-
..
cripes rrtosaic~ts.
-Seguir, no seguem muito. Aqui no vejo o
altar. On4e esto os cherubins do tabernaculo? Os
castiaes, os jarros, as baclas ? Pelo que vejo, emvez
..
de 1rai11entos sacerdotaes, vestem como quaiqner
laico. Ode o azeite da unco? Vossos ministros
so ungidos, consagrados? Observam um rito, um
ceremonil?
-No usamos disso, no, senhor !
-Pois ento no digam que obedecem ao esp-
rito de Moyses !
***
As imagens de Moyss tivc:am quasi mil aunos
de existencia, aps a m~te do Legislador.
A cobra de bronze ficou no templo, como recor-
dao do" Exodo atravez do deserto, rumo terra
de Promisso. Se no era objecto de culto, se no
imjs curava feridas, era contemplada com gratido
... pelo povo, qne uo de~wesava as reliquias naciones.
Alias, a cobra permaneceu prefigurando o Messias
que, erguido no Calvario qual a serpente no acam-
pamento, sanaria as chags da alma, como a imagem
..
de bronze curara feridas do C'"rpo.

***
Os dois chernbins continuaram a fazer parte
integrante do ceremonial mosaico, pois ern deante
delles que David, Saul, o gTo-sacerdote e Salomo
vinham consultar o Senhor. Longe de desapparece-

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. .....

78 IJllIAGE:\S E OBJECTOS SACROS NA BIBLIA XVIII

mm, ficnrnm reforado'!!! por outros chernbins cm p


110Santo dos Santos, ou applicados sobre as paredes
do templo. J uizes 7 reis, prophetas e pontifices Yiam 7
nestes trnlrnlhos de ouro 011 de maclcir<t, o penhor
da proteco diYina sobre o templo e a liao.
E isso durante q u asi mil a11110s, de l\Ioyss a
Ezequias 7 isto de 1-115 a 700 antes di:.t era. christil.
'-E os hebreus, po,o e chefes, 111io julgaram conune
ttcr assim o grave peccad de idolatria. ._

EXEMPLO

Srio P1ancisco homenageada pm p1ofesfantes

Nem todos os protestantes soffrcm dn, yesguicc


iconophoba. Os ritualistas e alguns episcoprllianos
enfeitam com figuras os templos. O proprio Luthero
admittiu-as como ado;;nos 1 seuo como objectos cul
tuaes.
Em Si"io Joo o Divino, cathcdral protc~tante de
Nova-York, bem no lado 1 foi innugurado um bebe
douro para ''es, dondo por nus. Speuecr Aldrich. A
idei"' genuinamente amcriem;,;t e ... franciscana: o
pobre de Assis em amigo e protecto1~ dos passaros.
Por isso, a fonte foi encim,ada pela estatua de S.
Fnrncisco de Assis.
Sim 1 Senhores !
A fonte e a estatua so obras de uma protes
ta~te. Qtle horror! .Dona 1\fary Aldrich Frnzcr, nora
dn doadora e eximia artista, pediu ao espirito fran
cisrano inspiraes parn esculpir um S. Francisco,
que no fosse indigna do Povcrello e do bom gosto
norte-americano.

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-. ..

XVIII HIAGENS E OBJECTOS SACROS ::\A DIBLIA 79

Ontro horror! O ministro protestante, o pastor


lfilo H. Gates, encheu de agua a fonte e cahiu na
idolatria de fazer o panegyrico de santo, perante n
multido em maioria protestante. Que horror! .Manes
de Calvino, protestae do Alem!
Nem tod}s os protestantes s:lo quebra-santos.

.
(Do Ne-:v-York Times, 3-11-35).

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... .
rrlll!~'iRll~llllRl'iiillfm!lll8ii ..
IJllB!H:IJJB'.Hllll.IMlllllllmllllll
.
XIX
A QUEDA DAS IMAGENS NA BIBLIA
~AGAo justo pelo peccador: morreram as .imagens
... pela culpa dos idolos ...
Razo tivera Moyss em desconfiar~ O idolo ..,,io
fal's cheirava a limo do Nilo, pois '8 prohibies
relembravam tudo quanto os egypcios costumavam
adorar. E no Egypto tudo era deu, com excepo
do verdadeiro Deus.
Foi no Egypto que se deu a apostasia descripta
por Ezequiel.
Os pagos visinhos, os casamentos mixtos, as
farras nos altos e b~q ues, a idolatria dos reis de
Israel provocaram a ira de Eljas, Eliseu, Amos, Oseas,
Jeremias e Ezequiel, at que o rei Ezequias, entre
725 e 696 antes Christo, resolvesse um golpe ci-
rurgical.

il -
~

::
I'
--"r,-;.r,-;.r,~r,";-r' o ~1~ o 7i'"1''7''~''-;.'~
.,
3 E clle fc,_; o qu~ era bom na
presena do Senhor, segundo tudo
...:~
~
~
.
iltiii]]~
1~: ~ o que tinha feito David seu pae. ~
,, 4 Elle destruiu os altos, e csmi- ::
t: g~ lh ou as estatuas, deitou abaixo ~j
;".. os bosques, e fez em pedaos a ..:-l
:: serpente de metal que Moyss tinha ;J
t' fabricado: porque os filhos de Is- "'
\".. racl at enWo lhe haviam queima- ~
:;- do incenso: e a chamou Nohestan. ::
~ ~

[~ ( IY Reis XVIII ). _;j


' '?
-'1..~~!~~o ""iT'~ ?f' o~~~ ..'.Jt.o

...
..
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XJX DL!.GE:NS E OBJECTOS SACROS XA BIBLIA 81

O mofrvo da des(rnco~ clnro como agua de


rocha: a pobre da cobra aspira fnma'aS de incenso,
como os idolos do Egypto. De instrnmento de sal-
vao passara, a, meio de perdii;o, de symboio do
Messias a symbo1o do demonio. A setena vein ine-
xoravel: a cobra teve a sorte do bezeno de ouro e
foi reduzida a cinza, apesar dos prestimos passados .

...,
..
"'A suppr~so dos chernbins de Jioyss e Salomo
no consta d,, Escriptura. E' de presumir desappa-
recessem com o Santo dos Santos, qne foi arrasado,
juntamente coll'\ o templo, pelos chaldens em 588.
Certamente, o ouro attrnhin os saqueadores. O facto
que as imagens, escapas da ira dos prophetas, no
figuram no templo reconstrnido por Zorobabel.
A Arca de Allianr;a cahin tmnbem victima do
templo. Uma trndio rabbinira pretende que foi
occnlta numa caverna, por :"eremias, que a, quiz
snbtrahir s irreverenci'jS do invasor ou qne, talvez,
julgou findo o papel do cofre bento, ungido e con-
sagrado. No temqlo de Zorobabel no ha noticia da
Arca.
** *
-
Os rigores contra a serpente de bronze, as esta-
tuas e os bosques provam, antes de tudo, que havia,
estatnas uaqnelle tempo. A conclemnao foi motivada
pela, moral e pelo patriotisnJ..O. Pela moril, porque
a idolatria era irm ela devassido nos bosques e
nos altos. Pelo patriotismo, porque os idolos eram
contrarias ao Deus de Israel, ao Deus dos antepas-
BHClos: no tereis deuses extrang:eiros. -
As imagens for~m victimas dos idolos.
Passaram de filhas extremecidas a filhas amaldi-
oadas, sem a minima culpa. Ernvez de castigarem

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82 nrAGl<~XS l~ OBJECTOS S..\CR.OR NA BIBLIA XJX ...

os q ncinrndores de incenso, ~s prophctas destruram


a. serpC'nte que nun'Ca reclamara incenso. Assim,
ainda. qnc mal comparando, o pae de familia quebra
um brinquedo com que um filho se feriu. Os idolos
~mm co1Tuptores e extrangeiros: fogo com elles,
fogo com as imageus transformadas em dolos! No
sobreviessem adoraes intenwestivas, com certeza
as estatuas continuariam no mesmo lugar, alvo da
... venera.o tradicional, porque os prophetas ~dmittiam
uma imagem pacifica, reli..1nia. do passnrlc.
?'
ou enfeite
...
do templo. /
* I
** ,.
Esta condemnao urna dem~instmo da these
catholica: as estatuas n,o receberam a caricia do
martello e da i1rnrreta, emquanto ficaram 110 papel
de image11s. Mettidas a idolos, attrahiram a furia
dos prophetas. So factos que attestam o apego' de
Israel ts imagens e o horror do mesmo aos dolos. O
incenso e os perfmll'es perderam o uso das imagens.
Pagou o justo pelo peecador.
EXEMPLO
O Crucifi:co de Silo Damiao
A vida dos santos estK r~a de el)isodios em que
o crncifixo, sahindo do -~eu sile11eio, dirige palavras
aos seus devotos.
'"' N<t Baslica de Santa Clara, em Assis, conser-
vam o cnwifixo de:u1te do qual o Pobre de Assis
rezou a ('elelJre orao: "0 ro Deus cheio de gloria
e vs, Senhor meu Crucifixo, rogo-vos illnmineis e
dissip(is as trevas do meu espirito e me conccdaes
uma r plena, mT'la. esperana firme, uma. caridade
perkita. Pmwi, o mcn Senhor que cu vos conhea
hem (' fa<:a cada cousa dentro de vossa luz e con-
forme o vosso santo querer".

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...

XIX IMACn<:!'s E OBJECTOS s ..\rnos NA IHBLIA 83

. ""
D e repente, :uumu-se o .'A"llCt11xo que d e1x:a,
.
tres vezes, cahir doEr labios estas palavras:
-No vs qne miiiha egreja e,;t para riluir 'r V:w,
pois, e concerta-a para mim.
Julgando tratar-se <la capella de S. Ditrnio, que
realmente estava em mau estado, Francis<o d seu
dinheiro, acceita um emprego na loja paterna e, um
bello dia. ... ven<le o stock de mercadorias. para offe-
recer <lO capclhio de S. Damio o produeto da bri- ""
lhant,,... opm~o commercia":..
O pae fr~o quer sovar o filho, mas este, pru-
dentemente, occ\\lta-se e, no fim, perante o bispo de
Assis, despe-se dt'.\tn(lo~ roupas e bens: para s depen-
der do Pae Celesle.
S mais tarde, Ji'ra.ncisco percebeu que o Cru-
cifixo alludira ao mau estado da Egreja Universal e
no ao descalabro de 8. Damio.

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lililiRlllll118!1111Hllil'llM1rR!lll
llllllllllllllllllilllli'UJ.DIUllllll!lllllllllllilllllli 1'illlllnllllllllllllllll{flllllil!!!:lllllillllll 1IJJaillllllllllllll!llllllUllll
~~lllfmTl~~d~~n~~!mam ~~
..
XX
AS IMAGENS ENTRE OS HEBREUS
DEPOIS DE EZEQUIAS /
ttll:lTO scculos antes da era christ, ; &m ssera-
~ mente condemnad:ts as rcprcsentr .;es de homens
e animaes. Na praxe, segundo Lecl ~rc, a cstatuaria
foi tolerada, com tanto q nc os art' 5tas do buril tra-
ba1hassem s oecultas. Quanto ' pintura, cahin
numa tal infancia que, affirm:t o mesmo auctor, a
lngua hebraica no possua cnt:'.o as p'.1Javras pintar,
pintor e pintura.
Repetimos que esta lei foi exigida pelos dispa-
rates do povo. Ao ..tlcoolico cm tratamento, os rhe-
dicos prohibem at a visb do alcool, medida que
seria odiosa para gente sobria. As naes so como
os doentes: cada qual reclama a cura im~osta pela
enfermidade. Hoje, no tem mais raziio de ser a
prohibio das artes plasticas. 'Jam non sumus "Sub
va1!dagogo, dizia S..Joo D:msceno,.,reeditando urna

.. palavra de So Paulo aos Corinthios. Livres estamos


da ferula dos prophctas, pois o tempo 11os ensinou
quanto vale e quanto no vale uma imagem. Dois
mil nnos fizeram-nc.;,> sahir da infantilidade, a que
nos querem reconduzir os protestantes, pondo-nos
sob a vara de Moyss 011 <los prophct.as.
... *
Dizem os amigos da Reforma :
** .
Dcsa.ppareeeram do templo de Jerusalem os che~
rubins, a serpente de bronze e as demais estntuas.

... ...
...
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XX IMAGE~S E OBJECTOS SACROS XA. BIRUA SG

Com que pretexto, a egrnja romrna, desobedecendo


a Ezeqnias, conserva tnnta inngcm piuta:fa ou
esculpida ?
Os catholicos de certo ignoram o pedido dos
judeus ao imperador Vitellius. 8cgu11do Tacito,
quando os romanos entraram em Jernsalem, os pha-
risens.. mandaram dizer ao imperador: "E' contra a
lei o i:btios no templo ima~ens ou quadros, ou ..
qual9J-1Cl' ~1 reprcscntat;:o de seres vivos" .E o
celeore historn ~or accrescenta: "Os judeus no sup
portam cm sua1 cidades e muito menos cm seus
templos unu eft\~ie. Nada de estatuas, nem para
lisongear os sens 'eis, nem para honrar os Cesares "
O historiador Josepho eonta qne os judeus des-
truiram a aguia de ourn collocada sobre o pinaculo
do templo pelo rei Herodes, empenhado em bajular
os conquistadores. Portanto, nma vez que Ezcquias
prohibc qualquer representao_ de seres vivos no
templo, a Egrnja Roma.na deveria limpar, de estatuas
e quadros, seus templos.""

***
Muito bem _racioci"J.ado, amigos biblistas, mas"os
catholicos tm uma palavrinha a dizer.
Ezequias no expulsou as imagens somente do
templo: expulsou-as tarnbem das cidades, das praas,
.
...
dos monumentos e das ruas. Houve um principio . de
revolta, quando as legies entraram em Jerusalem,
com estandartes encimados pela estatna de Cesar. Se
Pilatos no cede, o sangue havia de correr.
Escreve 'l'ucito: nenhuma efffgie uas cidades. :'.
nada de estatuas, nem para. lisongear os reis, nem
para honrar Cesa"r. Como que i:t' ;Re'f01ti''' a'ndou
multiplicando as esta.tus de Lutherb; H&ifr..iqiic VIII,
Calvino, Melan~hton e rnofweil? Citda. cohd~n1ll:a-

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... ""

XX ..
...

dor d~ esta-tL1;ts teve :t Stlt e'st1itLta, sem respeito
pelo decretG de Ezeq Llias e dos. prophetas. Acasu
hon\'C e1ttrc GS j111eiB unM csttlta de l\Ioys~3,. SalG-
rno e David?
'P arn cithtiuos um cx:emplo, Lnthero tem esta-
tuas: cm "\Vorms',i inagura:1o eJn 1868... em Berlim,
1i:l!_fo cm Wittemberg, 182 L. . : cm bfoeltra2 18(l-l. ..
...~111 Eislebcu, 1881. .. em Leipzig. ttcm1tarn.cfl'lr1 com
'.Vlelancltton, 18811 ... em Dr~sde11 . 188~>... ' 1 Mao:dc-
liu rgo, 1886. . . em Erfu rth, 18!10. , . , 11 Eisenn ch,
l 95 .. , em U:an\1o\rer, HJOO.. . Por fute de gente
<pie :t.lrnrrcce as estatLtas catholic:ts pensamos que
:a ~sttttouunia \rae um pour.o lirngw, contra o espi-
ri to judaico.
No ha duvida qttc, se apparece3se neste mundo
de esculptores e pintores, Ezcqnias qncinrnri:t as
imagens catlwlieas, derrubaria, os monunw11tos pro-
testautes.
**
,:f:

Os propbctas fulmi1iarnm
contra os idolds,
contra as imagens no tem}ilo,
contra as imagens profan:)fJ.
.. E no admittiam uma ex~op,fiio.


Isto e, hotl ve. nma ex1.:cpiio, no tempo evange-
lico: a fa.vor da imagem de Cesar nas moedas. Os
phariseus. q uc vocif.ra v am contra <t aguia sobre o
t.etrtplo) contr;t ,!l i e~tatlt:t de Cesar nos estandartes,
estys mc.smos'.,miitlrn1 110 bolso, - ~,arinhosamente, a
imagem de Ccsar, to-dit a vez qe tlt1ba um valw
rnonetado.
Q.ue santa gente!



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XX lMA<rnNs E oRTJWTO~ sAcEos NA nrnuA 87

EXEMPI:OS
Palmwas celelnes

....Cesar deante da estatua <le Alexandre:


-Na minha edade, tinhas eonquistado o m1111do1
e eu ainda nada fiz!

. . ,**
.... Pedro \ o Gntnde, deante do tumulo de Ri-
c:belieu:
- Oh ! gran' le ministro, eu te teria chtdo a me-
tade do meu imperio, se me tivesses ensinado a
governar a outra parte!

***
.... Perguntaram a PhidiCa onde iria buscar o
modelo do seu J upiter, -e o esculptor respondeu : na
leitura de Homero.
Se perguntarem Egreja onde foi buscar o seu
culto pelas imagens, ella pode responder desassom-
bradamente: na Bblia, na vida de Moyss, .11os
exemplos de S::alomC.

***
..
De So Paulo da Cruz:
No vosso qnarto, tomae na mo o cnlCifixo e
lJeijac-lhe as chagas com grande amor. Pedi-lhe que-
vos faa um pequeno sermo. Escutae o que dizr.m
os espinhos, os cravos, o sangue. Oh que sermo !
As imagens so mudas para quem no Ralw
ouviloas.

***

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....

Alguem1 veudu a \!nagem cte 8. Hnuw. a.<'hou-a.


t<h expressiva que disse:
-O sa.nto falaria se no tivesse feito voto de
sileHeio perpetuo.

***

Miguel-Anjo, depois de terminar


Moyss, bateu-lhe 110 joelhe- e disse:
--E arlesso parla; e a.gora. fala!

. .

...

. ..

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Jfl.AGE~S .f.. OBJECTOS SACROS NA .BBI.IA S~

~PJLOfiO

O culto das imagens cmncou, ti1nid11mcute, na f:~T<'j:1.


Como muit.a usana christ. teve o seu b~l~ nas catat"11111hn~
Alli 9-RPareccm anneis, ta~ms, flrcs, a crnz, o corclciro. "'
peixes e o pescador, a Jyrai n phenix, o gallo, a ancorn, 1~
pomJ.w; o b01n JHtst.t>r, a orante, os nmrtyres e apo;;tofOf;. a
Virg , ~te.
<lir :ts niagl!ns 1:1l'ra remar contra a mari do,:..
ro. oca: '"'
Os nobre. om:mos assuam o <lrcito ele magem, assim
t<hamada ponpK nodiam l'ons<'rvar, no adrn an nslibulo, "'
retratos dos anteh \~sarlos qne se Ira viam 1l~ting111lo na ma-
gi!ltrarlura.. E;itas L1agens eram geralmente de cra e acom-
panha Yam o funPral 1los membros da familia. Os mprra~lor""'
tinham a imagem nos estandartes que recebia um culto pngflo_
11 que deu ensejo a martyrios cfo clnistos, rebeldes 1uo,;-

ltyncss ou curvatura.
Muito natural era <JUC o& chrst.Qs procurassem reprn(luzi1
e conscrn1r as feies <lo QhriRto, a Virgem, dos Apostolo~.
dos Martyres e dos Santos, para cerca-los de venem(;o '~
rogai, deantC'. das imngens, a personagem alli representada.
Feito religio do Estado, no principio do JV secnlo. o
r~rstanismo sahiu fins catacumbas e f:woreceu a exteriori_ ..,
~ao das imagem. al!1 ~ento prudentemente dissimul.'tdas.
""
Logo surgiram nn.s egrejns os Vl.lltos dos martyres, do;; santo>"
dos Apo!>tolo~. tfa Virgem <> de .Jc, us. Na cgreja oriental j
havia o uso cll' pmsf,rar-:e rleante 110 retratos, uso qtw no
prevaleceu 110 cidcntr. Grrgori.!_J Magno viu nas imag('ll"-
os livros dos pobres e 1los analplutbetos. Ko seculo oitavo. ,,~
lulto era nmito tre~eido, quand surgiu a tC'mpcstn1fo do ....
11uebra-santM, rrnonl<1a mais tarde nos trmpos da Rdormll e
da R.evolui'lo France:-.n..
Hoje, o l:nlto 11:,ts imagens faz parte int<>gTant.e <la vida
espiritual catt.ulica, onde vresta optimos servios dt> emino.
edifica~o e piedade.

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.....

il~DICE ...
CAPITULO PAGINA

I-Idolo ou Imagem. .
. . ..... . .
Exemplo: O bemaventurado Ignac'io de Azei:edo 8
II-As razes de Moyss . . . . . . . . . . .
Exemplo: Um santo morre fitando uma imagem. 11
IH-Escamoteao . . . . . . . ... .
Exemplo:-Como as imagens falam . . . . . . 15
IV- As imagens nas edies Catholicas da Biblia .
Exemplo: O franciscano aos ps do (}rucifixo . 18
... V- O texto nos Catecismos Superiores . . .
Exemplo: Os dois modelos . . . . . F . . .
VI- O silencio dos .Catecismos ~l~mentarcs ;'.'. . . .
22
Exemplo: H eroes pelo Cnt('lfixo. . . . . . . 26
VII-Deus na Biblia mandou fabricar im .gens .
Exemplo: Jlfim1c1s Fel?"x . . . . . 32
VIII- Os Cherubins do exodo.
Exemplo: Imperador sem. logica 3~)
IX- Imagens em profuso no templo . .
Exemplo: .Niio se atira numa rruz 39
X - Imagens no throno de Salomo . .
Exemplo: Adve.rtencia, rle R11sk'in . 42
XI- Imagem milagrosa na Biblia . . . .
Exemplo: Goethe! o q11ad10 da trmpe.~tade . 4G
XII-A arca Santa . . ~ .. ... .
Exemplo: (J quadro dP P.a Anyelico e o inm7o
leigo . . . . . . . . !'>2
XIII-A tenda ungida . . . . . . . . . ....
Seio Tlwmaz e Sio lJoacentura . . . . . . . fif)
xn-um centro cultuai de llHtrll>ira: o Altar . .
Exemplo: A belleza de 1lfa1ia Santissima. 1'10
x-.. - Alfaias Religiosas na Biblia . . .
Exemplo: Jllobi.lfo tios 8a.11to.s . G-1
XVI-Pedras oracnlareB na Biblia . . .
Exemplo: O Cnwifixo e Carpeaux 6()
:XVJl-Deus entre estatuas na Bblia . .
.. Exemplo: Anc!t'io ~on pitto1e .
Exemplo: O c1ufrxo tio de11101o .
. 73
74
X \"IlI - Mil annos de imagens na Bblia . . .
Exemplo: So F1twciscv ltvme11ageado por
vrotestcw tes . . . . . . . . . . . 78
8IX- A qu('rla das ifimgens na Biblia . . . . . . . .
Exemplo: O cl'uc1fixo de Slio Dc11niiio 82
XX-As imagens entre os Hebreus depois de li'.wquia:>
Exemplo: Palai;ras celebl'es. 87
EPILOGO . . . . . . 89

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